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1ª Edição
Indaial - 2020
UNIASSELVI-PÓS
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
S247c
Sarro, Ed Marcos
ISBN 978-65-5646-145-8
ISBN Digital 978-65-5646-146-5
1. Comunicação empresarial. – Brasil. 2. Comunicação. – Brasil.
3. Eventos. – Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 658.45
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Sumário
APRESENTAÇÃO.............................................................................5
CAPÍTULO 1
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
NO BRASIL ANTES DO SUS............................................................7
CAPÍTULO 2
POLÍTICAS DE SAÚDE: UM OLHAR SOBRE O SUS...................73
CAPÍTULO 3
POLÍTICAS DE SAÚDE: CONJUNTURA ATUAL..........................149
APRESENTAÇÃO
Prezado acadêmico, bem-vindo à disciplina Políticas de Saúde, a qual
pretende proporcionar a você oportunidades de aprendizado que potencializem
o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e competências, possibilitando
compreender o cenário histórico, social, político, econômico e cultural, no qual as
políticas de saúde brasileiras se conformaram.
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Capítulo 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NO BRASIL ANTES DO SUS
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Todos nós temos um passado, uma história que pode ser contada de diversas
maneiras, sob vários ângulos, mas que, geralmente, é apresentada como uma
sucessão cronológica de fatos e acontecimentos.
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Capítulo 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NO BRASIL ANTES DO SUS
Por falar em direitos sociais, é bom lembrar que de nada adianta eles serem
contemplados na Constituição Federal ou em outras legislações, se não houver as
políticas públicas que concretizem esses direitos, ou seja, o reconhecimento dos
direitos implica que o Estado proporcione meios para que eles se materializem,
sendo a política pública uma forma de efetivá-los, tendo como objetivo a
intervenção social, modificando uma situação específica, a fim de promover a
igualdade.
Por fim, podemos inferir que para uma política pública existir é necessário
que o Estado reconheça a necessidade social, incluindo-a entre suas prioridades,
e, portanto, ela é decorrente, em tese, de um equilíbrio entre o que a sociedade
necessita e o entendimento que o Estado estabelece sobre ela.
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Capítulo 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NO BRASIL ANTES DO SUS
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2 AS POLÍTICAS DE SAÚDE NO
BRASIL: DO DESCOBRIMENTO AO
IMPÉRIO (1500-1889)
Nesta seção, abordaremos o transcorrer histórico dos cuidados em saúde no
Brasil, desde a chegada dos portugueses até o Império.
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Capítulo 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NO BRASIL ANTES DO SUS
Cabe salientar que os índios tinham suas próprias doenças, como o pian ou
bouba (doença infecciosa na pele causada por bactéria do gênero Treponema),
a leishmaniose cutânea, a doença de Chagas e a malária na forma mais branda,
entre outras, bem como encaravam as doenças como castigo ou provação,
recorrendo ao pajé, que exorcizava os maus espíritos, utilizando plantas da
flora local para o devido tratamento (GURGEL, 2010). Portanto, nessa época, a
atenção à saúde era fundamentada pelos princípios indígenas.
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com maior poder aquisitivo tinha acesso aos profissionais legais da medicina,
que eram trazidos da Europa. Assim, diante das epidemias que assolavam e
dizimavam a população, a única conduta era o isolamento (quarentena), sendo
que na maioria das vezes, as pessoas morriam à mingua.
Para se ter uma ideia, segundo Bertolli Filho (2004), em 1746, existiam
somente seis médicos, os quais haviam se graduado na Europa, e que atendiam
São Paulo, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás e, conforme
Polignano (2004), em 1789, no Rio de Janeiro, existiam quatro médicos exercendo
a profissão.
A vinda da família real para o Brasil, em 1808, tendo o Rio de Janeiro como
sede, mudou um pouco o cenário, trazendo algumas mudanças significativas tanto
na parte administrativa como para a saúde, tornando-se necessária a criação de
uma estrutura sanitária mínima (POLIGNANO, 2004).
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FONTE: A autora
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FONTE: A autora
Por fim, podemos dizer, de forma resumida, que, de 1500 a 1889 (do Período
Colonial até o Império), o foco da Corte estava relacionado com o saneamento
dos portos, infraestrutura e urbanização nas localidades de maior interesse
econômico. As intervenções eram pontuais para conter as frequentes epidemias,
sendo abandonadas quando a situação era contida, assim como a assistência
médica limitava-se apenas às classes dominantes, sendo exercida pelos raros
médicos que vinham da Europa, restando aos demais apenas os recursos da
medicina popular e as Santas Casas de Misericórdia.
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Capítulo 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NO BRASIL ANTES DO SUS
época colonial e imperial, bem como saber a forma que as ações de saúde pública
foram organizadas e como era a questão de higiene e saneamento naquela época.
( ) F – V – V – F – V – F.
( ) V – V – F – F – V – F.
( ) F – V – V – F – V – F.
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3 POLÍTICAS DE SAÚDE NA
REPÚBLICA VELHA (1889-1930)
Prosseguiremos com a viagem que tem como destino a República Velha,
com tempo de duração de 41 anos. Prepare-se para mais uma aventura!
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Capítulo 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NO BRASIL ANTES DO SUS
Ainda nesse ano (1903), em São Paulo, foi inaugurado o Instituto Pasteur,
para produzir e comercializar produtos de uso médico-veterinário (BERTOLLI
FILHO, 2004).
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Nesse contexto, a revolta da vacina ocorreu devido ao povo nunca ter passado
por um processo semelhante, o que assustou, bem como por desconhecer a
composição e a qualidade do material utilizado para a imunização e por acharem
indecoroso as moças terem que mostrar o braço para um desconhecido aplicar
a vacina, apesar das ações serem divulgadas na imprensa por meio de folhetos
educativos explicando as medidas adotadas (BERTOLLI FILHO, 2004). Contudo,
de nada resolveu, uma vez que a maioria da população era analfabeta (FIOCRUZ,
2017).
outros objetos
Publicado em
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Capítulo 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NO BRASIL ANTES DO SUS
FONTE: <https://radios.ebc.com.br/na-trilha-da-historia/edicao/2016-11/historiadora-
destaca-papel-de-oswaldo-cruz-no-avanco>. Acesso em: 21 set. 2020.
FONTE: <https://braziljournal.com/na-previdencia-um-nova-
revolta-da-vacina>. Acesso em: 21 set. 2020.
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queimados e muito tumulto (Figura 4), gerando um saldo de 945 prisões, 110
feridos, 30 mortos e 461 deportados em menos de duas semanas de conflitos
(FIOCRUZ, 2005).
Essa medida de compra de ratos fez com que surgisse uma nova modalidade
de ofício, “os ratoeiros”, que se puseram a criar ratos e até mesmo iam a outras
cidades para capturá-los, a fim de ganhar dinheiro com a venda destes. Houve
inclusive novos empreendedores, como um certo Sr. Amaral, que contratou
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Capítulo 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NO BRASIL ANTES DO SUS
FONTE: <https://www.reddit.com/r/brasil/comments/7u3njg/charge_de_1911_
do_m%C3%A9dico_e_sanitarista_oswaldo/>. Acesso em: 21 set. 2020.
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FONTE: <https://www.em.com.br/app/noticia/especiais/educacao/
enem/2019/04/25/noticia-especial-enem,1048944/precisamos-de-
uma-nova-revolta-da-vacina.shtml>. Acesso em: 21 set. 2020.
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De acordo com alguns estudiosos, com a criação das CAPs temos o início
da responsabilização do Estado para regulamentar políticas sociais direcionadas
para o bem-estar do trabalhador de carteira assinada, que contribuía para
isso, promovendo a saúde deste. Contudo, enfatiza-se que a implantação das
políticas sociais no Brasil se iniciou pela saúde, ainda que atrelada às questões
da Previdência Social e com caráter excludente, contemplando somente os
trabalhadores formais.
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FONTE: A autora
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Capítulo 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NO BRASIL ANTES DO SUS
sendo que o Estado usava o dinheiro dos tributos cobrados dos trabalhadores
formais e informais, ou seja, na verdade, o Estado não contribuía, e sim era o
trabalhador formal que contribuía duas vezes e o trabalhador informal pagava de
forma indireta, mas não usufruía.
De acordo com Finkelman (2002), os IAPs, por variarem de órgão para órgão,
possuíam legislações distintas, as quais apresentavam restrições, colocando os
serviços de saúde em segundo plano, sendo que essas disparidades normativas
contribuíram para o surgimento de um sistema menos desigual e unificado, o
que não era bem-visto por alguns, uma vez que haveria o risco de centralizar e
concentrar o poder no Estado.
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FONTE: A autora
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Ainda que os recursos financeiros fossem parcos para a área da saúde, entre
1958 e 1965, foram criadas três campanhas nacionais para combater a malária,
embora fossem divulgadas informações, por parte do governo, de que estava
prestes a ser erradicada (BERTOLLI FILHO, 2004).
Por fim, Sarreta (2009) declara que esse período, no Brasil, foi marcado
por mudanças significativas na área da saúde, a qual sofreu influência norte-
americana, tendo em vista a adoção do modelo baseado em grandes hospitais,
atendendo aos interesses das indústrias farmacêuticas e de equipamentos
médicos, em detrimento da atenção básica. Também relata que trata-se de um
cenário complexo, em que o desenvolvimento da política de saúde foi lento e
marcado por avanços e instabilidades institucionais, como o suicídio de Getúlio
Vargas (1954), a renúncia de Jânio Quadros (1961) e o golpe militar (1964), que
destituiu João Goulart, impôs a ditadura e perdurará por 20 anos, contribuindo,
assim, para a manutenção do formato corporativista e fragmentado.
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FONTE: A autora
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com hospitais próprios e maior volume de recursos financeiros. Além disso, com
essa reformulação do sistema de saúde, boa parte dos recursos financeiros
provenientes das contribuições dos trabalhadores passou a ser destinado ao setor
privado para a construção de hospitais de grande porte para o atendimento dos
beneficiários do INPS. Os desempregados e autônomos (sem carteira assinada)
não usufruíam do benefício e continuavam sem direito à atenção à saúde. Como
ponto positivo, destacou-se a ampliação da cobertura previdenciária, inclusive
aos trabalhadores rurais, ainda que em regime diferenciado no que se refere ao
benefício e contribuição, que passaram a ter direito à assistência à saúde e à
aposentadoria.
Escorel (2008) relata que aqueles que não contribuíam para a previdência
social obtinham atenção à saúde caso integrassem o perfil dos programas
existentes, em serviços filantrópicos ou em consultórios e clínica privadas,
mediante pagamento efetuado pelo próprio usuário.
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Capítulo 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NO BRASIL ANTES DO SUS
Entre os anos de 1967 e 1973 (para alguns 1968 a 1974), ocorreu o “milagre
econômico”, devido a vários fatores, dentre eles, o crescimento da indústria de
bens de consumo duráveis, fazendo com que ocorresse uma concentração de
renda, permitindo que a classe média se inserisse nesse mercado, tornando-se
consumidora. Nessa perspectiva, conforme Luz (1991), houve, nesse período, a
política de saúde do 'milagre', coerente com a política econômica, sendo que a
saúde passa a ser vista como um bem de consumo, mais explicitamente, como
um bem de consumo médico.
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Contudo, com a crise surgem sinais de que o período de milagres não foi
tão milagroso, pois começam a aparecer problemas de toda ordem e, na área
da saúde, os indicadores de saúde não são animadores. Entre os anos de 1972
e 1976, mais de 1,4 milhão de crianças morreram em todo o Brasil por causas
evitáveis (doenças diarreicas, coqueluche, sarampo, poliomielite, tétano e difteria)
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Cabe frisar que em 1975 eclode a crise do modelo econômico implantado pela
ditadura militar, sendo que as desigualdades sociais se tornam mais evidentes
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(pobre mais pobres e ricos mais ricos), desemprego, baixos salários, aumento
da marginalidade, índices altos de mortalidade infantil, sendo que o modelo de
saúde previdenciário apresenta as suas mazelas: incapacidade de solucionar os
principais problemas de saúde coletiva, priorizando a medicina curativa e centrada
na atenção médico-hospitalar, desvio de verbas, incapacidade de atendimento a
toda população e não repasse de recursos (POLIGNANO, 2004).
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Até então, quem era a população que tinha acesso à assistência à saúde e
de que forma? Como vimos até aqui, as pessoas que tinham vínculo empregatício
formal tinham acesso ao INAMPS, os que podiam pagar utilizavam os serviços
de saúde particulares e os que não possuíam nenhum tipo de acesso ficavam à
mercê do filantropismo.
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FONTE: A autora
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A década de 1980 foi demarcada por uma série de tentativas para que o
setor saúde fosse reestruturado, com apresentação de medidas que sinalizavam
para a unificação assistencial e preventiva em um único comando, organizada de
forma descentralizada, conforme preceitos da Reforma Sanitária. O ponto-chave
foi a realização da VIII Conferência Nacional de Saúde (CNS), em 1986, a qual
contou com enorme participação da sociedade civil brasileira (mais de quatro mil
pessoas), sendo a primeira a incluir os usuários dos serviços de saúde (BRASIL,
2011).
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FONTE: A autora
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1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º
1930 1933 1941 1953 1966 1975 1976 1977 1982 1987
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final do Capítulo 1 e nele você pôde “viajar” pelo túnel do
tempo e conhecer de forma mais detalhada as primeiras iniciativas e os esboços
das políticas públicas de saúde do nosso país, uma vez que descrevemos a
sequência histórica das políticas de saúde no Brasil entre 1500 e 1988.
Assim, nossa viagem teve início no Brasil Colonial, perpassando pelas ações
que antecederam a instalação do Modelo Assistencial Sanitarista, fizemos uma
escala nas ações assistenciais vinculadas ao setor previdenciário no Brasil,
chegando na Nova República.
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REFERÊNCIAS
ACURCIO, F. A. Evolução histórica das políticas de saúde no Brasil. c2020.
Disponível em: https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/0243.pdf.
Acesso em: 23 abr. 2020.
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C APÍTULO 2
POLÍTICAS DE SAÚDE: UM OLHAR
SOBRE O SUS
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Capítulo 2 POLÍTICAS DE SAÚDE: UM OLHAR SOBRE O SUS
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Prezado acadêmico, é com satisfação que apresentamos o Capítulo 2,
intitulado Políticas de Saúde: um olhar sobre o SUS, da disciplina Políticas de
Saúde.
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Capítulo 2 POLÍTICAS DE SAÚDE: UM OLHAR SOBRE O SUS
Diante desse cenário, podemos dizer que antes da criação do SUS, o Estado
brasileiro era de certa forma negligente com relação à saúde da população, uma
vez que era de senso comum que o próprio cidadão deveria cuidar da sua saúde,
já que a intervenção estatal ocorria apenas em casos considerados graves, os
quais não podiam ser resolvidos pelo indivíduo ou que representassem risco à
saúde pública ou à economia (epidemias).
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Capítulo 2 POLÍTICAS DE SAÚDE: UM OLHAR SOBRE O SUS
Vale salientar que, de acordo com a Fiocruz (c2020), a Reforma Sanitária foi
aventada durante um período de mudanças intensas, cuja realidade social (anos
1980) era de exclusão da maioria da população no que se refere aos direitos à
saúde, haja vista que a assistência era restrita aos contribuintes do INAMPS, e
desde sempre teve o objetivo de ser muito mais do que uma reforma setorial,
ambicionando servir à democracia e à consolidação da cidadania no Brasil.
Ademais, o movimento sanitário apresentava basicamente quatro propostas
concretas: 1ª – o direito de todo cidadão, sem distinção, exclusão ou discriminação,
ao acesso à assistência pública de saúde; 2ª – as ações de saúde deveriam ser de
cunho preventivo e/ou curativo; 3ª – descentralização administrativa e financeira
da gestão e 4ª – controle social das ações de saúde.
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Capítulo 2 POLÍTICAS DE SAÚDE: UM OLHAR SOBRE O SUS
No que tange ao movimento sanitário, entre 1986 e 1990, ele passou por
significativas transformações, assumindo uma configuração diferenciada daquela
de sua origem, que lhe imprimiram novas características, incorporando novas
vertentes. Com isso, surgiram alguns conflitos e pontos de tensão dentro do próprio
movimento, assim como novos desafios externos a serem enfrentados. Nesse
sentido, o processo da Reforma Sanitária adentrou em um momento caracterizado
por ser eminentemente de base local e municipal (ESCOREL, 1999).
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FONTE: <https://conselho.saude.gov.br/ultimas-noticias-cns/592-8-conferencia-
nacional-de-saude-quando-o-sus-ganhou-forma>. Acesso em: 13 maio 2020.
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Capítulo 2 POLÍTICAS DE SAÚDE: UM OLHAR SOBRE O SUS
Financiamento do setor.
Participação popular.
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Capítulo 2 POLÍTICAS DE SAÚDE: UM OLHAR SOBRE O SUS
Conforme Paim (2007), após a VIII CNS, houve um certo imobilismo por parte
do governo e falta de compromisso com o projeto da Reforma Sanitária, causando
perplexidade das entidades, uma vez que o Ministério da Saúde continuou com
a sua prática campanhista no combate à dengue. Necessitando, desta forma, da
intervenção do movimento sanitarista para pressionar o governo, a fim de que a
Reforma Sanitária fosse colocada em prática, sendo que a ABRASCO teve papel
fundamental.
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FONTE: <http://auxiliardasaude.blogspot.com/2017/07/22-promocao-
da-saude-e-o-modelo-da.html>. Acesso em: 13 maio 2020.
Por falar em sistema, você sabe o que significa sistema de saúde? Conforme
a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) (2007, p. 317) entende-se
por sistema de saúde “o conjunto de entidades encarregadas das intervenções
na sociedade que têm como principal propósito a saúde”, sendo que essas
intervenções/ações de saúde englobam a assistência às pessoas, com o objetivo
de promover, proteger ou recuperar a saúde e/ou reduzir e/ou compensar uma
incapacidade irrecuperável. Portanto, os sistemas de saúde são o reflexo dos
valores sociais, os quais se expressam institucional e juridicamente, nos quais a
formulação das políticas de saúde se enquadra.
Para Paim (2015), conhecer a sigla em sua forma estendida não significa
compreender o seu conceito, uma vez que o SUS é especial, distinto, que não se
pode reduzir à junção de três palavras: sistema + único + saúde.
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FONTE: <https://pontocritico.org/12/04/2018/sistema-unico-de-saude-sus-ameacado/o-
sus-nao-e-de-nenhum-governo-e-do-povo-brasileiro/>. Acesso em: 16 maio 2020.
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Capítulo 2 POLÍTICAS DE SAÚDE: UM OLHAR SOBRE O SUS
FONTE: <http://alvarodegas.blogspot.com/2017/01/vai-
pro-sus.html>. Acesso em: 17 maio 2020.
É nítido que são inúmeros os serviços oferecidos pelo SUS, sendo que a
rede cresce cada vez mais à medida que são introduzidos novos tratamentos e
medicamentos, novas políticas e programas de saúde, entre outros, cuja oferta
nem sempre é conhecida pela população.
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PoLÍTiCAS DE SAÚDE
Salienta-se que essa rede também deve estar organizada consoante aos
demais princípios organizativos, que são: descentralização (cada nível
federativo tem responsabilidades próprias, sendo que de forma contextual,
o município tem autonomia para pensar qual é a melhor estratégia para tratar
as questões relacionadas à saúde, especialmente para a atenção básica)
e participação social (garantia de que a população, por meio de seus
representantes, participe de todo processo de formulação das diretrizes e
prioridades das políticas de saúde, bem como na fiscalização da sua concretização
e no cumprimento dos dispositivos legais e normativos). Para tanto, a participação
popular pode ocorrer por intermédio dos Conselhos e Conferências de Saúde,
conforme a Lei nº 8.142/90.
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PoLÍTiCAS DE SAÚDE
Vale lembrar que o SUS não nasceu 100% público, visto que nos Arts. 197
e 199 da Constituição de 1988 há previsão de serviços do SUS realizados por
pessoas físicas ou jurídicas de direito privado, sendo a assistência à saúde de
livre iniciativa privada, mediante contrato de direito público ou convênio (BRASIL,
1988).
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Capítulo 2 POLÍTICAS DE SAÚDE: UM OLHAR SOBRE O SUS
Cabe frisar que o caráter universal do SUS é mais perceptível nas ações de
vigilância em saúde, em virtude de que alcançam a população brasileira em sua
completude, como o Programa Nacional de Imunizações (PNI), assim como as
ações diante das epidemias/pandemias.
Outro fato que merece ser ressaltado é que a política de saúde dos anos 1995
a 2002 estava pautada na contrarreforma do Estado, sendo que nesse período
prevaleciam dois projetos de SUS. De acordo com Paim (2008), o que estava
descrito na legislação e nas normativas vigentes, pautado na universalidade e
na responsabilidade do Estado, e o SUS para os pobres, submisso às medidas
econômicas, à burocracia e ao clientelismo.
Para não nos estendermos, tendo em vista que a história é longa, faremos
um recorte e, portanto, daremos um passo à frente para abordarmos de forma
mais pontual a temática nos dias atuais.
O SUS passou por vários momentos, tempos turbulentos entre 1990 e 1992,
tempos de crise financeira e descentralização nos anos de 1993 e 1994, pela
luta política até 2015 e pela crise política, instabilidades democráticas e fortes
ameaças de desmonte, extinção e privatização, no período de 2016 a 2020.
Assim, desde o início, o SUS passou por condições adversas, seja no âmbito
político, econômico ou social.
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PoLÍTiCAS DE SAÚDE
Situação 2:
Dona Jaci, atualmente com 62 anos de idade, lembra-se de quando
o atendimento médico era somente para os trabalhadores
com carteira de trabalho assinada e que mesmo assim havia
restrições de acesso a algumas necessidades de atendimento.
Eram tempos difíceis, segundo ela.
Nessa narrativa, quais os dois princípios que podem ser apontados?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
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Capítulo 2 POLÍTICAS DE SAÚDE: UM OLHAR SOBRE O SUS
Situação 3:
Margarida, 23 anos, necessita de um transplante de medula óssea,
o qual deverá ser realizado pelo SUS. É um procedimento de alta
complexidade e custo. Desta forma, ao assumir o financiamento
desse procedimento para Margarida, qual é o principal princípio
do SUS?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
Nesta seção, a linha que traremos para você busca identificar os principais
avanços do SUS, obstáculos, desafios, perspectivas e alguns problemas
estruturais que afetam seu desenvolvimento e sua consolidação, apresentando os
desdobramentos recentes dessa história.
Para você, o que representa o SUS? Para muitos, ainda é comum relacionar
o SUS a longas filas, falta de medicamentos, médicos e leitos hospitalares,
atendimento voltado para os pobres, enfim, a elementos e momentos não muito
interessantes e alvo de muitas críticas.
99
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
Para Paim (2018), o SUS precisa ser visto além de uma política de saúde
pública, pois ele é um sistema público e universal de saúde e não um sistema de
saúde pública ou parte dele. O mesmo autor relata que a mídia, os conservadores
e liberais misturam o SUS com a saúde pública, erro muito comum até mesmo
nos setores progressistas. Limitam-no ao controle de doenças, epidemias ou
à profilaxia e que poderá, se não houver atuação política a seu favor, vir a se
tornar um sistema de saúde pública americanizado, como o Food and Drug
Administration (FDA) e o Centers for Disease Control and Prevention (CDC),
que se restringem à regulação de produtos e serviços de interesse para a saúde
e ao controle de doenças, assim como voltado para o atendimento da população
mais carente.
100
Capítulo 2 POLÍTICAS DE SAÚDE: UM OLHAR SOBRE O SUS
Durante a leitura do material, você pôde perceber que o SUS foi instituído
como estratégia, fundamentado na premissa de que a saúde é determinada
socialmente, a fim de garantir atendimento integral, com cobertura universal
e de forma descentralizada. Também pode-se concluir que ao longo de todo
esse período, o país mudou sua conjuntura demográfica, econômica, política,
epidemiológica e educacional, porém, não superou as desigualdades sociais e os
problemas relacionados à saúde.
101
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
102
Capítulo 2 POLÍTICAS DE SAÚDE: UM OLHAR SOBRE O SUS
103
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
FONTE: <http://www.epsjv.fiocruz.br/sites/default/files/
poliweb59.pdf>. Acesso em: 20 maio 2020.
104
Capítulo 2 POLÍTICAS DE SAÚDE: UM OLHAR SOBRE O SUS
105
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
Um aspecto que contribui para que o SUS não atinja seu princípio da
universalização em saúde, dentre tantos que poderíamos citar, é a dificuldade
da integração entre as esferas governamentais no tocante ao sistema de saúde,
que, por consequência, compromete o acesso aos serviços, impossibilitando que
a população usufrua dos seus direitos constitucionais em saúde, especialmente
ao direito universal e equitativo, denotando discrepância entre o SUS real e o
constitucional.
106
Capítulo 2 POLÍTICAS DE SAÚDE: UM OLHAR SOBRE O SUS
desde sempre, passando por uma série de emendas, leis, portarias, decretos e
normas que nem sempre favorecem o seu projeto inicial.
Na atualidade, existe um esforço obscuro e negativo, que salta aos olhos, pelo
desmonte do SUS, o que seria um retrocesso. Ressalta-se que, se antes o cenário
era de subfinanciamento, agora temos uma conjuntura de desfinanciamento, com
a aprovação da EC 95/2016.
Paim (2018) relata que dentre os obstáculos estão aspectos negativos, como
os valores dominantes da sociedade brasileira, calcados para o individualismo,
diferenciação e distinção em oposição à coletividade, igualdade e solidariedade,
associado pelas limitadas bases políticas e sociais do SUS, uma vez que não
conta com a força de partidos e com o apoio de trabalhadores organizados em
centrais e sindicatos que defendam os direitos à saúde. Associado a isso, é
possível, ainda, apontar a insuficiência da estrutura pública, as dificuldades com
a montagem de redes na regionalização, a falta de planejamento ascendente, os
impasses para que os modelos de atenção e práticas de saúde sejam alterados
e o modelo médico centrado na doença, no tratamento, no hospital e menos na
comunidade e na atenção básica.
107
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
FONTE: <https://pfarma.com.br/noticia-setor-farmaceutico/saude/1874-saude-
publica-ainda-sofre-com-recursos-insuficientes.html>. Acesso em: 20 maio 2020.
108
Capítulo 2 POLÍTICAS DE SAÚDE: UM OLHAR SOBRE O SUS
Existem diversos entraves que afetam a evolução do SUS, dentre eles, tem-
se a gestão ineficiente, que se retroalimenta com o financiamento insuficiente, isto
é, um coloca a culpa no outro e que, consequentemente, recai na qualidade do
atendimento, denegrindo a imagem do SUS.
109
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
110
Capítulo 2 POLÍTICAS DE SAÚDE: UM OLHAR SOBRE O SUS
111
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
112
Capítulo 2 POLÍTICAS DE SAÚDE: UM OLHAR SOBRE O SUS
Relativo às futuras ações de saúde sob o novo governo do Brasil, não foi
constatado, inicialmente, nenhum plano, bem como algumas atitudes chamam
a atenção, como a rejeição do uso das expressões “incluindo acesso universal
a serviços de saúde sexual e reprodutiva” e “a exclusão de serviços de saúde
sexual e reprodutiva de programas de cobertura universal de saúde”, durante a
63ª sessão da Comissão sobre a Situação das Mulheres, da ONU, em março de
2019, relatando que essas políticas podem promover o aborto. Temos, ainda, a
proibição de ilustrações em folhetos distribuídos a adolescentes que fornecem
instruções de como usar preservativos e a recusa do Ministério da Mulher,
Família e Direitos Humanos em adicionar a comunidade LGBTQ+ como um grupo
explicitamente protegido, afirmando que as políticas de diversidade ameaçaram
a família brasileira (CASTRO et al., 2019). Ademais, o que se via nos discursos
iniciais do ex-ministro Henrique Mandetta era o de caráter privatista, modificando-
se ao longo da pandemia de COVID-19 (CEBES, 2019).
113
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
114
Capítulo 2 POLÍTICAS DE SAÚDE: UM OLHAR SOBRE O SUS
FONTE: <https://www.abrasco.org.br/site/noticias/institucional/defesa-da-
atencao-primaria-e-do-direito-universal-a-saude-pela-revogacao-da-portaria-
no-2979-19-do-ministerio-da-saude/44034/>. Acesso em: 22 maio 2020.
115
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
FONTE: <https://www.conasems.org.br/wp-content/
uploads/2020/01/NT-NASF-AB-e-Previne-Brasil.pdf>. Acesso em: 12
maio 2020.
Nesse sentido, o SUS vem fornecendo a base necessária para que as ações
de enfrentamento à pandemia sejam atendidas, por meio da sua rede de serviços,
equipamentos e recursos humanos disponíveis.
117
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
Por fim, nas últimas décadas, a realidade que se descortina demonstra que
o SUS tem experenciado interesses antagônicos, isto é, os que defendem a sua
permanência e consolidação como um sistema plenamente público e universal e
os que visam a sua submissão a um setor privatizado e mercantilizado.
118
Capítulo 2 POLÍTICAS DE SAÚDE: UM OLHAR SOBRE O SUS
119
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
O ano de 2010 ficou na história pelo fato de pela primeira vez uma mulher
ser eleita como presidente do Brasil. De forma democrática e por eleição direta,
assume a presidência Dilma Vana Rousseff, com uma proposta não muito
diferente da anterior, mantendo a ideia de aceleração do crescimento social e
econômico, reelegendo-se em 2014, mas sofrendo impeachment em 2016.
Em 2019, toma posse Jair Bolsonaro, que segue, até o presente momento,
na presidência da República.
120
Capítulo 2 POLÍTICAS DE SAÚDE: UM OLHAR SOBRE O SUS
121
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
122
Capítulo 2 POLÍTICAS DE SAÚDE: UM OLHAR SOBRE O SUS
Outro fato importante a ser destacado é que o PSF, a partir de 1996, começa
a se integrar mais com o PACS, apontando para uma fusão dos dois programas,
já que as suas operações poderiam ser combinadas, uma vez que a equipe de
saúde da família inclui o agente comunitário de saúde (VIANA; DAL POZ, 2005).
123
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
124
Capítulo 2 POLÍTICAS DE SAÚDE: UM OLHAR SOBRE O SUS
Agora que você já se apropriou dos principais fatos ocorridos nos anos 1990
referentes às políticas de saúde e assistiu ao documentário indicado, vamos
prosseguir e relembrar os acontecimentos históricos dos anos 2000.
125
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
126
Capítulo 2 POLÍTICAS DE SAÚDE: UM OLHAR SOBRE O SUS
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PoLÍTiCAS DE SAÚDE
A partir deste Pacto houve uma evolução na estrutura regulatória das relações
128
Capítulo 2 POLÍTICAS DE SAÚDE: UM OLHAR SOBRE O SUS
federativas no SUS, bem como diversas políticas públicas foram revistas e outras
instituídas, as quais veremos no decorrer do último capítulo da nossa disciplina.
129
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
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Capítulo 2 POLÍTICAS DE SAÚDE: UM OLHAR SOBRE O SUS
131
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
133
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
Cabe salientar que em 2002 foi realizada uma pesquisa IBOPE-CNI, sendo
que 59% da população brasileira aprovava as políticas de saúde do Governo
Federal. Em 2014, esse percentual passou para 19%, de acordo com as
mesmas fontes e metodologia de pesquisa, sendo que essa desaprovação foi em
decorrência da demora no atendimento na rede pública, da falta de equipamentos
e investimentos de saúde e da falta de médicos e profissionais de saúde (MEDICI,
2014).
Em 2016, foi lançada a Campanha “Cuidar bem da saúde de cada um. Faz
bem para todos. Faz bem para o Brasil”, em parceria com os Ministérios da
Saúde e das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, objetivando
a garantia do acesso à saúde, com respeito aos direitos de transexuais e travestis.
134
Capítulo 2 POLÍTICAS DE SAÚDE: UM OLHAR SOBRE O SUS
Agora que você já está bem inteirado sobre os fatos ocorridos no percurso
histórico, vamos recordar as principais legislações envolvendo o SUS?
135
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
136
Capítulo 2 POLÍTICAS DE SAÚDE: UM OLHAR SOBRE O SUS
Lei nº 13.427
Portaria de
Consolidação das normas sobre as políticas nacionais de saúde do Sis-
Consolidação
tema Único de Saúde.
nº 2
Portaria de
Consolidação das normas sobre o financiamento e a transferência dos
Consolidação
recursos federais para as ações e os serviços de saúde do Sistema
nº 5
Único de Saúde.
Portaria de
Consolidação
nº 6
FONTE: A autora
137
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
Para encerrarmos o nosso capítulo com chave de ouro, só falta você realizar
a atividade de estudo. Portanto, mãos à obra!
138
Capítulo 2 POLÍTICAS DE SAÚDE: UM OLHAR SOBRE O SUS
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Nosso capítulo chega ao fim, e como bem vimos, historicamente, a atenção
à saúde no Brasil está atrelada às mudanças sociais, econômicas, culturais, mas
principalmente às políticas que ocorreram desde o século XV, se intensificando
nos séculos seguintes até chegar ao século XXI, sempre produzindo alterações
significativas na vida e na saúde da população.
O que será do SUS e das políticas de saúde nos próximos anos ainda é
um capítulo a ser redigido. O que sabemos é que decorridos esses 32 anos, o
SUS traz em sua biografia a concepção de um sistema universal, equânime e
integral, permeado de lutas, desafios, entraves, mas com ganhos significativos
para a sociedade.
139
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
REFERÊNCIAS
ABRASCO. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SAÚDE COLETIVA. SUS, 30 anos.
2018. Disponível em: https://www.abrasco.org.br/site/noticias/sistemas-de-
saude/o-sus-trouxe-ganhos-imensos-para-populacao-mas-nenhum-governo-o-
priorizou/37424/. Acesso em: 16 maio 2020.
140
Capítulo 2 POLÍTICAS DE SAÚDE: UM OLHAR SOBRE O SUS
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PoLÍTiCAS DE SAÚDE
142
Capítulo 2 POLÍTICAS DE SAÚDE: UM OLHAR SOBRE O SUS
CASTRO, M. C. et al. Brazil’s unified health system: the first 30 years and
prospects for the future. The Lancet, v. 394, n. 10, 2019. Disponível em: https://
spiral.imperial.ac.uk/bitstream/10044/1/70528/2/THELANCET-D-18-06929R2.pdf.
Acesso em: 16 maio 2020.
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PoLÍTiCAS DE SAÚDE
144
Capítulo 2 POLÍTICAS DE SAÚDE: UM OLHAR SOBRE O SUS
145
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
PAIM, J. S. O Sistema Único de Saúde (SUS) aos 30 anos. Ciência & Saúde
Coletiva, v. 23, n. 6, p. 1723-1728, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/
pdf/csc/v23n6/1413-8123-csc-23-06-1723.pdf. Acesso em: 17 maio 2020.
146
Capítulo 2 POLÍTICAS DE SAÚDE: UM OLHAR SOBRE O SUS
147
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
148
C APÍTULO 3
POLÍTICAS DE SAÚDE: CONJUNTURA
ATUAL
150
Capítulo 3 POLÍTICAS DE SAÚDE: CONJUNTURA ATUAL
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Prezado acadêmico, você está sendo convidado a revisitar as políticas
públicas desenvolvidas na atenção à saúde em âmbito nacional, bem como a
fazer um paralelo com a Vigilância em Saúde, além de conhecer o universo da
avaliação e o monitoramento das políticas públicas.
151
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
2 CONHECENDO AS POLÍTICAS
NACIONAIS DE SAÚDE VIGENTES
Até aqui, vimos que a saúde se firmou como direito social a partir da
Constituição Federal de 1988, denominada de Constituição Cidadã justamente
por ser um marco histórico aos direitos dos cidadãos, e da regulamentação do
Sistema Único de Saúde, conquistando grandes avanços na atenção primária em
saúde, por meio da expansão de suas políticas e ações.
152
Capítulo 3 POLÍTICAS DE SAÚDE: CONJUNTURA ATUAL
Após esse breve recorte, daremos início ao escopo desta seção, que é
retratar as políticas nacionais de saúde na atual conjuntura.
153
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
É notório que elas têm inúmeros outros desafios, dentre eles, a transição
demográfica e as mudanças sociais, gerando reflexos positivos ou não, uma vez
que dependem dos investimentos efetuados pelo Estado e implantação, nesse
período, de serviços, programas e políticas, os quais devem ser universais,
emancipatórios, equânimes e redistributivos, assumindo, assim, a noção de
equidade, reconhecendo a saúde como direito e priorizando as necessidades
populacionais (MIRANDA; MENDES; SILVA, 2017).
154
Capítulo 3 POLÍTICAS DE SAÚDE: CONJUNTURA ATUAL
155
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
156
Capítulo 3 POLÍTICAS DE SAÚDE: CONJUNTURA ATUAL
A Política de Saúde Mental foi instituída pela Lei nº 10.216/2001, sendo que
a Portaria de Consolidação nº 2/2017 – Anexo II não traz maiores informações,
apresentando apenas o Capítulo I – Do Colegiado Nacional de Coordenadores de
Saúde Mental (Art. 2º ao Art. 7º) e o Capítulo II – Do Fórum Nacional sobre Saúde
Mental de Crianças e Adolescentes (Art. 8º ao Art. 9º) (BRASIL, 2017a).
157
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
158
Capítulo 3 POLÍTICAS DE SAÚDE: CONJUNTURA ATUAL
Conforme Sthal e Leal (2017), a PNEP-SUS é uma conquista, uma vez que a
proposta é pensar projetos educativos não para as comunidades e sim com elas,
visto que seus eixos e estratégias propõem mudanças paradigmáticas na práxis
em saúde, superando o ensino tradicional e o modelo biomédico, reorientando as
relações entre usuários e profissionais.
159
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
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Capítulo 3 POLÍTICAS DE SAÚDE: CONJUNTURA ATUAL
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PoLÍTiCAS DE SAÚDE
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PoLÍTiCAS DE SAÚDE
166
Capítulo 3 POLÍTICAS DE SAÚDE: CONJUNTURA ATUAL
pessoa com deficiência, a proteção a sua saúde e a prevenção dos agravos que
determinem o aparecimento de deficiências, mediante o desenvolvimento de um
conjunto de ações articuladas entre os diversos setores da sociedade e a efetiva
participação da sociedade (BRASIL, 2017a).
167
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
org/biblioref/2020/04/1095139/plano_de_contingencia_da_saude_
indigena_preliminar.pdf.
168
Capítulo 3 POLÍTICAS DE SAÚDE: CONJUNTURA ATUAL
A PNSTT apresenta sete objetivos em seu Capítulo II, Art. 8º, dentre eles:
o fortalecimento da Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT) e a integração
com os demais componentes da Vigilância em Saúde e a incorporação da
categoria trabalho nos determinantes do processo saúde-doença dos indivíduos e
da coletividade, assegurando, desta forma, que a identificação das condições de
trabalho seja considerada nas ações dos serviços de saúde do SUS. Portanto, é
um dos objetivos que chama a atenção, pois se instituído nos atendimentos dos
serviços do SUS, amplia a possibilidade da efetividade política.
de seu vínculo empregatício, porém, em seu Art. 7, informa que deve priorizar
pessoas e grupos em situação de maior vulnerabilidade, ou seja, aquelas que
estão em situações precárias e informais de trabalho, em atividades de maior
risco à saúde ou ao trabalho infantil, devendo ser identificados por meio da
análise da situação de saúde local e regional, considerando suas especificidades
e singularidades sociais e culturais.
170
Capítulo 3 POLÍTICAS DE SAÚDE: CONJUNTURA ATUAL
171
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
têm demonstrado que, apesar da PNAISP ter sido um marco no contexto prisional
brasileiro, de nada adianta ter uma política de saúde prisional se as condições
carcerárias são insalubres, as ações de saúde pontuais e paliativas, com foco na
doença e não em medidas preventivas, ou seja, se não é colocado em prática o
que é apregoado por ela.
172
Capítulo 3 POLÍTICAS DE SAÚDE: CONJUNTURA ATUAL
173
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
tem nas condições sociais, que impactam na saúde, tendo como finalidade maior
o combate da discriminação étnico-racial nos serviços e atendimentos ofertados
no SUS, promovendo a equidade em saúde da população negra. Portanto, é uma
política transversal que reafirma os princípios constantes na Lei nº 8.080/90.
174
Capítulo 3 POLÍTICAS DE SAÚDE: CONJUNTURA ATUAL
175
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
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Capítulo 3 POLÍTICAS DE SAÚDE: CONJUNTURA ATUAL
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PoLÍTiCAS DE SAÚDE
178
Capítulo 3 POLÍTICAS DE SAÚDE: CONJUNTURA ATUAL
bucal era difícil e restrito. Nesse sentido, a PNSB tem como objetivo principal
a reorganização da prática e a qualificação das ações e serviços oferecidos,
reunindo uma série de ações em saúde bucal voltada para a população de todas
as faixas etárias, com ampliação do acesso ao tratamento odontológico gratuito
por meio do SUS (BRASIL, 2016b).
179
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
Salienta-se que essa política resultou dos debates sobre regulação em saúde
por meio das Normas Operacionais Básicas (NOB 01/91, 01/92, 01/93 e 01/96),
aprofundando-se com as Normas Operacionais de Assistência à Saúde (NOAS),
ganhando ainda mais ênfase com o Pacto pela Saúde (CONASS, 2011).
180
Capítulo 3 POLÍTICAS DE SAÚDE: CONJUNTURA ATUAL
Cabe mencionar que a PNM junto à PNAF são marcos fundamentais para a
população obter acesso aos medicamentos e aos serviços farmacêuticos no país.
182
Capítulo 3 POLÍTICAS DE SAÚDE: CONJUNTURA ATUAL
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PoLÍTiCAS DE SAÚDE
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Capítulo 3 POLÍTICAS DE SAÚDE: CONJUNTURA ATUAL
185
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
Vale frisar que a ParticipaSUS foi uma sugestão de Sérgio Arouca por meio
da construção da Secretaria de Gestão Participativa para fazer a ‘reforma da
reforma sanitária’, bem como que essa política é uma inovação, refletindo num
186
Capítulo 3 POLÍTICAS DE SAÚDE: CONJUNTURA ATUAL
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PoLÍTiCAS DE SAÚDE
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Capítulo 3 POLÍTICAS DE SAÚDE: CONJUNTURA ATUAL
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PoLÍTiCAS DE SAÚDE
e diretrizes e certa resistência dos atores envolvidos, sendo que para a PNH ser
efetiva, a humanização deve ser uma prática diária do gestor com os trabalhadores
para, então, alcançar os usuários.
190
Capítulo 3 POLÍTICAS DE SAÚDE: CONJUNTURA ATUAL
I- PNPS.
II- PNASPI.
III- PNSIPCFA.
IV- PNM.
V- PNGTS.
191
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
a) ( ) V – II – I – IV – III.
b) ( ) III – II – I – V – IV.
c) ( ) IV – III – II – I – V.
d) ( ) III – IV – I – II – V.
3 VIGILÂNCIA EM SAÚDE E
INTERFACE COM AS POLÍTICAS
NACIONAIS DE SAÚDE
Nesta seção, apresentaremos a relação da Vigilância em Saúde (VS) com
uma das principais políticas nacionais de saúde, que é a PNAB, bem como
teceremos, brevemente, algumas considerações de sua integração com a Atenção
Básica (AB), e, posteriormente, abordaremos a Política Nacional de Vigilância em
Saúde (PNVS).
192
Capítulo 3 POLÍTICAS DE SAÚDE: CONJUNTURA ATUAL
Em 2011 foi revisada (Portaria nº 2.488), sendo que suas diretrizes e normas
para a organização da Atenção Básica, da Estratégia Saúde da Família (ESF)
e do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) foram reavaliadas e
reafirmadas, bem como houve inclusões importantes, como o Núcleo de Apoio
à Saúde da Família (NASF) e o Programa Saúde na Escola (PSE), por exemplo,
ampliando o acesso e o fomento à resolutividade (BRASIL, 2011d; 2008b).
193
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
Gomes et al. (2020) relatam que a nova edição da PNAB, de forma isolada,
pouco influenciou na composição e no crescimento das equipes de Saúde da
Família, apesar de a PNAB ser reconhecida como instrumento legal e expressivo
194
Capítulo 3 POLÍTICAS DE SAÚDE: CONJUNTURA ATUAL
Salienta-se que a nova PNAB sofreu diversas alterações, sendo que Portaria
nº 2.979/2019 revogou o Capítulo II - Das Equipes de Saúde da Família (Seção
I e II - NASF), a Portaria nº 2.539/2019 trouxe nova redação a alguns itens do
Anexo 1 do Anexo XXII, a Portaria nº 1.710/2019 também promoveu alterações na
redação do item 6 – Do Financiamento das ações da Atenção Básica, bem como a
Portaria nº 397/2020 alterou alguns Artigos do Capítulo I e a Portaria nº 804/2020
deu nova redação ao fluxo de credenciamento desburocratizado para serviços e
equipes de saúde no âmbito da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (BRASIL,
2017a).
195
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
197
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
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Capítulo 3 POLÍTICAS DE SAÚDE: CONJUNTURA ATUAL
Para tanto, a PNVS é função essencial do SUS, sendo definida como uma
política pública de Estado, que incide sobre todos os níveis de atenção à saúde,
abrangendo todos os serviços de saúde, sejam eles públicos ou privados, bem
199
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
Em seu Art. 7º apresenta dez princípios (alguns são comuns aos norteadores
do SUS), dentre eles o da Integralidade, que visa à articulação das ações de
vigilância em saúde com as demais ações e serviços desenvolvidos e ofertados no
SUS, objetivando a garantia da integralidade da atenção à saúde da população,
bem como em seu Art. 8º elenca nove diretrizes, sendo uma delas a construção
de práticas de gestão e de trabalho que assegurem a integralidade do cuidado,
inserindo as ações de vigilância em saúde em toda a Rede de Atenção à Saúde,
especialmente na Atenção Primária, como coordenadora do cuidado (BRASIL,
2018d).
200
Capítulo 3 POLÍTICAS DE SAÚDE: CONJUNTURA ATUAL
Guimarães et al. (2017) indicam, dentre outros obstáculos, que por se tratar
de uma política que visa reduzir as disparidades sociais, apresenta desafios
metodológicos para o seu acompanhamento, em especial no que se refere às
medidas avaliativas e de monitoramento das diferenças sociais e seu impacto
sobre a ocorrência das doenças. Acrescentam, ainda, que a existência da com-
partimentalização entre as vigilâncias, embora estejam sob a égide da SVS, bem
como a existência de um hiato entre Secretaria de Atenção à Saúde e Secretaria
de Vigilância em Saúde são outras objeções para a PNVS.
201
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4 AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO
DAS POLÍTICAS DE SAÚDE: UMA
VISÃO PANORÂMICA
Primeiramente, queremos esclarecer que por serem temas extremamente
amplos, que apresentam um universo teórico e metodológico diversificado e
extenso, não pretendemos detalhar todos os pontos relacionados à avaliação e
monitoramento.
Como bem descrito no título, nosso intuito é trazer a você uma visão
panorâmica sobre a avaliação e o monitoramento das políticas públicas de
saúde, por meio de concepções básicas, visando a sua compreensão e que
sejam entendidos como potentes dispositivos para a realização de mudanças
necessárias nos rumos das políticas.
202
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Capítulo 3 POLÍTICAS DE SAÚDE: CONJUNTURA ATUAL
cgu/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/auditoria-e-fiscalizacao/
arquivos/guia-analise-ex-ante.pdf/view e https://www.gov.br/cgu/
pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/auditoria-e-fiscalizacao/
arquivos/guiaexpost.pdf/view.
205
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Capítulo 3 POLÍTICAS DE SAÚDE: CONJUNTURA ATUAL
211
PoLÍTiCAS DE SAÚDE
Possui um caráter mais momentâneo, estabe- Realizado de forma mais permanente ou no de-
lecendo um recorte temporal claro, em geral de correr de um período de tempo mais prolongado,
maior profundidade na análise realizada, como com vistas a verificar ao longo do tempo o com-
se fizesse um flash na situação, obtendo uma portamento do sistema analisado (programa,
foto com grande resolução dessa realidade. projeto, serviço, política etc.).
É o exame discreto de processos, produtos, qua- Não tem como alcançar tal profundidade, devido
lidade, efeitos, impactos, das ações realizadas, a sua necessidade de celeridade dos achados
devendo explorar em profundidade os aspectos para que possa subsidiar decisões sobre a con-
sobre os quais incide. dução das políticas, programas e projetos.
Pode ser usada ou não para subsidiar a tomada Sempre terá de ter a aplicação na tomada de
de decisões. decisões.
212
Capítulo 3 POLÍTICAS DE SAÚDE: CONJUNTURA ATUAL
Não precisa incluir os procedimentos para a ime- Precisa incluir os procedimentos para a imediata
diata apropriação dos achados produzidos e sua apropriação dos achados produzidos e sua in-
incorporação ao processo da gestão. corporação ao processo da gestão.
Não necessariamente tem relação com o dese- Concentra-se em atividades, processos e produ-
nho da intervenção, sendo inclusive recomendá- tos e tem como referência o desenho da política,
vel o uso de metodologias de avaliação indepen- do programa ou projeto.
dente de objetivos.
FONTE: Adaptado de Sousa (2018), Faria (2018), Rua (2012) e CONASS (2016)
Com base no quadro e no que vimos até aqui, podemos constatar que tanto a
avaliação quanto o monitoramento são dispositivos que auxiliam no melhoramento
e efetividade dos programas e políticas, mas que são atividades distintas, estando
entrelaçadas, ou seja, são processos complementares.
Falta pouco para encerrarmos nosso capítulo. Que tal fazer agora a atividade
de estudo?
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao fim da nossa viagem, tanto do capítulo como da disciplina,
esperamos que tenha sido proveitosa e que você tenha apreciado a paisagem
(conteúdo).
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PoLÍTiCAS DE SAÚDE
Diante disso, fica a dica para que você invista seu tempo em pesquisar e
produzir ciência, pois tão importante quanto conhecer um tema é apropriar-se
dele e contribuir para a construção de novos conhecimentos.
Foi um prazer e uma honra fazer parte do seu aprendizado. Desejamos muito
sucesso e realizações pessoais e profissionais.
REFERÊNCIAS
ÁVILA, M. A proposta da Oftalmologia brasileira. 2019. Disponível em: https://
www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/
cssf/arquivos-de-eventos/seminarios-e-outros-eventos-2019/apresentacao-
marcos-avila-cbo-vi-forum-nacional-de-saude-ocular. Acesso em: 11 jun. 2020.
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PEREIRA, L. I.; MATTOS, D. L. Somos humanos nas ruas, não somos lixo:
análise da política nacional para a população em situação de rua e o caso do
município do Rio de Janeiro. Revista do Programa de Pós-Graduação em
Direito da UFC, v. 39, n. 1, jan./jun. 2019. Disponível em: http://periodicos.ufc.br/
nomos/article/view/31064/99399. Acesso em: 9 jun. 2020.
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