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Síndrome metabólica
Conceito
A Síndrome metabólica é um transtorno complexo representado por um conjunto de fatores
de risco cardiovasculares, de origem metabólica, usualmente relacionados à deposição
central de gordura e à resistência à insulina.
São considerados como fatores de risco metabólicos: dislipidemia aterogênica
(hipertrigliceridemia, níveis elevados de apolipoproteína B, partículas de LDL-colesterol
pequenas e densas e níveis baixos de HDL-colesterol), hipertensão arterial, hiperglicemia e
um estado pró-inflamatório e pró-trombótico.
A síndrome metabólica ocorre quando estão presentes três dos cincos componentes:
-Obesidade abdominal
-Hipertrigliceridemia
-Baixo HDL
-Hipertensão
-Glicemia em jejum alterada ou diabetes
Diagnóstico
1- História clínica: idade, tabagismo, prática de atividade física, história pregressa de
hipertensão, diabetes, diabetes gestacional, doença arterial coronariana, acidente
vascular encefálico, síndrome de ovários policísticos (SOP), doença hepática
gordurosa não alcoólica, hiperuricemia, história familiar de hipertensão, diabetes e
doença cardiovascular, uso de medicamentos hiperglicemiantes (corticosteróides,
betabloqueadores, diuréticos).
2- Exame físico:
Medida da circunferência abdominal: é feita na metade da distância entre a crista ilíaca
e o rebordo costal inferior. Para documentar a obesidade abdominal.
Níveis de pressão arterial: deve-se aferir no mínimo duas medidas da pressão por
consulta, na posição sentada, após cinco minutos de repouso.
Peso e altura: para calcular o IMC, para avaliar obesidade.
Exame da pele: para pesquisa de acantose nigricans. Examinar pescoço e dobras
cutâneas.
Exame cardiovascular.
Medida no consultório
A PA deve ser incialmente medida nos dois braços, caso ocorra uma diferença > 15mmHg
da PAS entre os braços, há o aumento do risco cardiovascular.
Medida fora consultório
A PA fora do consultório pode ser obtida através da MAPA ou da MRPA.
Hipertensão do avental branco e hipertensão mascarada
Define-se a normotensão verdadeira (NV) como as medidas da PA no consultório e fora do
consultório normais, a HA sustentada (HS) quando ambas são anormais, a HAB (hipertensão
do avental branco) quando a PA é elevada no consultório, mas é normal fora dele, e HM
(hipertensão mascarada) quando a PA é normal no consultório, mas é elevada fora dele.
A pesquisa com MAPA ou MRPA de HA do avental branco é mais comum,
particularmente nas seguintes situações:
- HA estágio 1 no consultório
- Elevação acentuada da PA no consultório, com ausência de LOA
A pesquisa com MAPA ou MRPA de HA mascarada é mais comum, particularmente
nas seguintes situações:
- Pré-Hipertensão no consultório
- PA normal no consultório em pacientes com LOA ou com alto risco CV.
Diagnóstico:
Classificação da HAS
Exames iniciais
Os exames complementares de rotina vão servir para analisar se o paciente está com
lesão em órgão alvo (LOA)
Creatinina: serve para avaliar a função renal, se tiver elevada no sangue significa que os rins
não estão conseguindo eliminar direito.
Potássio: quanto mais potássio tenho mais sódio perco através da urina, ajuda a abaixar a
pressão arterial.
Glicemia e hemoglobina glicada (HbA1c): diabetes é fator de risco para a HAS.
Ácido úrico: serve para avaliar função renal.
Exames complementares
A classificação do risco CV depende dos níveis da PA, FRCV associados, presença de lesões em órgãos-alvo
(LOA), que são lesões estruturais e/ou funcionais decorrentes da HA em vasos, coração, cérebro, rins e
retina, e/ou da existência de DCV ou doença renal estabelecidas. Logo, diferentes escores foram
desenvolvidos e vêm sendo aplicados para classificar aqueles pacientes hipertensos em baixo, moderado e
alto risco CV. Assim, devem ser procurados: a) os FR coexistentes na HA; b) as LOA; c) a presença de DCV e
renal estabelecida.
Escore de Framingham
Através do escore é possível identificar, por sexo e faixa etária, sabendo-se o valor da
pressão arterial sistólica, do colesterol total, da fração HDL do colesterol, do diagnóstico
de diabetes e do conhecimento sobre hábito tabágico, o risco de desenvolvimento de
doença coronariana na próxima década de vida (10 anos). Mais pontos = Mais risco.
Tratamento farmacológico
- O tratamento medicamentoso da hipertensão arterial na síndrome metabólica tem como
objetivo reduzir a morbidade e a mortalidade cardiovascular e renal, além de prevenir o
agravamento metabólico. Esses benefícios podem ser alcançados em pacientes tratados com
diuréticos, inibidores adrenérgicos, inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA),
antagonistas do receptor AT1 da angiotensina II (BRA), antagonistas de canais de cálcio e
vasodilatadores diretos.
- Sendo a síndrome metabólica constituída de inúmeros fatores de risco cardiovascular, deve-
se considerar o tratamento farmacológico da hipertensão arterial nela presente a partir de
140/90mmHg ou 130/85mmHg na presença de diabetes mellitus.
- Redução da pressão arterial para cifras inferiores a 130mmHg/85mmHg pode ser útil em
pacientes com elevado risco cardiovascular. Nos pacientes diabéticos, recomenda-se
reduções da pressão arterial para níveis inferiores a 130/80mmHg e para os pacientes com
proteinúria maior que 1g/24h, cifras inferiores a 120/75mmHg deverão ser a meta. Para os
pacientes portadores de doença cardiovascular estabelecida e com idade superior a 50 anos,
recomenda-se atingir essa meta em menos de seis meses. Para isso, pode ser utilizada a
maioria dos hipotensores, não havendo diferenças entre eles em relação aos benefícios
cardiovasculares.
** O paciente do caso clinico pode fazer uso de um BCC da classe não di-hidropiridinicos,
por terem menor efeito vasodilatador e agem na musculatura cardíaca e no sistema de
condução cardíaco, como a Dilitiazem, é um medicamento eficaz que reduzem a morbidade
e mortalidade cardiovascular. + Uso de BRA como losartana, por não causarem muitos
efeitos adversos.
Lesão de órgão alvo
Em relação ao caso clinico paciente está com retinopatia hipertensiva e esteatose hepática
grau II.
Retinopatia hipertensiva
É a lesão vascular da retina causada por hipertensão.
Diagnostico:
Pela história do paciente (duração e gravidade da hipertensão) e pela fundoscopia, em que
mostra constrição arteriolar, entalhes arteriovenosos, alterações da parede vascular,
hemorragias em forma de chama de vela, exsudatos algodonosos, exsudatos duros amarelos
e edema do disco óptico.
Tratamento:
É principalmente pelo controle da hipertensão arterial, e quando perda de visão trata a retina.
Esteatose hepática
A esteatose hepática é classificada em dois grandes grupos: causada pelo consumo excessivo
e crônico de bebidas alcoólicas; causada por outros fatores de risco e denominada Doença
Hepática Gordurosa Não Alcoólica (DHGNA), que será o objetivo principal dessa
abordagem.
Diagnostico:
Pelo ultrassom de abdome total, enzimas hepáticas TGO, TGP ou AST e ALT (para avaliar o
grau da lesão), gama GT.
Tratamento:
DHGNA de causas primárias ou metabólicas: importante o controle da obesidade,
diabetes, hipertensão arterial e dislipidemia (colesterol e/ou triglicérides elevados). Manter o
controle dessas doenças é fundamental no tratamento da DHGNA. Medicamentos
específicos para cada uma dessas condições clínicas pode ser utilizada. Atenção também
deve ser dada ao diagnóstico de alterações cardiovasculares, causa importante de
mortalidade nos pacientes com DHGNA.
Diabetes
Diagnostico
Dislipidemia
A dislipidemia é caracterizada pela presença de níveis elevados de lipídios (gorduras) no
sangue, principalmente do colesterol total e dos triglicerídeos. Outras alterações incluem
colesterol de lipoproteína de alta densidade baixo (HDL-C) e níveis elevados de colesterol de
lipoproteína de baixa densidade (LDL-C).
Bases Fisiopatológicas
- O acúmulo de lipoproteínas (quilomícrons — maiores e menos densas/origem intestinal; e
VLDL — lipoproteínas de densidade muito baixa/origem hepática) no compartimento
plasmático resulta em hipertrigliceridemia e decorre da diminuição da hidrólise dos TG
dessas lipoproteínas pela LPL (lipase) ou do aumento da síntese de VLDL. Já o acúmulo de
lipoproteínas ricas em colesterol (LDL), resulta em hipercolesterolemia.
- Com isso, ocorre o excesso de oxidação de LDL dentro do vaso, que recruta macrófagos
para englobar o LDL, gerando as células espumosas (processo inflamatório).
* OBS: O HDL não dá conta de tirar todo o colesterol e levar para o fígado, devido a
resistência à insulina.
- Com a LDL aumentada, ocorre a inibição da enzima lipase (quebra quilomicron, VLDL,
LDL). Assim, a inibição insulínica não ativa a lipase, não quebrando os TG que escapam no
sangue e elevam-se, depositando-se na camada endotelial dos vasos.
Classificação
As dislipidemias podem ser classificadas em hiperlipidemia (níveis altos de lipoproteínas) e
hipolipidemia (níveis plasmáticos baixos). Tanto as hiper quanto as hipo podem ter causas
primárias ou secundárias.
✓ Causas Primárias: O distúrbio lipídico é de origem genética.
Diagnóstico
-O diagnóstico é feito laboratorialmente, medindo-se níveis plasmáticos de colesterol total e
as suas frações (LDL-colesterol ou “colesterol ruim”, bem como HDL-colesterol ou
“colesterol bom”) e triglicérides
.- A classificação laboratorial na diretriz, sofreu modificações, e os valores de referência e
alvos terapêuticos foram determinados de acordo com o risco CV individual e com o estado
alimentar. As dislipidemias podem ser classificadas de acordo com a fração lipídica alterada
em:
• Hipercolesterolemia Isolada: Aumento isolado do LDL (≥ 160 mg/dL).
• Hipertrigliceridemia Isolada: Aumento isolado dos triglicérides (TG ≥ 150 mg/ dL ou ≥
175 mg/dL, se a amostra sem jejum).
• Hiperlipidemia Mista: Aumento do LDL (≥ 160mg/dL) e dos TG (≥150 mg/dL ou ≥ 175
mg/dL, se a amostra for obtida sem jejum).
• HDL Baixo: Redução do HDL (homens < 40mg/dL e mulheres < 50mg/dL) isolada ou em
associação ao aumento de LDL ou TG.
Tratatamento não farmacológico
Tratamento farmacológico