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Unidade 1 / Aula 1
A estrutura da economia colonial
Introdução
constituição do capitalismo europeu, bem como com a formação das Américas em geral.
Desse modo, compreender a herança colonial, seus impactos sobre a realidade brasileira
e as marcas deixadas pelo passado faz parte da formação de qualquer profissional que
Prado Jr. (2011), um dos principais intérpretes da realidade brasileira. Dessa maneira, o
República, o passado imprimiu marcas que se mantêm vivas até os dias atuais, com
As razões da colonização
A chegada dos povos europeus às Américas não se deu por mero acaso. A longa crise
do regime feudal como reflexo, entre outras razões, da ascensão comercial do velho
parte desse quadro mais amplo de transformações globais, que levaram à consolidação
foram sendo substituídas pela propriedade privada dos meios de produção e pelo
a vida na Europa. Voltado aos interesses comerciais externos, o Brasil surgiu como
Foi dentro deste contexto que Prado Jr. (2011, p. 15) argumentou que “todo povo tem
colonização, o autor se preocupa com os motivos que levaram a esta e daí a ideia de
deu apenas quando foi inevitável defender as terras de outras potências europeias
emergentes. O Brasil foi formado, nesse caso, com intuito exclusivo de ser fornecedor
sabe, sempre foi a primeira opção, nunca se arriscando o trabalhador branco e livre
europeu.
Dessa maneira, o que coloca Prado Jr. (2011) é que o Brasil não foi formado para ser
como forma de extensão de suas vidas na Europa, como ocorreu com a América do
para fornecer açúcar, tabaco, alguns outros gêneros; mais tarde ouro e diamantes; depois
algodão, e em seguida café, para o comércio europeu. Nada mais que isso. É com tal
objetivo, objetivo exterior, voltado para fora do país e sem atenção a considerações que
caso do açúcar no século XVI. Como não havia objetivo de expansão do mercado
parte dos recursos nesse produto. Dois outros elementos importantes dão a característica
monocultura de exportação.
que seria necessário apenas, e tão somente, se houvesse alguma pretensão de tornar essa
capacidade intrínseca de produzir valores de troca, ele mesmo possui valor de troca no
exportador, pois o objetivo era atender à Europa com o gênero mais lucrativo possível e,
extensões de terras. Esse processo se deu com o açúcar, com os minérios e depois com o
foi formado e parte dessas características ainda se apresentam nos dias atuais, mesmo
Ainda no que diz respeito à conexão com o processo de expansão do comércio europeu,
pode-se dizer que a colonização fez parte do processo denominado por Marx (2008) de
força de trabalho livre, a burguesia comercial emergente passou a acumular capital por
colonização das Américas, todavia, faz parte desse processo inicial de formação do
expansão.
particularmente, Alemanha, Itália e Japão; (iii) por fim, tem-se a via colonial, onde
estão inseridos o Brasil e a maior parte das Américas, caracterizados pelo atraso
pioneiros.
dilemas enfrentados pelo país, ainda que a industrialização tardia do século XX tenha
uma característica fundamental, sua relação dependente com o setor externo. Pode-se
crise desse modelo nos anos 1980, o Brasil voltou-se à pauta primária de exportações,
Na primeira década dos anos 2000, a economia brasileira passou por um processo de
crescimento intenso, mas dessa vez motivado pelo ciclo positivo de commodities
externas. As economias asiáticas, com destaque para China, passaram a demandar bens
industrializados vindos da China, mas também dos EUA e países da Europa. Ou seja,
Em linhas gerais, a globalização observada desde os anos 1990 mudou a relação entre
ofertar bens como soja, minério e petróleo, especialmente após a entrada do pré-sal em
funcionamento.
Em 2020, o Brasil se tornou o maior produtor de soja do mundo, com 126 milhões de
país, o grão se estende também às regiões Sul, Sudeste e vem ocupado a região Norte
nos dias atuais, a disputa pela terra. O Censo Agropecuário do IBGE de 2006
identificou que cerca de 45% da área rural do país está nas mãos de menos de 1% dos
proprietários agrícolas, o que faz do Brasil um dos poucos países de larga extensão sem
ter realizado uma reforma agrária. Tal concentração é motivo de disputas sangrentas,
o país com maior número de mortos em conflitos por terra. Em relatório de 2021, o
Centro de Documentação da Comissão Pastoral da Terra (CPT) informou aumento de
maior parte das vítimas foi de indígenas Yanomamis, com 103 óbitos.
apresenta. Nesse sentido, conhecer a história contribui para a compreensão dos dilemas
Saiba mais
brasileira, leia a introdução e o primeiro capítulo da obra de Caio Prado Jr. Formação
Novais sobre o sentido da colonização em Caio Prado Jr. Destaca-se, todavia, que
Prado Jr.
Documentação Dom Tomás Balduino – CPT. Goiânia: CPT Nacional, 2022. Disponível
em: https://www.cptnacional.org.br/publicacoes-2/destaque/6001-conflitos-no-campo-
Novais; posfácio Bernardo Ricupero. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
Unidade 1 / Aula 2
Ciclos comerciais
mas, nas colônias, esse ciclo se apresentou de maneira ainda mais intensa. Economias
assumiu destaque tão logo a colonização se estabeleceu, foi o açúcar, o “ouro branco”,
entre os séculos XVI e XVII. Escasso na Europa e tido como uma especiaria de alto
suas colônias na África, na América do Sul, nas Antilhas e até mesmo em regiões da
Ásia.
Na corrida comercial que alimentou as expansões ultramarinas, Portugal e Espanha
organizadas, como Astecas e Incas, por meio das chamadas “encomiendas”, extraíram
acirrando a disputa sobre as novas terras. Portugal, por sua vez, estabeleceu-se
invasores, mas em seguida organizou sua empresa comercial lucrativa. Pela sorte ou
foram impelidos a criar uma atividade lucrativa, fazendo da empresa açucareira uma das
metrópoles,
episódio dessa obra ingente. De início pareceu ser episódio secundário. E na verdade o
foi para os portugueses durante todo um meio século. [...]. Aos espanhóis revertem em
sua totalidade os primeiros frutos, que são também os mais fáceis de colher. O ouro
de ser da América, como objetivo dos europeus, em sua primeira etapa de existência
União Ibérica, estabelecida entre os anos de 1580 e 1640, absorveu Portugal a seus
domínios e a força de Filipe II, rei da Espanha, foi sentida também nos Países Baixos,
onde seu poder católico perseguiu protestantes, num claro conflito entre a velha e a
nova sociedade. Tais eventos tornaram o Brasil alvo ideal, principalmente de holandeses
que, por meio da Companhia das Índias Ocidentais, se estabeleceram na região
Antilhas.
A crise espanhola em meio a tantos gastos militares produziu sua rápida decadência no
século XVII, contrastada com a ascensão de países como Holanda, Inglaterra e França,
para si, mas muito benéficos para a industrialização da Inglaterra, como o Tratado de
interior. A descoberta das jazidas minerais nas Minas Gerais provocaram mudanças
o permitiria retornar à Europa. Além dos colonos apoiados por suas coroas, vieram
brasileira.
As jazidas minerais usavam pouca ou quase nula tecnologia, sendo, portanto, apoiada
das três diferentes raças. De acordo com Lacerda et al. (2010, p. 27), “essas expedições
tinham como objetivo a captura de índios”. A produção nas jazidas também introduziu
individuais.
Além disso, alguns escravos passaram a ter uma posição diferente nesse contexto,
indígena.
Prado Jr. (2011) chama atenção para as mudanças sociais ocorridas entre os séculos
XVII e XVIII a partir do que ele chamou de “encontro das três raças”. Segundo o autor,
no Brasil se deu ao acaso, motivado pelos interesses comerciais, o encontro entre três
grupos sem coesão, nas suas palavras, “sem nexo moral”. Em linhas gerais, de acordo
com Prado Jr. (2011, p. 362), “raças e indivíduos mal se unem; não se fundem num todo
coeso; justapõem-se uns aos outros, constituem-se unidades e grupos incoerentes que
Nesse sentido, a ausência de conexão entre os grupos sociais impede vínculos mais
última análise, cabe destacar que o vínculo entre essas três raças se dá por meio do
trabalho compulsório e, por sua vez, constrangido, violento, o que não permite o sentido
de pertencimento a um povo.
O núcleo moral é a família, onde os filhos aprendem com seus pais sobre sexo
ricas também não eram reconhecidas como moças “para casar” (PRADO Jr., 2011).
pela mineira, mas depois baiana e pernambucana, registravam o início do fim do regime
colonial. Inspiradas também pelas ideias iluministas que já circulavam pelas Américas,
Haiti, primeiro país a abolir a escravidão na região, a colônia estava com os dias
contados.
Foi nesse contexto, todavia, que o café despontou como produto de destaque. Apesar
das mudanças políticas e dos reflexos da revolução industrial inglesa, o Brasil adentrou
o século XIX como um país ainda voltado aos interesses comerciais estrangeiros e, por
Você já se perguntou por que os países são tão diferentes? Mesmo em casos de histórias
Entre os séculos XVI e XVII, enquanto o Brasil passava de um ciclo a outro, mas
sempre voltado para fora, como foi visto na primeira aula, os países europeus
principalmente ao Norte, onde hoje são os EUA e o Canadá. Com objetivos de dar
continuidade a suas vidas longe das perseguições e podendo exercer sua liberdade, tanto
religiosa como política e comercial, o novo continente se tornou uma extensão da vida
europeia fora da Europa. Seguindo a abordagem de Prado Jr. (2011), o “sentido da
Sul, ou seja, com objetivos de dar seguimento à vida europeia, essas colônias fizeram do
mercado interno das regiões de exploração, estas forneciam bens primários à primeira.
Nessas condições, “uma economia desse tipo estava em flagrante contradição com os
metropolitanos, a colônia não tardaria a se rebelar e promover uma guerra civil violenta
que acabaria por definir seu destino. Voltados para seu mercado interno, os EUA
iniciou sua industrialização num contexto apenas quando foi inevitável, mas depois que
quais foram as decisões que conformaram o presente. Outros aspectos como o sistema
Saiba mais
Referências
2011.
Novais; posfácio Bernardo Ricupero. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
SAES, F. A. M.; SAES, A. M. História Econômica Geral. 1. ed. São Paulo: Saraiva,
2013.
Unidade 1 / Aula 3
A crise do sistema colonial e a independência do Brasil
Introdução
O século XIX foi marcado por intensas mudanças no mundo e no Brasil. A Revolução
salto produtivo dado pela Inglaterra na segunda onda da Revolução Industrial a partir da
impôs à coroa duas opções: ficar e lutar contra um dos mais poderosos exércitos da
Europa ou aceitar o apoio inglês em troca da abertura dos portos brasileiros, decretando
o fim do exclusivo metropolitano que, por sua vez, decretaria a crise do modelo
colonial. Nesse sentido, o período foi marcado no Brasil por grandes transformações, de
uma sociedade rural e colonial a uma sociedade que aos poucos ia se tornando urbana e
industrial.
A crise do modelo colonial
A crise vivida por Portugal com o fim da União Ibérica revelou sua fraqueza comercial,
relativo entre ambos os Estados. As pressões da coroa portuguesa por mais impostos
frente às jazidas de ouro cada vez mais escassas contribuíram para a intensificação de
pouco havia guilhotinado a nobreza de seu país, acabando com os resquícios do antigo
regime e inaugurando uma nova ordem. Inspirada pelo liberalismo e seus ímpetos
mulheres escravizados, além de uma nascente classe média urbana, descontente com as
ligadas à ascensão de uma classe dominante na região Sudeste do país, ligada aos
interesses exportadores do café. Ainda que em oposição ao Império, a cafeicultura
mercantil colonial.
abertura dos portos brasileiros. Sobre isso, resume Novais (1989, p. 123):
internacional e colonial, e essa convergência era de molde a pôr cada vez mais em
revolução industrial inglesa exigia cada vez mais a abertura dos mercados ultramarinos
A proibição do tráfico negreiro pela Inglaterra foi outro fator importante, fator
revelador de um novo tempo, menos em função de valores éticos e morais, ainda que
ingleses.
Promulgada em 1831, a lei que deveria reprimir o tráfico de escravos serviu apenas
“para inglês ver”, diante da queda nos preços dos escravos na África e da crescente
demanda para as lavouras de café, o tráfico não apenas se manteve como acelerou.
Nesse contexto de contradições e profundas transformações, o Brasil se tornou nação
poder que se configurava, voltada aos interesses da elite cafeicultora, o país seguiu
A colônia de exploração viveu dos ciclos produzidos por produtos atraentes ao mercado
europeu. No século XIX essa dinâmica se manteve, inclusive por razões alheias ao
Brasil, como foi o caso da independência do Haiti. Colônia açucareira francesa, o país
açúcar e café, o que abriu uma série de oportunidades ao Brasil. O açúcar, que já havia
perdido a predominância que um dia teve, mas nunca desaparecido, voltou a figurar
como importante produto. Mas foi o café, cultivado no país desde o início do século
terceiro lugar depois do açúcar e do algodão. E nos decênios seguintes já passa para o
Um dos dilemas vividos pelo Brasil na primeira metade do século XIX foi, segundo
algodão por escravos. Já a mão de obra potencial alocada no setor de subsistência era
pelos ciclos intensos da economia de exportação reunia em zonas urbanas uma força de
trabalho livre e potencial sem ocupação permanente, mas com dificuldades de adaptação
distinta da dos europeus que haviam colonizado o país. Era essa uma colonização
obras públicas artificiais para dar trabalho aos colonos, obras que se prolongavam
algumas vezes de forma absurda. E, quase sempre, quando, após os vultosos gastos, se
deixava a colônia entregue a suas próprias forças, ela tendia a definhar, involuindo em
Brasil, como foi o caso da proibição alemã em 1859. Foi a partir de 1870, como uma
política de Estado, organizada e combinada com a elite cafeeira que o país passou a
país passava por unificação territorial em fins do século XIX. Sobre tal política pode-se
resumir:
comprometiam com contratos que estabeleciam não só o local para onde se dirigiriam,
cafeeiro e com reflexo em diversas outras áreas. O café teve importância decisiva para a
quebra da Bolsa de Nova York, teve íntima relação com a cafeicultura, ora sendo
alimentada pelo capital acumulado nessa atividade, ora utilizando-se das relações
São Paulo, formaram a burguesia industrial inicial, importante para a inserção do país
Esse fato explica, todavia, o papel que o estado de São Paulo teve na formação do país,
momento de ebulição social e política do país. No mesmo ano era fundado no Rio de
europeu, iniciava a agitação política pelos grandes centros urbanos do país. Nesse
contexto, Caio Prado Jr., membro de uma das famílias mais ricas e tradicionais
produtoras de café de São Paulo, iniciou seus estudos sobre o Brasil, rompendo com
têxtil de tipo moderno, que utilizava cerca de 30 teares adquiridos da firma inglesa John
Pratt & Sons e o trabalho de apenas 60 operários. Em 1877, o filho do Barão de
Piracicaba, que tinha sido educado na Inglaterra, construiu outra fábrica têxtil, ainda
maior, munida de 350 máquinas da mesma firma inglesa. No Estado de São Paulo, em
particular na zona algodoeira de Itu, foram abertas mais dez pequenas empresas de
fiação de algodão. No Brasil, como em muitos outros países, o setor têxtil foi durante
muito tempo o principal ramo industrial. Em 1881, nele estavam ocupados 3 mil
São Paulo e depois os demais estados da região Sudeste tiveram papel de destaque na
capitalista no país, São Paulo passou a concentrar boa parte dos investimentos internos e
também estrangeiros, tornando-se a região mais rica e poderosa da nação, junto com a
industrial, com destaque para a concentração regional. Nesse sentido, cabe destacar
Sudeste. Portanto, além dos dilemas herdados pela colonização, persistem problemas
Referências
2011.
IBGE. Brasil 500 anos. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,
povoamento/italianos/razoes-da-emigracao-italiana.html#:~:text=Imigra
%C3%A7%C3%A3o%20subvencionada&text=se%20estendeu%20de
2022.
Unidade 1 / Aula 4
Do escravismo até a Proclamação da República
Introdução
O que a escravidão tem a ver com meu dia a dia? Embora distante de nós no tempo,
historicamente a escravidão é recente no Brasil e contribuiu para formar e hierarquizar
nossas relações sociais, econômicas, jurídicas, políticas etc. Ainda que não sejamos
responsáveis pela maior barbárie cometida pela humanidade no período moderno,
certamente alguns se apropriam de privilégios gerados por ela, enquanto outros
assumem seus custos. Nesse caso, compreender a escravidão como parte estrutural do
modo de produção capitalista ajuda a entender também as particularidades do
capitalismo brasileiro e os desafios ainda a serem superados.
Escravidão
Américas, com destaque para o Brasil, o maior receptor de africanos escravizados entre
processo de formação do capitalismo mercantil que tal prática assume uma conotação
específica. O escravo torna-se uma mercadoria cujo valor de uso é produzir mercadorias
com valores de troca, mas ele mesmo em si se torna também uma mercadoria com valor
de troca.
ainda no século XV, foi de fundamental importância para que esse país dominasse não
Embora protegendo-os da escravidão violenta, a igreja não tinha nenhum apreço por sua
Portugal e outros países europeus não dispunham de amplo contingente de mão de obra
Brasil. Assim, estima-se que o Brasil tenha recebido cerca de 4 milhões dos
de escravidão.
Diferente do indígena, mais habituado às jornadas de trabalho extensas e com
visto como uma máquina, e não como um ser humano. A desumanização dessa
[...] Vários argumentos foram utilizados para justificar a escravidão africana. Dizia-se
cativos para o mundo cristão, onde seriam civilizados e salvos pelo conhecimento da
verdadeira religião. Além disso, o negro era considerado um ser racialmente inferior.
o tamanho e a forma do crânio dos negros, o peso de seu cérebro etc. ‘demonstravam’
escravo brasileiro era de 18,3 anos no século XIX, enquanto a da população em geral
era de 27,4 anos. Na mesma época, nos EUA, a expectativa era em torno de 35,5 anos
1996).
O liberalismo do século XIX
A Revolução Industrial do século XIX trouxe da Inglaterra para o Brasil uma ideologia
foram decisivas para o processo de ampliação dos mercados. Ao tratar sobre o direito
natural à propriedade em meio à Revolução Gloriosa (1688), John Locke, filósofo inglês
decorrente deste. Como consequência desse fato, a Inglaterra havia proibido Portugal de
traficar escravos desde o início do século XIX, acordo referendado pelo Brasil já
revoluções, muitas das quais de caráter antiescravista, no Brasil optou pelo acordo entre
potência econômica.
A abolição ocorreu apenas quando a questão do trabalho havia sido solucionada por
resistência negra foi sempre uma constante no país. Diferente dos indígenas, os
africanos foram apartados de seu território e separados de suas tribos e seus familiares,
inclusive como técnica para debelar resistências. Ainda assim, a formação dos
quilombos desde o século XVII foi uma importante forma de organização. Palmares, na
Além da Independência e da Abolição, o século XIX foi marcado pelas pressões por
O episódio reuniu uma série de insatisfações de uma sociedade cada vez mais
café, principalmente no estado de São Paulo, exigiam maior participação nas decisões
sobre os rumos do país. Ademais, a insatisfação militar com o governo contribuiu para
A Primeira República, que durou até a crise de 1930, foi guiada por interesses regionais,
principalmente dos estados mais fortes e poderosos, como São Paulo, Minas Gerais e
Rio de Janeiro, com papel acessório de alguns estados do Nordeste e do Rio Grande do
Sul. A política de governadores, conhecida também pelo rótulo de “Café com Leite”,
Taubaté, de 1906.
Entre o final do século XIX e início do século XX, o Brasil era uma economia agrário-
no entanto, já começava a dar seus primeiros passos, mas apenas a partir da chegada de
Getúlio Vargas ao poder, num contexto de Grande Depressão Mundial, é que o país
O Brasil tem pouco mais de 500 anos de história conhecida, dos quais cerca de 350
foram marcados pela violência do trabalho escravo. Derivado desse processo, o racismo
estrutural e institucional (ALMEIDA, 2019) impôs aos povos negros e seus descentes
uma chaga profunda, com efeitos diversos sobre suas vidas, mas nos restringiremos aqui
com a PNAD Contínua do IBGE, gira em torno de 40%, ou seja, 34,7 milhões de
informais, cerca de 60% afirmam “viver de bico”; isso significa que, caso surja algum
trabalho esporádico, em geral, para alguns dias, essas pessoas conseguem auferir
alguma renda. Quando o recorte estatístico é feito por raça, constata-se que os negros
são a maioria dos desempregados (46%), com menor remuneração, pois a diferença
média, nas posições de menor comando e mais baixa remuneração. Segundo dados do
quais 65% são negras, acima de 40 anos e com remuneração abaixo do salário mínimo.
De acordo com os dados compilados pelo Dieese, o rendimento médio mensal das
carteira ganharam 40% menos do que as com carteira e as mulheres negras no serviço
onde o indivíduo mora, o que veste, o que come e, em última análise, a forma como será
tratado pela sociedade e pelo Estado, seja nas mãos da polícia ou do sistema judiciário,
brasileira sobre a vida dos cidadãos. Mas o que cabe demonstrar aqui é a relação entre
capitalismo, que foram forjadas pela escravidão. Isso significa dizer que a desigualdade
racial é um elemento constitutivo das relações mercantis e de classe, de tal sorte que a
para se renovar, o capitalismo precisa muitas vezes renovar o racismo, como, por
exemplo, substituir o racismo oficial e a segregação legalizada pela indiferença diante
interesses alheios aos seus. Nesse sentido, as marcas da violência passada e cotidiana
contribuem para refutar o mito da cordialidade brasileira, principalmente num país onde
uma pessoa negra é assassinada pela polícia a cada quatro horas, segundo dados da
pesquisa Pele-alvo: a cor da violência policial (RAMOS et al., 2021). Das 2.653 mortes
Sobre o racismo estrutural e institucional que marca as relações sociais no Brasil, veja
Almeida (2019), presente nas referências. Além disso, há vídeos disponíveis com aulas
do autor na internet.
Referências
1996.
2011.
RAMOS, Silvia et al. Pele-alvo: a cor da violência policial. Rio de Janeiro: CESeC,
dez. 2021.
Unidade 1 / Aula 5
Revisão da unidade
A colônia de exploração
guiados pelo lucro e por ideias mercantilistas, cuja expressão síntese era o acúmulo de
metais preciosos. No caso do Brasil, um vasto e fértil território, ainda que hostil
outras palavras, nem por um instante o colono europeu planejou se estabelecer como
meio de vida, mas sempre esteve voltado à atividade de extração predatória e violenta,
século XVI, revelou também o atraso relativo espanhol, pois este último, ao encontrar
de negócios permanentes. O ouro branco, como ficou conhecido o açúcar, já estava sob
mercado de escravos, todavia, também era dominado por portugueses que, diante das
holandeses, a queda nos preços encerrou importante ciclo econômico da colônia, que
logo fora substituído pela mineração. A partir das operações Bandeirantes rumo ao
Minas Gerais, todavia, levou as notícias para o outro lado do Atlântico, atraindo intenso
fluxo migratório europeu, cujo objetivo era o enriquecimento rápido. Nesse contexto,
raças cujo elemento comum era a ausência de nexo moral, segundo Prado Jr. (2011).
econômica, como explica Furtado (2011), muito comum nas colônias de exploração. Ou
seja, a cada fim de ciclo expansivo voltado para fora, um processo de regressão
o início do século XVI foi marcado pelo renascimento agrícola, além do despontamento
subsistência.
O século XIX ficou marcado pelas intensas mudanças decorrentes de eventos internos e
deslocar a metrópole para a colônia, entregando aos ingleses o acesso aos portos
No plano interno, a ebulição política, influenciada pelo iluminismo, mas também pelo
estruturou a economia brasileira por quase quatro séculos, deixando marcas presentes
até os dias atuais. Das vastas extensões territoriais concentradas nas mãos de poucos
proprietários às chagas da escravidão e o peso que exerce o racismo estrutural e
A sociedade contemporânea tem feito importantes discussões sobre temas que até pouco
tempo eram deixados de lado. Entre eles, o racismo se apresenta como um dos
principais, não apenas no Brasil, mas no mundo inteiro, como no caso dos EUA, onde a
de futebol, o que tem provocado discussões calorosas, inclusive na esfera jurídica sobre
No que diz respeito à colonização e sua herança, foi visto ao longo do conteúdo como a
escravidão estruturou relações sociais por aproximadamente 400 anos. Portanto, os 134
anos de abolição ainda são insuficientes para apagar tais chagas, se é possível que isso
ocorra um dia.
contratações em uma empresa, cuja maioria dos empregados é branca e você foi
designado pela diretoria como responsável pela política de diversidade racial. Antes da
palestras e atividades que contribuam para esclarecer aos colaboradores sobre as razões
______
Reflita
racionalidade como elemento chave para explicação de como o mundo funciona, quão
bárbara é a escravidão?
Como vista em uma das aulas, a expectativa média de vida de um escravo brasileiro era
explica a formação brasileira? Como lidamos com ela cotidianamente? O que dizem os
moradoras de periferia. Com poucos ou quase sem direitos trabalhistas, muitas recebem
regulamentadas. De que maneira é possível relacionar tal fato com os quatro séculos de
escravidão?
educação formal de qualidade, em sua maioria pretos e pardos. Nesse caso, qual seriam
uma opção e a dicotomia entre certo e errado, verdadeiro e falso, acaba encobrindo a
propostas pela empresa em questão, são um caminho positivo, ao menos para clarear
para a sociedade questões que de tão importantes conseguem explicar nossas relações
mais profundas.
Como medida a ser executada, a educação é o caminho mais bem estruturado e a ciência
tem muito a contribuir. Há questões que são de cunho opinativo e devem ser
respeitadas, mas há outras, como o racismo, que não se trata de opinião sobre sua
não sofre com o problema em ouvintes, enquanto aqueles que sentem na pele darão suas
versões de como é ser negro em um país racista. Adicionalmente, caso o recorte seja
feito por gênero, a situação ganha novas nuances, pois o impacto do racismo sobre as
É verdade, no entanto, que no século XXI ninguém é responsável pela escravidão, nem
mesmo os brancos. Mas certamente estes colhem os privilégios de serem brancos nessa
sociedade, bem como negros colhem as chagas de serem negros. Portanto, o racismo e a
desigualdade derivada dele não são apenas problemas para negros resolverem, mas para
toda a sociedade. Por essa razão, empresas importantes têm se engajado na equiparação
Cabe ainda destacar, em última análise, o papel do poder público nessa questão. Por
meio de uma política educacional de qualidade que reflita esses valores, o Estado tem
Resumo Visual
A dinâmica colonial. Fonte: elaborada pelo autor.
Referências
2011.
Novais; posfácio Bernardo Ricupero. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
Unidade 2 / Aula 1
Introdução
Prezado estudante, seja bem-vindo a mais uma aula! Nesta etapa de aprendizagem,
vamos prosseguir com seus estudos acerca da formação econômica brasileira. Para isso,
do século XVIII.
Essa debilitação foi dramática, levando a uma estagnação econômica no país e a uma
fontes de ouro. A empresa mineira se baseava na mão de obra escrava e não mobilizava
grande expediente técnico, de modo que o esgotamento da fonte aurífera era suficiente
para que o investimento de capital na sua exploração se perdesse. Além disso, os frutos
Nesse contexto, chegavam ao Brasil elementos da doutrina liberal, fato que motivou
No entanto, ainda que a doutrina pregasse o livre comércio e que, desde a transferência
da corte portuguesa, em 1808, grande parte das restrições comerciais tenha sido retirada,
mercado inglês, e a Inglaterra tomou medidas a fim de proteger a produção das suas
colônias, sobretudo nas Antilhas, da concorrência brasileira. Há, portanto, como aponta
setor aurífero impediu que os capitais acumulados durante seu apogeu fossem investidos
uma base técnica e de imigrantes qualificados, fato que, junto dos esforços diretos da
Em terceiro lugar, não existia, em termos de doutrina econômica, uma orientação que
baseado na produção de açúcar, por alguns fatores; para começar, porque gerou o
nas regiões do sul do país, começa a ser exportado para a região que, para além da
direção à costa. A distância proporcional dessa região em relação aos portos contribuía
para diminuir o papel relativo das importações, já que elas em muito se encareciam no
Entretanto, como nota Furtado (2005), mesmo que tais fatores pudessem ter estimulado
A razão mais direta para isso é a proibição, por parte da administração portuguesa, da
produção de manufaturas na Colônia, em 1785. No entanto, para Furtado (2005), não foi
apenas esse fator que impediu a germinação desse setor no país. Mesmo diante de um
cenário favorável, a região carecia de uma base técnica apta a produzir um setor
manufatureiro. A mão de obra que chegava de Portugal não era qualificada, e esse país
Inglaterra e Portugal, o qual vigorou de 1703 a 1836, ficou conhecido como Tratado de
de tecidos ingleses por parte dos portugueses. Haveria, nesse sentido, um déficit
de uma base técnica manufatureira em Portugal, que era incapaz de concorrer com a
indústria inglesa. Sem essa base na Metrópole, os imigrantes que aqui chegavam não
por que no período em que os EUA se industrializavam (final do século XVIII e início
do século XIX), nós ainda estávamos muito longe de sair de uma economia primária. Os
Estados Unidos, para além de ter uma base técnica herdada da Inglaterra – base esta
mobilizado esforços semelhantes nos Estados Unidos de forma muito mais limitada em
americanas. Com base nesse cenário, pode-se notar um declínio da renda nacional que
XIX.
Apresentação na embaixada
Nesse sentido, considere que você foi convidado a apresentar um painel durante um
mineira não foram suficientes para produzir um setor manufatureiro, como ocorria nos
Estados Unidos durante o mesmo período. Assim, você poderia apresentar os principais
Além disso, Portugal possuía uma estrutura manufatureira muito limitada – em franco
contraste com a Inglaterra, país onde se iniciou a Revolução Industrial. Por ter sido
colônia do primeiro país industrializado do mundo, era natural que parte da mão de obra
que emigrou da Europa para os Estados Unidos apresentasse capacidades técnicas que
outro lado, também é importante ressaltar que houve, nesse período, um esforço da
intervencionismo na economia. Por fim, seria válido falar sobre como a mão de obra
Desse modo, você teria feito uma excelente apresentação e mostrado para os
sido bem-sucedida e, com certeza, você agradaria aos seus superiores na embaixada!
Videoaula: O declínio a longo prazo da renda
Saiba mais
Referências
18 jul. 2022.
1976.
Unidade 2 / Aula 2
A gestação da economia cafeeira
O final do século XVII foi caracterizado por uma crise sem precedentes na Colônia. A
escassez do ciclo mineiro deu origem a uma baixa nos rendimentos jamais vista no
Brasil colonial. No entanto, numa parte do país, esse período foi de prosperidade. O
Maranhão apresentou um ciclo econômico virtuoso durante essa época, por mais que
dois itens sustentou, por um certo tempo, uma onda de prosperidade. O algodão é a
período em questão. Logo, a demanda por esse item trouxe abundância para a economia
produto primário chegou a dobrar. A guerra de independência dos Estados Unidos, país
de grande expressão na produção de algodão, favoreceu ainda mais a economia
brasileira. Entretanto, esse ciclo de prosperidade não foi o bastante para reverter a
decadência geral, tendo ocorrido mais como resultado das circunstâncias vigentes do
que por razões estruturais. O fim do século XVIII, portanto, foi de ampla decadência
naturalmente, teve seu impacto, porém o mais relevante é a constituição de uma classe
da aquisição de terras, a procura por mão de obra; tudo isso se concentrou nas mãos do
mesmo grupo de pessoas. Surge, assim, a classe dos poderosos produtores de café, que
adquiriu seu verdadeiro prestígio a partir da coesão obtida por meio de seus interesses
plantações cafeeiras com a capital imperial. O fim das restrições comerciais de cunho
permitiu que os produtores de café controlassem não somente a geração dos seus
gêneros primários, mas também o escoamento dessa produção para o exterior. O cultivo
liberais no país e por uma série de revoltas. Os ideais da revolução francesa inspiraram
revoltas de peso, como a Revolução Farroupilha, a Sabinada, a Revolta dos Malês, entre
outras.
Por que o café?
exportado do Brasil – e sua hegemonia econômica durará até os anos 30 do século XX.
Dentre as principais razões para a ascensão do café, podemos citar, em primeiro lugar, o
fato de que a estrutura produtiva anterior, tanto açucareira quanto mineira, não
apresentava grandes dificuldades diante da transição para o café. Ainda que a produção
cafeeira tenha sofrido complicações em relação à aquisição de mão de obra durante seu
disponíveis.
desdobrou em uma crise generalizada pelo país, afetando a produção de gado no Sul e
da cana, possibilidade que se tornou cada vez mais interessante para que os produtores
medida que se tornava mais difícil a sua comercialização em troca de mão de obra
tinha que lidar com a competição argentina. Diante desse cenário, o café se torna muito
promissor. Por outro lado, a produção cafeeira não requeria uma base tecnológica
robusta, adaptando-se bem ao regime anterior, apoiado nos engenhos de açúcar. Como
nota Furtado (2005), a produção de café realmente exige menos investimento do que a
de açúcar. A técnica utilizada é mais simples, a terra ocupa maior peso na produção e a
reposição das ferramentas é passível de ser atendida localmente. Muito importante nesse
economia mineira.
café. Apesar de no início do XIX o preço do café estar desvalorizado, a sua rápida
valorização nos anos seguintes concedeu o estímulo necessário para que esse cultivo se
de trabalho. Além disso, você chega à conclusão de que precisa dar prosseguimento aos
empresas. Com essa informação em mente, você decide que cursará o mestrado após a
mais capacitado.
importante. Seja pública ou privada, é fundamental que ela tenha uma ótima nota na
a fim de facilitar sua inserção na esfera profissional. Muitas vezes é necessário que o
estudantes. Nesse sentido, uma nota alta na avaliação da Capes significa um maior
número de bolsas disponíveis. Com esses critérios em mente, você resolve concorrer a
economia cafeeira no Brasil”. Como você, nessa situação, elaboraria o seu texto?
Você poderia começar sua redação mostrando como o Brasil, no final do século XVIII,
enfrentava uma ampla crise econômica aportada pelo esgotamento das reservas de ouro
produzido no Maranhão, que obteve um sucesso de curto prazo, capaz de trazer certa
esgotamento mineiro disponibilizou a mão de obra que seria utilizada nas fazendas de
café no entorno do Rio de Janeiro durante o início do século XIX. Valeria e pena
explicar, ainda, como a transição para o plantio de café foi facilitado pela estrutura já
existente de cultivo de cana-de-açúcar, produto que, por sua vez, sofria uma crise no
mercado mundial.
cultivo, conforme os lucros dos produtores cresciam. Central, nesse aspecto, era a
mostrar como a situação econômica e política em questão levou à criação de uma classe
nacional.
Desse modo, você teria produzido um excelente texto, com o qual seria possível garantir
a sua aprovação.
Videoaula: A gestação da economia cafeeira
Prezado estudante, que tal aprofundar os seus conhecimentos sobre a gestação da
economia cafeeira no Brasil? No vídeo a seguir, vamos retornar às causas que
levaram esse gênero a se firmar na economia nacional, tornando-se o carro-chefe das
exportações por mais de um século. Vamos entender melhor como ocorreu o surgimento
da classe dos cafeicultores e sua grande importância para a história do Brasil.
Saiba mais
25 jul. 2022.
1976.
Unidade 2 / Aula 3
O problema da mão de obra
Introdução
Prezado estudante, seja bem-vindo a mais uma aula! Nesta etapa de aprendizagem,
vamos analisar um problema importantíssimo, o qual se manifestou logo que a expansão
cafeeira teve início, no século XIX: a escassez de mão de
obra. Vamos entender como esse problema poderia comprometer a expansão do ciclo do
café e quais medidas foram mobilizadas pelos fazendeiros e pelo governo imperial
para resolvê-lo. Também analisaremos como a escassez de mão de obra se apresentou
no norte do país diante da necessidade de explorar a borracha, que, no final do século
XIX, experimentou uma valorização ímpar no mercado mundial. Vamos lá?
obra. Havia, no Brasil, uma população subocupada num regime de subsistência de baixa
produtividade. Esse grupo poderia ter sido completamente absorvido no novo ciclo,
a crueldade que imperava nas grandes fazendas, eram fatores que impossibilitavam o
tráfico negreiro para repor a mão de obra. No século XIX, porém, por pressão da
custoso e inviável.
A imigração europeia foi vista, já no século XIX, como uma possível solução para o
racistas sobre a superioridade destes em relação aos trabalhadores nativos, sem que
houvesse, de fato, uma base econômica para o desenvolvimento das colônias, que
foram sendo realizadas nessa direção, à procura de europeus para trabalharem na grande
sua vinda para o país financiada e, em troca, pagaria essa dívida com seu serviço.
regime de servidão. Essa dinâmica, inclusive, provocou a forte reação dos países
europeus, que queriam coibir a possível escravização dos seus cidadãos. Apenas na
anos finais do século XIX e início do XX. Essa vasta região havia apresentado pouco
peso na economia nacional até então. A exploração econômica do local se deu durante a
colonização, a partir da utilização de mão de obra indígena por parte dos jesuítas,
importância, mas sua exportação sempre foi muito limitada e jamais chegou ao patamar
do açúcar ou do café.
Uma razão central para o pouco prestígio era justamente a baixa disponibilidade de mão
de obra. Esse problema torna-se particularmente agudo no fim do século XIX, à medida
que a borracha aumenta muito o seu valor no mercado internacional. Por se tratar de um
produto de cultivo favorável na região amazônica e disponível na floresta, a borracha
sua extração.
A questão da imigração
Ao longo do século XIX, a utilização de mão de obra escravizada tornou-se cada vez
Nesse contexto, é importante notar que houve uma forte pressão interna, tanto de
largado à própria sorte, o que influencia até hoje a desigualdade social brasileira.
A imigração europeia, para além dos problemas enfrentados nas primeiras tentativas de
sua consolidação, conseguiria se firmar. O sistema implantado a partir de 1870 foi capaz
acordo com o resultado da colheita. Também caberia a esse trabalhador uma terra para o
deveria assumir a obrigação de mantê-lo pelo primeiro ano dos seus serviços.
Houve, assim, um regime relativamente favorável, que tornou a imigração atraente,
Europa, como a Itália, que vivenciava um processo de unificação política. Desse modo,
segundo Furtado (2005, p. 99), “O número de imigrantes europeus que entram nesse
estado sobe de 13 mil, nos anos 70, para 184 mil no decênio seguinte e 609 mil no
último decênio do século. O total para o último quartel do século XIX foi 803 mil,
Na região amazônica, a solução para o problema da mão de obra foi a massiva migração
nordestino migrava em circunstâncias muito mais precárias – era cobrado pelos seus
custos migratórios e não tinha direito a uma terra para a produção dos gêneros
longas e exaustivas.
Palestra no museu
você, já formado, é contratado pelo Museu da Imigração do Estado de São Paulo como
região de São Paulo. A identidade cultural paulista é tributária dos fluxos migratórios
italianos e também japoneses, que deram ao Estado a sua feição contemporânea. Nesse
sentido, num evento público, você, como consultor da entidade, é convidado a ministrar
uma palestra, na qual deve apresentar, sob o ponto de vista econômico, as razões da
imigração para o Estado de São Paulo. Como você desenvolveria a sua apresentação?
que lidar com dificuldades na aquisição de mão de obra, sobretudo após as iniciativas de
britânicas. O Brasil, com seu vasto território, não era povoado o bastante, e requeria-se
mão de obra para a lavoura cafeeira em grande expansão. Nesse contexto, você poderia
mencionar como tais projetos tinham uma franca motivação racista. Em seguida, valeria
Por fim, você poderia relatar como no final do XIX um modelo de imigração
arcaria com a passagem dos imigrantes e eles teriam a garantia de um salário anual e de
um pedaço de terra para produzir seus alimentos de consumo básico. Favoreceu essa
foi o destino central dos imigrantes por conta de sua pungência econômica e
necessidade de mão de obra. Além disso, na sua palestra, você poderia fazer uma
Nesse sentido, seria válido mostrar como o boom da borracha, decorrente da produção
de veículos nos países industrializados, deu origem a uma onda migratória para a
nordestino deveria arcar com todas as suas despesas de deslocamento, recaindo num
regime de servidão por dívida em relação ao seu empregador – diferentemente do
europeu, que tinha na subvenção estatal uma garantia de sua relativa independência.
Apresentando tais elementos em sua palestra, você teria feito um excelente trabalho.
Videoaula: O problema da mão de obra
Prezado estudante, na videoaula a seguir, vamos retomar os principais
conceitos trabalhados nesta etapa de aprendizagem. Recordaremos o problema da mão
de obra diante da expansão da produção de café no Brasil Império e no início
da República. Além disso, vamos estudar as razões econômicas para a imigração
europeia, que tanto marcou a nossa história e cultura. É uma boa oportunidade de você
fixar o que estudou até agora. Vamos lá?
Saiba mais
A opção pela imigração europeia, por parte do governo imperial e dos primeiros
racismo. A ideia era tornar a população brasileira mais branca a partir de teorias racistas
Referências
em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/503045/RIL202.pdf?
1976.
Unidade 2 / Aula 4
Introdução
Prezado estudante, seja bem-vindo a mais uma aula! Nesta etapa de aprendizagem,
1930). Nosso setor industrial, nesse período, sofria grandes debilidades e era
qual mobilizava pouca tecnologia e era incapaz de concorrer de igual para igual com os
robusta que teve lugar no século XX. Diante disso, vamos verificar, neste
Os problemas do câmbio
valor da saca. Entretanto, essa mesma depreciação acabava gerando um aumento dos
operava a uma taxa de câmbio fixa, o que fazia com que a arrecadação se mantivesse a
permanecia invariável, mesmo que o produto se tornasse mais caro por causa do
valor dos importados gerava problemas para o financiamento estatal, já que o Estado
outro lado, com a depreciação cambial, o governo brasileiro teve mais dificuldades para
moeda se depreciava, e o país, assim, se via obrigado a comprometer uma parte cada
vez maior de sua arrecadação no serviço da dívida. Nesse contexto, a fim de controlar o
problema.
A dificuldade de pagar a dívida em moeda estrangeira, por sua vez, levava o Estado a
emitir papel-moeda para financiar seus custos mais fundamentais, provocando uma
2005). Essas classes médias urbanas alimentariam tumultos e revoltas nos primeiros
anos da República, dando origem aos elementos civis e militares que apoiaram a queda
do Império.
A descentralização republicana
que, diferentemente do que eles esperavam, não veio junto de nenhuma compensação
financeira pela perda daquilo que consideravam como “seu patrimônio”. Com a
diversos conflitos com as elites agrárias de outras regiões do país, como a Guerra dos
dominada pelo Partido Republicano Paulista e o Partido Republicano Mineiro, sem que
Os Estados eram controlados pelas elites agrárias, que regiam as eleições a partir de
mecanismos clientelistas, como o voto de cabresto, fraudes eleitorais e mesmo por meio
as elites locais e o governo federal. A maior pungência econômica das elites sudestinas
de 1930.
No Brasil republicano, havia uma classe média urbana, por mais que o país ainda fosse,
em sua maior parte, agrário. Era uma classe composta de profissionais liberais,
A população agrícola tirava boa parte dos bens necessários ao seu sustento da própria
lavoura, porém as classes médias urbanas dependiam muito mais das importações,
mesmo para alimentos. Nesse último aspecto, é curioso que um país essencialmente
(1976), esses itens chegaram a representar 30% das importações nacionais. A razão para
latifundiários contavam com uma ampla renda, capaz de compensar essa flutuação no
seu consumo, o mesmo não se passava com as classes médias urbanas. Por tal motivo,
Desse modo, a classe média desempenhou um papel cada vez mais relevante na política
nacional.
Apresentação no banco
você, já formado, atua profissionalmente num grande banco nacional. Você trabalha
como gerente e se vê diante de uma circunstância sem precedentes. O setor no qual você
crescido nos últimos anos, sobretudo por causa do decréscimo no número das categorias
aposentadoria para além da garantida pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)
também pode ajudar a preservar fundos monetários num cenário de alta inflação,
Imagine, então, que seu gestor convoca você para ajudá-lo na realização de uma
assim como detalhes sobre os seus investimentos. Ele pede que você complemente o seu
discurso com uma fala voltada especialmente para os possíveis clientes. Confia que
você mobilizará a sua sólida formação em Economia para mostrar aos representantes
vendas, de se aproximar da realidade e dos interesses dos clientes, como você prepararia
a sua fala?
Econômica para criar uma conexão com os possíveis clientes. Seria interessante, por
Nesse sentido, valeria a pena falar sobre a situação da classe média na República Velha
e as dificuldades que essa parte da população enfrentou diante do câmbio. O Brasil era
um país agrário e, mesmo nos dias atuais, ainda tem uma economia fortemente agrário-
exportadora. Você também poderia mostrar como, apesar de a nossa economia ter se
desenvolvido bastante no último século, ainda não temos o nível de um país como os da
União Europeia e os Estados Unidos, de modo que estamos sempre sujeitos, em maior
significativa a classe média, que sofre perdas no que se refere a salários reais e poder de
compra. Você poderia destacar como a inflação é um problema histórico e tem o poder
de corroer as reservas das classes médias no país, de maneira que é sempre importante,
ponto, em consonância com a apresentação do seu gestor, seria válido exibir dados
Saiba mais
A República Velha, para além das dimensões que já estudamos, também constituiu um
período de fermentação do direito das mulheres no Brasil. As mulheres operárias, nessa
época, tiveram muito importância. Nas décadas seguintes, elas teriam seus direitos de se
eleger e votar reconhecidos. Ficou interessado em saber mais sobre o tema? Então faça
a leitura do artigo Nem no convento, nem no cabaré, na imprensa operária: a
ampliação das esferas discursivas da mulher trabalhadora na República Velha.
Referências
1976.
Unidade 2 / Aula 5
Revisão da unidade
fontes de ouro na região das Minas levava a região a regredir para diversas unidades
O açúcar também enfrentava certo declínio, com a queda do seu preço no mercado
teve vida curta e não se firmou a longo prazo. O século XIX, assim, começa
razões para esse processo são as seguintes: houve uma expansão da demanda
O problema central, durante a expansão do café, foi a mão de obra. A utilização da mão
de obra escravizada tornou-se cada vez mais difícil ao longo do século XIX. A pressão
inglesa fez surgir diversas medidas na intenção de coibir o tráfico, e os escravizados que
mão de obra.
A produção de café cresceu ao longo do século XIX, dominando nossa economia. Era o
principal produto das nossas exportações e, por causa dessa imensa importância, os
ganham grande autonomia. Totalmente controlados por meio de fraudes eleitorais, elites
governo federal.
República Velha, até seu fim, em 1930, seria inteiramente controlada pelos grandes
Prezado estudante, que tal revisar os principais conteúdos e conceitos estudados nesta
unidade de aprendizagem? No vídeo a seguir, vamos retomar, de forma sintética
e objetiva, tudo o que vimos nesta etapa de estudos. É uma oportunidade de você fixar e
rememorar aquilo que aprendeu, bem como de sanar eventuais dúvidas. Vamos lá?
Estudo de Caso
opera como think tank (instituição que promove ideias políticas e econômicas). Esse
tipo de entidade tem importância pública e, muitas vezes, consegue pautar o debate
nacional e internacional. Trabalhar numa instituição do gênero é uma opção viável para
sobre a opinião pública, por exemplo. Em geral, os think tanks se alinham a ideologias
Imagine que o instituto no qual você trabalha tenha o objetivo de analisar e estudar o
instituição procura, portanto, informar a população e gestores públicos dos desafios que
acordo com as análises da instituição, o Brasil, no século XXI, estaria caminhando para
uma situação análoga ao início do século XX, na qual éramos essencialmente uma
soja.
Diante disso, imagine que você tenha recebido como uma de suas atividades no instituto
na época em que não havia um setor industrial robusto e o país era dependente da
______
Reflita
Velha, era uma oligarquia, um país governado por uma elite econômica que controlava
o Estado e o colocava a serviço dos seus interesses. Mais de um século depois, em que
medida a nossa democracia ainda não seria comprometida pelo poder econômico da
elite? Temos uma democracia e instituições que devem servir ao povo, mas a imensa
matérias-primas no Brasil regido pelo café, poderia iniciar sua redação contextualizando
esse ciclo econômico. Seria interessante escrever que a economia cafeeira se desenvolve
a partir da falência da mineração, apontando como a produção do café foi facilitada pela
Você também poderia destacar o problema da mão de obra, principal obstáculo para a
expansão cafeeira no século XIX. Nesse sentido, seria válido descrever as pressões
internacionais que dificultaram a obtenção de mão de obra escravizada, bem como as
para além da necessidade econômica. Também seria fundamental escrever como, ainda
(FURTADO, 2005).
nossa economia sofria um baque. Você poderia explicar, ainda, como a depreciação
pública e, desse modo, à emissão de papel-moeda, o que, junto do aumento do valor dos
médias urbanas.
Resumo Visual
Síntese. Fonte: elaborada pelo autor.
Referências
1976.
Unidade 3 / Aula 1
A expansão cafeeira
país chegou, nos primórdios do século XX, a deter 70% da produção mundial de café
produção cafeeira. Entretanto, tal expansão culminou numa crise de superprodução que
mundial com café sem que isso tenha conduzido a um aumento da demanda externa,
provocando, assim, uma depreciação dos preços, que comprometeu o lucro dos
cafeicultores. Por outro lado, o Brasil possuía uma situação privilegiada no que diz
respeito ao café: detínhamos 3/4 da produção mundial de café, o que dava aos
grandes proprietários de terra passaram a procurar uma solução política para o problema
(FURTADO, 1964).
mercado de café, a fim de compensar a queda do preço desse produto, ocasionada pela
Minas Gerais e São Paulo, o Convênio deu as bases para a política de valorização do
externos (PRADO JÚNIOR, 1976). Tal mecanismo garantiu que, mesmo diante do
crescimento da oferta sem elevação da demanda internacional, os cafeicultores
continuassem lucrando.
No entanto, como aponta Furtado (1964), essa política apresentava uma grave
manutenção dos lucros do café, teve como efeito uma expansão ainda mais aguda das
com Furtado (1964), não havia, inclusive, outra opção tão lucrativa e viável para o
desse produto, motivou uma expansão ainda maior dessa mesma superprodução, o que
necessidade de mão de obra, uma vez que a escravidão passou a ser limitada, o que
exportávamos. A economia do café era muito dependente do cenário global e, por isso,
concentração de renda e poder nas elites cafeeiras, que dominavam o aparelho de Estado
e o utilizavam para a preservação dos seus interesses – o que o Convênio de Taubaté
demonstra claramente.
A política de valorização do café, permeada por compra estatal de sacas excedentes com
utilizada para transmitir o ônus do produtor privado para a sociedade. Em que medida?
A queda dos lucros, em geral, se dava a partir da retração das exportações ou da redução
compensada pelo maior valor em moeda nacional em comparação aos meios de troca
internacionais. Um exportador de café poderia vender sua saca por 5 dólares, por
exemplo, e esse valor em moeda nacional equivaleria a 10 mil-réis, sendo cada dólar
proporcional a 2 mil-réis. Se o valor da saca de café cai para 2,5 dólares e a taxa de
conversão do dólar muda para 1 dólar valendo 4 mil-réis, ao vender a sua saca de café, o
Tal medida representava uma forma de transmitir o prejuízo do setor cafeeiro para a
coletividade, uma vez que a depreciação cambial aumentava o valor dos produtos
importados – que eram consumidos, em maior ou menor grau, pela população, por causa
mais afetadas, com a perda do poder de compra e inflação dos importados. De todo
modo, o controle do aparelho de Estado pelas elites cafeeiras, que seria modificado
você está formado e atua no setor financeiro, trabalhando como executivo de um grande
cafeeiro ainda é muito importante no Brasil, e somos o maior exportador desse produto,
uma posição que detemos há 150 anos. Logo, trata-se de um cultivo importante na nossa
Considere, então, que seu gestor tenha lhe dado a responsabilidade de explicar, para um
com o tema. Desse modo, baseando-se numa perspectiva mais ampla, será possível
cultivo desse produto, uma expertise herdada dessa história secular. Também valeria a
Rio de Janeiro, frisando o fato de termos condições ecológicas muito favoráveis para o
cultivo de café. Historicamente, tal aspecto colocou o Brasil numa posição muito
competitiva na produção cafeeira, de modo que o país chegou a deter 70% do mercado
cultura brasileira de forma inegável e aproximou nosso país de nações europeias para
além da portuguesa, como a italiana e a alemã. Sem o café, seríamos um país muito
diferente, tanto em termos de economia quanto de cultura. Você, nesse aspecto, poderia
Além disso, seria válido explicar como a expansão da cafeicultura, apesar de sua
século XX. Nesse aspecto, é importante sempre ressaltar que tal fenômeno ocorreu por
produtores. Em seguida, você poderia mostrar como o fato de o café não ser mais a
Desse modo, você teria feito uma excelente exposição, contribuindo com seus
Prezado estudante, no vídeo a seguir, vamos rever, desta vez de modo mais
aprofundado, o que estudamos ao longo desta seção de aprendizagem. Continuaremos
analisando a expansão do café, a natureza das crises de superprodução e as intervenções
governamentais na tentativa de contorná-las. Você terá acesso, portanto, a mais um
recurso na sua jornada de aprendizagem, o qual lhe ajudará a fixar os conteúdos que
estudamos e a consolidar a sua formação como economista.
Saiba mais
O café teve importância central para a economia brasileira. A nossa primeira República,
como aprendemos, foi dominada pelos oligarcas do café, que conseguiram utilizar o
em: https://www.abphe.org.br/arquivos/2015_lohana_monaco_bezerra_cafe-cambio-e-
1976.
Referências
em: https://www.abphe.org.br/arquivos/2015_lohana_monaco_bezerra_cafe-cambio-e-
1976.
Unidade 3 / Aula 2
A produção primária e o mercado externo
Introdução
Prezado estudante, seja bem-vindo a mais uma aula! Nesta etapa de aprendizagem,
transformação significativa nos rumos econômicos do Brasil. Essa crise, motivada tanto
pela depressão global como pela superabundância do café produzido, daria as bases para
hoje, é necessário conhecer as suas origens. Iniciaremos, agora, mais uma etapa de sua
mercado mundial. A produção de café estava voltada para a exportação, sobretudo para
os Estados Unidos. A utilização massiva de mão de obra escravizada até o fim do XIX,
para além do horror que a escravidão trazia a milhões pessoas, inibiu a formação de um
mercado externo. Com o fim da escravidão, houve uma expansão do mercado interno,
Esse empecilho se consolida a partir da transição para a mão de obra assalariada, uma
vez que esta era dependente da renda das exportações e consumidora de bens
para os trabalhadores sob a forma de salários e para os pequenos produtores sob a forma
de compras. Estes, por sua vez, a utilizavam no consumo de diversos produtos, o que
geral tinha em reação ao setor exportador. Igualmente, a renda dos cafeicultores tem um
para manter mais reserva metálica saindo do país do que entrando nele, a fim de cobrir o
(2005), a percepção desse problema era difícil ao estadista do período, uma vez que ele
estava preso aos dogmas da teoria quantitativa da moeda, inadequada para países como
consequências foram dramáticas. A crise no Brasil suscitou uma liquidação das reservas
superabundância permaneceria. Havia, assim, uma dupla crise do café, tanto pela oferta
quanto pela demanda: uma redução do valor da saca de café por causa da crise mundial
da lucratividade do setor cafeeiro, mas não foi suficiente. Somava-se a esse cenário o
queimas de sacas de café e a acumulação dos estoques, medidas que procuravam manter
política aconteceu por causa dos interesses dos cafeicultores e do seu poder sobre o
Estado, que se manteve forte apesar da Revolução de 1930 – era necessário defender os
No entanto, tal situação produziu uma conjuntura inédita na história econômica nacional
Brasil já apresentava uma indústria, por mais que fosse muito limitada em sua
participação nacional. Em segundo lugar, as políticas de defesa do café nos anos 1930
que os produtos importados ficavam mais caros. Por outro lado, houve a manutenção do
nível do emprego, justamente pela proteção dada aos cafeicultores, que não precisaram
reduzir as suas plantações e os empregos nelas gerados. Uma queda brusca no setor em
demanda interna, fato que prejudicaria a produção voltada ao mercado interno. Como tal
para esse mercado, substituindo lentamente parte dos manufaturados exportados. Soma-
se a esse contexto uma disponibilidade de máquinas para a importação em virtude da
157), “Ao manter-se a procura interna com maior firmeza que a externa, o setor que
É o fim da era cafeeira, por mais que até hoje o café seja um item importante na nossa
economia.
Pesquisa econômica e mercado de trabalho
disponíveis. Nesse contexto, imagine que você esteja concorrendo a uma vaga num
mesmo nas decisões de política fiscal. Para além da análise curricular, o processo
seletivo envolve uma prova oral sobre diversos assuntos, com o propósito de verificar a
concorrente domina os principais tópicos da economia nacional e sua história, para que
No decorrer do processo seletivo, você chega à etapa da prova oral e é confrontado com
foi possível a partir do controle que esse grupo exercia sobre o valor do café. Como
prejuízo dos cafeicultores não tivesse sido compensado por ações estatais (como a
queima dos excedentes), o produtor de café dispensaria seus trabalhadores por conta dos
desemprego teria sucedido à crise no valor do café, aumentando a gravidade dos seus
efeitos. Por mais que o objetivo tenha sido salvaguardar os lucros dos cafeicultores, a
no país. Além disso, você poderia responder que a proteção do café, ao preservar o
importações que, em razão do câmbio, estavam mais caras para o consumidor nacional.
muitas indústrias nos países centrais do capitalismo fecharam as portas, de forma que as
nacional.
Desse modo, você teria respondido corretamente e com boa desenvoltura a pergunta
Saiba mais
Estudos sobre a formação econômica brasileira tendem a ser muito abstratos e voltados
a um panorama mais geral. Que tal ver como a economia do café operava numa escala
exportadora de café em Santos no final do século XIX. Esta pode ser uma oportunidade
1976.
Unidade 3 / Aula 3
Prezado estudante! Estamos iniciando mais uma aula! Vamos estudar as principais
país. Mas, mesmo com essas fragilidades, tal setor seria a base para o desenvolvimento
Império, o Brasil exibiu os primórdios do que seria um setor industrial, por mais que
este fosse bastante diminuto e de pouca relevância na economia nacional. Nas primeiras
décadas da República, surgia uma indústria incipiente, a qual era permeada por algumas
mais diversificado e barato. Em segundo lugar, a indústria nacional padecia pela falta
ao seu entorno imediato, sem articulação com o país como um todo. Em terceiro lugar,
eram baixos e, no início do século XX, a nossa população não era muito numerosa. O
Brasil não tinha muitos habitantes e, além disso, a densidade populacional pouco
elevada fazia com que o povo se distribuísse de forma rarefeita por um imenso território
1976).
Outro grave empecilho era o atraso tecnológico. As nossas primeiras indústrias não
contavam com grandes aparelhos tecnológicos, de modo que muitas dessas fábricas
fatores podem ser utilizados para explicar esse déficit, dentre os quais se destacam:
A primazia do setor exportador cafeeiro, que não requer grandes tecnologias no seu
processo produtivo.
As indústrias brasileiras, por tais razões, eram mais indústrias intensivas em trabalho do
que em capital. A mão de obra barata, fator que favorece o industrial, era prioritária em
dificuldade de se criar uma poupança capaz de irrigar esse setor. No mesmo sentido, o
investimento para os parcos capitais acumulados do que o setor industrial nascente. Por
Lentamente, passou-se a construir uma burguesia nacional para além do setor agrário
mais rico que nosso território seja em recursos naturais, faltou à indústria incipiente o
indústrias do período, não era abundante no país. Por outro lado, a siderurgia, setor
jazidas eram de difícil acesso e distantes dos centros mais densamente povoados, o que
criava complicações para a sua exploração. Além disso, grande parte dessas jazidas
estava sob controle de firmas estrangeiras, fato que as tornava indisponíveis para o
República. A mão de obra, ainda que pouco qualificada, era barata e relativamente
também serviu de estímulo ao setor industrial nascente. Por razões semelhantes, as taxas
nas taxas sobre importados uma fonte relevante de receitas e acabava as deixando
Favorecido por tais circunstâncias, mesmo diante das dificuldades que estudamos
anteriormente, o setor industrial começa a crescer a partir dos anos finais do Império e
indústria brasileira. A razão para tal fenômeno é simples: o esforço de guerra nos países
industrializados do centro do capitalismo encareceu ou tornou indisponíveis produtos
Brasil.
aprendemos. Faltava uma estrutura de transportes eficaz, capaz de integrar o país. Nesse
a maior parte das indústrias do setor e, por isso, até hoje é o Estado mais rico da
Federação. Isso se deu por algumas razões. Em primeiro lugar, São Paulo progrediu
consumidor como de trabalho. Por fim, como nota Prado Júnior (1976), São Paulo
possui fontes de energia hidráulica potentes e próximas dos núcleos urbanos produtivos.
Apresentação na Fiesp
situação: você, já formado, trabalha para a Federação das Indústrias do Estado de São
Paulo (Fiesp). A Fiesp, hoje, representa cerca de 130 mil indústrias de diversos portes e
setores produtivos (FIESP, [s. d.]). Sua origem data da década de 1920. Inicialmente,
surge como a Associação Comercial de São Paulo, órgão que tinha o propósito de
macroeconômica do país.
século XIX e início do século XX. Seria interessante mostrar como já tínhamos um
setor industrial durante o Império, mesmo que muitíssimo limitado. Em seguida, você
poderia apontar como esse setor se expandiu nos primeiros anos do período republicano,
ainda que fosse inferior quando comparado ao setor agrário-exportador. Nesse contexto,
relação ao câmbio; era necessário que a moeda fosse depreciada para que os industriais
segundo lugar, a população brasileira no período em questão era pouco densa e muito
ausência de uma boa infraestrutura eram entraves para o escoamento do setor industrial.
Ainda nessa direção, você poderia dar destaque aos impasses causados pela ausência de
Por fim, você poderia mostrar como, mesmo diante dos problemas mencionados, houve
custo da mão de obra na época analisada também era um aspecto positivo, assim como a
depreciação do câmbio durante os primórdios da República. O Estado de São Paulo,
você poderia dizer, foi pioneiro na industrialização nacional. As razões para isso são os
obtenção de fontes energéticas. Desse modo, com base nos aspectos descritos, você teria
Saiba mais
mercado, entre outros elementos. O artigo recomendado para leitura, além de apresentar
jul. 2022.
1976.
Referências
FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. 32. ed. São Paulo: Companhia
jul. 2022.
1976.
Unidade 3 / Aula 4
Introdução
Prezado estudante, seja bem-vindo a mais uma aula! Nesta etapa de aprendizagem,
vamos estudar o colapso do ciclo cafeeiro em sua relação com a Crise de 1929. Esse
episódio, que representou um dos maiores declínios de toda a história do
capitalismo, promoveu profundas mudanças no Brasil e no mundo. No território
brasileiro, deu fim à República Velha (1889-1930), encerrando o controle absoluto
dos oligarcas sobre o Estado – por mais que estes tenham mantido um grau
consideravelmente elevado de influência nos anos que se seguiram. Mesmo que a
crise tenha sido terrível, conseguimos sair dela antes da maioria dos outros países.
Vamos entender, nesta seção de estudos, como essa evasão se tornou possível e qual
impacto a resposta à crise deixou na história do Brasil.
A Grande Depressão de 1929 foi uma das maiores crises do modo de produção
capitalista e suas motivações são discutidas até hoje. Partidários da tradição liberal
afirmam que a culpa foi da intervenção estatal logo após o crash da Bolsa de Nova
York; partidários da tradição keynesiana, por sua vez, argumentam que a recessão foi
completo do aparelho de Estado pelas elites agrárias. Em 1930, Getúlio Vargas chega ao
poder, iniciando um período de 15 anos no qual ele governaria o país de forma absoluta.
O seu governo, no entanto, não foi indiferente aos interesses dos cafeicultores, e Vargas
preservou a política de valorização do café, que vigorava desde o início do século XX.
com que os credores que financiavam as safras resolvessem liquidar suas dívidas.
Capitais deixaram o país e as dívidas explodiram no colo dos produtores de café. Para
partir da compra de estoques excedentes, em curso desde o início do século XX, criava
um ciclo vicioso que irrompeu com a crise. Se o excesso de produção de café, com a
consequente redução do valor da saca causada pela superoferta, não conseguia diminuir
econômico artificial ao aumento dessa mesma produção. Sem que a ampliação da oferta
continuava a expandir as suas safras. Desse modo, no início da década de 1930, com o
câmbio depreciado por conta da liquidação das nossas reservas metálicas na crise,
A solução foi uma postura governamental radical de valorização do café, fato que
motivou a queima de sacas que não teriam como ser absorvidas pelo mercado. O
Estado, portanto, ainda se ligava aos interesses dos cafeicultores, por mais que, nos anos
seguintes, o café perdesse importância na economia nacional diante da indústria. Apesar
de as políticas de queima de estoques excedentes terem como fim a defesa das ambições
dos grandes empresários do café, tais medidas acabaram causando outro efeito,
insuspeito, sobre a economia nacional: permitiram que o Brasil saísse da crise antes dos
defesa.
Os mecanismos de defesa diante da crise
efeito positivo. Vamos supor que o governo tivesse direcionado aos cafeicultores o
funcionários e minimizariam o seu papel na renda nacional, fosse por meio da redução
de seu próprio consumo, fosse pelo pagamento daquilo que é necessário para a produção
cenário de escassez de crédito e de forte cobrança dos seus credores, o impacto teria
sido ainda maior. A redução na produção teria se espalhado pela economia nacional. O
para a produção faria com que seus produtores e comerciantes sofressem um decréscimo
café.
seguintes: diversas empresas fecharam as portas, fato que provocou uma explosão de
mais rápida. Nos Estados Unidos, o New Deal de Roosevelt, inspirado nas ideias
econômicas do inglês John Maynard Keynes, ajudou o país a sair da crise a partir de
Furtado (2005) explica que a queima das sacas de café teve resultado semelhante ao
manter o nível de emprego e irrigar a economia nacional, fazendo com que o nosso
incentivo para que aqueles que dispunham de capital investissem no setor industrial. Os
importados estavam caros, de maneira que os produtores nacionais tinham uma boa
oportunidade de competir com eles. Nesse sentido, também é importante destacar que a
concurso de analista econômico. O Banco foi fundado por Getúlio Vargas durante seu
funcionalismo público, o BNDES costuma pagar salários bem competitivos, o que torna
concurso.
Imagine, então, que você tenha sido aprovado na primeira etapa do concurso, avançado
para a próxima fase do processo e, agora, precise realizar uma prova discursiva sobre a
economia nacional. A questão a ser respondida por você é a seguinte: “Qual foi o papel
econômico desse período?”. Nesse caso hipotético, como você responderia à pergunta
proposta?
nos anos anteriores à década de 1930 e à Crise de 1929. Seria interessante mostrar como
excedia em muito a demanda – além disso, você poderia destacar que o valor da saca de
café sofreu uma queda brusca por causa da crise. A solução foi a queima de sacas do
cafeicultores. Nesse sentido, seria válido argumentar que as medidas tomadas em defesa
norte global.
bases para uma transição parcial de uma economia de exportação para uma economia
Saiba mais
Confira:
na economia, de 1930 a 1945. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 33, n. 71, p. 511-
Referências
na economia, de 1930 a 1945. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 33, n. 71, p. 511-
em: https://www.scielo.br/j/eh/a/7x8kDcnT7CpHfYg4NBH8kwc/?
1976.
Unidade 3 / Aula 5
Resumo da unidade
A expansão do café no Brasil se deu ao longo do século XIX, de modo que o produto
Permaneceria apresentando esse importante peso até meados do século XX, quando a
desse gênero se firmaram como uma oligarquia que controlou os rumos do Estado
No início do século XX, a produção de café inundava o mercado mundial com uma
oferta maior que a procura, de modo que havia uma pressão para a queda dos preços.
dos produtores do café, num sistema que funcionava de forma semelhante ao papel da
taxa cambial no período em questão. Essa política de valorização, no entanto, teria
como consequência um agravamento da crise de oferta, uma vez que manter a produção
uso de tecnologia; mão de obra barata e pouco qualificada; voltava-se para o mercado
Valia-se de uma mão de obra barata, por mais que pouco qualificada, do câmbio
A Crise de 1929 levou a uma rápida fuga de capitais que produziu a liquidação das
sacas que não poderiam ser absorvidas pelo mercado. Tal medida teve o efeito colateral
crise. Além disso, o contexto favoreceu a industrialização pelas seguintes razões: com o
longo desta unidade de aprendizagem. Vamos relembrar como se deu a ascensão e crise
da economia do café, assim como sua passagem para uma economia mais
Estudo de caso
como pensamento crítico e criatividade são cada vez mais exigidas pelo mercado de
Durante o processo seletivo, propõe-se uma avaliação aos candidatos, a fim de medir as
Esse país depende da exportação de um gênero primário, que responde pela maior parte
do seu Produto Interno Bruto (PIB), e tem uma população pouca densa. O país
parte de sua atividade econômica. Em nível internacional, o avaliador aponta uma crise
Ainda nesse sentido, ele sugere que há em X um governo recém-eleito, que procura
seguintes questões:
1. Com quais problemas o país X se depara por causa de sua dependência quase
integral de um setor agrário-exportador?
2. Quais medidas os gestores poderiam tomar para o desenvolver o país,
aproveitando o cenário de crise internacional?
_______
Reflita
Muitos analistas, como o professor Wilson Cano (2012), alertam que o Brasil vem
desindustrialização. Com base nos conhecimentos que você adquiriu sobre a economia
nacional?
Resumo visual
Referências
em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/ecos/article/view/8642273/9748.
1976.
Unidade 4 / Aula 1
A revolução de 1930
Introdução
Quando direcionamos nosso pensamento a refletir sobre Economia, é bem provável que
haja dúvidas, questionamentos, o que desperta um desejo de entender com mais clareza
o que é Economia e como ela se apresenta no nosso cotidiano. É fato que inúmeras
situações que vivemos no nosso dia a dia nos remetem a ocorrências que estão
seu significado.
É nesse contexto que desenvolveremos esta aula e, para isso, é fundamental você saber
como os fatos aconteceram ao longo da história do nosso país, bem como os fatos
conhecimentos, tenho certeza de que você estará apto a entender, e por que não discutir
Inicialmente é preciso se questionar sobre o que foi a Revolução de 1930 e quais suas
econômica brasileira, mas como eles influenciaram ou não todo esse contexto?
Considera-se que essa revolução foi um acontecimento histórico e que deu fim ao que
todo.
nação.
Nesse cenário, temos como protagonista Getúlio Dorneles Vargas, até então presidente
vista que apenas ela movimentava uma grande parcela da economia brasileira. No
entanto, ela sofreu um grande impacto negativo em razão de fatores externos, como a
Grande Depressão Americana, provocada pelo “crash” ocorrido na Bolsa de Nova York.
Nesse sentido, a oligarquia que dominava esse setor da economia brasileira e que
assumido na economia brasileira desde 1840, as consequências da crise do café nos anos
1930 foram gravíssimas. No final do século XIX, o Brasil já era o principal produtor de
No entanto, havia uma grande desavença política entre governantes dos diversos estados
estados, como Rio Grande do Sul, Pernambuco, Paraíba e Rio de Janeiro, essa frente
O fato é que a Revolução de 1930 foi uma revolta armada organizada pelas oligarquias
Mas como tudo isso impactou na economia do Brasil, até então centrada na cafeicultura,
Pois bem, tudo isso provocou o deslocamento do centro dinâmico da economia para a
pagamentos.
Sistemas e movimentos políticos
Agora que você possui fundamentação teórica que embasa seu conhecimento acerca do
que representou a Revolução de 1930 no cenário político brasileiro, você vai conhecer e
período Republicano, certo? Isso foi negativo? Há que se refletir! No entanto, vale
destacar que apesar ser um sistema muito representativo na época, a troca de favores, a
Vale destacar que apesar de estarmos vivendo numa democracia, ainda é possível notar
Partindo do pressuposto de que por trás de toda mudança há fatos e situações que a
promovidas por jovens oficiais de baixa e média patentes do Exército Brasileiro. Tudo
foi provocado pelo descontentamento com a situação política brasileira, onde imperava
um regime autoritário com concentração total do poder nas mãos do líder do governo.
Esse líder era cultuado e poderia tomar qualquer decisão sem consultar previamente os
representantes da sociedade.
Daí a comparação entre o poder de decisão dos grandes cafeicultores da época que
imperava a oligarquia com a pessoa do líder de governo no caso de o Fascismo ter poder
entre os homens acaba fazendo com que muitos enxerguem o comunismo como uma
modo de pensar e agir, o Socialismo, que promovia uma transformação pautada na luta
mudança.
econômicas.
Não obstante a tudo o que foi apresentado, concluímos esse bloco apresentando uma
em países centrais e os distanciam dos modelos teóricos definidos por conta de uma
vivenciadas pelos países pioneiros. Observa-se, então, que todas essas ocorrências
econômica do Brasil.
Ao longo dos anos, é possível observar que a economia do país vem tentando interpretar
a partir do surto que o setor observou no período, bem como as modificações ocorridas
Diante disso, teve início uma intensa discussão sobre as origens do processo e também
suas ramificações, entendendo-se até os dias atuais. Porém, outro aspecto a ser
despertado pouco interesse até o momento. E do que estamos falando? Trata-se das
origens da burguesia industrial e do papel que ela desenvolveu diante da transformação
As análises iniciais sustentaram a proposição que, tal qual a própria indústria nacional
teria sua origem a partir do capital excedente e dos enlaces derivados do setor cafeeiro,
superprodução do café, seja por conta das atividades que sustentam a produção agrícola,
Você conseguiu perceber a dinâmica de todo esse processo? Sendo assim, fica fácil
E mais! Foi por conta da atuação do governo que se delineou toda trajetória dos fatos.
Isso porque foi executada uma política anticíclica, ou seja, caracterizada por ações que
visam impedir, conter ou minimizar os efeitos dos ciclos econômicos, contrapondo com
argumentos diziam se houvesse algum crescimento, este seria fruto dos mecanismos de
não tem origem em nenhum fator externo, mas sim na política de fomento seguida
Nesta aula aprendemos como ocorreu a Revolução de 1930 e como ela surtiu efeitos na
industrialização também teve seu lugar na história política e econômica. Vamos lá?
Saiba mais
Nesta aula você aprendeu que o Brasil é um país onde o sistema político de cada época
exerceu grande influência na economia e na política do país. Mas como isso ocorreu na
GEN Grupo Editorial Nacional. Publicado pelo selo Editora Atlas, 2021.
2018.
Unidade 4 / Aula 2
Introdução
A história da economia brasileira dos anos 1930 e o que significou a Revolução de 1930
nos mostra que ela foi muito significativa em relação à dinâmica da produção, bem
como da igualdade da população que vivia no país daquela época. A partir desse
contexto, é possível levantar algumas questões como: existiu uma consciência relativa à
industrialização por parte do governo Vargas? A Política Econômica da época seguia à
economia brasileira naquela década, bem como para tentar entender o que significou a
Ao iniciar esta aula, vale a pena fazer uma reflexão acerca do que vem a ser o processo
Brasil do século XX, estando, portanto, sujeito a oscilações (avanços, recuos e crises),
Mas o mesmo fenômeno pode ser analisado como modelo, em suas determinações mais
sua dinâmica.
Nesse caso, o modelo, sendo construído com alto grau de abstração é capaz de abarcar
várias situações históricas distintas e servir como alicerce para o entendimento do PSI
Nesse contexto, é sabido que a indústria brasileira teve sua origem a partir das últimas
produção interna de itens que até então eram importados, mais um fator positivo em
industrial, sendo responsável por toda uma dinâmica econômica, ou seja, responsável
por determinar os níveis de renda e de emprego. Dessa forma, o setor industrial teve
que perpetuou por aproximadamente 50 anos, ou seja, até o final da década de 1970.
Mas qual a relação existente entre tudo isso até então apresentado com o
No século XIX, o cenário econômico mundial vivia sob a ótica de duas teorias
revolucionário socialista alemão Karl Marx. Na sua concepção, um Estado forte deveria
livre mercado, em que o Estado seria responsável por garantir somente o direito à
propriedade privada.
Por outro lado, temos a doutrina Keynesiana, conhecida por ser vista como a revisão da
Teoria Liberal. Mas o que dizia essa teoria? Pois bem, por ela o Estado deveria intervir
na economia sempre que fosse necessário, a fim de evitar a retração econômica e
Vamos primeiramente situar o período a ser explorado nesta aula. Refiro-me ao período
1929.
Por outro lado, os países europeus que serviram de palco para as operações de guerra
apresentavam uma situação totalmente oposta, pois além da grande perda humana,
governos.
américa, mas também na economia mundial, já que o clima propunha uma certa
estabilidade. Por conta desse ambiente de estável e próspero, esse período ficou
Não apenas o Brasil, mas todos os países do chamado Terceiro Mundo passaram por
grandes transformações, em particular o Brasil, que nos anos 1950 e 1960 teve uma
época, o PIB (Produto Interno Bruto) de alguns países apontava um contraste entre o
dizem que:
O período compreendido entre o pós-guerra e meados dos anos 1970 é conhecido como
os trinta anos gloriosos da economia capitalista. Nos anos 1950, tiveram início os
milagres econômicos alemão e japonês; nos anos 1960, foi a vez de Espanha e Formosa,
entre outros.
Mas qual o motivo? Teria havido uma volta às antigas condições vigentes no país no
que o período pós-guerra, nos mais diversos cenários, apresentou condições totalmente
por parte das instituições liberais que regiam à economia até 1913.
Para os analistas da época, esse crescimento nas importações refletia a visão do que
ocorria nos anos anteriores, pois tratava-se de um fenômeno mais acentuado, pois ao
igualado à de 1929, a renda nacional havia crescido cerca de 50% em relação ao mesmo
período. Dessa forma, era natural que o desejo de importação apresentado pelos
corrigido.
introduzir um controle que freasse as importações. Fato foi que, ao adotar a segunda
solução, gerou uma intensa significação num futuro imediato, pois foi uma resolução
temer que a medida pudesse agravar a alta de preços, pois ao se elevar os preços nas
mecanismos que promovessem o desenvolvimento no país. Mas como isso foi possível?
Qual o papel das empresas estatais nesse contexto? Inicialmente é necessário situar a
Um grande marco na história compreende o período que vai desde o final da Primeira
Guerra Mundial, em 1918, até o início da Segunda Guerra Mundial, em 1939, era o
Durante esse período tivemos vários acontecimentos. Foi nesse período que os ideais
a Europa Ocidental ter criado um plano para se reconstruir, conhecido como Plano
Marshall. Esse plano foi aderido pelos Estados Unidos, que concediam empréstimos
para esses países, até então com uma economia arrasada por conta da Primeira Guerra
Mundial.
americanos, que enfrentaram uma grave crise econômica, conhecida como a Crise de
29, o Grande Crash ou a Grande Depressão, provocada pela queda da Bolsa de Nova
aumento da participação do
estrangeiro.
Entre os anos 1945 e 1964 houve a criação de várias estatais. Mas o que são estatais e
Empresas estatais são aquelas das quais o governo detém parte ou todo do Capital
100% do capital ao Poder Público ou quando parte do capital é negociado por entes
privados na forma de ações. Essas empresas são, provavelmente, a forma mais direta de
(RATTNER, 1984).
Elas controlam grande parte dos setores de produção de bens, como aço, petróleo,
dependente e periférica.
Como exemplo de empresas estatais brasileiras temos: Banco do Brasil, BNDES, Caixa
Saiba mais
FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. 15. ed. São Paulo: Nacional, 1977.
GEN Grupo Editorial Nacional. Publicado pelo selo Editora Atlas, 2021.
2018.
Saraiva, 2011.
Unidade 4 / Aula 3
Principais marcos políticos até 1964
Introdução
Nesta aula será possível você perceber o quão significante são os acontecimentos
políticas e como elas impactaram no contexto econômico e social do Brasil. Você pode
representantes exercendo suas funções no país, algo até então proibido. Tudo isso
ocorreu no final do governo de Getúlio Vargas, citado na aula anterior, que, como
Mas esse é só o começo do que você verá nesta aula, vamos lá?
A criação da CEPAL e sua influência no contexto da industrialização dos países da
América Latina
Contextualizando o período, destaca-se que a República Populista foi o nome utilizado
para referenciar o período histórico brasileiro que compreende os anos entre 1945 e
1964, conhecido como Quarta República. Sua principal característica foi apresentar uma
democracia que havia sido suprimida entre dois períodos ditatoriais, o Estado Novo e a
principal objetivo era promover uma forte industrialização do nosso país, trazendo com
América Latina.
urbano, resultado de fatos que fizeram com que a população rural migrasse para grandes
centros urbanos.
(CMBEU), com o objetivo de elaborar projetos que seriam financiados pelo Banco de
Econômica para a América Latina (BNDE - CEPAL), que, sem sombra de dúvidas,
americanos. Está sediada em Santiago do Chile e tem sido um dos principais centros de
reflexão sobre a economia da região. Seu grande impulsionador foi o argentino Raúl
Prebisch, que produziu obras que marcaram profundamente o pensamento crítico sobre
Mas o que isso significa? A deterioração dos termos de intercâmbio significa que se os
Prebisch (1986, p. 195) entende que a hipótese da tendência secular à deterioração dos
Ao estudar esses fatos, é possível observar a relação que existe entre fatos ocorridos no
social de um país.
Historicamente, é possível observar que a industrialização e o processo de urbanização
são reflexos do período anterior ao vivido, onde a cafeicultura era dominante no Brasil.
processo produtivo com um efeito multiplicador maior que a economia escrava. Esses
século XX.
Segundo ele:
A resposta remete à conceituação de um termo de largo uso entre os economistas e já
incorporado pela mídia, mas que carece de definição mais precisa. Como outros termos
com a abordagem teórica em que está inserido ou mesmo com os objetivos do usuário.
Por fim, retomo as duas teorias tradicionais já citadas e que explicam a origem da
A primeira pode ser bem descrita ao ver o que dizem alguns autores, como Raúl
Prebisch, entre outros. Segundo Prebisch (1986), a industrialização dos países latino-
condições para que a economia se voltasse para o mercado interno sob domínio do setor
industrial.
importados ficaram mais caros, o que provocou uma reorganização da demanda para a
expansão das exportações de café como fator de origem à industrialização, já que está
planejamento bem elaborado pode obter êxito. Lacerda et al. (2018, p. 84) apontam que:
O Plano de Metas proposto por JK para o período 1956-1960 continha um conjunto de
Mas efetivamente, o que foi o Plano de Metas? Qual sua relação com o crescimento, o
energia e educação.
Tendo como lema a afirmativa “Cinquenta anos em cinco”, JK assumiu seu mandato em
Como exemplo da efetiva aplicação do plano, ele propôs diversos incentivos fiscais que
Outro exemplo de aplicação se deu no setor energético, com a expansão das usinas
hidrelétricas, que inclui a construção das Usinas de Paulo Afonso em 1955 e o início das
obras de Furnas e Três Marias em Minas Gerais. Foi criada então a Fundação do
Conselho Nacional de Energia Nuclear, proporcionando, assim, o desenvolvimento
desse tipo de energia no Brasil, destacando que a tecnologia seria utilizada apenas para
fins pacíficos.
Figura 1 | Juscelino Kubitschek - Fonte: Wikimedia Commons.
Lacerda et al. (2018, p. 87) explicam: “O Brasil, pelo tamanho de seu mercado interno,
Por fim, vale algumas reflexões a respeito da efetiva aplicação do Plano de Metas
Nesta aula, foi possível identificar alguns fatos que ocorreram no Brasil e que foram
considerados marcos políticos no período que vai até o ano de 1964. Muitos desses fatos
foram significativos para o desenvolvimento do nosso país. Neste vídeo, você vai
Saiba mais
Nesta aula você aprendeu, dentre outros assuntos, como um bom planejamento pode
elevar o nível econômico de um país. Como assim? Entenda melhor lendo o texto
indicado a seguir:
FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. 15. ed. São Paulo: Nacional, 1977.
GEN Grupo Editorial Nacional. Publicado pelo selo Editora Atlas, 2021.
2018.
em: https://biblioguias.cepal.org/prebisch_pt/sigloXXI/termos-intercambio#:~:text=A
%20deteriora%C3%A7%C3%A3o%20dos%20termos%20de,com%20o%20decorrer
Saraiva, 2011.
Referências
FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. 15. ed. São Paulo: Nacional, 1977.
GEN Grupo Editorial Nacional. Publicado pelo selo Editora Atlas, 2021.
2018.
Saraiva, 2011.
Unidade 4 / Aula 4
A ação do governo e o Estado populista
Introdução
Nesta aula você vai entender como alguns movimentos políticos e sociais que ocorreram
contexto, encontramos as chamadas Reformas de Base que, num sentido bem amplo,
Brasil.
No entanto, outros fatores tão significantes quanto essas reformas fizeram parte da
econômica e sociopolítica.
Enfim, esse é só o início do que você aprenderá nesta aula, vamos lá?
Reformas de Base e seus impactos políticos, sociais e econômicos
Para contextualizar este bloco, inicialmente você verá no que consiste a expressão
Reformas de Base, tão discutida e, por vezes, criticada. Essas reformas propunham
mudanças até então consideradas necessárias para que houvesse uma renovação em
A expressão Reforma de Base foi usada formalmente pela primeira vez no governo
Remessa de Lucros.
Gremaud (2017) aponta que foi nesse cenário que o populismo se manifestou com mais
A definição populismo fez com que o período ficasse conhecido como “República
Populista”. Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, João Goulart e Jânio Quadros foram
1930, percebe-se que estes se deterioraram com o tempo e estão em xeque no início da
década de 60.
[...] Nesse sentido, boa parte da elite brasileira passa a ter dúvidas sobre a real
chamada crise do populismo, que está na raiz da própria instabilidade política do país,
O período Getulista foi marcado por intensas greves de trabalhadores e pela crescente
luta sindical. Nos anos 1940, o movimento ganha forças mesmo em meio a restritivas
leis impostas por Vargas, vigentes mesmo após o fim do Estado Novo. Durante os anos
1960, a luta sindical atinge seu ápice, com imensas manifestações grevistas e a
realização do III Congresso Sindical Nacional, quando foi criado o Comando Geral dos
em 1964, quando o movimento dos trabalhadores volta a ser perseguido e a existir sob
total controle do Estado. Após isso, o sindicalismo volta a ganhar forças somente no
final dos anos 1970, quando retomam as greves em diversas fábricas no estado de São
Paulo.
Ao iniciar mais este bloco, é necessário entender certos conceitos, os quais servirão de
base para o entendimento do que se pretende estudar nesta aula. Inicialmente você deve
Pois bem! O Sistema Político consiste num conjunto de instituições políticas destinadas
tomada de decisão.
Fonseca, Rallo e Roque (2017) afirmam que é possível relacionar protecionismo com
nacional.
Figura 1 | Moeda - Fonte: Freepik.
No entanto, mesmo que o objetivo do governo seja proteger o mercado local, acaba
vezes de qualidade inferior aos importados, apenas porque o Estado legitima a criação
de monopólio local.
Se num cenário onde a concorrência faz com que as empresas produzam mercadorias
com qualidade para serem aceitas e obter êxito nos negócios, com o protecionismo isso
não é necessário, pois o governo dá a proteção e a garantia de que empresas
Observe a seguir!
tipo de sociedade, uma sociedade ideal, moderna e desejável. Sendo assim, nossa
Patrimonialista.
Poderíamos afirmar que o protecionismo, como apresentado, pode ser visto uma forma
de exercer o patrimonialismo?
conceito de patrimonialismo.
[...] sistema entendido como uma ordem burocrática, com o soberano sobreposto ao
muito mais amplo, sendo necessário relacionar a outros termos, como país, nação e
pátria.
Dallari (2011, p. 59) procura definir Estado como sendo uma “ordem jurídica soberana
que tem por fim o bem comum de um povo situado num determinado território”.
este busca o bem comum de um certo povo, situado em determinado território. Assim,
deve ser o seu objetivo, o que determina uma concepção particular de bem comum para
cada Estado, em função das peculiaridades de cada povo. (DALLARI, 2011, p. 112)
Partindo desse pressuposto, percebe-se, portanto, que o Estado deve manter um governo
reconhecida.
conhecido como República Populista ou Quarta República foi marcado por uma
desse período foram Getúlio Vargas, Juscelino Kubistchek e João Goulart. Mas qual
A resposta está no cerne da palavra, eles caíam na simpatia da população das classes
sociais mais baixas, mostrando-se cada vez mais como um governo que exerce políticas
particulares, dentre elas a possibilidade de haver uma relação direta do governante com
a população.
diferentes. Sendo assim, pode-se afirmar que a desarticulação das oposições políticas e a
Câmara (2021) aponta que atualmente incorpora-se o adjetivo autoritário como forma
liberal.
Quando o conceito é usado como sinônimo de autoritarismo a situação fica ainda mais
situações em tudo distintas. Assim, aprofundar a democracia passa por reconhecer o que
o populismo explicita: que há disputas sobre o papel de povo na política, de maneira que
muitos não se consideram participantes efetivos dos jogos políticos. (CÂMARA, 2021,
[s. p.])
Uma forma de explicar essa relação está no conceito de espiral inflacionária. Mas no
Pois bem! É sabido que as decisões de política econômica do Estado afetam sempre a
inflacionária, como um fenômeno econômico que provoca uma série de aumento nos
preços dos fatores produtivos, afetando os índices de preços e os salários, gerando uma
E você, acredita que o mundo está passando por uma onda populista? O que é um
político populista para você? Qual a relação entre todos esses cenários apresentados?
Saiba mais
Ao estudar esta aula, muitos fatos relevantes foram apresentados, mas sugiro que você
Saiba mais
Ao estudar esta aula, muitos fatos relevantes foram apresentados, mas sugiro que você
DALLARI, D. A. Elementos de Teoria Geral do Estado. 30. ed. São Paulo: Saraiva,
2011.
FAORO, R. Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro. 10. ed. São
FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. 15. ed. São Paulo: Nacional, 1977.
GEN Grupo Editorial Nacional. Publicado pelo selo Editora Atlas, 2021.
2018.
em: https://biblioguias.cepal.org/prebisch_pt/sigloXXI/termos-intercambio#:~:text=A
%20deteriora%C3%A7%C3%A3o%20dos%20termos%20de,com%20o%20decorrer
Saraiva, 2011.
Unidade 4 / Aula 5
Resumo da unidade
Prezado estudante! Nesta unidade, você aprendeu que para entender o funcionamento da
economia num contexto geral, é necessário rever alguns fatos históricos que ocorreram
no país e que impactaram diretamente ações que foram adotadas para, por exemplo,
conter o processo de importação, ou mesmo a criação de um plano que impulsionasse a
Você deve lembrar que comentamos sobre vários conceitos da história política do
do tempo.
institucionais advindas com a Revolução de 1930, fato estudado no início desta unidade.
brasileira desde 1840, as consequências da crise do café nos anos 1930 foram
responsável por três quartos das exportações mundiais. (LACERDA et al., 2018).
A Revolução de 1930 foi uma revolta armada organizada pelas oligarquias de Minas
Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba contra o governo daquela época. A história da
economia brasileira dos anos 1930 e o que significou a Revolução de 1930 nos mostra
que ela foi muito importante em relação à dinâmica da produção, bem como da
Vamos refletir! Será que o governo de Getúlio Vargas tinha consciência do quanto a
industrialização seria importante para o país? Óbvio que sim, pois foi implantado o
de o Brasil iniciar a produção interna de itens que até então eram importados, mais um
pode aprender que o Brasil nos anos 50 e 60 teve uma grande expansão em sua
observar que naquela época o PIB (Produto Interno Bruto) de alguns países apontava
Lembre-se que entre os anos de 1945 e 1964 houve a criação de várias estatais. Mas
como elas estão inseridas nesse cenário político e econômico? Perceba que, pelo
governo deter parte ou todo o Capital Social, as estatais são classificadas como
Mais uma vez entende-se que ações governamentais impactam diretamente na economia
do país, concorda?
Outro fato importante nesse contexto histórico foi a chamada República Populista (1945
e 1964), também conhecida por Quarta República. Sua principal característica foi
apresentar uma democracia até então suprimida entre dois períodos ditatoriais. Inúmeros
fatos políticos puderam ser vivenciados, dos quais o principal objetivo era promover
Uma questão que provoca muita discussão é a intervenção ou não do Estado nas
argumentando que o livre mercado sem o apoio do Estado não pode existir. Isso coloca
mercadorias entre os países, principalmente após o fim das barreiras impostas pelos
“podres” nos mercados globais, o que acabou contaminando todo o sistema e levando o
Diante dos lucros privados, os prejuízos se tornaram coletivos, pois o Estado foi
chamado para resgatar o sistema financeiro antes que o colapso se tornasse ainda maior.
públicas.
Essa breve contextualização serve como apoio para demonstrar o papel do Estado na
economia nos dias atuais. Em outras palavras, mesmo que de maneiras diferentes, o
Estado sempre esteve presente, o que nos faz concluir que não há e nem nunca houve
uma economia de mercado sem a participação do Estado, pelo menos num aspecto
neoliberal.
Suponha que você dirige uma grande empresa industrial e percebe que a ausência de
desempenho dos seus negócios. Em ano eleitoral, dois candidatos à presidência com
Pensando nos impactos sobre os negócios que você dirige, qual das duas opções poderia
candidatos.
_______
Reflita
economia industrial mais complexa da América do Sul, num período que vai de 1930 a
1980. Com a crise fiscal do Estado desenvolvimentista, o país passou a ter taxas de
Prezado aluno, a resolução de problemas complexos, em geral, oferece mais do que uma
complexidade da situação.
Nesse caso, como um investidor ligado ao setor produtivo e, portanto, que demanda
logística e infraestrutura eficientes, deve-se priorizar aquele que propõe soluções para o
maturação. O BNDES, no caso do Brasil, foi criado nos anos 1950 com objetivo de
financiar projetos de longo prazo em que, em geral, os bancos privados não costumam
investir, seja pelo risco envolvido em operações que modificam a estrutura do país,
inclusive riscos ambientais. Por essa razão, empresas como Petrobras, CSN, Embraer e
tantas outras foram constituídas, para o Estado assumir o risco que o setor privado não
Por outro lado, empresas estatais costumam carregar problemas de origem que, por
maior que seja a governança, dificilmente podem ser resolvidos. A corrupção em torno
De volta aos candidatos que oferecem soluções para o problema da infraestrutura, agora
provavelmente a solução ideal seja uma mescla entre os dois. No entanto, o mais
Você como dirigente empresarial pouco deve se importar se as contas do governo estão
equilibradas ou se a empresa X vai ser privatizada, mas importa saber se quem propõe
Supondo que sua empresa tenha influência perante o governo, certamente agora você
DALLARI, D. A. Elementos de Teoria Geral do Estado. 30. ed. São Paulo: Saraiva,
2011.
FAORO, R. Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro. 10. ed. São
FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. 15. ed. São Paulo: Nacional, 1977.
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Saraiva, 2011.