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MÓDULO 1
Políticas Públicas, Estado e
Governança
Autor da disciplina Governança, saúde e sociedade
Professor Dr. Éverton Luís Pereira
Professor da Universidade de Brasília (UnB) no Departamento de Saúde Coletiva (DSC),
Apresentação
Esse módulo, intitulado “Políticas Públicas, Estado e Governança” é o primeiro de uma
disponíveis para debater com vocês e para tirar dúvidas! Desejamos bons estudos!
Objetivos
1) Fornecer elementos conceitos para a análise das ações públicas de forma crítica
e reflexiva;
cotidiano do trabalho.
Avaliação
A avaliação será realizada por meio de um questionário com respostas objetivas ao
Antes de iniciar as discussões propostas para este módulo, é essencial que cada um de
saúde é o completo bem-estar físico, mental, social e espiritual. Saúde deve ser vista
como qualidade de vida. Ou seja, saúde não pode ser definida apenas como ausência
de doenças. Essa perspectiva sobre saúde foi incorporada nos instrumentos legais e
Saúde (SUS).
várias outras.
Disponível em:
https://static.scielo.org/scielobooks/4ndgv/pdf/paim-9788575413593.pdf
1988 foi uma das grandes vitórias das mobilizações sociais e políticas da reforma
sanitária. A consolidação dos princípios do SUS foi outro ponto essencial para ampliar
Você lembra quais são os princípios do SUS? Caso ainda tenha dúvidas, sugerimos a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/sus
Ao longo desse módulo e da disciplina, nós vamos retomar os princípios do SUS para
O debate sobre o que é política pública, quais são as melhores formas e/ou teorias
para sua definição é bastante latente no meio acadêmico (HAM, HILL, 1993; SOUZA,
2006; MELO, 1999, entre outros). Na disciplina anterior, vimos que políticas públicas
territorial, ou seja, que legisla sobre determinado espaço geográfico; (2) órgão
cidadãos; (3) monopólio da força, por meio de ações coercitivas legítimas (como as
leis, por exemplo); (4) responsável por prover bens e serviços para garantir um certo
Governo: “em uma definição mais próxima do Estado moderno, diz respeito não
(COSTA, IANNI, 2018, p. 43). “No paradigma moderno de Marshall (1967), cidadania é
sentido, a cidadania tem seu território definido nas dimensões do Estado nacional e,
assim, o cidadão é o indivíduo que tem um vínculo jurídico com o Estado, sendo
como a condição que garante aos indivíduos, membros plenos de uma comunidade,
dos anos. Conforme destacado por autores como Viana e Baptista (2012) e
estado passa a ser visto como provedor de bens e serviços. Essa provisão apa-
como o Estado influencia e aparece na oferta de serviços varia de país para pa-
ís. Entretanto, é salutar que ele desponta como um importante ator também
nessa esfera. Isso gera disputas sobre prioridades e alocação de recursos para
provimento desses bens e serviços, bem como para a manutenção das outras
tarefas do Estado.
Sugerimos como leitura optativa o capítulo VIANA, LA.; BAPTISTA, FWT. Análise de
2.ed. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2012 (p. 59-87). Disponível em:
https://books.scielo.org/id/c5nm2/pdf/giovanella-9788575413494.pdf
civis e sociais, faz com que as demandas pela presença e/ou por ações e servi-
bem como os próprios limites das estruturas do Estado. Existe uma literatura
Artigo LAVALLE, AG. Cidadania, Igualdade e Diferença. Lua Nova, São Paulo, n 59, 2003.
Disponível em:
https://www.scielo.br/j/ln/a/TfYpVcjm7ghXWfZqzv6SjHq/?format=pdf&lang=pt .
Capítulo do livro COSTA, M.I.S., and IANNI, A.M.Z. O conceito de cidadania. In:
teórica [online]. São Bernardo do Campo, SP: Editora UFABC, 2018, pp. 43-73.
rentes atores para que ela possa se concretizar. Não basta o reconhecimento
cessário um conjunto de confluências de forças para fazer com que a ação pos-
sa ser efetuada.
provedor. Como vimos, a saúde está sendo vista como um conjunto de ações de
prover saúde por parte do Estado brasileiro precisa levar em consideração, tanto a
setor saúde propriamente dito, bem como de forma articulada com diferentes setores
3. Governança
política pública. É necessário que o Estado e o governo sejam legítimos, tanto do ponto
legitimidade para os pleitos eleitorais, por exemplo). Essa legitimidade pode garantir
de interesses”.
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saúde como dever do Estado e como algo amplo, intersetorial e interdisciplinar, o que
existam esforços diversos, que atuem para atingir a confluência de forças, a partir de
governança.
Heidmann (2006), “não existe um conceito único de governança pública, mas antes
uma série de diferentes pontos de partida para uma nova estruturação das relações
entre o Estado e suas instituições nos níveis federal, estadual e municipal, por um lado,
governança, fazendo uso de Löffer (2001, p. 212) “[governança diz respeito a] uma
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nova geração de reformas administrativas e de Estado, que têm como objeto a ação
pelas empresas e pela sociedade civil, visando uma solução inovadora dos problemas
(partidos políticos e grupos de pressão, por exemplo), mas também redes sociais
buscar as melhores práticas e resultados em uma política pública. Ela pode ser
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pensada tanto em nível local (municipal ou regional), quanto em nível estadual, federal
níveis.
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621-640, 2010.
4. Considerações finais
no setor saúde. Esses conceitos são amplamente trabalhados por autores da Saúde
constante disputa. Também entendemos ser necessário olhar para o Estado como
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forma como ele chega para a sociedade: pelos seus mecanismos legais, mas também
pelos serviços que presta. Também recapitulamos que a saúde é um dos elementos
pode ser útil para ampliar nossa capacidade reflexiva e, consequentemente, melhorar
nossas práticas.
vídeo elaborado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) sobre o que é Governança. O
5. Referências Bibliográficas
https://portal.tcu.gov.br/data/files/0A/52/94/E4/5F3F561019190A56E18818A8/GUIA
%20GOVERNANCA%20EM%20SAUDE_WEB.PDF
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como requisito parcial para a obtenção do Título de Doutor em Saúde Coletiva pelo
UnB, 2023.
Bernardo do Campo, SP: Editora UFABC, 2018, pp. 43-73. ISBN: 978-85-68576-95-3.
https://doi.org/10.7476/9788568576953.0003
moderno. Londres, 1993, 2a ed. Trad. por Renato Amorim e Renato Dagnino.
relações entre Estado, mercado e sociedade? RAP, Rio de Janeiro, v. 40, n. 3, p. 479-
https://www.scielo.br/j/rap/a/rwrQDBzcvb7qVLGgdBvdWDH/?format=pdf
MELO, M. A. Estado, governo e políticas públicas. In: Miceli, S. (Org.). O que ler na
Ciência Social brasileira (1970-1995). Ciência Política, v. 3. São Paulo: Ed. Sumaré,
1999. p. 59-99.
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Disponível em:
https://www.scielo.br/j/dados/a/Tg5ZpD4bVvfjFLg87yZB5gg/?lang=pt
SOUZA, C. Políticas Públicas: uma revisão da literatura. Sociologias, Porto Alegre, ano
VIANA, LA.; BAPTISTA, FWT. Análise de Políticas de Saúde. In: GIOVANELLA, L. (org.)
Política e Sistema de Saúde no Brasil. 2.ed. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2012.
Disponível em:
https://books.scielo.org/id/c5nm2/pdf/giovanella-9788575413494.pdf
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