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XVI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS

DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ

Atuação do Enfermeiro ao portador de Pé diabético.

Anderson Quinto Ferreira


Discente do Curso de Bacharelado Enfermagem
Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP Campus Guarujá
Orientando do Estudo
andersonquinto2006@hotmail.com

Sabrina dos Santos Ferreira


Discente do Curso de Bacharelado Enfermagem
Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP Campus Guarujá
Orientanda do Estudo
sabrinalili@hotmail.com

Luciane Ferreira do Val


Pós-doutora e Doutora em Ciências pela
Universidade de São Paulo (USP), Escola de Enfermagem (EE).
Coordenadora e docente no Curso de Bacharelado em
Enfermagem na UNAERP - Campus Guarujá
Orientadora do Estudo
lucianefdoval@gmail.com

Este simpósio tem o apoio da Fundação Fernando Eduardo Lee.

Linha de pesquisa: Enfermagem – Boas práticas de enfermagem: na Atenção


Básica, Secundária, Terciária e Quaternária à Saúde.

Apresentação: PÔSTER.

Resumo
O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença crônica e entre as principais
complicações diabéticas está o Pé diabético que assume um grande impacto
na vida do paciente. O objetivo desse estudo foi analisar a produção científica
sobre prevenção do pé diabético pelo profissional de Enfermagem. Assim, foi
realizada uma Revisão Integrativa da Literatura com pesquisa na base de
dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) com os Descritores (Decs): Pé
diabético and Enfermagem and prevenção and controle, no período de 2015 a
2019. Os resultados reforçam da importância do Enfermeiro capacitado para
atuar junto aos pacientes com Pé diabético, estimulando os portadores a
desenvolverem uma postura proativa em relação ao seu autocuidado e mais
ações educativas. Assim, recomendam-se outros estudos que abordem essa
temática, visando uma assistência integral e qualificada as necessidades e
demandas do paciente com Pé diabético na perspectiva da promoção,
recuperação e manutenção da saúde.
Palavras-chave: Pé diabético; Enfermagem; Prevenção.

1
Abstract
Diabetes Mellitus (DM) is a chronic disease and among the main diabetic
complications is the diabetic foot that has a great impact on the patient's life.
The aim of this study was to analyze the scientific production on diabetic foot
prevention by the nursing professional. It was, an Integrative Literature Review
who was conducted with a search in the Virtual Health Library (VHL) database
with the Descriptors (Decs): Diabetic Foot and Nursing and prevention and
control, from 2015 to 2019. The results reinforce the importance of the nurse
trained to work with patients with diabetic foot, encouraging patients to develop
a proactive posture in relation to their self-care and more educational actions.
That way, other studies addressing this theme are recommended, aiming at a
comprehensive and qualified assistance to the needs and demands of patients
with diabetic foot in the perspective of health promotion, recovery and
maintenance.
Keywords: Diabetic foot; Nursing; Prevention.
1. Introdução

O Diabetes Mellitus (DM) caracteriza-se como uma doença crônica, no


qual o corpo não produz insulina ou não consegue utilizar adequadamente a
insulina que produz. Estima-se que a população mundial com diabetes seja de
382 milhões de pessoas, devendo atingir 471 milhões no ano de 2035, sendo
um dos principais problemas de saúde pública. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
DIABETES, 2015).
A diretriz de 2018 da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) enfatiza o
risco de esse número ultrapassar a 642 milhões até o ano de 2040, caso as
tendências atuais persistam. Já no Brasil, o número de pessoas que convivem
com Diabetes é de 14,3 milhões, assumindo assim a 4ª posição entre os 10
países com maiores incidências da doença. A projeção de aumento desse
número para 2040 é de 23,3 milhões de pessoas com Diabetes no Brasil.
Conforme a SBD, o DM pode ser classificado em alguns tipos sendo eles:
Tipo 1 – o próprio sistema imunológico ataca a célula beta, acarretando pouca
ou nenhuma liberação da insulina para o corpo. Nesse tipo de diabetes, a
prevalência é de 5 a 10% total de pessoas com a doença. O Tipo 2 - termo
utilizado quando o organismo não usa adequadamente a insulina que produz,
ou não consegue produzir o suficiente para controle da taxa de glicemia. Nesse
tipo concentra-se cerca de 90% das pessoas. Há outros tipos de DM, entre eles
temos o LADA (Diabetes Latente Autoimune do Adulto) e o gestacional.
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2018).
Os fatores de riscos para DM estão relacionados com a influência
genética, no caso do tipo 1 e tipo 2 temos como principais fatores o diagnóstico
de pré-diabetes, hipertensão arterial sistêmica (HAS), hipercolesterolemia ou
alterações na taxa de triglicérides no sangue, sobrepeso, obesidade,
hereditariedade, doença renal crônica, síndrome de ovários policísticos,
diabetes gestacional, apnéia do sono, alguns distúrbios psiquiátricos, como
esquizofrenia, depressão, transtorno bipolar e uso de glicocorticóides
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2015).
O Ministério da Saúde (MS) em 2013, elenca que as principais
complicações do diabetes podem ser classificadas em agudas e crônicas. As
complicações agudas são: hipoglicemia, cetoacidose diabética e coma; e as

2
crônicas como a retinopatia, a nefropatia, e a neuropatia diabéticas. (BRASIL
2013)
Os fatores relacionados ao Pé diabético são: úlcera e amputação prévia,
neuropatia (sensitivo-motora), trauma nos pés (principalmente relacionado com
o uso inadequado de calçados), biomecânica (deformidades nos pés e
limitação da mobilidade articular), doença vascular periférica e condição
socioeconômica: ou seja, pessoas que vivem só, sem vínculos afetivos sejam
de amigos, parentes, ou até mesmo a falta de relações sociais e religiosas,
sem acesso à educação, e de baixa condição econômica. (CONSENSO
INTERNACIONAL SOBRE PÉ DIABÉTICO, 2011).
Dentre as principais complicações diabéticas classificadas como crônicas
são: úlceras de pés (Pé diabético) e a amputação de extremidades, que são as
mais graves e de maior impacto social, onde cerca de 40 a 60% das
amputações não traumáticas dos membros inferiores são realizadas em
pacientes com diabetes. (BRASIL,2006)
Já 85% das amputações dos membros inferiores relacionadas ao diabetes
são precedidas do Pé diabético, pois a incidência dessa doença é de 4 a 10%
da população com DM (CONSENSO INTERNACIONAL SOBRE PÉ
DIABÉTICO, 2011)
Além disso, este tema faz parte da Agência Nacional de Prioridades de
Pesquisa em Saúde (ANPPS), na sub agenda 5 que trata das Doenças não-
transmissíveis; Diabetes Mellitus, Hipertensão arterial e Obesidade
Morbimortalidade, custo socioeconômico, adesão ao tratamento, evolução da
doença e complicações (BRASIL, 2015)
Diante do exposto, é possível observar que lesões como Pé diabético
assumem um grande impacto na vida do paciente e no âmbito de saúde
relacionado com os gastos diante da assistência prestada. Logo, é de
fundamental importância a atuação do Enfermeiro na orientação e prevenção
de tal complicação, viabilizando uma melhor qualidade de vida ao indivíduo que
convive com a DM.

2. Objetivos

Analisar produção científica sobre prevenção do Pé diabético pelo


profissional de Enfermagem.

3. Materiais e Métodos

Esse estudo foi realizado através de uma Revisão Integrativa da


Literatura, utilizando pesquisas relevantes ao tema que dão suporte para a
tomada de decisão e a melhoria da prática clínica, bem como, favorecer a
síntese do conhecimento de um determinado assunto (POLIT BECK, 2006).
Para construção dessa revisão integrativa, foi instituída a seguinte
questão norteadora: Qual a produção científica sobre a prevenção do Pé
diabético pela Enfermagem?
Desse modo, esta revisão foi constituída em 5 etapas, com o seguinte
desenho metodológico: 1) identificação do tema e seleção da hipótese ou
questão de pesquisa; 2) triagem para exclusão de estudos e estabelecimento
de critérios para inclusão; 3) elegibilidade para definição das informações a

3
serem extraídas dos estudos selecionados /categorização temática; 4) analise
da avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa, interpretação dos
resultados e 5) síntese do conhecimento. (POLIT BECK, 2006).
A busca bibliográfica foi realizada por meio de pesquisas nas bases de
dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) conforme os descritores (DECs).
Foram estabelecidos como critérios de inclusão somente artigos científicos
completos, com acesso livre, no idioma português e no período de 2015 a
2019. Destes foram analisados na íntegra excluindo as repetições, teses,
dissertações e revisões integrativas, 9 estudos, conforme os descritores
(DECs), Quadro 1.

Quadro 1 - Apresentação da busca usando descritores e cruzamentos


segundo filtros, artigos visualizados e selecionados. Guarujá, 2019.

Base de Dados Cruzamento dos descritores com


operador booleano and
Base de Dados em Enfermagem Pé diabético and Enfermagem and
(BDENF) prevenção and controle
LILACS
Publicações identificadas por meio da pesquisa em BVS
Identificação segundo DECs
(n= 206)
Total de exclusão de estudos (n=193) uso de critérios de
Triagem inclusão e síntese
estabelecimento de critérios para inclusão(n=13)
BDENF (n=6) LILACS (n=7)
Elegibilidade
Não atenderam ao objetivo (n=4)
Análise e interpretação
Síntese Publicações selecionadas (n=9)
Fonte: autores do estudo. Fim do quadro

4. Resultados e Discussão

Entre os 9 artigos selecionados, obteve-se os seguintes períodos: 1 artigo


em 2014, 1 em 2016, 4 em 2017, 2 em 2018 e 1 em 2019. No entanto, é
importante salientar, que embora o período da pesquisa tenha ocorrido entre
2014 a 2019, o ano de 2015 não consta na amostra inicial desse trabalho,
devido à ausência de trabalho publicado no ano descrito e com a temática
abordada.

Quadro 2 -Pesquisas selecionadas segundo título, autores, ano de publicação,


tipo de pesquisa, título do periódico e nível de atenção à saúde. 2019.

N° Título Autor (es) / Ano / Tipo de Nível de

4
Título do periódico pesquisa atenção à
saúde
Caracterização e ANDRADE. L. L. et al. Descritivo, Terciário
tratamento de 2019 quantitativa
I úlceras do pé Revista Online de
diabético em um Pesquisa
ambulatório
Ressignificação do GOMES, D. M. et al. Relato de Terciário
cuidado de uma 2018 experiência
II pessoa com Revista de
diabetes e pé Enfermagem do
diabético: relato de Centro-Oeste Mineiro
experiência
Riscos associados à SCAIN, S. F.; Estudo Primário
mortalidade em FRANZENA, E.; longitudinal
III pacientes atendidos HIRAKATA, V. N. retrospectivo
em um programa de 2018
prevenção do pé Revista Gaúcha de
diabético Enfermagem
Visita domiciliar DIAS. J. J.; Estudo Primário
como ferramenta de SANTOS. F. L. L. S. M.; qualitativo,
IV promoção da saúde OLIVEIRA. F. K. F. descritivo,
do pé diabético 2017 tipo relato de
amputado Revista de Enfermagem experiência.
Ações do enfermeiro PEREIRA. L. F. et abordagem Primário
na prevenção do pé al2017 qualitativa,
V diabético: o olhar da Revista Online de exploratória
pessoa com Pesquisa e descritiva,
diabetes mellitus
Alterações nos pés SILVA. J. S.; Abordagem Terciário
do idoso SANTO. F. H. E.; quantitativa,
VI hospitalizado: um CHIBANTE. C. L. P. exploratória-
olhar cuidadoso da 2017 descritiva.
enfermagem Escola Anna Nery
Condutas dos VARGAS. C. P.et al2017 Estudo Primário
enfermeiros da Revista de Enfermagem qualitativo,
VII atenção primária no exploratório
cuidado a pessoas e descritivo,
com pé diabético
Oxigenoterapia ANDRADE. S. M.; Estudo Terciário
hiperbárica para SANTOS. I. C. R. V. transversal,
tratamento de 2016 realizado em
feridas Revista Gaúcha de um Centro
VIII Enfermagem Hiperbárico
localizado
na cidade de
Salvador,
Bahia.
Educação em COUTO. T A. et al Descritivo, Primário
saúde, prevenção e 2014 tipo relato de
IX cuidado ao pé Revista Baiana de experiência
diabético: um relato Saúde Pública
de experiência
Fonte: autores do estudo. Fim do quadro

5
Dos 9 artigos selecionados, foi possível analisar os estudos por meio dos
seus objetivos e resultados. O Pé diabético compreende uma gama de
processos fisiopatológicos variando desde infecção ao aparecimento de
úlceras. Diante disso, o cuidado com os pés de pessoas com DM envolve
medidas que exigem colaboração e responsabilidade do paciente e dos
profissionais de saúde. A avaliação das lesões para escolha de um tratamento
eficaz reduz a gravidade de complicações, como amputações e
comprometimento da qualidade de vida dos pacientes (ANDRADE et al., 2019),
Quadro 3.
A atividade de educação em saúde como uma forma de prevenção e a
assistência aos pacientes que vivem com feridas deve ser prestada de maneira
integral, sendo uma especialidade dentro da Enfermagem, sendo respaldados
legalmente na prestação deste cuidado, regulamentado pelo COFEN
(Conselho Federal de Enfermagem) por meio da RESOLUÇÃO COFEN Nº
567/2018 (COFEN, 2018).

Quadro 3 -Pesquisas selecionadas, segundo objetivos dos estudos e


resultados. 2019
Nº OBJETIVOS RESULTADOS
Caracterizar as úlceras do pé A faixa etária dos indivíduos variou de 38 a
diabético de pacientes 84 anos. Verificou-se que 40 (71,4%) tinham
atendidos em um ambulatório histórico familiar de diabetes. Quanto à
e investigar qual o tratamento classificação da ferida, 27 (34,6%)
I dispensado a estas lesões. apresentavam a lesão na fáscia plantar e 20
(35,7%) apresentavam esfacelo no leito da
ferida. Em relação ao tratamento, em 45
(80,3%) das lesões foi utilizado ácidos graxos
essenciais.
relatar a experiência de constatou-se melhor controle dos níveis
integrantes de um projeto de glicêmicos, mudanças em relação aos
extensão no acompanhamento hábitos alimentares com perda ponderal
II
longitudinal à pessoa com significativa, processo cicatricial das lesões,
Diabetes Mellitus. domínio e habilidade na aplicação de insulina
e mais cooperativo.
Identificar em pacientes com Em 10 anos, a mortalidade cumulativa
diabetes tipo 2 quais atribuída a polineuropatia sensitiva periférica
alterações nos pés estariam foi 44,7%, pela doença vascular periférica
associadas às características 71,7%, pela associação das duas condições
III demográficas, clínicas, 62,4% e pela amputação 67,6%. Após
bioquímicas e de tratamento e análise multivariável, o tempo de
quais delas aumentariam o acompanhamento com enfermeiros
risco de mortalidade. permaneceu como único fator de proteção
para a mortalidade (p < 0,001).
Descrever a experiência da A visita domiciliar realizada diariamente, de
visita domiciliar diária para a segunda a sexta-feira, contribuiu para a
troca de curativo em redução da ferida traumática sob o uso de
IV amputação de quatro papaína a 5% em um período de dois meses,
pododáctilos decorrente de além do estabelecimento de vínculo e
complicações de pé diabético, fortalecimento das informações em educação
indicando êxitos e limitações. em saúde.
Investigar as ações realizadas As ações efetivas para a prevenção do pé
V
pelo enfermeiro na prevenção diabético aparecem muito perifericamente no

6
do pé diabético na perspectiva conjunto dos dados, e que grande parte se
da pessoa com DM. limitam as ações de educação em saúde e
não ao exame dos pés.
Caracterizar o perfil podológico Identificou-se que 32 (80%) idosos tinham
de idosos hospitalizados nas pele ressecada, 30 (75%) sensibilidade
enfermarias de um hospital diminuída, presença de calosidade em 27
universitário; identificar as (67,5%), câimbras em 22 (55%) e Hálux
demandas de cuidados com os Valgus em 20 (50%).
VI
pés de pacientes idosos
hospitalizados; e analisar as
possibilidades de atuação do
enfermeiro junto a esses
idosos.
conhecer as ações do Evidenciaram que o conhecimento dos
enfermeiro da atenção enfermeiros sobre os cuidados com a pessoa
primária no cuidado das com DM é parcial, superficial e fragmentado,
pessoas com Diabetes Mellitus não possibilitando ações adequadas ao
VII
(DM) referente ao pé diabético. cuidado, especialmente, na detecção dos
riscos para o desenvolvimento do pé
diabético e para realizar a avaliação do
exame dos pés.
Descrever os tipos mais As feridas mais frequentemente encontradas
frequentes de feridas com como indicação para terapia por oxigênio
indicação para terapia por hiperbárico foram: úlcera venosa, lesão
oxigênio hiperbárico e os traumática e pé diabético. Os pacientes com
VIII resultados obtidos feridas crônicas realizaram um menor
número de sessões (61,1%) e tiveram suas
feridas cicatrizadas ou reduzidas (62,0%)
quando comparados com aqueles com
feridas agudas.
O objetivo deste estudo é Entre os resultados das atividades estão a
relatar a experiência melhoria da qualidade das orientações sobre
vivenciada na realização de o cuidado com os pés, oferecidas pelas
ações educativas sobre o técnicas de enfermagem durante a realização
IX
cuidado com o pé diabético em dos curativos; e a adesão de usuários ao
uma Unidade Básica de Saúde tratamento após serem sensibilizados da
em um município de pequeno importância do acompanhamento na unidade
porte no interior da Bahia. de saúde.
Fonte: autores do estudo. Fim do quadro

Estima-se que 15% da população com DM desenvolvem o Pé diabético, e


cerca de 50% desses casos podem ser prevenidos por meio de ações
continuadas de educação em saúde às pessoas com DM e seus familiares.
Uma das finalidades do trabalho do Enfermeiro na atenção primária é a
educação em saúde deste público alvo e os cuidados com o Pé diabético. O
Enfermeiro deve incentivar uma postura proativa destas pessoas em relação ao
seu autocuidado em todas as fases do processo educacional, dominando o
conhecimento e desenvolvendo habilidades que o preparem para o
autocuidado e assumam responsabilidade do papel terapêutico, mas para tal o
Enfermeiro deve possuir conhecimento técnico cientifico aprofundado no
assunto. (VARGAS et al., 2017).
Segundo Silva, Santo e Chibante (2017), o envelhecimento populacional
no Brasil representa cada vez mais desafios na área social e econômica, pois

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doenças crônicas têm grande relação com complicações nos pés e, como DM
afeta 19,9% da população entre 65 a 74 anos de idade, e por consequência as
alterações podais podem interferir na execução das Atividades de Vida Diária,
contribuindo para o desenvolvimento de incapacidades no indivíduo idoso e
afetando significativamente, a qualidade de vida da população idosa.
De fato, a educação em saúde é um dos pilares do processo de cuidado,
tendo a finalidade de sensibilizar, motivar e mudar os hábitos das pessoas,
para então reduzir as complicações, proporcionar uma melhor qualidade de
vida, valorizando e respeitando suas limitações e a envolvendo como sujeitos
nas ações de autocuidado. Ao priorizar as ações de cuidado e de educação em
saúde é possível reduzir os agravos gerados pelo adoecimento e demonstrar a
capacidade para autonomia em direção ao autocuidado (GOMES et al., 2018).
Através da Atenção Primária à Saúde (APS) e a Estratégia Saúde da
Família (ESF), como o primeiro nível de atenção e modelo de mudança na
prática das ações assistenciais dos profissionais de saúde ocorre a prevenção
de doenças e agravos. Uma das principais atividades da APS é a visita
domiciliar, pois promove a saúde individual e coletiva, além de permitir
conhecer a realidade do cliente e da família, fortalece vínculos e atua também
com a promoção da saúde. A visita domiciliar abrange inúmeros objetivos,
desde prestar assistência ao paciente no domicílio, identificar fatores de risco e
verificar a rede de apoio familiar existente. A assistência domiciliar a um
paciente com Pé diabético implica atenção integral a todos os fatores que
influenciam na recuperação da complicação em questão (DIAS; SANTOS;
OLIVEIRA, 2017).
Sendo assim, as consequências provenientes do Pé diabético são
diversas, entre elas estão internações prolongadas, os afastamentos das
atividades laborais e as aposentadorias precoces, além de afetar a
autoimagem, a autoestima, a capacidade física, podendo ocorrer isolamento
social e depressão. Torna-se imprescindível que o Enfermeiro, tenha um olhar
cada vez mais amplo e diferenciado para atender todas às necessidades dos
que são acometidos por esta doença. (PEREIRA et al., 2017)
Ressalta-se que o Pé diabético é o evento final das complicações crônicas
do DM, onde a ulceração nos pés em combinação com a doença aumenta o
risco de amputações, no mundo ocorrem duas amputações a cada minuto
indicando que este grupo de pacientes são social e economicamente mais
frágeis e muitos deles têm uma expectativa de vida menor. Pacientes com
úlceras tem um risco excessivo por todas as causas de mortalidade quando
comparado aos pacientes com DM sem história de úlceras. Os cuidados de
saúde devem ser entendidos num contexto mais amplo de determinantes
sociais, como a acessibilidade ao tratamento, que inclui a educação, em
pacientes com condições que exigem autocuidado (SCAIN; FRANZEN;
HIRAKATA, 2018).
Dentre esses cuidados a Oxigenoterapia Hiperbárica (OHB)
regulamentada no Brasil pelo conselho de Medicina, com a resolução 1.457/95
como modalidade terapêutica é utilizada no tratamento de úlceras do Pé
diabético. Em 2003 a sociedade Brasileira de Medicina Hiperbárica (SBMH),
com base nas diretrizes de segurança e qualidade, normatizou que os serviços
que possuíssem câmeras hiperbáricas deveriam operá-las com técnicos de
Enfermagem e em 2008, o Enfermeiro passou a integrar o quadro de

8
profissionais (ANDRADE; SANTOS, 2016).
Porém, o tratamento de feridas é um desafio para o Enfermeiro, pois
mesmo com os devidos cuidados as feridas apresentam dificuldade para
cicatrizar. As úlceras do Pé diabético têm sido o foco da maioria das pesquisas
em medicina hiperbárica, já que a etiologia destas feridas é multifatorial e a
OHB pode resolver muitos destes fatores. Nestas feridas essa terapia é usada
em conjunto com outras técnicas de cuidado, incluindo: desbridamento,
curativos, estratégias de alívio de pressão, controle glicêmico adequado,
nutrição e antibioticoterapia (ANDRADE; SANTOS, 2016).
Reforça-se que as pessoas com DM precisam ser apoiadas e instruídas
para realizar mudanças necessárias em seu estilo de vida. Devem receber
informações relacionadas a doença, tratamento e complicações, conhecer a
importância de aderir às orientações referentes ao uso de medicação
adequada, assim como uma dieta específica e estimular a prática de atividade
física regular e manter higiene dos pés (COUTO et al., 2014).

5. Considerações Finais

Com esse estudo foi possível analisar a produção científica sobre


prevenção do Pé diabético pelo profissional de Enfermagem. Destaca-se que o
tratamento de feridas ainda é um desafio para o Enfermeiro, devido à difícil
cicatrização e as consequências provenientes da doença.
Ressalta-se a relevância de um profissional de enfermagem capacitado
para orientar cuidados com os pés aos pacientes diabéticos, da necessidade
de ações de promoção da saúde voltadas para esse público. Ações educativas
com orientações que alcancem o entendimento desse grupo podem ser
efetivas. Assim, recomendam-se outros estudos que abordem essa temática,
visando uma assistência integral e qualificada as necessidades e demandas de
pessoas com Pé diabético na perspectiva da promoção, recuperação e
manutenção da saúde.

6. Referências

ANDRADE, Lidiane Lima de et al. Caracterização e tratamento de úlceras


do pé diabético em um ambulatório. Revista Online de Pesquisa:
cuidado é fundamental, [s.l.], p.124-128, 2019. Disponível em:
<https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-968499>. Acesso
em: 18 ago. 2019.

ANDRADE, Sabrina Meireles de; SANTOS, Isabel Cristina Ramos Vieira.


Oxigenoterapia hiperbárica para tratamento de feridas. Revista Gaúcha
de Enfermagem, [s.l.], v. 37, n. 2, p.1-7, 2016. FapUNIFESP (SciELO).
Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-
14472016000200418&lng=pt&tlng=pt>. Acesso em: 18 ago. 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.


Departamento de Atenção Básica. Diabetes Mellitus / Ministério da
Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção

9
Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 64 p. il. – (Cadernos de
Atenção Básica, n. 16) (Série A. Normas e Manuais Técnicos).

BRASIL Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.


Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da
pessoa com doença crônica: diabetes mellitus / Ministério da Saúde,
Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. –
Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 160 p.: il. (Cadernos de Atenção
Básica, n. 36).

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e


Insumos Estratégicos. Departamento de Ciência e Tecnologia. Agenda
nacional de prioridades de pesquisa em saúde. Ministério da Saúde,
Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento
de Ciência e Tecnologia. 2. ed., 4. reimpr. Brasília: Editora do Ministério
da Saúde, 2015. 68 p. Disponível em: http://brasil.evipnet.org/wp-
content/uploads/2017/07/ANPPS.pdf. Acesso em: 29 de abril de 2019

COFEN. SILVA, Manoel Carlos N. da; SAMPAIO, Maria R. F. B..


RESOLUÇÃO COFEN Nº 567/2018. 2018. Disponível em:
<http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofenno-567-2018_60340.html>.
Acesso em: 17 set. 2019.

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Diabético/ publicado sob a direção de Hermelinda Cordeiro Pedrosa;
tradução de Ana Claudia de Andrade, Hermelinda Cordeiro Pedrosa
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