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BRASÍLIA-DF
14/08 a 01/09/2023
MÓDULO DE ACOLHIMENTO E AVALIAÇÃO (MAAV) DO PMMB
28° CICLO DO PMMB
SUBEIXO IV
Doenças e Agravos
TEMA 20
COORDENAÇÃO
Camila Zamban de Miranda
Frantchesca Fripp dos Santos
Nilson Massakazu Ando
ELABORAÇÃO
Frantchesca Fripp dos Santos
Juliana Machado de Carvalho
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Camilo Sobreira De Santana - Ministro da Educação
Denise Pires de Carvalho - Secretaria de Ensino Superior
Gisele Viana Pires - Diretoria de Desenvolvimento da Educação em Saúde
Francisco de Assis Rocha Neves - Coordenação-Geral de Expansão e Gestão da Educação
em Saúde
Ana Luísa dos Santos Azevedo - Apoio Central do PMMB
Lucas de Souza Porfirio - Apoio Central do PMMB
Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (DCNT)
São consideradas DCNT, as doenças cardiovasculares, neoplasias, doenças respiratórias
crônicas e diabetes. As DCNT representam 80,7% dos óbitos por doenças crônicas.
Esses quatro grupos de doenças crônicas de maior impacto têm quatro fatores de risco
modificáveis em comum.
1 - Prevenção Primária
• Melhores condições socioeconômicas gerais;
• Leis contra tabagismo, alcoolismo, fast-food e consumismo infantil;
• Mais espaços públicos para a prática de atividades físicas e lazer (ex.: parques e
praças verdes, ciclovias, quadras poliesportivas);
• Mais opções culturais variadas (teatro, cinema, biblioteca, exposições, feiras,
festivais, shows) e acessíveis em todas as partes das cidades;
• Mais acesso a alimentos in natura a preços acessíveis em toda a cidade;
• Mais segurança cidadã em toda a cidade.
Prevenção primária - Como ajudar na mudança do estilo de vida?
• Perder peso;
• Usar dieta DASH;
• Reduzir uso de sal;
• Praticar atividade física;
• Reduzir uso do álcool;
• Cessar tabagismo.
Prevenção primária – orientações de mudança de estilo de vida
Hábitos de vida saudáveis são a base do tratamento das DCNT, sobre a qual pode ser
acrescido – ou não – o tratamento farmacológico. Seus elementos fundamentais são
manter uma alimentação adequada e atividade física regular, evitar o fumo e o excesso
de álcool e estabelecer metas de controle de peso.
Prevenção primária - orientações alimentares: Regras de ouro
• Faça de alimentos in natura ou minimamente processados a base da sua
alimentação
• Utilize óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e
cozinhar alimentos e criar preparações culinárias
• Limite o uso de alimentos processados, consumindo-os em pequenas
quantidades, como ingredientes de preparações culinárias ou como parte de
refeições baseadas em alimentos in natura, ou minimamente processados
• Evite alimentos ultraprocessados
É fundamental que se trabalhe colaborativamente com a nutricionista da UBS.
2 - Prevenção Secundária
Prevenção secundária – Rastreamento
HAS
Grau de recomendação A : maiores de 18 anos, sem o conhecimento de que sejam
hipertensos, intervalo bianual se PA < 120 80 e anual se PAS entre 120 e 139 mmHg ou
PAD entre 80 e 90 mmHg e/ou presença de fatores de risco.
Dislipidemia
Homens com 35 anos ou mais (Grau A) // Homens de 20 a 35 anos com alto risco (Grau
B);
Mulheres com 45 anos ou mais (Grau A) // Mulheres de 20 a 45 anos com alto risco
(Grau B);
Intervalo de 5 anos para pessoas com resultados normais a depender do risco
cardiovascular.
Diabetes Mellitus tipo 2
Recomenda-se a triagem para pré-diabetes e diabetes tipo 2 em adultos de 35 a 70 anos
com sobrepeso ou obesidade. Os médicos devem oferecer ou encaminhar pacientes
com pré-diabetes para intervenções preventivas eficazes.
Avaliação individualizada
História clínica
Avaliar:
• Dispnéia, dor torácica, palpitações, acuidade visual;
• Hábitos de vida: uso de álcool, tabaco, cocaína, crack, atividade física;
• História familiar: antecedentes de IAM (infarto agudo do miocárdio) e AVE
(acidente vascular encefálico);
• Aspectos socioeconômicos;
• Uso medicamentos (ex.: anti-inflamatórios, ACO, anorexígenos [sibutramina],
descongestionantes nasais).
Exame físico
• Antropometria: IMC, circunferência abdominal - 88 cm para mulheres e 102 cm
para homens;
• Dados vitais –PA nos dois membros superiores na primeira avaliação e FC
(frequência cardíaca);
• Inspeção: fácies e aspectos sugestivos de hipertensão secundária;
• Pescoço: palpação e ausculta das artérias carótidas, verificação de turgência
jugular e palpação de tireoide.
• Exame do precórdio e ausculta cardíaca: arritmia, sopros, B3, B4.
• Exame do pulmão: ausculta de estertores, roncos e sibilos.
• Exame do abdome: a ausculta de sopros em área renal objetivam detectar
hipertensão secundária a obstrução de artérias renais.
• Extremidades: avaliar pulsos.
Exames laboratoriais
Deve ser realizado, com frequência anual:
• Glicemia;
• Colesterol total, HDL, LDL, triglicérides;
• Creatinina / Urina tipo I;
• Potássio;
• ECG (eletrocardiograma);
• Fundoscopia (encaminhar ao oftalmologista).
Lesões de órgãos-alvo
1. AVE (acidente vascular encefálico) e AIT (ataque isquêmico transitório);
2. IAM (infarto agudo do miocárdio), DAC (doença arterial coronariana), DAOP (doença
arterial obstrutiva periférica);
3. HVE (hipertrofia do ventrículo esquerdo);
4. Nefropatia;
5. Retinopatia;
6. Aneurisma de aorta abdominal;
7. Estenose de carótida sintomática.
Lembre-se: em idosos hígidos, a meta pressórica é PAS entre 130 e 139 e a PAD entre
70 e 79. Em idosos frágeis, PAS entre 140 e 149 e a PAD entre 70 e79
Medidas farmacológicas
• Adultos sem DCV – iniciar medicamento se PA ≥ 140x90mmHg.
• Sequência de escolha dos fármacos anti-hipertensivos:
• 1 passo: clortalidona ou hidroclorotiazida + amilorida ou iECA
• 2 passo: betbloqueador
• 3 passo: anlodipino
Principais Anti-Hipertensivos disponíveis na Atenção Primária à Saúde
Diuréticos de Alça:
• Furosemida
• Podem ser usados em associação com diuréticos tiazídicos em pacientes
com Insuficiência Cardíaca e Renal tanto para controle do edema quanto
para controle da PA.
• Não deve ser usada para controle de edema em pessoas sem
comorbidades.
Beta-bloqueadores:
• Propranolol, Atenolol, Metoprolol, Carvedilol
• Uso associado com diuréticos pode piorar perfil glicêmico e lipídico.
• Evitar em pacientes com BAV de 2º grau.
• Evitar Atenolol e Propranolol em pacientes com Asma ou DPOC
Inibidores adrenérgicos:
• Metildopa
• A Metildopa é o anti-hipertensivo de escolha para mulheres grávidas.
Acompanhamento
Depois de iniciar tratamento medicamentoso, realizar verificação semanal da PA até a
consulta médica de reavaliação com 30 dias.
Caso não tenha atingido a meta, deve-se:
• Avaliar adesão terapêutica/ observar a técnica de verificação da PA e
equipamento,
• Aumentar a dose do fármaco já usado,
• OU adicionar outro fármaco,
• OU substituir o fármaco, se não houver efeito ou haja efeitos indesejados.
Após atingir a meta, dividir o cuidado com o enfermeiro, com consultas intercaladas, a
depender do RCV:
• A cada 2 meses (RCValto>20%),
• A cada 3 meses (RCVintermedio10-20%)
• A cada 6 meses (RCVbaixo<10%)
• A cada ano uma consulta odontológica
Adesão medicamentosa
Critérios de encaminhamento
Nefrologia e/ou Cardiologia:
• Suspeita de hipertensão secundária;
• Hipertensão refratária (= uso de três anti-hipertensivos, sendo um deles
diurético, sem controle da PA).
O que escrever no relatório de encaminhamento:
• Sinais e sintomas, medicações em uso com dose, medida da PA, alterações dos
exames complementares, se houver, avaliação da adesão, número da
teleconsultoria (se caso tiver sido discutido no Telessaúde);
• Classificar o risco adequadamente.
DISLIPIDEMIAS
Rastreio de Dislipidemia
Indicações:
• Homens com 35 anos ou mais – Grau A
• Homens de 20 a 35 anos com alto risco – Grau B
• Mulheres com 45 anos ou mais – Grau A
• Mulheres de 20 a 45 quando se enquadrarem como alto risco – Grau B
Periodicidade
O Intervalo adequado para rastreamento é incerto. Recomenda-se a cada 5 anos, para
pessoas com resultados normais; podendo ser em um intervalo maior ou menor, a
depender do risco cardiovascular.
Diagnóstico
● LDL-c ≥ 160mg/dL – Hipercolesterolemia Isolada
● TG ≥ 150mg/dL– Hipertrigliceridemia isolada
● LDL-c ≥ 160mg/dL + TG ≥ 150mg/dL- Hiperlipidemia mista
● HDL-c ≤ 50mg/dL (mulheres) ou 40mg/dL (homens)
Manejo clínico
DIABETES MELLITUS
Classificação
• DM tipo 1 - aproximadamente 8% dos casos
• DM tipo 2 - cerca de 90% dos casos de diabetes na população
• DM gestacional
• LADA – Diabete autoimune com início tardio
• Outras causas: pancreatite, diabetes monogênico, secundária a medicações,
endocrinopatias,
Diagnóstico e exames de glicemia
• Glicemia de jejum: 8 a 14 horas de jejum
• Teste de tolerância à glicose: glicemia 2h após 75 de glicose anidra. Paciente
deve permanecer sem restrição de carboidratos por 3 dias
• Hb glicada: não necessita jejum
Exame físico
● IMC, avaliação de crescimento puberal em adolescentes, PA, palpação de
tireóide, circunferência abdominal;
● exame da cavidade oral: avaliar presença de gengivite, problemas odontológicos
e candidíase;
● exame dos pés: lesões cutâneas, estado das unhas, calos e deformidades,
● avaliação dos pulsos arteriais periféricos e edema; teste de sensibilidade
● exame neurológico sumário;
● exame de fundo de olho.
Avaliação laboratorial
● Glicemia de jejum
● Hb glicada
● Colesterol total, HDL, LDL e triglicerídeos
● Creatinina
● TSH (DM tipo 1)
● ECG
Avaliação Muldimimensional do paciente com DM
Manejo Terapêutico
Principais Drogas
A Metformina é a droga de primeira escolha para o tratamento da DM tipo 2
Se Hb glicada acima do alvo e metformina em dose alta, considerar escalonamento.
Drogas do RENAME
Detalhes:
A Metformina é a droga de escolha para o tratamento da DM tipo 2. Se a glicemia de
jejum estiver muito alta (>ou=300mg/dL) o uso da insulina está indicado, mesmo que
por curtos períodos de tempo, até normalizar a glicemia.
Paciente obesos (IMC>30) se beneficiam da Metformina desde o início do tratamento.
O plano terapêutico envolve apoio para mudança de estilo de vida (MEV), controle
metabólico e prevenção das complicações crônicas.
Indicações de insulinoterapia
• Se o controle não for alcançado após o uso de metformina em associação com uma
sulfonilureia por três a seis meses;
• Quando os níveis de glicemia em jejum estiverem > 300mg/dL, na primeira avaliação
ou no momento do diagnóstico, principalmente se acompanhado de perda de peso,
cetonúria e cetonemia;
• Diabetes gestacional;
• Situações de estresse agudo metabólico (cirurgias, infecções graves, AVE,
politrauma, IAM.
A dose inicial costuma ser de 10 UI de insulina NPH, ou 0,2UI/kg para as pessoas obesas,
podendo ser reajustada em 2 UI a 4 UI, conforme média de três glicemias capilares de
jejum consecutivas,até atingir meta glicêmica .
A Insulina regular é útil no tratamento da hiperglicemia pós-prandial –a administrar 30
minutos antes da refeição. A pessoa em uso de insulina deve ser instruída sobre a
detecção e o manejo da hipoglicemia. Na ocorrência de hipoglicemia, reduzir a dose em
4 UI ou 10% da dose. A metformina pode ser mantida após o início do uso de insulina.
Diagnóstico
Obesidade em crianças, adolescentes e gestantes, deve-se observar a curva
antropométrica específica por idade.
No caso da obesidade em idosos, considerar os seguintes parâmetros:
DOENÇA RENAL CRÔNICA - DRC
São as causas mais comuns de DRC:
• HAS 34%
• Diabete melito 32%
• Glomerulopatia 9%
Cálculo de TFG
• MDRD
• CKD-EPI
• Cockroft-gault
Etiologia
Rastreamento
Marcadores de lesão renal
● Albumina em amostra de 24h
○ Normal < 30mg
○ Moderadamente elevada: 30 a 300mg
○ Elevada: >300mg
● Razão albumina/creatinina
○ Normal < 30mg/g
○ Moderadamente elevada: 30 a 300mg/g
○ Elevada: >300mg/g
Manejo terapêutico
• Tratar e acompanhar doenças de base
• Todo paciente portador de DRC é alto RCV – prescrever estatina e avaliar AAS
• Prescrever iECA ou BRA e monitorar Cr e K – suspender se aumento de 30% da
Cr ou K>6
• A partir do estágio 3A – avaliar eritropoietina
• Monitorar vitamina D e fazer reposição se abaixo de 30 ng/dL
• Monitorar taxas de fósforo e cálcio
• Estágio 4 e 5: observar restrições dietéticas. Evitar AINEs. Se indicado o uso de
insulina, controle rigoroso da glicemia pelo risco de hipoglicemia
Fatores de risco
• O tabagismo é responsável por 80- 90% dos casos e 15% dos tabagistas terão
DPOC
• Exposição ambiental – poeiras e produtos químicos, fogão a lenha, poluição
extradomiciliar
• Tuberculose pode ser fator de risco – monitorar
• Portadores de HIV tem risco aumentado para DPOC
• Mais prevalente em populações economicamente vulneráveis
•
Diagnóstico
É uma condição pulmonar heterogênea caracterizada por sintomas respiratórios
crônicos (dispneia, tosse, produção de escarro e/ou exacerbações) devido a
anormalidades das vias aéreas (bronquite, bronquiolite) e/ou alvéolos (enfisema) que
causam obstrução persistente e muitas vezes progressiva, do fluxo aéreo.
Presença de limitação do fluxo aéreo não totalmente reversível (ou seja, VEF1/FVC < 0,7
pós-broncodilatação) medido por a espirometria é mandatória para diagnóstico de
DPOC.
Sintomas:
• Dispneia progressiva ao longo do tempo, piora aos esforços e persistente
• limitação de atividades e/ou tosse com ou sem produção de escarro
• Sibilos recorrentes
• Tosse crônica –pode ser intermitente, produtiva ou não
• Tosse produtiva – pode ser critério diagnóstico, mas ainda subjetiva
Critérios diagnósticos
Anamnese
• Exposição do paciente a fatores de risco;
• História médica pregressa, incluindo eventos do início da vida (prematuridade, baixo
peso ao nascer, tabagismo materno durante gravidez, exposição passiva ao fumo
durante a infância), asma, alergia, sinusite ou pólipos nasais; infecções respiratórias
na infância; HIV; tuberculose,;
• Histórico familiar de DPOC ou outra doença respiratória crônica,;
• Padrão de desenvolvimento dos sintomas;
• Histórico de exacerbações ou internações prévias por distúrbio respiratório;
• Histórico de exacerbações ou internações prévias por distúrbio respiratório;
• Presença de comorbidades, como cardiopatias, osteoporose, distúrbios
musculoesqueléticos, ansiedade e depressão e malignidades que também podem
contribuir para a restrição da atividade;
• Impacto da doença na vida do paciente, incluindo limitação da atividade, falta ao
trabalho e impacto econômico, efeito nas rotinas familiares, sentimentos de
depressão ou ansiedade, bem-estar e atividade sexual;
• Apoio social e familiar disponível para o paciente.
NICE - National Institute for Health and Care Excellence. Cardiovascular disease:
risk assessment and reduction, including lipid modification. Clinical guideline [CG181].
2014. Disponível em: https://www.nice.org.uk/guidance/cg181.
PITITTO, B. et al. Metas no tratamento do diabetes. Diretriz Oficial da Sociedade
Brasileira de Diabetes. 2022. DOI: 10.29327/557753.2022-3, ISBN: 978-65-5941-
622-6. Disponível em: https://diretriz.diabetes.org.br/metas-no-tratamento-do-diabetes/