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Capítulo 13

DOENÇAS
CARDIOVASCULARES
ASSOCIADAS AO
DIABETES MELLITUS
TIPO 2
ÂNGELA NATÁLIA GONÇALVES RABELO
IASMIN SOARES DE OLIVEIRA
VITORIA KAROLYNE DE OLIVEIRA PESSOA

1
Graduanda do Curso de Medicina, Centro Universitário Aparício Carvalho (UNIFIMCA).

Palavras-chave: Diabetes mellitus; Doenças cardiovasculares; Saúde.

10.29327/5193751.6-13 120 | P á g i n a
objetivo geral destacar sobre os riscos de do-
INTRODUÇÃO enças cardiovasculares em pessoas diabéticas.
O diabetes antigamente era considerado Para tanto, seus objetivos específicos se volta-
uma doença rara, porém, o que se vê em tem- ram a contextualizar sobre o diabetes mellitus,
pos atuais é que esta doença tem se tornado destacar a importância das atividades física no
cada vez mais evidente, acometendo até controle do diabetes e enfatizar sobre o diabe-
mesmo crianças. Dentro desta perspectiva, tes mellitus e as doenças cardiovasculares.
afirma-se que esta doença tem como fator Considerando os altos riscos de infarto,
principal o estilo de vida atual da população dentre outras doenças cardiovasculares para as
brasileira que tem adotado medidas que não pessoas diabéticas, esta pesquisa teve como
incluem uma alimentação saudável e nem uma objetivo geral destacar sobre os riscos de do-
rotina de exercícios diários (FASSATO et al., enças cardiovasculares em pessoas diabéticas.
2021). Para tanto, seus objetivos específicos se volta-
A diabetes tem se tornado um dos proble- ram a contextualizar sobre o diabetes mellitus,
mas de saúde mais comuns atualmente no Bra- destacar a importância das atividades física no
sil e isso faz com que esta seja uma atuação controle do diabetes e enfatizar sobre o diabe-
alarmante mediante os problemas de saúde tes mellitus e as doenças cardiovasculares.
pública do país. Os profissionais de educação A metodologia utilizada para a realização
física são fundamentais para que seja possível desta pesquisa foi à pesquisa bibliográfica que
implementar a eficiência no tratamento da dia- teve como objetivo coletar o máximo possível
betes. Os exercícios físicos têm se mostrado de informações relevantes para o contexto da
grandes aliados no tratamento de diabetes e o temática escolhida. Através de pesquisas reali-
profissional de educação física pode auxiliar zadas em plataforma acadêmica foi possível
na prática correta destes orientandos e acom- encontrar vários autores que deram uma
panhando o paciente quando necessário junta- grande colaboração para a fundamentação teó-
mente com uma reeducação alimentar onde rica desta obra, caracterizando - a também
este profissional poderá estabelecer os ali- como pesquisa como qualitativa. Após a reali-
mentos adequados para o paciente (REIS et zação das pesquisas foram selecionados os
al., 2021). autores cujas obras mais se aproximavam do
Atualmente o número de pessoas diabéti- tema deste trabalho no intuito de enriquecer a
cas tem aumentado e por isso esta doença tem fundamentação com teorias já realizadas. O
se tornado uma das mais comuns no Brasil. critério de seleção foi escolher os autores que
Sendo assim, é importante que, além de ser abordavam sobre a temática de forma original
estudada no que se refere a seus sintomas e e os artigos publicados no período de 2017 a
prevenção também precisa de mais estudos 2021.
relativos aos meios de tratamento que sejam
METODOLOGIA
eficazes e aumentem a qualidade de vida dos
pacientes (FASSATO et al., 2021). O número de pessoas diagnosticadas com
Considerando os altos riscos de infarto, diabetes cresceu significativamente nos últi-
dentre outras doenças cardiovasculares para as mos oito anos no Brasil. Este número é repre-
pessoas diabéticas, esta pesquisa teve como sentado pelo número de pessoas com diabetes

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em 2006 (5,5%) em comparação ao ano de Atualmente 8% da população adulta brasileira
2013 (6,9%). A maior prevalência da doença é tem diabetes, este aumento significativo se
nas mulheres 7,7% e nos homens esta é de deve à alimentação irregular, falta de atividade
6,5%, para manter o controle da glicose no física dentre outros fatores (SARTONELLI;
sangue o Governo nacional oferece cinco tipos FRANCO, 2018).
de medicação gratuita (SCHMIDT et al., A perspectiva é que até o ano de 2030 se
2018). terá de 30 a 40% de novos casos de diabetes
O avanço do diagnóstico está relacionado à no Brasil. Em torno de 50% dos casos as pes-
melhoria do acesso na atenção básica, porém, soas não apresentam sintomas, sendo assim, é
a doença tem forte relação com o excesso de importante que se faça exames regulares na
peso, falta de exercícios físicos, bem como a intenção de prevenir a doença. Nos casos em
má alimentação. A rotina atual do cidadão que surgem os sintomas estes são: cansaço,
brasileiro desenvolve condições para o seden- sede excessiva, excesso vontade de urinar
tarismo facilitando o surgimento de doenças (FREITAS; GARCIA, 2018).
como, por exemplo, o diabetes (FREITAS; A principal causa do aumento da prevalên-
GARCIA, 2018). cia da diabetes é mal habito alimentar, bem
O envelhecimento da população torna a como a falta da prática da atividade física de
doença ainda mais frequente, a proporção de forma regular aumentando assim a circunfe-
diabéticos que tem idade entre 18 e 24 anos é rência abdominal, o risco de diabetes é para os
de menos que 1%, porém para pessoas com 65 homens com circunferência abdominal maior
anos, está prevalência se representa em 22%. que 90 cm e a mulher com mais de 80 cm.
Sendo assim, afirma-se que o envelhecimento Hoje, 90% dos casos de diabetes são tipo II,
da população, bem como a mudança dos há- aquela que é estimulada pela obesidade, e os
bitos de vida da população a nível mundial se demais 10% dos casos, são do diabetes tipo I,
tornou muito sedentária e aumentou-se tam- aquele que acomete mais crianças e adoles-
bém o consumo de alimentos industrializados centes não tendo relação com o peso, sendo o
e altamente calóricos colaborando assim para o próprio corpo que ataca o pâncreas. Dentro
aumento do número de pessoas diabéticas deste contexto apresentado, vale a pena res-
(SCHMIDT et al., 2018). saltar que o diabetes pode causar uma série de
O Ministério da Saúde estima que nos pró- outras doenças, como por exemplo, infarto,
ximos anos as pessoas que possuem diabetes derrame cerebral, insuficiência renal, risco de
serão melhores atendidas no Brasil, conside- cegueira e amputação de membros superiores
rando que o Programa Mais Médicos tem ou inferiores (FREITAS; GARCIA, 2018).
agido em função de promover a saúde e quali- O diabetes vem aumentando bastante, no
dade de vida da população brasileira proporci- mundo existe 382 milhões de pessoas diabéti-
onando um melhor acesso aos programas aten- cas segundo a Federação Internacional De Dia-
dimento à saúde pública no país (FREITAS; betes e estima-se que até 2035 haja um au-
GARCIA, 2018). mento de 55% desta prevalência. O Brasil é o
Como alerta à saúde pública, vale a pena quarto país de maior prevalência de diabéticos,
ressaltar que em trinta anos o número de pes- chegando a quase 12 milhões de diabéticos. O
soas diabéticas a nível mundial quadruplicou. maior problema é que quase 50% das pessoas

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que tem o diabetes desconhece o diagnóstico e sáveis para o controle da doença, o paciente
muitas vezes estas pessoas já apresentam al- que segue o tratamento à sério atualmente,
gum grau de complicação crônica (PIMEN- consegue evitar as consequências da diabetes.
TEL; FEDOSSE, 2017). O exercício físico e a alimentação correta são
Os avanços da medicina melhoraram muito considerados um dos principais cuidados para
a qualidade de vida de quem é portador de que possam ser evitados o surgimento da dia-
diabetes, boa parte do tratamento pode ser betes (SARTONELLI; FRANCO, 2018).
feito até mesmo em casa e muita gente so- O exame irá definir um diagnóstico, porém
mente vai ao médico para fazer o acompanha- os sintomas estando presentes o paciente pode
mento. Esta doença atinge mais de 12 milhões verificar em si, tendo os sintomas a pessoa
de pessoas somente no Brasil e pode aparecer pode procurar o médico para fazer o diagnós-
de forma silenciosa, por isso é importante estar tico. Os sintomas são fadigas, perda de liquido
atento aos sintomas. A diabetes está entre as devido, entre outros. Estes sintomas podem ser
cinco com o maior índice de morte no mundo mais ou menos intensos na dependência do
e não tem cura, ela é caracterizada pelo au- tipo de dia- betes, pois existem tipos diferentes
mento anormal de açúcar no sangue causado de diabetes, o diabetes do tipo 1 que acomete
pela falta de insulina. Existe dois tipos de do- mais as crianças e tem sintomas mais intensos,
ença, a do tipo 1 o corpo produz pouco ou ne- como por exemplo a perda de peso, e o do tipo
nhuma insulina, geralmente começa na infân- 2 quando as células são resistentes à insulina e
cia e exige aplicação diárias do medicamento, normal- mente aparece depois dos 40 anos de
já quem desenvolver a diabetes do tipo 2 tem idade (SANTOS, 2017).
as células resistentes à ação da insulina e a Os exames a serem feitos para o diagnós-
doença começa a surgir após os 40 anos de tico devem ser realizados para verificar qual o
idade (SANTOS, 2017). tipo de diabetes provável. Uma pessoa jovem
O Brasil tem 12 milhões de diabéticos se- pode ter diabetes tipo 2 mesmo antes dos 40
gundo o IBGE, fatores hereditários, sedenta- devido à hereditariedade. Sendo assim, é de
rismo e obesidade são as principais causas da vital importância para o tratamento do diabetes
doença. Os sintomas costumam ser silencio- o diagnóstico precoce, pois assim a pessoa terá
sos, mas quando aparecem são três os princi- uma maior chance de ter uma via longa e feliz.
pais, aumento da quantidade de urina, fome e Acima dos 45 anos a frequência do diabetes
sede aumentadas, mas também podem ocorrer aumenta muito, principalmente na presença de
náuseas, fraqueza e perda de peso. A vida do alguns fatores de risco como a história familiar
diabético melhorou muito nas últimas décadas, de diabetes, aumento de nível de colesterol e
a insulina em suas várias formas trouxe ao do- triglicerídeos, hipertensão, sedentarismo, entre
ente a autonomia de poder controlar diária- outros (SILVA et al., 2018).
mente a diabetes em casa. Os medidores de A Organização Mundial de Saúde consi-
glicose portáteis também se tornaram grandes dera que a diabetes se espalhou à medida que
ali- ados de quem sofre deste mau (SILVA et os países se desenvolveram e virou uma epi-
al., 2018). demia mundial. No Brasil houve uma expan-
As pesquisas mostram que a alimentação são no diabetes muito grande, o país passou
saudável e a prática de esportes são indispen- por uma transição nutricional que resultou na

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obesidade e este é o principal fator determi- gastam. Sem células β em funcionamento, a
nante para o aparecimento do diabetes (SAN- pessoa precisa tomar insulina e outros medi-
TOS, 2017). camentos para melhorar sua sensibilidade à
Existem outros fatores além da obesidade insulina (LIMA et al., 2015).
que contribuem para o surgimento do diabetes, O diabetes mellitus é uma condição em que
mas certamente o aumento de peso e princi- a produção e a ação da insulina são prejudica-
palmente quando a gordura corporal se distri- das, e a causa de ambas está relacionada à in-
bui de maneira central, ou seja, aquela gordura fluências genéticas e ambientais. Sua incidên-
que se acumula principalmente no tronco e no cia e prevalência estão aumentando em muitas
abdome, este tipo de distribuição de gordura populações ao redor do mundo, e é uma das
favorece o aparecimento de diabetes (FREI- doenças mais comuns (MCLELLAN et al.,
TAS; GARCIA, 2018). 2017).
O diabetes é considerado uma doença crô- O diabetes pode levar a uma maior morta-
nica progressiva que se caracteriza pela eleva- lidade, bem como neuropatias (cegueira, insu-
ção nos níveis de glicose no sangue. Existem ficiência renal, amputação de membros), além
dois tipos de diabetes o tipo 1 que dá na cri- de complicações macro e microvasculares.
ança e adolescente dependendo de uma defici- Diabetes tipo 2 é causado pela insulina não ter
ência de insulina e o pâncreas é alterado le- o efeito desejado nos tecidos do corpo (BER-
vando a menor produção de insulina que é TONHI et al., 2018).
responsável por colocar a glicose para dentro A diabetes tipo 2 está ligada à obesidade,
das células para servir de substrato de energia mas não necessariamente se desenvolve por
(SILVA et al., 2018). causa dela. Em vez disso, parece que o fator
O diabetes tipo 2 é diferente e acomete hereditário é mais importante no diabetes tipo
pessoas mais adultas em geral após os 45 anos 2 do que no diabetes tipo 1. A resistência à
e está muito associada à obesidade, pois a obe- insulina é quando a insulina se torna menos
sidade dificulta a ação da insulina colocando eficaz, e mais insulina tem que ser produzida
uma barreira nesta ação. Sendo assim, a insu- para combater essa resistência à insulina e
lina não consegue colocar a glicose para den- impedir que a glicose se acumule no sangue
tro da célula e o organismo tem que produzir (LYRA et al., 2019).
uma quantidade maior de insulina e fazer o O DM2 é um fator de risco independente
mesmo efeito (SANTOS, 2017). para doenças cardiovasculares e ocorre fre-
quentemente em pessoas com síndrome meta-
Diabetes Mellitus Tipo 2 bólica (SM): triglicerídeos elevados, colesterol
Diabetes tipo 2 acontece quando uma pes- HDL baixo e obesidade central. O escore de
soa se tornou obesa e resistente à insulina. Framingham é um teste confiável e de fácil
Geralmente ocorre em pessoas com mais de 40 execução que pode determinar pacientes com
anos, e o pâncreas produz insulina normal- maior risco de desenvolver doenças cardiovas-
mente. No entanto, a insulina e a glicose não culares. Isso permite que os médicos rastreiem
entram nas células com baixo teor de glicose, os pacientes com mais rigor e introduzam te-
deixando-as no sangue. Muita insulina é li- rapias mais agressivas para prevenir o desen-
bera- da pelo pâncreas e as células β se des-

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volvimento de doença arterial coronariana cos tóxicos chamados cetonas. As células não
(PEREIRA et al., 2022). podem usar açúcar sem insulina, então elas
A correlação entre risco cardíaco e nível de precisam usar outras fontes de energia (LU-
açúcar no sangue em diabéticos é conhecida CENA, 2015).
por ser menos precisa do que em pessoas que O diabetes pode levar à cetoacidose, uma
não são diabéticas. O melhor método para es- condição perigosa que faz com que o sangue
timar a RCV em diabéticos (homens e mulhe- se torne excessivamente ácido. Nos estágios
res de todas as idades) já está em questão iniciais, a cetoacidose pode fazer com que uma
(FORTI et al., 2021). pessoa faça mais xixi, perca peso, fique enjo-
Níveis elevados de glicose no sangue têm ada ou vomite, sinta-se cansada e até cause dor
efeitos diretos no corpo, fazendo com que os no abdômen em crianças. O corpo tenta corri-
sintomas do diabetes se manifestem. Quando o gir a acidez tornando a respiração mais pro-
açúcar no sangue de uma pessoa é superior a funda e mais rápida. Pessoas com diabetes tipo
160-180 mg/dl, a concentração de glicose na 2 às vezes podem permanecer assintomáticas
urina aumenta. À medida que a concentração por anos ou até décadas. Quando a deficiência
aumenta ainda mais, os rins também liberam de insulina progride, os sintomas começam a
mais água para diluir a enorme quantidade de aparecer lentamente. Inicialmente, as pessoas
glicose que passou por eles. Pacientes diabéti- terão sede e micção aumentadas, que piorarão
cos urinam grandes volumes de urina (poliú- ao longo de semanas ou meses (SILVA, 2020).
ria), o que pode levar à necessidade de saciar a Quando uma pessoa tem uma infecção, ou
sede (polidipsia) (SILVA, 2020). está tomando drogas, e o açúcar no sangue
O diabetes pode causar muitos sintomas, sobe além de 1.000 mg/dl, ela pode ficar tão
incluindo perda de peso, porque a perda exces- desidratada que experimenta confusão, sono-
siva de urina faz com que a pessoa perca peso. lência, convulsões e coma hiperosmolar não
A pessoa também pode sentir muita fome (po- cetótico. A cetoacidose é uma condição que
lifagia), ficar tonta, enjoada, ter uma diminui- ocorre quando a acidez do sangue se torna
ção da resistência durante os treinos e até ver a muito alta (superior a 7,0) (SIQUEIRA et al.,
visão turva. As pessoas que têm diabetes que 2017).
não é bem controlada correm maior risco de
contrair infecções, devido à sua grande defici- Metabolismo da insulina
ência de insulina. Pessoas com diabetes tipo 1 As ilhotas pancreáticas consistem em cé-
geralmente perdem peso antes de iniciar o tra- lulas beta que contêm o gene da insulina, onde
tamento (LIMA et al., 2015). a insulina é produzida e armazenada em grâ-
A cetoacidose diabética é uma condição nulos antes de ser secretada. A secreção ocorre
que se desenvolve rapidamente em pessoas em um processo bifásico, havendo dois reser-
com diabetes tipo 1 e pode progredir rapida- vatórios de insulina. Quando os níveis de gli-
mente. Mesmo que o nível de açúcar no san- cose no sangue aumentam, ocorre liberação
gue seja alto, a maioria das pessoas com dia- imediata e, quando os níveis de glicose no
betes tipo 2 não perde peso. As células de gor- sangue caem, ocorre liberação lenta (SI-
dura de pessoas com diabetes tipo 2 começam QUEIRA et al., 2017).
a se decompor, produzindo compostos quími-

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A glicose e os aminoácidos são transporta- ximadamente 8% das pessoas que viviam em
dos através das membranas celulares, o glico- áreas urbanas tinham diabetes (SILVA, 2020).
gênio é formado no fígado e no músculo es- Aproximadamente 5,5 milhões de pessoas
quelético, a glicose é convertida em triglicerí- com 40 anos ou mais vivem no Brasil hoje.
deos, os ácidos nucléicos são formados e as Entre as idades de 60-69 e 30-39, a prevalên-
proteínas são sintetizadas pela insulina, que é cia de diabetes varia de 3 a 17%, enquanto a
um hormônio importante. Sua principal função prevalência de intolerância à glicose é de 8%,
é aumentar a taxa de transporte de glicose para variando de 6 a 11% entre essas mesmas faixas
certas células do corpo (SILVA, 2020). etárias. Diabetes pode levar a muitos outros
A insulina se liga às células-alvo assim que problemas de saúde, incluindo doença renal,
se liga ao receptor de insulina. A quantidade amputação de membros inferiores, cegueira e
de insulina ligada a uma célula é afetada pela doenças cardíacas. A qualidade de vida é sig-
quantidade de receptores presentes, de modo nificativamente reduzida para as pessoas que
que o número e a função dos receptores de têm diabetes, e a doença pode levar à morte
insulina são importantes para determinar como (SIL- VA, 2018).
a insulina age na célula. Uma vez que o re- Os custos dos cuidados com diabéticos po-
ceptor de insulina se liga à insulina, ocorrem dem variar de 2,5% a 15% dos gastos com
diferentes reações dentro das mitocôndrias, saúde de um país, dependendo do país e de
produção de proteínas e produção de DNA quão complicado é o cuidado. A Organização
(SILVA, 2020). Mundial da Saúde diz que após 15 anos de
Os transportadores de glicose (GLUT) são diabetes, 10% dos pacientes terão deficiência
proteínas que se movem do aparelho de Golgi visual grave, 2% serão cegos e 30-45% terão
para a membrana celular quando a insulina algum nível de retinopatia. Além disso, 20-
está presente. Isso permite uma maior captação 35% terão neuropatia e 10-25% desenvolverão
de glicose dentro da célula. A ação da insulina doenças cardiovasculares (SILVA, 2020).
de ação intermediária pode ocorrer antes do O diabetes custa à nossa sociedade de
horário em que os níveis de insulina são mais muitas maneiras além dos custos financeiros.
altos, causando hiperglicemia pela manhã As pessoas que têm diabetes geralmente têm
(LIMA et al., 2015). que lidar com dor, aumento da ansiedade, con-
veniência reduzida e menor qualidade de vida.
Epidemiologia Essas coisas afetam os pacientes e suas famí-
Diabetes está se espalhando em prevalên- lias. Além disso, o diabetes faz com que as
cia. Em 1995, afetou cerca de 4% da popula- pessoas não sejam tão produtivas no trabalho,
ção adulta mundial. Até o ano de 2025, pro- faz com que as pessoas se aposentem mais
jeta-se que 6,4% da população mundial estará cedo e pode até causar a morte antes da idade
vivendo com diabetes. A maioria das pessoas normal.
que desenvolverão diabetes viverá em países
em desenvolvimento, e espera-se que a por- Cuidados com o paciente diabético
centagem de pessoas com diabetes na faixa O diabetes e suas complicações represen-
etária de 45 a 64 anos aumente nesses países. tam um sério risco e, portanto, a prevenção de
No Brasil, no final da década de 1980, apro- diabetes, obesidade, sedentarismo e hábitos

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alimentares não saudáveis é uma prioridade expressar quaisquer preocupações ou dúvidas
em saúde pública. A atenção primária pode que possa ter sobre seu cuidado, e o cuidado
atuar na prevenção de fatores de risco para deve levar em consideração questões familia-
diabetes, iniciar pacientes de alto risco para o res, financeiras, sociais e culturais que podem
diagnóstico de diabetes, tratar casos de diabe- ajudar ou dificultar o cuidado. A visão do cui-
tes não diagnosticados e melhorar o controle dado centrado na pessoa é integral (LIMA et
de pacientes diabéticos já diagnosticados, a al., 2015).
fim de evitar maiores complicações (SILVA, As emoções e o bem-estar dos pacientes
2020). devem ser considerados com frequência, jun-
Ajudar o paciente a mudar de vida para o tamente com os conteúdos importantes relaci-
controle do diabetes é um grande desafio para onados ao seu autocuidado. A carga da doença
a equipe de saúde, pois afeta a vida do paci- crônica deve ser considerada, juntamente com
ente e de seus familiares e amigos. O manejo as crenças e atitudes do paciente. O estado
cuida- doso do diabetes pode levar a uma me- psicológico do paciente também deve ser ava-
lhor qualidade de vida e autonomia no futuro. liado, juntamente com o impacto do trata-
Este manual fornece orientações específicas mento prolongado e contínuo em seu bem-es-
sobre como diferentes profissionais da equipe tar (SILVA, 2020).
de saúde podem cuidar de seus pacientes com
diabetes (LIMA et al., 2015). Atividades física no controle do diabetes
A equipe deve trabalhar para melhorar os Segundo Ramalho e Soares (2017), a qua-
resultados do paciente e a adesão aos planos de lidade de vida de pessoas diabéticas pode me-
cuidados, incentivando uma vida saudável, lhorar muito com a prática de exercícios físi-
enquanto ainda funciona como o principal cos, no caso destas pessoas é totalmente reco-
ponto de contato para o paciente e todos os mendável que estas pratiquem exercícios físi-
outros profissionais de saúde. A equipe tam- cos, pois estes, além de melhorar o condicio-
bém deve ajudar os programas governamentais namento ajudam a emagrecer, bem como tam-
e comunitários a manter a autonomia, a adesão bém, proporciona uma melhor sensação de
e os resultados dos pacientes. Toda a equipe bem-estar e controle glicêmico.
deve trabalhar em conjunto para atingir esses Ramos (2017) destaca que o exercício fí-
objetivos, garantindo que os pacientes se rela- sico tem como objetivo otimizar a capacidade
cionem com seus profissionais de saúde e que funcional do organismo proporcionando uma
todos os membros estejam trabalhando em redução de peso corporal e otimizando a parte
direção a objetivos comuns (MACEDO et al., muscular, com isso utiliza-se mais a insulina
2019). para queimar a glicose circulante. Sendo as-
Os pacientes desempenham um papel im- sim, dentro de uma atividade física orientada é
portante em seus cuidados, e os cuidados pre- possível reduzir o risco de doenças cardiovas-
cisam ser culturalmente sensíveis. As prefe- culares e hipertensão, proporcionando também
rências pessoais também devem ser considera- uma perda de peso para que o paciente possa
das. A colaboração paciente-equipe é incenti- até mesmo ficar sem os medicamentos.
vada, e o paciente deve ter um papel ativo em De acordo com Debastiani (2017) existem
sua consulta. O paciente deve ser capaz de alguns cuidados a serem tomados no trata-

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mento de diabetes com exercícios físicos, car consequências nos vasos sanguíneos, nos
como por exemplo, praticar exercícios físicos nervos e órgãos.
logo após as refeições devido ao nível de gli- Pondera Debastiani (2018) que o diabetes
cose. Porém, o paciente deve sempre medir a não tem cura, porém, uma boa alimentação,
glicemia antes de praticar exercícios físicos, rotina de exercícios físicos e a medicação ade-
pois se ela estiver entre 100 e 120 ela está quada é o caminho para que a diabetes seja
baixa e é necessário consumir carboidrato para controlada proporcionando ao paciente uma
que este não tenha uma crise de hipoglicemia melhoria na qualidade de vida. Os exercícios
no treinamento. Caso esta esteja acima de 240 físicos entram com a função de abaixar os ní-
o treinamento deve ser interrompido. Também veis de glicose estimulando a produção de
existem outros cuidados, como evitar treinar insulina, aumentar a capacidade de captação
em altas temperaturas, bem como agasalhar-se da glicose através dos músculos, além de di-
para fazer treinamentos em dias de frio. minuir a gordura corporal e aliviar o estresse.
Silva (2018) destaca que existem dois tipos Segundo Ramos (2017), passar mais de
de diabetes, o diabetes mellitus tipo I que são seis horas consecutivas, sentado aumenta os
insulina-depentendes tratados com injeção de riscos de desenvolver diabetes, doenças cardi-
insulina, e o diabetes tipo II que tem como ovasculares e alguns tipos de câncer. Esta
característica a hereditariedade, mas também quantidade de tempo sentado às vezes sobre-
tem como fatores maus hábitos alimentares ou põe os benefícios que a atividade física estava
sedentarismo. Vale ressaltar que 80% dos pa- trazendo. Pesquisadores italianos foram mais
cientes diabéticos no Brasil são considerados longe e contribuíram que a cada hora sentado
sobrepeso ou obesos. um adulto pode perder 21 minutos de vida.
Segundo afirmam Ramalho e Soares Este estudo coloca em evidencia que não é
(2008), os exercícios físicos auxiliam não so- somente a falta de exercícios, mas a falta tam-
mente no tratamento do diabetes, mas também bém de atividades ocupacionais.
na prevenção desta doença. Este tem sido con-
siderado um tema de grande importância atu- RESULTADOS E DISCURSSÃO
almente devido ao grande índice de prevalên- O diabetes tem sido conectado a muitas
cia. doenças e distúrbios diferentes, incluindo, mas
Ramos (2017) ressalta ainda que o diabetes não limitado ao sistema musculoesquelético,
é uma doença crônica que atinge cerca de 13 sistema digestivo, função cognitiva e saúde
milhões de brasileiros, isto é, para cada 5 pes- mental, câncer e doença cardíaca coronária.
soas 1 consome carboidrato de forma exces- Embora tradicionalmente se pense que o dia-
siva. A diabetes é caracterizado como uma betes causa complicações microvasculares e
deficiência na produção ou não do hormônio macrovasculares (nefropatia diabética, retino-
insulina. Quando uma pessoa ingere carboi- patia diabética, neuropatia, etc.), também se
drato a insulina abre a célula para que a gli- acredita que contribua indiretamente para ou-
cose entre e gere energia. Quando não há pre- tras condições. Tem havido pouca atenção à
sença de insulina a glicose permanece na cor- forma como as características das complica-
rente sanguínea e a longo tempo pode provo- ções do diabetes mudaram ao longo do tempo,

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ou às tendências gerais das complicações rela- às pessoas sem diabetes. Além disso, as pes-
cionadas ao diabetes (SILVA, 2020). soas com diabetes tinham um risco 2-4 vezes
O diabetes causa complicações, como pro- maior de desenvolver problemas macrovascu-
blemas microvasculares e macrovasculares. lares do que as pessoas que não tinham a do-
No passado, pensava-se que as pessoas com ença. Há poucos estudos recentes analisando
diabetes tinham um risco 10-20 vezes maior de tendências em complicações relacionadas ao
ter complicações microvasculares, em relação diabetes (LIMA et al., 2015).
Informações de base populacional sobre de alto risco e tratar pés diabéticos e úlceras
complicações do diabetes são difíceis de en- (MACEDO et al., 2019).
contrar no Brasil, mas sabemos que as ampu- Dados da PNS 2013 mostraram que de to-
tações de membros inferiores ocorrem a uma das as pessoas que têm diabetes, 18,1% têm
taxa de 13,9 por 100 mil pessoas na população apenas diabetes, enquanto 26,6% têm outra
geral e 180,6 por 100 mil pessoas com diabe- morbidade, 23,2% têm duas outras morbidades
tes. A taxa é 13x maior em pessoas com dia- e 32,0% têm três ou mais outras morbidades.
betes do que na população em geral. As am- Apenas uma pequena porcentagem de pessoas
putações de membros inferiores são impor- que foram diagnosticadas com diabetes parecia
tantes porque indicam quão bem o sistema de tê-lo por si só (LIMA et al., 2015).
saúde pode rastrear o risco, separar pacientes

Tabela 13.1 Taxa de mortalidade por diabetes (a cada 100 mil habitantes), por macrorregião geográfica brasileira,
segundo a faixa etária, no ano de 2017

Faixa etária (anos) Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Total

0 a 29 0,6 0,7 0,7 0,5 1,7 1,1

30 a 39 2,6 3,3 2,8 2,5 2,8 2,8

40 a 49 10,2 12,4 8,4 8,4 14,8 9,7

50 a 59 46,4 41,7 28,3 30,0 31,9 33,3

60 e mais 255,6 263,4 150,9 181,7 188,0 90,1

Total 2,3 37,5 27,3 32,8 26,1 30,7


Fonte: SILVA et al., 2015.

Sabe-se que o diabetes está associado a ta- com diabetes e 3,8 vezes mais provável em
xas mais altas de tuberculose desde o início de pessoas com menos de 44 anos (SILVA,
1900, mas foi apenas mais recentemente, com 2020).
o aumento das taxas de diabetes, que a atenção Os países mais desenvolvidos têm visto
foi atraída para essa conexão. A hipertensão um grande declínio na incidência de tubercu-
arte- rial é mais de 2 vezes comum em pessoas lose nos últimos anos, mas ainda existe uma

129 | P á g i n a
taxa elevada nos países em desenvolvimento. proporciona o surgimento de placas de coleste-
O diabetes pode influenciar a forma como a rol no interior das artérias do coração, levando
tuberculose é apresentada e tratada, além de ao infarto (REIS et al., 2021).
causar intolerância à glicose em pessoas com Diante disso, é preciso que a pessoa com
dia- betes. Além disso, a tuberculose pode diabetes realize periodicamente exames de
afetar o controle glicêmico em pessoas com imagem cardiológica, dentre eles a cintilogra-
diabetes (LIMA et al., 2015). fia de perfusão miocardia, capaz de mostrar de
O diabetes pode afetar a gravidade de vá- forma precisa e precoce as áreas aonde se
rias doenças que os pacientes de hanseníase chega pouco sangue, chamado de isquemia
apresentam, como melioidose, tuberculose e miocárdica. Em uma situação positiva para
vírus da dengue. Os profissionais de saúde que isquemia miocárdica o tratamento pode ser
trabalham com pacientes com hanseníase de- mais eficaz e direcionado, evitando a evolução
vem ser rastreados para diabetes, pois a doença para o infarto agudo do miocárdio (SILVA,
ocorre com mais frequência em pacientes com 2020).
hanseníase do que em pessoas que não têm a Segundo Ferreira et al. (2018), o diabetes é
doença. A conexão entre hanseníase e diabetes uma doença crônica que não tem cura e requer
não é bem conhecida, mas vários medicamen- tratamento e acompanhamento o resto da vida,
tos para HIV/AIDS podem desencadear dia- sabe-se que boa parte dos indivíduos diabéti-
betes (MACEDO et al., 2019). cos podem desenvolver doenças cardiovascu-
lares com o passar do tempo, pois o aumento
Diabetes Mellitus E As Doenças Cardio- da glicemia favorece a implantação de gordura
vasculares nos vasos, além disso, ocorre uma doença en-
Um total de 40% dos homens e 50% das dotelial, da parte interna dos vasos, favore-
mulheres, em caso de pacientes diabéticos tem cendo também o infarto e o AVC (Acidente
infarto, o diabetes é fator de risco para doenças Vascular Cerebral).
cardiovasculares, infartos, derrames, trombo- Sendo assim, é primordial que a pessoa
ses, doenças renais e doenças oculares. Desta dia- bética tenha o controle de glicemia,
forma, além de fazer exercícios físicos, é im- acompanhando diariamente sua situação de
portante que se regule o açúcar diário consu- glicemia e além disso que ele tenha uma vida
mido (SIQUEIRA et al., 2017). saudável, praticando exercícios físicos, bem
O diabete é o aumento da quantidade de como não tenha outros fatores de risco, como
açúcar no sangue, levando a danos sistêmicos hipertensão, ser fumante, ser sedentário, dentre
no corpo todo. Porém, é importante ressaltar outros (MACEDO et al., 2019).
que a glicemia alta fere as artérias, levando a Fassato et al. (2021), ressalta que o diabe-
formação de placas de gordura e entupimento tes é uma das doenças que mais mata no
das artérias (FASSATO et al., 2021). mundo, exigindo um cuidado especial, a do-
Uma pessoa que tem diabetes tem o dobro ença consiste no excesso de glicose no orga-
de risco de ter um infarto agudo do miocárdio. nismo fazendo com que as artérias do corpo
Um aumento dos níveis de glicose do sangue sejam corroídas, inclusive as do coração, in-
de forma descontrolada associado aos níveis flamando e facilitando o acúmulo de gordura
elevados de colesterol, pressão alta e hábitos
de vida não saudáveis como o sedentarismo
130 | P á g i n a
das artérias do coração, levando ao infarto e maior do que indivíduos sem diabetes. Além
também ao derrame. disso, acredita-se que os pacientes com DM2
Para Reis et al. (2021), além disso, o dia- tenham uma expectativa de vida menor de 4 a
betes também pode trazer complicações volta- 8 anos a menos do que aqueles sem a doença
das a doenças renais e facilitar certos tipos de (LIMA et al., 2015). Diferentes grupos étnicos
câncer. É preciso manter o controle rigoroso têm diferentes níveis de risco para doença co-
da glicose, utilizando métodos diversos como ronariana em pessoas com diabetes mellitus.
exames, atividade física e dieta. Há tanta variação que é necessário separar os
Diabetes mellitus tipo 2 (DM2) aumenta a pacientes em subgrupos com base em seu risco
chance de uma pessoa desenvolver doença cardiovascular, a fim de evitar tratar pacientes
cota o risco de insuficiência cardíaca, doença de maior risco ou tratar pacientes de menor
arterial periférica e doença microvascular, que risco muito pouco (MACEDO et al., 2019).
podem afetar drasticamente a qualidade de
vida e a expectativa de vida (SILVA, 2020). Categoria de risco
Em 1998, Haffner et al., conduziram um Pacientes diabéticos mais velhos, com fa-
estudo em uma coorte finlandesa de risco tores de risco tradicionais, marcadores de ate-
muito alto e revelaram que pacientes com rosclerose subclínica ou que tiveram eventos
DM2 têm risco semelhante de doença corona- cardiovasculares no passado precisam ser es-
riana que aqueles que já tiveram doença coro- tratificados de acordo com a diretriz brasileira
nariana, mas não têm diabetes. Essa opinião de 2017 para prevenção de doenças cardiovas-
foi consolidada pelo National Cholesterol culares. A diretriz recomenda que os pacientes
Education Program/ Adult Treatment Panel III sejam colocados em uma das quatro categorias
(NCEP/ATP-III) em 2001, porque sua classifi- (Tabela 2): risco baixo, intermediário, alto e
cação de risco cor- respondia à de pacientes muito alto. Cada categoria corresponde à taxa
que já tiveram doença coronariana. No en- de doença coronariana em 10 anos: < 10%,
tanto, estudos mais recentes mostraram que 20% a 20%, 30% a 30% e maior que 30%.
pacientes com DM2, na verdade, têm um risco
aumentado de mortalidade 1,5 a 3,6 vezes

Tabela 13.2 Definição das categorias de risco em pacientes com DM


Faixa etária
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Total
(anos)
0 a 29 0,6 0,7 0,7 0,5 1,7 1,1
30 a 39 2,6 3,3 2,8 2,5 2,8 2,8
40 a 49 10,2 12,4 8,4 8,4 14,8 9,7
50 a 59 46,4 41,7 28,3 30,0 31,9 33,3
60 e mais 255,6 263,4 150,9 181,7 188,0 90,1
Total 2,3 37,5 27,3 32,8 26,1 30,7
Fonte: SILVA et al., (2015).

Pessoas com mais de 48 anos em homens e clínica ou outros fatores de risco. Estavam na
56 em mulheres não têm marcadores de ate- categoria de risco baixo ou intermediário, pois
rosclerose subclínica, doença cardiovascular seu único fator de risco era a idade. Nesta ca-
131 | P á g i n a
tegoria, as pessoas experimentam 20% a 30% síveis, como cintilografia miocárdica ou eco-
de eventos cardiovasculares em 10 anos (MA- cardiografia de estresse, observou-se que 1 em
CEDO et al., 2019). Independentemente da cada 15 pessoas apresenta isquemia signifi-
idade, as pessoas que têm diabetes são consi- cava. As pessoas que apresentam isquemia
deradas de alto risco se algum dos fatores de silenciosa nesses testes correm um risco de
estratificação estiver presente. Se um paciente 4,7%-13,8% de eventos coronarianos anuais
tem diabetes, mas é assintomático, e os bio- na ausência de tratamento. Quanto maior a
marcadores mostram e- vidências de ateroscle- área isquêmica do ventrículo esquerdo, maior
rose subclínica, eles também são considerados será o risco (MACEDO et al., 2019).
de alto risco (LIMA et al., 2015). Pacientes diabéticos que apresentam isque-
Pacientes que têm diabetes mellitus, inde- mia miocárdica silenciosa ou doença coronari-
pendentemente da idade, têm risco muito alto ana subclínica têm prognóstico ruim, indepen-
(mais de 30% de chance de morrer em 10 dentemente do método de teste. Existem mui-
anos) se já tiveram doença aterosclerótica clí- tas maneiras de testar a isquemia miocárdica e
nica. Pacientes que tiveram um evento vascu- aterosclerose subclínica em pacientes diabéti-
lar, amputação de membro inferior que não foi cos. Esses métodos não apenas usam fatores de
devido a trauma, evidência de estenose muito risco tradicionais, mas também fornecem in-
grave (mais de 50%) em qualquer parte do formações que podem ajudar a determinar o
sistema vascular, ou que tiveram revasculari- nível de risco do paciente. Ainda há discussão
zação ou amputação por doença vascular, são se essas abordagens afetarão o atendimento e o
considerados de alto risco (SILVA, 2020). prognóstico de pacientes que não apresentam
sintomas de diabetes. Aqui estão algumas das
Avaliação do risco cardiovascular em técnicas que estão sendo consideradas
pacientes com diabetes mellitus tipo 2 (SILVA, 2020).
Pacientes com diabetes tipo 2 têm um risco Pacientes com diabetes mellitus tipo 2 têm
aumentado de morrer entre 1,5 e 3,6 vezes risco 2,5 maior de ter hipertensão arterial sis-
mais do que pessoas sem diabetes. Eles tam- têmica, e mais de 60% dos pacientes com HAS
bém têm maior risco de desenvolver doença têm diabetes. A nefropatia diabética está asso-
arterial periférica, insuficiência cardíaca, aci- ciada ao aparecimento de HAS em pacientes
dente vascular cerebral isquêmico e doença com diabetes tipo 1, e a gravidade da doença
microvascular, o que pode afetar a qualidade renal diabética afeta a prevalência de HAS nos
de vida. A mortalidade geral para pessoas com pacientes. Pacientes com doença renal leve
DM2 é 2 a 4 vezes maior do que as pessoas apresentam prevalência 4 vezes maior de HAS
que não têm diabetes. Os principais fatores que do que pacientes sem doença renal, e a pre-
aumentam o risco cardiovascular são a idade sença de proteína na urina em pacientes com
do paciente, história de eventos cardiovascula- doença renal diabética avançada aumenta a
res prévios e métodos diagnósticos que podem prevalência para 85%. Sete mortes em cada
evidenciar aterosclerose subclínica (LIMA et 100 são causadas por problemas cardiovascu-
al., 2015). lares (LIMA et al., 2015).
Aproximadamente 1 em cada 5 pessoas Pacientes diabéticos que tiveram hemorra-
com diabetes tem doença arterial coronariana gia subaracnóidea se beneficiam do trata-
sem quaisquer sintomas. Em exames mais sen-
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mento, pois pode diminuir os riscos de resulta- placas de gordura nas artérias) e doenças car-
dos macro e microvasculares. No UK Pros- díacas. Os lipídios do sangue (triglicerídeos e
pective Diabetes Study (UKPDS), os pacientes colesterol) também podem aumentar. No en-
que tiveram sua pressão arterial controlada tanto, é difícil entender como a doença leva a
abaixo de 150x85 mmHg tiveram um risco 32 essas complicações.
menor de morrer de causas relacionadas ao Placas gordurosas chamadas ateroscleroses
diabetes e um risco 44 menor de ter um aci- se desenvolvem como resultado da disfunção
dente vascular cerebral (MACEDO et al., endotelial. Muitos fatores relacionados ao dia-
2019). betes aumentam o risco de ataque cardíaco ou
Além disso, 37% dos pacientes tratados derrame, pois as paredes das artérias desen-
por hemorragia subaracnóidea apresentaram volvem mais células do que podem proteger.
complicações microvasculares, como etinopa- A diabetes afeta todo o corpo, incluindo o
tia diabética. Uma análise post-hoc de um es- cérebro, rins, artérias e coração. Estudos mos-
tudo que se concentrou no tratamento de paci- traram que o diabetes pode causar doença re-
entes com HAS demonstrou que pacientes com nal e aumento da incidência de ataques cardía-
diabetes que tiveram sua pressão arterial redu- cos. Gerenciar peso, dieta e exercícios são
zida abaixo de 140x90 mmHg eram menos componentes-chave para manter os níveis de
propensos a morrer, desenvolver uma parada açúcar no sangue em uma faixa saudável,
cardíaca imediata ou ter um acidente vascular mesmo para pessoas com diabetes.
cerebral, em comparação com pacientes cuja As partículas de gordura são tóxicas para
pressão arterial não foi rebaixada (SILVA, as paredes das artérias quando são alteradas
2020). quimicamente como parte do metabolismo do
diabético. As células das paredes arteriais ab-
CONCLUSÃO sorvem essas partículas de gordura modifica-
O diabetes pode levar a uma pressão arte- das, que eventualmente as matam e fazem com
rial mais alta e retenção de sódio, o que pode que desenvolvam maiores depósitos de gor-
aumentar o risco de doenças cardiovasculares dura - placas ateroscleróticas.
através da aterosclerose (o desenvolvimento de

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