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FEDERAÇÃO DE ESTABELECIMENTOS DE ENSINO

SUPERIOR EM NOVO HAMBURGO - FEEVALE

DIABETES MELLITUS

Curso: Medicina

Disciplina: Bioquímica

Discente: Alana Siqueira

NOVO HAMBURGO

2020
DIABETES MELLITUS TIPO 1

CONCEITO

A diabetes tipo 1 (DM1) é uma síndrome definida como doença crónica


predominante autoimune de determinante genético e longo período prodrômico,
caracterizada por anormalidades no metabolismo dos carboidratos, proteínas e lipídeos.
O sistema imunológico ataca equivocadamente as células beta, esse processo acarreta
na destruição gradual e progressiva das células ß e posterior a falência da secreção
pancreática de insulina. A DM1 pode ser subdividido em tipo1A (autoimune) e tipo1B
(idiopático).
A diabete tipo 1 pode ocorrer em qualquer faixa etária, predominantemente em
crianças e adolescentes, com o pico ao redor da puberdade. A doença incide em ambos
os sexos.

PREVALÊNCIA

A prevalência da diabetes tipo 1 é inferior a 1%, porém, sua incidência varia de


acordo com a área geografia e populações. No brasil pode-se observar taxas de 7,6 /
100.000 habitantes/ano.

DIAGNÓSTICO

Seu diagnóstico depende da identificação de alterações especificas decorrendo da


glicose plasmática. O paciente apresenta mau estar em geral, emagrecimento com
sintomas de poliúria (expelir quantidades anormalmente grandes de urina), polidipsia
(sede intensa mesmo após beber muito líquido) e polifagia (fome excessiva
e ingestão anormalmente alta) associado a cetoacidose.
O exame de sangue pode dar uma direção se o paciente possui diabetes tipo 1,
pois, mostrará as alterações na taxa de glicemia. A partir do exame de sangue, o médico
deve solicitar o teste oral de tolerância a glicose, mais conhecido como Curva Glicêmica.
O exame é feito por etapas, onde são coletadas amostrar de sangue em diversos
momentos, geralmente de 30 em 30 minutos. No intervalo entre os exames o paciente
deve ingerir o xarope de glicose. Assim, os resultados são colocados em um gráficos o
que permite diagnóstico preciso.

COMPLICAÇÕES

As complicações tardias ocorrem quando o paciente possui o controle glicêmico


inadequado, geralmente após anos. A grande maioria das complicações microvasculares
podem ser controladas, revertidas ou prevenidas pelo controle rigoroso da glicemia. Após
um longo período de evolução, os portadores de DM1 podem apresentar aterosclerose,
doença cardiovascular, que afeta as artérias pelo acumulo de gordura dentro delas,
claudicação, pele distrófica e infecções. A amputação de membros, claudicação
intermitente e gangrena decorrentes de insuficiência arterial periférica ocorre muito
frequentemente.
Outra complicações decorrente é a cegueira, ou seja, retinopatia incepiente,
progredindo para o edema macular e retinopatia proliferativa com descolamento da retina
e hemorragia vítrea.
A neuropatia é outra complicação existente, caracteriza-se pela polineuropatia (é
definida como um distúrbio simultâneo de diversos nervos periféricos no organismo todo)
sensorial, simétrica e dista. A neuropatia diabética pode ocasionar dormência, pontadas e
parestesias nas extremidades, com menos frequencia, dor profunda e debilitante com ou
sem hiperestesias. Além disso, a polineuropatia pode causar a percepção dos pequenos
traumatismos. As alterações podem levar a um padrão anormal de equilíbrio e
desenvolvimento da doença de Charcot (grupo de distúrbios hereditários que danificam os
nervos dos braços e das pernas).

TRATAMENTO

O tratamento da diabete tipo 1 se divide em três terapias: dieta, exercícios e


dosagem de insulina. A reeducação alimentar é essencial para a melhora da qualidade de
vida do paciente, porém, o tratamento deve ser flexível para permitir mudança de vida
sem sacrificar o controle metabólico. A insulinoterapia em doses menores e mais vezes ao
dia, é necessário esses cuidados para obtenção de controle glicêmico satisfatório: 1)
relação entre os alimentos a serem ingeridos e a dose de insulina de ação rápida (insulina
regular) ou ultra-rápida (lispro e aspart) a ser administrada antes das refeições; 2) quanto
diminui a glicemia após a administração de 1 unidade de insulina de ação rápida (por
exemplo, 1 unidade diminui a glicemia em 40 mg/dL).
Além disso, é necessário que o paciente sempre leve o monitor e o registro de
suas glicemias com você quando for visitar o médico, assim, ele poderá testar e monitorar
se o tratamento está sendo eficiente e o paciente está checando corretamente.

CASO CLÍNICO

E. R., sexo feminino, 12 anos, natural de Brasília- DF, procedente da


Candangolândia-DF. Data da admissão: 16/05/12 Queixa principal: “Fraqueza e
sonolência há 1 dia”. História da Doença Atual: Mãe relata que há 1 semana criança
iniciou quadro de polidipsia, poliúria e hiporexia, apresentando perda de peso de 5 Kg
(sic). Há 1 dia, vem apresentando muita sonolência, fraqueza e gosto amargo na boca.
Refere dor abdominal ocasional, principalmente após alimentar-se. Relata que não
evacuava há 1 semana, tendo evacuado há 1 dia após estímulo com laxante. Nega febre,
vômitos ou outras queixas. Antecedentes fisiológicos: - Criança nascida de parto normal, a
termo, P: 2960g, alta precoce. - Vacinação: atualizada - DNPM: adequado Antecedentes
patológicos: - Internações prévias: aos 5 anos de idade por rotavírus. - Nega cirurgias
prévias. - Relata alergia a amoxicilina. - Nega hemotransfusões.
Hábitos de vida: - Reside em casa de alvenaria junto da igreja, com água encanada
e fossa. - Possui cachorro no domicílio. - Avó tabagista. Reside junto. - Alimentação:
variada, mas não gosta de frutas e come pouca verdura. Antecedentes familiares: - Mãe,
32 anos, saudável. - Pai, 36 anos, saudável. - Irmão, 8 anos, saudável. - Irmã, 7 anos,
saudável. Nega casos de diabetes na família ou outras doenças.
Ao exame físico: BEG, hipocorada, desidratada, acianótica, anictérica, eupneica, afebril,
ativa e reativa, não toxemiada, peso: 34kg ACV: RCR, em 2T, BNF, sem sopros. FC: 88
bpm AR: MVF, sem RAs, sem esforço respiratório. FR: 18 irpm ABD: plano, RHA+, flácido,
indolor, sem VMG palpáveis EXT: sem edema e bem perfundidas Sem sinais meníngeos.
Exames complementares: Realizada glicemia capilar na chegada ao HRAS: 551 mg/dL. -
16:44: Gasometria arterial: pH 7,32/ pCO2: 26/ pO2: 98/ HCO3: 13/ BE: -11?/ SatO2: 97%
Cetonúria 2+/Glicosúria 2+ - Às 18:12: Dx: 419/ Cetonúria 2+/ Glicosúria 2+ - Às 22:00:
Dx: 350/ Cetonúria 2+/ Glicosúria 2+ - Às 05:56: Dx 350.
No período clínico, os sinais e sintomas que antes eram praticamente ausentes ou
intermitentes, agora se manifestam de maneira constante. São eles poliúria, polidipsia,
polifagia, astenia e perda de peso. O período de tempo para a determinação da doença
normalmente oscila de uma a seis semanas, a contar do início dos sintomas. - Poliúria,
Polifagia, Polidipsia, Perda ponderal (geralmente < 1 mês) - Fraqueza, letargia, perda
ponderal (início insidioso) - Infecções cutâneas piogênicas e candidíase em adolescentes
do sexo feminino - Cetoacidose- manifestação inicial em 25%.
Em pacientes com sinais e sintomas característicos, o diagnóstico é simples, sendo
confirmado através de glicemia plasmática acima de 200mg%, em qualquer hora do dia,
ou glicemia de jejum igual ou superior a 126mg%.
O manuseio do paciente diabético pediátrico é diferente do que usualmente se faz
em adultos, mesmo para um mesmo grau de insulinopenia. O crescimento físico e a
maturação nessa fase da vida tendem a modificar as respostas fisiopatológicas do
diabetes, bem como seu tratamento. Ao lado disso, planejamento alimentar e programas
de atividade física regular e educacional completam o elenco do tratamento, sendo, para
tal, imprescindível uma cooperação muito estreita do trio equipe médica/familiares/
paciente.

DIABETES MELLITUS TIPO 2

CONCEITO

A diabete mellitus tipo 2 (DM2) é uma doença causada pela produção insuficiente ou má
absorção de insulina, hormónio que regula a glicose no sangue e garante energia ao
organismo. O diabetes pode causar o aumento da glicemia e as altas taxas podem levar a
complicações no coração, nas artérias, nos olhos, nos rins e nos nervos. Em casos mais
graves, o diabetes pode levar à morte.
O diabetes tipo 2 ocorre quando o corpo não aproveita adequadamente a insulina
produzida. A causa do diabetes tipo 2 está diretamente relacionado
ao sobrepeso, sedentarismo, triglicerídeos elevados, hipertensão e hábitos alimentares
inadequados.

PREVALÊNCIA

A prevalência brasileira da diabetes mellitus tipo 2 é de 7,6%.

DIAGNÓSTICO

O exame de sangue é realizada para medir a glicemia (glicose no sangue), o


exame é realizado após 8 horas de jejum, em geral pela manha, para evitar que a
ingestão de alimentos altere o exame.
O exame de Curva Glicemica (teste oral de tolerancia a glicose), o paciente ingere
em laboratório um preparado com açúcar dissolvido em água e durante as duas horas
seguintes são retiradas amostras de sangue, para medição do nível de tolerância e
metabolização do açúcar.
O ultimo teste possível é o Hemoglobina Glicada (HbA1c), por meio de uma única
amostra de sangue, o exame avalia a glicemia de 90 dias retroativos, conferindo mais
credibilidade ao diagnostico da diabetes tipo 2.

COMPLICAÇÕES

O diabetes, quando não tratado corretamente, pode evoluir para formas mais
graves e apresentar diversas complicações tais como:
→ Neuropatia Diabética: A neuropatia costuma vir acompanhada da diminuição da
energia, da mobilidade, da satisfação com a vida e do envolvimento com as atividades
sociais.
Tanto as alterações nos vasos sanguíneos quanto as alterações no metabolismo podem
causar danos aos nervos periféricos. A glicemia alta reduz a capacidade de eliminar
radicais livres e compromete o metabolismo de várias células, principalmente as dos
neurônios).
→ Problemas arteriais e amputações: Muitas pessoas com diabetes têm a doença arterial
periférica, que reduz o fluxo de sangue para os pés. Além disso, pode haver redução de
sensibilidade devido aos danos que a falta de controle da glicose causa aos nervos.
Essas duas condições fazem com que seja mais fácil sofrer com úlceras e infecções, que
podem levar à amputação.
→ Doença renal: Diabetes pode trazer danos aos rins, afetando sua capacidade de
filtragem. O processo de digestão dos alimentos gera resíduos. Essas substâncias que o
corpo não vai utilizar geralmente têm moléculas bem pequenas, que passam pelos
capilares e vão compor a urina. As substâncias úteis, por sua vez, a exemplo das
proteínas, têm moléculas maiores e continuam circulando no sangue.
→ Problemas nos olhos: Pessoas com diabetes têm 60% mais chance de desenvolver a
catarata, que acontece quando a lente clara do olho, o cristalino, fica opaca, bloqueando a
luz. Pessoas com diabetes têm 40% mais chance de desenvolver glaucoma, que é a
pressão elevada nos olhos.

TRATAMENTO

É essencial que haja o cuidado da glicose no sangue. A medicação é feita sobre


um medidor de glicemia ou por meio de bombas de insulina. É importante seguir as
recomendações para que as medicações sejam feitas nos horários certos.
• Glicemia normal em jejum não deverá ultrapassar os 100 mg/dL
• Duas horas após uma refeição, a glicemia não deverá ultrapassar 140 mg/dL
Deve-se fazer uma reeducação alimentar, regulando a quantidade de doces e
gorduras ingeridos. É muito importante a contagem dos carboidratos.
A realização de exercícios físicos é de suma importância, pois, ajudam a baixar as
taxas de glicose. É importante consultar um médico antes da realização de exercícios,
pois, os resultados deste check-up podem indicar a atividade mais apropriada.

CASO CLÍNICO

Paciente JMJ, 85 anos, sexo feminino, peso 65 Kg, altura 1,50m, casada (esposo
com Doença de Alzheimer diagnosticado há 7 anos), analfabeta, aposentada, possui 3
filhas casadas (2 moram fora de São Paulo e 1 mora próximo, porém possui vínculo
familiar fragilizado). Diagnósticos: DM2 descompensada, Depressão, HAS controlada,
Doença de Adson (usuária crônica de corticoide oral), Osteoatrose, Obesidade,
Insuficiência Renal Crônica, Diminuição da acuidade visual em tratamento no
departamento de oftalmologia.

Medicamentos em uso:
• Losartana 50 mg 1 comp., Via Oral, 2 X dia;
• Metformina 850 mg 1 comp., Via Oral, 3 X dia;
• Gliclazida 80 mg 1 comp., Via Oral, 2 X dia;
• Prednisona 5 mg 2 comp., Via Oral, 1 X dia;
• Sertralina 50mg 1 comp., Via Oral, 1 X dia;
• Insulina NPH 100UI/mL, 15 UI SC pela manhã, em jejum, e 12UI SC à noite, após
jantar;
• Cetoprofeno 100mg 1 comp., Via Oral, 2 X dia.
Queixa atual: Paciente com DM2 a 25 anos, encaminhada ao ambulatório de
geriatria por DM2 descompensado com picos episódicos de hipoglicemia de jejum
(glicemia abaixo de 70 mg/dL) e 280 mg/dL pósprandial. Queixa-se de desconforto
abdominal com frequentes episódios de diarreia e vômito. Mostra exame atual de
Hemoglobina glicada (A1C) com valor de 15,5%. Sedentária há 10 anos. Nesse período
houve perda importante de AIVDs (atividades instrumentais de vida diária) com ABVDs
(atividades básicas de vida diária) preservadas com exceção do caminhar com dispositivo
de bengala, refere pontadas nos pés. Refere fazer uso de Pata de Vaca (cápsulas)
indicado pela vizinha, sem orientação médica. Relata também que mudou de médico que
a acompanhava em relação à osteoartrose e ele mandou tomar um medicamento para a
dor. Ao ser questionada sobre alimentação, ela informa que normalmente no jantar toma
uma sopa rala de legumes. Refere perda de peso de 7 Kg nos últimos 2 meses e fraqueza
nas pernas com dificuldade de sentar e levantar da cadeira sem apoio.

DIABETES MELLITUS TIPO MODY

CONCEITO

A diabete mellitus tipo MODY é um subtipo de diabete mellitus, caracterizada pela


manifestação precoce (em geral abaixo dos 25 anos) e com transmissão autossómica
dominante (em pelo menos 3 gerações). Corresponde a um defeito primário na secreção
da insulina, associada a disfunção na célula β pancreática. No Brasil, os subtipos mais
comuns de DM monogênico são o MODY-GCK e MODY-HNF1A, porém, existem pelo
menos 10 subtipos de diabete tipo MODY.

PREVALÊNCIA

Estima-se que perto de 5% dos indivíduos classificados como portadores de


diabetes mellitus (DM) tipo 2 e 10% daqueles considerados como tipo 1 (anteriormente
classificado como juvenil) sejam, na verdade, portadores de mutações MODY.

DIAGNÓSTICO

Assim, é necessárias para o diagnóstico de diabetes tipo MODY

1. Diagnóstico efectuado antes dos 25 anos de idade em, pelo menos, um membro da
família

2. Transmissão autossómica dominante com, pelo menos, 3 gerações atingidas pela


diabetes

3. Capacidade de controlo da diabetes sem recurso à insulinoterapia (e sem desenvolver


cetose) durante um período de, pelo menos, 2 anos ou níveis significativos de péptido
C.

COMPLICAÇÕES

A DM tipo MODY costuma ser diagnosticada na adolescência ou no adulto jovem, e


a frequência de suas complicações crônicas, de forma semelhante à dos indivíduos com
DM1 e DM2, é relacionada com o controle glicêmico.
TRATAMENTO

O tratamento depende do tipo de mutação que causa do MODY. Existem pelo


menos 10 subtipos de MODY reconhecidos. As formas mais comuns são facilmente
controladas com dieta e medicações orais quando necessário, e geralmente cursam com
pouco risco de complicações em longo prazo.
No caso de suspeita de diabetes monogênico (neonatal ou MODY), o médico deve
ser consultado para avaliar a necessidade da realização de testes e aconselhamento
genético.

CASO CLÍNICO

Paciente do sexo masculino, caucasiano, 37 anos, filho de pais não


consanguíneos. Foi efetuado o diagnóstico de DM aos 27 anos, em contexto de analise
de rotina. Anticorpos anti-GAD e anti-insulina negativo. Sem história de complicações
micro ou macrovasculares e sem antecedentes patológicos relevantes. Pai e avô paterno,
pai com 60 anos, diagnosticado com DM aos 18 anos, sob antidiabéticos orais durante os
2 anos e posteriormente insulinoterapia. O avô paterno, ja falecido, também foi
diagnosticado com DM, sob insulinoterapia. O estudo genético permitiu concluir que se
trata de diabetes do tipo MODY.

DIABETES MELLITUS TIPO LADA

CONCEITO

A diabetes autoimune latente do adulto (LADA) é uma doença autoimune (DAI),


caracterizada pela deficiência de insulina por destruição progressiva dos ilhéus
pancreáticos.
Esse tipo de diabetes se caracteriza por uma agressão ao sistema imunológico que
destrói as células Beta, responsáveis pela produção de insulina em nosso corpo.
Esse processo ocorre de maneira bem mais lenta que no diabetes tipo 1, o que
permite controlar a glicemia com medicamentos orais por mais tempo.
Para alguns autores, contudo, o LADA não é um tipo autônomo de diabetes, mas
um subtipo do diabetes tipo 1. Outros pesquisadores acreditam que o LADA ocorre em
continuidade, ficando entre diabetes tipo 1 e tipo 2.

PREVALÊNCIA

Atinge 2% da população e ocorre geralmente em adultos.

DIAGNÓSTICO

Para confirmar o diagnóstico de diabetes tipo LADA, é necessário fazer um exame


chamado anticorpos Anti-células Beta, Anti-GAD.

COMPLICAÇÕES

Como o diabetes tipo 1, o LADA ocorre porque o pâncreas deixa de produzir


insulina na quantidade adequada, provavelmente devido a algum dano causado ao
pâncreas por anticorpos contra células produtoras de insulina que lentamente as
danificam. Fatores genéticos também podem estar envolvidos.
TRATAMENTO

Em comum com o diabetes tipo 2, o tratamento do LADA também tem início com
medicamentos orais, mas a necessidade de passar para insulina pode ocorrer mais
rapidamente do que no tipo 2. O perfil das pessoas que desenvolvem o diabetes tipo
LADA também é diferente das que desenvolvem o tipo 2: são adultos jovens entre 25 e 40
anos, não apresentam sobrepeso nem hipertensão arterial.

CASO CLÍNICO

Uma paciente do sexo feminino, caucasiana, de 44 anos de idade, com história familiar
paterna de DM2 e história pessoal de diabetes gestacional há 20 anos, sem tratamento na
ocasião, com histórico de hipotireoidismo, diagnosticado na adolescência, o qual se
manteve controlado com levotiroxina sódica (Puran T4®) 100mg 1x/dia, relatou ter
procurado o ambulatório de endocrinologia pela primeira vez em 1998, aos 26 anos,
frente a um quadro de perda ponderal, diplopia e polidipsia, sendo diagnosticada com
DM1. Naquela primeira consulta, foi instituído tratamento com insulina regular e insulina
NPH (Neutral Protamine Hagedorn). Este esquema terapêutico foi mantido por 17 anos
sem adequado controle, devido à pouca assiduidade da paciente às consultas
ambulatoriais. Em agosto de 2015, quando a paciente retornou às consultas rotineiras, foi
identificada dislipidemia e iniciado o tratamento com sinvastatina (20mg/dia).
Os exames laboratoriais daquele período revelaram também: hemoglobina glicada
(HbA1c) 10,2% e glicemia de jejum de 246 mg/dl, indicando descontrole glicêmico,
optando-se pela troca do esquema insulínico anterior por insulina glargina (Lantus®), com
intuito de manter uma liberação basal de insulina, associado à insulina aspart
(Novorapid®), 15 minutos antes das principais refeições. Além disso, foi solicitado que a
paciente fizesse monitoração glicêmica capilar domiciliar de quatro em quatro horas,
visando guiar as intervenções subsequentes. O quadro clínico vinha em adequado
controle até novembro de 2015, quando a paciente apresentou picos de hiperglicemia
frequentes e episódios sintomáticos de hipoglicemia esporadicamente durante a semana.
Negava períodos de jejum prolongados. Nesta época, foram solicitados novos exames
laboratoriais (HbA1c, glicemia de jejum e anti-GAD), tendo sido adicionado ao esquema
terapêutico a metformina (1500 mg/ dia) e a contagem de carboidratos com intuito de
guiar com melhor precisão a dosagem insulínica. Em março de 2016, a paciente trazia
consigo os seguintes resultados de exames laboratoriais, solicitados na consulta anterior:
HbA1c de 7.6%; glicemia de jejum de 177 mg/dl e anti-GAD (positivo) de 159,6 U/ml. Ao
exame físico verificou-se índice de massa corporal (IMC) de 26,7, demonstrando
sobrepeso, e ausência de acanthosis nigricans. A paciente apresentava síndrome
metabólica de acordo com os critérios da International Diabetes Federation (IDF) (6)
evidenciados através da observação de obesidade central (circunferência abdominal de
88 cm), dislipidemia em tratamento com sinvastatina e glicemia de jejum de 177 mg/dl.
Nesta mesma consulta, foi solicitada nova dosagem de HbA1c, cujo resultado foi 6,7%.
De acordo com a evolução clínica, fica clara a melhora da paciente com as intervenções
adotadas e, portanto, seu diagnostico foi revisto e enquadrado como diabetes
imunomediado associado à fatores de resistência insulínica, sendo os dois principais
diagnósticos diferenciais para o caso LADA e DD.
DIABETES MELLITUS GESTACIONAL

CONCEITO

Durante a gravidez, para permitir o desenvolvimento do bebê, a mulher passa por


mudanças em seu equilíbrio hormonal. A placenta, por exemplo, é uma fonte importante
de hormônios que reduzem a ação da insulina, responsável pela captação e utilização da
glicose pelo corpo. O pâncreas, consequentemente, aumenta a produção de insulina para
compensar este quadro.
Em algumas mulheres esse processo não ocorre e elas desenvolvem um quadro
de diabetes gestacional, caracterizado pelo aumento da glicose no sangue. Porém,
quando o bebê é exposto a grandes quantidades de insulina, pode adquirir um
crescimento excessivo, chamado de macrossomia fetal, e com isso partos traumáticos,
hipoglicemia neonatal e até de obesidade e diabetes na vida adulta.

PREVALÊNCIA

A prevalência da diabetes gestacional entre 3% e 25% das gestações,


dependendo do grupo étnico, da população e do critério diagnóstico utilizado.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da diabete gestacional é realizado através de teste oral de tolerância


a glicose, para conferir como está a glicose em jejum e, mais importante ainda, a glicemia
após estímulo da ingestão de glicose.
Os fatores de risco são
• Idade materna mais avançada;
• Ganho de peso excessivo durante a gestação;
• Sobrepeso ou obesidade;
• Síndrome dos ovários policísticos;
• História prévia de bebês grandes (mais de 4 kg) ou de diabetes gestacional;
• História familiar de diabetes em parentes de 1º grau (pais e irmãos);
• História de diabetes gestacional na mãe da gestante;
• Hipertensão arterial na gestação;
• Gestação múltipla (gravidez de gêmeos).

COMPLICAÇÕES

O diabetes gestacional não controlado é fonte de muitas preocupações. Quando o


bebê recebe grandes quantidades de glicose, acaba nascendo muito acima do peso, o
que aumenta o risco de complicações no parto, além do parto prematuro, chance de
hipoglicemia neonatal e também de desenvolvimento de obesidade na idade adulta.
Para a mãe, uma vez feito o diagnóstico de diabetes gestacional, existe um grande
risco de desenvolvimento de diabetes nas próximas gestações e também de evolução
para diabetes tipo 2 dentro dos anos seguintes.

TRATAMENTO

O tratamento da diabetes gestacional é realizado através de dietas balanceadas


para cada etapa da gestação. Além disso, a prática de atividades físicas podem auxiliar a
redução dos níveis glicêmicos, mas, para realização de atividades físicas deve-se passar
por um consulta médica para avaliar se não há riscos, como por exemplo, trabalho de
parto prematuro.
Outrossim, algumas gestantes não alcançam os níveis glicêmico adequado tem
indicação de associar o uso da insulinoterapia. O uso da insulina é seguro durante a
gravidez. A grande maioria das gravidez complicadas pela diabetes possuem desfecho
adequados e os bebês nascem saudáveis.

CASO CLÍNICO

PRS, feminino, 32 anos, chegou a Policlínica de sua região para uma consulta com
Endocrinologista, encaminhada do pré-natal de alto risco. É portadora de Síndrome dos
Ovários Policísticos (SOP) e desenvolveu Diabetes Gestacional na 29ª semana de
gestação. Respondeu inicialmente ao tratamento não medicamentoso, que incluiu
orientação alimentar e mudança do estilo de vida. Entretanto, após 4 semanas, as
glicemias de jejum estavam > 115 mg/dL e as pós-prandiais > 145 mg/dL. O Índice de
Massa Corpórea (IMC) era 24 kg/m2 . O tratamento recomendado foi a insulinoterapia,
pois, conforme as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), recomenda-se a
insulinização caso, após 3 semanas de dieta, a paciente com diabetes gestacional
apresente glicemia de jejum > 95 mg/dL ou pós-prandial 1 hora após a alimentação > 140
mg/dL. Reduzir o valor calórico da dieta não seria interessante, pois a paciente apresenta
IMC < 25 kg/m2 . Pioglitazona é contraindicado para gestante.

REFERÊNCIAS:

https://www.diabetes.org.br/publico/diabetes/diagnostico-e-tratamento

https://drauziovarella.uol.com.br/drauzio/artigos/diabetes-tipo-1-artigo/

https://slideplayer.com.br/slide/3420471/

https://www.diabetes.org.br/profissionais/images/SBD-
_Dados_Epidemiologicos_do_Diabetes_-_High_Fidelity.pdf

https://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/diabetes

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