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Processo Seletivo
,
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Sumário:
Acidente Cerebral Vascular Isquêmico …………………………………………………..3
Insuficiência Respiratória Aguda …………………………………………………………13
Hemorragia Digestiva Alta ………………………………………………………………...22
Hemorragia Digestiva Baixa ………………………………………………………………28
Síndrome Coronariana Aguda ……………………………………………………...….…31
Fibrilação Atrial ……………………………………………………………………………..40
Taquiarritmias …………………………………………………………………………….…42
Emergências Hipertensivas ……………………………………………………………….46
Choque e Sepse…………………………………………………………………………….52
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Este material foi produzido pelos acadêmicos membros da Liga Acadêmica de Medicina de
Emergência Intra-Hospitalar da Faculdade de Medicina da Universidade de Juiz de Fora,
entre 2021 e 2022. Tem como objetivo auxiliar no estudo para o processo seletivo da Liga,
e, deve ser complementado pelas outras referências recomendadas.
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Epidemiologia
O AVC é a terceira maior causa de anos de vida perdidos ajustados por incapacidade
(disability-adjusted life years) no mundo. Como será abordado adiante, o AVCi pode ser
provocado por múltiplos mecanismos.
Os fatores de risco mais importantes para a maioria dos AVCi são: hipertensão arterial
crônica, hipercolesterolemia, aterosclerose carotídea e fibrilação atrial.
Outros fatores predisponentes relevantes incluem: tabagismo, abuso de álcool, diabetes
mellitus, doença renal crônica, obesidade, doença arterial periférica, antecedente familiar ou
pessoal de infarto agudo do miocárdio e/ou acidente vascular cerebral isquêmico, e
antecedente familiar de morte súbita.
Tempo é cérebro
No atendimento ao paciente com AVCi, a avaliação e a tomada de decisão devem ser ágeis
e objetivas.
A isquemia de uma região encefálica vai comprometer irreversivelmente a função de uma
área central da isquemia. Mas haverá também uma área adjacente de “penumbra
isquêmica”, cuja função pode ser recuperada caso haja reperfusão tecidual. Com o passar
dos minutos, a área de penumbra vai se tornando inviável e se transforma em área de
isquemia plena, diminuindo a probabilidade de recuperação funcional do paciente após o
AVCi.
Dessa forma, a eficácia terapêutica das estratégias de reperfusão para o AVCi diminui com
o tempo. Quanto antes forem instituídas, melhor o prognóstico do paciente.
Devido a isso, a ASA (2019) recomenda algumas metas de tempo para a abordagem inicial
do AVCi:
- Em até 10 minutos após a admissão → primeiro atendimento médico.
- Em até 20 minutos → primeiro exame de imagem.
- Em até 45 minutos → interpretação do exame de imagem.
- Em até 60 minutos → administração da trombólise venosa.
- Após ser admitido no hospital, em até 3 horas, o paciente deve ter sido admitido na
unidade de AVC.
então é muito variável. É importante salientar que, nas fases iniciais do AVCi, a TC de
crânio pode não evidenciar ainda sinais de isquemia.
Exames de imagem
O exame de imagem do encéfalo é recomendado em toda suspeita de AVCi agudo e tem
como objetivos: excluir diagnósticos diferenciais (em particular o AVC hemorrágico);
identificar complicações do AVCi; e em casos selecionados, identificar os pacientes que
poderiam se beneficiar de trombectomia mecânica e/ou craniectomia descompressiva. Ele
deve ser realizado obrigatoriamente antes de a TEV ou a trombectomia mecânica serem
consideradas.
espontânea do paciente, mesmo que haja melhora parcial dos sintomas desde o momento
do ictus.
Apesar de ser uma terapia segura e recomendada, a TEV apresenta também riscos,
principalmente de hemorragia intracraniana sintomática e angioedema orolingual. Por isso,
recomenda-se obter termo de consentimento assinado pelo paciente e/ou responsável legal
sobre os riscos e benefícios da terapia.
Administração da alteplase
➔ Dose e administração: 0,9 mg/kg (no máximo de 90 mg). Administrar 10% de dose
em bolus de 1 min, e restante da dose ao longo de 60 min.
➔ Manter PA < 180 × 105 mmHg por 24 h.
➔ Cuidados em primeiras 24 h:
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Até 6h:
1) Idade >= 18 anos
2) ERm prévio de 0 a 1
a) ERm = Escala de Rankin modificada, explicada adiante
3) Oclusão de artéria carótida interna ou do segmento M1 de artéria cerebral média
4) NIHSS ≥ 6
5) ASPECTS ≥ 6
6) Tratamento pode ser iniciado em até 6h do último momento assintomático
Para os critérios 2, 3, 4 e 5: caso o paciente não tenha este critério, mas tenha os outros, o
benefício da TM é incerto, mas ela pode ser considerada.
Cuidados gerais
Objetivo: evitar a ocorrência de complicações clínicas e de maior estresse metabólico no
tecido cerebral em penumbra.
O controle da PA já foi mencionado ao longo do texto, mas é importante ressaltar que
hipotensão e hipovolemia devem ser sempre corrigidas para manter a perfusão sistêmica
necessária à função dos órgãos. Além disso, recomenda-se:
● Proteção de vias aéreas e suporte ventilatório devem ser considerados para
pacientes com rebaixamento significativo do nível de consciência ou para aqueles
com disfunção bulbar que comprometa a via aérea
● Manter saturação de oxigênio > 94%
● Evitar e tratar hipertermia (temperatura axilar > 38°C). Caso ela ocorra, investigar e
tratar possíveis focos de infecção
● Tratar hiperglicemia com alvo terapêutico de glicemia de 140 a 180 mg/dL. Evitar e
tratar a hipoglicemia
● Realizar rastreio para disfagia em todos os pacientes antes de introdução de dieta
oral. É preferível que o rastreio seja realizado por fonoaudiólogos ou outro
profissional de saúde treinado
● Caso seja considerado que o paciente não tem condições de receber dieta por via
oral, a dieta enteral deverá ser iniciada em até 7 dias após o ictus. É razoável iniciar
a administração da dieta por sonda nasoenteral e, posteriormente, realizar
gastrostomia percutânea para os pacientes que não se espera serem capazes de
receber dieta oral de forma segura por mais que 2 a 3 semanas após ictus
● É razoável a implementação de protocolos de higiene oral para reduzir o risco de
pneumonia após o AVCi
● Instituir profilaxia para doença trombótica venosa em pacientes com imobilidade, de
preferência com compressão pneumática intermitente
● Realizar rastreio para sintomas depressivos com instrumentos estruturados
● Instituir medidas para a prevenção de úlceras de estresse (mudança de decúbito
regular, higiene de pele, uso de colchões adequados) em indivíduos acamados e
vigiar o surgimento delas com escalas de risco apropriadas
● Direcionar pacientes e seus familiares para recursos de cuidados paliativos, quando
apropriado
● Evitar uso de rotina de sondas vesicais de demora, devido ao risco de infecções
urinárias relacionadas a esses dispositivos
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Critérios Pontuação
D2 - diabetes mellitus 1
● A capacidade de fornecer oxigênio aos tecidos é dada pela fórmula DO2 = CaO2 × Q,
sendo o CaO2 o conteúdo arterial de oxigênio (função principalmente da
hemoglobina e de sua saturação por oxigênio) e Q o débito cardíaco.
Avaliação da oxigenação:
Classificação:
3. Mista:
Etiologias:
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Quadro clínico:
Exames complementares:
Tratamento:
Clinicamente é caracterizada por vômitos com sangue ou “em borra de café”, hematêmese
franca ou melena (fezes escurecidas com um odor característico intenso). Até 11% dos
pacientes podem apresentar hematoquezia (mais incomum na HDA).
Etiologia e Fisiopatologia
Úlceras Pépticas
Esofagite Erosiva
Varizes Esofagogástricas
A hipertensão portal, que cursa com aumento de resistência e fluxo sanguíneo no sistema
porta, promove a formação de varizes esofágicas para compensar a circulação portal,
levando sangue à circulação sistêmica. O gradiente venoso-portal normal é de 1 a 5 mmHg,
para ocorrer a formação de varizes o gradiente passa de 10 mmHg.
50% dos pacientes com cirrose hepática, ao diagnóstico, apresentam varizes esofágicas.
Aproximadamente um terço dos pacientes com cirrose terão hemorragia varicosa e 70%
dos pacientes com hipertensão portal, que fazem HDA, têm as varizes esofágicas como
causa.
O risco de sangramento das varizes está relacionado ao seu tamanho, grau de disfunção
hepática e a presença de marcas vermelhas.
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● Úlcera péptica;
● Gastrite ou duodenite erosivas;
● Esofagite;
● Varizes esofagogástricas;
● Gastropatia portal hipertensiva;
● Angiodisplasias e telangiectasias;
● Mallory-Weiss;
● Úlceras de estresse;
● Lesão de Dieulafoy;
● Ectasia vascular gástrica;
● Fístula aortoentérica;
● Doença de Chron.
Clínica e Avaliação
Os sintomas da HDA incluem dor abdominal, anorexia, perda de peso, esforço, vômitos,
tosse intensa que precede a hematêmese (na Síndrome de Mallory-Weiss). Lembrando que
a hemorragia, em si, pode se apresentar com hematêmese, melena (mais comum) ou
hematoquezia.
Alguns dados da história importantes são HDA prévia, etilismo, infecção pelo vírus da
Hepatite C, síndrome dispéptica, uso de AAS, AINEs e anticoagulantes. Pacientes idosos
apresentam uma alta possibilidade de hemorragia digestiva.
Quantificação do Sangramento:
Exames Complementares
Caso não seja estabelecida a etiologia pela endoscopia, outros métodos incluem
cintilografia, arteriografia, enteroscopia e cápsula endoscópica.
Tratamento
O tratamento na EDA está indicado para achados de sangramento ativo, vaso visível não
sangrante e coágulo aderido.
Sinais endoscópicos de alto risco de sangramento (da esquerda para a direita): sangramento em jato,
vaso visível não sangrante (coto vascular visível), coágulo aderido (recente).
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Sinais endoscópicos de baixo risco de sangramento (da esquerda para a direita): mancha
pigmentada plana, base limpa.
Deve ser feito inibidores da bomba de prótons (IBP) intravenosos em altas doses na
admissão, associados à endoscopia. Para os pacientes que passam por hemostasia
endoscópica, o uso de IBP IV continua por 72 horas, seguido da troca para IBP oral.
Pacientes com baixo risco de ressangramento passam para IBP oral logo após a EDA.
Todos os pacientes com suspeita de HDA varicosa, passam por EDA. No tratamento
endoscópico, pode ser feita ligadura elástica para varizes esofágicas e para varizes
gástricas usa-se adesivos de tecido, como cianoacrilato. Lembrar sempre da possibilidade
de ressangramento, mesmo após a abordagem endoscópica.
Clinicamente, se caracteriza por hematoquezia (fezes com sangue vermelho vivo ou fezes
de cor vermelho-amarronzada), na maioria dos casos. A apresentação pode também ser
por melena (fezes escuras com odor característico), o que é mais comum em pacientes com
esvaziamento intestinal lentificado. Ou, ainda, pode não haver um sangramento clínico, mas
evidências de sangramento digestivo, por meio de uma pesquisa de sangue oculto nas
fezes positiva ou uma anemia.
Etiologia e fisiopatologia
● Doença diverticular
● Doença hemorroidária
● Colite isquêmica
● Doença Inflamatória intestinal
● Pós-polipectomia
● Neoplasia colônica maligna/pólipos
● Úlcera retal
● Ectasia vascular
● Colite ou proctite actínica
● Outras Causas
Clínica e Avaliação
Deve-se manter a conduta vigilante para sinais de hipovolemia e choque, com avaliação
dos sinais vitais e exame físico adequado. Pontos importantes ao exame físico são sinais de
choque, de doença hepática e de massas palpáveis.
O toque retal faz parte de um exame físico adequado para o caso e deve ser feito em todos
os pacientes, já que pode detectar o sangue nas fezes. A anuscopia também é essencial
por identificar sangramentos não alcançáveis ao toque e identificar a fonte de sangramento,
como no caso de hemorroidas.
● Instabilidade hemodinâmica
● Hematoquezia recorrente
● Sangue vivo no toque retal inicial
● Hematócrito inicial <35%
● Síncope
● Abdome não doloroso (preditivo de sangramento grave)
● Uso de AAS ou AINEs (preditivo de hemorragia diverticular)
● Mais de duas comorbidades clínicas
Exames complementares
Para pacientes com doença coronariana e maiores de 40 anos deve ser feito um
eletrocardiograma, por conta de uma possível isquemia silenciosa, secundária à perda de
sangue da HDB. Além disso podem ser indicadas radiografias de abdome para suspeita de
perfuração, obstrução ou corpos estranhos; radiografias torácicas para pacientes com
doença pulmonar conhecida ou achados anormais no exame pulmonar; tomografia
computadorizada de abdome para perfuração intestinal.
Tratamento
Pacientes instáveis que não podem aguardar o exame endoscópico podem seguir para
angiotomografia. A retossigmoidoscopia flexível também pode identificar fontes de
sangramentos mais distais. O tempo para realizar colonoscopia varia com diferentes
autores, alguns sugerem realização entre 12-24 horas de internação, outros relatam que a
colonoscopia tardia é apropriada em pacientes estáveis.
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Pacientes que a fonte de sangramento foi localizada, sem comorbidades significativas, sem
coagulopatias, menores de 60 anos, com sinais vitais normais e que não apresentam
sangue vermelho vivo ou melena no toque retal podem fazer tratamento ambulatorial. Por
outro lado, pacientes instáveis ou com sangramento ativo podem ser internados em unidade
de terapia intensiva.
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Etiologia
Em relação à etiologia, a principal etiologia da SCA é a aterotrombose. Nesses
casos a SCA em geral é desencadeada por uma instabilização da placa de ateroma, sendo
que esta placa pode se apresentar instável por meio de três mecanismos fisiopatológicos:
● Ruptura de placa
● Erosão de placa
● Exposição de nódulo calcificado
Em se tratando de IAMSST o principal mecanismo é a ruptura de placa, com a
ocorrência de um infarto transmural por oclusão total do vaso coronário. Já na SCASSST, o
principal mecanismo fisiopatológico é a erosão da placa (48%), seguido da ruptura de
placa (32%) e de nódulo calcificado (20%). Na SCASSST ocorre uma desvitalização
tecidual não transmural, pois a coronária encontra-se subocluída ou mesmo ocluída com a
presença de colaterais. Em relação à angina instável, há um desequilíbrio entre a oferta e a
demanda do músculo cardíaco por oxigênio, a qual, contudo, não é suficiente para levar à
necrose dos cardiomiócitos. A angina instável pode ser definida por pelo menos uma das
seguintes características:
- Ocorre em repouso (ou mínimo esforço), com duração em geral de 20
minutos se não for interrompida por nitrato)
- Ser grave, descrita como dor franca
- Ocorre “em crescendo” - dor com cada vez menos esforço, cada vez pior,
passando a acordar o paciente
Epidemiologia
Em relação a epidemiologia, ⅔ das SCA são angina instável ou IAMSSST, enquanto
⅓ ocorre por IAMSST.
Para um raciocínio esquemático pode-se dizer que a SCA é composta por entidades
distintas de fisiopatologia semelhantes. Em todos os casos é preciso agir de modo rápido e
eficaz. As SCA têm o mesmo tratamento farmacológico básico, porém as condutas com
relação às intervenções são diferentes.
- Este tipo de SCA, como dito - Este tipo de SCA ocorre por
anteriormente, resulta de uma oclusão total aguda de uma
suboclusão do lúmen coronário (ou coronária por trombo rico em
oclusão total com perfusão fibrina e hemácias (“trombo
colateral) e inclui dois diagnósticos, vermelho”).
o IAM sem supra de ST e a angina
instável.
- Assim, a patogênese envolvida é
um trombo suboculsivo com
(IAMSSST) ou sem (Angina
Instável) necrose associada.
A abordagem é feita então através de uma história e exame físicos dirigidos. O exame
físico, contudo, tem poucos achados em pacientes com suspeita de SCASSST. Ele está
alterado diante de fatores de maior gravidade como edema agudo de pulmão, complicação
mecânica ou choque. O exame físico deverá dar ênfase aos sinais vitais e a ausculta
cardiorrespiratória.
Eletrocardiograma:
● Diante de suspeita de SCA, o ECG deve ser feito e interpretado em até 10 minutos.
● O ECG é o dado que permite a distinção entre a SCA com supradesnivelamento do
segmento ST das SCA sem supradesnivelamento do segmento ST. Essa
diferenciação é importantíssima pois de acordo com diagnóstico estabelecido, as
condutas serão definidas e, a intervenção na SCASST é diferente da intervenção na
SCASSST. Sendo que na SCASST o tempo é crucial.
Fatores de risco:
● Idade ≥ 65 anos
● Presença de pelo menos três fatores de risco para coronariopatia
● Estenose coronária≥ 50%, previamente documentada
● Infradesnivelamento de segmento ST ≥ 0,05 mV no ECG
admissional
● Pelo menos dois episódios anginosos nas 24h prévias
● Uso de AAS nos sete dias prévios
● Elevação dos MNM (troponina I ou T ou CK-MB)
Cada item soma 1 ponto
A realização ou não de intervenção invasiva, será definida segundo o risco que foi
estratificado
Estratégia invasiva imediata (arteriografia e revascularização dentro de 2 horas):
angina refratária; sinais ou sintomas de insuficiência cardíaca ou regurgitação mitral nova
ou que piorou; instabilidade hemodinâmica; angina recorrente ou isquemia em repouso ou
com pequena atividade, apesar da terapia otimizada; TV sustentada ou FV.
Estratégia conservadora: para pacientes com baixo risco, ou com dúvida sobre a
origem dos sintomas. Inclui intensificação da terapia medicamentosa com realização de
teste de estresse pré-alta, ou, atualmente, angioTC de coronárias. A avaliação invasiva
por cateterismo cardíaco, seria necessária naqueles pacientes com sintomas importantes
ou evidência de isquemia. Pacientes portadores de comorbidades graves também podem
se encaixar nesse grupo, bem como os que optem pela abordagem conservadores
quando devidamente orientados.
● Terapia medicamentosa:
Antiplaquetários: todos os pacientes com SCA, logo após a admissão devem
receber AAS VO (150-300 mg) seguido de 100 mg VO 1x/dia. Associado a AAS, em terapia
dupla antiplaquetária, deve-se incluir um inibidor do receptor de ADP P2Y21 (Clopidogrel,
Prasugrel ou Ticagrelor.
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■ Fibrinolíticos
○ Como decidir entre as duas formas de terapia de reperfusão? A angioplastia
é sempre preferível em relação ao uso de fibrinolíticos, mas nem sempre
está disponível e existe um tempo limite para a realização da angioplastia,
chamado de tempo porta-balão:
■ 90 minutos desde o primeiro contato médico (ou seja, se o
atendimento for num centro com possibilidade de realização da
angioplastia)
■ 120 minutos desde o primeiro contato médico, se o atendimento
inicial for em um local sem angioplastia em que é possível transferir o
paciente em tempo hábil a uma unidade que dispõe deste recurso.
Caso nenhuma das opções acima seja possível (exemplo: paciente já está
em atendimento há 20 minutos, na unidade em questão não é possível
realizar angioplastia e a unidade mais próxima fica a 3 horas de distância) a
terapia de reperfusão de escolha será o fibrinolítico:
○ Deverá ser iniciado em não mais do que 30 minutos da chegada à unidade
(tempo porta-agulha).
○ Atentar para as contraindicações ao uso do fibrinolítico.
● Angioplastia:
○ Reabertura mecânica da coronária recém ocluída. É feita sempre com stent
(metálico ou farmacológico).
○ Ela pode ser indicada quando houver 12-24 horas de sintomas caso o
paciente tenha evidência clínica ou eletrocardiográfica de isquemia
persistente. No choque cardiogênico ou insuficiência cardíaca grave a
angioplastia está indicada independentemente do tempo decorrido desde a
apresentação do infarto.
● Trombolítico / Fibrinolítico venoso:
○ Se o trombolítico for contraindicado a angioplastia volta a ser a terapia de
escolha
○ Existem dois tipos de trombolíticos
■ Fibrina-inespecíficos: estreptoquinase
■ Fibrina-específico: tenecteplase, alteplase, reteplase. O uso deste tipo
é preferível. A tenecteplase é o único fibrinolítico disponível para uso
em bolus (associada a menor taxa de sangramentos não cerebrais e
menor necessidade de transfusão sanguínea). Por isso, a
tenecteplase é considerada o fibrinolítico de escolha no cenário
pré-hospitalar
○ Idealmente deve-se realizar a coronariografia em todos os pacientes
submetidos à terapia de reperfusão com fibrinolíticos para garantir que houve
a recanalização do vaso. Alguns critérios são utilizados para verificar a
reperfusão de forma indireta (critérios de reperfusão):
■ Melhora súbita da dor
■ Redução do supra de ST > 50%
■ Pico precoce dos MNM
■ Arritmia de reperfusão, sendo a principal o ritmo idioventricular
acelerado
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Fibrilação Atrial
A FA é a arritmia mais prevalente no departamento de emergência (DE). A sístole atrial
contribui pouco para a fração de ejeção em condições normais, no entanto em pacientes
críticos sua perda pode desencadear ou exacerbar uma insuficiência cardíaca, devendo
sempre nos atentarmos a sinais e sintomas de alarme (instabilidade hemodinâmica,
isquemia ou evidência de pré-excitação). Grande parte dos pacientes é assintomático (FA
silenciosa), sendo o primeiro sintoma uma complicação, e para dificultar ainda mais
estratégias de rastreio não costumam ser eficazes.
ECG Na FA
A FA também pode apresentar ondas f, que podem ser finas ou grosseiras e simularem
ondas de flutter atrial. No entanto, na FA as ondas f são de formato aleatório sem enlace
entre elas e o disparo do complexo QRS, enquanto no flutter ou na taquicardia paroxística
atrial a atividade atrial é regular, existindo uma relação AV fixa (2:1 ou 3:2 ou 3:1).
Exames Complementares
A FA pode estar relacionada a algum fator predisponente, sendo a exclusão desses fatores
essencial para o diagnóstico, sendo importante realizar-se além do ECG alguns outros
exames: exame físico detalhado (delimitando tempo de instalação, sendo a marca de 48h
importante), Ecocardiograma (avaliar tamanho AE, função ventricular, trombos e
valvulopatias), RX tórax (edema pulmonar ou infecção associada), Hemograma, função
tireoideana, troponinas, BNP, eletrólitos, função renal e coagulograma.
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Diagnósticos Diferenciais
Tratamento da FA
Sempre que a FA é secundária o tratamento é tratar a causa primária. Nos demais casos
pode-se optar pelo controle de ritmo ou da frequência. O objetivo do tratamento de uma FA
recém diagnosticada é controlar os sintomas, não havendo diferença na taxa de mortalidade
entre as duas estratégias, sendo assim devemos levar em consideração alguns fatores que
podem determinar o tratamento.
Situações com baixa taxa de sucesso da cardioversão: FA há >1 ano, aumento importante
do AE (diâmetro >6cm ou volume >48 mL/m²), recorrência de FA apesar de tratamento
farmacológico adequado e cardioversão recente, condições predisponentes não
solucionadas.
Controle da FC
Em pacientes com Fração de Ejeção maior ou igual a 40% tanto beta-bloqueadores quanto
bloqueadores dos canais de cálcio são adequados. Em paciente que tem resposta
adequada, mas mantém a taquicardia pode-se associar a digoxina.
Em pacientes com Fração de ejeção menor que 40% a droga inicial de escolha é a
amiodarona.
Controle do Ritmo
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Anticoagulação
A FA está associada a maior risco de AVC e a piores desfechos também, sendo assim é
importante estratificar os pacientes de acordo com o escore CHA2-DS2-VASc, sendo que
um escore maior ou igual a 2 para homens ou 3 para mulheres indica necessidade de
anticoagulação. A anticoagluação pode ser realizada com inibidores do fator Xa, inibidores
da trombina ou varfarina. Vale ressaltar que pacientes que possuam prótese valvar
mecânica tem indicação de anticoagulação com varfarina e portanto não precisam ser
estratificados.
Taquiarritmias
Os principais mecanismos das taquiarritmias são automatismo aumentado, circuitos de
reentrada ou atividade deflagrada
Quadro clínico das taquiarritmias tem como principal manifestação: mal-estar inespecífico,
dor torácica, dispneia, palpitações (importante definir duração, início e entrada e saída do
episódio), alterações do nível de consciência e hipotensão. Sinais e sintomas de
instabilidade que indicam tratamento imediato com cardioversão elétrica são: hipotensão ou
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choque, rebaixamento do nível de consciência, dor precordial e/ou IC com edema agudo de
pulmão
Ao analisar o ECG de um paciente com taquiarritmia devemos observar 3 fatores: QRS está
estreio ou largo?, O ritmo é regular ou irregular? e existe onda p? se existe qual a relação
com o QRS?
QRS LARGO: FC >100bpm e duração do QRS>120ms, na maioria das vezes os ritmos são
ventriculares e geralmente geram instabilidade hemodinâmica. Como a estabilidade clínica
não diferencia TV de TSV com aberrância existem critérios que podem facilitar essa
diferenciação aumentando a chance de ser TV, são eles: cardiomiopatias, dissociação AV e
batimentos de fusão, Critérios de Pava, presença de BAV de primeiro grau em ECG prévio e
presença de bloqueio de ramo em ECG prévio com mesma morfologia no ECG da
taquiarritmia.
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Taquicardias
Taquicardia sinusal
Tratamento: em casos de TRN estável pode ser realizado por manobras vagais, caso não
solucione o tratamento pode ser realizado com administração de adenosina em bolus de
6mg da droga com 20ml de soro fisiológico (este tratamento trás grande desconforto ao
paciente, levando a sensação de morte iminente em alguns casos), outra possibilidade para
pacientes jovens ou paciente sem cardiomiopatia estrutural é administração endovenosa de
bloqueadores do canal de cálcio (revertem a reentrada sem o desconforto da adenosina).
Se não houver reversão da taquiarritmia assume-se que se trata de um mecanismo por
automatismo ou reentrada que não envolva nó AV (FA, flutter, etc), devendo então ser feito
o controle da FC
Taquicardia atrial
Emergências Hipertensivas
A elevação da pressão arterial é uma demanda comum em pronto-atendimentos e engloba
desde o mau controle até as emergências hipertensivas.
No Brasil são 0,4-0,6% dos atendimentos
● Fisiopatologia:
Não é totalmente elucidado. O início súbito indica algum mecanismo gatilho:
Mecanismo Gatilho > Estresse mecânico > Lesão endotelial > Inflamação e deposição de
fibrina > isquemia tecidual
> Renina Angiotensina Aldosterona > Vasoconstrição.
UH: típicamente PAS ≥ 180 mmHg E PAD ≥ 120 mmHg sem LOA.
>> Esse conceito não existe em alguns guidelines.
EH: Típicamente PAS ≥ 180 mmHg E PAD ≥ 120 mmHg, com LOA aguda ou piora de
LOA crônica.
>>Pode existir LOA associados a valores pressóricos <180/120 mmHg
● Avaliação Clínica:
○ Avaliação inicial
■ Aferição da Pressão:
● deve ser realizada nos dois braços e eventualmente nos
quatro membros.
● Buscar fatores desencadeantes:
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● ansiedade,
Situações que podem desencadear o ● dor,
aumento do PA ● sal,
● comorbidades,
● fármacos anti-hipertensivos
● Anti-inflamatórios,
Fatores que podem desencadear aumento ● Corticoides,
da PA ● Simpaticomiméticos,
● Álcool,
● Uso de drogas ilícitas (sobretudo
cocaína)
A fundoscopia, bem como o USG de nervo óptico, é um exame que assiste esta avaliação -
nem sempre utilizada pode sugerir achados de retinopatia hipertensiva aguda.
Grau 0: normal.
Apesar de útil, a fundoscopia com alterações pode estar negativa em até 30% dos casos
de pacientes com quadros clinicamente evidentes de EH’s. Logo, apesar desta, deve-se
sempre pesquisar por os sinais/sintomas listados abaixo:
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● Exames Complementares:
○ UH’s
■ Nos casos de UH’s não há indicação formal para exames
complementares, sua indicação muitas vezes aumenta o custo e
tempo do paciente no hospital sem alterar a conduta.
○ EH’s:
■ Sempre indicados para avaliação inicial:
Hemograma
Eletrólitos e EAS
● Exames de Imagem:
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● Urgências Hipertensivas:
○ Importante verificar:
■ Se possui diagnóstico de HAS
■ Se faz tratamento para HAS
As EH’s são divididas pelo Órgão Alvo/Sistemas e a pesquisa é orientada por sinais e
sintomas que competem a cada um destes.
● Encefalopatia Hipertensiva:
○ Quadro característico das EH;
○ PA ultrapassa os limiares do mecanismo de autorregulação cerebral >
extravasamento de plasma > edema cerebral difuso.
○ Sinais/sintomas neurológicos [geralmente NÃO FOCAIS], como cefaleia,
náuseas, vômitos, confusão mental, convulsões, letargia e coma.
○ Dx DE EXCLUSÃO, frente outras afecções do SNC > DEVE-SE REALIZAR
TC DE CRÂNIO para descartar AVE.
■ Achados na TC de Crânio que sugerem Encefalopatia Hipertensiva:
Edema cerebral difuso, edema de substância branca na região parieto
occipital (melhor visualizado na RM).
○ Marcada pela melhora do quadro quando há redução de 10-15% na PAM.
○ Tratamento:
■ Nitroprussiato de Sódio (EV)
■ Após controle da PA trocar por drogas orais, Captopril ou anlodipino.
■ Fenitoína se houver convulsão.
■ Meta Pressórica
● Reduzir 10-15% na primeira hora e NO MÁXIMO em 25% no
primeiro dia;
[O manejo dos pacientes com essas EH’s envolve mais do que alcançar a meta pressórica,
mas não serão abordados nesse momento]
Choque
Definição
Choque é uma síndrome clínica caracterizada pela incapacidade do sistema circulatório de
suprir as demandas metabólicas (por oferta inadequada de oxigênio ou por demanda
tecidual aumentada).
Etiologia:
Existem 4 mecanismos de choque (serão discutidos posteriormente):
- Distributivo
-Cardiogênico
-Hipovolêmico
-Obstrutivo
Fisiopatologia do Choque
Para relembrar a fisiopatologia do choque, precisamos pontuar as etapas que permitem que
o sistema circulatório forneça oxigênio para os tecidos:
1-Difusão de oxigênio dos pulmões para o sangue
2- Ligação do oxigênio à hemoglobina
3- Transporte do oxigênio pelo débito cardíaco
4- Difusão de oxigênio para a mitocôndria
Etapa 1:
O oxigênio inspirado para os pulmões irá se difundir para o sangue capilar pulmonar. A
quantidade de O2 que é transferida irá depender da relação ventilação perfusão e da FiO2
(que é a concentração de oxigênio inspirado)
Etapa 2:
O oxigênio se liga à hemoglobina para ser transportado (essa é a maneira que nosso
organismo transporta 98% do oxigênio que utilizamos). A afinidade da hemoglobina por O2
sofre influência de alguns fatores (exemplo: redução do pH, aumento da concentração de
CO2). Lembre-se, então, que choque é uma síndrome de hipoperfusão tecidual, logo essa
hipoperfusão irá gerar um acúmulo de CO2 (produzido pelos tecidos) no sangue, e
consequente redução do pH. Assim, estados de choque podem gerar uma queda na
afinidade hemoglobina-O2 e uma queda na Sp02.
Etapa 3:
A oferta de O2 aos tecidos (ineficiente no estado do choque) dependerá basicamente de 2
fatores: conteúdo de oxigênio no sangue (CaO2) e do débito cardíaco (DC)
Oferta de oxigênio = CaO2 x DC x 10
As duas principais variáveis que influenciam o conteúdo arterial de O2 são hemoglobina e
sua saturação (Sat art 02)
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Logo, situações em que haverá queda do DC, como em uma hemorragia pós trauma,
podem causar síndrome de hipoperfusão tecidual (incapacidade do sistema circulatório de
fornecer 02 adequadamente).
Etapa 4:
O O2 sanguíneo deve ser transportado do sangue para os tecidos para que então seja
utilizado pelas mitocôndrias.
Diagnóstico de choque:
O diagnóstico deve ser feito baseado em critérios clínicos, hemodinâmicos e laboratoriais.
Todos esses achados são consequências da hipoperfusão tecidual.
Critérios clínicos (3 janelas de perfusão tecidual):
- Pele: fria, úmida, cianose palidez, tempo de enchimento capilar aumentado; mottling de
joelhos
-Rim: débito urinário < 0,5 ml/kg/h
- Sistema Nervoso Central: estado mental alterado
Critérios hemodinâmicos:
- Hipotensão arterial: geralmente presente no choque, mas pode estar ausente,
principalmente em pacientes hipertensos prévios.
Critérios laboratoriais:
- Hiperlactatemia: lactato sérico > 1,5 mmol/L é muito sugestivo para choque
Obs: Não há consenso a respeito de critérios para diagnóstico de choque. Deve-se avaliar
todos os parâmetros citados acima par se obter uma maior acurácia diagnóstica.
Principais parâmetros avaliados para se fazer diagnóstico de choque:
-PA média
-Débito urinário
-Nível de consciência
-Tempo de enchimento capilar
-Sinais de baixa perfusão de pelo e mottling
-Lactato sérico, pH arterial
Mecanismos de Choque
1- Choque Hipovolêmico:
Tipo de choque mais prevalente no cenário das emergências hospitalares
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2- Choque cardiogênico:
Causado por redução do DC cardíaco devido à falência da bomba cardíaca (coração
incapaz de gerar débito cardíaco adequado)
Exemplo de etiologias: IAM (gerando necrose miocárdica, redução da força de
contração e do DC, taqui e bradiarritmias que causem redução de DC, valvopatias,
entre outras.
3- Choque distributivo:
Tipo de choque mais comum nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Em média, 1
a cada 3 pacientes em UTIs no Brasil estão em choque séptico (que é o principal tipo de
choque distributivo)
Choque distributivo é aquele caracterizado por intensa vasodilatação periférica e
queda da resistência vascular sistêmica (RVS)
Alguns exemplos:
-Choque séptico: causado por uma resposta desregulado do hospedeiro à uma infecção,
gerando um estado inflamatório que gera queda da RVS e disfunção orgânica. Mortalidade
estimada: 40 a 50%. Esse tópico será melhor discutido no capítulo ´´Sepse``.
-Choque anafilático: mecanismos alérgicos imunológicos (por exemplo, IgE mediado) ou
não imunológicos (exemplo: frio) levam a degranulação de mastócitos e/ou basófilos,
gerando vasodilatação sistêmica e choque
4- Choque obstrutivo
É causado por causas extra cardíacas (obstruções) que fazem com que o DC reduza
Alguns exemplos:
-TEP: o Ventrículo direito (VD) falha pois é incapaz de gerar pressão suficiente para
superar a alta resistência vascular pulmonar. Assim, o VD ejeta menos sangue para o
ventrículo esquerdo, o que irá gerar uma queda no DC.
-Pneumotórax Hipertensivo: o ar que passa a ocupar o espaço pleural desloca o
mediastino contralateralmente, e por compressão de vasos, ocorre uma redução do retorno
venoso (logo, causa redução da pré-carga, o que reduz o DC)
Tratamento do Choque:
Os objetivos do tratamento do choque são manter o paciente estável (suporte
hemodinâmico e ventilatório) enquanto é investigada a causa do choque para então trata-la
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(por exemplo, dar antibióticos para tratar um choque séptico, trombolítico para choque por
TEP, etc).
Ressuscitação Volêmica:
Visa aumentar o fluxo sanguíneo microvascular e o DC, sendo parte essencial no
tratamento da maioria dos tipos de choque.
Soluções Cristaloides (Soro fisiológico, Ringer Lactato e Plasma Lyte) são primeira escolha
obs: vários ensaios clínicos falharam em mostrar superioridade dos coloides em relação aos
cristaloides. Logo, devido ao alto custo dos Coloides, a primeira escolha para reposição
permanece sendo soluções cristaloides.
Como saber a quantidade de volume repor em um paciente com choque?
´´leg raising``: melhor estratégia para definir se há necessidade adicional de volume em
paciente não intubado e sem cateter de PA invasiva. Com a cabeceira a 0 graus, eleva-se
as pernas do paciente a 35 graus: se essa manobra gerar um aumento de pelo menos 15%
no DC (que deve ser aferido com USG ou ecocardiograma), o paciente suporta receber
mais uma alíquota (250 a 500ml) de volume. Caso contrário, deve-se interromper a
reposição de volume (evitando uma sobrecarga de volume).
Drogas Vasoativas:
Noradrenalina: vasopressor com ação em receptores alfa-1 (principalmente), aumentando a
RVP. Será a primeira escolha na maior parte dos choques
Exceções:
Choque anafilático: adrenalina é a primeira escolha
Choque cardiogênico: dobutamina é a primeira escolha
Vasopressina: age em receptores V1, segunda droga a ser utilizada no choque séptico
(após falha da noradrenalina), quando paciente apresenta débito cardíaco normal (se ele
apresentar depressão miocárdica associada ao choque séptico, a segunda droga a ser
indicada passa a ser a dobutamina).
Dobutamina: atua em receptores B1 e B2, sendo agente inotrópico para aumentar o DC.
Indicada em choque cardiogênico e choque séptico com disfunção miocárdica. Devido ao
efeito B2 (vasodilatador), pode haver uma queda indesejada da pressão arterial média
(PAM), apesar do efeito inotrópico positivo (que tende a aumentar a PAM). Assim, deve-se
ter cautela em iniciar dobutamina para pacientes com Pressão Arterial Sistólica (PAS)
menor que 90 mmHg, sendo indicado iniciá-la juntamente com noradrenalina nesses casos.
Obs: além da administração de dobutamina no choque cardiogênico, pode-se tentar
também utilizar drogas que reduzem a pós carga para facilitar o funcionamento da bomba
cardíaca (mais usadas: nitroprussiato de sódio e nitroglicerina). Entretanto, como essas
drogas também causam hipotensão, deve-se utilizá-las com uma pressão minimamente
segura, em geral PAS maior que 90 mmHg.
Nitroglicerina: pode ser utilizada com cautela (pois causa hipotensão) em contexto de
choque cardiogênico por isquemia miocárdica ou Insuficiência Cardíaca descompensada,
pois reduz pré e pós carga e também gera vasodilatação do leito coronariano.
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Sepse
Definição de sepse
Resposta inflamatória desregulada a uma infecção, levando a disfunção de órgãos e
sistemas, ameaçando a vida. É uma inflamação intravascular descontrolada (a resposta i
nflamatória se torna sistêmica, e não apenas restrita ao foco de infecção), que pode levar a
lesão celular e à disfunção orgânica.
Obs: essa disfunção orgânica é quantificada pelo escore SOFA (será explicado
posteriormente).
Obs: após essa nova definição de sepse, o termo ´´sepse grave`` cai por terra, já que é
redundante (toda sepse é grave).
Diagnóstico de Sepse:
Infecção suspeita ou confirmada + Aumento de 2 ou mais pontos no escore SOFA
O escore SOFA avalia a função dos principais sistemas de um indivíduo. SOFA = 0 significa
funcionamento normal do sistema, e a medida que esse valor aumenta (até um valor
máximo de 5), mais prejudicado está o funcionamento do sistema. Assim, definiu-se que
para que seja considerado sepse é necessário que a soma das variações dos valores de
SOFA de cada sistema (variação pré e pós infecção) seja maior ou igual a 2. Caso não se
saiba o escore SOFA basal do paciente (pré-infecção) considera-se igual a 0
(funcionamento normal dos sistemas)
Obs: embora o SOFA constitua um escore útil para caracterizar a sepse
epidemiologicamente, à beira leito não se deve esperar o paciente ´´se enquadrar`` nos
critérios diagnósticos de sepse para prontamente iniciar o tratamento contra a infecção. Na
prática, qualquer infecção aliada a qualquer indício de disfunção orgânica deve ser tratada
como sepse e, portanto, tratada o quanto antes.
Tratamento da Sepse:
1- Antibioticoterapia precoce:
É uma das principais medidas terapêuticas na sepse, de forma que essa administração
precoce reduz consideravelmente a mortalidade (para tanto, faz-se necessário a rápida
identificação de um paciente possivelmente séptico para o início precoce da
antibioticoterapia).
Exames de imagem podem ser úteis na identificação do foco infeccioso e, portanto, auxiliar
na escolha do tipo de antibiótico mais adequado para o tratamento.
É necessário que sejam solicitadas pelo menos duas hemoculturas. A espera do resultado
dessas e da possível cultura realizada de outro determinado foco não deve atrasar a
antibioticoterapia, que pode ser iniciada empiricamente e modificada posteriormente se
necessário.
2- Estabilização hemodinâmica:
Para pacientes com hipoperfusão (PAM baixa ou lactato alto) recomenda-se a ressuscitação
volêmica com cristaloides, 30 ml/kg em 3 horas. O alvo de PAM em um paciente com
choque séptico é 65 mmhg.
Obs: essa quantidade é uma referência a ser utilizada, principalmente, em hospitais com
menos recursos, sendo que melhora dos parâmetros clínico-hemodinâmicos do paciente e
ausência de congestão pulmonar devem ser avaliadas antes e após cada bolus (essa
avaliação é feita para verificar se o paciente pode receber mais volume). Em grandes
centros, a quantidade de fluido administrada, idealmente, deve ser calculada com base na
fluidoresponsividade (se o paciente que recebe uma alíquota de volume consegue aumentar
pelo menos 15% do débito cardíaco com a manobra de elevação passiva das pernas ele é
considerado fluidoresponsivo e suporta, portanto, receber mais uma alíquota de volume).
3- Suporte às disfunções:
Muitas vezes, será necessário fornecer terapia de suporte às disfunções orgânicas do
paciente séptico. Alguns exemplos que poderiam ser citados: hemodiálise se falência renal;
Intubação Orotraqueal se necessário após insuficiência respiratória; etc.
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Referência Bibliográficas:
Medicina de emergência : abordagem prática / editores Irineu Tadeu Velasco, et al. - 14. ed.,
rev., atual. e ampl. - Barueri [SP] : Manole, 2020.