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Sumário
A DIMENSÃO SOCIOEDUCATIVA DO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL
EM SAÚDE ...................................................................................................................... 1
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 4
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 26
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NOSSA HISTÓRIA
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1 INTRODUÇÃO
4
Recuperar as bases da Reforma Sanitária diante de um momento em que
a política de saúde enfrenta inúmeras inserções neoliberais, ou seja, um projeto
de saúde voltado para o mercado, no qual o desmonte da política avança a cada
dia; lutar por melhores condições de acesso a política de saúde é lutar pelo di-
reito à vida que está sendo relegado a segundo plano. Nesse sentido é que se
faz necessário retomar o momento histórico, bem como, as bases do Movimento
pela Reforma Sanitária inaugurado nas décadas de 1970 e 1980, para que pos-
samos retomar os princípios da reforma que deram origem à atual política de
saúde e, também, situar a Educação Popular neste contexto.
Segundo Bravo, algumas conquistas foram alcançadas com a transição
democrática, são elas:
“autonomia política às capitais estaduais e aos municípios considera-
dos anteriormente de segurança nacional; a legalização dos partidos
comunistas; a criação do Ministério da Reforma Agrária, com o objetivo
de iniciar o processo de democratização da propriedade da terra; o
processo de remoção do “entulho autoritário” e o estabelecimento de
novas relações com o movimento sindical, buscando o entendimento
entre trabalhadores e patrões, sem intervenções nos sindicatos” (2011:
96).
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Fonte: Créditos: FGV/CPDOC
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Fonte: https://conselho.saude.gov.br/ultimas-noticias-cns/592-8-conferencia-nacio-
nal-de-saude-quando-o-sus-ganhou-forma
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O segundo bloco é o representado pelo Movimento da Reforma Sanitária,
formado por profissionais progressistas da saúde e os movimentos sociais e de-
fendiam a saúde como direito de cidadania e de responsabilidade do Estado,
bem como a participação da sociedade na definição de suas necessidades e
controle da qualidade de seus serviços (BRAVO, 2011). 4 Em 1987, é aprovado
o SUDS (Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde), dando início à des-
centralização e a reforma da previdência.
A partir de 1988, o Inamps passou a ser incorporado pelas secretarias de
saúde, ficando apenas com a “responsabilidade de participar na definição de
políticas e de acompanhar e controlar os recursos financeiros da previdência
social repassados aos demais níveis de governo” (Bravo, 2011: 112). Na As-
sembleia Nacional Constituinte, o projeto apresentado pelo Movimento da Re-
forma Sanitária, Figura 3, conseguiu alguns avanços, tais como:
o direito universal à saúde e o dever do Estado;
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Figura 3: Manifestações populares da Reforma Sanitária
Fonte: http://desacato.info/a-reforma-sanitaria-brasileira-parte-2/
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É válido lembrar que o Brasil iniciou seu processo de constituição de um
Estado de Bem Estar na contramão do que estava acontecendo em âmbito mun-
dial, ou seja, enquanto o Brasil tentava implementar um Estado voltado para a
proteção social, o projeto neoliberal estava se espraiando por todo o mundo com
o lema de um Estado Mínimo para as políticas sociais e máximo para o mercado.
Para Silva (2011: 12),
“a partir dos anos 1990 ivemos um processo de desmonte de parte do
aparato do Estado e de restrição das políticas sociais, que passam a
ser organizadas sob a lógica do capital financeiro. O processo de con-
trarreforma do Estado vem acompanhado de uma série de privatiza-
ções do setor público estratégico”.
Esta mesma autora nos informa que “a chamada crise fiscal do Estado
passa a ser o argumento para a defesa neoliberal do corte de gastos sociais”
(2011: 12).
Atualmente, os atores que acreditam e apoiam o Movimento pela Reforma
Sanitária se uniram através da Frente Nacional Contra a Privatização da Saúde
criada em 2010 e composta por “diversas entidades, movimentos sociais, fóruns
de saúde, centrais sindicais, sindicatos, partidos políticos e projetos universitá-
rios” (BRAVO; MENEZES, 2011: 32). Esta Frente discute e promove ações junto
ao Senado e a Câmara Federal para tentar vetar a propagação das OS, OSCIP
e Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares.
Algumas questões dificultam a implantação das propostas da Frente, são
elas:
redução dos princípios ético políticos do Projeto de Reforma Sanitária,
manutenção do quadro de desigualdade, subordinação das políticas so-
ciais à política macroeconômica, não viabilização da Seguridade Social
como inscrita na Constituição,
falta de articulação entre as três esferas de governo, gastos públicos in-
fluenciados pela lógica do mercado, ampliação dos serviços privados de
saúde, aumento das privatizações e terceirizações,
modelo de atenção à saúde focado na doença,
modelo de gestão burocratizado e estabelecimento de metas em detri-
mento do atendimento das demandas,
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baixos salários e ausência de incentivos relacionados a carreira do setor
estatal,
não cumprimento das deliberações dos conselhos e conferências de sa-
úde, entre outras (BRAVO; MENEZES, 2011).
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Vasconcelos destaca a educação popular como uma metodologia para se
realizar práticas educativas com famílias. Para ele,
“a metodologia de educação popular inova na medida em que não se-
para as dimensões materiais dos problemas sociais da cultura e do
saber ao buscar relacionar problemas específicos com o contexto po-
lítico e econômico geral” (1999: 13).
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3 EDUCAÇÃO POPULAR
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O assistente social poderá contribuir neste processo de orientação social
à população usuária, fazendo uso da metodologia de Educação Popular. Histo-
ricamente, sabemos que o Serviço Social está marcado por dois tipos de práticas
educativas. A primeira tem a proposta de ajuda psicossocial individualizada com
vistas ao ajustamento do indivíduo à sociedade. Já a segunda, relaciona-se à
participação popular marcada pela resistência política ao regime ditatorial
(ABREU; CARDOSO, 2009).
Atualmente, não precisamos mais resistir à ditadura militar, mas temos
que resistir à ditadura do capital, devido a isso, a intervenção do assistente social
nesse processo de ampliação da cidadania e da democracia, fortalecendo espa-
ços para discussão da política de saúde, abrindo caminhos para uma escuta
especializada que contribua no maior acesso da população às decisões da sa-
úde, fazendo com que o SUS seja de todos e para todos, é um compromisso
ético-político que o profissional possa afirmar com a população usuária de seus
serviços.
De acordo com o exposto, Lamamoto (2005) coloca qu atuando em orga-
nizações públicas e privadas dos quadros dominantes da sociedade, cujo campo
é a prestação de serviços sociais, o Assistente Social exerce uma ação eminen-
temente educativa, organizativa, nas classes trabalhadoras. Seu objetivo é trans-
formar a maneira de ver, de agir, de se comportar e de sentir dos indivíduos em
sua inserção na sociedade. Essa ação incide, portanto, sobre o modo de viver e
de pensar dos trabalhadores, a partir de situações vivenciadas no seu cotidiano,
embora se realize através da prestação de serviços sociais, previstos e efetiva-
dos pelas entidades a que o profissional se vincula contratualmente.
O trabalho do assistente social se pauta no conhecimento da realidade e
gera um tipo de intervenção que deve priorizar a ação socioeducativa com vistas
à emancipação do ser humano, pois, os usuários do Serviço Social, em sua mai-
oria, têm seus direitos sociais violados devido ao desconhecimento deles, são
fragilizados pela apropriação indevida pela classe dominante de parte dos direi-
tos que deveriam ser de acesso de todos os cidadãos.
Nesse sentido, Silva (1999: 114) aponta que
“Os usuários do serviço social em geral não têm acesso ou domínio do
conhecimento sobre os seus direitos (Civis, políticos e sociais), a lógica
a partir da qual esses se estruturam e os meios de exercê-los. O resul-
tado é que não acessam, nem usufruem desses direitos”.
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Para Iamamoto (2007: 122), “a prática profissional tem um caráter essen-
cialmente político: surge das próprias relações de poder presentes na socie-
dade”. Neste sentido, o profissional do Serviço Social ganha espaço de atuação
dentro da política pública, tanto para atender aos ditames da instituição, sua em-
pregadora, quanto para defender os interesses da população usuária, conforme
o Projeto ético-político da profissão (PEP).
De acordo Sarmento (1999: 98) também entende que
“A prática profissional, portanto, assume como função socioinstitucio-
nal predominante a reprodução da força de trabalho, atuando em es-
paços sociocupacionais destinados aos setores expropriados de seus
direitos, excluídos das condições de reproduzirem-se e impedidos de
garantirem suas necessidades básicas”.
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decisões em todos os momentos como cidadão. Nesse contexto é importante
ressaltarmos que existe também a ação educativa que visa a manutenção da
subalternização da classe trabalhadora e este é uma característica de governos
autoritários.
Assim, o assistente social pode se utilizar da dimensão socioeducativa,
por meio da metodologia da Educação Popular em todos os tipos de interven-
ções, seja individual ou grupal, seja dentro da instituição em que trabalha ou em
visita domiciliar, pautando-se sempre nos fundamentos liberdadedo PEP, auto-
nomia, emancipação e plena expansão dos indivíduos sociais (IAMAMOTO,
2005).
Nesse sentido, “a prática educativa é inerente à atividade profissional do
assistente social, que acumula experiências na dinamização de ambientes cole-
tivos, na realização de grupos, na democratização dos espaços institucionais e,
como subsídio que fortalece o controle social, a participação e a construção do
processo democrático dentro dos serviços de saúde” (SARRETA, 2009: 61).
Para Torres (2009: 222), a prática da educação popular
“Requer do assistente social uma leitura fundamentada do projeto
ético-político, da realidade social constitutiva do exercício profissional.
(…). Essa abordagem estabelece a necessidade do assistente social
reconhecer as demandas postas para o atendimento social e a formu-
lação e a construção das respostas profissionais de caráter crítico-ana-
lítico, articuladas as condições objetivas de vida do usuário e a reali-
dade social”.
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dagem individual, que favorece a orientação socioeducativa, apesar de se ca-
racterizar por atendimento emergencial. O que vale destacar é que mesmo com
a nova rede de serviços, organizações e formas de gestão, o Plantão Social con-
tinua sendo um serviço necessário ao atendimento direto, concreto e emergen-
cial da população, sob o qual estão abrigados um conjunto de ações educativas
(políticoideológicas), através das quais são garantidas uma parcela das neces-
sidades básicas, sem necessariamente serem entendidos ou efetivarem-se
como direitos sociais (SARMENTO, 1999: 105).
A abordagem grupal, de atuação mais ampla, proporciona maior interação
entre os indivíduos, contribuindo para a discussão de ideias e a noção de coleti-
vidade. Entretanto, este tipo de trabalho muitas vezes não é requisitado e/ou
apoiado pela instituição, pois não é interessante que os cidadãos sejam orienta-
dos em relação aos seus direitos e também acerca dos serviços oferecidos por
ela. Com os cidadãos mais orientados acerca dos seus direitos, eles se tornam
mais exigentes, referente aos serviços prestados.
Torres (2009: 212) nos informa que
“ao ser contratado para prestar serviços nas organizações, o assistente
social é designado a desenvolver atividades previamente determina-
das pelos gestores, cujo foco principal é a operacionalização das polí-
ticas públicas, a execução de programas, projetos e serviços determi-
nados pelas diversas esferas governamentais, nas quais se inserem
as atividades constitutivas do trabalho socioeducativo”.
O mesmo autor acima citado nos coloca que o assistente social pode criar
espaços de intervenção no sentido de valorizar a participação dos usuários. As-
sim,
“ao mesmo tempo em que a organização determina o que é a atribui-
ção do assistente social, o profissional pode também propor alternati-
vas interventivas com base na análise das condições objetivas de vida
do usuário, no conhecimento da rede de proteção e de atendimento
socioassistencial e no conhecimento da realidade social” (TORRES,
2009: 217).
em Equipe;
Socioeducativa;
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Mobilização, Participação e Controle Social;
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Nesse sentido, a Educação Popular contribui com as propostas do PEP e favo-
rece e qualifica a intervenção profissional.
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A dimensão socioeducativa do Serviço Social é inerente à profissão, po-
dendo ser identificada desde a sua gênese. Ao longo da trajetória histórica da
profissão, pode-se constatar que esta dimensão assumiu diferentes direções.
Inicialmente vinculada ao caráter educativo conservador, num viés de enquadra-
mento a ordem social. Posteriormente, foi se modificando, na década de 1950
assumindo posturas mais “modernizadas”, mas ainda numa perspectiva conser-
vadora e finalmente, a partir do final dos anos 1970 e início dos anos 1980, as-
sumindo uma postura crítica. Essa transformação tem como principal marco a
influência da tradição marxista a partir da vertente de intenção de ruptura que
emergiu no processo de renovação do Serviço Social tratado por Netto (1996).
É claro que estas direções coexistem até hoje no Serviço Social, apresentando
novas conotações, considerando que se passaram mais de 40 anos da Renova-
ção do Serviço Social.
Esta dimensão pode ser considerada como transversal às dimensões
constitutivas da profissão: a dimensões teórico-metodológica, ético-política e téc-
nico-operativa. Santos (2013) destaca que as dimensões teórico-metodológica,
ético-política e técnico operativa, apesar das particularidades que apresentam,
visto que cada uma possui suas especificidades, são indissociáveis, represen-
tando assim uma “unidade na diversidade”. Na prática profissional do assistente
social, tais dimensões explicitam-se da seguinte maneira:
[...] a dimensão teórico-metodológica fornece ao profissional um ângulo
de leitura dos processos sociais, de compreensão do significado social
da ação, uma explicação da dinâmica da vida social na sociedade ca-
pitalista. Possibilita a análise do real. A dimensão ético-política envolve
o projetar a ação em função dos valores e finalidades do profissional,
da instituição e da população. É responsável pela avaliação das con-
sequências de nossas ações – ou a não avaliação dessas consequên-
cias. São as diferentes posições e partidos que os profissionais assu-
mem. Já a dimensão técnico-operativa, é a execução da ação que se
planejou, tendo por base os valores, as finalidades e a análise do real
(SANTOS, 2013, p. 26).
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Nesse sentido, é importante atentarmos para a função pedagógica e edu-
cativa que o assistente social tem potencialidade para desenvolver em seu coti-
diano profissional, a qual deve ser compreendida no cerne das relações sociais.
Pode-se inferir que o direcionamento ético-político articulado aos referen-
ciais teórico-metodológicos e aos instrumentos e técnicas associados à dimen-
são técnico-operativa, vinculam-se a dimensão socioeducativa, a qual explicita
a função social e educativa da profissão a partir das bases que fundamentam a
atuação profissional. Nesse segmento, a opção por um projeto profissional com-
prometido com a classe trabalhadora traz novos aspectos para as ações socio-
educativas desenvolvidas pelos assistentes sociais, visto que objetiva romper
com os mecanismos de exploração da ordem vigente.
No desenvolvimento das ações socioeducativas o profissional precisa ter
clareza da finalidade das suas ações, o “por quê” e o “para quem” elas serão
construídas, tendo em vista que possuem o potencial de fortalecimento de pro-
cessos emancipatórios. As ações socioeducativas como toda ação humana
consciente, é travejada por uma intencionalidade, e necessitam ser planejadas,
executadas e avaliadas, entendendo a unidade dialética entre pensamento e
ação presentes neste processo e a finalidade ética da profissão.
Com as ações socioeducativas, “espera-se contribuir com a formação de
uma consciência crítica entre sujeitos, através da apreensão e vivência da reali-
dade, para a construção de processos democráticos, enquanto espaços de ga-
rantia de direitos, mediante a experiência de relações horizontais, entre profissi-
onais e usuários” (LIMA; MIOTO, 2011, p.216-217). Desta forma, no desenvolvi-
mento dessas ações, os usuários não devem ser vistos como receptores de co-
nhecimento, pois eles possuem suas vivências e experiências que também se
traduzem em conhecimento, ainda que este não seja o esperado pelos profissi-
onais. Neste processo, não cabe ao profissional o exercício do julgamento, pelo
contrário deve-se pautar pela defesa da liberdade como valor ético central, não
tutelando os usuários ou subalternizando-os.
As ações socioeducativas podem ocorrer nos atendimentos individuais e
no âmbito das atividades grupais. Nos atendimentos individuais, acontece atra-
vés de uma orientação social; de explicitação e viabilização de direitos sociais,
objetivando romper com a ideia de ajuda; do diálogo enfatizando a importância
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da participação em instâncias de controle social, como os conselhos; da presta-
ção de informações que buscam propiciar ao indivíduo a formação de uma refle-
xão crítica; etc. Já as ações socioeducativas realizadas grupalmente, podem vir
a atingir um público alvo maior, e permite a interação e o diálogo entre os indiví-
duos sociais. Podem ser promovidos neste espaço, a democratização dos servi-
ços presentes no espaço institucional, diálogo com os usuários a fim de identifi-
car a realidade vivenciada por eles, situando às singularidades que permeiam às
suas vivências cotidianas e ao mesmo tempo o caráter coletivo e que quando
trabalhadas sob essa perspectiva podem ter maiores condições de serem aten-
didas pelo Estado, etc.
Nesse sentido, Giaqueto; Ligabue e Proença (2015), destacam que as
práticas educativas têm potencialidade para desencadear processos emancipa-
tórios, além disso, podem propiciar à ampliação da cidadania e do acesso aos
direitos sociais. As autoras destacam que estas práticas estão vinculadas ao
processo de construção da autonomia e da liberdade dos sujeitos.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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ensão da realidade, das suas contradições e o desenvolvimento de ações volta-
das para o fortalecimento das políticas públicas e do nosso projeto profissional
crítico.
Na atual conjuntura, pensar a dimensão socioeducativa no âmbito do Ser-
viço Social significa uma reflexão concernente ao seu trabalho profissional, para
reafirmar o seu compromisso com a classe trabalhadora e defender uma peda-
gogia emancipatória que busque a superação da ordem capitalista estabelecida.
Pois, vivemos momentos de crises, instabilidades, fragmentação, situações que
dificultam o estabelecimento de uma prática socioeducativa emancipatória. Mas
se a realidade nos parece complexa e caótica, é nessa mesma complexidade
que vislumbramos alternativas para a efetivação da sua dimensão socioeduca-
tiva.
O Assistente Social enquanto profissional precisa compreender que é
possível trabalhar a dimensão socioeducativa na nossa realidade atual, para isso
se faz necessária uma formação profissional continuada que seja adequada às
exigências de um trabalho crítico. É importante refletir e identificar novas deman-
das postas à profissão, atuar no controle das ações do Estado, incorporar ativi-
dades de planejamento, gestão e avaliação. Pois, neste cenário, segundo Lama-
moto (1998, p. 35) um dos maiores desafios da atualidade para os profissionais
do Serviço Social é a “[...] construção de propostas de trabalho criativas e capa-
zes de preservar e efetivar direitos, a partir de demandas do cotidiano. Enfim,
ser um profissional propositivo, não só executivo.”
Deve-se levar em consideração a capacidade crítica dos usuários, proble-
matizar com os mesmos a nossa atual conjuntura político social, fazer com que
a informação chegue até eles, utilizar-se de espaços de comunicação social de
modo a impulsionar uma consciência crítica, que se contraponha a cultura do-
mesticadora que temos em vigência. Assim, fica claro que, se o cotidiano profis-
sional nos apresenta muitos desafios, é dentro dele que também vamos encon-
trar as possibilidades, indo além da aparência imediata da realidade social, bus-
cando sempre enxergar a sua totalidade.
Portanto, quando falamos em dimensão socioeducativa do Serviço Social,
estamos nos referindo a um trabalho profissional alicerçado nos princípios ele-
mentares do seu projeto ético político profissional, em uma prática que valorize
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e respeite a classe trabalhadora, que a qual possa ser comprometida com a su-
peração dessa ordem vigente para outra que eleve a construção de uma ordem
societária justa e igualitária.
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REFERÊNCIAS
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e práticas profissionais. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
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úde na atualidade: por um sistema único de saúde estatal, universal, gratuito e
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BRAVO, Maria Inês de Souza; MENEZES, Juliana Souza Bravo de. Participação
popular e controle social na saúde. In: BRAVO, Maria Inês de Souza; MENEZES,
Juliana Souza Bravo (orgs.). Saúde na atualidade: por um sistema único de
saúde estatal, universal, gratuito e de qualidade. Rio de Janeiro: UERJ, Rede
Sirius, 2011
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CONTEMPORÂNEOS, 2015. Anais.
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27
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2007.
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jeto profissional e mediações teórico-práticas. São Paulo: Cortez, 2015.
28