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Universidade Federal de Alfenas

Programa de Pós- Graduação em Economia

Discente: Beatriz Cavalcante de Oliveira Barros

Disciplina: FEB- Formação Econômica do Brasil

Unidade 1: Interpretações conceituais: Sentido da Colonização, Sistema


Colonial e Antigo Regime nos Trópicos.

Para Prado Junior, a formação do Brasil - que se deu via colonização- é


decorrente da expansão marítima que os países europeus viviam movidos pelo
capital comercial depois do século XV. Época esta em que, a riqueza da nação
era medida de acordo com sua expansão territorial e a América não era vista
como sinônimo de rentabilidade pelas metrópoles, uma vez que, a preferencia era
pelas rotas comerciais do Oriente. Porem ao criar o estado nacional, que lhe
permitia coletar imposto, Portugal investiu em navegação, que juntamente com o
incentivo ao surgimento de empresas comerciais nos trópicos fez com que as
colônias das Américas fossem agregadas no processo comercial.

Caio Prado Junior salientava que, a demanda por produtos tropicais


anuncia a grande diferença em que se daria a forma de colonização nas
Américas. Onde, o norte se tornou colônia de povoamento e o sul de exploração.
O Brasil e seu “descobrimento” foi dado pelo processo mercantilista que estava
em ascensão e é nesse passado colonial brasileiro que a colônia se firma
internacionalmente e também houve a criação de um território com sua cultura,
população, organizada socialmente. Mesmo que, segundo o autor, o povoamento
do país tenha sido mero acaso, o foco estava na captação de recursos
comerciais. Então, o autor afirma que, a formação do Brasil se deu
primordialmente para captação de recursos naturais, mais precisamente, por
metais preciosos, que foi alterada pela agricultura por conta da localização
geográfica, que por sua vez, exigia dos colonos adaptação dado o clima diferente.
Essa captação era feita para desenvolver a metrópole, ou seja, o
desenvolvimento do trabalho no Brasil não era para desenvolver o país, mas sim
as forças produtivas, o comércio e o sistema feudal de outros países.

Com isso, Caio Prado Junior traz à tona que o sentido da Colonização
brasileira foi formando uma sociedade mercantil, mas com papeis além das
feitorias comerciais. Sendo estas, a empresa do colono branco; o território de
grande valor comercial de produção de recursos naturais e o trabalho escravo de
negros e índios e que esta colonização foi para dar proveito a metrópole europeia
que visava extrair recursos naturais de um território virgem.

Vale lembrar que, os nativos tiveram uma grande importância no


desenvolvimento das atividades de exploração do território, nas primeiras trocas
comerciais e com as táticas militares. Em 1534, Portugal que viu uma expressiva
importância na exploração do Pau-Brasil, repartiu o território em capitanias,
conhecidas como: Capitanias Hereditárias O século XIX é marcado pela
transferência da família real para o Brasil em 1808 e pela independência em
1822, eventos estes que influenciam diretamente a formulação social, econômica
e política do Brasil.

De acordo com João Fragoso e Manolo Florentino, as relações comerciais


tomaram proporções em que havia necessidade expandir a exploração no Brasil,
o açúcar fez com que o Brasil entrasse em um segundo ciclo econômico, baseado
no Plantation, onde, usava-se de forma intensa a mão de obra escrava africana.
Os autores apontam o que o custo de manter o tráfico de escravos vindo do
atlântico era relativamente menor o que facilitava o fluxo externo eu na rotinização
das práticas agrícolas, sendo Portugal o maior beneficiado e a hierarquia social
do Brasil composta por uma aristocracia, junto dos comerciantes aristocratizados
moradores da metrópole ou da colônia, mas com papel de conservar o Antigo
Regime.

Segundo Fragoso e Florentino, os proventos comercias favoreceram os


comerciantes aristocratizados a ponto de desafiarem a nobreza, enquanto no
Brasil, o capital mercantil só consolidava o Antigo Regime.

Os dois autores apontam ainda que a bipolaridade social, tornava a colônia


deficiente, incapaz de desenvolver grupos econômicos com expressão, tendo em
cima a elite agrária e em baixo os homens livres fomentando a desigualdade
social e a horrível divisão de terras.

Bibliografia

PRADO Jr., Caio. Formação do Brasil Contemporâneo (Colônia); São Paulo:


Companhia Editora Nacional: Publifolha, 2000 [Introdução e Cap. 1: O Sentido da
Colonização]

NOVAIS, Fernando A. Portugal e Brasil na Crise do Antigo Sistema Colonial


(1777-1808). 7ª Ed., São Paulo: Ed. Hucitec, 2001. [Estrutura e dinâmica do
Antigo Sistema Colonial].

BICALHO, Maria Fernanda Baptista; FRAGOSO, João Luís; GOUVÊA, Maria de


Fátima Silva. Uma leitura do Brasil colonial: bases da materialidade e da
governabilidade no Império. Penélope, Lisboa, v. 23, p. 67-88, 2000.

FRAGOSO, João; FLORENTINO, Manolo. O arcaísmo como projeto: mercado


atlântico, sociedade agrária e elite mercantil em uma economia colonial tardia : Rio
de Janeiro, c. 1790-c. 1840. Editora Record, 2001. [Capítulo 2 – Sobre os
modelos explicativos da economia colonial, pp. 25-59; Cap. 3, seção 3: “A pré-
condição para a autonomia: os baixos custos dos fatores da economia colonial”,
p. 117-165.]

SCHWARTZ, Stuart. B. Mentalidades e estruturas sociais no Brasil colonial: uma


resenha coletiva. Economia E Sociedade, 8(2), 2016, pp. 129-153.

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