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TRÁFICO ATLÂNTICO
No século XVI, com o aumento da procura por trabalhadores nos engenhos de açúcar
do nordeste brasileiro, teve início o comércio de africanos para a América portuguesa. Esse
negócio envolvia pessoas e produtos de vários continentes Europa, África, América e Ásia e é
chamado pelos historiadores atuais de tráfico atlântico. O tráfico atlântico durou mais de 300
anos e envolveu europeus de várias nações , portugueses, ingleses, franceses, entre outros,
africanos (chefes, reis e negociantes) e, mais tarde, mercadores do Rio de Janeiro, da
Bahia e de Pernambuco. Muitos desses mercadores, sobretudo do Rio de Janeiro e de
Salvador, acumularam fortunas com o tráfico.
africanos ocidentais entrou pelos portos da Bahia e se concentrou no Nordeste: Bahia (75,6%),
Pernambuco (11,4%) e Maranhão (8,2%).
Na hora do embarque para o Brasil, o africano era “batizado”, ou seja, perdia seu nome
original e passava a ter um nome português. Para certos povos africanos isso era mais
doloroso, pois, em alguns lugares da África, o nome dado a uma pessoa tem um significado
especial. O nome português, dado no batismo, devia ajudar a apagar da memória do africano
todo o seu passado: sua família, seus amigos, sua língua e seu lugar de origem.
A travessia
Nas fortalezas do litoral africano, homens, mulheres e crianças eram forçados a
embarcar em navios conhecidos como navios negreiros. A viagem das praias da África
Ocidental para o Brasil durava de 30 a 45 dias, conforme o lugar de partida e o de chegada. As
condições da viagem eram péssimas, a comida era pouca
e de má qualidade. Os negreiros iam superlotados: onde
cabiam 100 iam 300 e muitos morriam durante a travessia.
Mesmo assim, o lucro dos traficantes era grande: o preço
de venda de um lote era, em média, três vezes maior que
o de compra.
Os africanos chegavam ao litoral brasileiro
confusos, cansados e sem saber onde estavam. Nos mercados do Rio de Janeiro, Salvador,
Recife e São Luís eram examinados, avaliados e comprados. Um homem adulto valia o dobro
de uma mulher e, geralmente, três vezes mais do que uma criança ou um idoso.
A HERANÇA CULTURAL
Se as vozes dos quatro milhões de africanos trazidos para o
Brasil ao longo de mais de três séculos não fossem abafadas na
nossa História, hoje saberíamos que eles, apesar de escravizados,
não ficaram mudos. Participaram da configuração do português
brasileiro e são responsáveis pelas diferenças que afastaram o
português do Brasil do de Portugal. Aquelas vozes são perceptíveis e
se revelam nas centenas de palavras que enriquecem o patrimônio
linguístico do português do Brasil. São palavras portadoras de elementos culturais
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OS “GRIOTS”
Os griots são contadores de história, cantores, poetas
e musicistas da África Ocidental. São muito importantes para
a transmissão dos conhecimentos dentro das culturas de
diferentes países africanos. O termo griot vem da palavra
guiriot, em francês e da palavra criado, em português.
Franceses e portugueses realizavam trocas comerciais com
países da África Ocidental, transformando algumas palavras
tradicionais em expressões nas línguas dos colonizadores.
ORAÇÃO DE UM “GRIOT”
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Proposta de Paz
Meu Senhor, nós queremos paz e não queremos guerra; se meu senhor também quiser
nossa paz há de ser nessa conformidade. Em cada semana nos há de dar os dias de sexta--
feira e de sábado para trabalharmos para nós não tirando um destes dias por causa de dia
santo. Para podermos viver nos há de dar rede, tarrafa e canoas. Os atuais feitores não os
queremos. Poderemos plantar nosso arroz onde quisermos, e em qualquer brejo, sem que para
isso peçamos licença, e poderemos cada um tirar jacarandás ou qualquer pau sem darmos
parte para isso. Poderemos brincar, folgar, e cantar em todos os tempos que quisermos sem
que nos impeçam, e nem seja preciso licença.
Referência Bibliográfica:
Boulos Júnior, Alfredo 4. ed. — São Paulo : FTD, 2018.
Piúma-ES
Agosto 2022