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Resumo
1. Introdução
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Assistente Social graduada pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (2017), especialista
em atenção multiprofissional em Hematologia e Hemoterapia, Residência Multiprofissional em
Saúde, pela Universidade Federal de Goiás (2019), mestranda em Serviço social pela Pontifícia
Universidade Católica de Goiás.
No Brasil o Serviço Social está regulamentado pela Lei 8.662/1993 2. Os
profissionais devem observar os preceitos do Código de Ética Profissional,
onde estão expressos os valores e a direção política que devem balizar as
intervenções. Cabe ao assistente social um conhecimento profundo sobre os
fundamentos e a história da profissão e dos saberes que nos auxiliam a fazer a
leitura desta realidade como: os conhecimentos da teoria econômica, filosofia,
sociologia, antropologia, história do Brasil, ciências sociais, metodologias de
pesquisa. É imprescindível entender como esta sociedade se configura, produz
e divide os bens e as riquezas produzidas, como as desigualdades inerentes a
ela são estruturais, como rebatem na vida dos sujeitos, como Estado e
Sociedade se relacionam na disputa pela hegemonia e como o Estado escolhe
realizar políticas públicas, entre elas as políticas socais.
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Nesta lei estão expressas, entre outras situações, as condições da atuação, as competências
profissionais, atribuições, carga horária de trabalho, as entidades representativas da categoria
e suas competências, condições para supervisão de estágio, as infrações e penalidades.
Nas ultimas décadas as possibilidades de atuação de assistentes sociais
foram ampliados para diversas áreas, como é o caso dos movimentos sociais,
conselhos de direito, Poder Judiciário e o terceiro setor; não que não
houvessem profissionais nestes campos, mas houve uma ampliação
significativa do número de vagas.
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Os programas de residência multiprofissional em hematologia que encontramos foram os das
instituições: Hospital Israelita Albert Einstein, Universidade Federal de Goiás, Grupo Hospitalar
Conceição, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Instituto Nacional de
Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA).
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Alejandro é também o fundador da primeira escola de serviço social na América Latina em
1925 (CASTRO, 2011).
onde “o assistente social deveria ser um subtécnico incumbido de colaborar
diretamente com o médico” (DEL RÍO apud CASTRO, 2012, p. 74).
Matos (2017) diz que a inserção da profissão nos serviços de saúde no
Brasil também se deu desta forma. A época os assistentes sociais atuavam
como um elo entre a instituição e os usuários e suas famílias. Eles e os outros
profissionais não médicos, que na época receberam a denominação de
paramédicos, tinham seu trabalho gerido por eles, em uma perspectiva de
complementação, “ficando sua atuação para aquilo que o médico julgava não
ter capacidade ou não queria fazer” (MATOS, 2017, p.59).
Segundo Bravo (2007) a profissão nesta área ficou desarticulada até se
envolver com o Movimento de Reforma Sanitária (MRS) na década de 1980. É
importante resaltar que na época a profissão estava em um processo de
renovação denominado Movimento de Reconceituação do Serviço Social.
Neste momento os profissionais questionam as bases tradicionais da profissão
ligados à igreja católica, da qual se herdou o estereótipo da caridade e da
“moça boazinha”, o moralismo advindos do humanismo conservador, os
direcionamentos tomistas-neotomistas e as teorias positivistas, funcionalistas e
fenomenológicas.
O Movimento de Reforma Sanitária surge na década de 1970 na luta
pela redemocratização do país, universalidade e equidade do direito a saúde, a
participação popular na tomada de decisões e a defesa da democracia e da
cidadania. O Serviço Social militou neste, e em outros movimentos da época,
tendo participado ativamente e incorporando os princípios do movimento
(MATOS, 2017; BRAVO, 2007).
O MRS, juntamente com outros grupos organizados, conseguiu que
fosse garantido na Constituição Federal de 1988 a inserção da concepção de
Seguridade social, na qual a Saúde passou a compor o tripé da proteção
social. Deste modo, a Constituição Federal de 1988 representou um avanço no
padrão de proteção social brasileiro. Em relação à saúde houve mudanças
importantes que se distanciaram dos modelos de saúde campanhista e
previdencialista, predominantes até então. O novo sistema, agora de direito
universal e de dever do Estado concretiza, ainda que legalmente, os sonhos do
MSR e da luta pela saúde como direito de cidadania.
O Sistema Único de Saúde (SUS), regulamentado Lei 8.080/90, tem
como princípios a universalidade, equidade, integralidade, regionalização e
hierarquização, descentralização e participação popular. Para que o direito a
saúde seja materializado na vida do cidadão é necessário que o Estado
garanta o acesso a bens, insumos, saneamento básico, políticas setoriais,
unidades de atendimento e recurso humanos, bem como a criação de toda
uma estrutura para o fornecimento de ações de promoção, proteção e
recuperação de saúde.
Cabe ao Estado Brasileiro prestar serviços de saúde a população
pautada nas diretrizes de descentralização, atendimento integral e participação
da comunidade (art. 198 da CF/88). A Carta Magna criou o SUS, mas sua
regulamentação se deu pelas Leis n.º 8.080/90 (Lei Orgânica da Saúde) e nº
8.142/90. A LOS estabelece as responsabilidades e competências de cada
esfera de governo, e também os princípios que regem o sistema. a Lei
8.142/90 dispõe sobre a participação da população na gestão SUS e sobre as
transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde.
A partir da década de 1990 o modelo neoliberal ganhará força no país e
mudará a orientação do Estado junto às políticas sociais. O neoliberalismo
surge na década de 70 após a grande inflação, sua ideia fundamental é tornar
o Estado um administrador da coisa pública, partilhando com a sociedade civil
as responsabilidades pela serviços. Deste modo o neoliberalismo propõe que o
Estado deixe de ser o principal responsável pelas políticas sociais, pois as tem
como onerosas; os investimentos estatais devem estar voltados para o
mercado, onde o sujeito deve buscar satisfaz, por meio da compra, suas
necessidades humanas. No Brasil isto significou reformas aliadas com os
interesses do mercado, com destaque principalmente para o modelo de gestão
gerencial, as privatizações, ajuste fiscal, a flexibilização (PRAZERES, 2011).
Para a área da saúde isto significou uma tensão entre a proposta de
saúde pública universal, como direito de cidadania do Movimento de Reforma
Sanitária e da Constituição Federal de 1988, versus o projeto neoliberal. A
tensão é justamente esta, o Estado promete ser máximo na saúde, ser seu
principal regulador, promotor, financiador, gestor, mas a orientação política
deste mesmo Estado o direciona para agir de forma mínima junto às políticas
sociais, entre elas a saúde.
Esta conjuntura muda os contornos da execução da saúde como um
dever do estado e de direito do cidadão, coloca os assistentes sociais em
constante tensão, uma vez que a profissão, orientada pelos princípios da
reforma sanitária, tem sua prática perpassada pelo constante subfinanciamento
econômico da política.
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Benefício da Assistência Social no valor de um salário mínimo direcionado ao idoso acima de
65 anos ou a pessoa com deficiência que comprove não ter meios de prover a própria
substância (BRASIL, 1988).
3.2. Anemias
3.3 Hemoglobinopatias
3.4 Coagulopatias
5. Referências
BRAVO, Maria Inês Souza. Serviço Social e Reforma Sanitária: lutas sociais
e práticas profissionais. 2ª Ed. São Paulo: Editora Cortez, 2007.
MATOS, Maurílio Castro de. Serviço Social, Ética e Saúde: reflexões para o
exercício profissional. 2ª Ed. São Paulo: Editora Cortez, 2017
ZAGO, Marco Antonio. O Paciente com Anemia. In: ZAGO, Marco Antonio;
FALCÃO, Roberto Passetto; PASQUINI, Ricardo. Tratado de Hematologia.
São Paulo : Editora Atheneu, 2013.