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Centro Universitário Barão de Mauá. Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. Pós-Graduado MBA em
Gestão de Projetos.
Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. Graduação em Serviço
Social. Assistente Social. douglasjonas7@gmail.com
Seção: Saúde
Formato: Artigo
1 INTRODUÇÃO
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A atual configuração das políticas sociais de saúde no Brasil é resultado histórico
de intensas lutas por reivindicações e extensões dos direitos sociais, onde destacou
o Movimento da Reforma Sanitária, transpondo a saúde como direito social universal
e um dever do Estado (BRAVO, 2006).
No cenário contemporâneo é direito de todos ter acesso aos serviços sociais de
saúde, independente de aquisição econômica, etnia, classe social, identidade de
gênero e orientação sexual, uma vez que legislados como a lei 8.080 de 1990 e a
Constituição Federal de 1988, afirmam sua universalização.
Os hospitais compõem as políticas de saúde, proporcionando serviços
essenciais para a promoção, proteção, recuperação da saúde, a partir de assistência
médica curativa e preventiva em que as ações podem transcender o campo hospitalar,
conforme expressa a Organização Mundial de Saúde (OMS), citado por Mezzomo
(2003):
Hospital é parte integrante de um sistema coordenado de saúde cuja função
é dispensar à comunidade completa assistência médica, preventiva e
curativa, incluindo serviços extensivos à família em seu domicílio e ainda um
centro de formação dos que trabalham no campo da saúde e para as
pesquisas biossociais. (MEZZOMO, 2003, p. 20).
A lei 8.080 de 1990 que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção
e recuperação da saúde e dá outras providências, expressa em seu artigo 3º que a
saúde possui como determinantes e condicionantes a alimentação, o meio ambiente,
o trabalho, a renda, o lazer, o transporte, a moradia, dentre outros acessos aos bens
e serviços essenciais. Deste modo, as ações em saúde não se restringem meramente
a um modelo biológico e medicinal, sendo considerado diversas influências sociais,
conforme afirma Torres (2012):
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O assistente social é o profissional graduado em serviço social e devidamente
registrado no Conselho Regional de Serviço Social (CRESS). O serviço social,
enquanto profissão inserida na divisão social e técnica do trabalho, objetiva o
aprofundamento da democracia, defender os direitos humanos, garantir a
emancipação e plena expansão dos indivíduos sociais, dentre a garantia de outros
princípios fundamentais presentes no Código de Ética de 1993 do Assistente Social
(BRASIL, 2012).
Machado (1999) afirma que o serviço social é uma profissão legitimada
socialmente, sendo assim, possui uma função social. Visto isto, Montaño (2011)
salienta que o assistente social é um trabalhador assalariado que, em sua maioria,
são recrutados pelo Estado para operacionalizar políticas sociais, sendo estas,
repostas as expressões da questão social. Machado e Kyosen (2000) conceituam as
políticas sociais como um conjunto de ações e controle, da gestão estatal, sobre as
necessidades sociais básicas.
O assistente social intervém no âmbito das desigualdades sociais, ou seja, nas
expressões da questão social, que é produto da contradição entre capital e trabalho,
manifestando-se no cotidiano da vida comunitária por meio da violência, da pobreza,
da precariedade do acesso as políticas de saúde, do desemprego, dentre outras
mazelas deste fenômeno inerente a ordem capitalista (IAMAMOTO, 2001). É
interessante ressaltar que Machado (1999), entende que a questão social representa
o processo de resistência e luta dos trabalhadores, e não apenas as desigualdades.
Cabe destacar aqui também o entendimento de Matos (2015), que expressa ser a
questão social a matéria prima que justifica o fazer do assistente social.
1.1 OBJETIVOS
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1.2 JUSTIFICATIVA
1.3 METODOLOGIA
2 DESENVOLVIMENTO
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instrumento as políticas sociais de educação, assistência social, saúde, dentre outras
(IAMAMOTO, 2001). As autoras Behring e Boschetti (2011), expressam em sua obra
que as políticas sociais são um fenômeno inerente ao sistema capitalista e que sua
constituição, portanto, está relacionada a constituição da sociedade burguesa. As
políticas sociais são “desdobramentos” e meios para enfrentamento das expressões
da questão social.
A questão social também é outro fenômeno inerente ao modo de produção
capitalista, onde há extrema desigualdade social, visto que a produção de riquezas é
cada vez mais coletiva (social) e a apropriação do lucro desta produção, é privada.
Frente a contradição entre as classes exploradoras e exploradas, tem-se como
sequela as expressões da questão social, como a fome, a violência, a pobreza, o
desemprego, bem como o sucateamento das políticas públicas de saúde, dentre
outras (IAMAMOTO, 2001).
O desenvolvimento no capitalismo promove maior acumulação de capital e não
maior redistribuição de riqueza. Sendo assim, há uma concentração de capital para
os pertencentes a classe dominante (capitalistas), gerando disparidade social. Vale
enfatizar que a violência, a pobreza e outras expressões da questão social são
resultado de tal acumulação privada de capital (DURIGUETTO; MONTAÑO, 2011).
O serviço social tem como objeto de trabalho e estudo a questão social, ou seja,
o conjunto das desigualdades e injustiças sociais existentes na sociedade. A profissão
permeia a relação entre Estado e Sociedade, com objetivo de diminuir a tensão
existente entre as classes sociais, e enfrentar as expressões da questão social
(IAMAMOTO, 2001).
O assistente social é legalmente reconhecido como um profissional de saúde, e
as resoluções do Conselho Nacional de Saúde nº 218 de 1997, bem como a do
Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) n° 383 de 1999, atestam e validam esta
afirmativa (MARTINELLI, 2011).
Após a promulgação da Constituição Federal de 1988, a saúde passa a ser
considerada política integrante da Seguridade Social, juntamente da assistência social
e previdência social. Mota (2007) evidencia que a Seguridade Social faz parte do rol
de proteção social que tendem a diminuir as desigualdades na sociedade. Desta
forma, diante das outras políticas que integram o sistema de proteção social brasileiro,
a saúde constitui como um direito social de todo cidadão e um dever do Estado a
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garantia de devidos serviços e ações de qualidade neste âmbito, através do Sistema
Único de Saúde - SUS.
O Sistema Único de Saúde (SUS) também é influenciado pelas contradições do
sistema capitalista, e atualmente encontra intensos obstáculos para sua concretização
adequada, uma vez que há desigualdade de acesso dos cidadãos usuários, altas
burocratizações, insuficiente financiamento e falta de articulação de controle social e
movimentos sociais. Os assistentes sociais, balizados pelo código de ética profissional
de 1993, buscam o enfrentamento destes obstáculos nas políticas de saúde, como
nos hospitais, afirmando os princípios da Reforma Sanitária, assegurando a saúde
como direito social público e dever do Estado (CFESS, 2010).
No âmbito hospitalar é imprescindível que os profissionais de serviço social
estejam elucidados quanto suas competências e atribuições, referenciadas pela lei de
regulamentação da profissão (lei nº 8.662 de 1993).
Matos (2015) relata que as competências são ações que os assistentes sociais
podem desenvolver, mas não lhes são exclusivas. São competências destes
profissionais a elaboração, execução e avaliação de políticas sociais; orientar grupos
e indivíduos; realizar estudos socioeconômicos, entre outras expressas na lei 8.662
de 1993:
Art. 4º Constituem competências do Assistente Social: I - elaborar,
implementar, executar e avaliar políticas sociais junto a órgãos da
administração pública, direta ou indireta, empresas, entidades e
organizações populares; II - elaborar, coordenar, executar e avaliar planos,
programas e projetos que sejam do âmbito de atuação do Serviço Social com
participação da sociedade civil; III - encaminhar providências, e prestar
orientação social a indivíduos, grupos e à população; IV - (Vetado); V -
orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no sentido de
identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e na defesa
de seus direitos; VI - planejar, organizar e administrar benefícios e Serviços
Sociais; VII - planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contribuir
para a análise da realidade social e para subsidiar ações profissionais; VIII -
prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública direta e
indireta, empresas privadas e outras entidades, com relação às matérias
relacionadas no inciso II deste artigo; IX - prestar assessoria e apoio aos
movimentos sociais em matéria relacionada às políticas sociais, no exercício
e na defesa dos direitos civis, políticos e sociais da coletividade; X -
planejamento, organização e administração de Serviços Sociais e de Unidade
de Serviço Social; XI - realizar estudos sócio-econômicos com os usuários
para fins de benefícios e serviços sociais junto a órgãos da administração
pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades. (BRASIL,
2012, p. 44-45).
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laudos, pareceres em matéria de serviço social; ministrar aulas, em disciplinas
específicas de serviço social; supervisionar estagiários regularmente matriculados no
curso de serviço social, seja em hospitais ou em outros espaços sócio-ocupacionais;
bem como outras segundo a lei 8.662/1993:
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nas instâncias de controle social da saúde, como fóruns, conferências e conselhos;
dentre outras ações imprescindíveis.
O trabalho dos profissionais de serviço social junto as equipes multidisciplinares
compostas por médicos, psicólogos, biomédicos, enfermeiros, fisioterapeutas entre
outros profissionais, é indispensável para o atendimento integral das necessidades
biopsicossociais dos usuários dos serviços hospitalares. Todavia, os assistentes
sociais não devem permitir o obscurecimento ou a banalização da profissão nas ações
multidisciplinares nos hospitais, por não fazerem uso de referências médicas,
biológicas, psicológicas e patológicas, uma vez que o serviço social faz intensa alusão
teórica dos determinantes sociais, econômicos e culturais que interferem no processo
saúde-doença, reforçando estratégias e experiências que efetivem o direito social à
saúde (CFESS, 2010).
No documento do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS, 2010) que
subsidia a atuação dos assistentes sociais no âmbito hospitalar e em outras unidades
de saúde, é especificado atribuições que não contemplam a formação regulamentada
dos profissionais de serviço social, como: marcar consultas e exames; solicitar
regulação de ambulância para remoção e alta; pesagem e medicação de crianças;
comunicação de óbito; emitir declaração de comparecimento na unidade hospitalar
quando o atendimento foi realizado por outros profissionais que não seja assistente
social; bem como outras ações que divergem do código de ética profissional de 1993.
Não é incomum assistentes sociais se depararem com situações conflituosas na
relação intrínseca entre a alta médica e alta social nos hospitais. A alta refere-se à
liberação do paciente usuário dos serviços e ordenamentos do hospital, entretanto a
alta médica deve ser coerente e simultânea a social, uma vez que para esta última, é
essencial que o assistente social dialogue com outras políticas públicas de saúde,
como Unidade Básica de Saúde (UBS), Estratégia Saúde da Família (ESF), dentre
outros hospitais, que assegurem o direito ao tratamento ininterrupto da saúde dos
cidadãos (CFESS, 2010).
Os assistentes sociais garantem os direitos fundamentais relativos a saúde nos
hospitais mediante a realização de entrevistas, visitas domiciliares, dinâmicas de
grupos, relatório social, bem como outros instrumentais técnico-operativos, a fim de
desempenharem suas competências e atribuições conforme expresso no código de
ética profissional de 1993 e lei de regulamentação da profissão - nº 8.662/93 (CFESS,
2010).
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Marconi e Lakatos (2007) afirmam que a entrevista é um importante instrumento
nos campos das ciências sociais como a sociologia, psicologia social, serviço social,
e outras categorias profissionais. Estes autores definem a entrevista como um
encontro entre duas ou mais pessoas, a fim de obter informações do entrevistado.
Sousa (2008) destaca que o papel do assistente social entrevistador, é dado pela
instituição contratante.
A visita domiciliar é a ida do assistente social nos lócus de moradia dos usuários,
com o objetivo de conhecer o cotidiano que os usuários vivenciam e estabelecem
relações sociais diariamente (SOMER; MOURA, 2014).
A dinâmica de grupo é uma técnica em que se aplica jogos, brincadeiras e
simulações de situações, com a intenção de promover reflexão a respeito de uma
temática definida (SOUSA, 2008). Assim, os assistentes sociais podem trabalhar
diversas temáticas com gestantes, pacientes da oncologia e outros, como sobre
cidadania, respeito, consciência sanitária, direitos sociais, violência, entre outras.
Outro instrumento utilizado pelos assistentes sociais na política pública
hospitalar, é o relatório social. Este, caracteriza-se por ser o relato descritivo da
execução de determinada atividade interventiva, realizada pelo profissional (SOUSA,
2008).
Dentre vários fazeres do assistente social, está incluído o trabalho e articulação
com redes de atendimento, desta forma, dialogando, referenciando e contra-
referenciando com outros segmentos e políticas, como os conselhos tutelares,
Ministério Público, diferentes hospitais, entre outros. Realizando tais articulações, o
profissional viabiliza os aspectos de intersetorialidade e integralidade da proteção
social (CFESS, 2010).
Os assistentes sociais distanciando-se de ações acríticas e meramente
burocráticas, devem então dialogar com as redes de atendimentos, bem como realizar
ações que transcendam os muros do hospital, a fim de desenvolver as políticas
públicas e garantir direitos sociais, atendendo as necessidades dos usuários de
serviços de saúde. Assim, Martinelli (2011) relata que:
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É de extrema importância ter claro que na operacionalização de seus diversos
papéis na garantia de direitos humanos, os assistentes sociais não possuem
atribuições investigativas e fiscalizadoras, em sentido repressor. Os profissionais de
serviço social atuam na ampliação da cidadania e buscam justiça social, e as políticas
de saúde constituem-se como políticas de proteção social. Logo, longe de análises de
senso comum, o assistente social e a política de saúde não compõem o âmbito do
Aparelho Repressor do Estado. Neste sentido, nos hospitais “deve-se superar
qualquer perspectiva de fiscalização dos modos de vida da população, que também
envolvem sua cultura e suas rotinas” (CFESS, 2010, p. 44).
O código de ética profissional (BRASIL, 2012) regulamenta como direito do
assistente social a ampla autonomia no exercício da profissão. Então, nos hospitais e
em outros serviços sociais de saúde, o profissional tem autonomia para desenvolver
atividades na realidade em que atua, conforme a própria criatividade. Diante disto, o
CFESS (2011) assegura que:
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Evidencia-se nesta produção científica que os assistentes sociais desempenham
devidas competências e atribuições, expressas na lei de regulamentação da profissão
- nº 8.662/93, a fim de empoderar os cidadãos que utilizam os serviços hospitalares e
outras políticas públicas setoriais, cooperando para seus desenvolvimentos pessoais
e sociais, utilizando como instrumentos técnico-operativos as visitas domiciliares, o
estudo social, relatórios sociais, entrevistas, dinâmicas de grupos, entre outras ações
para que os direitos sejam garantidos, sempre com embasamento teórico-
metodológico e de acordo com as leis previstas pela profissão.
É imprescindível que os profissionais de serviço social tenham criticidade na
concretização de suas ações nos hospitais, sendo indubitável nutrir constante estudo
diante dos fazeres profissionais, abstendo-se de bases assistencialistas, repressoras
e meramente investigativas.
O serviço social deve modificar-se incessantemente em função da luta de
classes e pelas sequelas provenientes do capitalismo. O assistente social deve
desvincular-se de práticas imediatistas e improvisadas, sendo substancial atribuir
sentido teleológico à suas ações. É preciso um profissional informado, competente,
culto, possuidor de aporte teórico-metodológico, técnico-operativo e ético-político,
para intervir de modo crítico e qualificado na realidade social dos hospitais.
Por fim, pode-se dizer que os objetivos desta pesquisa foram alcançados, pois
foi possível compreender as competências e atribuições do assistente social no
contexto hospitalar; entender criticamente à saúde enquanto direito social;
compreender os objetivos das ações dos profissionais de serviço social; bem como,
destacar a importância da atuação profissional do assistente social diante da
concretização dos serviços de saúde nas políticas públicas hospitalares.
Deste modo, referente a todo o exposto nesta pesquisa, foi possível enfatizar a
necessidade de haver a devida garantia do direito social a saúde pública e gratuita,
diante da ordem social vigente.
4 REFERÊNCIAS
11
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado
Federal. 1988.
GIL, A. C. Métodos e Técnicas de pesquisa social. 6. ed, São Paulo: Atlas, 2008.
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MONTAÑO, C. A Natureza do Serviço Social: um ensaio para sua gênese, a
“especificidade” e sua reprodução. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
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