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LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA

LEGISLAÇÃO DE
SAÚDE PÚBLICA

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LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA

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LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SUS: PRINCÍPIOS de que cabe ao Estado a responsabilidade por promover a
FUNDAMENTAIS, DIRETRIZES, ATRIBUIÇÕES E saúde, proteger o cidadão contra os riscos a que ele se
COMPETÊNCIAS DAS ESFERAS GOVERNAMENTAIS DO expõe e assegurar a assistência em caso de doença ou outro
SUS. agravo à saúde.
O cumprimento dessa responsabilidade política e social
Princípios e diretrizes do SUS assumida pelo Estado implica na formulação e
O SUS pode ser entendido, em primeiro lugar, como uma implementação de políticas econômicas e sociais que
“Política de Estado”, materialização de uma decisão tenham como finalidade a melhoria das condições de vida e
adotada pelo Congresso Nacional, em 1988, na chamada saúde dos diversos grupos da população.
Constituição cidadã, de considerar a Saúde como um “Direito Isto inclui a formulação e implementação de políticas
de Cidadania e um dever do Estado”. voltadas, especificamente, para garantir o acesso dos
Esse processo se por um lado resultou da ampla indivíduos e grupos às ações e serviços de saúde, o que se
mobilização de um conjunto de forças sociais em torno do constitui, exatamente, no eixo da Política de saúde, conjunto
movimento pela RSB, revela a aproximação do nosso marco de propostas sistematizadas em planos, programas e
jurídico aos princípios do chamado Estado de Bem-Estar- projetos que visam, em última instância, reformar o sistema
social (Welfare state), contraposto à perspectiva liberal e de serviços de saúde, de modo a assegurar a
neoliberal, que defende a redução do papel do Estado na universalização do acesso e a integralidade das ações.
garantia das condições de vida (e saúde) da população A universalidade, portanto, é um princípio finalístico, ou
brasileira. seja, é um ideal a ser alcançado, indicando, portanto, uma
É preciso, portanto, entender o significado disso, em uma das características do sistema que se pretende construir e
sociedade capitalista e periférica, como a brasileira, na qual um caminho para sua construção.
vicejam distintas concepções acerca do Estado, da Política, Para que o SUS venha a ser universal é preciso se
em suma, da natureza das relações entre público e privado, desencadear um processo de universalização, isto é, um
e mais contemporaneamente, das relações entre estatal- processo de extensão de cobertura dos serviços, de modo
público – privado. que venham, paulatinamente, a se tornar acessíveis a toda a
Nesse sentido, o SUS é um projeto que assume e população.
consagra os princípios da Universalidade, Equidade e Para isso, é preciso eliminar barreiras jurídicas,
Integralidade da atenção à saúde da população brasileira, econômicas, culturais e sociais que se interpõem entre a
o que implica conceber como “imagem-objetivo” de um população e os serviços
processo de reforma do sistema de saúde “herdado” do A primeira delas, a barreira jurídica, foi eliminada com a
período anterior, um “sistema de saúde”, capaz de garantir o Constituição Federal de 88, na medida em que universalizou
acesso universal da população a bens e serviços que o direito à saúde, e com isso, eliminou a necessidade do
garantam sua saúde e bem-estar, de forma equitativa e usuário do sistema público colocar-se como trabalhador ou
integral. como “indigente”, situações que condicionavam o acesso aos
Ademais, se acrescenta aos chamados “princípios serviços públicos antes do SUS.
finalísticos”, que dizem respeito à natureza do sistema que De fato, os trabalhadores “de carteira assinada”, fossem
se pretende conformar, os chamados “princípios empregados ou autônomos, ativos ou aposentados,
estratégicos”, que dizem respeito à diretrizes políticas, trabalhadores urbanos ou rurais, e seus dependentes, tinham
organizativas e operacionais, que apontam “como” deve vir a o direito assegurado aos serviços do antigo INAMPS, na
ser construído o “sistema” que se quer conformar, medida em que contribuíam (como contribuem ainda hoje)
institucionalizar. para a Previdência Social.
Tais princípios são como vocês sabem, a Aos excluídos do mercado formal de trabalho restava a
Descentralização, a Regionalização, a Hierarquização e a condição de “indigentes”, pobres que recorriam às
Participação social. instituições filantrópicas ou, mais frequentemente, aos
Ora, isso exige que se esclareça o sentido e o significado serviços públicos mantidos pelo Ministério da Saúde ou da
que se pretende e tem sido dado, aos termos “SAÚDE”, Educação (Centros e Hospitais universitários) e pelas
“SISTEMA DE SAÚDE”, e principalmente, o que se está Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde.
entendendo por Universalidade o que se está entendendo O pleno exercício desse direito, entretanto, exige a
por Equidade e o que está se entendendo por superação das barreiras econômicas, sociais e culturais que
Integralidade, bem como, por Descentralização, a ainda se interpõem entre os usuários e o sistema de serviços
Regionalização, a Hierarquização e a Participação social. de saúde.
É impossível nesse curto espaço de tempo, dar conta desse Do ponto de vista econômico, ainda que a população não
desafio. O que me proponho a fazer, portanto, é apenas precise pagar diretamente pelos serviços (o financiamento é
caracterizar, em grandes, linhas, o debate que vem se dando assegurado pelo Estado, mediante a utilização de fundos
em torno de cada um dos princípios “finalísticos”, tentando públicos), não se pode negar que a enorme parcela da
identificar sua fundamentação teórica e política, como ponto população pobre, que vive em pequenos municípios com
de partida para que vocês introduzam a reflexão sobre a baixo grau de desenvolvimento econômico ou habitam a
dimensão ética embutida na discussão de cada um deles. periferia das grandes cidades, não dispõem de condições
mínimas de acesso aos serviços, às vezes até porque não
Princípios finalísticos e diretrizes estratégicas do tem como pagar o transporte necessário para chegar a uma
SUS unidade de saúde.
O princípio fundamental que articula o conjunto de leis e Por outro lado, o Estado precisa dispor de um volume de
normas que constituem a base jurídica da política de saúde e recursos financeiros capaz de ser investido na ampliação da
do processo de organização do SUS no Brasil hoje está infraestrutura do sistema, isto é, na construção e reforma de
explicitado no artigo 196 da Constituição Federal (1988), que unidades de saúde, na compra de equipamentos e insumos,
afirma: na contratação e pagamento de pessoal qualificado a
“A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido trabalhar na produção de ações e serviços de saúde de
mediante políticas sociais e econômicas que visem a distintas naturezas e graus de complexidade.
redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso Enfim, para garantir a universalização do acesso, a
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção construção do SUS tem demandado um esforço enorme para
e recuperação”. a garantia do Financiamento do sistema, bem como para o
Esse artigo traz, além da ideia central do direito à saúde Gerenciamento dos recursos financeiros de modo a que
como direito de cidadania, inerente a todos aqueles que sejam utilizados na expansão e qualificação dos serviços
sejam brasileiros, por nascimento ou naturalização, a noção públicos de saúde em todo o país.

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Do ponto de vista sociocultural também existem respeito a duas dimensões do processo de reforma do
barreiras, sendo a principal delas, sem dúvida, a barreira da sistema de saúde.
linguagem, da comunicação entre os prestadores de serviços De um lado, a reorientação do fluxo de investimentos
e os usuários. para o desenvolvimento dos serviços nas várias regiões,
Ainda quando chega aos serviços, grande parte da estados e municípios, e, de outro, a reorientação das ações
população não dispõe de condições educacionais e culturais a serem realizadas, de acordo com o perfil de necessidades
que facilitem o diálogo com os profissionais e trabalhadores e problemas da população usuária.
de saúde, o que se reflete, muitas vezes, na dificuldade de Nesse último sentido, a busca de equidade se articula,
entendimento e de aprendizado acerca do comportamento dinamicamente com outro princípio finalístico do SUS, qual
que deve adotar para se tornar coadjuvante do processo de seja, a integralidade do cuidado à saúde.
prevenção de riscos e de recuperação da sua saúde. A noção de integralidade diz respeito ao leque de ações
Uma simples receita médica pode ser um texto possíveis para a promoção da saúde, prevenção de riscos e
ininteligível para grande parte da população que não sabe agravos e assistência a doentes, implicando a
ler. sistematização do conjunto de práticas que vem sendo
A transposição dessa barreira cultural e comunicativa desenvolvidas para o enfrentamento dos problemas e o
entre os usuários e o sistema de saúde é certamente um dos atendimento das necessidades de saúde.
maiores desafios a serem enfrentados na perspectiva da A integralidade é (ou não), um atributo do modelo de
universalização do acesso não só aos serviços (do ponto de atenção, entendendo-se que um “modelo de atenção integral
vista territorial) senão que à informação necessária para o à saúde” contempla o conjunto de ações de promoção da
envolvimento das pessoas dos diversos grupos saúde, prevenção de riscos e agravos, assistência e
populacionais no processo de promoção e recuperação da recuperação.
saúde individual e coletiva. Um modelo “integral”, portanto, é aquele que dispõe de
Também nessa linha vem sendo desenvolvidos esforços estabelecimentos, unidades de prestação de serviços,
variados, que vão desde o desenvolvimento de ações de pessoal capacitado e recursos necessários, à produção de
educação e comunicação em saúde direta ou indiretamente ações de saúde que vão desde as ações inespecíficas de
realizadas pelos trabalhadores do setor, com auxílio de promoção da saúde em grupos populacionais definidos, às
tecnologias as mais diversas, inclusive da mídia até a ações específicas de vigilância ambiental, sanitária e
normatização das bulas dos medicamentos e a implantação epidemiológica dirigidas ao controle de riscos e danos, até
de serviços de ouvidoria, controle e avaliação da assistência, ações de assistência e recuperação de indivíduos enfermos,
de modo a se multiplicar os canais de comunicação entre os sejam ações para a detecção precoce de doenças, sejam
produtores dos serviços (trabalhadores de saúde), gestores e ações de diagnóstico, tratamento e reabilitação.
usuários do sistema. O debate em torno das estratégias de mudança do
Além de tudo isso, se coloca em cena o princípio da sistema de serviços de saúde de modo a que este venha a
equidade, mais um dos princípios finalísticos do SUS e, garantir a integralidade do cuidado não é novo, tendo
atualmente, o tema central em todos os debates sobre as ocorrido em vários países do mundo ocidental, desde o
reformas dos sistemas de saúde no mundo ocidental. século passado.
A noção de equidade diz respeito à necessidade de se As políticas e reformas desenvolvidas em vários
“tratar desigualmente os desiguais” de modo a se alcançar a sistemas de saúde no mundo, como Inglaterra, Suécia,
igualdade de oportunidades de sobrevivência, de Dinamarca, Canadá, Itália, etc. contribuíram para a
desenvolvimento pessoal e social entre os membros de uma sistematização de vários princípios organizativos, que foram
dada sociedade. assumidos, em nossa legislação, como “diretrizes
O ponto de partida da noção de equidade é o estratégicas” para a organização do SUS, que são a
reconhecimento da desigualdade entre as pessoas e os descentralização da gestão dos recursos, a regionalização e
grupos sociais e o reconhecimento de que muitas dessas hierarquização das unidades de produção de serviços e a
desigualdades são injustas e devem ser superadas. integração das ações promocionais, preventivas e curativas.
Em saúde, especificamente, as desigualdades sociais se A descentralização da gestão do sistema implica na
apresentam como desigualdades diante do adoecer e do transferência de poder de decisão sobre a política de saúde
morrer, reconhecendo-se a possibilidade de redução dessas do nível federal (MS) para os estados (SES) e municípios
desigualdades, de modo a garantir condições de vida e (SMS).
saúde mais iguais para todos. Esta transferência ocorre a partir da redefinição das
A contribuição que um sistema de serviços de saúde funções e responsabilidades de cada nível de governo com
pode dar à superação das desigualdades sociais em saúde relação à condução político administrativa do sistema de
implica redistribuição da oferta de ações e serviços, e na saúde em seu respectivo território (nacional, estadual,
redefinição do perfil dessa oferta, de modo a priorizar a municipal), coma transferência, concomitante, de recursos
atenção em grupos sociais cujas condições de vida e saúde
financeiros, humanos e materiais para o controle das
sejam mais precárias, bem como enfatizar ações específicas
para determinados grupos e pessoas que apresentem riscos instâncias governamentais correspondentes.
diferenciados de adoecer e morrer por determinados A regionalização e a hierarquização dos serviços,
problemas. dizem respeito à forma de organização dos estabelecimentos
Nesse sentido, cabe destacar os esforços que vem (unidades de unidades) entre si e com a população usuárias.
sendo feitos para a formulação e implementação de Políticas A regionalização dos serviços implica a delimitação de
específicas voltadas ao atendimento de necessidades de uma base territorial para o sistema de saúde, que leva em
segmentos da população que estão expostos a riscos conta a divisão político administrativa do país, mas também
diferenciados de adoecer e morrer, em função de contempla a delimitação de espaços territoriais específicos
características genético-hereditárias, econômico sociais ou para a organização das ações de saúde, subdivisões ou
histórica-política e culturais, como é o caso da população agregações do espaço político-administrativo.
indígena, da população negra, da população GLBTT, e
A hierarquização dos serviços, por sua vez, diz respeito
outras.
à possibilidade de organização das unidades segundo grau
Nos últimos anos, particularmente, os movimentos
sociais organizados em torno das reivindicações e demandas de complexidade tecnológica dos serviços, isto é, o
políticas destes grupos tem gerado a adoção de propostas estabelecimento de uma rede que articula as unidades mais
que se desdobram em programas e projetos específicos no simples às unidades mais complexas, através de um sistema
âmbito das secretarias estaduais e municipais de saúde. de referência e contra referência de usuários e de
Pelo exposto, percebe-se que o princípio da equidade diz informações.

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O processo de estabelecimento de redes hierarquizadas atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços
pode também implicar o estabelecimento de vínculos assistenciais;
específicos entre unidades (de distintos graus de III - participação da comunidade.
complexidade tecnológica) que prestam serviços de § 1º. O sistema único de saúde será financiado, nos
determinada natureza, como por exemplo, a rede de termos do art. 195, com recursos do orçamento da
atendimento a urgências/emergências, ou a rede de atenção seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal
à saúde mental. e dos Municípios, além de outras fontes. (Parágrafo único
Finalmente, a integração entre as ações promocionais, renumerado para § 1º pela Emenda Constitucional nº 29, de
preventivas e curativas diz respeito à possibilidade de se 2000)
estabelecer um perfil de oferta de ações e serviços do § 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os
sistema que contemple as várias alternativas de intervenção Municípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços
sobre os problemas de saúde em vários planos de sua públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação
“história (natural) social”, abarcando intervenções sobre de percentuais calculados sobre: (Incluído pela Emenda
condições de vida, riscos e danos à saúde. Constitucional nº 29, de 2000)
Cabe registrar a distinção entre “integralidade” e I - no caso da União, a receita corrente líquida do
“integração”, termos que por vezes se confundem no debate respectivo exercício financeiro, não podendo ser inferior a
acerca da organização dos serviços de saúde. Se a 15% (quinze por cento); (Redação dada pela Emenda
integralidade, como posto anteriormente, é um atributo do Constitucional nº 86, de 2015)
modelo, algo que o modelo de atenção à saúde “deve ser”, a II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto
integração é um processo, algo “a fazer” para que o modelo da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e
de atenção seja integral. Nesse sentido, a integração envolve dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I,
duas dimensões: uma dimensão “vertical”, proporcionada alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem
pelo estabelecimento da hierarquização dos serviços (SR e transferidas aos respectivos Municípios;
CR), que permite a produção de ações de distinta III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o
complexidade (primária, secundária, terciária) em função da produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art.
natureza do problema que se esteja enfrentando, e uma 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I,
integração “horizontal”, que permite a articulação, no alínea b e § 3º.
enfrentamento do problema, de ações de distinta natureza § 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos
(promoção, prevenção, recuperação). a cada cinco anos, estabelecerá:
A construção de um modelo de atenção integral à saúde I - os percentuais de que tratam os incisos II e III do §
pressupõe, portanto, o desenvolvimento de um processo de 2º; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 86, de
implantação de ações que não são desenvolvidas no sistema 2015)
de saúde, ao mesmo tempo em que se promove a II – os critérios de rateio dos recursos da União
integração, tanto “vertical” quanto “horizontal” de ações que vinculados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito
são desenvolvidas. Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a seus
No primeiro caso, situam-se, por exemplo, as ações de respectivos Municípios, objetivando a progressiva redução
vigilância ambiental, sanitária e epidemiológica, das disparidades regionais;
escassamente desenvolvidas na maioria dos nossos III – as normas de fiscalização, avaliação e controle das
sistemas municipais de saúde, bem como as ações de despesas com saúde nas esferas federal, estadual, distrital e
promoção da saúde, praticamente inexistentes em nosso municipal;
sistema como um todo. IV - (revogado). (Redação dada pela Emenda
No segundo caso, cabe articular ações de prevenção e Constitucional nº 86, de 2015)
de assistência que vem sendo historicamente desenvolvidas § 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos
por instituições diferentes, com lógicas organizacionais a cada cinco anos, estabelecerá:(Incluído pela Emenda
distintas, como é o caso do antigo INAMPS, das antigas Constitucional nº 29, de 2000)
SES, da FUNASA, etc. hoje integradas no MS, SES e SMS, I - os percentuais de que trata o § 2º;
instituições envolvidas no processo de construção do novo II - os critérios de rateio dos recursos da União
modelo de atenção à saúde no SUS. vinculados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a seus
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA respectivos Municípios, objetivando a progressiva redução
FEDERATIVA DO BRASIL das disparidades regionais;
III - as normas de fiscalização, avaliação e controle das
TÍTULO VIII despesas com saúde nas esferas federal, estadual, distrital e
CAPÍTULO II municipal;
SEÇÃO II IV - as normas de cálculo do montante a ser aplicado
DA SAÚDE pela União.
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, § 4º Os gestores locais do sistema único de saúde
garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem poderão admitir agentes comunitários de saúde e agentes de
à redução do risco de doença e de outros agravos e ao combate às endemias por meio de processo seletivo público,
acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua de acordo com a natureza e complexidade de suas
promoção, proteção e recuperação. atribuições e requisitos específicos para sua atuação.
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços § 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso
de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da salarial profissional nacional, as diretrizes para os Planos de
lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, Carreira e a regulamentação das atividades de agente
devendo sua execução ser feita diretamente ou através de comunitário de saúde e agente de combate às endemias,
terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito competindo à União, nos termos da lei, prestar assistência
privado. financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram aos Municípios, para o cumprimento do referido piso salarial.
uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um § 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no
sistema único, organizado de acordo com as seguintes § 4º do art. 169 da Constituição Federal, o servidor que
diretrizes: exerça funções equivalentes às de agente comunitário de
I - descentralização, com direção única em cada esfera saúde ou de agente de combate às endemias poderá perder
de governo; o cargo em caso de descumprimento dos requisitos
II - atendimento integral, com prioridade para as específicos, fixados em lei, para o seu exercício.

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§ 7º O vencimento dos agentes comunitários de saúde e desenvolvimento científico e tecnológico e a
dos agentes de combate às endemias fica sob inovação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
responsabilidade da União, e cabe aos Estados, ao Distrito 85, de 2015)
Federal e aos Municípios estabelecer, além de outros VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o
consectários e vantagens, incentivos, auxílios, gratificações e controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas
indenizações, a fim de valorizar o trabalho desses para consumo humano;
profissionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº VII - participar do controle e fiscalização da produção,
120, de 2022) transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos
§ 8º Os recursos destinados ao pagamento do psicoativos, tóxicos e radioativos;
vencimento dos agentes comunitários de saúde e dos VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele
agentes de combate às endemias serão consignados no compreendido o do trabalho.
orçamento geral da União com dotação própria e exclusiva.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 120, de 2022) PROMOÇÃO E PROTEÇÃO DA SAÚDE
§ 9º O vencimento dos agentes comunitários de saúde e
dos agentes de combate às endemias não será inferior a 2 A definição da promoção de saúde está diretamente
(dois) salários mínimos, repassados pela União aos ligada com o conceito de saúde.
Municípios, aos Estados e ao Distrito Federal. (Incluído pela Assim, para que possamos entender melhor essa
Emenda Constitucional nº 120, de 2022) definição ,vamos conceituar saúde de acordo com
§ 10. Os agentes comunitários de saúde e os agentes de a Organização Mundial de Saúde (OMS).
combate às endemias terão também, em razão dos riscos Dessa forma, saúde é “o bem-estar físico, mental e
inerentes às funções desempenhadas, aposentadoria social, mais do que a mera ausência de doença…”.
especial e, somado aos seus vencimentos, adicional de Neste sentido, a promoção de saúde precisa ser vista de
insalubridade. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 120, maneira ampla, ou seja, promover a saúde significa bem
de 2022) mais do que simplesmente prevenir o surgimento de
§ 11. Os recursos financeiros repassados pela União aos doenças.
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para Por isso, promoção de saúde não significa somente
pagamento do vencimento ou de qualquer outra vantagem melhorar a qualidade de vida e bem-estar de todos, ou seja,
dos agentes comunitários de saúde e dos agentes de promover saúde engloba tudo o que é necessário para uma
combate às endemias não serão objeto de inclusão no vida plena.
cálculo para fins do limite de despesa com pessoal.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 120, de 2022) O que é prevenção de saúde?
§ 12. Lei federal instituirá pisos salariais profissionais A prevenção de saúde surge no mesmo contexto da
nacionais para o enfermeiro, o técnico de enfermagem, o promoção da saúde,sendo um conjunto de atitudes que
auxiliar de enfermagem e a parteira, a serem observados por todas precisam tomar para evitar determinados
pessoas jurídicas de direito público e de direito privado. acontecimentos. Ou seja, ela é uma precaução de alguns
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 124, de 2022) riscos.
§ 13. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, até o final do exercício financeiro em que for Qual a diferença entre promoção e prevenção de
publicada a lei de que trata o § 12 deste artigo, adequarão a saúde?
remuneração dos cargos ou dos respectivos planos de Os programas de promoção e prevenção de saúde tem o
carreiras, quando houver, de modo a atender aos pisos mesmo objetivo: manter as pessoas saudáveis.
estabelecidos para cada categoria profissional. (Incluído Assim, os programas de promoção de saúde possuem o
pela Emenda Constitucional nº 124, de 2022) de capacitar e envolver as pessoas e as comunidades a
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. terem um comportamento saudável, incentivando na
§ 1º - As instituições privadas poderão participar de mudança de hábitos para diminuir o risco de desenvolver
forma complementar do sistema único de saúde, segundo doenças. Já a promoção de saúde, de acordo com a
diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou definição dada pela Organização Mundial da Saúde, é:
convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as “Permite que as pessoas aumentem o controle sobre sua
sem fins lucrativos. própria saúde. Ela cobre uma ampla gama de intervenções
§ 2º - É vedada a destinação de recursos públicos para sociais e ambientais que são projetadas para beneficiar e
auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins proteger a saúde e a qualidade de vida de cada pessoa,
lucrativos. abordando e prevenindo as causas profundas da doença,
§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta de não apenas focando no tratamento e na cura.”
empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no Assim, a diferença entre promoção e prevenção de
País, salvo nos casos previstos em lei. saúde é a seguinte: a prevenção são os esforços específicos
§ 4º - A lei disporá sobre as condições e os requisitos feitos para reduzir o desenvolvimento de doenças, e a
que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias promoção da saúde são as mudanças de hábito para
humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, diminuir o risco de doenças.
bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue Entre as atividades típicas de promoção da saúde,
e seus derivados, sendo vedado todo tipo de prevenção de doenças e programas de bem-estar podemos
comercialização. citar:
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de - Comunicação;
outras atribuições, nos termos da lei: - Educação;
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e - Política, sistemas e meio ambiente.
substâncias de interesse para a saúde e participar da
produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, Promoção e prevenção de saúde na prática
hemoderivados e outros insumos; A promoção e a prevenção da saúde são parte da
II - executar as ações de vigilância sanitária e Política Nacional do SUS (2002), e são feitas por meio das
epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; ações do Ministério da Saúde.
III - ordenar a formação de recursos humanos na área de Assim, a promoção da saúde faz parte do Pacto em
saúde; Defesa da Vida, que é uma política pública mais ampla, que
IV - participar da formulação da política e da execução informa e educa sobre as questões da saúde, destacando
das ações de saneamento básico; a promoção de atividades físicas, alimentação saudável bem
V - incrementar, em sua área de atuação, o como os cuidados voltados ao processo de envelhecimento.

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Entre as atividades de promoção da saúde podemos § 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na
citar as seguintes: formulação e execução de políticas econômicas e sociais
- Políticas e intervenções sobre tabaco, álcool, atividade que visem à redução de riscos de doenças e de outros
física e dieta; agravos e no estabelecimento de condições que assegurem
- Intervenção dietética e nutricional para combater de acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a
forma adequada a desnutrição; sua promoção, proteção e recuperação.
- Políticas intersetoriais e intervenções de serviços de § 2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da
saúde para falar sobre saúde mental e abuso de família, das empresas e da sociedade.
substâncias; Art. 3o Os níveis de saúde expressam a organização
- Elaborar estratégias para promoção da saúde sexual e social e econômica do País, tendo a saúde como
reprodutiva, inclusive por meio de educação em saúde e determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação,
maior acesso à saúde sexual e reprodutiva e serviços de a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o
planejamento familiar; trabalho, a renda, a educação, a atividade física, o
- Estratégias para enfrentar a violência doméstica, transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços
incluindo campanhas de conscientização pública; tratamento essenciais. (Redação dada pela Lei nº 12.864, de 2013)
e proteção das vítimas; e ligação com a aplicação da lei e Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as
serviços sociais; ações que, por força do disposto no artigo anterior, se
- Mecanismos de apoio à promoção da saúde e destinam a garantir às pessoas e à coletividade condições de
prevenção de doenças; bem-estar físico, mental e social.
- Parcerias multissetoriais para promoção da saúde e
prevenção de doenças; TÍTULO II
- Atividades educativas e de comunicação social que DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
visam a promoção de condições, estilos de vida, DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
comportamentos e ambientes saudáveis; Art. 4º O conjunto de ações e serviços de saúde,
- Reorientação dos serviços de saúde para desenvolver prestados por órgãos e instituições públicas federais,
modelos de atenção que estimulem a prevenção de doenças estaduais e municipais, da Administração direta e indireta e
e a promoção da saúde; das fundações mantidas pelo Poder Público, constitui o
- Comunicação de risco. Sistema Único de Saúde (SUS).
§ 1º Estão incluídas no disposto neste artigo as
A prevenção de saúde se divide em primária e instituições públicas federais, estaduais e municipais de
secundária. controle de qualidade, pesquisa e produção de insumos,
Atividades primárias medicamentos, inclusive de sangue e hemoderivados, e de
- Vacinação e cuidados pós-exposição de crianças, equipamentos para saúde.
adultos e idosos; § 2º A iniciativa privada poderá participar do Sistema
- Informações acerca dos riscos comportamentais e Único de Saúde (SUS), em caráter complementar.
médicos para a saúde;
- Medidas para redução dos riscos, tanto individual
quanto populacional; CAPÍTULO I
- Inclusão de programas de prevenção de doenças nos Dos Objetivos e Atribuições
níveis de atenção primária e especializada; Art. 5º São objetivos do Sistema Único de Saúde SUS:
- Suplementação nutricional e alimentar; I - a identificação e divulgação dos fatores
- Educação em higiene bucal e serviços de saúde bucal. condicionantes e determinantes da saúde;
II - a formulação de política de saúde destinada a
Atividades secundárias promover, nos campos econômico e social, a observância do
- Programas de rastreamento da população para detectar disposto no § 1º do art. 2º desta lei;
doenças de forma precoce; III - a assistência às pessoas por intermédio de ações de
- Programas de saúde materno-infantil; e promoção, proteção e recuperação da saúde, com a
- Fornecer agentes quimioprofiláticos para controle dos realização integrada das ações assistenciais e das atividades
fatores de risco. preventivas.
Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do
LEGISLAÇÕES FEDERAIS DE SAÚDE. PÚBLICA: LEI Sistema Único de Saúde (SUS):
FEDERAL Nº 8.080/1990. PORTARIA FEDERAL Nº I - a execução de ações:
2.436/2017. LEI FEDERAL Nº 8.142/1990. a) de vigilância sanitária;
b) de vigilância epidemiológica;
LEI Nº 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990. c) de saúde do trabalhador; e
d) de assistência terapêutica integral, inclusive
Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e farmacêutica;
recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos II - a participação na formulação da política e na
serviços correspondentes e dá outras providências. execução de ações de saneamento básico;
III - a ordenação da formação de recursos humanos na
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o área de saúde;
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: IV - a vigilância nutricional e a orientação alimentar;
V - a colaboração na proteção do meio ambiente, nele
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR compreendido o do trabalho;
Art. 1º Esta lei regula, em todo o território nacional, as VI - a formulação da política de medicamentos,
ações e serviços de saúde, executados isolada ou equipamentos, imunobiológicos e outros insumos de
conjuntamente, em caráter permanente ou eventual, por interesse para a saúde e a participação na sua produção;
pessoas naturais ou jurídicas de direito Público ou privado. VII - o controle e a fiscalização de serviços, produtos e
substâncias de interesse para a saúde;
TÍTULO I VIII - a fiscalização e a inspeção de alimentos, água e
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS bebidas para consumo humano;
Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, IX - a participação no controle e na fiscalização da
devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e
seu pleno exercício. produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;

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LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA
X - o incremento, em sua área de atuação, do sua integridade física e moral;
desenvolvimento científico e tecnológico; IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos
XI - a formulação e execução da política de sangue e ou privilégios de qualquer espécie;
seus derivados. V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre
§ 1º Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de sua saúde;
ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos
e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário;
ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento
de serviços de interesse da saúde, abrangendo: de prioridades, a alocação de recursos e a orientação
I - o controle de bens de consumo que, direta ou programática;
indiretamente, se relacionem com a saúde, compreendidas VIII - participação da comunidade;
todas as etapas e processos, da produção ao consumo; e IX - descentralização político-administrativa, com direção
II - o controle da prestação de serviços que se única em cada esfera de governo:
relacionam direta ou indiretamente com a saúde. a) ênfase na descentralização dos serviços para os
§ 2º Entende-se por vigilância epidemiológica um municípios;
conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a b) regionalização e hierarquização da rede de serviços
detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores de saúde;
determinantes e condicionantes de saúde individual ou X - integração em nível executivo das ações de saúde,
coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as meio ambiente e saneamento básico;
medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos. XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos,
§ 3º Entende-se por saúde do trabalhador, para fins materiais e humanos da União, dos Estados, do Distrito
desta lei, um conjunto de atividades que se destina, através Federal e dos Municípios na prestação de serviços de
das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, assistência à saúde da população;
à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os
como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos níveis de assistência; e
trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar
condições de trabalho, abrangendo: duplicidade de meios para fins idênticos.
I - assistência ao trabalhador vítima de acidentes de XIV – organização de atendimento público específico e
trabalho ou portador de doença profissional e do trabalho; especializado para mulheres e vítimas de violência
II - participação, no âmbito de competência do Sistema doméstica em geral, que garanta, entre outros, atendimento,
Único de Saúde (SUS), em estudos, pesquisas, avaliação e acompanhamento psicológico e cirurgias plásticas
controle dos riscos e agravos potenciais à saúde existentes reparadoras, em conformidade com a Lei nº 12.845, de 1º de
no processo de trabalho; agosto de 2013. (Redação dada pela Lei nº 13.427, de
III - participação, no âmbito de competência do Sistema 2017)
Único de Saúde (SUS), da normatização, fiscalização e
controle das condições de produção, extração, CAPÍTULO III
armazenamento, transporte, distribuição e manuseio de Da Organização, da Direção e da Gestão
substâncias, de produtos, de máquinas e de equipamentos Art. 8º As ações e serviços de saúde, executados pelo
que apresentam riscos à saúde do trabalhador; Sistema Único de Saúde (SUS), seja diretamente ou
IV - avaliação do impacto que as tecnologias provocam à mediante participação complementar da iniciativa privada,
saúde; serão organizados de forma regionalizada e hierarquizada
V - informação ao trabalhador e à sua respectiva em níveis de complexidade crescente.
entidade sindical e às empresas sobre os riscos de acidentes Art. 9º A direção do Sistema Único de Saúde (SUS) é
de trabalho, doença profissional e do trabalho, bem como os única, de acordo com o inciso I do art. 198 da Constituição
resultados de fiscalizações, avaliações ambientais e exames Federal, sendo exercida em cada esfera de governo pelos
de saúde, de admissão, periódicos e de demissão, seguintes órgãos:
respeitados os preceitos da ética profissional; I - no âmbito da União, pelo Ministério da Saúde;
VI - participação na normatização, fiscalização e controle II - no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, pela
dos serviços de saúde do trabalhador nas instituições e respectiva Secretaria de Saúde ou órgão equivalente; e
empresas públicas e privadas; III - no âmbito dos Municípios, pela respectiva Secretaria
VII - revisão periódica da listagem oficial de doenças de Saúde ou órgão equivalente.
originadas no processo de trabalho, tendo na sua elaboração Art. 10. Os municípios poderão constituir consórcios para
a colaboração das entidades sindicais; e desenvolver em conjunto as ações e os serviços de saúde
VIII - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de que lhes correspondam.
requerer ao órgão competente a interdição de máquina, de § 1º Aplica-se aos consórcios administrativos
setor de serviço ou de todo ambiente de trabalho, quando intermunicipais o princípio da direção única, e os respectivos
houver exposição a risco iminente para a vida ou saúde dos atos constitutivos disporão sobre sua observância.
trabalhadores. § 2º No nível municipal, o Sistema Único de Saúde
(SUS), poderá organizar-se em distritos de forma a integrar e
CAPÍTULO II articular recursos, técnicas e práticas voltadas para a
Dos Princípios e Diretrizes cobertura total das ações de saúde.
Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os Art. 11. (Vetado).
serviços privados contratados ou conveniados que integram Art. 12. Serão criadas comissões intersetoriais de âmbito
o Sistema Único de Saúde (SUS), são desenvolvidos de nacional, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde,
acordo com as diretrizes previstas no art. 198 da integradas pelos Ministérios e órgãos competentes e por
Constituição Federal, obedecendo ainda aos seguintes entidades representativas da sociedade civil.
princípios: Parágrafo único. As comissões intersetoriais terão a
I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em finalidade de articular políticas e programas de interesse
todos os níveis de assistência; para a saúde, cuja execução envolva áreas não
II - integralidade de assistência, entendida como conjunto compreendidas no âmbito do Sistema Único de Saúde
articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e (SUS).
curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em Art. 13. A articulação das políticas e programas, a cargo
todos os níveis de complexidade do sistema; das comissões intersetoriais, abrangerá, em especial, as
III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de seguintes atividades:

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LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA
I - alimentação e nutrição; caracterizam a assistência à saúde;
II - saneamento e meio ambiente; VI - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de
III - vigilância sanitária e farmacoepidemiologia; padrões de qualidade para promoção da saúde do
IV - recursos humanos; trabalhador;
V - ciência e tecnologia; e VII - participação de formulação da política e da
VI - saúde do trabalhador. execução das ações de saneamento básico e colaboração
Art. 14. Deverão ser criadas Comissões Permanentes de na proteção e recuperação do meio ambiente;
integração entre os serviços de saúde e as instituições de VIII - elaboração e atualização periódica do plano de
ensino profissional e superior. saúde;
Parágrafo único. Cada uma dessas comissões terá por IX - participação na formulação e na execução da política
finalidade propor prioridades, métodos e estratégias para a de formação e desenvolvimento de recursos humanos para a
formação e educação continuada dos recursos humanos do saúde;
Sistema Único de Saúde (SUS), na esfera correspondente, X - elaboração da proposta orçamentária do Sistema
assim como em relação à pesquisa e à cooperação técnica Único de Saúde (SUS), de conformidade com o plano de
entre essas instituições. saúde;
Art. 14-A. As Comissões Intergestores Bipartite e XI - elaboração de normas para regular as atividades de
Tripartite são reconhecidas como foros de negociação e serviços privados de saúde, tendo em vista a sua relevância
pactuação entre gestores, quanto aos aspectos operacionais pública;
do Sistema Único de Saúde (SUS). (Incluído pela Lei nº XII - realização de operações externas de natureza
12.466, de 2011). financeira de interesse da saúde, autorizadas pelo Senado
Parágrafo único. A atuação das Comissões Federal;
Intergestores Bipartite e Tripartite terá por objetivo: XIII - para atendimento de necessidades coletivas,
(Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011). urgentes e transitórias, decorrentes de situações de perigo
I - decidir sobre os aspectos operacionais, financeiros e iminente, de calamidade pública ou de irrupção de
administrativos da gestão compartilhada do SUS, em epidemias, a autoridade competente da esfera administrativa
conformidade com a definição da política consubstanciada correspondente poderá requisitar bens e serviços, tanto de
em planos de saúde, aprovados pelos conselhos de saúde; pessoas naturais como de jurídicas, sendo-lhes assegurada
(Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011). justa indenização; (Vide ADIN 3454)
II - definir diretrizes, de âmbito nacional, regional e XIV - implementar o Sistema Nacional de Sangue,
intermunicipal, a respeito da organização das redes de ações Componentes e Derivados;
e serviços de saúde, principalmente no tocante à sua XV - propor a celebração de convênios, acordos e
governança institucional e à integração das ações e serviços protocolos internacionais relativos à saúde, saneamento e
dos entes federados; (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011). meio ambiente;
III - fixar diretrizes sobre as regiões de saúde, distrito XVI - elaborar normas técnico-científicas de promoção,
sanitário, integração de territórios, referência e proteção e recuperação da saúde;
contrarreferência e demais aspectos vinculados à integração XVII - promover articulação com os órgãos de
das ações e serviços de saúde entre os entes federados. fiscalização do exercício profissional e outras entidades
(Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011). representativas da sociedade civil para a definição e controle
Art. 14-B. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde dos padrões éticos para pesquisa, ações e serviços de
(Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais saúde;
de Saúde (Conasems) são reconhecidos como entidades XVIII - promover a articulação da política e dos planos de
representativas dos entes estaduais e municipais para tratar saúde;
de matérias referentes à saúde e declarados de utilidade XIX - realizar pesquisas e estudos na área de saúde;
pública e de relevante função social, na forma do XX - definir as instâncias e mecanismos de controle e
regulamento. (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011). fiscalização inerentes ao poder de polícia sanitária;
§ 1o O Conass e o Conasems receberão recursos do XXI - fomentar, coordenar e executar programas e
orçamento geral da União por meio do Fundo Nacional de projetos estratégicos e de atendimento emergencial.
Saúde, para auxiliar no custeio de suas despesas
institucionais, podendo ainda celebrar convênios com a Seção II
União. (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011). Da Competência
§ 2o Os Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde Art. 16. A direção nacional do Sistema Único da Saúde
(Cosems) são reconhecidos como entidades que (SUS) compete:
representam os entes municipais, no âmbito estadual, para I - formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e
tratar de matérias referentes à saúde, desde que vinculados nutrição;
institucionalmente ao Conasems, na forma que dispuserem II - participar na formulação e na implementação das
seus estatutos. (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011). políticas:
a) de controle das agressões ao meio ambiente;
CAPÍTULO IV b) de saneamento básico; e
Da Competência e das Atribuições c) relativas às condições e aos ambientes de trabalho;
Seção I III - definir e coordenar os sistemas:
Das Atribuições Comuns a) de redes integradas de assistência de alta
Art. 15. A União, os Estados, o Distrito Federal e os complexidade;
Municípios exercerão, em seu âmbito administrativo, as b) de rede de laboratórios de saúde pública;
seguintes atribuições: c) de vigilância epidemiológica; e
I - definição das instâncias e mecanismos de controle, d) vigilância sanitária;
avaliação e de fiscalização das ações e serviços de saúde; IV - participar da definição de normas e mecanismos de
II - administração dos recursos orçamentários e controle, com órgão afins, de agravo sobre o meio ambiente
financeiros destinados, em cada ano, à saúde; ou dele decorrentes, que tenham repercussão na saúde
III - acompanhamento, avaliação e divulgação do nível humana;
de saúde da população e das condições ambientais; V - participar da definição de normas, critérios e padrões
IV - organização e coordenação do sistema de para o controle das condições e dos ambientes de trabalho e
informação de saúde; coordenar a política de saúde do trabalhador;
V - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de VI - coordenar e participar na execução das ações de
padrões de qualidade e parâmetros de custos que vigilância epidemiológica;

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LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA
VII - estabelecer normas e executar a vigilância sanitária agravos do meio ambiente que tenham repercussão na
de portos, aeroportos e fronteiras, podendo a execução ser saúde humana;
complementada pelos Estados, Distrito Federal e Municípios; VI - participar da formulação da política e da execução
VIII - estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o de ações de saneamento básico;
controle da qualidade sanitária de produtos, substâncias e VII - participar das ações de controle e avaliação das
serviços de consumo e uso humano; condições e dos ambientes de trabalho;
IX - promover articulação com os órgãos educacionais e VIII - em caráter suplementar, formular, executar,
de fiscalização do exercício profissional, bem como com acompanhar e avaliar a política de insumos e equipamentos
entidades representativas de formação de recursos humanos para a saúde;
na área de saúde; IX - identificar estabelecimentos hospitalares de
X - formular, avaliar, elaborar normas e participar na referência e gerir sistemas públicos de alta complexidade, de
execução da política nacional e produção de insumos e referência estadual e regional;
equipamentos para a saúde, em articulação com os demais X - coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde
órgãos governamentais; pública e hemocentros, e gerir as unidades que permaneçam
XI - identificar os serviços estaduais e municipais de em sua organização administrativa;
referência nacional para o estabelecimento de padrões XI - estabelecer normas, em caráter suplementar, para o
técnicos de assistência à saúde; controle e avaliação das ações e serviços de saúde;
XII - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e XII - formular normas e estabelecer padrões, em caráter
substâncias de interesse para a saúde; suplementar, de procedimentos de controle de qualidade
XIII - prestar cooperação técnica e financeira aos para produtos e substâncias de consumo humano;
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para o XIII - colaborar com a União na execução da vigilância
aperfeiçoamento da sua atuação institucional; sanitária de portos, aeroportos e fronteiras;
XIV - elaborar normas para regular as relações entre o XIV - o acompanhamento, a avaliação e divulgação dos
Sistema Único de Saúde (SUS) e os serviços privados indicadores de morbidade e mortalidade no âmbito da
contratados de assistência à saúde; unidade federada.
XV - promover a descentralização para as Unidades Art. 18. À direção municipal do Sistema de Saúde (SUS)
Federadas e para os Municípios, dos serviços e ações de compete:
saúde, respectivamente, de abrangência estadual e I - planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os
municipal; serviços de saúde e gerir e executar os serviços públicos de
XVI - normatizar e coordenar nacionalmente o Sistema saúde;
Nacional de Sangue, Componentes e Derivados; II - participar do planejamento, programação e
XVII - acompanhar, controlar e avaliar as ações e os organização da rede regionalizada e hierarquizada do
serviços de saúde, respeitadas as competências estaduais e Sistema Único de Saúde (SUS), em articulação com sua
municipais; direção estadual;
XVIII - elaborar o Planejamento Estratégico Nacional no III - participar da execução, controle e avaliação das
âmbito do SUS, em cooperação técnica com os Estados, ações referentes às condições e aos ambientes de trabalho;
Municípios e Distrito Federal; IV - executar serviços:
XIX - estabelecer o Sistema Nacional de Auditoria e a) de vigilância epidemiológica;
coordenar a avaliação técnica e financeira do SUS em todo o b) vigilância sanitária;
Território Nacional em cooperação técnica com os Estados, c) de alimentação e nutrição;
Municípios e Distrito Federal. (Vide Decreto nº 1.651, de d) de saneamento básico; e
1995) e) de saúde do trabalhador;
§ 1º A União poderá executar ações de vigilância V - dar execução, no âmbito municipal, à política de
epidemiológica e sanitária em circunstâncias especiais, como insumos e equipamentos para a saúde;
na ocorrência de agravos inusitados à saúde, que possam VI - colaborar na fiscalização das agressões ao meio
escapar do controle da direção estadual do Sistema Único de ambiente que tenham repercussão sobre a saúde humana e
Saúde (SUS) ou que representem risco de disseminação atuar, junto aos órgãos municipais, estaduais e federais
nacional. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº competentes, para controlá-las;
14.141, de 2021) VII - formar consórcios administrativos intermunicipais;
§ 2º Em situações epidemiológicas que caracterizem VIII - gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros;
emergência em saúde pública, poderá ser adotado IX - colaborar com a União e os Estados na execução da
procedimento simplificado para a remessa de patrimônio vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras;
genético ao exterior, na forma do regulamento. (Incluído X - observado o disposto no art. 26 desta Lei, celebrar
pela Lei nº 14.141, de 2021) contratos e convênios com entidades prestadoras de
§ 3º Os benefícios resultantes da exploração econômica serviços privados de saúde, bem como controlar e avaliar
de produto acabado ou material reprodutivo oriundo de sua execução;
acesso ao patrimônio genético de que trata o § 2º deste XI - controlar e fiscalizar os procedimentos dos serviços
artigo serão repartidos nos termos da Lei nº 13.123, de 20 de privados de saúde;
maio de 2015. (Incluído pela Lei nº 14.141, de 2021) XII - normatizar complementarmente as ações e serviços
Art. 17. À direção estadual do Sistema Único de Saúde públicos de saúde no seu âmbito de atuação.
(SUS) compete: Art. 19. Ao Distrito Federal competem as atribuições
I - promover a descentralização para os Municípios dos reservadas aos Estados e aos Municípios.
serviços e das ações de saúde;.
II - acompanhar, controlar e avaliar as redes CAPÍTULO V
hierarquizadas do Sistema Único de Saúde (SUS); Do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena
III - prestar apoio técnico e financeiro aos Municípios e Art. 19-A. As ações e serviços de saúde voltados para o
executar supletivamente ações e serviços de saúde; atendimento das populações indígenas, em todo o território
IV - coordenar e, em caráter complementar, executar nacional, coletiva ou individualmente, obedecerão ao
ações e serviços: disposto nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
a) de vigilância epidemiológica; Art. 19-B. É instituído um Subsistema de Atenção à
b) de vigilância sanitária; Saúde Indígena, componente do Sistema Único de Saúde –
c) de alimentação e nutrição; e SUS, criado e definido por esta Lei, e pela Lei no 8.142, de
d) de saúde do trabalhador; 28 de dezembro de 1990, com o qual funcionará em perfeita
V - participar, junto com os órgãos afins, do controle dos integração. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)

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LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA
Art. 19-C. Caberá à União, com seus recursos próprios, de Saúde, o atendimento domiciliar e a internação domiciliar.
financiar o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena. (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002)
(Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) § 1o Na modalidade de assistência de atendimento e
Art. 19-D. O SUS promoverá a articulação do internação domiciliares incluem-se, principalmente, os
Subsistema instituído por esta Lei com os órgãos procedimentos médicos, de enfermagem, fisioterapêuticos,
responsáveis pela Política Indígena do País. (Incluído psicológicos e de assistência social, entre outros necessários
pela Lei nº 9.836, de 1999) ao cuidado integral dos pacientes em seu domicílio.
Art. 19-E. Os Estados, Municípios, outras instituições (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002)
governamentais e não-governamentais poderão atuar § 2o O atendimento e a internação domiciliares serão
complementarmente no custeio e execução das ações. realizados por equipes multidisciplinares que atuarão nos
(Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) níveis da medicina preventiva, terapêutica e reabilitadora.
§ 1º A União instituirá mecanismo de financiamento (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002)
específico para os Estados, o Distrito Federal e os § 3o O atendimento e a internação domiciliares só
Municípios, sempre que houver necessidade de atenção poderão ser realizados por indicação médica, com expressa
secundária e terciária fora dos territórios indígenas. concordância do paciente e de sua família. (Incluído
(Incluído pela Lei nº 14.021, de 2020) pela Lei nº 10.424, de 2002)
§ 2º Em situações emergenciais e de calamidade
pública: (Incluído pela Lei nº 14.021, de 2020) CAPÍTULO VII
I - a União deverá assegurar aporte adicional de recursos DO SUBSISTEMA DE ACOMPANHAMENTO
não previstos nos planos de saúde dos Distritos Sanitários DURANTE O TRABALHO DE PARTO,
Especiais Indígenas (Dseis) ao Subsistema de Atenção à PARTO E PÓS-PARTO IMEDIATO
Saúde Indígena; (Incluído pela Lei nº 14.021, de 2020) Art. 19-J. Os serviços de saúde do Sistema Único de
II - deverá ser garantida a inclusão dos povos indígenas Saúde - SUS, da rede própria ou conveniada, ficam
nos planos emergenciais para atendimento dos pacientes obrigados a permitir a presença, junto à parturiente, de 1
graves das Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde, (um) acompanhante durante todo o período de trabalho de
explicitados os fluxos e as referências para o atendimento parto, parto e pós-parto imediato. (Incluído pela Lei nº
em tempo oportuno. (Incluído pela Lei nº 14.021, de 2020) 11.108, de 2005)
Art. 19-F. Dever-se-á obrigatoriamente levar em § 1o O acompanhante de que trata o caput deste artigo
consideração a realidade local e as especificidades da será indicado pela parturiente. (Incluído pela Lei nº
cultura dos povos indígenas e o modelo a ser adotado para a 11.108, de 2005)
atenção à saúde indígena, que se deve pautar por uma § 2o As ações destinadas a viabilizar o pleno exercício
abordagem diferenciada e global, contemplando os aspectos dos direitos de que trata este artigo constarão do
de assistência à saúde, saneamento básico, nutrição, regulamento da lei, a ser elaborado pelo órgão competente
habitação, meio ambiente, demarcação de terras, educação do Poder Executivo. (Incluído pela Lei nº 11.108, de
sanitária e integração institucional. (Incluído pela Lei nº 2005)
9.836, de 1999) § 3o Ficam os hospitais de todo o País obrigados a
Art. 19-G. O Subsistema de Atenção à Saúde Indígena manter, em local visível de suas dependências, aviso
deverá ser, como o SUS, descentralizado, hierarquizado e informando sobre o direito estabelecido no caput deste
regionalizado. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) artigo. (Incluído pela Lei nº 12.895, de 2013)
§ 1o O Subsistema de que trata o caput deste artigo terá Art. 19-L. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.108,
como base os Distritos Sanitários Especiais Indígenas. de 2005)
(Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
§ 1º-A. A rede do SUS deverá obrigatoriamente fazer o CAPÍTULO VIII
registro e a notificação da declaração de raça ou cor, DA ASSISTÊNCIA TERAPÊUTICA E DA
garantindo a identificação de todos os indígenas atendidos INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA EM SAÚDE”
nos sistemas públicos de saúde. (Incluído pela Lei nº Art. 19-M. A assistência terapêutica integral a que se
14.021, de 2020) refere a alínea d do inciso I do art. 6o consiste em:
§ 1º-B. A União deverá integrar os sistemas de (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
informação da rede do SUS com os dados do Subsistema de I - dispensação de medicamentos e produtos de
Atenção à Saúde Indígena. (Incluído pela Lei nº 14.021, interesse para a saúde, cuja prescrição esteja em
de 2020) conformidade com as diretrizes terapêuticas definidas em
§ 2o O SUS servirá de retaguarda e referência ao protocolo clínico para a doença ou o agravo à saúde a ser
Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, devendo, para tratado ou, na falta do protocolo, em conformidade com o
isso, ocorrer adaptações na estrutura e organização do SUS disposto no art. 19-P; (Incluído pela Lei nº 12.401, de
nas regiões onde residem as populações indígenas, para 2011)
propiciar essa integração e o atendimento necessário em II - oferta de procedimentos terapêuticos, em regime
todos os níveis, sem discriminações. (Incluído pela Lei nº domiciliar, ambulatorial e hospitalar, constantes de tabelas
9.836, de 1999) elaboradas pelo gestor federal do Sistema Único de Saúde -
§ 3o As populações indígenas devem ter acesso SUS, realizados no território nacional por serviço próprio,
garantido ao SUS, em âmbito local, regional e de centros conveniado ou contratado.
especializados, de acordo com suas necessidades, Art. 19-N. Para os efeitos do disposto no art. 19-M, são
compreendendo a atenção primária, secundária e terciária à adotadas as seguintes definições: (Incluído pela Lei nº
saúde. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) 12.401, de 2011)
Art. 19-H. As populações indígenas terão direito a I - produtos de interesse para a saúde: órteses, próteses,
participar dos organismos colegiados de formulação, bolsas coletoras e equipamentos médicos; (Incluído pela
acompanhamento e avaliação das políticas de saúde, tais Lei nº 12.401, de 2011)
como o Conselho Nacional de Saúde e os Conselhos II - protocolo clínico e diretriz terapêutica: documento que
Estaduais e Municipais de Saúde, quando for o caso. estabelece critérios para o diagnóstico da doença ou do
(Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) agravo à saúde; o tratamento preconizado, com os
medicamentos e demais produtos apropriados, quando
CAPÍTULO VI couber; as posologias recomendadas; os mecanismos de
DO SUBSISTEMA DE controle clínico; e o acompanhamento e a verificação dos
ATENDIMENTO E INTERNAÇÃO DOMICILIAR resultados terapêuticos, a serem seguidos pelos gestores do
Art. 19-I. São estabelecidos, no âmbito do Sistema Único SUS. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)

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LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA
Art. 19-O. Os protocolos clínicos e as diretrizes § 1o O processo de que trata o caput deste artigo
terapêuticas deverão estabelecer os medicamentos ou observará, no que couber, o disposto na Lei no 9.784, de 29
produtos necessários nas diferentes fases evolutivas da de janeiro de 1999, e as seguintes determinações especiais:
doença ou do agravo à saúde de que tratam, bem como (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
aqueles indicados em casos de perda de eficácia e de I - apresentação pelo interessado dos documentos e, se
surgimento de intolerância ou reação adversa relevante, cabível, das amostras de produtos, na forma do regulamento,
provocadas pelo medicamento, produto ou procedimento de com informações necessárias para o atendimento do
primeira escolha. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) disposto no § 2o do art. 19-Q; (Incluído pela Lei nº 12.401,
Parágrafo único. Em qualquer caso, os medicamentos de 2011)
ou produtos de que trata o caput deste artigo serão aqueles II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
avaliados quanto à sua eficácia, segurança, efetividade e III - realização de consulta pública que inclua a
custo-efetividade para as diferentes fases evolutivas da divulgação do parecer emitido pela Comissão Nacional de
doença ou do agravo à saúde de que trata o protocolo. Incorporação de Tecnologias no SUS; (Incluído pela Lei
(Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) nº 12.401, de 2011)
Art. 19-P. Na falta de protocolo clínico ou de diretriz IV - realização de audiência pública, antes da tomada de
terapêutica, a dispensação será realizada: (Incluído pela decisão, se a relevância da matéria justificar o evento.
Lei nº 12.401, de 2011) (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
I - com base nas relações de medicamentos instituídas V - distribuição aleatória, respeitadas a especialização e
pelo gestor federal do SUS, observadas as competências a competência técnica requeridas para a análise da matéria;
estabelecidas nesta Lei, e a responsabilidade pelo (Incluído pela Lei nº 14.313, de 2022)
fornecimento será pactuada na Comissão Intergestores VI - publicidade dos atos processuais. (Incluído pela
Tripartite; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) Lei nº 14.313, de 2022)
II - no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, de § 2o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.401, de
forma suplementar, com base nas relações de 2011)
medicamentos instituídas pelos gestores estaduais do SUS, Art. 19-S. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.401,
e a responsabilidade pelo fornecimento será pactuada na de 2011)
Comissão Intergestores Bipartite; (Incluído pela Lei nº Art. 19-T. São vedados, em todas as esferas de gestão
12.401, de 2011) do SUS: (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
III - no âmbito de cada Município, de forma suplementar, I - o pagamento, o ressarcimento ou o reembolso de
com base nas relações de medicamentos instituídas pelos medicamento, produto e procedimento clínico ou cirúrgico
gestores municipais do SUS, e a responsabilidade pelo experimental, ou de uso não autorizado pela Agência
fornecimento será pactuada no Conselho Municipal de Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA; (Incluído
Saúde. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) pela Lei nº 12.401, de 2011)
Art. 19-Q. A incorporação, a exclusão ou a alteração II - a dispensação, o pagamento, o ressarcimento ou o
pelo SUS de novos medicamentos, produtos e reembolso de medicamento e produto, nacional ou
procedimentos, bem como a constituição ou a alteração de importado, sem registro na Anvisa. (Incluído pela Lei nº
protocolo clínico ou de diretriz terapêutica, são atribuições do 12.401, de 2011)
Ministério da Saúde, assessorado pela Comissão Nacional Parágrafo único. Excetuam-se do disposto neste artigo:
de Incorporação de Tecnologias no SUS. (Incluído pela (Incluído pela Lei nº 14.313, de 2022)
Lei nº 12.401, de 2011) I - medicamento e produto em que a indicação de uso
§ 1o A Comissão Nacional de Incorporação de seja distinta daquela aprovada no registro na Anvisa, desde
Tecnologias no SUS, cuja composição e regimento são que seu uso tenha sido recomendado pela Comissão
definidos em regulamento, contará com a participação de 1 Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único
(um) representante indicado pelo Conselho Nacional de de Saúde (Conitec), demonstradas as evidências científicas
Saúde e de 1 (um) representante, especialista na área, sobre a eficácia, a acurácia, a efetividade e a segurança, e
indicado pelo Conselho Federal de Medicina. (Incluído esteja padronizado em protocolo estabelecido pelo Ministério
pela Lei nº 12.401, de 2011) da Saúde; (Incluído pela Lei nº 14.313, de 2022)
§ 2o O relatório da Comissão Nacional de Incorporação II - medicamento e produto recomendados pela Conitec e
de Tecnologias no SUS levará em consideração, adquiridos por intermédio de organismos multilaterais
necessariamente: (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) internacionais, para uso em programas de saúde pública do
I - as evidências científicas sobre a eficácia, a acurácia, a Ministério da Saúde e suas entidades vinculadas, nos termos
efetividade e a segurança do medicamento, produto ou do § 5º do art. 8º da Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999.
procedimento objeto do processo, acatadas pelo órgão (Incluído pela Lei nº 14.313, de 2022)
competente para o registro ou a autorização de uso; (Incluído Art. 19-U. A responsabilidade financeira pelo
pela Lei nº 12.401, de 2011) fornecimento de medicamentos, produtos de interesse para a
II - a avaliação econômica comparativa dos benefícios e saúde ou procedimentos de que trata este Capítulo será
dos custos em relação às tecnologias já incorporadas, pactuada na Comissão Intergestores Tripartite.
inclusive no que se refere aos atendimentos domiciliar, (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
ambulatorial ou hospitalar, quando cabível. (Incluído
pela Lei nº 12.401, de 2011) TÍTULO III
§ 3º As metodologias empregadas na avaliação DOS SERVIÇOS PRIVADOS
econômica a que se refere o inciso II do § 2º deste artigo DE ASSISTÊNCIA À SAÙDE
serão dispostas em regulamento e amplamente divulgadas, CAPÍTULO I
inclusive em relação aos indicadores e parâmetros de custo- Do Funcionamento
efetividade utilizados em combinação com outros critérios. Art. 20. Os serviços privados de assistência à saúde
(Incluído pela Lei nº 14.313, de 2022) caracterizam-se pela atuação, por iniciativa própria, de
Art. 19-R. A incorporação, a exclusão e a alteração a profissionais liberais, legalmente habilitados, e de pessoas
que se refere o art. 19-Q serão efetuadas mediante a jurídicas de direito privado na promoção, proteção e
instauração de processo administrativo, a ser concluído em recuperação da saúde.
prazo não superior a 180 (cento e oitenta) dias, contado da Art. 21. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
data em que foi protocolado o pedido, admitida a sua Art. 22. Na prestação de serviços privados de assistência
prorrogação por 90 (noventa) dias corridos, quando as à saúde, serão observados os princípios éticos e as normas
circunstâncias exigirem. (Incluído pela Lei nº 12.401, de expedidas pelo órgão de direção do Sistema Único de Saúde
2011) (SUS) quanto às condições para seu funcionamento.

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LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA
Art. 23. É permitida a participação direta ou indireta, elaboradas conjuntamente com o sistema educacional.
inclusive controle, de empresas ou de capital estrangeiro na Art. 28. Os cargos e funções de chefia, direção e
assistência à saúde nos seguintes casos: (Redação assessoramento, no âmbito do Sistema Único de Saúde
dada pela Lei nº 13.097, de 2015) (SUS), só poderão ser exercidas em regime de tempo
I - doações de organismos internacionais vinculados à integral.
Organização das Nações Unidas, de entidades de § 1° Os servidores que legalmente acumulam dois
cooperação técnica e de financiamento e empréstimos; cargos ou empregos poderão exercer suas atividades em
(Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) mais de um estabelecimento do Sistema Único de Saúde
II - pessoas jurídicas destinadas a instalar, (SUS).
operacionalizar ou explorar: (Incluído pela Lei nº 13.097, § 2° O disposto no parágrafo anterior aplica-se também
de 2015) aos servidores em regime de tempo integral, com exceção
a) hospital geral, inclusive filantrópico, hospital dos ocupantes de cargos ou função de chefia, direção ou
especializado, policlínica, clínica geral e clínica assessoramento.
especializada; e (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) Art. 29. (Vetado).
b) ações e pesquisas de planejamento familiar; Art. 30. As especializações na forma de treinamento em
(Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) serviço sob supervisão serão regulamentadas por Comissão
III - serviços de saúde mantidos, sem finalidade lucrativa, Nacional, instituída de acordo com o art. 12 desta Lei,
por empresas, para atendimento de seus empregados e garantida a participação das entidades profissionais
dependentes, sem qualquer ônus para a seguridade social; e correspondentes.
(Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
IV - demais casos previstos em legislação específica. TÍTULO V
(Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) DO FINANCIAMENTO
CAPÍTULO I
CAPÍTULO II Dos Recursos
Da Participação Complementar Art. 31. O orçamento da seguridade social destinará ao
Art. 24. Quando as suas disponibilidades forem Sistema Único de Saúde (SUS) de acordo com a receita
insuficientes para garantir a cobertura assistencial à estimada, os recursos necessários à realização de suas
população de uma determinada área, o Sistema Único de finalidades, previstos em proposta elaborada pela sua
Saúde (SUS) poderá recorrer aos serviços ofertados pela direção nacional, com a participação dos órgãos da
iniciativa privada. Previdência Social e da Assistência Social, tendo em vista as
Parágrafo único. A participação complementar dos metas e prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes
serviços privados será formalizada mediante contrato ou Orçamentárias.
convênio, observadas, a respeito, as normas de direito Art. 32. São considerados de outras fontes os recursos
público. provenientes de:
Art. 25. Na hipótese do artigo anterior, as entidades I - (Vetado)
filantrópicas e as sem fins lucrativos terão preferência para II - Serviços que possam ser prestados sem prejuízo da
participar do Sistema Único de Saúde (SUS). assistência à saúde;
Art. 26. Os critérios e valores para a remuneração de III - ajuda, contribuições, doações e donativos;
serviços e os parâmetros de cobertura assistencial serão IV - alienações patrimoniais e rendimentos de capital;
estabelecidos pela direção nacional do Sistema Único de V - taxas, multas, emolumentos e preços públicos
Saúde (SUS), aprovados no Conselho Nacional de Saúde. arrecadados no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS); e
§ 1° Na fixação dos critérios, valores, formas de reajuste VI - rendas eventuais, inclusive comerciais e industriais.
e de pagamento da remuneração aludida neste artigo, a § 1° Ao Sistema Único de Saúde (SUS) caberá metade
direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) deverá da receita de que trata o inciso I deste artigo, apurada
fundamentar seu ato em demonstrativo econômico-financeiro mensalmente, a qual será destinada à recuperação de
que garanta a efetiva qualidade de execução dos serviços viciados.
contratados. § 2° As receitas geradas no âmbito do Sistema Único de
§ 2° Os serviços contratados submeter-se-ão às normas Saúde (SUS) serão creditadas diretamente em contas
técnicas e administrativas e aos princípios e diretrizes do especiais, movimentadas pela sua direção, na esfera de
Sistema Único de Saúde (SUS), mantido o equilíbrio poder onde forem arrecadadas.
econômico e financeiro do contrato. § 3º As ações de saneamento que venham a ser
§ 3° (Vetado). executadas supletivamente pelo Sistema Único de Saúde
§ 4° Aos proprietários, administradores e dirigentes de (SUS), serão financiadas por recursos tarifários específicos e
entidades ou serviços contratados é vedado exercer cargo outros da União, Estados, Distrito Federal, Municípios e, em
de chefia ou função de confiança no Sistema Único de particular, do Sistema Financeiro da Habitação (SFH).
Saúde (SUS). § 4º (Vetado).
§ 5º As atividades de pesquisa e desenvolvimento
TÍTULO IV científico e tecnológico em saúde serão co-financiadas pelo
DOS RECURSOS HUMANOS Sistema Único de Saúde (SUS), pelas universidades e pelo
Art. 27. A política de recursos humanos na área da orçamento fiscal, além de recursos de instituições de
saúde será formalizada e executada, articuladamente, pelas fomento e financiamento ou de origem externa e receita
diferentes esferas de governo, em cumprimento dos própria das instituições executoras.
seguintes objetivos: § 6º (Vetado).
I - organização de um sistema de formação de recursos
humanos em todos os níveis de ensino, inclusive de pós- CAPÍTULO II
graduação, além da elaboração de programas de Da Gestão Financeira
permanente aperfeiçoamento de pessoal; Art. 33. Os recursos financeiros do Sistema Único de
II - (Vetado) Saúde (SUS) serão depositados em conta especial, em cada
III - (Vetado) esfera de sua atuação, e movimentados sob fiscalização dos
IV - valorização da dedicação exclusiva aos serviços do respectivos Conselhos de Saúde.
Sistema Único de Saúde (SUS). § 1º Na esfera federal, os recursos financeiros,
Parágrafo único. Os serviços públicos que integram o originários do Orçamento da Seguridade Social, de outros
Sistema Único de Saúde (SUS) constituem campo de prática Orçamentos da União, além de outras fontes, serão
para ensino e pesquisa, mediante normas específicas, administrados pelo Ministério da Saúde, através do Fundo
Nacional de Saúde.

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LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA
§ 2º (Vetado). saúde, em função das características epidemiológicas e da
§ 3º (Vetado). organização dos serviços em cada jurisdição administrativa.
§ 4º O Ministério da Saúde acompanhará, através de seu Art. 38. Não será permitida a destinação de subvenções
sistema de auditoria, a conformidade à programação e auxílios a instituições prestadoras de serviços de saúde
aprovada da aplicação dos recursos repassados a Estados e com finalidade lucrativa.
Municípios. Constatada a malversação, desvio ou não
aplicação dos recursos, caberá ao Ministério da Saúde DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
aplicar as medidas previstas em lei. Art. 39. (Vetado).
Art. 34. As autoridades responsáveis pela distribuição da § 1º (Vetado).
receita efetivamente arrecadada transferirão § 2º (Vetado).
automaticamente ao Fundo Nacional de Saúde (FNS), § 3º (Vetado).
observado o critério do parágrafo único deste artigo, os § 4º (Vetado).
recursos financeiros correspondentes às dotações § 5º A cessão de uso dos imóveis de propriedade do
consignadas no Orçamento da Seguridade Social, a projetos Inamps para órgãos integrantes do Sistema Único de Saúde
e atividades a serem executados no âmbito do Sistema (SUS) será feita de modo a preservá-los como patrimônio da
Único de Saúde (SUS). Seguridade Social.
Parágrafo único. Na distribuição dos recursos financeiros § 6º Os imóveis de que trata o parágrafo anterior serão
da Seguridade Social será observada a mesma proporção da inventariados com todos os seus acessórios, equipamentos e
despesa prevista de cada área, no Orçamento da outros bens móveis e ficarão disponíveis para utilização pelo
Seguridade Social. órgão de direção municipal do Sistema Único de Saúde -
Art. 35. Para o estabelecimento de valores a serem SUS ou, eventualmente, pelo estadual, em cuja circunscrição
transferidos a Estados, Distrito Federal e Municípios, será administrativa se encontrem, mediante simples termo de
utilizada a combinação dos seguintes critérios, segundo recebimento.
análise técnica de programas e projetos: § 7º (Vetado).
I - perfil demográfico da região; § 8º O acesso aos serviços de informática e bases de
II - perfil epidemiológico da população a ser coberta; dados, mantidos pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério
III - características quantitativas e qualitativas da rede de do Trabalho e da Previdência Social, será assegurado às
saúde na área; Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde ou órgãos
IV - desempenho técnico, econômico e financeiro no congêneres, como suporte ao processo de gestão, de forma
período anterior; a permitir a gerencia informatizada das contas e a
V - níveis de participação do setor saúde nos orçamentos disseminação de estatísticas sanitárias e epidemiológicas
estaduais e municipais; médico-hospitalares.
VI - previsão do plano qüinqüenal de investimentos da Art. 40. (Vetado)
rede; Art. 41. As ações desenvolvidas pela Fundação das
VII - ressarcimento do atendimento a serviços prestados Pioneiras Sociais e pelo Instituto Nacional do Câncer,
para outras esferas de governo. supervisionadas pela direção nacional do Sistema Único de
§ 1º Metade dos recursos destinados a Estados e Saúde (SUS), permanecerão como referencial de prestação
Municípios será distribuída segundo o quociente de sua de serviços, formação de recursos humanos e para
divisão pelo número de habitantes, independentemente de transferência de tecnologia.
qualquer procedimento prévio. (Revogado pela Lei Art. 42. (Vetado).
Complementar nº 141, de 2012) (Vide Lei nº 8.142, de Art. 43. A gratuidade das ações e serviços de saúde fica
1990) preservada nos serviços públicos contratados, ressalvando-
§ 2º Nos casos de Estados e Municípios sujeitos a se as cláusulas dos contratos ou convênios estabelecidos
notório processo de migração, os critérios demográficos com as entidades privadas.
mencionados nesta lei serão ponderados por outros Art. 44. (Vetado).
indicadores de crescimento populacional, em especial o Art. 45. Os serviços de saúde dos hospitais universitários
número de eleitores registrados. e de ensino integram-se ao Sistema Único de Saúde (SUS),
§ 3º (Vetado). mediante convênio, preservada a sua autonomia
§ 4º (Vetado). administrativa, em relação ao patrimônio, aos recursos
§ 5º (Vetado). humanos e financeiros, ensino, pesquisa e extensão nos
§ 6º O disposto no parágrafo anterior não prejudica a limites conferidos pelas instituições a que estejam
atuação dos órgãos de controle interno e externo e nem a vinculados.
aplicação de penalidades previstas em lei, em caso de § 1º Os serviços de saúde de sistemas estaduais e
irregularidades verificadas na gestão dos recursos municipais de previdência social deverão integrar-se à
transferidos. direção correspondente do Sistema Único de Saúde (SUS),
conforme seu âmbito de atuação, bem como quaisquer
CAPÍTULO III outros órgãos e serviços de saúde.
Do Planejamento e do Orçamento § 2º Em tempo de paz e havendo interesse recíproco, os
Art. 36. O processo de planejamento e orçamento do serviços de saúde das Forças Armadas poderão integrar-se
Sistema Único de Saúde (SUS) será ascendente, do nível ao Sistema Único de Saúde (SUS), conforme se dispuser em
local até o federal, ouvidos seus órgãos deliberativos, convênio que, para esse fim, for firmado.
compatibilizando-se as necessidades da política de saúde Art. 46. o Sistema Único de Saúde (SUS), estabelecerá
com a disponibilidade de recursos em planos de saúde dos mecanismos de incentivos à participação do setor privado no
Municípios, dos Estados, do Distrito Federal e da União. investimento em ciência e tecnologia e estimulará a
§ 1º Os planos de saúde serão a base das atividades e transferência de tecnologia das universidades e institutos de
programações de cada nível de direção do Sistema Único de pesquisa aos serviços de saúde nos Estados, Distrito
Saúde (SUS), e seu financiamento será previsto na Federal e Municípios, e às empresas nacionais.
respectiva proposta orçamentária. Art. 47. O Ministério da Saúde, em articulação com os
§ 2º É vedada a transferência de recursos para o níveis estaduais e municipais do Sistema Único de Saúde
financiamento de ações não previstas nos planos de saúde, (SUS), organizará, no prazo de dois anos, um sistema
exceto em situações emergenciais ou de calamidade pública, nacional de informações em saúde, integrado em todo o
na área de saúde. território nacional, abrangendo questões epidemiológicas e
Art. 37. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as de prestação de serviços.
diretrizes a serem observadas na elaboração dos planos de Art. 48. (Vetado).

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LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA
Art. 49. (Vetado). saúde, e a articulação interfederativa;
Art. 50. Os convênios entre a União, os Estados e os Considerando a Portaria nº 204/GM/MS, de 29 de janeiro
Municípios, celebrados para implantação dos Sistemas de 2007, que regulamenta o financiamento e a transferência
Unificados e Descentralizados de Saúde, ficarão rescindidos de recursos federais para as ações e serviços de saúde, na
à proporção que seu objeto for sendo absorvido pelo Sistema forma de blocos de financiamento, com respectivo
Único de Saúde (SUS). monitoramento e controle;
Art. 51. (Vetado). Considerando a Portaria nº 687, de 30 de março de
Art. 52. Sem prejuízo de outras sanções cabíveis, 2006, que aprova a Política de Promoção da Saúde;
constitui crime de emprego irregular de verbas ou rendas Considerando a Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro de
públicas (Código Penal, art. 315) a utilização de recursos 2010, que estabelece diretrizes para a organização da Rede
financeiros do Sistema Único de Saúde (SUS) em finalidades de Aten- ção à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde
diversas das previstas nesta lei. (SUS);
Art. 53. (Vetado). Considerando a Resolução CIT Nº 21, de 27 de julho de
Art. 53-A. Na qualidade de ações e serviços de saúde, 2017 Consulta Pública sobre a proposta de revisão da
as atividades de apoio à assistência à saúde são aquelas Política Nacional de Atenção Básica (PNAB). agosto de
desenvolvidas pelos laboratórios de genética humana, 2017; e
produção e fornecimento de medicamentos e produtos para Considerando a pactuação na Reunião da Comissão
saúde, laboratórios de analises clínicas, anatomia patológica Intergestores Tripartite do dia 31 de agosto de 2017, resolve:
e de diagnóstico por imagem e são livres à participação Art. 1º Esta Portaria aprova a Política Nacional de
direta ou indireta de empresas ou de capitais estrangeiros. Atenção Básica - PNAB, com vistas à revisão da
(Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) regulamentação de implantação e operacionalização
Art. 54. Esta lei entra em vigor na data de sua vigentes, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS,
publicação. estabelecendo-se as diretrizes para a organização do
Art. 55. São revogadas a Lei nº. 2.312, de 3 de setembro componente Atenção Básica, na Rede de Atenção à Saúde -
de 1954, a Lei nº. 6.229, de 17 de julho de 1975, e demais RAS.
disposições em contrário. Parágrafo único. A Política Nacional de Atenção Básica
FERNANDO COLLOR considera os termos Atenção Básica - AB e Atenção Primária
à Saúde - APS, nas atuais concepções, como termos
PORTARIA Nº 2.436, equivalentes, de forma a associar a ambas os princípios e as
DE 21 DE SETEMBRO DE 2017.   diretrizes definidas neste documento.
POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA Art. 2º A Atenção Básica é o conjunto de ações de saúde
individuais, familiares e coletivas que envolvem promoção,
Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, prevenção, proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação,
estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização redução de danos, cuidados paliativos e vigilância em saúde,
da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de desenvolvida por meio de práticas de cuidado integrado e
Saúde (SUS). gestão qualificada, realizada com equipe multiprofissional e
dirigida à população em território definido, sobre as quais as
O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso das equipes assumem responsabilidade sanitária.
atribuições que lhe conferem os incisos I e II do parágrafo §1º A Atenção Básica será a principal porta de entrada e
único do art. 87 da Constituição, e centro de comunicação da RAS, coordenadora do cuidado e
ordenadora das ações e serviços disponibilizados na rede.
Considerando a Lei nº 8.080, de 19 de setembro 1990, § 2º A Atenção Básica será ofertada integralmente e
que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e gratuitamente a todas as pessoas, de acordo com suas
recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos necessidades e demandas do território, considerando os
serviços correspondentes, e dá outras providências, determinantes e condicionantes de saúde.
considerando: § 3º É proibida qualquer exclusão baseada em idade,
Considerando a experiência acumulada do Controle gênero, raça/cor, etnia, crença, nacionalidade, orientação
Social da Saúde à necessidade de aprimoramento do sexual, identidade de gênero, estado de saúde, condição
Controle Social da Saúde no âmbito nacional e as reiteradas socioeconômica, escolaridade, limitação física, intelectual,
demandas dos Conselhos Estaduais e Municipais referentes funcional e outras.
às propostas de composição, organização e funcionamento, § 4º Para o cumprimento do previsto no § 3º, serão
conforme o art. 1º, § 2º, da Lei nº 8.142, de 28 de dezembro adotadas estratégias que permitam minimizar
de 1990; desigualdades/iniquidades, de modo a evitar exclusão social
Considerando a Portaria nº 971/GM/MS, de 3 de maio de de grupos que possam vir a sofrer estigmatização ou
2006, que aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas discriminação, de maneira que impacte na autonomia e na
e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde; situação de saúde.
Considerando a Portaria nº 2.715/GM/MS, de 17 de Art. 3º São Princípios e Diretrizes do SUS e da RAS a
novembro de 2011, que atualiza a Política Nacional de serem operacionalizados na Atenção Básica:
Alimentação e Nutrição; I - Princípios:
Considerando a Portaria Interministerial Nº 1, de 2 de a) Universalidade;
janeiro de 2014, que institui a Política Nacional de Atenção b) Equidade; e
Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no c) Integralidade.
Sistema Prisional (PNAISP) no âmbito do Sistema Único de II - Diretrizes:
Saúde (SUS); a) Regionalização e Hierarquização:
Considerando as Diretrizes da Política Nacional de b) Territorialização;
Saúde Bucal; c) População Adscrita;
Considerando a Lei nº 12.871, de 22 de outubro de 2013, d) Cuidado centrado na pessoa;
que Institui o Programa Mais Médicos, alterando a Lei no e) Resolutividade;
8.745, de 9 de dezembro de 1993, e a Lei no 6.932, de 7 de f) Longitudinalidade do cuidado;
julho de 1981; g) Coordenação do cuidado;
Considerando o Decreto nº 7.508, de 21 de junho de h) Ordenação da rede; e
2011, que regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de i) Participação da comunidade.
1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único de Art. 4º A PNAB tem na Saúde da Família sua estratégia
Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à prioritária para expansão e consolidação da Atenção Básica.

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LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA
Parágrafo único. Serão reconhecidas outras estratégias utilização dos dados para o planejamento das ações;
de Atenção Básica, desde que observados os princípios e XIV - promover o intercâmbio de experiências entre
diretrizes previstos nesta portaria e tenham caráter gestores e entre trabalhadores, por meio de cooperação
transitório, devendo ser estimulada sua conversão em horizontal, e estimular o desenvolvimento de estudos e
Estratégia Saúde da Família. pesquisas que busquem o aperfeiçoamento e a
Art. 5º A integração entre a Vigilância em Saúde e disseminação de tecnologias e conhecimentos voltados à
Atenção Básica é condição essencial para o alcance de Atenção Básica;
resultados que atendam às necessidades de saúde da XV - estimular a participação popular e o controle social;
população, na ótica da integralidade da atenção à saúde e XVI - garantir espaços físicos e ambientes adequados
visa estabelecer processos de trabalho que considerem os para a formação de estudantes e trabalhadores de saúde,
determinantes, os riscos e danos à saúde, na perspectiva da para a formação em serviço e para a educação permanente
intra e intersetorialidade. e continuada nas Unidades Básicas de Saúde;
Art. 6º Todos os estabelecimentos de saúde que prestem XVII - desenvolver as ações de assistência farmacêutica
ações e serviços de Atenção Básica, no âmbito do SUS, de e do uso racional de medicamentos, garantindo a
acordo com esta portaria serão denominados Unidade disponibilidade e acesso a medicamentos e insumos em
Básica de Saúde - UBS. Parágrafo único. Todas as UBS são conformidade com a RENAME, os protocolos clínicos e
consideradas potenciais espaços de educação, formação de diretrizes terapêuticas, e com a relação específica
recursos humanos, pesquisa, ensino em serviço, inovação e complementar estadual, municipal, da união, ou do distrito
avaliação tecnológica para a RAS. federal de medicamentos nos pontos de atenção, visando a
integralidade do cuidado;
CAPÍTULO I XVIII - adotar estratégias para garantir um amplo escopo
DAS RESPONSABILIDADES de ações e serviços a serem ofertados na Atenção Básica,
Art. 7º São responsabilidades comuns a todas as esferas compatíveis com as necessidades de saúde de cada
de governo: localidade;
I - contribuir para a reorientação do modelo de atenção e XIX - estabelecer mecanismos regulares de auto
de gestão com base nos princípios e nas diretrizes contidas avaliação para as equipes que atuam na Atenção Básica, a
nesta portaria; fim de fomentar as práticas de monitoramento, avaliação e
II - apoiar e estimular a adoção da Estratégia Saúde da planejamento em saúde; e
Família - ESF como estratégia prioritária de expansão, XX -articulação com o subsistema Indígena nas ações de
consolidação e qualificação da Atenção Básica; Educação Permanente e gestão da rede assistencial.
III - garantir a infraestrutura adequada e com boas Art. 8º Compete ao Ministério da Saúde a gestão das
condições para o funcionamento das UBS, garantindo ações de Atenção Básica no âmbito da União, sendo
espaço, mobiliário e equipamentos, além de acessibilidade responsabilidades da União:
de pessoas com deficiência, de acordo com as normas I -definir e rever periodicamente, de forma pactuada, na
vigentes; Comissão Intergestores Tripartite (CIT), as diretrizes da
IV - contribuir com o financiamento tripartite para Política Nacional de Atenção Básica;
fortalecimento da Atenção Básica; II - garantir fontes de recursos federais para compor o
V - assegurar ao usuário o acesso universal, equânime e financiamento da Atenção Básica;
ordenado às ações e serviços de saúde do SUS, além de III - destinar recurso federal para compor o financiamento
outras atribuições que venham a ser pactuadas pelas tripartite da Atenção Básica, de modo mensal, regular e
Comissões Intergestores; automático, prevendo, entre outras formas, o repasse fundo
VI - estabelecer, nos respectivos Planos Municipais, a fundo para custeio e investimento das ações e serviços;
Estaduais e Nacional de Saúde, prioridades, estratégias e IV - prestar apoio integrado aos gestores dos Estados,
metas para a organização da Atenção Básica; do Distrito Federal e dos municípios no processo de
VII -desenvolver mecanismos técnicos e estratégias qualificação e de consolidação da Atenção Básica;
organizacionais de qualificação da força de trabalho para V - definir, de forma tripartite, estratégias de articulação
gestão e atenção à saúde, estimular e viabilizar a formação, junto às gestões estaduais e municipais do SUS, com vistas
educação permanente e continuada dos profissionais, à institucionalização da avaliação e qualificação da Atenção
garantir direitos trabalhistas e previdenciários, qualificar os Básica;
vínculos de trabalho e implantar carreiras que associem VI - estabelecer, de forma tripartite, diretrizes nacionais e
desenvolvimento do trabalhador com qualificação dos disponibilizar instrumentos técnicos e pedagógicos que
serviços ofertados às pessoas; facilitem o processo de gestão, formação e educação
VIII - garantir provimento e estratégias de fixação de permanente dos gestores e profissionais da Atenção Básica;
profissionais de saúde para a Atenção Básica com vistas a VII - articular com o Ministério da Educação estratégias
promover ofertas de cuidado e o vínculo; de indução às mudanças curriculares nos cursos de
IX - desenvolver, disponibilizar e implantar os Sistemas graduação e pósgraduação na área da saúde, visando à
de Informação da Atenção Básica vigentes, garantindo formação de profissionais e gestores com perfil adequado à
mecanismos que assegurem o uso qualificado dessas Atenção Básica; e
ferramentas nas UBS, de acordo com suas VIII -apoiar a articulação de instituições, em parceria com
responsabilidades; as Secretarias de Saúde Municipais, Estaduais e do Distrito
X - garantir, de forma tripartite, dispositivos para Federal, para formação e garantia de educação permanente
transporte em saúde, compreendendo as equipes, pessoas e continuada para os profissionais de saúde da Atenção
para realização de procedimentos eletivos, exames, dentre Básica, de acordo com as necessidades locais.
outros, buscando assegurar a resolutividade e a Art. 9º Compete às Secretarias Estaduais de Saúde e ao
integralidade do cuidado na RAS, conforme necessidade do Distrito Federal a coordenação do componente estadual e
território e planejamento de saúde; distrital da Atenção Básica, no âmbito de seus limites
XI - planejar, apoiar, monitorar e avaliar as ações da territoriais e de acordo com as políticas, diretrizes e
Atenção Básica nos territórios; prioridades estabelecidas, sendo responsabilidades dos
XII - estabelecer mecanismos de autoavaliação, controle, Estados e do Distrito Federal:
regulação e acompanhamento sistemático dos resultados I - pactuar, na Comissão Intergestores Bipartite (CIB) e
alcançados pelas ações da Atenção Básica, como parte do Colegiado de Gestão no Distrito Federal, estratégias,
processo de planejamento e programação; diretrizes e normas para a implantação e implementação da
XIII - divulgar as informações e os resultados alcançados Política Nacional de Atenção Básica vigente nos Estados e
pelas equipes que atuam na Atenção Básica, estimulando a Distrito Federal;

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LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA
II - destinar recursos estaduais para compor o Secretaria Estadual de Saúde pelo monitoramento da
financiamento tripartite da Atenção Básica, de modo regular utilização dos recursos da Atenção Básica transferidos aos
e automático, prevendo, entre outras formas, o repasse município;
fundo a fundo para custeio e investimento das ações e X - inserir a Estratégia de Saúde da Família em sua rede
serviços; de serviços como a estratégia prioritária de organização da
III - ser corresponsável pelo monitoramento das ações de
Atenção Básica;
Atenção Básica nos municípios;
IV - analisar os dados de interesse estadual gerados XI -prestar apoio institucional às equipes e serviços no
pelos sistemas de informação, utilizá-los no planejamento e processo de implantação, acompanhamento, e qualificação
divulgar os resultados obtidos; da Atenção Básica e de ampliação e consolidação da
V -verificar a qualidade e a consistência de arquivos dos Estratégia Saúde da Família;
sistemas de informação enviados pelos municípios, de XII - definir estratégias de institucionalização da
acordo com prazos e fluxos estabelecidos para cada avaliação da Atenção Básica;
sistema, retornando informações aos gestores municipais; XIII -desenvolver ações, articular instituições e promover
VI - divulgar periodicamente os relatórios de indicadores acesso aos trabalhadores, para formação e garantia de
da Atenção Básica, com intuito de assegurar o direito educação permanente e continuada aos profissionais de
fundamental de acesso à informação; saúde de todas as equipes que atuam na Atenção Básica
VII - prestar apoio institucional aos municípios no
implantadas;
processo de implantação, acompanhamento e qualificação
XIV - selecionar, contratar e remunerar os profissionais
da Atenção Básica e de ampliação e consolidação da
Estratégia Saúde da Família; que compõem as equipes multiprofissionais de Atenção
VIII - definir estratégias de articulação com as gestões Básica, em conformidade com a legislação vigente;
municipais, com vistas à institucionalização do XV -garantir recursos materiais, equipamentos e insumos
monitoramento e avaliação da Atenção Básica; suficientes para o funcionamento das UBS e equipes, para a
IX - disponibilizar aos municípios instrumentos técnicos e execução do conjunto de ações propostas;
pedagógicos que facilitem o processo de formação e XVI - garantir acesso ao apoio diagnóstico e laboratorial
educação permanente dos membros das equipes de gestão necessário ao cuidado resolutivo da população;
e de atenção; XVII -alimentar, analisar e verificar a qualidade e a
X - articular instituições de ensino e serviço, em parceria consistência dos dados inseridos nos sistemas nacionais de
com as Secretarias Municipais de Saúde, para formação e informação a serem enviados às outras esferas de gestão,
garantia de educação permanente aos profissionais de
utilizá-los no planejamento das ações e divulgar os
saúde das equipes que atuam na Atenção Básica; e
XI -fortalecer a Estratégia Saúde da Família na rede de resultados obtidos, a fim de assegurar o direito fundamental
serviços como a estratégia prioritária de organização da de acesso à informação;
Atenção Básica. XVIII - organizar o fluxo de pessoas, visando à garantia
Art. 10 Compete às Secretarias Municipais de Saúde a das referências a serviços e ações de saúde fora do âmbito
coordenação do componente municipal da Atenção Básica, da Atenção Básica e de acordo com as necessidades de
no âmbito de seus limites territoriais, de acordo com a saúde das mesmas; e
política, diretrizes e prioridades estabelecidas, sendo IX - assegurar o cumprimento da carga horária integral
responsabilidades dos Municípios e do Distrito Federal: de todos os profissionais que compõem as equipes que
I -organizar, executar e gerenciar os serviços e ações de atuam na Atenção Básica, de acordo com as jornadas de
Atenção Básica, de forma universal, dentro do seu território, trabalho especificadas no Sistema de Cadastro Nacional de
incluindo as unidades próprias e as cedidas pelo estado e
Estabelecimentos de Saúde vigente e a modalidade de
pela União;
atenção.
II - programar as ações da Atenção Básica a partir de
sua base territorial de acordo com as necessidades de saúde Art. 11 A operacionalização da Política Nacional de
identificadas em sua população, utilizando instrumento de Atenção Básica está detalhada no Anexo a esta Portaria.
programação nacional vigente; Art. 12 Fica revogada a Portaria nº 2.488/GM/MS, de 21
III - organizar o fluxo de pessoas, inserindo-as em linhas de outubro de 2011.
de cuidado, instituindo e garantindo os fluxos definidos na Art. 13. Esta Portaria entra em vigor na data de sua
Rede de Atenção à Saúde entre os diversos pontos de publicação.
atenção de diferentes configurações tecnológicas, integrados RICARDO BARROS
por serviços de apoio logístico, técnico e de gestão, para
garantir a integralidade do cuidado. ANEXO
IV -estabelecer e adotar mecanismos de POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA
encaminhamento responsável pelas equipes que atuam na OPERACIONALIZAÇÃO
Atenção Básica de acordo com as necessidades de saúde CAPÍTULO I
das pessoas, mantendo a vinculação e coordenação do DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
cuidado; DA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE
V - manter atualizado mensalmente o cadastro de A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) é
equipes, profissionais, carga horária, serviços resultado da experiência acumulada por um conjunto de
disponibilizados, equipamentos e outros no Sistema de atores envolvidos historicamente com o desenvolvimento e a
Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde vigente, consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS), como
conforme regulamentação específica; movimentos sociais, população, trabalhadores e gestores
VI - organizar os serviços para permitir que a Atenção das três esferas de governo. Esta Portaria, conforme
Básica atue como a porta de entrada preferencial e normatização vigente no SUS, que define a organização em
ordenadora da RAS; Redes de Atenção à Saúde (RAS) como estratégia para um
VII - fomentar a mobilização das equipes e garantir cuidado integral e direcionado às necessidades de saúde da
espaços para a participação da comunidade no exercício do população, destaca a Atenção Básica como primeiro ponto
controle social; de atenção e porta de entrada preferencial do sistema, que
VIII - destinar recursos municipais para compor o deve ordenar os fluxos e contrafluxos de pessoas , produtos
financiamento tripartite da Atenção Básica; e informações em todos os pontos de atenção à saúde.
IX - ser corresponsável, junto ao Ministério da Saúde, e

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LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA
Esta Política Nacional de Atenção Básica tem na Saúde estes fins, além da ampliação da autonomia das pessoas e
da Família sua estratégia prioritária para expansão e coletividade.
consolidação da Atenção Básica. Contudo reconhece outras
estratégias de organização da Atenção Básica nos territórios, 1.2 - Diretrizes
que devem seguir os princípios e diretrizes da Atenção - Regionalização e Hierarquização: dos pontos de
Básica e do SUS, configurando um processo progressivo e atenção da RAS, tendo a Atenção Básica como ponto de
singular que considera e inclui as especificidades comunicação entre esses. Considera-se regiões de saúde
locorregionais, ressaltando a dinamicidade do território e a como um recorte espacial estratégico para fins de
existência de populações específicas, itinerantes e planejamento, organização e gestão de redes de ações e
dispersas, que também são de responsabilidade da equipe serviços de saúde em determinada localidade, e a
enquanto estiverem no território, em consonância com a hierarquização como forma de organização de pontos de
política de promoção da equidade em saúde. atenção da RAS entre si, com fluxos e referências
A Atenção Básica considera a pessoa em sua estabelecidos.
singularidade e inserção sociocultural, buscando produzir a - Territorialização e Adstrição: de forma a permitir o
atenção integral, incorporar as ações de vigilância em saúde planejamento, a programação descentralizada e o
- a qual constitui um processo contínuo e sistemático de desenvolvimento de ações setoriais e intersetoriais com foco
coleta, consolidação, análise e disseminação de dados sobre em um território específico, com impacto na situação, nos
eventos relacionados à saúde - além disso, visa o condicionantes e determinantes da saúde das pessoas e
planejamento e a implementação de ações públicas para a coletividades que constituem aquele espaço e estão,
proteção da saúde da população, a prevenção e o controle portanto, adstritos a ele. Para efeitos desta portaria,
de riscos, agravos e doenças, bem como para a promoção considerase Território a unidade geográfica única, de
da saúde. Destaca-se ainda o desafio de superar construção descentralizada do SUS na execução das ações
compreensões simplistas, nas quais, entre outras, há estratégicas destinadas à vigilância, promoção, prevenção,
dicotomia e oposição entre a assistência e a promoção da proteção e recuperação da saúde. Os Territórios são
destinados para dinamizar a ação em saúde pública, o
saúde. Para tal, deve-se partir da compreensão de que a
estudo social, econômico, epidemiológico, assistencial,
saúde possui múltiplos determinantes e condicionantes e que
cultural e identitário, possibilitando uma ampla visão de cada
a melhora das condições de saúde das pessoas e
unidade geográfica e subsidiando a atuação na Atenção
coletividades passa por diversos fatores, os quais grande
Básica, de forma que atendam a necessidade da população
parte podem ser abordados na Atenção Básica.
adscrita e ou as populações específicas.
III - População Adscrita: população que está presente no
1 - PRINCÍPIOS E DIRETRIZES território da UBS, de forma a estimular o desenvolvimento de
DA ATENÇÃO BÁSICA relações de vínculo e responsabilização entre as equipes e a
Os princípios e diretrizes, a caracterização e a relação de população, garantindo a continuidade das ações de saúde e
serviços ofertados na Atenção Básica serão orientadores a longitudinalidade do cuidado e com o objetivo de ser
para a sua organização nos municípios, conforme descritos a referência para o seu cuidado.
seguir: - Cuidado Centrado na Pessoa: aponta para o
desenvolvimento de ações de cuidado de forma
1.1 - Princípios singularizada, que auxilie as pessoas a desenvolverem os
- Universalidade: possibilitar o acesso universal e conhecimentos, aptidões, competências e a confiança
contínuo a serviços de saúde de qualidade e resolutivos, necessária para gerir e tomar decisões embasadas sobre
caracterizados como a porta de entrada aberta e preferencial sua própria saúde e seu cuidado de saúde de forma mais
da RAS (primeiro contato), acolhendo as pessoas e efetiva. O cuidado é construído com as pessoas, de acordo
promovendo a vinculação e corresponsabilização pela com suas necessidades e potencialidades na busca de uma
atenção às suas necessidades de saúde. O estabelecimento vida independente e plena. A família, a comunidade e outras
de mecanismos que assegurem acessibilidade e acolhimento formas de coletividade são elementos relevantes, muitas
pressupõe uma lógica de organização e funcionamento do vezes condicionantes ou determinantes na vida das pessoas
serviço de saúde que parte do princípio de que as equipes e, por consequência, no cuidado.
que atuam na Atenção Básica nas UBS devem receber e - Resolutividade: reforça a importância da Atenção
ouvir todas as pessoas que procuram seus serviços, de Básica ser resolutiva, utilizando e articulando diferentes
modo universal, de fácil acesso e sem diferenciações tecnologias de cuidado individual e coletivo, por meio de uma
excludentes, e a partir daí construir respostas para suas clínica ampliada capaz de construir vínculos positivos e
demandas e necessidades. intervenções clínica e sanitariamente efetivas, centrada na
- Equidade: ofertar o cuidado, reconhecendo as pessoa, na perspectiva de ampliação dos graus de
diferenças nas condições de vida e saúde e de acordo com autonomia dos indivíduos e grupos sociais. Deve ser capaz
as necessidades das pessoas, considerando que o direito à de resolver a grande maioria dos problemas de saúde da
saúde passa pelas diferenciações sociais e deve atender à população, coordenando o cuidado do usuário em outros
diversidade. Ficando proibida qualquer exclusão baseada em pontos da RAS, quando necessário.
idade, gênero, cor, crença, nacionalidade, etnia, orientação VI - Longitudinalidade do cuidado: pressupõe a
sexual, identidade de gênero, estado de saúde, condição continuidade da relação de cuidado, com construção de
socioeconômica, escolaridade ou limitação física, intelectual, vínculo e responsabilização entre profissionais e usuários ao
funcional, entre outras, com estratégias que permitam longo do tempo e de modo permanente e consistente,
minimizar desigualdades, evitar exclusão social de grupos acompanhando os efeitos das intervenções em saúde e de
que possam vir a sofrer estigmatização ou discriminação; de outros elementos na vida das pessoas , evitando a perda de
maneira que impacte na autonomia e na situação de saúde. referências e diminuindo os riscos de iatrogenia que são
- Integralidade: É o conjunto de serviços executados pela decorrentes do desconhecimento das histórias de vida e da
equipe de saúde que atendam às necessidades da falta de coordenação do cuidado.
população adscrita nos campos do cuidado, da promoção e VII - Coordenar o cuidado: elaborar, acompanhar e
manutenção da saúde, da prevenção de doenças e agravos, organizar o fluxo dos usuários entre os pontos de atenção
da cura, da reabilitação, redução de danos e dos cuidados das RAS. Atuando como o centro de comunicação entre os
paliativos. Inclui a responsabilização pela oferta de serviços diversos pontos de atenção, responsabilizando-se pelo
em outros pontos de atenção à saúde e o reconhecimento cuidado dos usuários em qualquer destes pontos através de
adequado das necessidades biológicas, psicológicas, uma relação horizontal, contínua e integrada, com o objetivo
ambientais e sociais causadoras das doenças, e manejo das de produzir a gestão compartilhada da atenção integral.
diversas tecnologias de cuidado e de gestão necessárias a Articulando também as outras estruturas das redes de saúde
e intersetoriais, públicas, comunitárias e sociais.

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LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA
VIII - Ordenar as redes: reconhecer as necessidades de servem como ferramenta, ao mesmo tempo, de gestão e de
saúde da população sob sua responsabilidade, organizando cuidado, pois tanto orientam as decisões dos profissionais
as necessidades desta população em relação aos outros solicitantes quanto se constituem como referência que
pontos de atenção à saúde, contribuindo para que o modula a avaliação das solicitações pelos médicos
planejamento das ações, assim como, a programação dos reguladores.
serviços de saúde, parta das necessidades de saúde das Com isso, espera-se que ocorra uma ampliação do
pessoas. cuidado clínico e da resolutividade na Atenção Básica,
IX - Participação da comunidade: estimular a evitando a exposição das pessoas a consultas e/ou
participação das pessoas, a orientação comunitária das procedimentos desnecessários. Além disso, com a
ações de saúde na Atenção Básica e a competência cultural organização do acesso, induz-se ao uso racional dos
no cuidado, como forma de ampliar sua autonomia e recursos em saúde, impede deslocamentos desnecessários
capacidade na construção do cuidado à sua saúde e das e traz maior eficiência e equidade à gestão das listas de
pessoas e coletividades do território. Considerando ainda o espera.
enfrentamento dos determinantes e condicionantes de A gestão municipal deve articular e criar condições para
saúde, através de articulação e integração das ações que a referência aos serviços especializados ambulatoriais,
intersetoriais na organização e orientação dos serviços de sejam realizados preferencialmente pela Atenção Básica,
saúde, a partir de lógicas mais centradas nas pessoas e no sendo de sua responsabilidade:
exercício do controle social. a) Ordenar o fluxo das pessoas nos demais pontos de
atenção da RAS;
2 - A ATENÇÃO BÁSICA NA REDE DE ATENÇÃO À b) Gerir a referência e contrarreferência em outros
SAÚDE pontos de atenção; e
Esta portaria, conforme normatização vigente do SUS, c) Estabelecer relação com os especialistas que cuidam
define a organização na RAS, como estratégia para um das pessoas do território.
cuidado integral e direcionado às necessidades de saúde da
população. As RAS constituem-se em arranjos organizativos 3 - INFRAESTRUTURA, AMBIÊNCIA
formados por ações e serviços de saúde com diferentes EFUNCIONAMENTO DA ATENÇÃO BÁSICA
configurações tecnológicas e missões assistenciais, Este item refere-se ao conjunto de procedimentos que
articulados de forma complementar e com base territorial, e objetiva adequar a estrutura física, tecnológica e de recursos
têm diversos atributos, entre eles, destaca-se: a Atenção humanos das UBS às necessidades de saúde da população
Básica estruturada como primeiro ponto de atenção e de cada território.
principal porta de entrada do sistema, constituída de equipe 3.1 Infraestrutura e ambiência
multidisciplinar que cobre toda a população, integrando, A infraestrutura de uma UBS deve estar adequada ao
coordenando o cuidado e atendendo as necessidades de quantitativo de população adscrita e suas especificidades,
saúde das pessoas do seu território. bem como aos processos de trabalho das equipes e à
O Decreto nº 7.508, de 28 de julho de 2011, que atenção à saúde dos usuários. Os parâmetros de estrutura
regulamenta a Lei nº 8.080/90, define que "o acesso devem, portanto, levar em consideração a densidade
universal, igualitário e ordenado às ações e serviços de demográfica, a composição, atuação e os tipos de equipes,
saúde se inicia pelas portas de entrada do SUS e se perfil da população, e as ações e serviços de saúde a serem
completa na rede regionalizada e hierarquizada". realizados. É importante que sejam previstos espaços físicos
Para que a Atenção Básica possa ordenar a RAS, é e ambientes adequados para a formação de estudantes e
preciso reconhecer as necessidades de saúde da população trabalhadores de saúde de nível médio e superior, para a
sob sua responsabilidade, organizando-as em relação aos formação em serviço e para a educação permanente na
outros pontos de atenção à saúde, contribuindo para que a UBS.
programação dos serviços de saúde parta das necessidades As UBS devem ser construídas de acordo com as
das pessoas, com isso fortalecendo o planejamento normas sanitárias e tendo como referência as normativas de
ascendente. infraestrutura vigentes, bem como possuir identificação
A Atenção Básica é caracterizada como porta de entrada segundo os padrões visuais da Atenção Básica e do SUS.
preferencial do SUS, possui um espaço privilegiado de Devem, ainda, ser cadastradas no Sistema de Cadastro
gestão do cuidado das pessoas e cumpre papel estratégico Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES), de
na rede de atenção, servindo como base para o seu acordo com as normas em vigor para tal.
ordenamento e para a efetivação da integralidade. Para As UBS poderão ter pontos de apoio para o atendimento
tanto, é necessário que a Atenção Básica tenha alta de populações dispersas (rurais, ribeirinhas, assentamentos,
resolutividade, com capacidade clínica e de cuidado e áreas pantaneiras, etc.), com reconhecimento no SCNES,
incorporação de tecnologias leves, leve duras e duras bem como nos instrumentos de monitoramento e avaliação.
(diagnósticas e terapêuticas), além da articulação da A estrutura física dos pontos de apoio deve respeitar as
Atenção Básica com outros pontos da RAS.
normas gerais de segurança sanitária.
Os estados, municípios e o distrito federal, devem
articular ações intersetoriais, assim como a organização da A ambiência de uma UBS refere-se ao espaço físico
RAS, com ênfase nas necessidades locorregionais, (arquitetônico), entendido como lugar social, profissional e de
promovendo a integração das referências de seu território. relações interpessoais, que deve proporcionar uma atenção
Recomenda-se a articulação e implementação de acolhedora e humana para as pessoas, além de um
processos que aumentem a capacidade clínica das equipes, ambiente saudável para o trabalho dos profissionais de
que fortaleçam práticas de microrregulação nas Unidades saúde.
Básicas de Saúde, tais como gestão de filas próprias da UBS Para um ambiente adequado em uma UBS, existem
e dos exames e consultas descentralizados/programados componentes que atuam como modificadores e
para cada UBS, que propiciem a comunicação entre UBS, qualificadores do espaço, recomenda-se contemplar:
centrais de regulação e serviços especializados, com recepção sem grades (para não intimidar ou dificultar a
pactuação de fluxos e protocolos, apoio matricial presencial
comunicação e também garantir privacidade à pessoa),
e/ou a distância, entre outros.
identificação dos serviços existentes, escala dos
Um dos destaques que merecem ser feitos é a
consideração e a incorporação, no processo de profissionais, horários de funcionamento e sinalização de
referenciamento, das ferramentas de telessaúde articulado fluxos, conforto térmico e acústico, e espaços adaptados
às decisões clínicas e aos processos de regulação do para as pessoas com deficiência em conformidade com as
acesso. A utilização de protocolos de encaminhamento normativas vigentes.

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 19 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA
Além da garantia de infraestrutura e ambiência que o parâmetro recomendado, de acordo com as
apropriadas, para a realização da prática profissional na especificidades do território, assegurando-se a qualidade do
Atenção Básica, é necessário disponibilizar equipamentos cuidado.
adequados, recursos humanos capacitados, e materiais e ii) - 4 (quatro) equipes por UBS (Atenção Básica ou
insumos suficientes à atenção à saúde prestada nos Saúde da Família), para que possam atingir seu potencial
municípios e Distrito Federal. resolutivo.
iii) - Fica estipulado para cálculo do teto máximo de
3.2 Tipos de unidades e equipamentos de Saúde equipes de Atenção Básica (eAB) e de Saúde da Família
São considerados unidades ou equipamentos de saúde (eSF), com ou sem os profissionais de saúde bucal, pelas
no âmbito da Atenção Básica: quais o Município e o Distrito Federal poderão fazer jus ao
a) Unidade Básica de Saúde recebimento de recursos financeiros específicos, conforme a
Recomenda-se os seguintes ambientes: seguinte fórmula: População/2.000.
consultório médico e de enfermagem, consultório com iv) - Em municípios ou territórios com menos de 2.000
sanitário, sala de procedimentos, sala de vacinas, área para habitantes, que uma equipe de Saúde da Família (eSF) ou
assistência farmacêutica, sala de inalação coletiva, sala de de Atenção Básica (eAB) seja responsável por toda
procedimentos, sala de coleta/exames, sala de curativos, população;
sala de expurgo, sala de esterilização, sala de observação e Reitera-se a possibilidade de definir outro parâmetro
sala de atividades coletivas para os profissionais da Atenção populacional de responsabilidade da equipe de acordo com
Básica. Se forem compostas por profissionais de saúde especificidades territoriais, vulnerabilidades, riscos e
bucal, será necessário consultório odontológico com equipo dinâmica comunitária respeitando critérios de equidade, ou,
odontológico completo; ainda, pela decisão de possuir um número inferior de
a. área de recepção, local para arquivos e registros, sala pessoas por equipe de Atenção Básica (eAB) e equipe de
multiprofissional de acolhimento à demanda espontânea , Saúde da Família (eSF) para avançar no acesso e na
sala de administração e gerência, banheiro público e para qualidade da Atenção Básica.
funcionários, entre outros ambientes conforme a Para que as equipes que atuam na Atenção Básica
necessidade. possam atingir seu potencial resolutivo, de forma a garantir a
coordenação do cuidado, ampliando o acesso, é necessário
b) Unidade Básica de Saúde Fluvial adotar estratégias que permitam a definição de um amplo
Recomenda-se os seguintes ambientes: escopo dos serviços a serem ofertados na UBS, de forma
a. consultório médico; consultório de enfermagem; área que seja compatível com as necessidades e demandas de
para assistência farmacêutica, laboratório, sala de vacina; saúde da população adscrita, seja por meio da Estratégia
sala de procedimentos; e, se forem compostas por Saúde da Família ou outros arranjos de equipes de Atenção
profissionais de saúde bucal, será necessário consultório Básica (eAB), que atuem em conjunto, compartilhando o
odontológico com equipo odontológico completo; cuidado e apoiando as práticas de saúde nos territórios.
b. área de recepção, banheiro público; banheiro Essa oferta de ações e serviços na Atenção Básica devem
exclusivo para os funcionários; expurgo; cabines com leitos considerar políticas e programas prioritários, as diversas
em número suficiente para toda a equipe; cozinha e outro realidades e necessidades dos territórios e das pessoas, em
ambientes conforme necessidade. parceria com o controle social.
c) Unidade Odontológica Móvel As ações e serviços da Atenção Básica, deverão seguir
Recomenda-se veículo devidamente adaptado para a padrões essenciais e ampliados:
finalidade de atenção à saúde bucal, equipado com: Padrões Essenciais - ações e procedimentos básicos
Compressor para uso odontológico com sistema de relacionados a condições básicas/essenciais de acesso e
filtragem; aparelho de raios-x para radiografias periapicais e qualidade na Atenção Básica; e
interproximais; aventais de chumbo; conjunto peças de mão - Padrões Ampliados -ações e procedimentos
contendo micro-motor com peça reta e contra ângulo, e alta considerados estratégicos para se avançar e alcançar
rotação; gabinete odontológico; cadeira odontológica, equipo padrões elevados de acesso e qualidade na Atenção Básica,
odontológico e refletor odontológico; unidade auxiliar considerando especificidades locais, indicadores e
odontológica; mocho odontológico; autoclave; amalgamador; parâmetros estabelecidos nas Regiões de Saúde.
fotopolimerizador; e refrigerador. A oferta deverá ser pública, desenvolvida em parceria
com o controle social, pactuada nas instâncias
3.3 - Funcionamento interfederativas, com financiamento regulamentado em
Recomenda-se que as Unidades Básicas de Saúde normativa específica.
tenham seu funcionamento com carga horária mínima de 40 Caberá a cada gestor municipal realizar análise de
horas/semanais, no mínimo 5 (cinco) dias da semana e nos demanda do território e ofertas das UBS para mensurar sua
12 meses do ano, possibilitando acesso facilitado à capacidade resolutiva, adotando as medidas necessárias
população. Horários alternativos de funcionamento podem para ampliar o acesso, a qualidade e resolutividade das
ser pactuados através das instâncias de participação social, equipes e serviços da sua UBS.
desde que atendam expressamente a necessidade da A oferta de ações e serviços da Atenção Básica deverá
população, observando, sempre que possível, a carga estar disponível aos usuários de forma clara, concisa e de
horária mínima descrita acima. Como forma de garantir a fácil visualização, conforme padronização pactuada nas
coordenação do cuidado, ampliando o acesso e instâncias gestoras. nTodas as equipes que atuam na
resolutividade das equipes que atuam na Atenção Básica, Atenção Básica deverão garantir a oferta de todas as ações
recomenda-se : e procedimentos do Padrão Essencial e recomenda-se que
i) - População adscrita por equipe de Atenção Básica também realizarem ações e serviços do Padrão Ampliado,
(eAB) e de Saúde da Família (eSF) de 2.000 a 3.500 considerando as necessidades e demandas de saúde das
pessoas, localizada dentro do seu território, garantindo os populações em cada localidade. Os serviços dos padrões
princípios e diretrizes da Atenção Básica. essenciais, bem como os equipamentos e materiais
Além dessa faixa populacional, podem existir outros necessários, devem ser garantidos igualmente para todo o
arranjos de adscrição, conforme vulnerabilidades, riscos e país, buscando uniformidade de atuação da Atenção Básica
dinâmica comunitária, facultando aos gestores locais, no território nacional. Já o elenco de ações e procedimentos
conjuntamente com as equipes que atuam na Atenção ampliados deve contemplar de forma mais flexível às
Básica e Conselho Municipal ou Local de Saúde, a necessidades e demandas de saúde das populações em
possibilidade de definir outro parâmetro populacional de cada localidade, sendo definido a partir de suas
responsabilidade da equipe, podendo ser maior ou menor do especificidades locorregionais.

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LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA
As unidades devem organizar o serviço de modo a trabalho dos profissionais das equipes e os horários e dias
otimizar os processos de trabalho, bem como o acesso aos de funcionamento devem ser organizados de modo que
demais níveis de atenção da RAS. garantam amplamente acesso, o vínculo entre as pessoas e
Toda UBS deve monitorar a satisfação de seus usuários, profissionais, a continuidade, coordenação e
oferecendo o registro de elogios, críticas ou reclamações, longitudinalidade do cuidado.
por meio de livros, caixas de sugestões ou canais A distribuição da carga horária dos profissionais é de
eletrônicos. As UBS deverão assegurar o acolhimento e responsabilidade do gestor, devendo considerar o perfil
escuta ativa e qualificada das pessoas, mesmo que não demográfico e epidemiológico local para escolha da
sejam da área de abrangência da unidade, com classificação especialidade médica, estes devem atuar como generalistas
de risco e encaminhamento responsável de acordo com as nas equipes de Atenção Básica (eAB).
necessidades apresentadas, articulando-se com outros Importante ressaltar que para o funcionamento a equipe
serviços de forma resolutiva, em conformidade com as linhas deverá contar também com profissionais de nível médio
de cuidado estabelecidas. como técnico ou auxiliar de enfermagem.
Deverá estar afixado em local visível, próximo à entrada
da UBS:
- Identificação e horário de atendimento; 3 - Equipe de Saúde Bucal (eSB): Modalidade que
- Mapa de abrangência, com a cobertura de cada equipe; pode compor as equipes que atuam na atenção básica,
- Identificação do Gerente da Atenção Básica no território constituída por um cirurgião-dentista e um técnico em
e dos componentes de cada equipe da UBS; saúde bucal e/ou auxiliar de saúde bucal.
- Relação de serviços disponíveis; e Os profissionais de saúde bucal que compõem as
- Detalhamento das escalas de atendimento de cada equipes de Saúde da Família (eSF) e de Atenção Básica
equipe. (eAB) e de devem estar vinculados à uma UBS ou a Unidade
Odontológica Móvel, podendo se organizar nas seguintes
modalidades:
3.4 - Tipos de Equipes: Modalidade I: Cirurgião-dentista e auxiliar em saúde
1 - Equipe de Saúde da Família (eSF): É a estratégia bucal (ASB) ou técnico em saúde bucal (TSB) e;
prioritária de atenção à saúde e visa à reorganização da Modalidade II: Cirurgião-dentista, TSB e ASB, ou outro
Atenção Básica no país, de acordo com os preceitos do TSB.
SUS. É considerada como estratégia de expansão, Independente da modalidade adotada, os profissionais
qualificação e consolidação da Atenção Básica, por favorecer de Saúde Bucal são vinculados a uma equipe de Atenção
uma reorientação do processo de trabalho com maior Básica (eAB) ou equipe de Saúde da Família (eSF), devendo
potencial de ampliar a resolutividade e impactar na situação compartilhar a gestão e o processo de trabalho da equipe,
de saúde das pessoas e coletividades, além de propiciar tendo responsabilidade sanitária pela mesma população e
uma importante relação custo-efetividade. território adstrito que a equipe de Saúde da Família ou
Composta no mínimo por médico, preferencialmente da Atenção Básica a qual integra.
especialidade medicina de família e comunidade, enfermeiro, Cada equipe de Saúde de Família que for implantada
preferencialmente especialista em saúde da família; auxiliar com os profissionais de saúde bucal ou quando se introduzir
e/ou técnico de enfermagem e agente comunitário de saúde pela primeira vez os profissionais de saúde bucal numa
(ACS). Podendo fazer parte da equipe o agente de combate equipe já implantada, modalidade I ou II, o gestor receberá
às endemias (ACE) e os profissionais de saúde bucal: do Ministério da Saúde os equipamentos odontológicos,
cirurgião-dentista, preferencialmente especialista em saúde através de doação direta ou o repasse de recursos
da família, e auxiliar ou técnico em saúde bucal. necessários para adquiri-los (equipo odontológico completo).
O número de ACS por equipe deverá ser definido de
acordo com base populacional, critérios demográficos, 4 - Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção
epidemiológicos e socioeconômicos, de acordo com Básica (Nasf-AB)
definição local. Constitui uma equipe multiprofissional e interdisciplinar
Em áreas de grande dispersão territorial, áreas de risco e composta por categorias de profissionais da saúde,
vulnerabilidade social, recomenda-se a cobertura de 100% complementar àsequipes que atuam na Atenção Básica. É
da população com número máximo de 750 pessoas por ACS.
formada por diferentes ocupações (profissões e
Para equipe de Saúde da Família, há a obrigatoriedade
de carga horária de 40 (quarenta) horas semanais para todos especialidades) da área da saúde, atuando de maneira
os profissionais de saúde membros da ESF. Dessa forma, os integrada para dar suporte (clínico, sanitário e pedagógico)
profissionais da ESF poderão estar vinculados a apenas 1 aos profissionais das equipes de Saúde da Família (eSF) e
(uma) equipe de Saúde da Família, no SCNES vigente. de Atenção Básica (eAB).
2 - Equipe da Atenção Básica (eAB): esta modalidade Busca-se que essa equipe seja membro orgânico da
deve atender aos princípios e diretrizes propostas para a AB. Atenção Básica, vivendo integralmente o dia a dia nas UBS e
A gestão municipal poderá compor equipes de Atenção trabalhando de forma horizontal e interdisciplinar com os
Básica (eAB) de acordo com características e necessidades demais profissionais, garantindo a longitudinalidade do
do município. Como modelo prioritário é a ESF, as equipes cuidado e a prestação de serviços diretos à população. Os
de Atenção Básica (eAB) podem posteriormente se organizar diferentes profissionais devem estabelecer e compartilhar
tal qual o modelo prioritário.
saberes, práticas e gestão do cuidado, com uma visão
As equipes deverão ser compostas minimamente por
comum e aprender a solucionar problemas pela
médicos preferencialmente da especialidade medicina de
família e comunidade, enfermeiro preferencialmente comunicação, de modo a maximizar as habilidades
especialista em saúde da família, auxiliares de enfermagem singulares de cada um.
e ou técnicos de enfermagem. Poderão agregar outros Deve estabelecer seu processo de trabalho a partir de
profissionais como dentistas, auxiliares de saúde bucal e ou problemas, demandas e necessidades de saúde de pessoas
técnicos de saúde bucal, agentes comunitários de saúde e e grupos sociais em seus territórios, bem como a partir de
agentes de combate à endemias. dificuldades dos profissionais de todos os tipos de equipes
A composição da carga horária mínima por categoria que atuam na Atenção Básica em suas análises e manejos.
profissional deverá ser de 10 (dez) horas, com no máximo de Para tanto, faz-se necessário o compartilhamento de
3 (três) profissionais por categoria, devendo somar no saberes, práticas intersetoriais e de gestão do cuidado em
mínimo 40 horas/semanais. rede e a realização de educação permanente e gestão de
O processo de trabalho, a combinação das jornadas de
coletivos nos territórios sob responsabilidade destas equipes.

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LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA
Ressalta-se que os Nasf-AB não se constituem como g. a atuação em ações básicas de saúde deve visar à
serviços com unidades físicas independentes ou especiais, e integralidade do cuidado no território; e h.cadastrar,
não são de livre acesso para atendimento individual ou preencher e informar os dados através do Sistema de
coletivo (estes, quando necessários, devem ser regulados Informação em Saúde para a Atenção Básica vigente.
pelas equipes que atuam na Atenção Básica). Devem, a
partir das demandas identificadas no trabalho con-junto com 3.5 - EQUIPES DE ATENÇÃO BÁSICA PARA
as equipes, atuar de forma integrada à Rede de Atenção à POPULAÇÕES ESPECÍFICAS
Saúde e seus diversos pontos de atenção, além de outros Todos os profissionais do SUS e, especialmente, da
equipamentos sociais públicos/privados, redes sociais e Atenção Básica são responsáveis pela atenção à saúde de
comunitárias. populações que apresentem vulnerabilidades sociais
Compete especificamente à Equipe do Núcleo Ampliado específicas e, por consequência, necessidades de saúde
de Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf- AB): específicas, assim como pela atenção à saúde de qualquer
a. Participar do planejamento conjunto com as equipes outra pessoa. Isso porque a Atenção Básica possui
que atuam na Atenção Básica à que estão vinculadas; responsabilidade direta sobre ações de saúde em
b. Contribuir para a integralidade do cuidado aos determinado território, considerando suas singularidades, o
usuários do SUS principalmente por intermédio da ampliação que possibilita intervenções mais oportunas nessas
da clínica, auxiliando no aumento da capacidade de análise e situações específicas, com o objetivo de ampliar o acesso à
de intervenção sobre problemas e necessidades de saúde, RAS e ofertar uma atenção integral à saúde.
tanto em termos clínicos quanto sanitários; e Assim, toda equipe de Atenção Básica deve realizar
c. Realizar discussão de casos, atendimento individual, atenção à saúde de populações específicas. Em algumas
compartilhado, interconsulta, construção conjunta de projetos realidades, contudo, ainda é possível e necessário dispor,
terapêuticos, educação permanente, intervenções no além das equipes descritas anteriormente, de equipes
território e na saúde de grupos populacionais de todos os adicionais para realizar as ações de saúde à populações
ciclos de vida, e da coletividade, ações intersetoriais, ações específicas no âmbito da Atenção Básica, que devem atuar
de prevenção e promoção da saúde, discussão do processo de forma integrada para a qualificação do cuidado no
de trabalho das equipes dentre outros, no território. território. Aponta-se para um horizonte em que as equipes
Poderão compor os NASF-AB as ocupações do Código que atuam na Atenção Básica possam incorporar tecnologias
Brasileiro de Ocupações - CBO na área de saúde: Médico dessas equipes específicas, de modo que se faça uma
Acupunturista; Assistente Social; Profissional/Professor de transição para um momento em que não serão necessárias
Educação Física; Farmacêutico; Fisioterapeuta; essas equipes específicas, e todas as pessoas e populações
Fonoaudiólogo; Médico Ginecologista/Obstetra; Médico serão acompanhadas pela eSF.
Homeopata; Nutricionista; Médico Pediatra; Psicólogo; São consideradas equipes de Atenção Básica para
Médico Psiquiatra; Terapeuta Ocupacional; Médico Geriatra; Populações Específicas:
Médico Internista (clinica médica), Médico do Trabalho,
Médico Veterinário, profissional com formação em arte e 3.6 - ESPECIFICIDADES DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA
educação (arte educador) e profissional de saúde sanitarista, FAMÍLIA
ou seja, profissional graduado na área de saúde com pós- 1 - Equipes de Saúde da Família para o atendimento da
graduação em saúde pública ou coletiva ou graduado População Ribeirinha da Amazônia Legal e Pantaneira:
diretamente em uma dessas áreas conforme normativa Considerando as especificidades locorregionais, os
vigente. municípios da Amazônia Legal e Pantaneiras podem optar
A definição das categorias profissionais é de autonomia entre 2 (dois) arranjos organizacionais para equipes Saúde
do gestor local, devendo ser escolhida de acordo com as da Família, além dos existentes para o restante do país:
necessidades do territórios. a. Equipe de Saúde da Família Ribeirinha (eSFR): São
equipes que desempenham parte significativa de suas
5 - Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde funções em UBS construídas e/ou localizadas nas
(EACS): comunidades pertencentes à área adstrita e cujo acesso se
É prevista a implantação da Estratégia de Agentes dá por meio fluvial e que, pela grande dispersão territorial,
Comunitários de Saúde nas UBS como uma possibilidade necessitam de embarcações para atender as comunidades
para a reorganização inicial da Atenção Básica com vistas à dispersas no território. As eSFR são vinculadas a uma UBS,
implantação gradual da Estratégia de Saúde da Família ou que pode estar localizada na sede do Município ou em
como uma forma de agregar os agentes comunitários a alguma comunidade ribeirinha localizada na área adstrita.
outras maneiras de organização da Atenção Básica. São A eSFR será formada por equipe multiprofissional
itens necessários à implantação desta estratégia: composta por, no mínimo: 1 (um) médico, preferencialmente
a.a existência de uma Unidade Básica de Saúde, inscrita da especialidade de Família e Comunidade, 1 (um)
no SCNES vigente que passa a ser a UBS de referência para enfermeiro, preferencialmente especialista em Saúde da
a equipe de agentes comunitários de saúde; Família e 1 (um) auxiliar ou técnico de enfermagem, podendo
b.o número de ACS e ACE por equipe deverá ser acrescentar a esta composição, como parte da equipe
definido de acordo com base populacional (critérios multiprofissional, o ACS e ACE e os profissionais de saúde
demográficos, epidemiológicos e socioeconômicos), bucal:1 (um) cirurgião dentista, preferencialmente
conforme legislação vigente. especialista em saúde da família e 1 (um) técnico ou auxiliar
c.o cumprimento da carga horária integral de 40 horas em saúde bucal.
semanais por toda a equipe de agentes comunitários, por Nas hipóteses de grande dispersão populacional, as
cada membro da equipe; composta por ACS e enfermeiro ESFR podem contar, ainda, com: até 24 (vinte e quatro)
supervisor; Agentes Comunitários de Saúde; até 12 (doze)
d.o enfermeiro supervisor e os ACS devem estar microscopistas, nas regiões endêmicas; até 11 (onze)
cadastrados no SCNES vigente, vinculados à equipe; Auxiliares/Técnicos de enfermagem; e 1 (um)
e.cada ACS deve realizar as ações previstas nas Auxiliar/Técnico de saúde bucal. As ESFR poderão, ainda,
regulamentações vigentes e nesta portaria e ter uma acrescentar até 2 (dois) profissionais da área da saúde de
microárea sob sua responsabilidade, cuja população não nível superior à sua composição, dentre enfermeiros ou
ultrapasse 750 pessoas; outros profissionais previstos nas equipes de Nasf-AB.
f. a atividade do ACS deve se dar pela lógica do Os agentes comunitários de saúde, os auxiliares/técnicos
planejamento do processo de trabalho a partir das de enfermagem extras e os auxiliares/técnicos de saúde
necessidades do território, com priorização para população bucal cumprirão carga horária de até 40 (quarenta) horas
com maior grau de vulnerabilidade e de risco epidemiológico; semanais de trabalho e deverão residir na área de atuação.

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LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA
As eSFR prestarão atendimento à população por, no de Atenção Básica.
mínimo, 14 (quatorze) dias mensais, com carga horária 1 - Equipe de Consultório na Rua (eCR) -equipe de
equivalente a 8 (oito) horas diárias. saúde com composição variável, responsável por articular e
Para as comunidades distantes da UBS de referência, as prestar atenção integral à saúde de pessoas em situação de
eSFR adotarão circuito de deslocamento que garanta o rua ou com características análogas em determinado
atendimento a todas as comunidades assistidas, ao menos a território, em unidade fixa ou móvel, podendo ter as
cada 60 (sessenta) dias, para assegurar a execução das modalidades e respectivos regramentos descritos em
ações de Atenção Básica. Caso necessário, poderão possuir portaria específica.
unidades de apoio, estabelecimentos que servem para São itens necessários para o funcionamento das equipes
atuação das eSFR e que não possuem outras equipes de de Consultório na Rua (eCR):
Saúde da Família vinculadas. a. Realizar suas atividades de forma itinerante,
Para operacionalizar a atenção à saúde das desenvolvendo ações na rua, em instalações específicas, na
comunidades ribeirinhas dispersas no território de unidade móvel e também nas instalações de Unidades
abrangência, a eSFR receberá incentivo financeiro de Básicas de Saúde do território onde está atuando, sempre
custeio para logística, que considera a existência das articuladas e desenvolvendo ações em parceria com as
seguintes estruturas: demais equipes que atuam na atenção básica do território
a) até 4 (quatro) unidades de apoio (ou satélites), (eSF/eAB/UBS e Nasf-AB), e dos Centros de Atenção
vinculadas e informadas no Cadastro Nacional de Psicossocial, da Rede de Urgência/Emergência e dos
Estabelecimento de Saúde vigente, utilizada(s) como base(s) serviços e instituições componentes do Sistema Único de
da(s) equipe(s), onde será realizada a atenção de forma Assistência Social entre outras instituições públicas e da
descentralizada; e sociedade civil;
b) até 4 (quatro) embarcações de pequeno porte b. Cumprir a carga horária mínima semanal de 30 horas.
exclusivas para o deslocamento dos profissionais de saúde Porém seu horário de funcionamento deverá ser adequado
da(s) equipe(s) vinculada(s)s ao Estabelecimento de Saúde às demandas das pessoas em situação de rua, podendo
de Atenção Básica. ocorrer em período diurno e/ou noturno em todos os dias da
Todas as unidades de apoio ou satélites e embarcações semana; e
devem estar devidamente informadas no Cadastro Nacional c. As eCR poderão ser compostas pelas categorias
de Estabelecimento de Saúde vigente, a qual as eSFR estão profissionais especificadas em portaria específica.
vinculadas.
Equipes de Saúde da Família Fluviais (eSFF): São Na composição de cada eCR deve haver,
equipes que desempenham suas funções em Unidades preferencialmente, o máximo de dois profissionais da mesma
Básicas de Saúde Fluviais (UBSF), responsáveis por
profissão de saúde, seja de nível médio ou superior. Todas
comunidades dispersas, ribeirinhas e pertencentes à área
adstrita, cujo acesso se dá por meio fluvial. as modalidades de eCR poderão agregar agentes
A eSFR será formada por equipe multiprofissional comunitários de saúde.
composta por, no mínimo: 1 (um) médico, preferencialmente O agente social, quando houver, será considerado
da especialidade de Família e Comunidade, 1 (um) equivalente ao profissional de nível médio. Entende-se por
enfermeiro, preferencialmente especialista em Saúde da agente social o pro-fissional que desempenha atividades que
Família e 1 (um) auxiliar ou técnico de enfermagem, podendo visam garantir a atenção, a defesa e a proteção às pessoas
acrescentar a esta composição, como parte da equipe em situação de risco pessoal e social, assim como aproximar
multiprofissional, o ACS e ACE e os profissionais de saúde as equipes dos valores, modos de vida e cultura das pessoas
bucal:1 (um) cirurgião dentista, preferencialmente em situação de rua.
especialista em saúde da família e 1 (um) técnico ou auxiliar Para vigência enquanto equipe, deverá cumprir os
em saúde bucal.
seguintes requisitos:
Devem contar também, com um (01) técnico de
I - demonstração do cadastramento da eCR no Sistema
laboratório e/ou bioquímico. Estas equipes poderão incluir,
na composição mínima, os profissionais de saúde bucal, um de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde
(1) cirurgião dentista, preferencialmente especialista em (SCNES); e
saúde da família, e um (01) Técnico ou Auxiliar em Saúde II - alimentação de dados no Sistema de Informação da
Bucal. Atenção Básica vigente, conforme norma específica.
Poderão, ainda, acrescentar até 2 (dois) profissionais da Em Municípios ou áreas que não tenham Consultórios na
área da saúde de nível superior à sua composição, dentre Rua, o cuidado integral das pessoas em situação de rua
enfermeiros ou outros profissionais previstos para os Nasf - deve seguir sendo de responsabilidade das equipes que
AB atuam na Atenção Básica, incluindo os profissionais de
Para as comunidades distantes da Unidade Básica de saúde bucal e os Núcleos Ampliados à Saúde da Família e
Saúde de referência, a eSFF adotará circuito de equipes de Atenção Básica (Nasf-AB) do território onde estas
deslocamento que garanta o atendimento a todas as
pessoas estão concentradas.
comunidades assistidas, ao menos a cada 60 (sessenta)
dias, para assegurar a execução das ações de Atenção Para cálculo do teto das equipes dos Consultórios na
Básica. Rua de cada município, serão tomados como base os dados
Para operacionalizar a atenção à saúde das dos censos populacionais relacionados à população em
comunidades ribeirinhas dispersas no território de situação de rua realizados por órgãos oficiais e reconhecidos
abrangência, onde a UBS Fluvial não conseguir aportar, a pelo Ministério da Saúde.
eSFF poderá receber incentivo financeiro de custeio para As regras estão publicadas em portarias específicas que
logística, que considera a existência das seguintes disciplinam composição das equipes, valor do incentivo
estruturas: financeiro, diretrizes de funcionamento, monitoramento e
a. até 4 (quatro) unidades de apoio (ou satélites), acompanhamento das equipes de consultório na rua entre
vinculadas e informadas no Cadastro Nacional de outras disposições.
Estabelecimento de Saúde vigente, utilizada(s) como base(s)
da(s) equipe(s), onde será realizada a atenção de forma
1 - Equipe de Atenção Básica Prisional (eABP): São
descentralizada; e
compostas por equipe multiprofissional que deve estar
b. até 4 (quatro) embarcações de pequeno porte
cadastrada no Sistema Nacional de Estabelecimentos de
exclusivas para o deslocamento dos profissionais de saúde
Saúde vigente, e com responsabilidade de articular e prestar
da(s) equipe(s) vinculada(s)s ao Estabelecimento de Saúde
atenção integral à saúde das pessoas privadas de liberdade.

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LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA
Com o objetivo de garantir o acesso das pessoas sistema de saúde;
privadas de liberdade no sistema prisional ao cuidado X. Utilizar o Sistema de Informação da Atenção Básica
integral no SUS, é previsto na Política Nacional de Atenção vigente para registro das ações de saúde na AB, visando
Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no subsidiar a gestão, planejamento, investigação clínica e
Sistema Prisional (PNAISP), que os serviços de saúde no epidemiológica, e à avaliação dos serviços de saúde;;
sistema prisional passam a ser ponto de atenção da Rede de XI. Contribuir para o processo de regulação do acesso a
Atenção à Saúde (RAS) do SUS, qualificando também a partir da Atenção Básica, participando da definição de fluxos
Atenção Básica no âmbito prisional como porta de entrada assistenciais na RAS, bem como da elaboração e
do sistema e ordenadora das ações e serviços de saúde, implementação de protocolos e diretrizes clínicas e
devendo realizar suas atividades nas unidades prisionais ou terapêuticas para a ordenação desses fluxos;
nas Unidades Básicas de Saúde a que estiver vinculada, XII. Realizar a gestão das filas de espera, evitando a
conforme portaria específica. prática do encaminhamento desnecessário, com base nos
processos de regulação locais (referência e
4 - ATRIBUIÇÕES DOS PROFISSIONAIS DA contrarreferência), ampliando-a para um processo de
ATENÇÃO BÁSICA compartilhamento de casos e acompanhamento longitudinal
As atribuições dos profissionais das equipes que atuam de responsabilidade das equipes que atuam na atenção
na Atenção Básica deverão seguir normativas específicas do básica;
Ministério da Saúde, bem como as definições de escopo de XIII. Prever nos fluxos da RAS entre os pontos de
práticas, protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, além atenção de diferentes configurações tecnológicas a
de outras normativas técnicas estabelecidas pelos gestores integração por meio de serviços de apoio logístico, técnico e
federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal. de gestão, para garantir a integralidade do cuidado;
4.1 Atribuições Comuns a todos os membros das XIV. Instituir ações para segurança do paciente e propor
Equipes que atuam na Atenção Básica: medidas para reduzir os riscos e diminuir os eventos
- Participar do processo de territorialização e adversos;
mapeamento da área de atuação da equipe, identificando XV. Alimentar e garantir a qualidade do registro das
atividades nos sistemas de informação da Atenção Básica,
grupos, famílias e indivíduos expostos a riscos e
conforme normativa vigente;
vulnerabilidades;
XVI. Realizar busca ativa e notificar doenças e agravos
- Cadastrar e manter atualizado o cadastramento e
de notificação compulsória, bem como outras doenças,
outros dados de saúde das famílias e dos indivíduos no
agravos, surtos, acidentes, violências, situações sanitárias e
sistema de informação da Atenção Básica vigente, utilizando
ambientais de importância local, considerando essas
as informações sistematicamente para a análise da situação ocorrências para o planejamento de ações de prevenção,
de saúde, considerando as características sociais, proteção e recuperação em saúde no território;
econômicas, culturais, demográficas e epidemiológicas do XVII. Realizar busca ativa de internações e atendimentos
território, priorizando as situações a serem acompanhadas de urgência/emergência por causas sensíveis à Atenção
no planejamento local; Básica, a fim de estabelecer estratégias que ampliem a
- Realizar o cuidado integral à saúde da população resolutividade e a longitudinalidade pelas equipes que atuam
adscrita, prioritariamente no âmbito da Unidade Básica de na AB;
Saúde, e quando necessário, no domicílio e demais espaços XVIII. Realizar visitas domiciliares e atendimentos em
comunitários (escolas, associações, entre outros), com domicílio às famílias e pessoas em residências, Instituições
atenção especial às populações que apresentem de Longa Permanência (ILP), abrigos, entre outros tipos de
necessidades específicas (em situação de rua, em medida moradia existentes em seu território, de acordo com o
socioeducativa, privada de liberdade, ribeirinha, fluvial, etc.). planejamento da equipe, necessidades e prioridades
- Realizar ações de atenção à saúde conforme a estabelecidas;
necessidade de saúde da população local, bem como XIX. Realizar atenção domiciliar a pessoas com
aquelas previstas nas prioridades, protocolos, diretrizes problemas de saúde controlados/compensados com algum
clínicas e terapêuticas, assim como, na oferta nacional de grau de dependência para as atividades da vida diária e que
ações e serviços essenciais e ampliados da AB; não podem se deslocar até a Unidade Básica de Saúde;
V. Garantir a atenção à saúde da população adscrita, XX. Realizar trabalhos interdisciplinares e em equipe,
buscando a integralidade por meio da realização de ações de integrando áreas técnicas, profissionais de diferentes
promoção, proteção e recuperação da saúde, prevenção de formações e até mesmo outros níveis de atenção, buscando
doenças e agravos e da garantia de atendimento da incorporar práticas de vigilância, clínica ampliada e
demanda espontânea, da realização das ações matriciamento ao processo de trabalho cotidiano para essa
programáticas, coletivas e de vigilância em saúde, e integração (realização de consulta compartilhada reservada
incorporando diversas racionalidades em saúde, inclusive aos profissionais de nível superior, construção de Projeto
Práticas Integrativas e Complementares; Terapêutico Singular, trabalho com grupos, entre outras
VI. Participar do acolhimento dos usuários, estratégias, em consonância com as necessidades e
proporcionando atendimento humanizado, realizando demandas da população);
classificação de risco, identificando as necessidades de XXI. Participar de reuniões de equipes a fim de
intervenções de cuidado, responsabilizando-se pela acompanhar e discutir em conjunto o planejamento e
continuidade da atenção e viabilizando o estabelecimento do avaliação sistemática das ações da equipe, a partir da
vínculo; utilização dos dados disponíveis, visando a readequação
VII. Responsabilizar-se pelo acompanhamento da constante do processo de trabalho;
população adscrita ao longo do tempo no que se refere às XXII. Articular e participar das atividades de educação
múltiplas situações de doenças e agravos, e às permanente e educação continuada;
necessidades de cuidados preventivos, permitindo a XXIII. Realizar ações de educação em saúde à
longitudinalidade do cuidado; população adstrita, conforme planejamento da equipe e
VIII. Praticar cuidado individual, familiar e dirigido a utilizando abordagens adequadas às necessidades deste
pessoas, famílias e grupos sociais, visando propor público;
intervenções que possam influenciar os processos saúde- XXIV. Participar do gerenciamento dos insumos
doença individual, das coletividades e da própria necessários para o adequado funcionamento da UBS;
comunidade; XIV. Promover a mobilização e a participação da
IX. Responsabilizar-se pela população adscrita comunidade, estimulando conselhos/colegiados, constituídos
mantendo a coordenação do cuidado mesmo quando de gestores locais, profissionais de saúde e usuários,
necessita de atenção em outros pontos de atenção do viabilizando o controle social na gestão da Unidade Básica
de Saúde;

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LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA
XXV. Identificar parceiros e recursos na comunidade que IV - Encaminhar, quando necessário, usuários a outros
possam potencializar ações intersetoriais; pontos de atenção, respeitando fluxos locais, mantendo sob
XXVI. Acompanhar e registrar no Sistema de Informação sua responsabilidade o acompanhamento do plano
da Atenção Básica e no mapa de acompanhamento do terapêutico prescrito;
Programa Bolsa Família (PBF), e/ou outros programas V - Indicar a necessidade de internação hospitalar ou
sociais equivalentes, as condicionalidades de saúde das domiciliar, mantendo a responsabilização pelo
famílias beneficiárias; e acompanhamento da pessoa;
XXVII. Realizar outras ações e atividades, de acordo VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas
com as prioridades locais, definidas pelo gestor local. pelos ACS e ACE em conjunto com os outros membros da
equipe; e
4.2. São atribuições específicas dos profissionais VII - Exercer outras atribuições que sejam de
das equipes que atuam na Atenção Básica: responsabilidade na sua área de atuação.
4.2.1 - Enfermeiro:
I - Realizar atenção à saúde aos indivíduos e famílias 4.2.2 - Cirurgião-Dentista:
vinculadas às equipes e, quando indicado ou necessário, no I - Realizar a atenção em saúde bucal (promoção e
domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico,
associações entre outras), em todos os ciclos de vida; tratamento, acompanhamento, reabilitação e manutenção da
II - Realizar consulta de enfermagem, procedimentos, saúde) individual e coletiva a todas as famílias, a indivíduos
solicitar exames complementares, prescrever medicações e a grupos específicos, atividades em grupo na UBS e,
conforme protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, ou quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos
outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor federal, demais espaços comunitários (escolas, associações entre
estadual, municipal ou do Distrito Federal, observadas as outros), de acordo com planejamento da equipe, com
disposições legais da profissão; resolubilidade e em conformidade com protocolos, diretrizes
III - Realizar e/ou supervisionar acolhimento com escuta clínicas e terapêuticas, bem como outras normativas técnicas
qualificada e classificação de risco, de acordo com estabelecidas pelo gestor federal, estadual, municipal ou do
protocolos estabelecidos; Distrito Federal, observadas as disposições legais da
IV - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de profissão;
cuidados para as pessoas que possuem condições crônicas II - Realizar diagnóstico com a finalidade de obter o perfil
no território, junto aos demais membros da equipe; epidemiológico para o planejamento e a programação em
V - Realizar atividades em grupo e encaminhar, quando saúde bucal no território;
necessário, usuários a outros serviços, conforme fluxo III - Realizar os procedimentos clínicos e cirúrgicos da
estabelecido pela rede local; AB em saúde bucal, incluindo atendimento das urgências,
VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pequenas cirurgias ambulatoriais e procedimentos
pelos técnicos/auxiliares de enfermagem, ACS e ACE em relacionados com as fases clínicas de moldagem, adaptação
conjunto com os outros membros da equipe; e acompanhamento de próteses dentárias (elementar, total e
VII - Supervisionar as ações do técnico/auxiliar de parcial removível);
enfermagem e ACS; IV - Coordenar e participar de ações coletivas voltadas à
VIII - Implementar e manter atualizados rotinas, promoção da saúde e à prevenção de doenças bucais;
protocolos e fluxos relacionados a sua área de competência V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades
na UBS; e referentes à saúde com os demais membros da equipe,
IX - Exercer outras atribuições conforme legislação buscando aproximar saúde bucal e integrar ações de forma
profissional, e que sejam de responsabilidade na sua área de multidisciplinar;
atuação. VI - Realizar supervisão do técnico em saúde bucal
(TSB) e auxiliar em saúde bucal (ASB);
4.2.2 - Técnico e/ou Auxiliar de Enfermagem: VII - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas
I - Participar das atividades de atenção à saúde pelos ACS e ACE em conjunto com os outros membros da
realizando procedimentos regulamentados no exercício de equipe;
sua profissão na UBS e, quando indicado ou necessário, no VIII - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de
domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, cuidados para as pessoas que possuem condições crônicas
associações, entre outros); no território, junto aos demais membros da equipe; e
II - Realizar procedimentos de enfermagem, como IX - Exercer outras atribuições que sejam de
curativos, administração de medicamentos, vacinas, coleta responsabilidade na sua área de atuação.
de material para exames, lavagem, preparação e
esterilização de materiais, entre outras atividades delegadas 4.2.3 - Técnico em Saúde Bucal (TSB):
pelo enfermeiro, de acordo com sua área de atuação e I - Realizar a atenção em saúde bucal individual e
regulamentação; e coletiva das famílias, indivíduos e a grupos específicos,
III - Exercer outras atribuições que sejam de atividades em grupo na UBS e, quando indicado ou
responsabilidade na sua área de atuação. necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços
comunitários (escolas, associações entre outros), segundo
4.2.1 - Médico: programação e de acordo com suas competências técnicas e
I - Realizar a atenção à saúde às pessoas e famílias sob legais;
sua responsabilidade; II - Coordenar a manutenção e a conservação dos
II - Realizar consultas clínicas, pequenos procedimentos equipamentos odontológicos;
cirúrgicos, atividades em grupo na UBS e, quando indicado III - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades
ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços referentes à saúde bucal com os demais membros da
comunitários (escolas, associações entre outros); em equipe, buscando aproximar e integrar ações de saúde de
conformidade com protocolos, diretrizes clínicas e forma multidisciplinar;
terapêuticas, bem como outras normativas técnicas IV - Apoiar as atividades dos ASB e dos ACS nas ações
estabelecidas pelos gestores (federal, estadual, municipal ou de prevenção e promoção da saúde bucal;
Distrito Federal), observadas as disposições legais da V - Participar do treinamento e capacitação de auxiliar
profissão; em saúde bucal e de agentes multiplicadores das ações de
III - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de promoção à saúde;
cuidados para as pessoas que possuem condições crônicas VI - Participar das ações educativas atuando na
no território, junto aos demais membros da equipe; promoção da saúde e na prevenção das doenças bucais;

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LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA
VII - Participar da realização de levantamentos e estudos profissional integrante das equipes vinculadas à UBS e que
epidemiológicos, exceto na categoria de examinador; possua experiência na Atenção Básica, preferencialmente de
VIII - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de nível superior, e dentre suas atribuições estão:
saúde bucal; I - Conhecer e divulgar, junto aos demais profissionais,
IX - Fazer remoção do biofilme, de acordo com a as diretrizes e normas que incidem sobre a AB em âmbito
indicação técnica definida pelo cirurgião-dentista; nacional, estadual, municipal e Distrito Federal, com ênfase
X - Realizar fotografias e tomadas de uso odontológico na Política Nacional de Atenção Básica, de modo a orientar a
exclusivamente em consultórios ou clínicas odontológicas; organização do processo de trabalho na UBS;
XI - Inserir e distribuir no preparo cavitário materiais II - Participar e orientar o processo de territorialização,
odontológicos na restauração dentária direta, sendo vedado diagnóstico situacional, planejamento e programação das
o uso de materiais e instrumentos não indicados pelo equipes, avaliando resultados e propondo estratégias para o
cirurgião-dentista; alcance de metas de saúde, junto aos demais profissionais;
XII - Auxiliar e instrumentar o cirurgião-dentista nas III - Acompanhar, orientar e monitorar os processos de
intervenções clínicas e procedimentos demandados pelo trabalho das equipes que atuam na AB sob sua gerência,
mesmo; contribuindo para implementação de políticas, estratégias e
XIII - Realizar a remoção de sutura conforme indicação programas de saúde, bem como para a mediação de
do Cirurgião Dentista; conflitos e resolução de problemas;
XIV - Executar a organização, limpeza, assepsia, IV - Mitigar a cultura na qual as equipes, incluindo
desinfecção e esterilização do instrumental, dos profissionais envolvidos no cuidado e gestores assumem
equipamentos odontológicos e do ambiente de trabalho; responsabilidades pela sua própria segurança de seus
colegas, pacientes e familiares, encorajando a identificação,
XV - Proceder à limpeza e à antissepsia do campo
a notificação e a resolução dos problemas relacionados à
operatório, antes e após atos cirúrgicos;
segurança;
XVI - Aplicar medidas de biossegurança no
V - Assegurar a adequada alimentação de dados nos
armazenamento, manuseio e descarte de produtos e
sistemas de informação da Atenção Básica vigente, por parte
resíduos odontológicos;
dos profissionais, verificando sua consistência, estimulando a
XVII - Processar filme radiográfico; utilização para análise e planejamento das ações, e
XVIII - Selecionar moldeiras; divulgando os resultados obtidos;
XIX - Preparar modelos em gesso; VI - Estimular o vínculo entre os profissionais
XX - Manipular materiais de uso odontológico. favorecendo o trabalho em equipe;
XXI - Exercer outras atribuições que sejam de VII - Potencializar a utilização de recursos físicos,
responsabilidade na sua área de atuação. tecnológicos e equipamentos existentes na UBS, apoiando
os processos de cuidado a partir da orientação à equipe
4.2.4 - Auxiliar em Saúde Bucal (ASB): sobre a correta utilização desses recursos;
I - Realizar ações de promoção e prevenção em saúde VIII - Qualificar a gestão da infraestrutura e dos insumos
bucal para as famílias, grupos e indivíduos, mediante (manutenção, logística dos materiais, ambiência da UBS),
planejamento local e protocolos de atenção à saúde; zelando pelo bom uso dos recursos e evitando o
II - Executar organização, limpeza, assepsia, desinfecção desabastecimento;
e esterilização do instrumental, dos equipamentos IX - Representar o serviço sob sua gerência em todas as
odontológicos e do ambiente de trabalho; instâncias necessárias e articular com demais atores da
III - Auxiliar e instrumentar os profissionais nas gestão e do território com vistas à qualificação do trabalho e
intervenções clínicas, da atenção à saúde realizada na UBS;
IV - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de X - Conhecer a RAS, participar e fomentar a participação
saúde bucal; dos profissionais na organização dos fluxos de usuários, com
V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades base em protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas,
referentes à saúde bucal com os demais membros da equipe apoiando a referência e contrarreferência entre equipes que
de Atenção Básica, buscando aproximar e integrar ações de atuam na AB e nos diferentes pontos de atenção, com
saúde de forma multidisciplinar; garantia de encaminhamentos responsáveis;
VI - Aplicar medidas de biossegurança no XI - Conhecer a rede de serviços e equipamentos sociais
armazenamento, transporte, manuseio e descarte de do território, e estimular a atuação intersetorial, com atenção
produtos e resíduos odontológicos; diferenciada para as vulnerabilidades existentes no território;
VII - Processar filme radiográfico; XII - Identificar as necessidades de
VIII - Selecionar moldeiras; formação/qualificação dos profissionais em conjunto com a
IX - Preparar modelos em gesso; equipe, visando melhorias no processo de trabalho, na
X - Manipular materiais de uso odontológico realizando qualidade e resolutividade da atenção, e promover a
manutenção e conservação dos equipamentos; Educação Permanente, seja mobilizando saberes na própria
XI - Participar da realização de levantamentos e estudos UBS, ou com parceiros;
epidemiológicos, exceto na categoria de examinador; e XIII - Desenvolver gestão participativa e estimular a
XII - Exercer outras atribuições que sejam de participação dos profissionais e usuários em instâncias de
responsabilidade na sua área de atuação. controle social;
XIV - Tomar as providências cabíveis no menor prazo
4.2.5 - Gerente de Atenção Básica possível quanto a ocorrências que interfiram no
Recomenda-se a inclusão do Gerente de Atenção Básica funcionamento da unidade; e
com o objetivo de contribuir para o aprimoramento e XV - Exercer outras atribuições que lhe sejam
qualificação do processo de trabalho nas Unidades Básicas designadas pelo gestor municipal ou do Distrito Federal, de
de Saúde, em especial ao fortalecer a atenção à saúde acordo com suas competências.
prestada pelos profissionais das equipes à população
adscrita, por meio de função técnico-gerencial. A inclusão 4.2.6 - Agente Comunitário de Saúde (ACS) e Agente
deste profissional deve ser avaliada pelo gestor, segundo a de Combate a Endemias (ACE)
necessidade do território e cobertura de AB. Seguindo o pressuposto de que Atenção Básica e
Entende-se por Gerente de AB um profissional Vigilância em Saúde devem se unir para a adequada
qualificado, preferencialmente com nível superior, com o identificação de problemas de saúde nos territórios e o
papel de garantir o planejamento em saúde, de acordo com planejamento de estratégias de intervenção clínica e
as necessidades do território e comunidade, a organização sanitária mais efetivas e eficazes, orienta-se que as
do processo de trabalho, coordenação e integração das atividades específicas dos agentes de saúde (ACS e ACE)
ações. Importante ressaltar que o gerente não seja devem ser integradas.

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LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA
Assim, além das atribuições comuns a todos os coletividades;
profissionais da equipe de AB, são atribuições dos ACS e V - Informar os usuários sobre as datas e horários de
ACE: consultas e exames agendados;
VI - Participar dos processos de regulação a partir da
a) Atribuições comuns do ACS e ACE Atenção Básica para acompanhamento das necessidades
I - Realizar diagnóstico demográfico, social, cultural, dos usuários no que diz respeito a agendamentos ou
ambiental, epidemiológico e sanitário do território em que desistências de consultas e exames solicitados;
atuam, contribuindo para o processo de territorialização e VII - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas
mapeamento da área de atuação da equipe; por legislação específica da categoria, ou outra normativa
II - Desenvolver atividades de promoção da saúde, de instituída pelo gestor federal, municipal ou do Distrito
prevenção de doenças e agravos, em especial aqueles mais Federal.
prevalentes no território, e de vigilância em saúde, por meio Poderão ser consideradas, ainda, atividades do Agente
de visitas domiciliares regulares e de ações educativas Comunitário de Saúde, a serem realizadas em caráter
individuais e coletivas, na UBS, no domicílio e outros excepcional, assistidas por profissional de saúde de nível
espaços da comunidade, incluindo a investigação superior, membro da equipe, após treinamento específico e
epidemiológica de casos suspeitos de doenças e agravos fornecimento de equipamentos adequados, em sua base
junto a outros profissionais da equipe quando necessário; geográfica de atuação, encaminhando o paciente para a
III - Realizar visitas domiciliares com periodicidade unidade de saúde de referência.
estabelecida no planejamento da equipe e conforme as I - aferir a pressão arterial, inclusive no domicílio, com o
necessidades de saúde da população, para o monitoramento objetivo de promover saúde e prevenir doenças e agravos;
da situação das famílias e indivíduos do território, com II - realizar a medição da glicemia capilar, inclusive no
especial atenção às pessoas com agravos e condições que domicílio, para o acompanhamento dos casos
necessitem de maior número de visitas domiciliares; diagnosticados de diabetes mellitus e segundo projeto
IV - Identificar e registrar situações que interfiram no terapêutico prescrito pelas equipes que atuam na Atenção
curso das doenças ou que tenham importância Básica;
epidemiológica relacionada aos fatores ambientais, III - aferição da temperatura axilar, durante a visita
realizando, quando necessário, bloqueio de transmissão de domiciliar;
doenças infecciosas e agravos; IV - realizar técnicas limpas de curativo, que são
V - Orientar a comunidade sobre sintomas, riscos e realizadas com material limpo, água corrente ou soro
agentes transmissores de doenças e medidas de prevenção fisiológico e cobertura estéril, com uso de coberturas
individual e coletiva; passivas, que somente cobre a ferida; e
VI - Identificar casos suspeitos de doenças e agravos, V - Indicar a necessidade de internação hospitalar ou
encaminhar os usuários para a unidade de saúde de domiciliar, mantendo a responsabilização pelo
referência, registrar e comunicar o fato à autoridade de acompanhamento da pessoa;
saúde responsável pelo território; VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas
VII - Informar e mobilizar a comunidade para desenvolver pelos ACS e ACE em conjunto com os outros membros da
medidas simples de manejo ambiental e outras formas de equipe; e
intervenção no ambiente para o controle de vetores; VII - Exercer outras atribuições que sejam de
VIII - Conhecer o funcionamento das ações e serviços do responsabilidade na sua área de atuação.
seu território e orientar as pessoas quanto à utilização dos
serviços de saúde disponíveis; 4.2.2 - Cirurgião-Dentista:
IX - Estimular a participação da comunidade nas políticas I - Realizar a atenção em saúde bucal (promoção e
públicas voltadas para a área da saúde; proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico,
X - Identificar parceiros e recursos na comunidade que tratamento, acompanhamento, reabilitação e manutenção da
possam potencializar ações intersetoriais de relevância para saúde) individual e coletiva a todas as famílias, a indivíduos
a promoção da qualidade de vida da população, como ações e a grupos específicos, atividades em grupo na UBS e,
e programas de educação, esporte e lazer, assistência quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos
social, entre outros; e demais espaços comunitários (escolas, associações entre
XI - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas outros), de acordo com planejamento da equipe, com
por legislação específica da categoria, ou outra normativa resolubilidade e em conformidade com protocolos, diretrizes
instituída pelo gestor federal, municipal ou do Distrito clínicas e terapêuticas, bem como outras normativas técnicas
Federal. estabelecidas pelo gestor federal, estadual, municipal ou do
Distrito Federal, observadas as disposições legais da
b) Atribuições do ACS: profissão;
I - Trabalhar com adscrição de indivíduos e famílias em II - Realizar diagnóstico com a finalidade de obter o perfil
base geográfica definida e cadastrar todas as pessoas de epidemiológico para o planejamento e a programação em
sua área, man-tendo os dados atualizados no sistema de saúde bucal no território;
informação da Atenção Básica vigente, utilizando-os de III - Realizar os procedimentos clínicos e cirúrgicos da
forma sistemática, com apoio da equipe, para a análise da AB em saúde bucal, incluindo atendimento das urgências,
situação de saúde, considerando as características sociais, pequenas cirurgias ambulatoriais e procedimentos
econômicas, culturais, demográficas e epidemiológicas do relacionados com as fases clínicas de moldagem, adaptação
território, e priorizando as situações a serem acompanhadas e acompanhamento de próteses dentárias (elementar, total e
no planejamento local; parcial removível);
II - Utilizar instrumentos para a coleta de informações IV - Coordenar e participar de ações coletivas voltadas à
que apoiem no diagnóstico demográfico e sociocultural da promoção da saúde e à prevenção de doenças bucais;
comunidade; V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades
III - Registrar, para fins de planejamento e referentes à saúde com os demais membros da equipe,
acompanhamento das ações de saúde, os dados de buscando aproximar saúde bucal e integrar ações de forma
nascimentos, óbitos, doenças e outros agravos à saúde, multidisciplinar;
garantido o sigilo ético; VI - Realizar supervisão do técnico em saúde bucal
IV - Desenvolver ações que busquem a integração entre (TSB) e auxiliar em saúde bucal (ASB);
a equipe de saúde e a população adscrita à UBS, VII - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas
considerando as características e as finalidades do trabalho pelos ACS e ACE em conjunto com os outros membros da
de acompanhamento de indivíduos e grupos sociais ou equipe;

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LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA
VIII - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de armazenamento, transporte, manuseio e descarte de
cuidados para as pessoas que possuem condições crônicas produtos e resíduos odontológicos;
no território, junto aos demais membros da equipe; e VII - Processar filme radiográfico;
IX - Exercer outras atribuições que sejam de VIII - Selecionar moldeiras;
responsabilidade na sua área de atuação. IX - Preparar modelos em gesso;
X - Manipular materiais de uso odontológico realizando
4.2.3 - Técnico em Saúde Bucal (TSB): manutenção e conservação dos equipamentos;
I - Realizar a atenção em saúde bucal individual e XI - Participar da realização de levantamentos e estudos
coletiva das famílias, indivíduos e a grupos específicos, epidemiológicos, exceto na categoria de examinador; e
atividades em grupo na UBS e, quando indicado ou XII -. Exercer outras atribuições que sejam de
necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços responsabilidade na sua área de atuação.
comunitários (escolas, associações entre outros), segundo 4.2.5 - Gerente de Atenção Básica
programação e de acordo com suas competências técnicas e Recomenda-se a inclusão do Gerente de Atenção Básica
legais; com o objetivo de contribuir para o aprimoramento e
II - Coordenar a manutenção e a conservação dos qualificação do processo de trabalho nas Unidades Básicas
equipamentos odontológicos; de Saúde, em especial ao fortalecer a atenção à saúde
III - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades prestada pelos profissionais das equipes à população
referentes à saúde bucal com os demais membros da adscrita, por meio de função técnico-gerencial. A inclusão
equipe, buscando aproximar e integrar ações de saúde de deste profissional deve ser avaliada pelo gestor, segundo a
forma multidisciplinar; necessidade do território e cobertura de AB.
IV - Apoiar as atividades dos ASB e dos ACS nas ações Entende-se por Gerente de AB um profissional
de prevenção e promoção da saúde bucal; qualificado, preferencialmente com nível superior, com o
V - Participar do treinamento e capacitação de auxiliar papel de garantir o planejamento em saúde, de acordo com
em saúde bucal e de agentes multiplicadores das ações de as necessidades do território e comunidade, a organização
promoção à saúde; do processo de trabalho, coordenação e integração das
VI - Participar das ações educativas atuando na ações. Importante ressaltar que o gerente não seja
promoção da saúde e na prevenção das doenças bucais; profissional integrante das equipes vinculadas à UBS e que
VII - Participar da realização de levantamentos e estudos possua experiência na Atenção Básica, preferencialmente de
epidemiológicos, exceto na categoria de examinador; nível superior, e dentre suas atribuições estão:
VIII - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de I - Conhecer e divulgar, junto aos demais profissionais,
saúde bucal; as diretrizes e normas que incidem sobre a AB em âmbito
IX - Fazer remoção do biofilme, de acordo com a nacional, estadual, municipal e Distrito Federal, com ênfase
indicação técnica definida pelo cirurgião-dentista; na Política Nacional de Atenção Básica, de modo a orientar a
X - Realizar fotografias e tomadas de uso odontológico organização do processo de trabalho na UBS;
exclusivamente em consultórios ou clínicas odontológicas; II - Participar e orientar o processo de territorialização,
XI - Inserir e distribuir no preparo cavitário materiais diagnóstico situacional, planejamento e programação das
odontológicos na restauração dentária direta, sendo vedado equipes, avaliando resultados e propondo estratégias para o
o uso de materiais e instrumentos não indicados pelo alcance de metas de saúde, junto aos demais profissionais;
cirurgião-dentista; III - Acompanhar, orientar e monitorar os processos de
XII - Auxiliar e instrumentar o cirurgião-dentista nas trabalho das equipes que atuam na AB sob sua gerência,
intervenções clínicas e procedimentos demandados pelo contribuindo para implementação de políticas, estratégias e
mesmo; programas de saúde, bem como para a mediação de
XIII - Realizar a remoção de sutura conforme indicação conflitos e resolução de problemas;
do Cirurgião Dentista; IV - Mitigar a cultura na qual as equipes, incluindo
XIV - Executar a organização, limpeza, assepsia, profissionais envolvidos no cuidado e gestores assumem
desinfecção e esterilização do instrumental, dos responsabilidades pela sua própria segurança de seus
equipamentos odontológicos e do ambiente de trabalho; colegas, pacientes e familiares, encorajando a identificação,
XV - Proceder à limpeza e à antissepsia do campo a notificação e a resolução dos problemas relacionados à
operatório, antes e após atos cirúrgicos; segurança;
XVI - Aplicar medidas de biossegurança no V - Assegurar a adequada alimentação de dados nos
armazenamento, manuseio e descarte de produtos e sistemas de informação da Atenção Básica vigente, por parte
resíduos odontológicos; dos profissionais, verificando sua consistência, estimulando a
XVII - Processar filme radiográfico; utilização para análise e planejamento das ações, e
XVIII - Selecionar moldeiras; divulgando os resultados obtidos;
XIX - Preparar modelos em gesso; VI - Estimular o vínculo entre os profissionais
XX - Manipular materiais de uso odontológico. favorecendo o trabalho em equipe;
XXI - Exercer outras atribuições que sejam de VII - Potencializar a utilização de recursos físicos,
responsabilidade na sua área de atuação. tecnológicos e equipamentos existentes na UBS, apoiando
4.2.4 - Auxiliar em Saúde Bucal (ASB): os processos de cuidado a partir da orientação à equipe
I - Realizar ações de promoção e prevenção em saúde sobre a correta utilização desses recursos;
bucal para as famílias, grupos e indivíduos, mediante VIII - Qualificar a gestão da infraestrutura e dos insumos
planejamento local e protocolos de atenção à saúde; (manutenção, logística dos materiais, ambiência da UBS),
II - Executar organização, limpeza, assepsia, desinfecção zelando pelo bom uso dos recursos e evitando o
e esterilização do instrumental, dos equipamentos desabastecimento;
odontológicos e do ambiente de trabalho; IX - Representar o serviço sob sua gerência em todas as
III - Auxiliar e instrumentar os profissionais nas instâncias necessárias e articular com demais atores da
intervenções clínicas, gestão e do território com vistas à qualificação do trabalho e
IV - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de da atenção à saúde realizada na UBS;
saúde bucal; X - Conhecer a RAS, participar e fomentar a participação
V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades dos profissionais na organização dos fluxos de usuários, com
referentes à saúde bucal com os demais membros da equipe base em protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas,
de Atenção Básica, buscando aproximar e integrar ações de apoiando a referência e contrarreferência entre equipes que
saúde de forma multidisciplinar; atuam na AB e nos diferentes pontos de atenção, com
VI - Aplicar medidas de biossegurança no garantia de encaminhamentos responsáveis;

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LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA
XI - Conhecer a rede de serviços e equipamentos sociais e programas de educação, esporte e lazer, assistência
do território, e estimular a atuação intersetorial, com atenção social, entre outros; e
diferenciada para as vulnerabilidades existentes no território; XI - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas
XII - Identificar as necessidades de por legislação específica da categoria, ou outra normativa
formação/qualificação dos profissionais em conjunto com a instituída pelo gestor federal, municipal ou do Distrito
equipe, visando melhorias no processo de trabalho, na Federal.
qualidade e resolutividade da atenção, e promover a b)Atribuições do ACS:
Educação Permanente, seja mobilizando saberes na própria I - Trabalhar com adscrição de indivíduos e famílias em
UBS, ou com parceiros; base geográfica definida e cadastrar todas as pessoas de
XIII - Desenvolver gestão participativa e estimular a sua área, man-tendo os dados atualizados no sistema de
participação dos profissionais e usuários em instâncias de informação da Atenção Básica vigente, utilizando-os de
controle social; forma sistemática, com apoio da equipe, para a análise da
XIV -Tomar as providências cabíveis no menor prazo situação de saúde, considerando as características sociais,
possível quanto a ocorrências que interfiram no econômicas, culturais, demográficas e epidemiológicas do
funcionamento da unidade; e território, e priorizando as situações a serem acompanhadas
XV - Exercer outras atribuições que lhe sejam no planejamento local;
designadas pelo gestor municipal ou do Distrito Federal, de II - Utilizar instrumentos para a coleta de informações
acordo com suas competências. que apoiem no diagnóstico demográfico e sociocultural da
comunidade;
III - Registrar, para fins de planejamento e
4.2.6 - Agente Comunitário de Saúde (ACS) e Agente acompanhamento das ações de saúde, os dados de
de Combate a Endemias (ACE) nascimentos, óbitos, doenças e outros agravos à saúde,
Seguindo o pressuposto de que Atenção Básica e garantido o sigilo ético;
Vigilância em Saúde devem se unir para a adequada IV - Desenvolver ações que busquem a integração entre
identificação de problemas de saúde nos territórios e o a equipe de saúde e a população adscrita à UBS,
planejamento de estratégias de intervenção clínica e considerando as características e as finalidades do trabalho
sanitária mais efetivas e eficazes, orienta-se que as de acompanhamento de indivíduos e grupos sociais ou
atividades específicas dos agentes de saúde (ACS e ACE) coletividades;
devem ser integradas. V - Informar os usuários sobre as datas e horários de
Assim, além das atribuições comuns a todos os consultas e exames agendados;
profissionais da equipe de AB, são atribuições dos ACS e VI - Participar dos processos de regulação a partir da
ACE: Atenção Básica para acompanhamento das necessidades
a) Atribuições comuns do ACS e ACE dos usuários no que diz respeito a agendamentos ou
I - Realizar diagnóstico demográfico, social, cultural, desistências de consultas e exames solicitados;
ambiental, epidemiológico e sanitário do território em que VII - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas
atuam, contribuindo para o processo de territorialização e por legislação específica da categoria, ou outra normativa
mapeamento da área de atuação da equipe; instituída pelo gestor federal, municipal ou do Distrito
II - Desenvolver atividades de promoção da saúde, de Federal.
prevenção de doenças e agravos, em especial aqueles mais Poderão ser consideradas, ainda, atividades do Agente
prevalentes no território, e de vigilância em saúde, por meio Comunitário de Saúde, a serem realizadas em caráter
de visitas domiciliares regulares e de ações educativas excepcional, assistidas por profissional de saúde de nível
individuais e coletivas, na UBS, no domicílio e outros superior, membro da equipe, após treinamento específico e
espaços da comunidade, incluindo a investigação fornecimento de equipamentos adequados, em sua base
epidemiológica de casos suspeitos de doenças e agravos geográfica de atuação, encaminhando o paciente para a
junto a outros profissionais da equipe quando necessário; unidade de saúde de referência.
III - Realizar visitas domiciliares com periodicidade I - aferir a pressão arterial, inclusive no domicílio, com o
estabelecida no planejamento da equipe e conforme as objetivo de promover saúde e prevenir doenças e agravos;
necessidades de saúde da população, para o monitoramento II - realizar a medição da glicemia capilar, inclusive no
da situação das famílias e indivíduos do território, com domicílio, para o acompanhamento dos casos
especial atenção às pessoas com agravos e condições que diagnosticados de diabetes mellitus e segundo projeto
necessitem de maior número de visitas domiciliares; terapêutico prescrito pelas equipes que atuam na Atenção
IV - Identificar e registrar situações que interfiram no Básica;
curso das doenças ou que tenham importância III - aferição da temperatura axilar, durante a visita
epidemiológica relacionada aos fatores ambientais, domiciliar;
realizando, quando necessário, bloqueio de transmissão de IV - realizar técnicas limpas de curativo, que são
doenças infecciosas e agravos; realizadas com material limpo, água corrente ou soro
V - Orientar a comunidade sobre sintomas, riscos e fisiológico e cobertura estéril, com uso de coberturas
agentes transmissores de doenças e medidas de prevenção passivas, que somente cobre a ferida; e
individual e coletiva; V - orientação e apoio, em domicílio, para a correta
VI - Identificar casos suspeitos de doenças e agravos, administração da medicação do paciente em situação de
encaminhar os usuários para a unidade de saúde de vulnerabilidade.
referência, registrar e comunicar o fato à autoridade de Importante ressaltar que os ACS só realizarão a
saúde responsável pelo território; execução dos procedimentos que requeiram capacidade
VII - Informar e mobilizar a comunidade para desenvolver técnica específica se detiverem a respectiva formação,
medidas simples de manejo ambiental e outras formas de respeitada autorização legal.
intervenção no ambiente para o controle de vetores; c) Atribuições do ACE:
VIII - Conhecer o funcionamento das ações e serviços do I - Executar ações de campo para pesquisa
seu território e orientar as pessoas quanto à utilização dos entomológica, malacológica ou coleta de reservatórios de
serviços de saúde disponíveis; doenças;
IX.-Estimular a participação da comunidade nas políticas II - Realizar cadastramento e atualização da base de
públicas voltadas para a área da saúde; imóveis para planejamento e definição de estratégias de
X - Identificar parceiros e recursos na comunidade que prevenção, intervenção e controle de doenças, incluindo,
possam potencializar ações intersetoriais de relevância para dentre outros, o recenseamento de animais e levantamento
a promoção da qualidade de vida da população, como ações de índice amostral tecnicamente indicado;

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LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA
III - Executar ações de controle de doenças utilizando as considerando questões sanitárias, ambientais (desastres,
medidas de controle químico, biológico, manejo ambiental e controle da água, solo, ar), epidemiológicas (surtos,
outras ações de manejo integrado de vetores; epidemias, notificações, controle de agravos), culturais e
IV - Realizar e manter atualizados os mapas, croquis e o socioeconômicas, contribuindo por meio de intervenções
reconhecimento geográfico de seu território; e clínicas e sanitárias nos problemas de saúde da população
V - Executar ações de campo em projetos que visem com residência fixa, os itinerantes (população em situação
avaliar novas metodologias de intervenção para prevenção e de rua, ciganos, circenses, andarilhos, acampados,
controle de doenças; e assentados, etc) ou mesmo trabalhadores da área adstrita.
VI - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas III - Porta de Entrada Preferencial - A responsabilização
por legislação específica da categoria, ou outra normativa é fundamental para a efetivação da Atenção Básica como
instituída pelo gestor federal, municipal ou do Distrito contato e porta de entrada preferencial da rede de atenção,
Federal. primeiro atendimento às urgências/emergências,
O ACS e o ACE devem compor uma equipe de Atenção acolhimento, organização do escopo de ações e do processo
Básica (eAB) ou uma equipe de Saúde da Família (eSF) e de trabalho de acordo com demandas e necessidades da
serem coordenados por profissionais de saúde de nível população, através de estratégias diversas (protocolos e
superior realizado de forma compartilhada entre a Atenção diretrizes clínicas, linhas de cuidado e fluxos de
Básica e a Vigilância em Saúde. Nas localidades em que não encaminhamento para os outros pontos de atenção da RAS,
houver cobertura por equipe de Atenção Básica (eAB) ou etc). Caso o usuário acesse a rede através de outro nível de
equipe de Saúde da Família (eSF), o ACS deve se vincular à atenção, ele deve ser referenciado à Atenção Básica para
equipe da Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde que siga sendo acompanhado, assegurando a continuidade
(EACS). Já o ACE, nesses casos, deve ser vinculado à do cuidado.
equipe de vigilância em saúde do município e sua supervisão IV - Adscrição de usuários e desenvolvimento de
técnica deve ser realizada por profissional com comprovada relações de vínculo e responsabilização entre a equipe e a
capacidade técnica, podendo estar vinculado à equipe de população do seu território de atuação, de forma a facilitar a
atenção básica, ou saúde da família, ou a outro serviço a ser adesão do usuário ao cuidado compartilhado com a equipe
definido pelo gestor local. (vinculação de pessoas e/ou famílias e grupos a
profissionais/equipes, com o objetivo de ser referência para o
seu cuidado).
5. DO PROCESSO DE TRABALHO NA ATENÇÃO V - Acesso - A unidade de saúde deve acolher todas as
BÁSICA pessoas do seu território de referência, de modo universal e
A Atenção Básica como contato preferencial dos sem diferenciações excludentes. Acesso tem relação com a
usuários na rede de atenção à saúde orienta-se pelos capacidade do serviço em responder às necessidades de
princípios e diretrizes do SUS, a partir dos quais assume saúde da população (residente e itinerante). Isso implica
funções e características específicas. Considera as pessoas dizer que as necessidades da população devem ser o
em sua singularidade e inserção sociocultural, buscando principal referencial para a definição do escopo de ações e
produzir a atenção integral, por meio da promoção da saúde, serviços a serem ofertados, para a forma como esses serão
da prevenção de doenças e agravos, do diagnóstico, do organizados e para o todo o funcionamento da UBS,
tratamento, da reabilitação e da redução de danos ou de permitindo diferenciações de horário de atendimento
sofrimentos que possam comprometer sua autonomia. (estendido, sábado, etc), formas de agendamento (por hora
Dessa forma, é fundamental que o processo de trabalho marcada, por telefone, e-mail, etc), e outros, para assegurar
na Atenção Básica se caracteriza por: o acesso. Pelo mesmo motivo, recomenda-se evitar barreiras
I - Definição do território e Territorialização - A gestão de acesso como o fechamento da unidade durante o horário
deve definir o território de responsabilidade de cada equipe, de almoço ou em períodos de férias, entre outros, impedindo
e esta deve conhecer o território de atuação para programar ou restringindo a acesso da população. Destaca-se que
suas ações de acordo com o perfil e as necessidades da horários alternativos de funcionamento que atendam
comunidade, considerando diferentes elementos para a expressamente a necessidade da população podem ser
cartografia: ambientais, históricos, demográficos, pactuados através das instâncias de participação social e
geográficos, econômicos, sanitários, sociais, culturais, etc. gestão local.
Importante refazer ou complementar a territorialização Importante ressaltar também que para garantia do
sempre que necessário, já que o território é vivo. Nesse acesso é necessário acolher e resolver os agravos de maior
processo, a Vigilância em Saúde (sanitária, ambiental, incidência no território e não apenas as ações programáticas,
epidemiológica e do trabalhador) e a Promoção da Saúde se garantindo um amplo escopo de ofertas nas unidades, de
mostram como referenciais essenciais para a identificação modo a concentrar recursos e maximizar ofertas.
da rede de causalidades e dos elementos que exercem VI - O acolhimento deve estar presente em todas as
determinação sobre o processo saúde-doença, auxiliando na relações de cuidado, nos encontros entre trabalhadores de
percepção dos problemas de saúde da população por parte saúde e usuários, nos atos de receber e escutar as pessoas,
da equipe e no planejamento das estratégias de intervenção. suas necessidades, problematizando e reconhecendo como
Além dessa articulação de olhares para a compreensão legítimas, e realizando avaliação de risco e vulnerabilidade
do território sob a responsabilidade das equipes que atuam das famílias daquele território, sendo que quanto maior o
na AB, a integração entre as ações de Atenção Básica e grau de vulnerabilidade e risco, menor deverá ser a
Vigilância em Saúde deve ser concreta, de modo que se quantidade de pessoas por equipe, com especial atenção
recomenda a adoção de um território único para ambas as para as condições crônicas.
equipes, em que o Agente de Combate às Endemias Considera-se condição crônica aquela de curso mais ou
trabalhe em conjunto com o Agente Comunitário de Saúde e me-nos longo ou permanente que exige resposta e ações
os demais membros da equipe multiprofissional de AB na contínuas, proativas e integradas do sistema de atenção à
identificação das necessidades de saúde da população e no saúde, dos profissionais de saúde e das pessoas usuárias
planejamento das intervenções clínicas e sanitárias. para o seu controle efetivo, eficiente e com qualidade.
Possibilitar, de acordo com a necessidade e Ressalta-se a importância de que o acolhimento
conformação do território, através de pactuação e aconteça durante todo o horário de funcionamento da UBS,
negociação entre gestão e equipes, que o usuário possa ser na organização dos fluxos de usuários na unidade, no
atendido fora de sua área de cobertura, mantendo o diálogo estabelecimento de avaliações de risco e vulnerabilidade, na
e a informação com a equipe de referência. definição de modelagens de escuta (individual, coletiva, etc),
II - Responsabilização Sanitária - Papel que as equipes na gestão das agendas de atendimento individual, nas
devem assumir em seu território de referência (adstrição), ofertas de cuidado multidisciplinar, etc.

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LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA
A saber, o acolhimento à demanda espontânea na indicação específica do serviço de saúde que deve ser
Atenção Básica pode se constituir como: procurado, no município ou fora dele, nas demandas em que
a. Mecanismo de ampliação/facilitação do acesso - a a classificação de risco não exija atendimento no momento
equipe deve atender todos as pessoas que chegarem na da procura do serviço.
UBS, conforme sua necessidade, e não apenas b) Estratificação de risco: É o processo pelo qual se
determinados grupos populacionais, ou agravos mais utiliza critérios clínicos, sociais, econômicos, familiares e
prevalentes e/ou fragmentados por ciclo de vida. Dessa outros, com base em diretrizes clínicas, para identificar
forma a ampliação do acesso ocorre também contemplando subgrupos de acordo com a complexidade da condição
a agenda programada e a demanda espontânea, abordando crônica de saúde, com o objetivo de diferenciar o cuidado
as situações con-forme suas especificidades, dinâmicas e clínico e os fluxos que cada usuário deve seguir na Rede de
tempo. Atenção à Saúde para um cuidado integral.
b. Postura, atitude e tecnologia do cuidado - se A estratificação de risco da população adscrita a
estabelece nas relações entre as pessoas e os determinada UBS é fundamental para que a equipe de saúde
trabalhadores, nos modos de escuta, na maneira de lidar organize as ações que devem ser oferecidas a cada grupo
com o não previsto, nos modos de construção de vínculos ou estrato de risco/vulnerabilidade, levando em consideração
(sensibilidade do trabalhador, posicionamento ético a necessidade e adesão dos usuários, bem como a
situacional), podendo facilitar a continuidade do cuidado ou racionalidade dos recursos disponíveis nos serviços de
facilitando o acesso sobretudo para aqueles que procuram a saúde.
UBS fora das consultas ou atividades agendadas. VII - Trabalho em Equipe Multiprofissional -
c. Dispositivo de (re)organização do processo de Considerando a diversidade e complexidade das situações
trabalho em equipe - a implantação do acolhimento pode com as quais a Atenção Básica lida, um atendimento integral
provocar mudanças no modo de organização das equipes, requer a presença de diferentes formações profissionais
relação entre trabalhadores e modo de cuidar. Para acolher a trabalhando com ações compartilhadas, assim como, com
demanda espontânea com equidade e qualidade, não basta processo interdisciplinar centrado no usuário, incorporando
distribuir senhas em número limitado, nem é possível práticas de vigilância, promoção e assistência à saúde, bem
encaminhar todas as pessoas ao médico, aliás o acolhimento como matriciamento ao processo de trabalho cotidiano. É
não deve se restringir à triagem clínica. Organizar a partir do possível integrar também profissionais de outros níveis de
acolhimento exige que a equipe reflita sobre o conjunto de atenção.
ofertas que ela tem apresentado para lidar com as VIII - Resolutividade - Capacidade de identificar e intervir
necessidades de saúde da população e território. Para isso é nos riscos, necessidades e demandas de saúde da
importante que a equipe defina quais profissionais vão população, atingindo a solução de problemas de saúde dos
receber o usuário que chega; como vai avaliar o risco e usuários. A equipe deve ser resolutiva desde o contato
vulnerabilidade; fluxos e protocolos para encaminhamento; inicial, até demais ações e serviços da AB de que o usuário
como organizar a agenda dos profissionais para o cuidado; necessite. Para tanto, é preciso garantir amplo escopo de
etc. ofertas e abordagens de cuidado, de modo a concentrar
Destacam-se como importantes ações no processo de recursos, maximizar as ofertas e melhorar o cuidado,
avaliação de risco e vulnerabilidade na Atenção Básica o encaminhando de forma qualificada o usuário que necessite
Acolhimento com Classificação de Risco (a) e a de atendimento especializado. Isso inclui o uso de diferentes
Estratificação de Risco (b). tecnologias e abordagens de cuidado individual e coletivo,
a) Acolhimento com Classificação de Risco: escuta por meio de habilidades das equipes de saúde para a
qualificada e comprometida com a avaliação do potencial de promoção da saúde, prevenção de doenças e agravos,
risco, agravo à saúde e grau de sofrimento dos usuários, proteção e recuperação da saúde, e redução de danos.
considerando dimensões de expressão (física, psíquica, Importante promover o uso de ferramentas que apoiem e
social, etc) e gravidade, que possibilita priorizar os qualifiquem o cuidado realizado pelas equipes, como as
atendimentos a eventos agudos (condições agudas e ferramentas da clínica ampliada, gestão da clínica e
agudizações de condições crônicas) conforme a promoção da saúde, para ampliação da resolutividade e
necessidade, a partir de critérios clínicos e de vulnerabilidade abrangência da AB.
disponíveis em diretrizes e protocolos assistenciais definidos Entende-se por ferramentas de Gestão da Clínica um
no SUS. con-junto de tecnologias de microgestão do cuidado
O processo de trabalho das equipes deve estar destinado a promover uma atenção à saúde de qualidade,
organizado de modo a permitir que casos de como protocolos e diretrizes clínicas, planos de ação, linhas
urgência/emergência tenham prioridade no atendimento, de cuidado, projetos terapêuticos singulares, genograma,
independentemente do número de consultas agendadas no ecomapa, gestão de listas de espera, auditoria clínica,
período. Caberá à UBS prover atendimento adequado à indicadores de cuidado, entre outras. Para a utilização
situação e dar suporte até que os usuários sejam acolhidos dessas ferramentas, deve-se considerar a clínica centrada
em outros pontos de atenção da RAS. nas pessoas; efetiva, estruturada com base em evidências
As informações obtidas no acolhimento com científicas; segura, que não cause danos às pessoas e aos
classificação de risco deverão ser registradas em prontuário profissionais de saúde; eficiente, oportuna, prestada no
do cidadão (físico ou preferencialmente eletrônico). tempo certo; equitativa, de forma a reduzir as desigualdades
Os desfechos do acolhimento com classificação de risco e que a oferta do atendimento se dê de forma humanizada.
poderão ser definidos como: 1- consulta ou procedimento VIII - Promover atenção integral, contínua e organizada à
imediato; população adscrita, com base nas necessidades sociais e de
1. consulta ou procedimento em horário disponível no saúde, através do estabelecimento de ações de continuidade
mesmo dia; informacional, interpessoal e longitudinal com a população. A
2. agendamento de consulta ou procedimento em data Atenção Básica deve buscar a atenção integral e de
futura, para usuário do território;
qualidade, resolutiva e que contribua para o fortalecimento
3. procedimento para resolução de demanda simples
prevista em protocolo, como renovação de receitas para da autonomia das pessoas no cuidado à saúde,
pessoas com condições crônicas, condições clínicas estáveis estabelecendo articulação orgânica com o conjunto da rede
ou solicitação de exames para o seguimento de linha de de atenção à saúde. Para o alcance da integralidade do
cuidado bem definida; cuidado, a equipe deve ter noção sobre a ampliação da
4. encaminhamento a outro ponto de atenção da RAS, clínica, o conhecimento sobre a realidade local, o trabalho
mediante contato prévio, respeitado o protocolo aplicável; e em equipe multiprofissional e transdisciplinar, e a ação
5. orientação sobre territorialização e fluxos da RAS, com intersetorial.

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LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA
Para isso pode ser necessário realizar de ações de saúde pública para a proteção da saúde da população, a
atenção à saúde nos estabelecimentos de Atenção Básica à prevenção e controle de riscos, agravos e doenças, bem
saúde, no domicílio, em locais do território (salões como para a promoção da saúde.
comunitários, escolas, creches, praças, etc.) e outros As ações de Vigilância em Saúde estão inseridas nas
espaços que comportem a ação planejada. atribuições de todos os profissionais da Atenção Básica e
IX - Realização de ações de atenção domiciliar destinada envolvem práticas e processos de trabalho voltados para:
a usuários que possuam problemas de saúde a. vigilância da situação de saúde da população, com
controlados/compensados e com dificuldade ou análises que subsidiem o planejamento, estabelecimento de
impossibilidade física de locomoção até uma Unidade Básica prioridades e estratégias, monitoramento e avaliação das
de Saúde, que necessitam de cuidados com menor ações de saúde pública;
frequência e menor necessidade de recursos de saúde, para b. detecção oportuna e adoção de medidas adequadas
famílias e/ou pessoas para busca ativa, ações de vigilância para a resposta de saúde pública;
em saúde e realizar o cuidado compartilhado com as equipes c. vigilância, prevenção e controle das doenças
de atenção domiciliar nos casos de maior complexidade. transmissíveis; e
X - Programação e implementação das atividades de d. vigilância das violências, das doenças crônicas não
atenção à saúde de acordo com as necessidades de saúde transmissíveis e acidentes.
da população, com a priorização de intervenções clínicas e
sanitárias nos problemas de saúde segundo critérios de A AB e a Vigilância em Saúde deverão desenvolver
frequência, risco, vulnerabilidade e resiliência. Inclui-se aqui ações integradas visando à promoção da saúde e prevenção
o planejamento e organização da agenda de trabalho de doenças nos territórios sob sua responsabilidade. Todos
compartilhada de todos os profissionais, e recomenda- se profissionais de saúde deverão realizar a notificação
evitar a divisão de agenda segundo critérios de problemas de compulsória e conduzir a investigação dos casos suspeitos
saúde, ciclos de vida, gênero e patologias dificultando o ou confirmados de doenças, agravos e outros eventos de
acesso dos usuários. Recomenda-se a utilização de relevância para a saúde pública, conforme protocolos e
instrumentos de planejamento estratégico situacional em normas vigentes.
saúde, que seja ascendente e envolva a participação popular Compete à gestão municipal reorganizar o território, e os
(gestores, trabalhadores e usuários). processos de trabalho de acordo com a realidade local.
XI - Implementação da Promoção da Saúde como um A integração das ações de Vigilância em Saúde com
princípio para o cuidado em saúde, entendendo que, além da Atenção Básica, pressupõe a reorganização dos processos
sua importância para o olhar sobre o território e o perfil das de trabalho da equipe, a integração das bases territoriais
pessoas, considerando a determinação social dos processos (território único), preferencialmente e rediscutir as ações e
saúde-doença para o planejamento das intervenções da atividades dos agentes comunitários de saúde e do agentes
equipe, contribui também para a qualificação e diversificação de combate às endemias, com definição de papéis e
das ofertas de cuidado. A partir do respeito à autonomia dos responsabilidades.
usuários, é possível estimular formas de andar a vida e A coordenação deve ser realizada por profissionais de
comportamentos com prazer que permaneçam dentro de nível superior das equipes que atuam na Atenção Básica.
certos limites sensíveis entre a saúde e a doença, o saudável XIII - Desenvolvimento de ações educativas por parte
e o prejudicial, que sejam singulares e viáveis para cada das equipes que atuam na AB, devem ser sistematizadas de
pessoa. Ainda, numa acepção mais ampla, é possível forma que possam interferir no processo de saúde-doença
estimular a transformação das condições de vida e saúde de da população, no desenvolvimento de autonomia, individual
indivíduos e coletivos, através de estratégias transversais e coletiva, e na busca por qualidade de vida e promoção do
que estimulem a aquisição de novas atitudes entre as autocuidado pelos usuários.
pessoas, favorecendo mudanças para modos de vida mais XIV - Desenvolver ações intersetoriais, em interlocução
saudáveis e sustentáveis. com escolas, equipamentos do SUAS, associações de
Embora seja recomendado que as ações de promoção moradores, equipamentos de segurança, entre outros, que
da saúde estejam pautadas nas necessidades e demandas tenham relevância na comunidade, integrando projetos e
singulares do território de atuação da AB, denotando uma redes de apoio social, voltados para o desenvolvimento de
ampla possibilidade de temas para atuação, destacam-se uma atenção integral;
alguns de relevância geral na população brasileira, que XV - Implementação de diretrizes de qualificação dos
devem ser considerados na abordagem da Promoção da modelos de atenção e gestão, tais como, a participação
Saúde na AB: alimentação adequada e saudável; práticas coletiva nos processos de gestão, a valorização, fomento a
corporais e atividade física; enfrentamento do uso do tabaco autonomia e protagonismo dos diferentes sujeitos implicados
e seus derivados; enfrentamento do uso abusivo de álcool; na produção de saúde, autocuidado apoiado, o compromisso
promoção da redução de danos; promoção da mobilidade com a ambiência e com as condições de trabalho e cuidado,
segura e sustentável; promoção da cultura de paz e de a constituição de vínculos solidários, a identificação das
direitos humanos; promoção do desenvolvimento necessidades sociais e organização do serviço em função
sustentável. delas, entre outras;
XII - Desenvolvimento de ações de prevenção de XVI - Participação do planejamento local de saúde,
doenças e agravos em todos os níveis de acepção deste assim como do monitoramento e a avaliação das ações na
termo (primária, secundária, terciária e quartenária), que sua equipe, unidade e município; visando à readequação do
priorizem determinados perfis epidemiológicos e os fatores processo de trabalho e do planejamento frente às
de risco clínicos, comportamentais, alimentares e/ou necessidades, realidade, dificuldades e possibilidades
ambientais, bem como aqueles determinados pela produção analisadas.
e circulação de bens, prestação de serviços de interesse da O planejamento ascendente das ações de saúde deverá
saúde, ambientes e processos de trabalho. A finalidade ser elaborado de forma integrada nos âmbitos das equipes,
dessas ações é prevenir o aparecimento ou a persistência de dos municípios, das regiões de saúde e do Distrito Federal,
doenças, agravos e complicações preveníveis, evitar partindo-se do reconhecimento das realidades presentes no
intervenções desnecessárias e iatrogênicas e ainda estimular território que influenciam a saúde, condicionando as ofertas
o uso racional de medicamentos.
da Rede de Atenção Saúde de acordo com a
Para tanto é fundamental a integração do trabalho entre
Atenção Básica e Vigilância em Saúde, que é um processo necessidade/demanda da população, com base em
contínuo e sistemático de coleta, consolidação, análise e parâmetros estabelecidos em evidências científicas, situação
disseminação de dados sobre eventos relacionados à saúde, epidemiológica, áreas de risco e vulnerabilidade do território
visando ao planejamento e a implementação de medidas de adscrito.

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LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA
As ações em saúde planejadas e propostas pelas Educação Continuada, igualmente como estratégia para a
equipes deverão considerar o elenco de oferta de ações e de qualificação da AB. As ofertas educacionais devem, de todo
serviços prestados na AB, os indicadores e parâmetros, modo, ser indissociadas das temáticas relevantes para a
pactuados no âmbito do SUS. Atenção Básica e da dinâmica cotidiana de trabalho dos
As equipes que atuam na AB deverão manter profissionais.
atualizadas as informações para construção dos indicadores
estabelecidos pela gestão, com base nos parâmetros 6. DO FINANCIAMENTO DAS AÇÕES DE ATENÇÃO
pactuados alimentando, de forma digital, o sistema de BÁSICA
informação de Atenção Básica vigente; O financiamento da Atenção Básica deve ser tripartite e
XVII - Implantar estratégias de Segurança do Paciente com detalhamento apresentado pelo Plano Municipal de
na AB, estimulando prática assistencial segura, envolvendo Saúde garantido nos instrumentos conforme especificado no
os pacientes na segurança, criando mecanismos para evitar Plano Nacional, Estadual e Municipal de gestão do SUS. No
erros, garantir o cui-dado centrado na pessoa, realizando âmbito federal, o montante de recursos financeiros
planos locais de segurança do paciente, fornecendo melhoria destinados à viabilização de ações de Atenção Básica à
contínua relacionando a identificação, a prevenção, a saúde compõe o bloco de financiamento de Atenção Básica
detecção e a redução de riscos. (Bloco AB) e parte do bloco de financiamento de
XVIII - Apoio às estratégias de fortalecimento da gestão investimento e seus recursos deverão ser utilizados para
local e do controle social, participando dos conselhos locais financiamento das ações de Atenção Básica.
de saúde de sua área de abrangência, assim como, articular Os repasses dos recursos da AB aos municípios são
e incentivar a participação dos trabalhadores e da efetuados em conta aberta especificamente para este fim, de
comunidade nas reuniões dos conselhos locais e municipal; acordo com a normatização geral de transferências de
e recursos fundo a fundo do Ministério da Saúde com o
XIX - Formação e Educação Permanente em Saúde, objetivo de facilitar o acompanhamento pelos Conselhos de
como parte do processo de trabalho das equipes que atuam Saúde no âmbito dos municípios, dos estados e do Distrito
na Atenção Básica. Considera-se Educação Permanente em Federal.
Saúde (EPS) a aprendizagem que se desenvolve no O financiamento federal para as ações de Atenção
trabalho, onde o aprender e o ensinar se incorporam ao Básica deverá ser composto por:
cotidiano das organizações e do trabalho, baseandose na I - Recursos per capita; que levem em consideração
aprendizagem significativa e na possibilidade de transformar aspectos sociodemográficos e epidemiológicos;
as práticas dos trabalhadores da saúde. Nesse contexto, é II - Recursos que estão condicionados à implantação de
importante que a EPS se desenvolva essencialmente em estratégias e programas da Atenção Básica, tais como os
espaços institucionalizados, que sejam parte do cotidiano recursos específicos para os municípios que implantarem, as
das equipes (reuniões, fóruns territoriais, entre outros), equipes de Saúde da Família (eSF), as equipes de Atenção
devendo ter espaço garantido na carga horária dos Básica (eAB), as equipes de Saúde Bucal (eSB), de Agentes
trabalhadores e contemplar a qualificação de todos da Comunitários de Saúde (EACS), dos Núcleos Ampliado de
equipe multiprofissional, bem como os gestores. Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf-AB), dos
Algumas estratégias podem se aliar a esses espaços Consultórios na Rua (eCR), de Saúde da Família Fluviais
institucionais em que equipe e gestores refletem, aprendem (eSFF) e Ribeirinhas (eSFR) e Programa Saúde na Escola e
e trans-formam os processos de trabalho no dia-a-dia, de Programa Academia da Saúde;
modo a potencializá-los, tais como Cooperação Horizontal, III - Recursos condicionados à abrangência da oferta de
Apoio Institucional, Tele Educação, Formação em Saúde. ações e serviços;
Entende-se que o apoio institucional deve ser pensado IV - Recursos condicionados ao desempenho dos
como uma função gerencial que busca a reformulação do serviços de Atenção Básica com parâmetros, aplicação e
modo tradicional de se fazer coordenação, planejamento, comparabilidade nacional, tal como o Programa de Melhoria
supervisão e avaliação em saúde. Ele deve assumir como
de Acesso e Qualidade;
objetivo a mudança nas organizações, tomando como
matéria-prima os problemas e tensões do cotidiano Nesse V - Recursos de investimento;
sentido, pressupõe-se o esforço de transformar os modelos Os critérios de alocação dos recursos da AB deverão se
de gestão verticalizados em relações horizontais que ajustar conforme a regulamentação de transferência de
ampliem a democratização, autonomia e compromisso dos recursos federais para o financiamento das ações e serviços
trabalhadores e gestores, baseados em relações contínuas e públicos de saúde no âmbito do SUS, respeitando
solidárias. especificidades locais, e critério definido na LC 141/2012.
A Formação em Saúde, desenvolvida por meio da I - Recurso per capita:
relação entre trabalhadores da AB no território (estágios de O recurso per capita será transferido mensalmente, de
graduação e residências, projetos de pesquisa e extensão, forma regular e automática, do Fundo Nacional de Saúde
entre outros), beneficiam AB e instituições de ensino e aos Fundos Municipais de Saúde e do Distrito Federal com
pesquisa, trabalhadores, docentes e discentes e, acima de
base num valor multiplicado pela população do Município.
tudo, a população, com profissionais de saúde mais
A população de cada município e do Distrito Federal será
qualificados para a atuação e com a produção de
conhecimento na AB. Para o fortalecimento da integração a população definida pelo IBGE e publicada em portaria
entre ensino, serviços e comunidade no âmbito do SUS, específica pelo Ministério da Saúde.
destaca-se a estratégia de celebração de instrumentos II - Recursos que estão condicionados à implantação de
contratuais entre instituições de ensino e serviço, como estratégias e programas da Atenção Básica
forma de garantir o acesso a todos os estabelecimentos de 1. Equipe de Saúde da Família (eSF): os valores dos
saúde sob a responsabilidade do gestor da área de saúde incentivos financeiros para as equipes de Saúde da Família
como cenário de práticas para a formação no âmbito da implantadas serão prioritário e superior, transferidos a cada
graduação e da residência em saúde no SUS, bem como de mês, tendo como base o número de equipe de Saúde da
estabelecer atribuições das partes relacionadas ao Família (eSF) registrados no sistema de Cadastro Nacional
funcionamento da integração ensino-serviço- comunidade. vigente no mês anterior ao da respectiva competência
Além dessas ações que se desenvolvem no cotidiano
financeira.
das equipes, de forma complementar, é possível oportunizar
processos formativos com tempo definido, no intuito de O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio
desenvolver reflexões, conhecimentos, competências, das equipes de Saúde da Família será publicado em portaria
habilidades e atitudes específicas, através dos processos de específica.

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LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA
2. Equipe de Atenção Básica (eAB): os valores dos no mês anterior ao da respectiva competência financeira.
incentivos financeiros para as equipes de Atenção Básica Será repassada uma parcela extra, no último trimestre de
(eAB) implantadas serão transferidos a cada mês, tendo cada ano, cujo valor será calculado com base no número de
como base o número de equipe de Atenção Básica (eAB) Agentes Comunitários de Saúde, registrados no cadastro de
registrados no Sistema de Cadastro Nacional de equipes e profissionais do SCNES, no mês de agosto do ano
Estabelecimentos de Saúde vigente no mês anterior ao da vigente.
respectiva competência financeira. A efetivação da transferência dos recursos financeiros
O percentual de financiamento das equipes de Atenção descritos no item B tem por base os dados de alimentação
Básica (eAB), será definido pelo Ministério da Saúde, a obrigatória do Sistema de Cadastro Nacional de
depender da disponibilidade orçamentária e demanda de Estabelecimentos de Saúde, cuja responsabilidade de
credenciamento. manutenção e atualização é dos gestores dos estados, do
1. Equipe de Saúde Bucal (eSB): Os valores dos Distrito Federal e dos municípios, estes devem transferir os
incentivos financeiros quando as equipes de Saúde da dados mensalmente, para o Ministério da Saúde, de acordo
Família (eSF) e/ou Atenção Básica (eAB) forem compostas com o cronograma definido anualmente pelo SCNES.
por profissionais de Saúde Bucal, serão transferidos a cada III - Do credenciamento
mês, o valor correspondente a modalidade, tendo como base Para a solicitação de credenciamento dos Serviços e de
o número de equipe de Saúde Bucal (eSB) registrados no todas as equipes que atuam na Atenção Básica, pelos
Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Municípios e Distrito Federal, deve-se obedecer aos
Saúde vigente no mês anterior ao da respectiva competência seguintes critérios:
financeira. I - Elaboração da proposta de projeto de credenciamento
1. O repasse mensal dos recursos para o custeio das das equipes que atuam na Atenção Básica, pelos
Equipes de Saúde Bucal será publicado em portaria Municípios/Distrito Federal;
específica. a. O Ministério da Saúde disponibilizará um Manual com
1. Equipe Saúde da Família comunidades Ribeirinhas e as orientações para a elaboração da proposta de projeto,
Fluviais considerando as diretrizes da Atenção Básica;
b. A proposta do projeto de credenciamento das equipes
4.1. Equipes Saúde da Família Ribeirinhas (eSFR): os que atuam na Atenção Básica deverá estar aprovada pelo
valores dos incentivos financeiros para as equipes de Saúde respectivo Conselho de Saúde Municipal ou Conselho de
da Família Ribeirinhas (eSFR) implantadas serão Saúde do Distrito Federal; e
transferidos a cada mês, tendo como base o número de c. As equipes que atuam na Atenção Básica que
equipe de Saúde da Família Ribeirinhas (eSFR) registrados receberão incentivo de custeio fundo a fundo devem estar
no sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao inseridas no plano de saúde e programação anual.
da respectiva competência financeira. II - Após o recebimento da proposta do projeto de
O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio credenciamento das eABs, as Secretarias Estaduais de
das equipes de Saúde da Família Ribeirinhas (eSFR) será Saúde, conforme prazo a ser publicado em portaria
publicado em portaria específica e poderá ser agregado um específica, deverão realizar:
valor nos casos em que a equipe necessite de transporte a. Análise e posterior encaminhamento das propostas
fluvial para acessar as comunidades ribeirinhas adscritas para aprovação da Comissão Intergestores Bipartite (CIB); e
para execução de suas atividades. b. após aprovação na CIB, encaminhar, ao Ministério da
4.2. Equipes de Saúde da Família Fluviais (eSFF): os Saúde, a Resolução com o número de equipes por estratégia
valores dos incentivos financeiros para as equipes de Saúde e modalidades, que pleiteiam recebimento de incentivos
da Família Fluviais (eSFF) implantadas serão transferidos a financeiros da atenção básica.
cada mês, tendo como base o número de Unidades Básicas Parágrafo único: No caso do Distrito Federal a proposta
de Saúde Fluviais (UBSF) registrados no sistema de de projeto de credenciamento das equipes que atuam na
Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da respectiva Atenção Básica deverá ser diretamente encaminhada ao
competência financeira. Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde.
O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio III - O Ministério da Saúde realizará análise do pleito da
das Unidades Básicas de Saúde Fluviais será publicado em Resolução CIB ou do Distrito Federal de acordo com o teto
portaria específica. Assim como, os critérios mínimos para o de equipes, critérios técnicos e disponibilidade orçamentária;
custeio das Unidades preexistentes ao Programa de e
Construção de Unidades Básicas de Saúde Fluviais. IV - Após a publicação de Portaria de credenciamento
das novas equipes no Diário Oficial da União, a gestão
4.3. Equipes Consultório na Rua (eCR) municipal deverá cadastrar a(s) equipe(s) no Sistema de
Os valores do incentivo financeiro para as equipes dos Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde , num
Consultórios na Rua (eCR) implantadas serão transferidos a prazo máximo de 4 (quatro) meses, a contar a partir da data
cada mês, tendo como base a modalidade e o número de de publicação da referida Portaria, sob pena de
equipes cadastradas no sistema de Cadastro Nacional descredenciamento da(s) equipe(s) caso esse prazo não
vigente no mês anterior ao da respectiva competência seja cumprido.
financeira. Para recebimento dos incentivos correspondentes às
Os valores do repasse mensal que as equipes dos equipes que atuam na Atenção Básica, efetivamente
Consultórios na Rua (eCR) farão jus será definido em credenciadas em portaria e cadastradas no Sistema de
portaria específica. Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, os
5. Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Municípios/Distrito Federal, deverão alimentar os dados no
Básica (NASF-AB) O valor do incentivo federal para o custeio sistema de informação da Atenção Básica vigente,
de cada NASFAB, dependerá da sua modalidade (1, 2 ou 3) comprovando, obrigatoriamente, o início e execução das
e será determinado em portaria específica. Os valores dos atividades.
incentivos financeiros para os NASF-AB implantados serão 1. Suspensão do repasse de recursos do Bloco da
transferidos a cada mês, tendo como base o número de Atenção Básica
NASF-AB cadastrados no SCNES vigente. O Ministério da Saúde suspenderá o repasse de
6. Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) recursos da Atenção Básica aos municípios e ao Distrito
Os valores dos incentivos financeiros para as equipes de Federal, quando:
ACS (EACS) implantadas são transferidos a cada mês, tendo I - Não houver alimentação regular, por parte dos
como base o número de Agentes Comunitários de Saúde municípios e do Distrito Federal, dos bancos de dados
(ACS), registrados no sistema de Cadastro Nacional vigente nacionais de informação, como:

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LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA
a. inconsistência no Sistema de Cadastro Nacional de LEI FEDERAL Nº 8.142/1990
Estabelecimentos de Saúde (SCNES) por duplicidade de Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão
profissional, ausência de profissional da equipe mínima ou do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências
erro no registro, con-forme normatização vigente; e intergovernamentais de recursos financeiros na área da
b. não envio de informação (produção) por meio de saúde e dá outras providências.
Sistema de Informação da Atenção Básica vigente por três
meses consecutivos, conforme normativas específicas.
- identificado, por meio de auditoria federal, estadual e O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o
municipal, malversação ou desvio de finalidade na utilização Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
dos recursos.
Sobre a suspensão do repasse dos recursos referentes Art. 1° O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a
ao item II: O Ministério da Saúde suspenderá os repasses Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990, contará, em cada
dos incentivos referentes às equipes e aos serviços citados esfera de governo, sem prejuízo das funções do Poder
acima, nos casos em que forem constatadas, por meio do Legislativo, com as seguintes instâncias colegiadas:
monitoramento e/ou da supervisão direta do Ministério da I - a Conferência de Saúde; e
Saúde ou da Secretaria Estadual de Saúde ou por auditoria II - o Conselho de Saúde.
do DENASUS ou dos órgãos de controle competentes, § 1° A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro
qualquer uma das seguintes situações: anos com a representação dos vários segmentos sociais,
I - inexistência de unidade básica de saúde cadastrada para avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para a
para o trabalho das equipes e/ou; formulação da política de saúde nos níveis correspondentes,
II - ausência, por um período superior a 60 dias, de convocada pelo Poder Executivo ou, extraordinariamente,
qualquer um dos profissionais que compõem as equipes por esta ou pelo Conselho de Saúde.
descritas no item B, com exceção dos períodos em que a § 2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente e
contratação de profissionais esteja impedida por legislação deliberativo, órgão colegiado composto por representantes
específica, e/ou; do governo, prestadores de serviço, profissionais de saúde e
III - descumprimento da carga horária mínima prevista usuários, atua na formulação de estratégias e no controle da
para os profissionais das equipes; e < >- ausência de execução da política de saúde na instância correspondente,
alimentação regular de dados no Sistema de Informação da inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, cujas
Atenção Básica vigente. decisões serão homologadas pelo chefe do poder legalmente
Especificamente para as equipes de saúde da família constituído em cada esfera do governo.
(eSF) e equipes de Atenção Básica (eAB) com os § 3° O Conselho Nacional de Secretários de Saúde
profissionais de saúde bucal. (Conass) e o Conselho Nacional de Secretários Municipais
As equipes de Saúde da Família (eSF) e equipes de de Saúde (Conasems) terão representação no Conselho
Atenção Básica (eAB) que sofrerem suspensão de recurso, Nacional de Saúde.
por falta de pro-fissional conforme previsto acima, poderão § 4° A representação dos usuários nos Conselhos de
manter os incentivos financeiros específicos para saúde Saúde e Conferências será paritária em relação ao conjunto
bucal, conforme modalidade de implantação. dos demais segmentos.
Parágrafo único: A suspensão será mantida até a § 5° As Conferências de Saúde e os Conselhos de
adequação das irregularidades identificadas. Saúde terão sua organização e normas de funcionamento
6.2-Solicitação de crédito retroativo dos recursos definidas em regimento próprio, aprovadas pelo respectivo
suspensos conselho.
Considerando a ocorrência de problemas na alimentação Art. 2° Os recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS)
do SCNES e do sistema de informação vigente, por parte serão alocados como:
dos estados, Distrito Federal e dos municípios, o Ministério I - despesas de custeio e de capital do Ministério da
da Saúde poderá efetuar crédito retroativo dos incentivos Saúde, seus órgãos e entidades, da administração direta e
financeiros deste recurso variável. A solicitação de retroativo indireta;
será válida para análise desde que a mesma ocorra em até 6 II - investimentos previstos em lei orçamentária, de
meses após a competência financeira de suspensão. Para iniciativa do Poder Legislativo e aprovados pelo Congresso
solicitar os créditos retroativos, os municípios e o Distrito Nacional;
Federal deverão: III - investimentos previstos no Plano Qüinqüenal do
- preencher o formulário de solicitação, conforme será Ministério da Saúde;
disponibilizado em manual específico;- realizar as IV - cobertura das ações e serviços de saúde a serem
adequações necessárias nos sistemas vigentes (SCNES implementados pelos Municípios, Estados e Distrito Federal.
e/ou SISAB) que justifiquem o pleito de retroativo; e-enviar Parágrafo único. Os recursos referidos no inciso IV deste
ofício à Secretaria de Saúde de seu estado, pleiteando o artigo destinar-se-ão a investimentos na rede de serviços, à
crédito retroativo , acompanhado do anexo referido no item I cobertura assistencial ambulatorial e hospitalar e às demais
e documentação necessária a depender do motivo da ações de saúde.
suspensão.Parágrafo único: as orientações sobre a Art. 3° Os recursos referidos no inciso IV do art. 2° desta
documentação a ser encaminhada na solicitação de lei serão repassados de forma regular e automática para os
retroativo constarão em manual específico a ser publicado. Municípios, Estados e Distrito Federal, de acordo com os
As Secretarias Estaduais de Saúde, após analisarem a critérios previstos no art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de
documentação recebida dos municípios, deverão encaminhar setembro de 1990.
ao Departamento de Atenção Básica da Secretaria de § 1° Enquanto não for regulamentada a aplicação dos
Atenção à Saúde, Ministério da Saúde (DAB/SAS/MS), a critérios previstos no art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de
solicitação de complementação de crédito dos incentivos setembro de 1990, será utilizado, para o repasse de
tratados nesta Portaria, acompanhada dos documentos recursos, exclusivamente o critério estabelecido no § 1° do
referidos nos itens I e II. Nos casos em que o solicitante de mesmo artigo. (Vide Lei nº 8.080, de 1990)
crédito retroativo for o Distrito Federal, o ofício deverá ser § 2° Os recursos referidos neste artigo serão destinados,
encaminhado diretamente ao DAB/SAS/MS. pelo menos setenta por cento, aos Municípios, afetando-se o
O DAB/SAS/MS procederá à análise das solicitações restante aos Estados.
recebidas, verificando a adequação da documentação § 3° Os Municípios poderão estabelecer consórcio para
enviada e dos sistemas de informação vigentes (SCNES execução de ações e serviços de saúde, remanejando, entre
e/ou SISAB), bem como a pertinência da justificativa do si, parcelas de recursos previstos no inciso IV do art. 2°
gestor, para deferimento ou não da solicitação. desta lei.

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LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA
Art. 4° Para receberem os recursos, de que trata o art. 3° coletivo, mesmo quando houver necessidade de
desta lei, os Municípios, os Estados e o Distrito Federal referenciamento das pessoas para outros níveis e
deverão contar com: equipamentos de atenção do sistema de saúde.
I - Fundo de Saúde; Deve ser praticada e orientada para o contexto familiar e
II - Conselho de Saúde, com composição paritária de comunitário, entendidos em sua estrutura e conjuntura
acordo com o Decreto n° 99.438, de 7 de agosto de 1990; socioeconômica e cultural. (STARFIELD, 1998, 2005)
III - plano de saúde; A Política Nacional de Atenção Básica considera os
IV - relatórios de gestão que permitam o controle de que termos “atenção básica” e “Atenção Primária à Saúde”, nas
trata o § 4° do art. 33 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de atuais concepções, como termos equivalentes. Associa a
1990; ambos: os princípios e as diretrizes definidos neste
V - contrapartida de recursos para a saúde no respectivo documento. A Política Nacional de Atenção Básica tem na
orçamento; Saúde da Família sua estratégia prioritária para expansão e
VI - Comissão de elaboração do Plano de Carreira, consolidação da atenção básica. A qualificação da Estratégia
Cargos e Salários (PCCS), previsto o prazo de dois anos Saúde da Família e de outras estratégias de organização da
para sua implantação. atenção básica deverá seguir as diretrizes da atenção básica
Parágrafo único. O não atendimento pelos Municípios, ou e do SUS, configurando um processo progressivo e singular
pelos Estados, ou pelo Distrito Federal, dos requisitos que considera e inclui as especificidades locorregionais.
estabelecidos neste artigo, implicará em que os recursos (Fonte: PNAB)
concernentes sejam administrados, respectivamente, pelos
Estados ou pela União. Princípios da Atenção Primária
Art. 5° É o Ministério da Saúde, mediante portaria do Universalidade: o acesso aos serviços da Atenção
Ministro de Estado, autorizado a estabelecer condições para Primária deve ser fácil e para todos
aplicação desta lei. Equidade: as equipes devem atuar prestando a
Art. 6° Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. assistência necessária para cada usuário, respeitando a
Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário. individualidade e a diversidade. Sem fazer distinções
FERNANDO COLLOR Integralidade: os serviços de saúde devem prestar
assistência a população de maneira integral, atendendo as
ORGANIZAÇÃO DA ATENÇÃO BÁSICA NO SUS. necessidades dos seguintes campos: cuidado, promoção e
ATENDIMENTO INDIVIDUAL E COLETIVO EM RELAÇÃO manutenção da saúde, prevenção de doenças e agravos,
À SAÚDE PÚBLICA E QUALIDADE DE VIDA cura, reabilitação, redução de danos e dos cuidados
paliativos

A atenção básica é conhecida como a “porta de entrada” Diretrizes da Atenção Primária


dos usuários nos sistemas de saúde. Ou seja, é o Regionalização e hierarquização: das redes de
atendimento inicial. Seu objetivo é orientar sobre a atenção à saúde. As localidades são divididas em regiões de
prevenção de doenças, solucionar os possíveis casos de saúde, sendo essa uma maneira estratégica de
agravos e direcionar os mais graves para níveis de planejamento, organização e gestão de redes de ações e
atendimento superiores em complexidade. serviços de saúde;
A atenção básica funciona, portanto, como um filtro Territorialização e adscrição: todas as ações de saúde
capaz de organizar o fluxo dos serviços nas redes de saúde, pública devem ser planejadas levando em conta os
dos mais simples aos mais complexos. condicionantes e os determinantes de saúde de um dado
A atenção básica se caracteriza por um conjunto de território. Isso significa dizer que elas são personalizadas
ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange para a população de cada território;
a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, População Adscrita: essa diretriz fala a respeito do
o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de estímulo do vínculo e da responsabilização entre a equipe e
danos e a manutenção da saúde com o objetivo de a população atendida na unidade de saúde, para garantir a
desenvolver uma atenção integral que impacte positivamente continuidade das ações de saúde e que o paciente seja
na situação de saúde das coletividades. Este trabalho é atendido por um bom tempo (longitudinalidade do cuidado);
realizado nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), nas Cuidado Centrado na Pessoa: a APS deve auxiliar os
Unidades Básicas de Saúde Fluviais, nas Unidades indivíduos a gerir e tomar as suas próprias decisões sobre a
Odontológicas Móveis (UOM) e nas Academias de Saúde. saúde. Para isso, é preciso auxiliá-los a desenvolverem
conhecimentos, aptidões, competências e confiança;
Níveis de atenção: Resolutividade: à Atenção Primária deve ser
O modelo de organização brasileiro segue os padrões resolutiva, capaz de resolver a maioria dos problemas de
determinados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), saúde da população;
segundo os quais os serviços de saúde devem ser Longitudinalidade do cuidado: o atendimento de saúde
agrupados de acordo com a complexidade das ações deve se prolongar por muito tempo, de modo que a equipe
necessárias para promover, restaurar ou manter a saúde da de saúde e a população criem um vínculo permanente e
população. consistente;
O sistema de organização em três níveis gradativos de Coordenar o cuidado: a Atenção Básica deve atuar
atenção à saúde serve, principalmente, como uma triagem como um “centro de comunicação entre os diversos pontos
para o Sistema Único de Saude (SUS). de atenção” à saúde;
Os pacientes são encaminhados de um nível ao próximo, Ordenar as redes: é função da APS identificar as
garantindo que profissionais altamente especializados e os necessidades de saúde da população e organizá-las em
equipamentos mais avançados tenham uma maior relação aos outros pontos de atenção à saúde;
disponibilidade para quem precisa, enquanto o paciente que Participação da comunidade: deve ser estimulada a
precisa de um simples curativo já “para” no nível primário. participação da população e as ações de saúde devem ser
1- Atenção primária: APS deve ser o primeiro contato realizadas para a comunidade, de tal forma que o indivíduo
das pessoas com o sistema de saúde, sem restrição de seja capaz de tomar os próprios cuidados com a saúde,
acesso às mesmas, independente de gênero, condições ampliando assim a sua autonomia.
socioculturais e problemas de saúde; com abrangência e Levando em consideração os princípios e as diretrizes é
integralidade das ações individuais e coletivas; além de possível ver que a Atenção Básica é um sistema integrado
continuidade (longitudinalidade) e coordenação do cuidado e universal, que se utiliza da medicina curativa e preventiva
ao longo do tempo, tanto no plano individual quanto no para planejar as ações de saúde.

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LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA
Desse modo, trabalha com a promoção e prevenção da O exemplo mais claro do atendimento de média
saúde individual e coletiva, da saúde da família, focando no complexidade é a UPA 24h. As UPAs funcionam 24 horas
bem-estar e na qualidade de vida. Para que as pessoas por dia, sete dias por semana, e podem atender grande parte
mantenham uma vida saudável e não entrem num processo das urgências e emergências. É lá que ocorre o primeiro
de adoecimento. atendimento de casos cirúrgicos e de trauma, estabilizando
- Tudo isso sem distinção de raça/cor, gênero, sexo, os pacientes e fazendo a investigação diagnóstica inicial,
etnia, condição econômica, orientação sexual, ou até mesmo como forma de definir a conduta necessária para cada caso
a nacionalidade. e garantir o referenciamento dos pacientes que precisam de
- O atendimento primário deve ser prestado para todos, atendimento mais complexo.
de maneira regionalizada, ou seja, atendendo as Policlínicas, hospitais e centros de atendimento com
necessidades da população de cada região. equipamentos para exames mais avançados, como
- As unidades de saúde primárias funcionam de maneira ecocardiogramas e endoscopias, também integram a média
descentralizada e possuem alta capilaridade, pois vão até as complexidade da atenção especializada. É onde são
pessoas, estão próximas delas. tratados, por exemplo, casos de febre alta (acima de 39º C),
- Conforme o Ministério da Saúde, a Atenção fraturas e cortes com pouco sangramento, infarto e derrame
Básica “funciona como um filtro capaz de organizar o fluxo (atendimento inicial), queda com torção, dor intensa ou
dos serviços nas redes de saúde, dos mais simples aos mais fratura, cólicas renais, falta de ar intensa, crises convulsivas,
complexos”. dores no peito, vômito constante, entre outros.
- Por isso, caso o processo de adoecimento possua um Casos não resolvidos ou não estabilizados neste nível
grau de complexidade que exija uma maior atenção do que a têm a garantia de continuidade do tratamento com internação
prestada na Atenção Primária, o indivíduo é encaminhado e intervenção médico-hospitalar mais complexa, por meio de
para os outros níveis de atenção à saúde: secundário regulação do acesso assistencial.
(recuperação da saúde) ou terciário (reabilitação da saúde).
Alta complexidade
2 – Atenção secundária: Formada pelos serviços
especializados em nível ambulatorial e hospitalar, Hospitais gerais de grande porte, hospitais universitários,
com densidade tecnológica intermediária entre atenção Santas Casas e unidades de ensino e pesquisa fazem parte
primária e a terciária, historicamente interpretada como do nível de alta complexidade da atenção especializada. São
procedimentos de média complexidade. Esse nível locais com leitos de UTI, centros cirúrgicos grandes e
compreende serviços médicos especializados, de apoio complexos. Também envolve procedimentos que demandam
diagnóstico e terapêutico e atendimento de urgência e tecnologia de ponta e custos maiores, como os oncológicos,
emergência. cardiovasculares, transplantes e partos de alto risco.
A organização da atenção secundária se dá por meio de Os especialistas da categoria estão aptos para tratar
cada uma das microrregiões do estado, onde há hospitais de casos que não puderam ser atendidos na atenção primária
nível secundário que prestam assistência nas especialidades ou na média complexidade da atenção especializada, por
básicas (pediatria, clinica medica e obstetrícia) além dos
serem mais singulares ou complexos. Há ainda assistência a
serviços de urgência e emergência, ambulatório eletivo para
cirurgias reparadoras, processos de reprodução assistida,
referencias e assistências a pacientes internados,
treinamento, avaliação, e acompanhamento da equipe de distúrbios genéticos e hereditários, entre outros tipos de
saúde da família (ESF). cuidados para processos menos corriqueiros.
O aumento da resolubilidade na atenção primária
depende do acesso a consultas e procedimentos disponíveis PREVENÇÃO DE DOENÇAS: SALUBRIDADE,
na atenção secundária. A boa relação entre a atenção VACINAÇÃO, SANEAMENTO BÁSICO
primária e secundária é um dos fatores condicionantes dessa
resolutividade A prevenção de doenças é um ramo da medicina que
possui o intuito de auxiliar as pessoas a evitar ou contrair
3- Atenção terciária: no nível terciário de atenção à doenças. Para isso, pode-se incluir o uso de medicamentos
saúde estão reunidos os serviços de alta complexidade, de vacinação, medidas preventivas de saúde e a
representados pelos grandes hospitais e pelas clínicas de
identificação de fatores de risco que podem tornar um
alta complexidade.
Nessa esfera, os profissionais são altamente indivíduo mais propenso a contrair uma doença. Além de
capacitados para executar intervenções que interrompam promover bem estar, pois pessoas com hábitos saudáveis
situações que colocam a vida dos pacientes em risco. Trata- possuem menor risco de desenvolver doenças.
se de cirurgias e de exames mais invasivos, que exigem a Por isso, é importante estar sempre atento ao sistema
mais avançada tecnologia em saúde. imunológico, afinal é ele o responsável por garantir a
Dito de outra maneira, o nível terciário visa à garantia do proteção do corpo contra substâncias estranhas que possam
suporte mínimo necessário para preservar a vida dos surgir.
pacientes nos casos em que a atenção no nível secundário
não foi suficiente para isso. Mantenha-se hidratado
Este é o nível mais complexo, onde entram os grandes Cerca de 70% do corpo humano é composto por água,
hospitais e os equipamentos mais avançados, como
em média um adulto pode perder 2,5 litros de água por dia
aparelhos de ressonância magnética, além de profissionais
que pode ocorrer pela respiração, por suor e outras funções
altamente especializados, como cirurgiões.
Isso porque é no nível terciário de atenção à saúde que fisiológicas. Perde-se também minerais como cálcio, sódio e
acontecem as cirurgias e são atendidos os pacientes com potássio que possuem a função de equilibrar o corpo.
enfermidades que apresentam riscos contra suas vidas. A desidratação acontece quando há uma perda
excessiva de água do organismo que é acompanhada da
Distintos, porém interligados perda de sais minerais e orgânicos, com isso ocorre uma
A integração entre os dois níveis de atenção em saúde queda da proteção do sistema imunológico, ou seja, o corpo
compõe uma rede organizada em conjunto com a atenção fica mais suscetível a agentes nocivos e micro-organismos.
primária, atenção hospitalar, atenção domiciliar e o SAMU Por isso, a quantidade de água que deve-se tomar por
192. É geralmente o acolhimento na atenção primária que dia depende de alguns fatores de cada indivíduo, sendo o
encaminha, quando necessário, os pacientes para atenção principal o peso de cada pessoa, porém em geral é
especializada de média complexidade.
recomendado ingerir cerca de 2 litros de água por dia.

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LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA
Faça os exames de rotina regularmente A utilização de água potável, por exemplo, é vista como
Os exames de rotina são fundamentais para a prevenção o fornecimento de alimento seguro à população. O sistema
de problemas de saúde, eles são importantes pois ajudam a de esgoto promove a interrupção da cadeia de contaminação
identificar quando há alguma alteração, que mesmo que humana. Já a melhoria da gestão dos resíduos sólidos (lixo),
ainda pequena é essencial observar para que impeça um reduz o impacto ambiental e elimina ou dificulta a
possível agravamento da situação e evite problemas futuros. proliferação de vetores de doenças.
Deste modo, é preciso se consultar com um médico clínico Neste sentido, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa),
geral, pois é ele quem vai conduzir quais exames são órgão do Ministério da Saúde que detém a mais antiga e
necessários para cada indivíduo. contínua experiência em ações de saneamento no País,
trabalha para reduzir tais riscos, atuando em ações de
Cuide da higiene saneamento básico, a partir de critérios epidemiológicos,
É essencial o autocuidado para prevenir incômodos e ter sócio-econômicos e ambientais voltados para a promoção e
uma saúde melhor, afinal algumas enfermidades, como por proteção da saúde. Sua missão é promover a saúde pública
exemplo: gripe, otite, conjuntivite e outras estão ligadas à e a inclusão social por meio de ações de saneamento e
higiene. saúde ambiental. Sendo assim, fomenta soluções de
Em tempos de pandemia de Covid – 19 e não somente saneamento para prevenção e controle de doenças.
nesse período, é extremamente importante sempre lavar as Dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), na esfera
mãos adequadamente, limpar e desinfetar a casa com federal, cabe à Funasa a responsabilidade de alocar
frequência, lavar as roupas de cama e toalhas toda semana, recursos não onerosos para ações de
manter as unhas aparadas e não levar as mãos a boca, nariz saneamento,financiando a universalização de sistemas de
ou aos olhos. abastecimento de água potável, esgotamento sanitário e
Vacinação em dia gestão de resíduos sólidos urbanos. Promove, ainda, ações
É essencial manter a caderneta de vacinação em dia de drenagem e manejo ambiental, além de melhorias
independentemente da idade da pessoa, pois a função da sanitárias domiciliares e melhorias habitacionais para o
vacina é reforçar o sistema imunológico para que quando os controle da doença de Chagas.
micro-organismos das doenças tentarem invadir o corpo, o Compete à Funasa, por meio do Departamento de
organismo já tenha defesa. Engenharia de Saúde Pública (Densp), fomentar ações de
Além das vacinas recomendadas durante a infância é saneamento para o atendimento, prioritariamente, a
importante lembrar que existem as que são reforços ao longo municípios com população inferior a 50.000 habitantes, bem
da vida do indivíduo. Campanhas são feitas periodicamente como implementar ações de saneamento em áreas rurais e
quando há algum problema em específico na sociedade em comunidades tradicionais de todo o Brasil, tais como as
que necessite de prevenção, assim a pessoa se protege populações remanescentes de quilombos, assentamentos de
além de ajudar a comunidade a diminuir casos de reforma agrária, comunidades extrativistas e populações
determinada doença. ribeirinhas.
Alguns exemplos dos efeitos das ações de saneamento
Alimentação saudável na saúde:
É por meio da alimentação que se fornece os nutrientes - Água de boa qualidade para o consumo humano e seu
necessários ao organismo para assim manter suas funções fornecimento contínuo asseguram a redução e controle de:
em equilíbrio, por isso evite ingerir alimentos enlatados, diarreias, cólera, dengue, febre amarela, tracoma, hepatites,
frituras, açucarados e embutidos. Prefira incluir em seu conjuntivites, poliomielite, escabioses, leptospirose, febre
cotidiano uma alimentação rica em vegetais, frutas, integrais, tifóide, esquistossomose e malária.
oleaginosas e grãos, pois eles fortalecem o sistema - Coleta regular, acondicionamento e destino final
imunológico. adequado dos resíduos sólidos diminuem a incidência de
casos de: peste, febre amarela, dengue, toxoplasmose,
Exercícios físicos leishmaniose, cisticercose, salmonelose, teníase,
O exercício físico é o melhor aliado para uma saúde leptospirose, cólera e febre tifóide.
equilibrada, exercitar o corpo diariamente por apenas 15 - Esgotamento sanitário adequado é fator que contribui
minutos evita doenças cardíacas além de fortalecer os para a eliminação de vetores da: malária, diarréias,
ossos. Você pode praticar exercícios em casa ou fazer verminoses, esquistossomose, cisticercose e teníase.
caminhadas, porém, é muito importante realizar um - Melhorias sanitárias domiciliares estão diretamente
acompanhamento médico para saber se há restrições nos relacionadas com a redução de: doença de Chagas,
exercícios. esquistossomose, diarreias, verminoses, escabioses,
tracoma e conjuntivites.
Cuidar da saúde mental
Desequilíbrios emocionais também podem abalar o ÉTICA E CIDADANIA
sistema imunológico, por isso é essencial cuidar da saúde
mental tanto quanto a saúde física. Evite guardar seus Ética: Uma conduta ética pode ser um tipo de
sentimentos para si, faça um acompanhamento psicológico e comportamento mediado por princípios e valores morais.
priorize sempre seu bem estar mental. Nesse sentido, trata-se de uma reflexão sobre a moral,
podendo-se afirmar que a ética é a parte da filosofia que
Qualidade do sono estuda a moral, pois reflete e questiona sobre as regras
Durante o sono o corpo continua trabalhando para morais.
manter o equilíbrio do sistema imunológico, endócrino
(glândulas e hormônios) e neurológico (sistema nervoso). Ter Função pública é a competência, atribuição ou encargo
uma boa noite de sono possui muitos benefícios como: para o exercício de determinada função que é conferida a ele
diminui riscos de diabetes, hipertensão, obesidade e pela administração pública. Para o exercício desta função
depressão. tem que estar bem claro que deve atender ao interesse
público. Existem várias normas que regulam como o agente
Saneamento para Promoção da Saúde público deve agir para exercer sua função pública, mas ele
Os riscos à saúde pública estão ligados a alguns fatores sempre deve respeitar o valores éticos e morais
possíveis e indesejáveis de ocorrerem em áreas urbanas e determinados pela sociedade para uma melhor convivência.
rurais, os quais podem ser minimizados ou eliminados com o Muitas vezes vemos no dia a dia que estes valores não
uso apropriado de serviços de saneamento. são observado no setor público acarretando problemas no
atendimento ao público.

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 38 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA
Se o agente público incorporar padrões éticos em sua b) Objetividade
vida, não só a profissional, mas também em sua vida pessoal c) Excelência
ele teria uma vida equilibrada e consequentemente teria uma
boa relação com sua família, amigos, colegas de trabalho e a) Imparcialidade
usuários do serviço na qual está vinculada a atribuição de O serviço público envolve relacionamentos humanos que
sua função pública. podem se chocar com nossos gostos e preferências
Outra coisa que o agente público deve ficar atendo é pessoais – políticas, ideológicas, religiosas ou o que for.
sobre a legalidade e a ética no exercício de sua função. Não Às vezes simpatizamos muito com certas pessoas e
é suficiente para ser um excelente servidor público observar detestamos outras, apoiamos um partido ou corrente política
somente as leis e as regras que devem ser cumpridas, ou e não outra, essa igreja e não aquela etc.
seja, o princípio da legalidade. É claro que o exercício correto de qualquer ofício não
pode deixar que esses gostos e preferências interfiram no
Serviço Público X Emprego que deve ser feito.
A carreira do serviço público não é um emprego comum,
no sentido que este termo adquiriu na sociedade industrial. O b) Objetividade
Estado, por um lado, não é uma empresa capitalista, cujo Objetividade significa uma abordagem razoavelmente
objetivo é a produção de mercadorias com vistas ao lucro. O distanciada e serena do trabalho a fazer. Isso não significa
serviço público, portanto, está longe de ser um pacote indiferença ou frieza: trata-se apenas de evitar que
indefinido de produtos e serviços voltados para o mercado. sentimentos explosivos atrapalhem o nosso desempenho.
Não é o caso de sufocar as emoções, mas sim educá-las
Estado X Patrão para seguir o fluxo racional que leva ao sucesso do trabalho.
Por outro lado, o Estado não é um “patrão” no sentido
usual, que explora o trabalho alheio para promover seus c) Excelência
próprios interesses. Se há um “patrão” em jogo – a própria O trabalho profissional é a busca incessante da
comunidade que o Estado deve representar -, ele não se perfeição. Nunca alcançaremos a perfeição, mas ao buscá-
encaixa bem no papel de explorador do trabalho, embora até la, chegaremos ao melhor possível.
possa ser rigoroso com os seus funcionários, no que tange
ao zelo com a coisa pública (res publica).
O serviço público é uma vocação profissional. Vocação O que é um Código de Ética?
pelo caráter nobre da atividade: servir uma comunidade e É um padrão que serve de guia para a conduta de um
promover o bem comum são missões honradas e determinado grupo. É um conjunto de princípios, assumidos
dignificantes. Vocação porque exige desprendimento: por publicamente, que orientam determinadas atividades, de
mais bem pago que seja, o serviço público jamais será o acordo com os anseios sociais por honestidade,
lugar ideal para quem busca o mais alto retorno que o solidariedade e correção. O código deve ser posto em
mercado de trabalho pode oferecer. relação, por um lado, com a lei e, por outro, com a
Desprendimento não significa ausência de uma ambição moralidade em sentido mais amplo. Um código de ética não
salutar. Trata-se de uma ambição de natureza distinta pode, obviamente, pôr-se fora ou além da lei: não pode servir
daquela que se espera nos negócios privados: estamos como desculpa ou meio para legitimar comportamentos que
falando do desejo de tornar a sua cidade, estado ou país um a lei proíbe.
lugar melhor de se viver, da vontade de enfrentar os desafios O código tenta capturar um aspecto que escapa, em
que essa meta impõe, e da necessidade de ser reconhecido geral, à legislação e ao legislador: pode-se cumprir
por isso. perfeitamente a lei e, ainda assim, prejudicar alguém.
Exige-se ética na vida pública porque as pessoas não
Profissionalismo apenas desejam o cumprimento da lei, mas sim o seu bom
O serviço público é uma atividade altamente profissional cumprimento. Incorporar essa dimensão do bom
porque é produto de uma opção: o Estado convoca seus cumprimento da lei é uma tarefa difícil, mas que cabe
quadros de carreira para uma dedicação plena. perfeitamente a um código de ética.
O que se espera dos ocupantes dos cargos públicos? Por outro lado, também não faria sentido ter um código
- Vínculo permanente. de ética que apenas repetisse o que já está plenamente
- Concentração no trabalho. determinado e assegurado na lei.
- Dedicação.
- Empenho para servir à comunidade. Pontos a serem observados quando da elaboração de
- Competência. um Código de Ética:
- Explicitar os valores afirmados por um grupo e, em
Dos ocupantes desses cargos não se espera um vínculo seguida, dar uma concretude maior a eles por meio de
eventual ou superficial, mas uma concentração, intelectual e normas que sirvam de instrumentos para realizar os valores
emocional, na função pública escolhida. Por isso, essa afirmados.
função tem que estar relacionada a um talento real, - Cuidar para não ser entendido, primariamente, como
desenvolvido pela educação e pela experiência ao exercê-la. um instrumento disciplinar e repressivo.
Uma dedicação plena e por toda uma vida só pode dar - Cuidar para que não esteja voltado exclusivamente
certo se o candidato ao cargo tiver, além do empenho para para “quem não tem ética”. É bem provável que o inverso
servir à comunidade, a competência e o gosto para fazer o seja mais verdadeiro.
que se espera do cargo. Do contrário, em pouco tempo, o - Articular princípios ou valores que frequentemente
desempenho se tornará enfadonho, com prejuízo ao público entram em choque, colocando-os em perspectiva, a fim de
e ao próprio servidor. reconciliá-los ou priorizá-los. Isso pode ser útil na resolução
A boa carreira na estrutura administrativa do Estado é, de dilemas morais, vividos justamente por aqueles que
portanto, uma síntese de vocação e aptidão para lidar com procuram se conduzir eticamente.
as questões técnicas ou outras próprias do serviço prescrito.
Mas o profissionalismo do serviço público é mais do que o A ética no serviço público
exercício talentoso de uma função. Ética é a área da Filosofia que que estuda o
Há valores em jogo e uma conduta adequada a seguir. comportamento humano e sua relação com as normas. Ela,
Para além do compromisso ético com o bem comum, uma essencialmente, reflete os princípios e os valores morais
atitude profissional exige, entre outras qualidades: questionando se certas formas de agir contribuem ou não
a) Imparcialidade para a vida na sociedade, cujo objetivo é a justiça social.

MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL 39 MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL


LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA
A ética garante princípios com que, de alguma forma, caráter objetivo e público, não um ato individual e privado. A
todos nós concordamos e que foram aceitos por aqueles que Ética representa uma abordagem sobre as constantes
fazem parte da nossa sociedade. morais, aquele conjunto de valores e costumes mais ou
Portanto, a ética é fundamental para regulamentar as menos permanente no tempo e uniforme no espaço.
relações entre todos nós. Direito e Moral são conceitos que fazem parte da noção
Se buscarmos a origem da palavra, sua etimologia de justiça, considerando que toda ação estatal é dirigida à
origina-se no grego: ética vem de ethos = costumes, mores = satisfação do interesse coletivo inserido no Estado
moral. Isto significa que a “ética” já era estudada pelos Democrático, que se destina a assegurar o exercício dos
gregos na antiguidade e era considerada uma ciência do direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o
comportamento moral dos homens em sociedade. bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como
Portanto, ética é uma ciência do comportamento moral valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e
dos homens a ser estudada no campo da filosofia. Chegando sem preconceitos, fundada na harmonia social, nos exatos
a outra definição que complementa a primeira: termos do preâmbulo da Constituição Federal.
“Ética é um conjunto de regras morais que regulam a A justiça como conceito moral significa a aplicação
conduta e as relações humanas”. imparcial de normas de conduta que sejam imparciais, não
Sabendo que ética, é um conjunto de regras morais, é discriminando sem fundamento em lei ou em regras
importante entender o que é moral, afim de não se confundir determinadas pessoas ou determinados fins, pois o ato justo
ética e moral. Como exemplo, vamos imaginar uma mulher sempre serve a fins considerados bons. Em contraste,
vestida com uma roupa muito transparente ou que exponha identifica-se com a observância de certas restrições na
muito o corpo, e outra pessoa se expressa censurado essa busca de fins. Logo, o ato dotado de justiça e moral deve
forma de vestir. Nesse caso, um indivíduo julgou o respeitar estas restrições na ação, quaisquer que sejam os
comportamento do outro e, para os seus costumes, aquele fins desejados.
modo de vestir é inapropriado. O agente público, ao atuar, não poderá desprezar o
É bem possível que, para outra pessoa, essa situação elemento ético de sua conduta.
nem chame a atenção. Da mesma forma ocorreram os Ao ter que decidir entre o honesto e o desonesto, por
primeiros contatos entre os grupos indígenas que viviam no considerações de direito e de moral, está cingido a uma
Brasil e os europeus colonizadores, que consideravam uma escolha que seja mais eficiente na maior clareza para a
imoralidade as vestimentas dos indígenas, o uso de administração, e o ato administrativo produzido não se
grafismos, pinturas e adornos. poderá se contentar com a mera obediência à lei jurídica,
Achavam que estes estavam “nus” pelo fato de não exigirá também à vitória da ramificação moral e a estrita
usarem as mesmas roupas e adornos aos quais eles correspondência aos padrões éticos internos da própria
estavam acostumados e isso, portanto, causava grande instituição.
espanto. Analisando a situação do ponto de vista dos grupos O Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil
indígenas, a forma de vestir é outra, diferente da do europeu do Poder Executivo Federal define com muita clareza o
e, o corpo não precisava de toda aquela roupa com o calor assunto.
tropical do Brasil. “II - O servidor público não poderá jamais desprezar o
Os indígenas também deveriam achar esquisito (não elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir
necessariamente imoral) o jeito como os “brancos” estavam somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o
vestidos, cobertos de roupa até o pescoço. conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno,
Como podemos ver, moral dependerá muito de alguns mas principalmente entre o honesto e o desonesto,
referenciais como: quem somos, onde moramos, a qual consoante às regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da
cultura pertencemos e em que época histórica vivemos. Constituição Federal.
Imaginem-se esses mesmos europeus colonizadores nos III - A moralidade da Administração Pública não se limita
vissem caminhando pelas ruas com as vestimentas que à distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da
usamos hoje, ou se as pessoas que viveram no final do ideia de que o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre
século XIX vissem as mulheres usando calças, trabalhando e a legalidade e a finalidade, na conduta do servidor público, é
tendo os mesmos direitos que os homens. Isto, certamente, que poderá consolidar a moralidade do ato administrativo.”
seria considerado uma imoralidade. A moralidade administrativa constitui-se, modernamente,
Devido a muitas mudanças na História, a sociedade é num pressuposto de validade de todo ato da Administração
outra e a nossa moral também mudou. O que antigamente Pública. A moral administrativa é imposta ao agente público
era considerado imoral, hoje pode não ser mais. Sabemos para sua conduta interna, segundo as exigências da
que essas designações quase sempre espelham valores instituição a que serve, e a finalidade de sua ação: o bem
pessoais, razão pela qual nem sempre há um perfeito acordo comum. A legitimidade, enquanto espécie de projeção de um
no julgamento de atitudes entre as pessoas. conceito exterior que deve estar acima de todos os atos
Já com a ética é diferente. A ética seria um conjunto de administrativos, define-se pela interpretação de três valores
padrões de condutas compartilhadas por todas as pessoas, e fundamentais – ou de atributos, como preferem alguns – que
que, desde a filosofia do grego Aristóteles, está relacionada revestem os atos e que são a moralidade, legalidade e
a uma noção de justiça. É lógico que o que é justo ou não finalidade. As leis que disciplinam o modo de atuação da
muda ao longo da História e depende do ponto de vista de Administração Pública frequentemente podem ensejar, pelo
cada cultura. Porém, na ética, buscam-se valores que são critério discricionário, atuação em sentidos quase contrários
universais, baseados na noção de justiça, como, por sem que, do ponto de vista estrito da legalidade, se possa
exemplo, o direito à vida. punir qualquer um dos procedimentos de desamparados pela
legislação. A legalidade é condição necessária, mas não
A MORALIDADE E A ÉTICA NA FUNÇÃO PÚBLICA suficiente, para a legitimidade dos atos administrativos. Deve
A moralidade, apesar de estar mais relacionada à prevalecer uma ligação necessária entre validade e
conduta pessoal, também determina atos e políticas da moralidade, pois o tratamento diferente para iguais casos
administração pública. A moralidade administrativa e a ética concretos traz efeitos e consequências da violação da ordem
na administração não representam senão uma das faces da jurídica e da posição do Estado como anjo guardião
moralidade pública que se sujeita ao controle social, pois a (tutelador) dos direitos.
moralidade é encontrada nos julgamentos que as pessoas É indispensável – para adequação ética do ato
fazem sobre a conduta e não na própria conduta. administrativo – que as soluções possíveis de serem
Assim sendo, em se tratando de moralidade pública, adotadas sejam todas válidas perante o direito, pois não há
torna-se imperioso reivindicar-se alto grau de generalidade e discricionariedade diante de uma solução ilegal que se
autoridade, resultando, então, do julgamento respectivo, em apresente ao administrador.

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LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA
O dever de probidade decorre diretamente do princípio Benefícios da ética no trabalho
da moralidade que lhe é anterior e hierarquicamente superior O profissional ético é, naturalmente, admirado, pois o
pelo maior grau de superioridade que os princípios têm em respeito pelos colegas e pelos clientes é o que dá destaque
relação dos deveres. Pode-se dizer que a probidade é uma a esse colaborador. A ética seria uma espécie de filtro que
das possíveis formas de externação da moralidade. não permite a passagem da fofoca, da mentira, do desejo de
É a via onerosa da moralidade, posto que esse dever prejudicar um colaborador, entre outros aspectos negativos.
tem um cunho patrimonial. O bom agente público é o que, E é necessário ressaltar que os líderes são profissionais
usando de sua competência para o preenchimento das éticos, ou devem ser, para desenvolver as competências do
atribuições legais, se determina não só pelos preceitos cargo com êxito. Os que optam pela ética preferem oferecer
vigentes, mas também pela moral comum. Se os primeiros feedbacks, em vez de deixar o ambiente de trabalho
delimitam as fronteiras do lícito e do ilícito, do justo e do desarmônico, e são honestos quanto às próprias condições,
injusto positivos – a segunda espera dele conduta honesta, ou seja: não inventam mentiras para se ausentar das falhas.
intrínseca e extrinsecamente conforme a função realizada Cultivar a ética profissional no ambiente de trabalho traz
por seu intermédio. A moralidade, no âmbito da benefícios e vantagens a todos, uma vez que ela proporciona
Administração Pública, há de ser vista segundo um duplo crescimento à empresa e a todos os envolvidos. Com uma
critério, o da moralidade objetiva e da moralidade subjetiva. conduta ética bem estruturada é possível, do trabalho em
Existem graus de objetividade no bem e no mal moral. equipe e respeito mútuo entre todos colaboradores.
Pode acontecer de atos que, embora pareçam bons e legais
em si, trazem consigo um predomínio de interesses díspares Princípios Gerais ético do Serviço Público
em relação à finalidade. - Os servidores públicos devem ser leais as suas
O aspecto moral subjetivo do ato administrativo deve ser Constituições, leis e princípios éticos acima dos interesses
determinado pela intenção concreta, considerada não privados;
somente em si, como também nos meios pelos quais pode - Os servidores não poderão ter interesses financeiros
ser efetuado e nas circunstâncias que possam manter
que causem conflitos ao desempenho de sua atividade;
alguma relação com a ordem moral. Na expressão interesse
público se oculta o valor de moralidade, ética, - Os servidores deverão usar de sigilo, não utilizando
independência, honestidade objetiva e subjetiva da informações governamentais para seu próprio interesse.
Administração em relação a rigorosamente todos os Além disso não poderão fazer promessas não autorizadas
assuntos que dizem respeito às relações da Administração que comprometam o governo;
no âmbito interno e externo. - Os servidores deverão ser honestos no cumprimento de
O princípio-fim de probidade administrativa, que reveste suas funções;
o interesse de observância de máxima economia dos - Os servidores não poderão aceitar presente ou item de
recursos do Estado não pode justificar, pela Administração, a valor de qualquer pessoa ou instituição em busca de
prática de atos que nas relações privadas sejam condenados benefícios, nem realizar atividades não reguladas ou
pela moral, ou ao menos revestidos de incontornável permitidas pelo órgão do servidor;
pejoração ética.
- Os servidores não poderão usar seu cargo para ganhos
O conceito de legitimidade administrativa está
privados;
impregnado de uma rígida e substanciosa camada de
observância aos princípios ativos da moralidade e da ética - Os servidores devem agir com imparcialidade e não
da Administração em suas múltiplas relações. devem dar tratamento diferenciado a nenhuma organização
A Administração está obrigada numa ética de dupla mão individual ou privada;
de sentido – a ética da Administração e a ética na - Os servidores deverão proteger e conservar o
Administração dos negócios públicos. patrimônio do Estado, não os utilizando para fins não
A ética da Administração é garantia da observância do autorizados;
interesse coletivo. A ética na Administração consubstancia- - Os servidores deverão confessar fraudes, corrupção,
se na proteção do indivíduo contra a própria Administração. desperdícios e abusos as autoridades responsáveis.
A partir do momento em que a Constituição Federal, em - Os servidores deverão de boa fé satisfazer suas
seu art. 37, inseriu o principio da moralidade administrativa obrigações de cidadãos, incluindo obrigações financeiras;
entre os de observância obrigatória pela Administração
- Os servidores deverão apoiar todos os regulamentos e
Pública, ela veio permitir que o ato administrativo imoral
fosse considerado tão inválido quanto o ato administrativo leis que asseguram oportunidades iguais para todos;
ilegal. - Os servidores deverão evitar toda a ação que crie a
O poder judiciário, no julgamento de ação de qualquer aparência de que estão violando as leis ou normas éticas.
natureza, pode ingressar no exame da moralidade
administrativa para salvaguarda dos interesses individuais e
sociais, avaliando o comportamento ético da e na A cidadania
Administração Pública. A origem da palavra cidadania vem do latim civitas, que
- fazer uso do cargo ou função, facilidades, amizades, quer dizer cidade. Na Grécia antiga, considerava-se cidadão
tempo, posição e influências, para obter qualquer aquele nascido em terras gregas. Em Roma a palavra
favorecimento, para si ou para outrem; cidadania era usada para indicar a situação política de uma
- pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer
pessoa e os direitos que essa pessoa tinha ou podia exercer.
tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão,
Juridicamente, cidadão é o indivíduo no gozo dos direitos
doação ou vantagem de qualquer espécie, pelo cumprimento
de sua missão ou para influenciar outro servidor para o civis e políticos de um Estado. Em um conceito mais amplo,
mesmo fim; cidadania quer dizer a qualidade de ser cidadão, e
- aceitar presentes, salvo no caso de brindes que não consequentemente sujeito de direitos e deveres.
tenham valor comercial ou sejam distribuídos por entidades A relação do cidadão com o Estado é dúplice: de um
de qualquer natureza a título de cortesia, propaganda, lado, os cidadãos participam da fundação do Estado, e
divulgação habitual ou por ocasião de eventos especiais ou portanto estão sujeitos ao pacto que o criou, no nosso caso a
datas comemorativas, desde que não ultrapassem o valor de Constituição Federal de 1988. Portanto, sendo o Estado dos
estabelecido em lei; próprios cidadãos, os mesmos têm o dever de zelar pelo
- fazer uso de informações privilegiadas obtidas no bem público e participar, seja através do voto, seja através
âmbito interno de seu serviço, em benefício próprio, de de outros meios, formais e informais, do acompanhamento e
parentes, de amigos ou de terceiros.
fiscalização da atuação estatal.

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LEGISLAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA
Ao mesmo tempo, os agentes estatais, como cidadãos ________________________________________
investidos de funções públicas, tem o dever de atuar com
base nos princípios da legalidade, impessoalidade, ________________________________________
moralidade e publicidade, prestando contas de todos os seus
atos. Uma relação harmoniosa entre as expectativas dos
cidadãos e a atuação estatal é o ideal a ser alcançado por ________________________________________
qualquer sociedade. Mas nem tudo depende apenas do
Estado. O conceito de cidadania vai muito além, pois ser ________________________________________
cidadão significa também tomar parte da vida em sociedade,
tendo uma participação ativa no que diz respeito aos ________________________________________
problemas da comunidade. Segundo Dalmo de Abreu Dallari:
“A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à ________________________________________
pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do
governo de seu povo”.
Colocar o bem comum em primeiro lugar e atuar sempre ________________________________________
que possível para promovê-lo é dever de todo cidadão
responsável. A cidadania deve ser entendida, nesse sentido, ________________________________________
como processo contínuo, uma construção coletiva que
almeja a realização gradativa dos Direitos Humanos e de ________________________________________
uma sociedade mais justa e solidária.
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ESPAÇO RESERVADO PARA ANOTAÇÕES
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