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Hipertensão Arterial

Prof. Gilvano Amorim


Disciplina de Grandes Temas em Medicina Interna
Departamento de Clínica Médica
Faculdade de Medicina PUCCAMP
Objetivos da aula:

• Conceituar PA/HAS.
• Importância epidemiológica da HAS.
• Reconhecimento diagnóstico da HAS.
• Importância Clínica da HAS.
• Reconhecimento da HAS como importante fator de risco
cardiovascular.
Conceito Hipertensão Arterial

Hipertensão arterial (HA) é uma doença crônica não


transmissível (DCNT) definida por níveis pressóricos, em que
os benefícios de terapêuticas hipotensoras (não
medicamentosas e/ ou medicamentosas) superam os riscos
(Diretriz 2020).
Hipertensão Arterial – elementos conceituais
✓Elevação persistente da pressão arterial (PA).
✓Parâmetros: PA sistólica (PAS) maior ou igual a 130 mmHg e/ou
PA diastólica (PAD) maior ou igual a 80 mmHg.
✓PA medida com a técnica correta, em pelo menos duas ocasiões
diferentes, na ausência de medicação anti-hipertensiva.
✓Se possível, validar as medidas por meio de avaliação da PA fora
do consultório (Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial -
MAPA), Monitorização Residencial da Pressão Arterial (MRPA) ou
da Automedida da Pressão Arterial (AMPA).
Conceito Hipertensão Arterial

✓Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA):


medida automática em 24h.
✓Monitorização Residencial da Pressão Arterial (MRPA):
medida da PA em condições domiciliares, seja por
profissional, seja por familiar treinado.
✓Automedida da Pressão Arterial (AMPA): medida da PA pelo
próprio paciente, sem protocolos rígidos, com treinamento
adequado, aparelhos validados e no próprio domicílio.
Impacto clínico da HAS
• Condição frequentemente assintomática;
• HA evolui com alterações estruturais e/ou funcionais em órgãos-alvo,
como coração, cérebro, rins e vasos.
• Principal fator de risco modificável com associação independente,
linear e contínua para doenças cardiovasculares (DCV), doença renal
crônica (DRC) e morte prematura.
• Associa-se a fatores de risco metabólicos para as doenças dos
sistemas cardiocirculatório e renal, como dislipidemia, obesidade
abdominal, intolerância à glicose, e diabetes melito (DM)
CONCEITUAÇÃO, EPIDEMIOLOGIA E
PREVENÇÃO PRIMÁRIA
• Associada a distúrbios metabólicos, alterações funcionais e/ou estruturais
de órgãos-alvo.
• Agravada por fatores de risco como dislipidemia, obesidade abdominal,
intolerância à glicose e diabetes melito (DM).
• Associada com eventos como:
➢morte súbita,
➢acidente vascular encefálico (AVE),
➢infarto agudo do miocárdio (IAM),
➢insuficiência cardíaca (IC), doença arterial periférica (DAP),
➢doença renal crônica (DRC).
CONCEITUAÇÃO, EPIDEMIOLOGIA E
PREVENÇÃO PRIMÁRIA
• A HAS apresenta impacto significativo nos custos médicos e
socioeconômicos:
• Custeio direto;
• Custeio de complicações nos órgãos-alvo, fatais e não fatais, como:
✓coração: doença arterial coronária (DAC), insuficiência cardíaca (IC),
fibrilação atrial (FA) e morte súbita;
✓cérebro: acidente vascular encefálico (AVE) isquêmico (AVEI) ou
hemorrágico (AVEH), demência;
✓rins: DRC que pode evoluir para necessidade de terapia dialítica;
✓sistema arterial: doença arterial obstrutiva periférica (DAOP)
CONCEITUAÇÃO, EPIDEMIOLOGIA E
PREVENÇÃO PRIMÁRIA
• Dados norte-americanos relevantes (2015) os seguintes impactos da
HA:
• Presente em 69% dos pacientes com primeiro episódio de IAM.
• 77% de acidente vascular encefálico.
• 75% com insuficiência cardíaca.
• 60% com doença arterial periférica.
• Responsável por 45% das mortes cardíacas e 51% das mortes
decorrentes de AVE
CONCEITUAÇÃO, EPIDEMIOLOGIA E
PREVENÇÃO PRIMÁRIA

• No Brasil HA atinge 32,5% (36 milhões) de indivíduos adultos.


• Acomete mais de 60% dos idosos, contribuindo direta ou
indiretamente para 50% das mortes por doença cardiovascular.
• Associada a diabetes, suas complicações (cardíacas, renais e AVE) têm
impacto elevado na perda da produtividade do trabalho e da renda
familiar, estimada em US$ 4,18 bilhões entre 2006 e 2015.
• Em 2013 ocorreram 1.138.670 óbitos, 339.672 dos quais (29,8%)
decorrentes de DCV, a principal causa de morte no Brasil.
CONCEITUAÇÃO, EPIDEMIOLOGIA E
PREVENÇÃO PRIMÁRIA

• As DCV são a principal causa de morte, hospitalizações e


atendimentos ambulatoriais em todo o mundo.
• Em 2017, segundo o Datasus, houve 1.312.663 óbitos no Brasil, com
um percentual de 27,3% por DCV.
• A HA estava associada em 45% destas mortes cardíacas: DAC e IC e de
51,0% das mortes por doença cerebrovascular (DCbV) e um
percentual muito pequeno de mortes diretamente relacionadas com
a HA (13,0%).
CONCEITUAÇÃO, EPIDEMIOLOGIA E
PREVENÇÃO PRIMÁRIA

Fatores de Risco para Doença Hipertensiva:


• Idade - Há uma associação direta e linear entre envelhecimento e
prevalência de HA;
• Sexo – levemente mais prevalente nas mulheres;
• Etnia – Negros;
• Sobrepeso e obesidade;
• Ingestão de sal (recomendação OMS: 2g/d);
CONCEITUAÇÃO, EPIDEMIOLOGIA E
PREVENÇÃO PRIMÁRIA

Fatores de Risco para Doença Hipertensiva:


• Ingesta de álcool;
• Sedentarismo;
• Genética;
• Fatores socioeconômicos.
CONCEITUAÇÃO, EPIDEMIOLOGIA E
PREVENÇÃO PRIMÁRIA

Fatores de Risco socioeconômicos para Doença Hipertensiva:


• Menor escolaridade;
• Condições de habitação inadequadas;
• Baixa renda familiar.
CONCEITUAÇÃO, EPIDEMIOLOGIA E
PREVENÇÃO PRIMÁRIA
Fatores como lazer, hobby, filantropia e espiritualidade:
• Considerando espiritualidade como um conjunto de valores morais,
emocionais, de comportamento e atitudes com relação ao mundo, há
evidências de seus benefícios em termos de risco CV, mortalidade e,
particularmente, controle pressórico.
• O estudo de coorte Black Women’s Health Study mostrou que as mulheres
que lidavam com as situações de estresse (coping), usando a
espiritualidade e a religiosidade, tinham um risco menor de desenvolver
HA no seguimento de 10 anos (razão da taxa de incidência = 0,87; IC 95%
0,75-1,00), e essa associação era mais forte naquelas que relatavam maior
nível de estresse.
A questão do Sal...
Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), obtidos de 55.970 domicílios
brasileiros:
• Disponibilidade domiciliar de 4,7 g de sódio/pessoa/dia (ajustado para
consumo de 2.000 Kcal).
• Mais de duas vezes o consumo máximo recomendado pela OMS (2 g/dia).
• Menor na área urbana da região Sudeste;
• Maior nos domicílios rurais da região Norte.

Zhao D, Qi Y, Zheng Z, Wang Y, Zhang XY, Li HJ, et al. Dietary factors associated with hypertension. Nat Rev
Cardiol. 2011;8(8):456-65.
He FJ, MacGregor GA. Reducing population salt intake worldwide: from evidence to implementation. Prog
Cardiovasc Dis. 2010;52(5):363-82.
Briasoulis A, Agarwal V, Messerli FH. Alcohol consumption and risk of hypertension in men and women: a
systematic review and meta-analysis. J Clin Hypertens. 2012;14(11):792-6
DIAGNÓSTICO E CLASSIFICAÇÃO

Avaliação inicial – estratégias básicas:

• Confirmação do diagnóstico.
• Suspeição e a identificação de causa secundária.
• Avaliação do risco cardiovascular.
• As lesões de órgão-alvo e doenças associadas devem ser investigadas.
DIAGNÓSTICO E CLASSIFICAÇÃO
Avaliação inicial – premissas básicas:
• Medição da PA, utilizando-se técnica adequada e equipamentos
validados.
• História médica (pessoal e familiar).
• Exame físico.
• Investigação clínica e laboratorial.
• Não há especialidade na medida da Pressão Arterial!
DIAGNÓSTICO E CLASSIFICAÇÃO
• Recomenda-se, pelo menos, a medição da PA a cada dois anos para os
adultos.
• A medição da PA pode ser feita com esfigmomanômetros manuais, semi-
automáticos ou automáticos.
• Esses equipamentos devem ser validados e sua calibração deve ser
verificada anualmente, de acordo com as orientações do INMETRO.
• A PA deve ser medida no braço, devendo-se utilizar manguito adequado à
sua circunferência.
• Na suspeita de HA secundária à coartação da aorta, a medição deverá ser
realizada nos membros inferiores, utilizando-se manguitos apropriados.
Portaria INMETRO nº. 24, de 22 de fevereiro de 1996, para os esfigmomanômetros
mecânicos do tipo aneroide, e nº. 096, de 20 de março de 2008, para os
esfigmomanômetros eletrônicos digitais de medição não-invasiva
PREPARO DO PACIENTE
• 1. Explicar o procedimento ao paciente e deixá-lo em repouso de 3 a
5 minutos em ambiente calmo.
• 2. Deve ser instruído a não conversar durante a medição. Possíveis
dúvidas devem ser esclarecidas antes ou depois do procedimento.
• 3. Certificar-se de que o paciente:
➢NÃO Está com a bexiga cheia;
➢NÃO Praticou exercícios físicos há pelo menos 60 minutos;
➢NÃO Ingeriu bebidas alcoólicas, café ou alimentos há pelo menos 30
minutos;
➢NÃO Fumou nos 30 minutos anteriores.
PREPARO DO PACIENTE

• O paciente deve estar sentado, com pernas descruzadas, pés


apoiados no chão, dorso recostado na cadeira e relaxado;
• O braço deve estar na altura do coração, apoiado, com a palma da
mão voltada para cima e as roupas não devem garrotear o membro.
• Medir a PA na posição de pé, após 3 minutos, nos diabéticos, idosos e
em outras situações em que a hipotensão ortostática possa ser
frequente ou suspeitada.
ETAPAS DA ESFIGMOMANOMETRIA

• 1. Determinar a circunferência do braço no ponto médio entre


acrômio e olécrano;
• 2. Selecionar o manguito de tamanho adequado ao braço;
• 3. Colocar o manguito, sem deixar folgas, 2 a 3 cm acima da fossa
cubital;
• 4. Centralizar o meio da parte compressiva do manguito sobre a
artéria braquial;
• 5. Estimar o nível da PAS pela palpação do pulso radial
ETAPAS DA ESFIGMOMANOMETRIA

• 6. Palpar a artéria braquial na fossa cubital e colocar a campânula ou


o diafragma do estetoscópio sem compressão excessiva;
• 7. Inflar rapidamente até ultrapassar 20 a 30 mmHg o nível estimado
da PAS obtido pela palpação;
• 8. Proceder à deflação lentamente (velocidade de 2 mmHg por
segundo);
• 9. Determinar a PAS pela ausculta do primeiro som (fase I de
Korotkoff) e, após, aumentar ligeiramente a velocidade de deflação;
ETAPAS DA ESFIGMOMANOMETRIA

• 10. Determinar a PAD no desaparecimento dos sons (fase V de


Korotkoff);
• 11. Auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do último som para
confirmar seu desaparecimento e depois proceder à deflação rápida
e completa;
• 12. Se os batimentos persistirem até o nível zero, determinar a PAD
no abafamento dos sons (fase IV de Korotkoff) e anotar valores da
PAS/PAD/zero.
ETAPAS DA ESFIGMOMANOMETRIA

• 13. Realizar pelo menos duas medições, com intervalo em torno de


um minuto.
• Medições adicionais deverão ser realizadas se as duas primeiras
forem muito diferentes.
• Caso julgue adequado, considere a média das medidas;
ETAPAS DA ESFIGMOMANOMETRIA

• 14. Medir a pressão em ambos os braços na primeira consulta e usar


o valor do braço onde foi obtida a maior pressão como referência;
• 15. Informar o valor de PA obtido para o paciente;
• 16. Anotar os valores exatos sem “arredondamentos” e o braço em
que a PA foi medida
ETAPAS DA ESFIGMOMANOMETRIA FORA DO
CONSULTÓRIO – MAPA & MRPA

• Maior número de medidas obtidas.


• Refletem as atividades usuais dos examinandos.
• Abolição ou sensível redução do efeito de avental branco (EAB).
• Maior engajamento dos pacientes com o diagnóstico e o seguimento.
• Avaliação do descenso do sono (MAPA).
• MAPA: são atualmente consideradas anormais as médias de PA de 24
horas ≥ 130/80 mmHg, vigília ≥ 135/85 mmHg e sono ≥ 120/70 mmHg.
MAPA
MAPA - Descenso noturno sistólico e
diastólico.
• Percentual de redução da pressão arterial do sono em relação à
medida em vigília.
• A queda fisiológica da PA durante o sono é conhecida como descenso
noturno.
• Os indivíduos que apresentam valores entre 10 e 20% são
denominados de “dippers”.
• Pacientes que têm descenso noturno menor que 10% são classificados
como “não-dippers”.
MAPA - Descenso noturno sistólico e
diastólico.
• Pacientes que tem elevação da PA noturna são classificados como
“dippers reversos”.
• Pacientes que tem descenso noturno > 20% são classificados como
“dippers exacerbados”.
• Estudos sugerem pior prognóstico nos indivíduos que apresentam
estes três últimos padrões.
• Alguns fatores podem estar relacionados ao padrão não “dipper”,
como a apnéia do sono, presença de disautonomia e diabetes.
MAPA - indicações
1. Hipertensão do jaleco branco
2. Hipertensão Arterial Resistente
3. Avaliação de eficácia terapêutica
4. Diagnóstico de hipertensão arterial limítrofe
5. Hipertensão mascarada (valores normais de PA de consultório com
elevação dos níveis tensionais na MAPA)
6.Avaliação de sintomas não plenamente esclarecidos, principalmente,
hipotensão.
Pressão de Pulso

• Diferença entre a PAS e a PAD na vigília, sono e 24 horas.


• A pressão de pulso (PP) é um dos principais preditores de risco
cardiovascular, principalmente quando associada à PAS elevada.
• A variabilidade da PA atuando sobre a complacência e a
distensibilidade arterial teria um efeito deletério sobre a parede da
artéria favorecendo o processo aterogênico.
Pressão de Pulso
• A primeira consequência da PP alargada é que o aumento da PAS
aumento do esforço sistólico final e estímulo do desenvolvimento de
hipertrofia ventricular esquerda (HVE), aumentando a demanda do
miocárdio por oxigênio.
• A segunda consequência é que com a diminuição da PAD, a perfusão
coronariana fica comprometida, aumentando o risco de isquemia
miocárdica.
• Não há definição dos critérios de normalidade para a interpretação
clínica deste parâmetro, variando em diferentes estudos entre 50 e 60
mmHg.
Efeito do Avental Branco
• Diferença de pressão entre as medidas obtidas no consultório e fora
dele.
• Diferença igual ou superior a 20 mmHg na PAS e/ou 10 mmHg na
PAD.
• Essa situação não muda o diagnóstico: se o indivíduo é normotenso,
permanecerá normotenso, e se é hipertenso, continuará sendo
hipertenso;
• No entanto, pode alterar a classificação do estágio e/ou dar a falsa
impressão de necessidade de adequações no esquema terapêutico.
Hipertensão do Avental Branco
• Valores anormais da PA no consultório, com valores normais pela
MAPA ou MRPA.
• A prevalência global da HAB é de 13% dos hipertensos.
• Mais comum (55%) nos pacientes em estágio 1 e 10% no estágio 3.
• Discussão: HAB pode ser comparada à normotensão?
• Alguns estudos revelam que o risco CV em longo prazo desta
condição é intermediário entre o da HA e o da normotensão.
Hipertensão Mascarada

• Valores normais da PA no consultório e elevados pela MAPA ou


medidas residenciais.
• A prevalência da HM é de 13%.
• A prevalência é maior quando a PA do consultório está no nível
limítrofe.
Hipertensão Mascarada – fatores de risco

• Idade jovem;
• Sexo masculino;
• Tabagismo;
• Consumo de álcool;
• Atividade física e Hipertensão induzida pelo exercício;
• Ansiedade e estresse;
• Obesidade;
• DM;
• DRC;
• História familiar de HAS.
Hipertensão Mascarada – Riscos

• Incidência de eventos CV é cerca de duas vezes maior na HM do que


na normotensão, sendo comparada à da HAS.
• Em diabéticos, a HM está associada a um risco aumentado de
nefropatia, especialmente quando a elevação da PA ocorre durante o
sono.
Hipertensão Sistólica Isolada

• PAS aumentada com PAD normal.


• A hipertensão sistólica isolada (HSI) é importantes fator de risco
cardiovascular (FRCV) em pacientes de meia-idade e idosos.
Aspectos clínicos
• Questão Magna: HAS provoca cefaleia?

Fuchs, Sandra Costa, et al. "Cefaléia e hipertensão: existe


uma associação?." (2001).
Aspectos clínicos
• Questão Magna: HAS provoca cefaleia?
• Na maior parte dos casos não há relação entre cefaleia e HAS.
• HAS de início recente e emergências hipertensivas podem provocar
cefaleia.

Fuchs, Sandra Costa, et al. "Cefaléia e hipertensão: existe


uma associação?." (2001).
Variações da Técnica de esfigmomanometria
e suas aplicações

• Medida de pé.
• Medida comparativa Direita X Esquerda.
• Índice tornozelo-braço.
Hipotensão Ortostática
Redução de 20 mmHg da PAS ou de 10 mmHg da PAD ao se assumir o
ortostatismo com ou sem sintomas.
A questão da Hipotensão Arterial como
doença: isto existe?

• Princípio: quanto menor, melhor.


• A questão da PA habitual.
• Hipotensão e vagotonismo.
• Hipotensão como alarme.
Em que braço devo medir a PA?
• Deve-se medir a pressão arterial nos dois braços e nas pernas
também.
• A medida de PA nos quatro membros deve ser realizada pelo menos
na primeira consulta!
• Pode existir uma diferença de pressão entre os membros que
justificam uma investigação.
• Diferenças de PA entre os membros podem levar ao diagnóstico da
hipertensão.
Em que braço devo medir a PA?
• Considerar sempre a maior medida.
• Conceito do braço preferencial de medida: o de PA maior.
• The Lancet 2012: Diferença de pressão sistólica acima de 15
milímetros de mercúrio (mmHg) entre os dois braços está associada
ao maior risco de ter uma das artérias do braço parcialmente
obstruída.
• Diferenças de medida de PA entre os braços está associada a maior
risco de obstrução em outra artéria e a um aumento de 70% no risco
de morte por doença cardíaca.
Em que braço devo medir a PA?
• 7ª diretriz Brasileira de Hipertensão recomendação: A PA deve ser
medida nos braços mas, se houver suspeita de HAS secundária
(coarctação da aorta), a mediação deverá ser realizada nos membros
inferiores, utilizando manguitos apropriados.
• A diferença entre as pressões arteriais sistólica e diastólica aumenta
conforme se desloca distalmente na árvore arterial ( elevação da PAS
e redução da PAD).
• Deve-se proceder a uma investigação nos casos em que a medição da
pressão apresentar uma diferença superior a 10 mm Hg entre a
artéria braquial e poplítea.
Índice Tornozelo-braço
• Descrito originalmente por Winsor em 1950
Winsor T. Influence of arterial disease on the systolic blood pressure gradients of the extremity. Am J Med Sci.
1950;220:117–126.

• O índice tornozelo-braquial é uma prova semiológica importante no


diagnóstico da doença arterial obstrutiva periférica (DAOP) dos
membros inferiores.
• Este índice é calculado pela razão entre PAS braquial direita ou
esquerda (o maior valor) e a PAS maleolar tibial anterior ou tibial
posterior (o maior valor).
Índice Tornozelo-braço
• O ITB é um marcador de rigidez arterial em pacientes sem doença
arterial periférica.

• O ITB pode ser realizado com o uso do Doppler ou através do método


oscilométrico (os valores mensurados através de ambos as técnicas
têm uma boa correlação).
Índice Tornozelo-braço
• Uma metanálise publicada em 2008 demonstrou que ITB ≤ 0,90 foi
associado a aproximadamente o dobro de mortalidade idade-
ajustada em 10 anos, mortalidade CV e maior taxa de eventos
coronários.

• O uso do ITB resultou em uma reclassificação da categoria de risco CV


e uma modificação da terapêutica em 19% dos homens e 36% das
mulheres.
Índice Tornozelo-braço - ITB
• Avaliação da DAOP;
• Indicador de doença aterosclerótica em outros territórios;
• Marcardor prognóstico para eventos cardiovasculares.
• Valores normais de ITB variam entre 1,00 e 1,40;
• Pacientes com índice tornozelo-braquial <0.9 possuem mortalidade
3-6 vezes maior em 5 anos comparados com controles.
Arteriosclerose de Mönckeberg
• Também conhecida por esclerose calcificante medial;
• Afeta homens > 50 anos de idade;
• Consiste em degeneração da camada média associada a intensa
calcificação focal;
• Pode evoluir para formação semelhante a estrutura óssea da parede
arterial;
• Segmentos da artéria se tornam em tubo rijo sem obstrução do
lúmen.
Fatores que interferem no ITB
• Indivíduos de estatura elevada tendem a apresentar ITB’s maiores
que indivíduos mais baixos.
• Pacientes com DM ou IRC: prevalência de calcificação na camada
média das artérias da perna o que impede o colabamento com
insuflação do manguito pressórico e eleva falsamente o ITB.
• Neste caso, o índice deve ser calculado pela artéria do hálux, a qual
costuma ser preservada de calcificações.
AVALIAÇÃO CLÍNICA E COMPLEMENTAR
AVALIAÇÃO CLÍNICA E COMPLEMENTAR
AVALIAÇÃO CLÍNICA E COMPLEMENTAR
CRISE HIPERTENSIVA
• Os termos UH e EH surgiram como proposta para uma classificação
operacional de CH em 1993 pelo V Joint National Committee on
Detection Evaluation and Treatment of High Blood Pressure.
• As UH são situações clínicas sintomáticas em que há elevação
acentuada da PA (definida arbitrariamente como PAD ≥ 120 mmHg)
sem LOA aguda e progressiva.
• As EH são situações clínicas sintomáticas em que há elevação
acentuada da PA (definida arbitrariamente como PAD ≥ 120 mmHg)
com LOA aguda e progressiva
PSEUDOCRISE HIPERTENSIVA

• Pacientes com queixas de cefaleia, dor torácica atípica, dispneia,


estresse psicológico agudo e síndrome de pânico associados à PA
elevada não caracterizam UH ou EH, mas, na realidade, uma
pseudocrise hipertensiva.
• O tratamento deve ser otimização da medicação anti-hipertensiva e
conscientização da adesão ao tratamento.
CRISE HIPERTENSIVA
CRISE HIPERTENSIVA
CRISE HIPERTENSIVA EM CONDIÇÕES
ESPECIAIS

• Acidente vascular encefálico


• Síndromes coronarianas agudas
• Edema agudo de pulmão
• Dissecção aguda de aorta
• Uso de substâncias ilícitas
• Lesão renal aguda rapidamente progressiva
A questão das lesões em órgãos-alvo

• Câmaras cardíacas – HVE;


• Lesões de microvasculaturas
Retinopatia Hipertensiva

• Estreitamento arteriolar.
• Tortuosidade de vasos.
• Cruzamentos A-V patológicos:
✓Sinal de Salus.
✓Sinal de Gun
✓Sinal de Bonnet.
Retinopatia Hipertensiva
Estreitamento arteriolar difuso
Estreitamento de vasos
Estreitamento de vasos
Sinal de Salus
Retinopatia Hipertensiva Maligna

• Edema de papila do nervo óptico.


• Exsudatos algodonosos.
• Trombos e hemorragias
Retinopatia Hipertensiva Maligna
Não fique Hipertenso! Acabou nossa aula!

Obrigado
Prof. Gilvano Amorim

Email: gilvano.oliveira@puc-campinas.edu.br
Apêndice: noções de terapêutica
Prof. Gilvano Amorim

Email: gilvano.oliveira@puc-campinas.edu.br
TRATAMENTO NÃO-MEDICAMENTOSO
• Controle do Peso corporal.
• Padrão alimentar.
• Redução do consumo de sódio.
• Ácidos graxos insaturados.
• Café e chá verde.
• Atividade física/exercício físico.
• Cessação do tabagismo.
• Respiração lenta.
• Controle do estresse (laser, hobby, filantropia e atividades espirituais)
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO
Medicamento hipotensor ideal:
• Ter demonstrado a capacidade de reduzir a morbimortalidade CV;
• Ser eficaz por via oral;
• Ser bem tolerado;
• Poder ser usado no menor número de tomadas por dia;
• Ser iniciado com as menores doses efetivas;
• Poder ser usado em associação;
• Ser utilizado por um período mínimo de quatro semanas, antes de
modificações, salvo em situações especiais;
• Ter controle de qualidade em sua produção.
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO
▪ Diuréticos tiazídicos (clortalidona, hidroclorotiazida e indapamida).
▪ Agentes de ação central - alfa-agonistas de ação central em
receptores α2 com simpatoinibição (metildopa, clonidina,
guanabenzo e os inibidores dos receptores imidazolínicos
(moxonidina e rilmenidina).
▪ Betabloqueadores (propranolol, carvedilol, nebivolol).
▪ Alfabloqueadores - antagonistas competitivos dos α1 -receptores
pós-sinápticos, levando a redução da RVP (doxazosina, prazosina e
terazosina).
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO
▪ Vasodilatadores diretos (hidralazina, minoxidil).
▪ Bloqueadores dos canais de cálcio - diminuição da quantidade de
cálcio no interior das células musculares lisas das arteríolas, por
bloqueio dos canais de cálcio na membrana dessas células
(amlodipino, nifedipino, felodipino, nitrendipino, manidipino,
lercanidipino, levanlodipino, lacidipino, isradipino, nisoldipino,
nimodipino, verapamil diltiazen).
▪ Inibidores da enzima conversora da angiotensina (captopril,
enalapril).
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO

▪ Bloqueadores dos receptores AT1 da angiotensina II (losartana).

▪ Inibidores diretos da renina (Alisquireno)

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