Você está na página 1de 7

1 - A SOCIEDADE E ECONOMIA COLONIAL

A colonização do Brasil, assim como de todo o continente americano, se


inseriu nos quadros da expansão mercantilista mundial e constituiu um
importante pilar de sustentação do Estado metropolitano. O Sistema colonial
era o conjunto das relações entre metrópole e colônia, caracterizado por
mecanismos e normas políticas, econômicas e fiscais que definiam a
submissão da colônia pela metrópole. O monopólio do comércio da colônia
pela metrópole ficava estabelecido pelo pacto colonial imposto pelo Estado
metropolitano. Esse pacto transformava a economia colonial numa economia
periférica, cuja função era gerar riquezas para a economia central
metropolitana. Este é o papel histórico da colônia.

O pacto colonial privilegiava a burguesia mercantil metropolitana, que,


recebendo do Estado os privilégios do monopólio, se apropriava do
extraordinário lucro gerado pelo comércio com as colônias. Além disso, pelo
pacto colonial, a colônia era proibida de produzir mercadorias que
concorressem com as da metrópole. Assim, os colonos tinham de consumir, a
preços astronômicos, os manufaturados produzidos na metrópole ou
comercializados pelos detentores do monopólio do comércio com a colônia.

2. EFETIVAÇÃO DA COLONIZAÇÃO

2 - A Administração Colonial
(Capitanias Hereditárias)
Por este sistema, a colônia seria dividida em porções de terra, que seriam
doadas aos nobres fidalgos do rei, recebendo o nome de donatários, que
seriam os responsáveis pelo desenvolvimento econômico e o povoamento da
colônia. A capitania era hereditária e os donatários tinham muitos poderes, tais
como: escravizar e vender índios, fundar povoações, nomear funcionários,
doar pedaços de terra (sesmarias), fazer a justiça, criar e receber impostos,
além de outros.
Somente duas Capitanias prosperaram. A de Martim Afonso de Souza
(São Vicente), que era amigo pessoal do rei de Portugal, não lhe faltando
recursos financeiros para o desenvolvimento de sua posse e a Capitania de
Pernambuco de Duarte Coelho, que, por sua vez, era íntimo de banqueiros
holandeses, não lhe faltando também os recursos necessários.

A falência do sistema de capitanias hereditárias fez com que o governo


português criasse em 1548, o Governo Geral, que trouxe maior controle
sobre as Capitanias através da centralização política, criando também o
municipalismo com as administrações localizadas através das Câmaras
Municipais nas vilas e com poder entregue aos “homens bons”, nobres
proprietários de latifúnfundios.

3 - O GOVERNO GERAL

Oficialmente, o sistema administrativo do Governo-Geral foi instituído em


1548 por um documento denominado Regimento, no qual se reafirmavam a
autoridade e soberania da Coroa sobre os diversos poderes dos donatários e
se fortaleciam os instrumentos de colonização.
De acordo com o documento real que criou o cargo de Governador-
Geral, o primeiro ocupante do posto foi Tomé de Souza. A ele caberia muitas
atribuições, tais como: combater ou fazer alianças com as tribos indígenas,
enfrentar e reprimir piratas e contrabandistas, fundar vilas, garantir o
monopólio real sobre a exploração do pau-brasil, incentivar a lavoura da cana-
de-açúcar, procurar metais preciosos pelo interior do Brasil e defender os
colonos. Foi também definido que o Governador-Geral teria alguns auxiliares.
O provedor-Mor, encarregado das finanças e responsável pela arrecadação
de tributos e pelos gastos; o capitão-mor, responsável pela defesa e vigilância
do litoral; e o ouvidor-mor, encarregado da aplicação da justiça, Inclusive nas
capitanias hereditárias.

4. A EMPRESA AÇUCAREIRA

A fundação de engenhos de açúcar visava povoar o Brasil e assegurar


a sua posse para Portugal. Os engenhos eram uma típica economia de
plantation, termo inglês que significa grande plantação, grande propriedade.
Essa grande plantação colonial, que foi criada em toda a América tropical e
subtropical, tinha por finalidade básica produzir gêneros agrícolas tropicais
para o mercado europeu. Em todas as regiões americanas onde se
estabeleceu a plantation, a policultura tornou-se uma atividade econômica
secundária. A plantation açucareira era quase auto suficiente. Além das
mercadorias de exportação, produzia os gêneros de subsistência necessários
à alimentação dos escravos, trabalhadores assalariados e senhores. No caso
da produção açucareira, atividade econômica predominante no Brasil colonial,
a plantation era uma unidade agrícola e industrial. Moer, purgar, enfim,
produzir o açúcar eram atividades industriais, porém subordinadas à atividade
agrícola. Resumindo, podemos dizer que a plantation era uma grande
propriedade agrícola, trabalhada pelos escravos, auto-suficiente, cuja
produção fundamental voltava-se para o mercado externo.

5. DECADÊNCIA DA EMPRESA
AÇUCAREIRA

A produção açucareira brasileira vai ter sua decadência determinada por


fatores externos. Tudo começa na Europa, quando o rei de Portugal falece e
o trono passa a ser ocupado pelo rei da Espanha, iniciando o período de União
Ibérica (1580-1640). Acontece que a Espanha era inimiga antiga da Holanda,
que comprava todo o açúcar do Brasil, agora colônia espanhola. A Espanha,
com o nítido interesse de prejudicar a Holanda, proíbe o comércio entre suas
colônias e sua rival. (embargo espanhol).
Em represália, os holandeses criam a Companhia das Índias Ocidentais
e invadem o nordeste brasileiro, garantindo assim seu fornecimento de açúcar.
Após a expulsão dos holandeses do Brasil (1654), inicia-se a fase de
decadência da produção açucareira. Os holandeses, depois de terem
aprendido todas as técnicas de produção, foram produzir o açúcar nas
Antilhas, entrando em concorrência direta com o Brasil e trazendo assim, a
falência de nossa empresa açucareira.
Chegando aos portos brasileiros, eram examinados como gado e
vendidos em leilões públicos ou através de comércio privado. Tornavam-se
escravos, mercadoria sem personalidade jurídica. O preço variava segundo a
maior ou menor oferta e o estado físico dos escravos. Escravos jovens, fortes,
com boa saúde, bons dentes, dóceis eram mais valorizados.
O tráfico de escravos ajudava na acumulação de capitais dos
comerciantes estrangeiros e brasileiros. Os escravos eram, como se dizia, os
pés e as mãos do senhor de engenho, sua riqueza. Sem ser trabalhada pelos
escravos, e a terra não valia quase nada.

3. O 6. A SOCIEDADE AÇUCAREIRA

A sociedade colonial como um todo era o reflexo da estrutura econômica


escravista e, portanto, foi estruturada para atender aos interesses
mercantilistas da metrópole. A sociedade colonial apresentou características
próprias. Na sociedade colonial açucareira, a mobilidade social era
praticamente inexistente. A vida social se restringia aos limites da grande
propriedade açucareira (o engenho). Havia, basicamente, duas classes sociais
(bipolaridade social), opostas e conflitantes: a do branco senhor e a do negro
escravo.
Não havia ainda classes médias no Brasil e as camadas intermediárias
eram extremamente heterogêneas em sua composição. De forma geral, a
sociedade colonial brasileira era:

ESCRAVISTA / RURAL - BIPOLAR / ARISTOCRATA


PATRIARCAL / MACHISTA - CONSERVADORA / IGNORANTE
CATÓLICA / ESTAMENTAL

7. A MINERAÇÃO(CICLO DO OURO)

No período colonial, a mineração, juntamente com a pecuária e as


missões jesuíticas, foram responsáveis também pelo aumento do território
brasileiro e embora desrespeitando o Tratado de Tordesilhas, invadiram e se
apossaram de terras espanholas e francesas. Estas posses foram
reconhecidas pela Espanha nos Tratados de Madri, Santo Idelfonso e Badajós
e pela França, no de Ultrecht. Com a crise da empresa açucareira, o governo
português aumenta o incentivo às Entradas, que eram expedições oficiais que
respeitavam o Tratado de Tordesilhas, e às Bandeiras, que saíam
Geralmente de São Paulo e eram expedições particulares que desrespeitavam
o tratado de Tordesilhas.
As Bandeiras procuravam ouro, faziam o reconhecimento do território e
apresavam índios para serem vendidos como escravos. A sociedade colonial
brasileira do século XVIII passou por profundas transformações devido à
mineração. Já, no final do século XVII, a mineração atraiu para as Minas
Gerais uma imensa multidão de pessoas das mais diferentes origens,
posições sociais e situações econômicas. Pobres e ricos, brancos, índios e
negros livres e escravos, nobres e plebeus, aristocratas e burgueses,
portugueses e gente de outros países - apesar das restrições portuguesas à
entrada de estrangeiros na colônia - povoavam as terras mineiras. A migração
promoveu um extraordinário crescimento demográfico. Calcula-se que no
século do ouro entraram no Brasil 1 milhão de negros africanos, 800 mil
portugueses e centenas de imigrantes de outros países.
A sociedade que se formou nas Gerais era tipicamente urbana, onde, ao
contrário do que ocorrera com a sociedade agrária dos engenhos, proliferaram
as profissões liberais e vários tipos de ofícios: sapateiros, alfaiates, ferreiros,
pintores, entalhadores, músicos, joalheiros, barbeiros, boticários, mercadores,
taberneiras. estalajadeiros, advogados, médicos, mestres-escolas, padres,
militares, funcionários públicos, tropeiros, prestamistas etc. Pelo exposto, é
possível concluir que na sociedade mineira havia uma melhor distribuição da
renda em relação ao Nordeste açucareiro, onde a renda estava altamente
concentrada nas mãos dos senhores de engenho.
Dada a diversificação das atividades socioeconômicas característica das
sociedades urbanas, o desenvolvimento do mercado consumidor interno e a
melhor distribuição da renda supriam, na sociedade urbana da mineração, as
classes médias brasileiras, compostas por uma população
predominantemente masculina de profissionais liberais, artesãos, artífices,
como já vimos , diferentemente da empresa açucareira, a mineração
promoveu o desenvolvimento da mão-de-obra livre.
Este fato se explica pelo crescimento das diferentes profissões liberais e
ofícios exercidos por homens livres, pelo altíssimo índice de mortalidade dos
negros escravos e porque nas faisqueiras a extração do ouro era feita por
brancos e mestiços livres e por negros que gozavam de semi-liberdade.
7. DESENVOLVIMENTO CULTURAL
9.
O século do ouro foi responsável pelo desenvolvimento do interesse
pelas "coisas da inteligência ou do saber" entre alguns homens da elite urbana
endinheirada, principalmente de Minas Gerais, Bahia e Rio de Janeiro. A
cultura acadêmica só existia para a elite, que tinha o direito ao ensino até o
nível básico, o acesso aos teatros, à literatura e às artes.
Foi a luxúria de nossa elite que possibilitou o desenvolvimento da arte
barroca, produzida, na maioria das vezes, por homens simples como o nosso
maior escultor, Antônio Francisco Lisboa, popularmente conhecido como
Aleijadinho, para o embelezamento de igrejas e das cidades, durante o
período da mineração.

FIM

Você também pode gostar