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PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS PARA HIPERTENSOS

Profa. Dra. Cintia Campolina


Hipertensão
Doença crônica de causa multifatorial
Incurável Na maioria dos casos não são
observados quaisquer sintomas
no paciente, negligenciando
assim o diagnóstico e
consequentemente o
tratamento.
Hipertensão → pressão arterial maior ou igual a
140/90 mmHg - com ou sem o uso atual de
medicação anti-hipertensiva de forma sustentada
Pressão arterial = DC X resistência periférica
total

↑Volume ↑FC ↑Volume


sanguíneo sistólico

↑Viscosidade
↑PA ↑Resistencia
do sangue Periférica
Mortes no mundo 7,6 milhões de pessoas - 80% dessas mortes
ocorrem em países em desenvolvimento - mais da metade das vítimas
têm entre 45 e 69 anos.

2015
17 milhões de
hipertensos

"Autoridades públicas e toda a 2025


sociedade devem se conscientizar e
iniciar a prevenção e o tratamento
para controlar a pressão alta“

Ministério da Saúde
80%
Fator de risco para
outras doenças
SBH,2015 Fifth Report, 1993
A campanha visa superar os
atuais baixos índices de
adesão ao tratamento da
hipertensão no país.
Órgãos
Alvos da
hipertensão
1. Coração - Insuficiência
cardíaca ou infarto do
miocárdio
2. Rins – Insuficiência renal
3. Cérebro – Acidente
vascular encefálico
(isquêmico e Hemorrágico)
4. Retina – Retinopatia
hipertensiva
5. Artérias
Hipertensão fez mais de 70 milhões de vítimas fatais.
Medidas com valores iguais ou superiores a
140/90 mmHg não é possível basear o
Diagnóstico diagnóstico apenas em uma leitura.

Hipertensão do jaleco branco


Se a leitura inicial apresentar um valor alto,
Hipertensão mascarada
deve-se então, medi-la novamente, em
seguida, mais duas vezes e, em pelo menos
mais dois outros dias, para assegurar o
diagnóstico de hipertensão arterial.
Aferição da PA
Material: esfigmomanômetro e estetoscópio

Torre de mercúrio Aneróide Digital


Procedimentos
1. Certificar-se que o paciente: não está de bexiga cheia, não praticou
exercícios físicos, não ingeriu bebidas alcoólicas ou café e nem fumou
até 30 minutos antes.
2. Localizar a artéria braquial por palpação.
3. Liberar o braço de roupas que o comprimam.
4. Colocar o manguito firmemente cerca de 2 a 3 cm acima da fossa
cubital, centralizando a bolsa inflável sobre a artéria braquial.
5. Observar a largura do manguito e medir a circunferência do braço
do paciente, utilizando o manguito de largura apropriado ou
aplicando os valores da tabela abaixo, sempre registrando que tipo
de correção foi feita.
8. Manter o braço do paciente na altura do coração.
9. Método palpatório: palpar o pulso radial e inflar o manguito até seu
desaparecimento, para estimar a pressão sistólica (PAS), desinsuflar
rapidamente e aguardar de 15 a 30 segundos antes de inflar novamente.
10. Método auscultatório: Posicionar a campânula do estetoscópio
suavemente sobre a artéria braquial, sem compressão excessiva.
11. Inflar rapidamente, de 10 em 10 mmHg até um pouco acima do nível
estimado da pressão sistólica pela palpação.
12. Desinflar com velocidade constante.
13. Determinar a pressão sistólica no momento do aparecimento do
primeiro som.
14. Determinar a pressão diastólica (PAD) no momento do
desaparecimento do som
Classificação da pressão
arterial/ Diretrizes
Brasileiras e Europeias
Aparelhos validados e calibrados
Os que mais podem
se beneficiar com
medidas
preventivas
Crianças, Adolescentes e Hipertensão
Incidência → varia de 2% a 13%

Causas:
- maus hábitos alimentares
- sedentarismo
- ansiedade e estresse
Pressão arterial na infância como fator de
risco de hipertensão no adulto
Estudos epidemiológicos → indícios consistentes de que a hipertensão arterial
sistêmica do adulto começa na infância formação da placa aterosclerótica.
Estudos longitudinais → criança com níveis de pressão arterial mais elevados,
tende a ↑ ao longo da vida, mantendo uma pressão arterial mais elevada que as
demais →↑ probabilidade de se tornar um adulto hipertenso.

Correlação forte entre hipertensão arterial e relação peso/altura elevada, isto é,


esta hipertensão arterial está associada a sobrepeso e obesidade.
Aferição em crianças
- 5 a 10 minutos de repouso,
- posição sentada e com o braço direito
estendido na altura do coração
- manguito com bolsa de borracha de
tamanho adequado à circunferência do
braço
Estetoscópio → sobre a artéria braquial, insufla-se o manguito até 30 mmHg acima do
desaparecimento do pulso radial e se esvazia mais lentamente, 2-3 mmHg/segundo.

Primeiro som (aparecimento do som) →pressão sistólica


Ultimo som (desaparecimento dos sons) → pressão diastólica
Crianças e Adolescentes
Nicotina vasoconstricção direta
dos vasos, além de da liberação
da vasopressina e hormônios - Endotélio receptores de estrogênio
adrenérgicos FC. Estimulação do Óxido Nítrico (potente
vasodilatador.
- Estrogênio (hormônio antioxidante
ação dos radicais livres estresse
oxidativo prejuízos na eliminação do
Mutações genéticas -
alteram os sistemas
FATORES DE RISCO sódio PA

Sobrecarga renal
reguladores da PA-

Inibição do ADH (hormônio


antidiurético) perda excessiva de
água vasoconstrição na tentativa
de manter a quantidade adequada
de sangue circulante ( plasma
sanguíneo = PA
Tratamento não
farmacológico
Atividade
Física

↓ Gordura ↓ ingesta
Corporal ↓PA do sódio

↓ álcool e
tabagismo
Exercício e Hipertensão
Exercício Físico e Hipertensão
•Treinamento aeróbico
- Agudo

- Crônico
•Treinamento resistido
Exercício Aeróbico e HA
EXERCÍCIO AERÓBICO
– EFEITO AGUDO

↓ PA logos após
exercícios dinâmicos

Efeito hipotensivo do
exercício

Normotensos : 8 a 10 mmHg (PAS) e 3 a 5 mmHg (PAD)


Hipertensos: 18 a 20 mmHg (PAS) e de 7 a 9 mmHg (PAD)
50% do VO2pico
HPE tem importância clínica, uma vez que
os níveis da pressão arterial 24 horas após
uma sessão de exercício físico permanecem
abaixo dos níveis pressóricos de um dia sem
exercício físico.

Portanto, o exercício agudo pode


representar uma abordagem terapêutica
segura para a redução da pressão arterial
em indivíduos hipertensos.
Fatores relacionados a hipotensão pós
exercício
1. nível inicial de PA: Indivíduos que apresentam
valores de PA mais elevados → hipotensão maior
magnitude

2. intensidade do esforço realizado: exercícios


submáximos (40 – 70% do consumo de VO2 pico ou
50 - 80% Fcmáx) → quedas da PA de maior magnitude
e duração
3. tempo de duração da sessão: exercícios entre 30 –
60 minutos → ↑ magnitude e duração;

4. tipo de exercício físico: exercícios dinâmicos


(grandes grupos musculares e movimentos cíclicos)
MECANISMOS FISIOLÓGICOS DA
HIPOTENSÃO
- redução da RVP (LEGRAMANTE et al., 2002) mediada
pelo sistema nervoso autônomo e substâncias vasodilatadoras;

- redução da atividade simpática (BROWLEY et al., 2003; KULICS;


COLLINS; DICARLO, 1999);

- redução do débito cardíaco associado ao menor volume sistólico


(NEGRÃO; RONDON, 2001; RONDON; BRUM, 2003).
Repouso: a atividade simpática no músculo regulada pelos
pressorreceptores arteriais e cardiopulmonares.

Exercício aeróbio frequência cardíaca e a atividade do


sistema nervoso simpático aumentam abruptamente;

Pós-exercício aeróbio ativação simpática vindo do sistema


nervoso central diminui, ficando menor que nos níveis pré-
exercício, o que induz a diminuição da RVP e da pressão arterial.

Dicarlo e Bishop (2001


Sistema Renina-Angiotensina –
Aldosterona e HPE
Blanchard et al. (2006): demonstraram haver um
estreita relação entre o polimorfismo dos genes do
sistema renina-angiotensina – aldosterona → efeito
hipotensivo
Aldosterona → Córtex suprarrenal → regulador da
absorção de Na+ e da secreção de K+ pelos rins

CONTROLE SOBRE A SECREÇÃO DE ALDOSTERONA

1- controlada diretamente pela concentração plasmática


de K+: ↑ concentração de K+ no sangue → ↑secreção de
aldosterona.

2- Sistema renina-angiostensina - aldosterona


Sistema renina-angiotensina - aldosterona
↓Volume plasmáYco
Queda da PA
↑ AYvidade SimpáYca

Regulação da
pressão arterial Angiotensinogênio - proteína plasmática inativa
(substrato)

Reabsorção
Hipófise Anterior - ADH
de NA+
(Rins) ↑PA
Angiotensina I

ECA (enzima conversora


Vasoconstrição de angiotensina)

Retenção de NA+ e H2O

ALDOSTERONA Angiotensina II
RENINA-ANGIOTENSINA E EXERCÍCIO
Exercício leve → pequena ou nenhuma
alteração na atividade renina
plasmática ou aldosterona;

Estresse térmico → ↑secreção de


renina e aldosterona;

50% Vo2 máx → ↑ renina, angiotensina


e aldosterona paralelamente ↔ sistema
homeostático

(produção do substrato da renina


aumenta para manter a concentração
plasmática)
EFEITO CRÔNICO DO EXERCÍCIO
AERÓBICO
Dentre os mecanismos pelos quais o exercício aeróbio
pode reduzir a pressão arterial de forma crônica,
destacam-se:

RVP;
do débito cardíaco em repouso por meio da redução
da atividade simpática e o aumento da sensibilidade dos
pressorreceptores.
EFEITOS CRÔNICO DO EXERCÍCIO
AERÓBICO
Pressão arterial → atividade física

- Dislipidemias - níveis elevados de lipídios (gorduras)


- Intolerância ao metabolismo da glicose
- Obesidade

↓ 7 a 10 mmHg nas pressões sistólicas e diastólicas


TREINAMENTO AERÓBIO E SISTEMA
NERVOSO SIMPÁTICO
•Um dos principais efeitos crônicos do treinamento aeróbio
é sobre o tônus simpático;
•O exercício crônico reduz a atividade nervosa simpática em
repouso, sendo essa redução mais pronunciada em
indivíduos hipertensos do que em normotensos;
•O mecanismo que explica esse efeito do treinamento é a
melhora da sensibilidade dos pressorreceptores que está
prejudicada na hipertensão.

(ACSM, 2004; O ́SULIVAN; BELL, 2000; RAO; COLLINS; DICARLO, 2002).


Influência da genética
Estudos têm demonstrado uma estreita relação entre o
polimorfismo de alguns gênes e a Hipertensão:

- angiotensinogênio (AGT);
- Enzima conversora de angiotensina (ECA);
- Enzima de oxido nítrico sintase 3 (NOS3)
Frequência de
ocorrência de
polimorfismo da
ECA e AGT em
1421 indivíduos
hipertensos
Objetivo: determinar se existem diferenças nos efeitos do
treinamento físico entre aqueles com história familiar de
hipertensão e aqueles sem uma história.

Metodologia:

39 mulheres hipertensas (18 HF e 21 SHF)

4 meses de treinamento de resitencia aeróbica

Resultados PAS (mmHg) PAD (mmHg)


Hipertensas SHF -12,6 -8
Hipertensas HF -8,9 -2,9

Resultados sugerem que a herança genética para


HÁ pode tornar alguns hipertensos resistentes a
queda de pressão
Níveis pressóricos iniciais e a
variabilidade dos resultados
Influência do gênero: ↓PA em hipertensos parece ser mais
frequente em mulheres do que em homens → efeito do
estrogênio na modulação da PA;
Influência da idade: maior↓ da PA sistólica em indivíduos de 41 –
60 anos.
Influência da etnia: RAÇA PA SISTÓLICA PA DIASTÓLICA
NEGROS -11 mmHg -
ASIÁTICOS - -6,6 mmHg
BRANCOS - 3,4 mmHg 2,6mmHg

Whelton et al, 2002


Betabloqueadores e prescrição de
exercício aeróbico
FC e PA sistólica
também
aumentaram de
forma significante,
progressiva e
semelhante ao longo
do teste com os dois
tratamentos.

Souza et al., 2013


Exercício Resistido →↓Resistência
vascular sistêmica
Literatura científica: controvérsias quanto
aos possíveis benefícios crônicos do TR
sobre a pressão arterial de repouso (PA).

Metanálises: ↓em média de 3% da pressão


arterial sistólica (PAS) e de 4% da pressão
arterial diastólica (PAD)
52 idosas hipertensas (65,9 ±
4,5 anos de idade)

Treinamento: 12 semanas, 3X vezes em dias


alternados 3X 12 -10 -8

Recuperação : 60 -90 ‘’

Semana Intensidade O método de treinamento adotado foi o


1-4 60% de 1-RM alternado por segmento com os exercícios
feitos de forma
Semas intermediárias 70% de 1-RM aleatória
4 ultimas semanas 80% de 1-RM
Diretrizes para o treinamento resistido
em HAS
Séries Repetições Intensidade
AHA 1 8-12 50-70% 1RM
ACSM 1 3-20 50-80% 1RM
AGS 3 10-15 40 % 1RM
2 8-10 40-60% 1RM
1 6-8 > 60% 1RM
Risco de Elevação Pressórica durante o
Exercício
30% 1RM : 2 X 30 rep – 1’ entre as séries, enquanto a sessão
80% 1 RM : 2 X 8 rep - 2 minutos entre as séries.

Mesma sequencia de exercícios


Resposta
hipotensora mais
significativa e
duradoura após
sessão de 30% 1
RM.
10 rept. max
Dado representativo de uma
paciente hipertensa em uso de
inibidor da enzima conversora
da angiotensina.

Resposta da PAS e PAD pré e


pós intervenção com exercício
resistido de baixa intensidade
(linha continuada) e sessão
controle sem exercício (linha
tracejada)
Amostra: oito idosos com hipertensão arterial sistêmica bem controlada (quatro
homens e quatro mulheres

Protocolo: Exercícios de 3X12 repetições máximas executados em ordem aleatória

1) supino sentado na máquina;


2) puxada alta anterior;
3) remada alta;
4) leg press 90º;
5) extensão de joelhos;
6) flexão de joelhos.
• Protocolo 1 (P1) → três exercícios para membros superiores e,
posteriormente, três exercícios para membros inferiores.
• Protocolo 2 (P2) →sequência foi inversa.
• Protocolo 3 (P3) os exercícios foram realizados de forma alternada

P1 P2 P3
Leg press 90º Supino sentado na máquina Supino sentado na máquina
Extensão de joelho; Puxada alta anterior Leg press 90º
Flexão de joelho Remada alta. Puxada alta anterior
Supino sentado na máquina Leg press 90º Extensão de joelho;
Puxada alta anterior Extensão de joelho; Remada alta.
Remada alta. Flexão de joelho; Flexão de joelho;
Cuidados
- evitar a manobra de Valsava – elevação aguda e intensa da PA
pode levar à acidentes hemorrágicos (paredes das artérias
enfraquecidas pela deposição de ateromas);
Tratamento
farmacológico
Diuréticos são as drogas mais comuns utilizadas no controle da
pressão arterial
Beta-bloqueadoras (propranolol, atenolol, etc.)
Vasodilatadoras (minoxidil, captopril)
Bloqueadoras de cálcio (nifedipina ).
Há também medicamentos que baixam a pressão por agirem sobre o
sistema nervoso central (clonidina e metildopa).
Todos esses medicamentos são substâncias muito eficientes, porém
devem ser manipulados sob rigoroso controle médico. Um dos mais
graves efeitos colaterais dos anti-hipertensivos é a tontura e
consequente queda com fratura.
Diuréticos: muito utilizados devido sua eficácia , baixo
custo e pouco efeitos colaterais;

Característica comum → ação que leva a Na+


corporal total
Principais Fármacos diuréticos

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