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REABILITAÇÃO CARDIOVASCULAR
“A reabilitação cardíaca é o somatório das atividades necessárias para garantir aos pacientes portadores de
cardiopatias as melhores condições física, mental e social, para que eles consigam, pelo seu próprio esforço,
conquistar uma posição normal na comunidade e levar uma vida ativa e produtiva”.

EQUIPE MULTIPROFISSIONAL FATORES LIMITANTES DO ESFORÇO


Ramo de atuação da cardiologia que permite ao - Presença de sintomas: portadores de cardiopatias
indivíduo a restituição de uma satisfatória condição referem maior sensação subjetiva de cansaço e
clínica, física, psicológica e laborativa. dispneia quando comparados com indivíduos
INDICAÇÕES saudáveis.
- Déficit de força de musculatura: muitos pacientes
- Infarto Agudo do Miocárdio (com ou sem supra) ST; apresentam atrofia e falta de condicionamento da
- Angina estável; musculatura respiratória.
- Insuficiência Cardíaca; FASES DA REABILITAÇÃO CARDIOVASCULAR
- Marcapasso, CDI ou Ressincronizador;
- Cirurgia cardíaca; Fase I: aguda, internação hospitalar (UTI, enfermaria)
- Transplante cardíaco. - normalmente de 6 a 10 dias.
OBJETIVOS GERAIS Fase II: logo após a alta, em centros de reabilitação
com duração de 3 a 6 meses.
A. Restaurar à sua melhor condição.
B. Prevenir a progressão ou reverter o processo Fase III: paciente em melhores condições; atividade
aterosclerótico. supervisionada com duração de 6 a 12 meses.
C. Diminuir a morbimortalidade. Fase IV: paciente capaz de realizar atividade não
D. Melhorar os sintomas de angina. supervisionada ou semi-supervisionada – necessária
E. Melhorar a classe funcional dos pacientes com por toda a vida.
insuficiência cardíaca. FREQUÊNCIA CARDÍACA
FC𝑟𝑒𝑠𝑒𝑟𝑣𝑎 = FC𝑚á𝑥 − FC
FC𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 = 220 − 𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒
FC𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 = FC𝑝𝑜𝑠𝑖𝑡𝑖𝑣𝑎çã𝑜 − FC𝑏𝑎𝑠𝑎𝑙

FC 𝑡𝑟𝑒𝑖𝑛𝑜: %(50 𝑎 70%) 𝑥 FC𝑟𝑒𝑠𝑒𝑟𝑣𝑎 + FC𝑏𝑎𝑠𝑎𝑙

Seguro usar:
60 - 80% da FCmáx
50 - 70% da FC reserva
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FASE I - HOSPITALAR (6 A 10 DIAS OU marcapasso;


ENQUANTO DURAR A INTERAÇÃO) - Arritmias sem controle;
- Taquicardia ventricular (TV);
OBJETIVO - Taquicardia Supraventricular (TSV) ou Sinusal
com FC > 120 bpm;
∙ Reduzir os efeitos dielétricos do repouso - Pericardite aguda ou miocardite ativa com dor ou
prolongado no leito. instabilidade hemodinâmica;
Exemplos dos efeitos deletérios: - Estenose aórtica ou insuficiência mitral grave
- Diminuição da capacidade funcional e do tônus sintomática;
muscular; - Febre ≥ 37°, Hemoglobina < 9g/dl - paciente
- Aumento das respostas da frequência cardíaca aos sintomático;
esforços; - Insuficiência Respiratória.
- Diminuição da adaptabilidade às mudanças de Se o paciente não responde bem ao exercício →
posturas (hipotensão postural); permaneça na mesma etapa.
- Diminuição da volemia; Saltar etapa se paciente for de alta antes do 7° dia
- Diminuição dos volumes pulmonares e capacidade → precisa subir e descer escadas antes da alta.
vital;
- Predisposição ao tromboembolismo pulmonar INÍCIO - PACIENTE ESTÁVEL
- Maior tempo de internação hospitalar. HEMODINAMICAMENTE
- IAM: após 12 horas sem complicações ou dor.
COMPONENTE EDUCACIONAL - fundamental
- ICC: estabilidade.
- Quanto aos fatores de risco;
- Modificações comportamentais; - Cirurgia cardíaca: após 12 horas.
- Compreensão da doença, orientações dietéticas;
- Perda de peso; DURAÇÃO
- Controle de colesterol. Primeiras sessões: 5 a 10 minutos, até 30 minutos -
- Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS); conforme tolerado.
- Cessar o tabagismo.
INTENSIDADE (USAR BORG)
CONTRA INDICAÇÕES
-IAM e ICC até 20 bpm (na postura trabalhada),
- Dor precordial em repouso ou recorrente; acima da FC de repouso ou ≤ 120 bpm (limite),
- Infarto agudo do miocárdio de 12 horas ou
instabilidade hemodinamica; -Cirurgia de revascularização do miocárdio (CRVM):
- Eletrocardiograma com novo desnivelamento de até 30 bpm (na postura trabalhada) acima da FC de
ST (> 2mm) em repouso; repouso.
- Pressão arterial diastólica (em repouso) ≥ 110 1 MET ≈ 3,5 ml/kg/minuto de O2.
mmHg ou Pressão arterial sistólica (repouso) ≥ 180
mmHg; FREQUÊNCIA
- Queda sintomática da pressão arterial sistólica em
20 mmHg ao ortostatismo ou devido ao exercício; Até 4 vezes ao dia (UTI/UCO);
- Insuficiência cardíaca descompensada com Até 2 vezes por dia (enfermaria).
instabilidade hemodinâmica;
- Tromboembolismo recente (Sistêmico ou
Pulmonar);
- Bloqueio A-V (BAV) grau II ou grau III sem uso de
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TIPO OBSERVAÇÃO
Exercícios respiratórios, de músculos superiores e - Na enfermaria, fazer uso de frequencímetro
músculos inferiores (ativo-assistido, ativo e resistivo). (exceto PA e marcapasso com FC fixa)
▪ São seis etapas que são evoluídas diariamente (1-2 - Paciente em jejum: fazer até etapa 2
até 5 METS) - avaliar PI e PEmáx na segunda etapa. - Plaqueta < 30.000: suspender atendimento
- Na UCO (exercício respiratório + ativo assistidos e - Hb < 9 com paciente sintomático: suspender
ativos) = máximo 2 METS atendimento.
- Exercício Isométrico é contraindicado na Fase I ▪ Cateterismo de músculos inferiores: mobilização
após 12 horas, deambular após 24 horas.
DEVE-SE INTERROMPER ▪ Implantes, até 3 semanas após, (marcapasso, CDI,
ressincronizado): evitar elevação de músculo
- Angina, pré-sincope; superiores acima do ombro.
- Fadiga, tonturas, confusão mental, palidez, cianose, ▪ Revascularização do miocárdio(CRVM): exercícios
dispneia, náusea; assimétricos de músculos superiores por 3 meses.
- FC > 20 bpm das FC repouso na postura
trabalhada;
- FC 120 bpm; FASE II - ATÉ 2 A 3 MESES APÓS O EVENTO
- Queda de 15 mmHg da pressão arterial sistólica - Exercícios aeróbicos
(PAS) de repouso; - Alongamento Paciente permanece nesta
- Arritmias importantes; - Exercícios resistivos fase de 3 a 6 meses
- Piora da dispneia com queda da SpO2; - Relaxamento
- Borg > 6.
Os exercícios são prescrito individualmente de
DICAS DE EXERCÍCIOS acordo com a enfermidade – as atividades são
supervisionada
- Exercícios respiratórios em1, 2 e 3 tempos;
► Exercícios Aeróbicos de 35 minutos:
- Inspiração sustentada; - 5 minutos de aquecimento;
- Pode associar a flexão de ombro; - 25 minutos treino: FC de treinamento;
- Incentivadores respiratórios; - 5 minutos desaquecimento: próximo a FC basal
- VNI; ► Importante o paciente ter realizado o Teste
- Mobilidade precoce. Ergométrico.
Pacientes com IC devem evoluir as etapas até
realizar os exercícios resistivos (a partir da 4ª TESTE ERGOMÉTRICO (TE)
etapa), pois auxilio no retorno venoso
Usado para:
ALTA
- Avaliação diagnóstica;
- Prognóstico;
-Caminhar 2 vezes por dia por 15 minutos na - Eficácia do tratamento.
velocidade realizada no hospital; Inclinação e velocidade do teste é estabelecida pela
- Não realizar exercícios em jejum; PA, FC e Borg.
- Evitar rampas e escadas; ▪ A partir do teste, obtém-se a FCmáx ou a FC de
- Suspendera atividade ao sentir: tonturas, fraqueza, Positivação.
dispneia, náuseas, taquicardia, entre outros -
procurar médico.
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DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA (DAC) OBJETIVO


Intensidade: - Melhorar a condição física e a resistência;
- < 60% FCmáx = Leve. - Reduzir (a longo prazo) os fatores de risco
- 60-80% FCmáx = Moderado. coronarianos;
- > 80% FCmáx = Intenso. - Alterar o perfil lipídico;
Alongamento, aeróbio, fortalecimento muscular, - Alterar a sensibilidade à insulina e glicemia;
relaxamento. - Preparar e orientar, o paciente para atividades
físicas sem monitoramento (fase IV).
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGÊNITA (ICC)
BENEFÍCIOS AO PACIENTE
- Usa-se Borg.
- Teste de caminhada 6 minutos. - Controle da ansiedade e depressão;
- FC treino: limiar anaerobiose do TE. - Controle de peso (tanto o exercício aeróbico
quanto resistivo);
Alongamento, aeróbio, relaxamento + fortalecimento - Melhora da maioria dos parâmetros
muscular específico (maior e progressivo) hemodinâmicos e metabólicos (glicose, lipídios,
pressão sanguínea, entre outros);
ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO - Melhora do sistema musculoesquelético;
∙ Baixo risco (capacidade de 7 METS): - Socialização;
sem isquemias; FE (fração de ejeção) do VE: 50%; PA
responde ao esforço adequadamente. PARA INGRESSAR NA FASE III TEM QUE TER:

∙ Médio risco: com isquemia, depressão do ST até - Melhora aeróbica (parâmetro: ergoespirometria);
2 mm, FE: 35-49%, PA sem alteração importante - Aumento do tônus muscular;
- Ausência de eventos significativos no ECG;
∙ Alto risco: angina recorrente com alteração - Ausência de angina, isquemia, dispnéia.
isquêmica; ST após 24 horas hospitalares; sinais e
sintomas de ICC; FE do VE ≤ 35%; arritmias CRITÉRIOS PARA INICIAR A III FASE
ventriculares sustentados ou complexas; 5 METS com
esforço limitado por angina; infradesnível de ST ou - Os valores da ergoespirométrica tem que estar
resposta inadequada da PA; diminuir ou manutenção dentro da normalidade;
do PAS durante o esforço - incapaz de aumentar; - Doença cardiovascular e fatores metabólicos
angina durante o exercício. controlados (diminuição do fator de risco).
→ Em casos de fibrilação atrial (FA) usa-se Geralmente os pacientes são agrupados de acordo
unicamente o BORG, pois FC é alterada. com aptidão, condicionamento e doença de base.

MONITORAR
FASE III - (A PARTIR DO 3º MÊS)
FC e PA no início (quando o paciente chega), a cada
As atividades são supervisionadas, porém pouco 10 minutos do treino principal e no final (antes do
monitorada. paciente ir embora).
Exemplos de ambientes: piscinas, academias, pistas
de caminhada/parques. INTENSIDADE
Ideal: teste ergoespirométrico para monitoração correta. 70-80% da FCreserva
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DURAÇÃO FASE IV
- Pós-cirúrgico (10 a 15 minutos) - Paciente com condições de realizar os exercícios
- Angioplastia (20 a 30 minutos) não supervisionados ou semi-supervisionados;
- Demais doenças (30 a 45 minutos) - Praças, academias, entre outros.
∙ Após três semanas: aumentar a FC em ± 10 bpm ∙ Importante manutenção e retornos programados.
(por semana) ou 10% FC de reserva - até chegar em
80% da FC de reserva.
∙ Após 8-12 semanas poderá ser realizado o teste
máximo.
* Se não surgir nenhum evento adverso até a sexta
semana, todos deverão alcançar 45 minutos.

FREQUÊNCIA
Mínimo 3 vezes por semana.
Paciente pode repetir outras 2 vezes em casa.

EXERCÍCIOS
Alongamento + aquecimento (10 minutos) + Parte
Principal (até 45 minutos) + Volta a calma (5
minutos) + Alongamento final (10 minutos)
DICAS:
- Parte principal: exercícios resistidos, caminhadas,
trotes, natação, hidroginástica, entre outros.
- Volta a calma: dinâmica em grupo
- Orientar o paciente a fazer o mesmo treinamento
em casa e anotar todas as variáveis que surgirem.

IMPEDIMENTOS PARA A PROGRESSÃO NO


PROGRAMA
- Angina;
- Arritmias importantes (ao exercício);
- Resposta inadequada da PA;
- Má função ventricular;
- Dificuldade musculoesquelética.

EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS
- Esfigmomanômetro; - Material de intubação;
- Estetoscópio; - Ambu;
- Frequencímetro; - Drogas.
- Desfibrilador;

Observação: até a Fase II, o ideal é monitorização


cardíaca contínua (até 4ª semana) e oxímetro.
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BENEFÍCIOS DA REABILITAÇÃO CARDIOVASCULAR

∙ Adaptação central = cardíaca.


∙ Adaptação periférica = muscular e vascular.
- Diminui a isquemia induzida pelo exercício, elevando
FREQUÊNCIA CARDÍACA o limiar isquêmico (com a prática regular);
- Quando associada em dieta pobre em gorduras, o
O treinamento aeróbico reduz FC de repouso e treinamento pode reduzir a progressão ou até
submáxima em função de menor atividade simpática, regredir a placa aterosclerótica;
maior atividade parassimpática e melhora da função - Tem efeito antitrombótico (diminui a agregação
sistólica. Diminui a frequência de repouso. plaquetária).
VOLUME SISTÓLICO
PERFIL LIPÍDICO
O treinamento físico leva a um aumento do volume Aumento dos níveis séricos do HDL – colesterol;
sistólico, tanto em repouso quanto em exercício, Diminui triglicérides
principalmente devido à melhora da função sistólica e
redução na resistência vascular periférica. CONTROLE GLICÊMICO
PRESSÃO ARTERIAL Aumenta a sensibilidade à insulina possibilitando
diminuição da dosagem de hipoglicemiantes orais
Com o treinamento aeróbico observa-se redução da e/ou de insulina;
PA (sistólica e diastólica) de repouso e em exercício Diminui o risco de desenvolver a doença em indivíduos
submáximo por diminuição da resistência vascular não diabéticos.
periférica;
OBESIDADE
CAPACIDADE AERÓBICA
- Aumenta o metabolismo basal;
O treinamento físico melhora a capacidade aeróbica, - Favorece a oxidação de lipídios e glicose;
sendo evidenciados maiores valores de VO2 pico, em - Reduz o peso corporal;
decorrência do aumento do débito cardíaco e da - Indivíduos obesos ou com sobrepesos ativos
diferença arteriovenosa de oxigênio em exercício apresentam menor mortalidade quando comparados
máximo. com os sedentários obesos ou com sobrepeso.
MUSCULATURA ESQUELÉTICA
ASPECTOS PSICOSSOCIAIS
- Aumento da massa, força e resistência muscular; - Melhora o humor;
- Desenvolvimento da coordenação motora; - Diminui a depressão;
- Melhora da flexibilidade e amplitude de movimento; - Promove sensação de bem-estar;
-Aumento da densidade capilar, da densidade - Aumenta a autoconfiança;
mineral óssea e da capacidade oxidativa do músculo. - Auxilia no controle do estresse e da ansiedade;
- Melhora qualidade de vida.
ISQUEMIA MIOCÁRDICA
- Aumento do fluxo coronariano; MORTALIDADE CARDIOVASCULAR
- Aumento da perfusão miocárdica (por melhora da Diminui morbidade e mortalidade cardiovascular.
complacência e da elasticidade dos vasos
coronários);
- Melhora a angina em repouso;
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RESPOSTA INADEQUADA AO EXERCÍCIO Lembrar!


- Falta de ar; - Casos de positivação, a frequência cardíaca
-↓ Pressão arterial sistólica; máxima passa a ser a de positivação;
-↑ Pressão arterial diastólica; - Arritmia é normal no repouso, mas não ao exercício,
- Angina; caso ocorra arritmia, a frequência cardíaca (do
- Arritmia; momento), será a de positivação;
- Dor musculoesquelética. - Paciente irá treinar com o medicamento - avaliar a
sua resposta ao exercício;
ENDURANCE (AERÓBICO) - Padronizar avaliação e reavaliação.
Aumento do tamanho do ventrículo esquerdo -
adaptação excêntrica. Fisiologia normal - ao exercício:
Em excesso as paredes ficam finas, há a sobrecarga - Pressão arterial sistólica aumenta rapidamente.
devido ao maior volume (↑ luz). - Pressão arterial diastólica permanece normal, ou
aumenta levemente.
RESISTÊNCIA (FORTALECIMENTO MUSCULAR)
Aumento da espessura da parede do ventrículo
esquerdo - adaptação concêntrica.
Em excesso: provoca sobrecarga de pressão (↓ luz).

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