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BRASIL COLÔNIA: RESUMO COMPLETO DE


TO D A S A S FA S E S , C A R A C T E R Í S T I C A S ,
CAUSAS E FINAL.
O Brasil Colônia é o período que ocorreu entre 1530 e 1822, iniciado
pela implantação das capitanias hereditárias e terminando com a
independência do Brasil. Esse período da história brasileira inclui o ciclo da
cana-de-açúcar e do ouro, a escravidão indígena e negra, as revoltas coloniais
e separatistas, além da formação da sociedade miscigenada.

1. Período pré-colonial e motivos para a colonização


2. O que aconteceu no Brasil Colônia
3. Capitania hereditária, governo geral
4. Economia: ciclo do ouro e da cana
5. Sociedade: como era a vida no período colonial?
6. Qual foi o fim do Brasil Colônia? Crises e revoltas

Antecedentes e Contexto Histórico do Brasil Colonial

No início da Idade Moderna, século XVI, ocorreu a formação dos


Estados Nacionais e a concentração de poder nas mãos dos governantes.
Portugal consolidou sua monarquia, e intensificou sua economia com
o Mercantilismo. Também se destacou nas grandes navegações, por causa
da posição geográfica com litorais.
Todas essas novidades somadas à economia crescente geraram
um espírito explorador nos europeus, que saíam descobrindo territórios
para obter riquezas. Os espanhóis já tinham chegado à América em 1492,
mas não no território brasileiro. 
A chegada dos portugueses ao Brasil ocorreu devido a uma expedição liderada
por Pedro Álvares Cabral. Ele comandou 13 caravelas que saíram de Lisboa
no dia 9 de março de 1500 e chegaram em Porto Seguro no dia 22 de abril de
1500.
Até hoje, os historiadores debatem sobre as intenções de Cabral. Alguns
afirmam que sua rota foi desviada acidentalmente da Índia e ele chegou ao
Brasil. Outros discordam e afirmam que ele sempre quis desviar-se do
trajeto original e explorar a parte da América que os espanhóis ainda não
tinham. 

Brasil pré-colonial

No momento em que o Brasil foi descoberto, não houve uma


tentativa oficial de colonização. Isso porque a Coroa portuguesa estava
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focada no comércio com a Índia e não sabia se valia a pena explorar um


lugar desconhecido naquele momento.
Por isso a historiografia considera que, desde a chegada dos portugueses (1500)
até a colonização (1530), existiu um outro período na história do brasil chamado
de Período Pré-Colonial. Ele vai do descobrimento até a implantação das
estruturas coloniais, como as capitanias hereditárias. 
As duas principais marcas desse momento inicial são o desenvolvimento
do escambo com os indígenas e a exploração do pau-brasil.
Motivos de Portugal para a colonização
A partir de 1530, houve a diminuição do comércio português com as
Índias. Ao mesmo tempo, surgiam ameaças de invasões
estrangeiras (franceses e holandeses) e contrabando comercial no Brasil.
Além disso, a Espanha tinha acabado de descobrir ouro na América
Espanhola. Isso fez com que os portugueses criassem expectativa de
adentrar o território e também encontrar.
Esses fatores fizeram com que o rei de Portugal, D. João
III, mobilizasse uma efetiva colonização portuguesa para não perder as
riquezas.
Quanto tempo durou o período colonial brasileiro?
O período colonial durou 292 anos, tendo iniciado em 1530 com a
expedição de Martim Afonso de Souza e se estendeu até 1822. No último
tópico do artigo, veremos como essa fase terminou.
Foram quase três séculos de intensa ocupação e exploração das
terras brasileiras, uma época marcada por divisões internas conforme as
grandes descobertas econômicas ou mobilizações sociais.

O que aconteceu no Brasil Colônia?

O Brasil Colônia tem como marco inicial a primeira expedição


colonizadora por todo o litoral brasileiro, realizada por Martim Afonso de
Souza a pedido de D. João III. Ela foi criada para a instituição de estruturas
coloniais, iniciando pelas capitanias hereditárias.
A expedição estendeu-se do litoral de Pernambuco até o rio da Prata.
Em 1532, Martin  fundou o primeiro local de povoamento chamado Vila de
São Vicente no litoral do atual estado de São Paulo. 
A partir daí, as estruturas governamentais e organizações políticas,
econômicas e sociais começaram a ser oficializadas.

O que foram as Capitanias Hereditárias?


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O estabelecimento de Capitanias Hereditárias foi uma estratégia


para que a Coroa tivesse controle e fiscalização de toda a área do Brasil e
suas atividades econômicas. 
O enorme território foi dividido em 15 capitanias, que eram faixas de
terras que abrangiam desde o litoral brasileiro até o limite estabelecido
pelo Tratado de Tordesilhas. Esse tratado era uma linha imaginária de divisão
das terras portuguesas e espanholas.
O rei D. João III nomeou homens de sua confiança para receber e
administrar os lotes. Eles eram chamados de donatários e eram capitães
vindos da pequena nobreza lusitana. Essas poderiam ser passadas de pai pra
filho e por isso, foram chamadas de hereditárias.
Os documentos que comprovavam o direito de posse das terras eram
as cartas de doação. Cada Capitão Donatário era considerado a autoridade
máxima, tendo o objetivo de povoar, administrar, proteger, fundar vilas e
desenvolver a economia.
A Coroa Portuguesa não dava auxílio financeiro aos donatários, mas
concediam privilégios a eles como escravizar indígenas, cobrar tributos, doar
lotes de terra não cultivados (sesmarias) e usar todos os recursos naturais da
região.
Vale lembrar que as capitanias não pertenciam aos donatários, mas à
Coroa Portuguesa. Por isso, ela cobrava um imposto de 10% da produção que
ali fosse desenvolvida.
Fracasso do sistema de capitanias
O sistema de capitanias foi falho e abolido alguns anos depois. Dos 15
territórios, apenas 2 foram bem sucedidos.
Capitania de Pernambuco: comandada por Duarte Coelho, introduziu o cultivo
da cana de açúcar
Capitania de São Vicente: comandada por Martim Afonso de Sousa, foi a
primeira vila como marco de ponto comercial (incluindo tráfico indígena)
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O fracasso aconteceu porque o sistema sofreu com a falta de


recursos, foram abandonadas ou sequer os donatários saíram de Portugal para
ver a terra de perto. Também sofreram ataques indígenas que lutavam contra a
invasão de suas terras.
Após o declínio das Capitanias Hereditárias, foi instituído o Governo
Geral.
A criação do Governo Geral

Mesmo com o fracasso, as capitanias não deixaram de existir


imediatamente, mas também não podiam ser o sistema político de sustentação.
Assim, no Brasil Colônia, o primeiro governo-geral foi criado em 1548 como
uma mudança administrativa.
O objetivo de Portugal era reduzir o poder dos donatários e formar
um comando unificado na colônia. A Bahia foi selecionada como a sede do
Governo-Geral por ser um ponto estratégico de comunicação com as outras
capitanias brasileiras e grande polo econômico.
O governador-geral era aquele escolhido pelo rei como autoridade
máxima da colônia.
O três primeiros foram:
Tomé de Souza: Foi o primeiro governador-geral e fundou a cidade de
Salvador que seria a primeira capital da colônia. 
Duarte da Costa: Foi o segundo governador-geral.
Mem de Sá: Foi o terceiro e expulsou os franceses do Brasil, além de fundar a
cidade de São Sebastião, que se tornaria o atual Rio de Janeiro. 
Além disso, o governo-geral no Brasil Colônia também contava com três
cargos auxiliares: 
Ouvidor-mor: responsável pela justiça do governo.
Provedor-mor: responsável pelo setor financeiro.
Capitão-mor: responsável pela defesa do litoral. 
Depois da morte de Mem de Sá, Portugal dividiu o Brasil em dois
governos: Governo do Norte com sede em Salvador e Governo do Sul com
sede no Rio de Janeiro. Depois, eles foram unificados e ficaram sob domínio
espanhol até 1640, por causa da União Ibérica.
Ainda sob o domínio espanhol, novamente o Brasil foi dividido em dois
estados: o Estado do Maranhão e o Estado do Brasil. Essa divisão durou até
1774, quando o Marquês de Pombal assumiu o governo, unificando e
modernizando o país.

Atividade Econômica no Brasil Colônia – agricultura e mineração


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O cultivo de cana de açúcar e a extração mineral foram as principais


atividades econômicas do Brasil Colônia. Cada uma delas teve seu momento
ápice de destaque devido às condições do contexto local.
Vamos compreender como essas atividades se desenvolveram:

Ciclo da cana-de-açúcar

Em um primeiro momento, o cultivo de cana foi escolhido como principal


atividade das capitanias porque já era cultivado nas colônias africanas e se
adaptou muito bem ao litoral nordestino brasileiro. Além disso, era um produto
bastante comprado na Europa.
Mesmo com o declínio das capitanias, a atividade continuou sendo
incentivada pelo Governo-geral. O comércio na colônia respeitava o pacto
colonial, o qual dizia que a colônia (Brasil) só podia comercializar diretamente
com a metrópole (Portugal).
Os historiadores caracterizam esse tipo de agricultura como Plantation.
Suas principais características eram:
Latifúndio: grandes propriedades de terra
Exportação: visava a venda para o mercado externo, não para o país mesmo
Monocultura: só produziam uma espécie vegetal
Escravista: uso de trabalho escravo indígena e negro, mão-de-obra barata e
farta
As unidades eram conhecidas como engenhos e eram locais formados
por terras para plantio, a Casa-grande onde moravam os senhores
proprietários, a Senzala que abrigava os escravos e a Casa de engenho onde
se encontrava as máquinas para a moenda.
Isso só era possível graças a existência de atividades secundárias como
a pecuária, o tabaco e a agricultura de subsistência. 
O gado era utilizado como força motriz, transporte e alimentação.
O tabaco era trocado por escravos e fomentava mão-de-obra, as lavouras de
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subsistência permitiam a alimentação da colônia com mandioca e hortaliças.


Nesse caso, a mão-de-obra era livre e mestiça.
A princípio os portugueses escravizaram indígenas, mas eles resistiam
fortemente. Apesar de os jesuítas condenarem qualquer tipo de escravidão, o
foco da ação missionária era indígena, pois queriam catequizá-los e introduzi-
los na sociedade desde o momento da descoberta do Brasil. 
A partir disso, os colonos escravizaram negros vindos da África, onde
haviam outras colônias portuguesas. Como as condições de transporte eram
precárias no navio negreiro, eles já chegavam sem forças para resistir tanto
quanto os índios, embora fundaram quilombos para se refugiar. 
Por fim, destacamos a participação dos holandeses. Eles financiavam a
montagem do engenho, refinaria, transporte e distribuição. Foram expulsos do
litoral brasileiro, tentaram invadir o território, mas fracassaram e se mudaram
para a região do Caribe. Começaram a plantar sua própria cana, iniciando
a crise do açúcar no Brasil.

CICLO DO OURO

Ao mesmo tempo em que tudo isso acontecia, saíram de São Paulo dois


tipos de empreendimentos:
As Entradas eram para expansão territorial financiadas e organizadas
pelo governo.
As Bandeiras eram dos indivíduos endinheirados, também incentivados
pela Coroa, mas usando recursos próprios, que buscavam pedras preciosas ou
índios.
Com a descoberta do ouro pelos bandeirantes no final do século XVII e
crise do açúcar, a economia passou a se voltar para a extração do minério,
principalmente na região de Minas Gerais. 
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A partir daí se espalhou em várias partes do território nacional e no


século XVIII a mineração era a grande fonte de riqueza da metrópole. Porém, a
metrópole usava o outro para entesouramento (estética e status), não para
investimento comercial e geração de lucro.
O Ciclo do Ouro e do Diamante no Sudeste até então não explorado,
foram responsáveis pela fundação de vilas afastadas do controle da Coroa,
como Mariana e Ouro Preto (Antiga Vila Rica). Assim, surgiu um
grande crescimento urbano e comercial, além de mudanças sociais para os
mestiços que encontrassem ouro.
Logo que notou, a metrópole passou a cobrar altos impostos como
“quinto”, que correspondia a quinta parte do que era produzido (20% sob todo
ouro retirado). Dizem que daí surgiu a expressão “quinto dos infernos”!
O ouro começou a ficar mais escasso, visto que não é um recurso
renovável. Mesmo assim, Portugal não diminuiu os impostos porque tinha
acabado de passar por um terremoto e precisava de reconstruir. 
Decretou mais um imposto, chamado “derrama”, obrigando cada região a
recolher uma tonelada e meia de ouro por ano e entregá-lo para Portugal. Esse
foi um dos motivos que levou ao surgimento de revoltas sociais, que veremos
no tópico a frente.

Sociedade no Brasil Colônia

Depois de toda essa análise, é possível estabelecer que a sociedade


brasileira foi formada pela miscigenação de três grandes grupos
étnicos: indígena, negro africano e o branco europeu. No caso dos europeus,
destaca-se o português embora alguns locais tenham sido ocupados por
italianos e alemães.
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A cultura brasileira é hoje reconhecida como diversa desde sua


raiz, justamente porque foi o produto de anos da mistura de hábitos, culinária,
vocabulário, cantos, objetos, danças, crenças e outros aspectos.
Muitas das práticas que herdamos hoje são vindas dessa mistura do
período colonial, algumas boas e outras não. É importante conhecer a história
de formação de uma sociedade para entender comportamentos e aprimorar a
convivência no país.

Como era a vida no período colonial?

O Brasil era uma colônia de exploração e sua principal atividade se dava


em torno de engenhos ou minas. É importante lembrar que aquele que detinha
a terra ou a riqueza era sempre a autoridade máxima da região.
Em torno do engenho viviam os mulatos (filhos dos senhores com
negras escravizadas), os escravizados, as famílias europeias, o clero, os
trabalhadores livres e todos os outros. Assim, as cidades e família viviam ao
redor desses locais e as pessoas se ocupavam principalmente dessas
profissões.
Por fim, muitos negros resistiram aos maus tratos e fugiam da região do
engenho, fundando suas próprias comunidades chamadas de Quilombos. O
mais famoso era o de Zumbi de Palmares.
Ironicamente, muitos quilombos escravizavam outros negros e índios
para trabalhar em seu território, mas eles são considerados importantes locais
de perpetuação e propagação da cultura afrodescendente, como a capoeira.

Crise do sistema colonial – Qual foi o fim do Brasil Colônia?

A crise do sistema colonial começou a se tornar presente na segunda


metade do século XVIII, por causa da concorrência açucareira de outros países
e pelo esgotamento do ouro. Ao mesmo tempo, a Europa tornou-se convulsiva
com a Revolução Francesa. 
Isso gerou um desejo no povo de quebrar vínculos com Portugal, pois
perceberam que grande parte dos problemas eram devido à relação colônia-
metrópole. Muitas revoltas ocorridas no Brasil foram reflexos dessa
insatisfação. Veremos no próximo tópico quais são elas.
Além disso, a corte portuguesa fugiu de Napoleão Bonaparte em 1808,
deixando Portugal e se instalando no Brasil. A vinda da Corte fez com que o
Brasil recebesse investimentos para melhores condições de vida, o que
também foi dando autonomia em relação a Portugal.
Por fim, o rei retirou a condição de colônia do território brasileiro e
o elevou à categoria de Reino Unido junto com Portugal e Algarves.
A era do Brasil Colônia chegou ao fim no dia 7 de setembro de 1822,
quando D. Pedro declarou a Independência do Brasil.
Conflitos e Revoltas do Brasil Colônia
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A revoltas que ocorreram no Brasil Colônia e incentivaram o fim da colonização


foram:

Revolta de Beckman
Guerra dos Emboabas
Guerra dos Mascates
Rebelião de Vila Rica 

Além dessas revoltas, ocorreram movimentos separatistas como:

Inconfidência Mineira 
Conjuração Baiana 

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