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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE SAÚDE DE NOVA FRIBURGO

CURSO DE ODONTOLOGIA

FLÁVIA DA COSTA ROSA

AVALIAÇÃO DE CRIANÇAS DESNUTRIDAS ASSOCIADAS AO

CRESCIMENTO DOS ARCOS DENTÁRIOS

Nova Friburgo

2019
FLÁVIA DA COSTA ROSA

AVALIAÇÃO DE CRIANÇAS DESNUTRIDAS ASSOCIADAS AO

CRESCIMENTO DOS ARCOS DENTÁRIOS

Dissertação apresentada ao programa de Pós-


graduação em Odontologia da UFF/ Nova
Friburgo, como parte dos requisitos exigidos
para a obtenção do título de Mestre em
Odontologia, na Área de concentração em
Clínica Odontológica.

Orientador: Profª Drª Fernanda Volpe de Abreu

Nova Friburgo

2019

II
FICHA CATALOGRÁFICA

(EM ANDAMENTO)

III
FLÁVIA DA COSTA ROSA

AVALIAÇÃO DE CRIANÇAS DESNUTRIDAS ASSOCIADAS AO

CRESCIMENTO DOS ARCOS DENTÁRIOS

Dissertação apresentada ao programa de


Pós-graduação em Odontologia da UFF/ Nova
Friburgo, como parte dos requisitos exigidos
para a obtenção do título de Mestre em
Odontologia, na Área de concentração em
Clínica Odontológica.

Aprovado em: _______/______/_______

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________

Prof(a). Dr(a) Fernanda Volpe de Abreu

______________________________________________________

Prof(a) Dr(a)

______________________________________________________

Prof(a). Dr(a)

NOVA FRIBURGO

2019

IV
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus filhos, Daniel, Gustavo e Isabela, por todo

amor, paciência . Ao meu esposo, Daniel, e aos meus pais por seu apoio

incondicional. Sem vocês eu não teria chegado até aqui.

V
AGRADECIMENTOS

( EM ANDAMENTO )

Primeiramente a Deus, por ter me dado força, sabedoria e guiado meus passos para que
pudesse chegar ao fim desta etapa, trajetória esta, que me levará a realização de mais
um sonho.

VI
EPÍGRAFE

‘’Sonhos determinam o que você quer. Ação determina o que você conquista.’’

Aldo Novak

VII
RESUMO

Somente a alta crescente do nível de saúde aumenta os índices econômicos, por isto
ressalta-se a importância da defesa da saúde como um dos caminhos para o fim das
desigualdades sociais. Segundo a OMS, 1999, impõe-se de ora em diante o desafio de
colocar os avanços da ciência a serviço de todos ou da maioria. Muitos relatos na
literatura mostram que a desnutrição infantil ainda é uma das principais causas de
mortalidade de crianças. Além disto, existem vários estudos que mostram uma forte
associação entre desnutrição na infância e o crescimento maxilo-facial das crianças
afetadas. Este estudo tem por principal objetivo buscar a melhoria da qualidade de vida
de crianças desnutridas, através da avaliação do crescimento maxilo-facial, comparadas
com crianças normais. Foram avaliadas através do exame antropométrico 405 crianças
com faixa etária de 4 à 12 anos de ambos os gêneros, para detecção de desnutridos e
eutróficos (normais). Após a aplicação dos critérios de inclusão, 51 crianças foram
selecionadas e moldadas as arcadas superior e inferior para análise das medidas através
de um software de scanner. As variáveis usadas foram classe econômica e estado
nutricional; hábitos bucais (amamentação, mamadeira, sucção de chupeta, sucção do
polegar e outros hábitos); largura anterior e posterior do arco maxilar e mandibular;
comprimento anterior e posterior do arco maxilar e mandibular. Os resultados obtidos
através do teste Kruskal-Wallis H não encontraram diferenças estatísticas significantes
entre as variáveis estudadas( P>0.05). Foi observado uma tendência das crianças com
déficit de estatura para idade terem a arcada superior menor que as crianças normais.

Palavras-chave: Desnutrição; Criança; Arco dentário

VIII
ABSTRACT

(EM ANDAMENTO)

Keywords: Malnutrition; Children; Arch dental

IX
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

(EM ANDAMENTO)

X
LISTA DE TABELAS

(EM ANDAMENTO)

XI
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

( EM ANDAMENTO)

XII
LISTA DE SÍMBOLOS

( EM ANDAMENTO)

XIII
1

Sumário
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 2
OBJETIVOS ..................................................................................................................................... 4
Objetivo geral ............................................................................................................................ 4
Objetivos específicos ................................................................................................................. 4
ARTIGO .......................................................................................................................................... 6
RESUMO ........................................................................................................................................ 8
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 9
MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................................... 11
RESULTADOS ............................................................................................................................... 15
DISCUSSÃO .................................................................................................................................. 20
CONCLUSÃO ................................................................................................................................ 22
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 23
CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................................. 25
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 26
ANEXOS ....................................................................................................................................... 27
2

INTRODUÇÃO

A Organização Mundial de Saúde caracteriza a nutrição como sendo: “A ciência


que estuda os alimentos e a sua relação com a saúde geral do indivíduo” (SHEETAL et
al., 2013).A nutrição e o crescimento estão intimamente associados, uma vez que as
crianças não atingem seu potencial genético para o crescimento, se suas necessidades
nutricionais básicas não forem satisfeitas, levando a déficits estaturais para a idade.
(SICHIERI et al.,2000).

A desnutrição pode ser definida como um estado em que existe deficiência ou


excesso energético-proteico, comprometendo as funções do organismo. Em termos
gerais, a desnutrição não inclui apenas a perda energético-proteica, mas também o
excesso de peso, podendo um indivíduo ser caracterizado como obeso, e ser desnutrido
(SAUNDERS & SMITH, 2010). A desnutrição na infância é diagnosticada a partir do
retardo do crescimento infantil, e é um dos maiores problemas de saúde enfrentados por
países em desenvolvimento (BLACK et al., 2008). Estima-se que 159 milhões de
crianças pré-escolares tenham sofrido raquitismo enquanto 41 milhões de crianças pré-
escolares se tornaram obesos em 2014, segundo o International Food Policy Research
Institute,2016.

As medidas antropométricas vêm sendo utilizadas desde o século XVIII como


um instrumento de avaliação em saúde, mas foi há menos de 40 anos que foram
padronizadas para a avaliação do estado nutricional de indivíduos e populações.
(FERNANDES et al., 2006). De acordo com a Classificação da OMS de condições
nutricionais baseadas em antropometria em crianças com mais de 5 anos e adolescentes
a desnutrição inclui a magreza (baixo Índice de Massa Corporal por Idade) baixa
estatura (baixa estatura para idade), baixo peso (baixo peso para idade).( DE ONIS
,2015).
3

Acredita-se que a desnutrição tenha um impacto negativo maior no


desenvolvimento esquelético do que nos dentes em crescimento. Este achado foi
observado em um estudo de 71 crianças adotadas desfavorecidas, a maioria com menos
de 4 anos, medido na chegada e um ano depois . (MELSEN et al.,1986).

A maloclusão é considerada um problema relacionado ao crescimento e


desenvolvimento de ossos maxilares ou mandibulares durante a infância e adolescência
(LUIZ et al.,2005). É causada por uma interação de fatores ambientais, congênitos,
morfológicos e biomecânicos (EMERICH et al.,2004). Esse tipo de anomalia pode ter
efeitos funcionais, estéticos ou psicossociais, com impacto negativo na vida diária dos
indivíduos afetados. (MICHEL-CROSATO et al.,2005).A maloclusão pode ser
considerada um problema de saúde pública, dada a alta prevalência e as possibilidades
de prevenção e tratamento (PERES et al.,2002).

Sabendo que a deficiência nutricional na infância pode gerar impactos


negativos na cavidade bucal, essa pesquisa irá possibilitar um levantamento percentual
de crianças desnutridas matriculadas nas escolas municipais da cidade de Bom Jardim-
RJ, podendo assim servir de base para as prefeituras criarem programas que possam
melhorar essa situação e até mesmo preveni-la, e consequentemente analisar seus efeitos
no desenvolvimento ósseo das arcadas dentárias.
4

OBJETIVOS

Objetivo geral

Avaliar o crescimento maxilo-facial de crianças desnutridas, comparando com

crianças eutróficas.

Objetivos específicos

a) Avaliar, através da antropometria ,o estado nutricional das crianças avaliadas ;

b) Mensurar através do scaneamento dos modelos das arcadas dentárias, se há


discrepância maxilo-mandibular entre crianças com déficit de estatura para idade

e crianças eutróficas ;

c) Avaliar a influência dos aspectos sócio econômicos no estado nutricional das

crianças;

d) Verificar a influência dos hábitos nutritivos e nocivos no desenvolvimento das

arcadas dentárias das crianças estudadas.


5
6

ARTIGO

Os resultados serão apresentados sob a forma de artigo científico que será

submetido ao periódico Brazilian Oral Research. As normas para submissão no

periódico estão apresentadas no Anexo .

A seguir, apresenta-se o artigo a ser submetido:


7

AVALIAÇÃO DE CRIANÇAS DESNUTRIDAS ASSOCIADAS AO


CRESCIMENTO DOS ARCOS DENTÁRIOS

Flávia da Costa ROSA¹; Fernanda Volpe de ABREU²

¹Mestranda em Clínica Odontológica do Instituto de Saúde de Nova Friburgo,


Universidade Federal Fluminese (UFF), Nova Friburgo, Brasil.

² Professora do Programa de Pós graduação do Instituto de Saúde de Nova Friburgo,


Universidade Federal Fluminese (UFF), Nova Friburgo, Brasil.

Autor correspondente:

Profª. Fernanda Volpe de Abreu,Rua Dr. Benjamin Constant,1044 ap. 702 – Santa Helena – Comentado [fdcr1]:

Juiz de Fora – Minas Gerais -Brasil CEP 36015-400 Telefone 55(32) 99184-2057

fernandavolpe@id.uff.br
8

RESUMO

O objetivo deste estudo foi avaliar se há diferença no crescimento das arcadas


de crianças desnutridas e crianças eutróficas(normais), através de um estudo
observacional transversal. Foi analisado de maneira aleatória 405 crianças de
ambos os gêneros com idade de 4 à 12 anos através do exame
antropométrico que avaliou o peso e altura para idade ,onde crianças com
percentil abaixo de 3 (estatura para idade)foram consideradas desnutridas e
entre 3 à 97 foram consideradas eutróficas. Destas, foram selecionadas 51
crianças (17 desnutridas e 34 normais) utilizando o critério de inclusão. Para
fazer a mensuração das arcadas foi feita a moldagem dos arcos e estes, foram
scaneados pelo XCAD e medido através de um software ABView14 o
comprimento anterior e posterior da maxila e mandíbula. O teste Kruskal-Wallis
H constatou que não houve diferença estatística significante para as medidas
na maxila e nem na mandíbula( P> 0.05). Concluiu que não houve diferença
entre as medidas dos arcos dentários em crianças desnutridas e eutróficas.
Mas os resultados mostram uma tendência do arco superior das crianças com
déficit de estatura para idade ser menor do que das crianças eutróficas.

Palavras- chaves: desnutrição, crianças, arco dental


9

INTRODUÇÃO

A desnutrição na infância é considerada um dos maiores problemas de


saúde pública enfrentados por países em desenvolvimento e
subdesenvolvidos¹. Cada vez mais, a nutrição tem sido reconhecida como um
dos principais determinantes da saúde individual, familiar e
comunitária².Estima-se que 159 milhões de crianças pré-escolares tenham
sofrido raquitismo, enquanto 41 milhões de crianças pré-escolares se tornaram
obesos em 2014³.

A desnutrição é uma doença multifatorial que pode ocorrer


precocemente durante a vida intra-uterina, na infância, durante a vida de um
indivíduo como resultado da má alimentação ou através de repetidos episódios
de doenças infecciosas ou crônicas4. O termo desnutrição aborda três grandes
grupos de condições: a desnutrição pela perda de peso (peso para altura), a
desnutrição para baixa estatura (altura para idade) e desnutrição para baixo
peso (peso para idade)5. Esse desequilíbrio (excesso e /ou deficiência) na
ingestão de energia, nutrientes e micronutrientes pode comprometer o
crescimento e desenvolvimento craniofacial6 .

A maloclusão é considerada um problema relacionado ao crescimento e


desenvolvimento de ossos maxilares ou mandibulares durante a infância e
adolescência7. É causada por uma interação de fatores ambientais, congênitos,
morfológicos e biomecânicos8. Esse tipo de anomalia pode ter efeitos
funcionais, estéticos ou psicossociais, com impacto negativo na vida diária dos
indivíduos afetados9. Assim, a maloclusão também pode ser considerada um
problema de saúde pública, devido à sua alta prevalência e as possibilidades
de prevenção e tratamento10.
10

A fim de se obter uma melhor compreensão sobre este processo


complexo e dinâmico, a associação de diferentes parâmetros como medidas
antropométricas de peso e altura; questionário de hábitos bucais e das
Condições socioeconômicas; análise das arcadas dentárias é importante, pois
possibilita compreender o grau de influência de outros fatores no
desenvolvimento destes indivíduos. Apesar de ser relevante, a literatura ainda
é escassa em relação às evidências científicas deste tema. Baseado nisto, o
objetivo do presente estudo foi investigar e analisar a relação existente entre a
desnutrição e o desenvolvimento maxilofacial em crianças em idade escolar de
5 a 12 anos. A hipótese nula considerou que o crescimento do complexo
maxilo-mandibular não é alterado em pacientes desnutridos.
11

MATERIAL E MÉTODOS

Tipo de estudo

Trata-se de um estudo observacional transversal, no qual crianças em


idade escolar foram avaliadas por meio de antropometria, questionário
socioeconômico e mensuração das arcadas dentárias, a fim de se avaliar se
existe diferença no crescimento ósseo maxilo-mandibular de crianças
desnutridas.

Aspectos éticos

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto


de Saúde de NovaFriburgo – Universidade Federal Fluminense (CAAE:
76402917.8.0000.5626) em 25 de março de 2018.

Sujeitos

Este estudo foi composto por 51 crianças de 4 à 12 anos que


frequentavam escolas municipais rurais do município de Bom Jardim -RJ,
localizado na região montanhosa do norte do Estado do Rio de Janeiro, Brasil,
sendo 17 crianças consideradas como desnutridas e 34 crianças eutróficas,
com base na avaliação antropométrica.

Foram selecionados os pacientes que preenchessem os seguintes


critérios de inclusão: 1) Crianças de 4 à 12 anos, de ambos os gêneros; 2)
Assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, do questionário
socioeconômico, questionário da saúde da criança pelo responsável e do termo
de assentimento pela criança; 3) Avaliação antropométrica com percentil menor
que 3 para crianças desnutridas e maior que 3 para crianças consideradas
eutóficas (idade próxima do desnutrido).
12

Os critérios de exclusão foram: 1) Preenchimento inadequado do questionário


socioeconômico; 2) Pacientes com síndromes associadas e/ ou
comprometimento sistêmico; 3) Crianças que não permitiram a realização dos
exames.

Coleta das amostras

Este estudo foi realizado em 4 partes: (I )medidas antropométricas para


avaliar o percentil e o z-score; (II) aplicação de questionário para coletar dados
sociodemográficos e histórico da criança; (III) moldagem das arcadas; (IV)
Scaneamento dos modelos e medição.

Medidas Antropométricas

Para determinar o peso das crianças em quilogramas, uma balança


digital foi utilizada e todas as crianças foram pesadas sem sapato e casaco de
frio. A altura corporal das crianças foi registrada em centímetro com um
antropômetro portátil seguindo o protocolo: sem sapatos, descalços, erguidos,
braços estendidos ao longo do corpo, cabeça das crianças colocadas na
posição avião de Frankfurt e com pelo menos 3 de 5 pontos (Calcanhares,
panturrilhas, nádegas, ombros e costas da cabeça) contra a parede. O
resultado foi analisado pelo programa WHO antro plus (versão 1.0.4)
disponibilizado pela OMS e as variáveis utilizadas foram P/I (peso para idade)
A/I (altura para idade), sendo que as crianças que ficaram com percentil abaixo
de 3 para altura para idade foram consideradas desnutridas de acordo com
OMS11. Nesse estudo foi utilizado a proporção de 2:1 ( 2 crianças normais para Comentado [fdcr2]: referenciar

1 desnutrida).
13

Aplicação do questionário

Todos os pais ou cuidadores responderam a um questionário. Para


caracterização da amostra analisada, informações a respeito do responsável,
como: nome, idade, sexo, profissão, endereço e grau de parentesco com a
criança foram solicitados. Para avaliação socioeconômica, o critério de
classificação econômica do Brasil de 201712 foi utilizado para a estrutura física Comentado [fdcr3]: referenciar

da residência, bens de consumo e escolaridade do chefe da família, podendo


segmentar os indivíduos em classes, e, por fim, a história médica do filho
durante e após a gestação, avaliação dos hábitos bucais, como tipo de
amamentação e tempo, utilização chupeta, presença do hábito deletério de
chupar dedo ou de qualquer outro tipo de hábito.

Moldagem das arcadas

As moldagens dos arcos superiores e inferiores foram realizadas


utilizando moldeira de plástico perfurada convencional (Morelli – SP, Brasil) e
alginato de presa rápida (Hidrogum, Zhermack – Alemanha), seguindo as
especificações do fabricante. Os moldes foram desinfectados com pulverização
de glutaraldeído a 2% (Gluraton, Rioquímica – SP, Brasil), e imediatamente
vazados com gesso tipo III (Herodent, Coltene – RJ, Brasil).

Scaneamento e mensuração

O scaneamento dos modelos de gesso das arcadas dentárias foi


realizado utilizando o scanner Xcad (XCADCAM Tecnologia®, São Paulo,
Brazil). Após a calibragem do scanner, o modo ortodontia com digitalização da
arcada simples foi selecionado e o modelo de gesso superior e/ou inferior foi
inserido na plataforma interna do scanner. Após a digitalização, o arquivo foi
salvo no modo stl. A mensuração nos modelos digitais foi realizada por um
único examinador previamente treinado e foi novamente realizado pelo mesmo
examinador após 10 dias para avaliação da concordância entre as medidas
14

realizadas (Valor kappa: em andamento) utilizando o programa AB Viewer14


(CADSoftTools). Os pontos medidos nos arcos superiores e inferiores foram o
6/6 (cúspide disto-vestibular do primeiro molar permanente direito até a cúspide
disto-vestibular do primeiro molar permanente esquerdo) para mensuração da
largura posterior e 3/3 (ponta incisal de canino direito até ponta incisal de
canino esquerdo), para mensuração da largura anterior dos arcos. Caso a
criança ainda não apresentasse o primeiro molar permanente erupcionado na
cavidade oral, a medição foi realizada no segundo molar decíduo, seguindo as
mesmas regras do primeiro molar permanente. Para avaliação do comprimento
posterior da arcada, uma linha reta foi traçada entre a distal do primeiro molar
permanente ou segundo molar decíduo até a incisal do incisivo central mais
protuído. Já para a avaliação do comprimento anterior da arcada, uma linha
reta foi traçada entre a distal do canino até a incisal do incisivo central mais
protuído.
15

RESULTADOS

Caracterização da amostra

Para a realização deste trabalho foi realizado o exame antropométrico


de 405 crianças. Destas crianças, 43 estavam abaixo do percentil 3 (A/I) e
foram consideradas desnutridas, fazendo parte do grupo caso, no entanto,
destas 43 crianças, 17(31,37%) fizeram parte da amostra final do estudo,
enquanto 34 (68,63%) crianças pareadas com essas 17, em gênero e idade,
fizeram parte do grupo controle.

A amostra final deste estudo contou com 51 crianças de ambos os


gêneros, sendo 22 meninas (43,14%) e 29 meninos (56,86%), na faixa etária
de 4 à 12 anos de idade. A maior parte dessas crianças pertencia a classe
econômica C (C1, 18 - 35,29% e C2, 22 - 43,14%), 1 criança pertencia a classe
B2 (1,96%) e 10 a classe D-E (19,61%), com a renda familiar variando entre 1
salário mínimo (10 crianças - 19,61%) e 5 salários mínimos (1 criança -
1,96%),com a maioria estava entre 2 salários mínimos (23 crianças - 45,10%) e
3 salários mínimos (17 crianças - 33,33%). Utilizando-se o teste de Kruskal-
Wallis H, houve diferença estatística significante para classe econômica e
estado nutricional das crianças (P=0,0500), sendo que a maior parte das
crianças com déficit de estatura para idade estava nas classes econômicas
mais baixas (C2, D – E), 87,5% e nenhuma criança estava na classe B2
(Tabela 01).

Tabela 01 – Caracterização da amostra


16

VARIÁ GRUPO CASO GRUPO CONTROLE


VEL
n = 16 (31,37%) n = 35 (68,63%)

GÊNE Fem Masc Total Fem Masc Total


RO
6 11 17 16 18 34

31,25% 68,75% 100% 48,57% 51,43% 100%

CLASS B2 C1 C2 D/E To B2 C1 C2 D/E To


E tal tal
ECON
0 2 8 6 16 1 16 14 4 35
ÔMICA
0 12,50 50,0 37,5 10 2,86 45,71 40,0 11,43 10
*P˂0,0
% % 0% 0% 0% % % 0% % 0%
5

SALÁR 1 2 3 5 Tot 1 2 3 5 Tota


IO al l

P˃0,05 6 8 2 0 16 4 15 15 1 35

37,5 50,00 12, 0% 100 11, 42,86 42,8 2,86% 100


0% % 50 % 43 % 6% %
% %

*Teste de Kruskal-Wallis H

Hábitos

Através da análise dos dados relativos aos hábitos de amamentação


materna, uso de mamadeira, hábitos de sucção polegar ou chupeta e outros
hábitos como onicofagia e bruxismo, verificou-se que quase todas as crianças
receberam amamentação materna (49 crianças - 96,08%) e destas, 13
(25,49%) crianças foram amamentadas somente em seio materno, não
utilizando mamadeira, enquanto que 38 (74,51%) receberam alimentação pela
17

mamadeira. Das crianças que foram amamentadas no peito,1(2,04%)criança


mamou somente 1 mês e 1(2,04%) criança mamou até 5 anos de idade, no
entanto a maioria das crianças (40-78,43%) foi amamentada pelas mães de 6
meses até 2 anos de idade.

Em relação aos hábitos de sucção não nutritivos, quase todas as


crianças não chuparam dedo (47 - 92,16%), no entanto, a maioria chupou
chupeta ( 29 - 56,86%) e 39 (78,43%) crianças não relataram nenhum outro
tipo de hábito, sendo que os mais frequentes relatados foram onicofagia e
bruxismo (5 crianças – 9,80% cada um) (Tabela 02).

Utilizando-se o teste de Kruskal-Wallis H, os dados não mostraram


diferença estatisticamente significante entre os grupos caso e controle em
relação a amamentação materna (P=0,3341), uso de mamadeira (P=0,1877),
hábito de sucção de polegar (P=0,4076), chupeta (0,2056) ou outros
hábitos(P=0,8392).

Tabela 02- Distribuição de hábitos entre os grupos

VARIÁVEL GRUPO CASO GRUPO CONTROLE

n = 17 (31,37%) n = 34 (68,63%)

AMAMENTAÇÃO Não Sim Total Não Sim Total

MATERNA 0 17 17 2 33 34
P˃0,05
0% 100% 100% 5,71% 94,29% 100%

MAMADEIRA Não Sim Total Não Sim Total


P˃0,05
6 11 17 7 27 34

37,50% 62,50% 100% 20,00% 80,00% 100%

SUCÇÃO Não Sim Total Não Sim Total


18

POLEGAR 15 2 17 32 2 34

P˃0,05 87,50% 12,50% 100% 94,29% 5,71% 100%

SUCÇÃO Não Sim Total Não Sim Total


CHUPETA
10 7 17 13 21 34
P˃0,05
56,25% 43,75% 100% 37,14% 62,86% 100%

OUTROS Não Sim Total Não Sim Total


HÁBITOS
14 3 17 25 9 34
P˃0,05
81,25% 18,75% 100% 74,29% 25,71% 100%

Teste de Kruskal-Wallis H

Medidas do arco inferior - Mandíbula

Utilizando-se o teste estatístico de Kruskal-Wallis H não se verificou


diferença estatisticamente significante entre os grupos caso e controle, nem
para o comprimento anterior do arco - até caninos (P=0,1267) e nem para o
comprimento posterior - molar (P=0,5327). Quando foi avaliada a largura da
mandíbula, também não houve diferença estatística, utilizando o mesmo teste,
nem para largura anterior,de canino a canino (P=0,9916) e nem para largura
posterior ,de molar a molar (P=0,4348).

O comprimento médio anterior nas crianças consideradas desnutridas foi


9,5800 ± 1,1785 mm e para as crianças normais foi 10,4554 ± 2,0006 mm. Já o
comprimento médio posterior nas crianças do grupo caso foi 37,4713 ± 3,6893
mm e para as do grupo controle foi 38,3588 ± 4,2876 mm, mostrando que nos
dois casos, no grupo controle as médias foram pouco maiores que no grupo
caso

Analisando-se a largura média da mandíbula de canino a canino, para o grupo


19

de crianças desnutridas foi 25,6313 ± 3,1645 mm e para o grupo de crianças


normais foi 25,5780 ± 2,6803 mm. A largura média de molar a molar para o
grupo caso foi 46,6567 ± 2,8702 mm e para o grupo controle foi 47,8350 ±
4,4830 mm.

Medidas do arco superior- Maxila

Avaliando-se as medidas para o arco superior, utilizando-se o teste de


Kruskal-Wallis H, também não houve diferença estatisticamente significante
para o comprimento anterior (P=0,9192) e nem para o posterior (P=0,1870).
Assim como para a medida da largura da maxila, também não houve diferença
estatística significante para a medida de canino a canino (P=0,0618) e nem
para a medida de molar a molar (P=0,2686).

O comprimento anterior médio do arco maxilar foi 13,9456 ± 1,8252 mm


para o grupo caso e 13,9571 ± 2,5998 mm para o controle. O comprimento
posterior médio foi 40,8950 ± 5,8759 mm para o grupo caso e 43,2446 ±
5,1411mm para o grupo controle.

Em relação a largura maxilar de canino a canino no grupo caso foi


30,9688 ± 3,0061 mm e no controle foi 32,5751 ± 3,7085 mm e de molar a
molar no grupo caso foi 51,0250 ± 3,7493 mm e no grupo controle foi 52,3046 ±
4,6708 mm.

Estes resultados mostram uma tendência do arco superior das crianças


com déficit de estatura para idade ser menor do que das crianças normais.

A tabela 03 mostra as dimensões médias dos arcos inferior e superior de


ambos os grupos.
20

Tabela 03 – Dimensões médias, em mm,da mandíbula e maxila dos dois


grupos avaliados

Grupos Mandíbula Maxila

Comprimento* Largura* Comprimento** Largura**

Anterior Posterior Anterior Posterior Anterior Posterior Anterior Posterior

Caso 9,5800 37,4713 25,6313 46,6567 13,9456 40,8950 30,9688 51,0250


±1,1785 ± 3,6893 ± 3,1645 ± 2,8702 ± 1,8252 ± 5,8759 ± 3,0061 ± 3,7493

Controle 10,4554 38,3588 25,5780 47,8350 13,9571 43,2446 32,5751 52,3046


± 2,0006 ± 4,2876 ± 2,6803 ± 4,4830 ± 2,5998 ± 5,1411 ± 3,7085 ± 4,6708

*Teste de Kruskal-Wallis H - P˃0,05


**Teste de Kruskal-Wallis H - P˃0,0
21

DISCUSSÃO

(EM ANDAMENTO)
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CONCLUSÃO
(EM ANDAMENTO)
23

REFERÊNCIAS
(EM ANDAMENTO)

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CONSIDERAÇÕES FINAIS
(EM ANDAMENTO)
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ANEXOS
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