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Já Mota et. al. (2007) afirma que a concepção abrangente de saúde trazida pela
nova Constituição foi um importante passo para uma mudança significativa no modelo
assistencial e na tradução das necessidades de saúde da população brasileira.
Dessa maneira, é comum surgirem demandas da Saúde na Assistência Social.
Quando isso ocorre, o assistente social encaminha o usuário, por exemplo, a um
ambulatório. Porém, normalmente, existe uma superlotação nesses lugares. Por vezes, o
atendimento demora e, quando finalmente ele acontece, o paciente é reencaminhado
para outro profissional da Saúde.
Esse fluxo não é eficiente. Em várias etapas, não existe acolhimento. O
usuário, fragilizado, acaba desistindo do tratamento. É desgastante para o indivíduo e
caro para o poder público.
Como política garantidora do direito à proteção social, a Assistência Social,
materializada através do trabalho do assistente social e de outros profissionais, tem
papel fundamental no processo descrito acima, bem como na melhoria dele.
O assistente social é reconhecidamente um profissional da saúde. As
resoluções do Conselho Nacional de Saúde nº. 218, de 06 de março de 1997, e do
Conselho Federal de Serviço Social nº. 383, de 1999, além da Resolução nº. 196 de
1996 tratam da ética em pesquisa, envolvendo seres humanos (ROSA et. al., 2006, p.63-
64) são expressões concretas desta afirmativa.
Para o CFESS (2009, p.15) a nova configuração da política de saúde impactou
o trabalho do assistente social em diversas dimensões: nas condições de trabalho, na
formação profissional, nas influências teóricas, na ampliação da demanda e na relação
com os demais profissionais e movimentos sociais. Ampliou-se o trabalho precarizado e
os profissionais são chamados para amenizar a situação da pobreza absoluta a que a
classe trabalhadora é submetida.
Desta maneira, ao reconhecer a saúde como resultado das condições
econômicas, políticas, sociais, culturais, e preconizada por lei, o Serviço Social passa a
fazer parte do conjunto de profissões necessárias à identificação e análise dos fatores
que intervém no processo saúde/doença.
da ampla abertura e liberalização da economia a fim de nos trazer justiça social nunca se
realizou de fato. A autora nos explica a razão: a diminuição dos recursos para o social
só contribui para agravar as expressões da questão social (VASCONCELOS, 2001, p.
1).
Perdem-se, portanto, as condições objetivas que possibilitam a efetivação do
princípio da universalidade como direito social. As tendências individualistas, seletivas
e focalizadas difundidas pelas ideias neoliberais descaracterizam e menosprezam não só
o modelo de saúde pública que o a Constituição Federal de 1988 instituiu como também
toda e qualquer política pública (ARAÚJO, 2014).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
um conceito de saúde mais amplo e abrangente constituíram uma base que requereu a
inserção do profissional de Serviço social dentro do contexto das políticas de saúde,
colocando tal profissão inserida na área como um todo, desde a atenção primária e
básica aos serviços especializados de alta complexidade.
Quando se coloca o conceito de saúde dentro da teoria das necessidades
humanas básicas bem como atendendo aos aspectos biopsicossociais, o assistente social
ganha um campo abrangente de trabalho, tento em vista que o modo de produção influi
consideravelmente na manutenção e promoção da saúde.
Mesmo o trabalho do assistente social, sob a égide de um capital
financeirizado, traz as repercussões disso. A atuação deste profissional não é deslocada
das bases sociais que a sustentam. Nesta fase de acumulação fetichizada do capital, o
Serviço Social está sendo convidado a pensar os Estados nacionais e suas estratégias de
reprodução que atingem profundamente as políticas públicas, entre elas as políticas
sociais de saúde, com complexas incidências na vida humana e refrações que nos
permitem repensar as políticas públicas.
Para efetivação da interdisciplinaridade é fundamental que o profissional
conscientize-se que sua profissão não pode estar isolada de outras profissões e que para
interagir com as mesmas é necessário saber definir e ser competente em seu campo,
sendo esse um elemento fundamental para que haja a troca entre saberes.
Com isso, concluímos que é possível sim a atuação interdisciplinar do
assistente social na equipe multidisciplinar de saúde, quando o profissional deve manter
o dialogo e olhar diferenciado para o objeto através da desacomodação, saindo assim da
sua zona de conforto em busca do novo.
REFERÊNCIAS
BRAVO, Maria Inês Souza. Serviço Social e Reforma Sanitária: lutas sociais e
práticas profissionais. São Paulo: Cortez, Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 1996.
MOTA, A.E. Et. al. Serviço social e saúde: formação e trabalho profissional. 2 ed.
São Paulo: OPAS, OMS, Ministério da Saúde, 2007.
NETTO, J.P. A Construção do Projeto Ético Político do Serviço Social. In. MOTTA,
A. E. et. al. (org.) Serviço Social e Saúde: formação e trabalho profissional. São Paulo:
Cortez, 2006.
ROSA, L.C. S et. al. O Serviço Social e a Resolução 196/96 sobre ética em pesquisas
envolvendo seres humanos. Serviço Social & Sociedade. São Paulo, Cortez, ano
XXVIII, nº. 85 p.62-70, mar. 2006.