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SUMÁRIO
1. SANGUE ..................................
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.................................
..................................
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.......... 1
1.1. Funções  .................................................................................................... 1
1.2. Circulação Periférica   .................................................................................. 1
1.3. Composição  .............................................................................................. 3
2. ERITRÓCITOS .................................
..................................................
..................................
.................................
.................................
...................
.. 4
2.1. Eritropoiese  ............................................................................................... 5
2.2. Estrutura  ................................................................................................... 6
3. HEMOGLOBINA ...............................
................................................
..................................
.................................
.................................
...................
.. 9
4. FERRO ...............................
................................................
..................................
.................................
.................................
...............................
.............. 11
5. HEMATÓCRITO ...............................
................................................
..................................
.................................
.................................
................. 12
6. ERITROGRAMA ...............................
................................................
..................................
.................................
.................................
................. 14
6.1. Contagem de Eritrócitos  ............................................................................ 14
6.2. Dosagem de Hemoglobina  ........................................................................ 15
6.3. Hematócrito  ............................................................................................. 16
6.4. Volume Corpuscular Médio (VCM)  ............................................................. 16
6.5. RDW (red cell distribution width ) ................................................................ 17
6.6. Hemoglobina Corpuscular Média (HCM)  .................................................... 17
6.7. Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média (CHCM)  ........................ 18
6.8.  Anisocitose  .............................................................................................. 19
6.9.  Anisocromia ............................................................................................. 20
6.10. Poiquilocitose  .......................................................................................... 21
7. LEUCÓCITOS ...............................
................................................
..................................
.................................
..................................
....................
.. 23
7.1. Leucopoiese  ............................................................................................ 23
7.2. Funções  .................................................................................................. 24
7.3. Neutrófilos  ............................................................................................... 26
7.4. Eosinófilos ............................................................................................... 27
7.5. Basófilos  ................................................................................................. 28
7.6. Monócitos ................................................................................................ 29
7.7. Linfócitos  ................................................................................................. 29
8. PLAQUETAS ..................................
..................................................
.................................
.................................
..................................
....................
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9. INTERPRETAÇÃO .................................
.................................................
.................................
..................................
............................
........... 33
9.1. Eritrograma .............................................................................................. 33
9.2. Leucograma  ............................................................................................ 34
9.3. Plaquetograma  ........................................................................................ 35
10. TÉCNICAS .................................
.................................................
.................................
.................................
..................................
....................
.. 36
10.1. Materiais Utilizados no Laboratório de Hematologia  .................................... 36
10.2. Contagem Manual de Eritrócitos  ................................................................ 37
10.3. Microhematócrito ...................................................................................... 38
10.4. Contagem Global de Leucócitos Manual  .................................................... 39
10.5. Contagem Diferencial de Leucócitos Manual  .............................................. 40
10.6. Dicas para Fazer a Distensão Sanguínea  ................................................... 42
Hematológicos  ........................................................................... 44
10.7. Corantes Hematológicos
10.8. Como Descrever a Morfologia de um Leucócito  .......................................... 45
10.9. Contagem Manual de Reticulócitos  ............................................................ 46
10.10. Velocidade de Hemossedimentação  ...................................................... 48
10.11. Testes da Antiglobulina Direto (Coombs Direto) ......................................... ........................
........... 50
10.12. Tipagem Sanguínea  ............................................................................. 52
11. REFERÊNCIAS ...............................
................................................
.................................
.................................
...............................
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1. SANGUE

1.1. Funções
 A principal função do sangue é a de transportar o oxigênio e outros
nutrientes como glicose, aminoácidos, proteínas, gorduras, água, eletrólitos e
elementos minerais até as células do organismo e remover o dióxido de carbono
e outros resíduos do metabolismo.
O sangue participa do ajuste do teor de água dos diversos compartimentos
líquidos do organismo e regula a concentração de íons H +  mediante trocas
iônicas e pela ação dos sistemas tampão, fundamentais à manutenção do pH
dentro de limites adequados à função das enzimas e organelas celulares.
O sangue distribui os hormônios produzidos pelas glândulas endócrinas,
por todo o organismo e participa dos mecanismos de regulação da temperatura
corporal. Concentra também um importante sistema de defesa do organismo
contra agentes invasores de diversas naturezas, incluindo-se as bactérias e
agentes químicos.
O sangue participa do transporte e eliminação de substâncias absorvidas
pelo organismo, inclusive os agentes farmacológicos, promovendo a sua
eliminação, através dos pulmões, dos rins, pele ou pelas fezes.

1.2. Circulação Periférica


O sistema circulatório consiste em um grande sistema fechado, constituído
por vasos que conduzem o sangue aos tecidos e destes de volta aos átrios, para
novo ciclo através do organismo.
 A circulação
circulação se
se divide
divide em dois segmentos, cuja continuidade é assegurada
assegurada
pelo coração: a circulação sistêmica e circulação pulmonar .
 A circulação
circulação sistêmica, também denominada
denominada grande circulação,
circulação, transporta
o sangue a todos os tecidos do corpo. Além disso, também assegura a nutrição
dos vasos que constituem a pequena circulação, ou circulação pulmonar. Ela é
chamada de grande circulação ou circulação periférica.
 A pequena circulação  – circulação pulmonar  – assegura o transporte do
sangue até os capilares pulmonares para a realização das trocas gasosas
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respiratórias com o ar contido nos alvéolos pulmonares. As vênulas e veias da


circulação pulmonar transportam o sangue oxigenado até o átrio esquerdo,
chegando no ventrículo esquerdo e, finalmente, ser bombeado para todos os
órgãos.
 As artérias transportam o sangue
sangue bombeado pelo
pelo coração para os tecidos
tecidos
sob alta pressão, a pressão arterial. Por essa razão, as suas paredes são
resistentes e o sangue flui rapidamente, pelo seu interior. À medida que as
artérias se afastam do coração, elas se ramificam continuamente, até formarem
as arteríolas que são os últimos ramos de pequenas dimensões do sistema
arterial. As arteríolas atuam como válvulas controladoras da liberação do sangue
para os capilares.
 As paredes das arteríolas são musculares, fortes e podem fechar a
arteríola ou promover a sua dilatação e, desse modo, alterar o fluxo sanguíneo
para os capilares com o objetivo de suprir as necessidades de cada tecido.
 As arteríolas se conectam
conectam à rede de capilares, que tem contato com
com todas
as células do organismo. Cada célula tem contato com pelo menos um vaso
capilar que serve à sua nutrição e à coleção dos resíduos do seu metabolismo.
 As vênulas coletam o sangue dos capilares, formando assim veias
maiores, que acompanham regularmente o trajeto das artérias, em sentido
inverso. Nas porções periféricas da circulação, é frequente a existência de duas
veias para cada artéria. As veias levam o sangue dos tecidos de volta ao coração
e também atuam como reservatório de sangue.
 As paredes venosas são delgadas porque as pressões existentes no
interior do sistema venoso são muito baixas. As paredes das veias também são
musculares, o que permite a sua contração ou a sua dilatação, conforme as
necessidades. Esse mecanismo faz com que o sistema venoso constitua um
reservatório de sangue, cuja capacidade pode ser controlada pelas
necessidades do organismo.
O revestimento interno do coração é o endocárdio, que se continua com o
endotélio, que reveste o sistema circulatório. O endotélio e o endocárdio são
as únicas estruturas que tem contato com o sangue. Por sua natureza e
propriedades especiais o endotélio ajuda a manter o sangue na forma líquida,
sem formar coágulos. O endotélio desempenha um papel primordial nos
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mecanismos que controlam a coagulação  do sangue e a dissolução dos


coágulos formados no interior dos vasos ( fibrinólise).
Várias substâncias secretadas pelo endotélio participam desse equilíbrio
cuja finalidade é manter a fluidez do sangue, sem permitir hemorragias ou a
formação de coágulos irregulares. Esse equilíbrio, chamado Hemostasia, é
essencial à manutenção da vida, pela preservação do transporte de nutrientes
às células e pela preservação dos mecanismos de eliminação dos detritos do
metabolismo celular.
Nas veias, o endotélio forma pregas ou cúspides a intervalos regulares,
que funcionam como válvulas unidirecionais e auxiliam a orientar a corrente do
sangue para o átrio.

1.3. Composição
Os órgãos são agregados de muitas células, unidas por estruturas
intercelulares de sustentação. Os grupos de células que desempenham uma
mesma função são denominados tecidos. O organismo humano é constituído por
cerca de 75 trilhões de células, organizadas em tecidos de diferentes tipos e
funções. As hemácias são as células mais numerosas, das quais existem cerca
de 25 trilhões.
ELEMENTOS
O sangue é um tecido PLASMA
CELULARES
líquido  complexo, de alta
►  Água
viscosidade, com grande teor de ► Proteínas
► Eritrócitos
► Eletrólitos
água e composto por elementos ► Leucócitos
► Lipídios
celulares e plasma. É formado ► Plaquetas ► Glicose
► Hormônios
por uma fase celular, que
compreende os eritrócitos  (hemácias), leucócitos  (glóbulos brancos) e as
plaquetas, que são fragmentos celulares. A outra fase do sangue é líquida, o
plasma sanguíneo, que contém 91% de água; contém ainda proteínas,
eletrólitos, gorduras, glicose, hormônios e numerosas outras substâncias.
O volume de sangue existente no sistema circulatório é chamado volemia
e tem relação com a idade, o peso e a massa corporal do indivíduo. Um adulto
pode ter de 4 a 6 litros de sangue no organismo. O volume total de sangue na
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idade adulta corresponde a aproximadamente 60 mL para cada quilograma de


peso. O volume relativo de sangue é maior nas crianças que nos adultos.
Uma criança recém-nascida tem 85 mL de sangue para cada kg de peso
corporal, enquanto um organismo adulto tem 60 mL.
O volume de sangue relativo ao peso do organismo é cerca de 40% maior,
nas crianças recém-nascidas. A volemia dos indivíduos é um importante
parâmetro na avaliação das perdas sanguíneas agudas, em situações de
emergência ou após traumatismos e, pode auxiliar no cálculo do volume de
reposição.

2. ERITRÓCITOS

Os eritrócitos ou hemácias são as células encontradas em maior


quantidade no sangue e que lhe conferem a cor vermelha. O constituinte mais
importante da hemácia é a hemoglobina, que transporta o oxigênio mediante
ligação química com as suas moléculas.

Existem, em média, 4,5 milhões de hemácias em cada mililit ro de sangue,


no homem e cerca de 4 milhões, na mulher. Quando a quantidade de hemácias
no sangue está diminuída, o paciente tem anemia; se estiver aumentada o
fenômeno se chama poliglobulia ou policitemia.
 A sobrevida média das hemácias no sangue circulante é de 100 a 120
dias; a medula óssea produz hemácias continuamente, para a renovação do
contingente no sangue circulante.
 A principal função das hemácias é abrigar a hemoglobina para o transporte
de oxigênio aos tecidos. A hemácia também transporta o dióxido de carbono
para eliminação nos alvéolos pulmonares.
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2.1. Eritropoiese

No segundo mês da vida fetal o sangue já apresenta eritrócitos, leucócitos


e plaquetas. Durante o quarto mês, a formação das células do sangue se
processa no fígado e no baço do feto (fase hepática de fabricação do sangue).
Na metade da gestação, a medula óssea, tecido que preenche o interior
dos ossos longos e chatos, começa a produzir o sangue (fase mieloide). A
produção de sangue na medula óssea continua após o nascimento e se mantém
durante toda a vida do indivíduo.
 A medula óssea contém um tipo de célula “matriz”, chamada célula
reticular primitiva, que funciona como uma fonte permanente de células
sanguíneas. A célula reticular primitiva origina o hemocitoblasto. Este, por sua
vez, origina as hemácias, alguns tipos de leucócitos e as plaquetas.

Proeritroblasto Eritroblasto Eritroblasto Eritroblasto Reticulócito Eritrócito


basófilo policromático ortocromático maduro

Medula óssea Sangue periférico

O hemocitoblasto se divide em células menores, os proeritroblastos, que


por sua vez se dividem para formar os eritroblastos. Estas últimas células sofrem
diversas transformações até que perdem o núcleo, para se constituir nas
hemácias. O processo de formação do sangue é denominado eritropoiese; e é
regulada por um hormônio de natureza glicoproteica, a eritropoetina (EPO).
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Do total, 90% da produção de EPO é realizada pelo tecido renal, mais


especificamente pelas células intersticiais peritubulares. Os 10% restantes são
produzidos no fígado. Quando os rins se tornam hipóxicos (diminuição de O 2),
liberam a EPO, que liga-se ao receptor de eritropoetina (EpoR) expresso nos
precursores eritroides na medula óssea, estimulando a proliferação e
diferenciação dessas células.

2.2. Estrutura
 As hemácias têm a forma de um disco bicôncavo com o diâmetro médio
de 8 mícrons, espessura de 2 mícrons na periferia e de 1 mícron na região
central. As hemácias do ser humano não têm núcleo, o que parece ser uma
adaptação à função de carrear hemoglobina no seu interior .
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acordo com a sua densidade. As hemácias se depositam no fundo do


tubo, em virtude de sua maior densidade. Sobre estas, deposita-se uma
finíssima camada de glóbulos brancos e plaquetas e, na parte superior
do tubo, fica o plasma.
Vemos então que, se considerarmos o volume que enche o tubo
como o valor 100, a altura da coluna de hemácias será o hematócrito.
Nas anemias a altura da coluna das hemácias será menor e na
policitemia àquela altura será maior.
Os laboratórios dispõem de réguas calibradas para a avaliação do
hematócrito. Colocando-se o tubo capilar centrifugado sobre a régua, faz-se a
leitura direta do valor do hematócrito.

Normal  Anemia Poliglobulia

Sob diversas circunstâncias, perdas sanguíneas menores podem ser


compensadas ou repostas pela administração de líquidos acelulares aos
pacientes. O método se denomina hemodiluição.
 A hemodiluição, em determinados casos, como na cirurgia cardíaca, por
exemplo, pode reduzir o hematócrito até valores de 20 a 25%. Aceita-se que não
se deve reduzir o hematócrito abaixo de 15%, porque a quantidade de oxigênio
transportado pode não ser suficiente para atender todas as necessidades do
organismo.
O grau de hemodiluição ou “anemia intencional”, aceito para cada indivíduo
deve ser criteriosamente avaliado, levando-se em consideração as suas
condições gerais. A hemodiluição tem grande aplicação nas emergências
hemorrágicas e na cirurgia das doenças do coração.
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6. ERITROGRAMA

O eritrograma é uma das partes que compõem o hemograma e avalia a


massa eritrocitária circulante e também os seus precursores produzidos na
medula óssea. É composto por vários parâmetros, uns determinados
diretamente e outros derivados dessas determinações.
Dependendo da marca do equipamento e da metodologia/tecnologia
utilizada nas análises, as informações aqui presentes podem ser diferentes em
alguns aspectos.
 Análise direta:

► Contagem de eritrócitos;
► Dosagem de hemoglobina.
► VCM;

Parâmetros derivados:

► Hematócrito;
► HCM;
► CHCM;
► RDW.

Quando analisados em conjunto, esses parâmetros dão pistas importantes


para o diagnóstico de vários distúrbios como as anemias e as poliglobulias.

6.1. Contagem de Eritrócitos


Os eritrócitos do sangue periférico são contados pelo aparelho
(impedância) e o resultado é dado em µL (microlitro) ou mm³ (milímetro cúbico).
 A quantidade normal de eritrócitos, assim como outros parâmetros do
eritrograma, varia de acordo com o sexo e idade do indivíduo.
Valores de referência para adultos:

► Masculino: 4,5 – 6,1 milhões/µL;


► Feminino: 4,0 – 5,4 milhões/µL.
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Observações:
a) Outras formas de expressar o resultado são: x10 6/µL ou T/L (Tera por
Litro);
b) Esses valores também podem variar de acordo com a população
estudada, região geográfica, etnia etc.

Termos utilizados:

► Eritrocitose ou poliglobulia: aumento da quantidade de eritrócitos;


► Eritrocitopenia: diminuição da quantidade de eritrócitos.

 A contagem de eritrócitos deve sempre ser analisada em conjunto com os


outros dados do eritrograma, nunca de forma isolada.
 Além disso, nunca usá-la como parâmetro para dar o diagnóstico de
anemia, pois existem casos de anemias com eritrocitose e de eritrocitopenias
sem anemia.

6.2. Dosagem de Hemoglobina


 A dosagem de hemoglobina também é feita no aparelho automatizado de
hematologia, por meio de espectrofotometria. A quantidade normal de
hemoglobina varia, principalmente, de acordo com o sexo e idade do indivíduo.
Valores de referência para adultos:

► Masculino: 14 – 18 g/dL;


► Feminino: 12  – 16 g/dL.

Obs.: Esses valores podem variar de acordo com a população estudada,


região geográfica, etnia etc.

Anemia
Segundo a OMS, o diagnóstico de anemia se dá quando a hemoglobina
está abaixo do valor mínimo de referência.
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7. LEUCÓCITOS

Os leucócitos são as células que constituem uma parte importante do


sistema de defesa do organismo, para combater os diversos agentes
agressores, tóxicos ou infecciosos, como bactérias, fungos, vírus e parasitas.
Este sistema de defesa funciona em associação aos macrófagos dos tecidos e
às células do sistema linfoide. Os leucócitos são as unidades móveis do sistema
protetor do organismo; podem migrar para os locais onde a sua ação seja
necessária.
Existem no sangue normal entre 4.000 e 10.000 leucócitos por cada
mililitro. Há cinco tipos de leucócitos maduros, divididos em dois grupos
principais: os granulócitos e os agranulócitos.
Os granulócitos apresentam numerosas granulações no citoplasma. São
os neutrófilos, os eosinófilos e os basófilos.
Os leucócitos agranulócitos têm o citoplasma homogêneo, sem
granulações no seu interior. São os monócitos  e os linfócitos. A sobrevida
média dos leucócitos no sangue circulante é curta. A maior parte deles fica
armazenada na medula óssea.
São lançados na circulação quando necessário. A vida média dos
leucócitos circulantes é de 6 a 8 horas; quando estão localizados nos tecidos, a
vida média aumenta para cerca de dois a três dias.

7.1. Leucopoiese
Os leucócitos se originam de uma célula-tronco hematopoiética que tem o
potencial de gerar as células-tronco primitivas das linhas de células vermelhas,
das plaquetas e dos leucócitos.
No embrião, uma célula primitiva com características mal definidas serve
de “matéria prima” para a produção de sete tipos celulares diferentes.
 A célula reticular primitiva se origina daquele tipo celular embrionário e dá
origem a dois tipos principais de células: 1. Células reticuloendoteliais e 2.
Hemocitoblastos. Este último tipo celular origina os eritrócitos, os leucócitos e as
plaquetas.
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 As células-tronco formadoras de granulócitos e monócitos correspondem


as células reticulares primitivas que estão dispersas em redes no interior da
medula óssea e nos tecidos linfoides. Estes, estão localizados principalmente no
baço, timo, gânglios linfáticos e placas de Peyer do intestino, além da própria
medula óssea.
Os hemocitoblastos se diferenciam para originar três linhagens diferentes
de células sanguíneas: a linhagem dos eritrócitos, a linhagem dos leucócitos que
apresentam granulações no citoplasma (granulócitos) e a linhagem das
plaquetas, através os megacariócitos.
Os três tipos de leucócitos granulócitos descendem do mesmo
hemocitoblasto. Numa etapa inicial os hemocitoblastos originam os mieloblastos.
Este último dá origem aos promielócitos que são semelhantes aos mieloblastos,
mas já apresentam granulações no citoplasma.
Conforme a coloração dos grânulos citoplasmáticos os promielócitos
podem ser neutrófilos, eosinófilos e basófilos. Os promielócitos a seguir originam
as células chamadas mielócitos que sofrem grandes transformações,
especialmente no núcleo, para originar os tipos celulares que serão liberados no
sangue: neutrófilos, eosinófilos e basófilos.
Os neutrófilos jovens têm o núcleo em forma de bastão, enquanto as
formas mais maduras têm o núcleo com diversos segmentos unidos por
filamentos delgados. O núcleo dos eosinófilos é dividido em dois lobos, enquanto
o núcleo dos basófilos quase não se modifica e permanece arredondado,
ocupando a maior parte da célula.
O tecido linfoide, que constitui a estrutura básica do baço, do timo e dos
linfonodos é encarregado da produção dos linfócitos. Os linfoblastos se
diferenciam para formar os linfócitos.

7.2. Funções
Os leucócitos funcionam como um exército de defesa do organismo. Eles
não apenas destroem os agentes invasores, mas são também destruídos, nessa
guerra defensiva. O organismo mobiliza novos e maiores contingentes de
leucócitos para continuar a batalha até a vitória. O resultado clínico dessa
batalha é a inflamação.
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Durante a formação do processo inflamatório há um aumento do fluxo de


sangue para o local da injúria ou da localização das bactérias, há também
extravasamento de líquidos, proteínas e fibrinogênio dos capilares para o
interstício que levam à coagulação local.
Para realizar com perfeição essa função de defesa do organismo, os
leucócitos precisam de grande mobilidade. Eles atravessam com facilidade os
poros dos capilares, migrando para o local dos tecidos, onde a sua função de
defesa seja necessária. Essa propriedade de migrar através dos poros dos
capilares é chamada diapedese.
Os neutrófilos são importantes na proteção do organismo contra agressões
agudas, enquanto os monócitos são importantes na fase crônica da inflamação.
Quando um agente estranho (bactérias, por exemplo) invade o organismo, libera
certas substâncias químicas; os leucócitos são atraídos por aquelas substâncias
e migram para o local de onde elas provêm.
Essa propriedade dos leucócitos é denominada quimiotaxia. A
quimiotaxia é importante na atuação dos leucócitos em conjunção com o sistema
imunológico. Os eosinófilos são importantes na detoxificação (Detoxificação é
qualquer processo para a eliminação de substâncias consideradas tóxicas ao
organismo, que ocorre em todas as células do corpo, mas principalmente nas do
fígado e do intestino. As principais vias de eliminação das toxinas são pela urina,
fezes, suor.) de proteínas estranhas e nos mecanismos da alergia.
 A função dos basófilos parece estar relacionada à liberação de heparina
no local da agressão, para impedir a coagulação do sangue e permitir a chegada
de novos leucócitos.
Os monócitos têm grande capacidade de migração para o local dos
agentes invasores, onde se intumescem rapidamente, aumentando seu tamanho
em até cinco vezes, adquirindo então a denominação de macrófagos, por sua
grande capacidade de digerir os invasores do organismo.
Os linfócitos atuam como "patrulheiros" do organismo. Eles migram
continuamente para os tecidos, através dos poros dos capilares e retornam à
circulação, como que "buscando" agentes invasores, para a sua identificação e
estimulação imediata dos mecanismos de defesa.
 A maior parte dos leucócitos fica armazenada na medula óssea e demais
órgãos produtores; uma pequena parcela circula no sangue. O tempo de vida
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Os linfócitos T ativados podem destruir um agente invasor do organismo,


enquanto os linfócitos B produzem anticorpos contra os agentes invasores.

Linfoblasto Prolinfócito Linfócito Plasmócito


maduro

Os linfócitos T completam a sua maturação no timo, onde adquirem a


capacidade de reconhecer os diferentes antígenos e controlar a produção de
anticorpos pelo sistema de defesa. Os linfócitos T participam ativamente dos
mecanismos relacionados à imunidade celular.
Receptores existentes na sua superfície são capazes de identificar
antígenos específicos. Ao reconhecer um antígeno os linfócitos T estimulam os
linfócitos B a produzir anticorpos específicos para aquele antígeno.
Um grupo de células T chamadas células auxiliares atuam no sistema
imunitário. Elas produzem as citocinas que são mediadores proteicos e atuam
sobre outras células do sistema imunológico e da medula óssea.
 As principais citocinas produzidas pelas células T auxiliares são as
interleucina-2, interleucina-3, interleucina-4, interleucina-5, interleucina-6 e o
interferon-gama. A maioria das interleucinas aumenta quando há um processo
inflamatório em atividade.
Os linfócitos B se localizam preferencialmente nos gânglios linfáticos.
Quando ativados pelos linfócitos T se diferenciam em plasmócitos, que são as
células diretamente responsáveis pela produção de anticorpos. As funções dos
linfócitos B e dos plasmócitos se relacionam exclusivamente com a produção de
anticorpos. Quando uma bactéria ou um vírus, por exemplo, invadem o
organismo, estimulam uma resposta imunológica.
Os neutrófilos e os macrófagos travam a primeira batalha para a sua
destruição. Sob a ação dos macrófagos, os invasores liberam os antígenos da
sua superfície que estimulam a ação dos linfócitos T.
Os linfócitos T estimulados, liberam agentes químicos que promovem a
ativação dos linfócitos B que, por sua vez, transformam-se em plasmócitos e
produzem anticorpos contra os antígenos da superfície do agente invasor.
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Estes anticorpos neutralizam o invasor ou, pelo menos o torna mais


sensível à ação destruidora dos neutrófilos.
Em virtude de seu peculiar mecanismo de ação, os linfócitos são os
iniciadores das reações de rejeição dos órgãos transplantados. Os antígenos do
órgão transplantado são reconhecidos pelos linfócitos e identificados como
estranhos ao organismo em que vivem. Estimulam então a produção de
anticorpos que vão atacar o órgão transplantado.
Por essa razão, o controle da rejeição inclui drogas supressoras da
atividade do sistema imunológico. A rejeição dos transplantes se deve
principalmente ao complexo de antígenos HLA. Há cerca de 150 diferentes tipos
de antígenos, porém seis deles estão presentes nas membranas celulares dos
diferentes órgãos.
É praticamente impossível que duas pessoas tenham os mesmos seis
antígenos. Qualquer um deles pode estimular o organismo receptor a produzir
anticorpos contra ele e, desse modo, iniciar um processo de rejeição.
Drogas potentes, como os corticosteroides, a ciclosporina e outros
fármacos, em diversas combinações podem controlar a rejeição por depressão
do sistema imunológico do receptor.
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8. PLAQUETAS

 As plaquetas não são células, mas sim elementos celulares (fragmentos
de células), formados a partir de uma célula gigante medular chamada
megacariócito. São corpúsculos ligeiramente arredondados, liberados no sangue
pela fragmentação dos megacariócitos da medula óssea.

Existem no sangue normal entre 150.000 e 450.000 plaquetas por cada


microlitro, das quais cerca de 30.000 formam-se a cada dia. A sobrevida média
das plaquetas na circulação é de 10 dias. As plaquetas são fundamentais aos
processos de interrupção da perda sanguínea (hemorragia), da formação e da
retração do coágulo.
 A atuação das plaquetas depende das suas propriedades de adesão e
agregação. As plaquetas têm uma participação essencial nos fenômenos da
coagulação do sangue e são capazes de liberar diversas substâncias, das quais,
algumas, como o tromboxano A2 tem propriedades vasoconstritoras, enquanto
outras agem como enzimas e hormônios, como as prostaglandinas que, dentre
outras, tem propriedades vasodilatadoras.
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10.12. Tipagem Sanguínea
Existem duas formas de se fazer a tipagem sanguínea do sistema ABO: em lâminas ou tubos
de ensaio. Quando essa é feita em lâmina há um grande risco de o resultado dar errado. Veja
alguns motivos:
► Pode não haver uma equivalência entre o soro e o sangue. Às vezes há mais antígenos do
que anticorpos, ou vice versa. Isso interfere direto no resultado. No tubo as chances de isso
acontecer são menores já que é feita uma diluição com salina.
► O encontro, na lâmina, de antígeno e anticorpo ocorre ao acaso, portanto pode haver falta
de aglutinação porque não houve uma homogeneização correta. No tubo a
homogeneização é feita na centrífuga, o que diminui a chance de não acontecer o encontro.

Procedimento
1. Faz-se uma diluição com solução salina (0.9% NaCl):

2. Depois, distribui-se 50 μL em cada tubo (no caso três) e coloca-se uma gota de cada soro
(A, B e D) *Uma gota do soro equivale a ~50 μL.

Anti-A Anti-B Anti-D


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4. Se houver aglutinação: Ficará no fundo do tubo um concentrado de hemácias. Vire o tubo
aos poucos e olhe contra seu jaleco. Se não formar um fio é porque aglutinou.
5. Se não houver aglutinação: Fazendo o mesmo processo citado acima, se formar um fio
quando estiver virando aos poucos é porque não aglutinou.

Vídeo
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11. REFERÊNCIAS

Dacie and Lewis, Practical Haematology, 9th edition, Edited by SM Lewis, BJ


Bain, I Bates, Chapter 4: Preparation and staining methods for blood and bone
marrow smears, pág. 50.

Stone KD, Prussin C, Metcalfe DD. IgE, Mast Cells, Basophils, and Eosinophils.
The Journal of allergy and clinical immunology. 2010.

 A. V. Hoffbrand; P. A. H. Moss. Fundamentos em Hematologia. Artmed, 6ª ed.,


2012. (Tradução: Renato Failace).

ZAGO, M. A., et al. Tratado de Hematologia. Atheneu Rio, 2014.

MARTINS, M. A., et al. Clínica Médica. Manole, vol. 3, 2009.

FIGUEIREDO, A. K. B.; SANTOS, F. A. V; SOARES E SÁ, L. H; SOUSA, N. D.


L. Anemia falciforme: abordagem diagnóstica laboratorial. Rev. Ciênc. Saúde
Nova Esperança  – Jun. 2014;12(1):96-103.

YANAGUIZAWA, M. et al. Diagnóstico por imagem na avaliação da anemia


falciforme. Rev. Bras. Reumatol., 2008, vol.48, n.2, pp. 102-105. ISSN 0482-
5004.
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