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Gestão da
Saúde Pública
e Privada
Profª. Leticia Ferreira Menezes
:
Os dois sistemas são instâncias distintas, mas mutuamente dependente. Para garantir
que o acesso seja de qualidade, as Operadoras de Saúde precisam que o SUS esteja
possibilitando atendimento gratuito a uma grande parcela da população. E para que o
SUS possa garantir o funcionamento da rede pública, ele depende que os convênios
possibilitem os serviços oferecidos nos planos de saúde.
Pensando nessa necessária capacitação, esta disciplina tem como objetivo formar os
pós-graduandos nos estudos sobre a Gestão da Saúde Pública e da Saúde Privada.
Utilizando referências consagradas na área, o material percorre o caminho histórico, dos
antigos sistemas de saúde até a promulgação do SUS, passando pela criação da ANS
até chegar nas atuais tendências do mercado da saúde suplementar.
Seu Livro Didático está dividido em três etapas. Na Etapa 1 será abordada a construção
histórica do SUS e as bases da gestão e organização do SUS, as responsabilidades de
cada esfera administrativa e os fluxos de financiamento. Por fim, trabalha-se a política
nacional de humanização do SUS.
Na Etapa 2 serão relembrados os modelos de saúde privada que existiam antes do SUS
e a gestão e organização do sistema de saúde suplementar, incluindo sua legislação e
agências de fiscalização. Por fim, será debatido questões éticas e bioéticas.
Bons estudos!
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UNICESUMAR | UNIVERSO EAD
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UNIDADE 1
Olá, aluno! Bem-vindo à Etapa 1 do seu livro da disciplina de Gestão Pública e privada.
Esta etapa vai lhe apresentar o modelo de organização de saúde pública no país, desde
sua construção até a atualidade e proporcionará, sob a perspectiva da autora do seu livro
da disciplina, um panorama do modelo de organização da saúde pública no país.
Esta etapa está dividida em quatro seções. Primeiro será realizado um resgate histórico
de como foi construído o Sistema Único de Saúde, quais eram os modelos vigentes
anteriormente e quais os atores envolvidos nesse processo. Também serão apresentadas
as principais leis que sustentam o SUS e que são a base para a construção do sistema.
Desta forma é realizado uma breve introdução sobre como o SUS e sua implementação
no Brasil, o cenário existente na época e quais os principais atores envolvidos nesse
processo. Resgatar a história é um exercício importante para compreender a situação
atual da saúde pública, de forma a buscar propostas e ações mais efetivas e resolutivas.
Pretende-se que, ao ter contato com esse panorama, você possa compreender melhor as
articulações entre os processos econômicos, políticos e a organização do atual sistema
de saúde no país.
A segunda seção vai apresentar os princípios e diretrizes do SUS, que são os
direcionamentos éticos, políticos e estratégicos desse modelo de saúde. Esse capítulo é
muito importante, pois é sobre esses direcionamentos que serão fundamentadas a
gestão e a organização do SUS. Os princípios e diretrizes constituem a base do
funcionamento do SUS, são os eixos que ordenarão toda a organização do sistema.
Os princípios representam uma finalidade, objetivos. São as metas que devem ser
alcançadas, representando os valores e preceitos do SUS. Já as diretrizes se referem às
estratégias, os meios utilizados para alcançar os objetivos traçados pelos princípios.
Vídeo 01 Vídeo 02
DICA DE LEITURA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes
objetivos de aprendizagem:
Apresentar o processo histórico de construção do Sistema Único de Saúde, os
princípios, as diretrizes e a organização dos serviços.
Descrever a gestão, as responsabilidades e a legislação que define o
funcionamento do SUS.
Explicar a política de controle e participação social e conhecer as políticas de
humanização.
Comparar o Sistema Único de Saúde com políticas de saúde anteriores.
Identificar as principais leis e portarias referentes ao funcionamento do SUS.
Reconhecer as principais diretrizes e o funcionamento do SUS
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Neste tópico se fará uma breve introdução sobre como o Sistema Único de Saúde
(SUS) foi efetivamente implantado no Brasil, qual era o cenário existente na época e
quais os principais atores envolvidos nesse processo. Resgatar a história é um
exercício importante para compreender a atual conjuntura e, principalmente, para
buscar propostas e ações mais efetivas e resolutivas. Pretende-se que, ao ter contato
com esse panorama, você possa compreender melhor as articulações entre os
processos econômicos, políticos e a organização do atual sistema de saúde no país.
Vamos lá?
A efetivação do SUS é bem recente. A Lei n. 8.080, conhecida como Lei Orgânica da
Saúde, foi aprovada apenas em 1990. É importante apontar que essa lei só foi
efetivada após intensa pressão popular por parte da sociedade civil. O movimento
pela reforma sanitária defendia um modelo de saúde que visava não apenas à
solução dos problemas de ordem biológica, mas sim ao direito à saúde, entendendo
a saúde como uma questão social, política e dever do Estado. Essas características
vão se mostrar presentes nos princípios e formulações do SUS.
Hucitec, 1994.
Após esse longo processo, era preciso firmar uma legislação que assegurasse a
implantação do sistema de saúde no país. São três os principais documentos que
constituem o alicerce legal para a existência do SUS, além de direcionar seus
princípios e diretrizes: a Constituição Federal de 1988, a Lei n. 8.080/1990 (também
conhecida como Lei Orgânica da Saúde) e a Lei n. 8.142/1990. Na sequência,
estudaremos com mais detalhe cada uma delas.
A Constituição Federal de 1988, também conhecida como Constituição Cidadã,
assegurou diversos direitos fundamentais. O texto que diz respeito à saúde pública
se encontra no Título VII – Da Ordem Social, que traz a base da seguridade social no
Brasil, composta pelos direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
Abaixo reproduzimos, na íntegra, alguns pontos importantes:
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
[...]
[...]
O texto da Constituição Federal de 1988 foi a primeira ação legal no sentido de firmar
as bases de construção do SUS. Podemos verificar a incorporação de um conceito
mais abrangente de saúde do que o utilizado até agora, enfatizando as ações de
prevenção, promoção e recuperação, além de um compromisso Estatal com o
provimento de serviços de saúde gratuitos para toda a população. Porém, apesar do
avanço conquistado, importantes questões não foram contempladas, como o
financiamento do sistema, a política de medicamentos e outros. As leis, aprovadas na
sequência, definiram, de forma mais detalhada, o funcionamento e a gestão do
sistema.
A Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990, foi sancionada dois anos após a
Constituição Cidadã. A aprovação se deu durante o governo do presidente Fernando
Collor de Melo, que chegou a vetar importantes pontos da lei, parcialmente
recuperados na Lei n. 8.142/1990. Ela também é conhecida como Lei Orgânica do
SUS, pois regula, em todo território nacional, as ações e os serviços de saúde. Para
direcionar os estudos, serão expostos, aqui, os principais trechos, destacando os
pontos que forem importantes para a compreensão do capítulo, porém é
recomendado que você procure a lei e faça uma leitura do seu conteúdo completo.
Vamos lá?
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[...]
Art. 3º. Os níveis de saúde expressam a organização social e econômica do
País, tendo a saúde como determinantes e condicionantes, entre outros, a
alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a
renda, a educação, a atividade física, o transporte, o lazer e o acesso aos bens
e serviços essenciais (BRASIL, 1990a).
Art. 6º. Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema Único de Saúde
(SUS):
saneamento básico;
O Capítulo II – Dos Princípios e Diretrizes tratará sobre aqueles que são os princípios
norteadores do SUS, os eixos políticos e organizadores que direcionarão o
funcionamento do sistema. Dada a relevância dos princípios e diretrizes, eles serão
abordados de forma mais detalhada na próxima seção.
O Capítulo III – Da organização, da Direção e da Gestão, e o Capítulo IV – Da
Competência e das Atribuições se referirá à organização administrativa e decisória do
SUS:
Art. 8º. As ações e serviços de saúde, executados pelo Sistema Único de
Saúde (SUS), seja diretamente ou mediante participação complementar da
iniciativa privada, serão organizados de forma regionalizada e hierarquizada
em níveis de complexidade crescente.
Art. 9º. A direção do Sistema Único de Saúde (SUS) é única, de acordo com o
inciso I do art. 198 da Constituição Federal, sendo exercida em cada esfera de
governo pelos seguintes órgãos:
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Você se lembra de que uma das pautas principais da implantação do SUS foi a maior
participação da população? O movimento da Reforma Sanitária surgiu durante a
década de 70, época da ditadura militar, período onde as opiniões e a participação
popular não tinham espaço, sobretudo nas decisões estatais. Sendo assim, uma das
principais bandeiras do movimento foi justamente inserir a população nos espaços
deliberativos, incluindo a saúde. A Lei n. 8.142/1990 vai fazer valer essa reivindicação,
implantando o controle social:
Art. 1°. O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei n° 8.080, de 19
de setembro de 1990, contará, em cada esfera de governo, sem prejuízo
das funções do Poder Legislativo, com as seguintes instâncias colegiadas:
I - a Conferência de Saúde; e
Os recursos do FNS serão destinados, pelo menos, setenta por cento aos Municípios
e o restante aos Estados. Porém, para receber esse repasse, os Municípios e Estados
devem cumprir com uma série de exigências:
Art. 4°. Para receberem os recursos de que trata o art. 3° desta lei, os
Municípios, os Estados e o Distrito Federal deverão contar com:
I - Fundo de Saúde;
Agora que já estudamos o histórico de construção do SUS e as principais leis que dão
suporte para seu funcionamento, prosseguiremos com um estudo mais detalhado de
outros aspectos importantes. Nesta seção, estudaremos os Princípios e as Diretrizes
do SUS. Você provavelmente já deve ter ouvido essas palavras, mas sabe o que
significam?
A escolha dos princípios e das diretrizes não se deu de forma aleatória e
desarticulada, todos foram construídos levando-se em consideração situações
históricas que culminaram na necessidade de criá-los. Os princípios e diretrizes
constituem a base do funcionamento do SUS, são os eixos que ordenarão toda a
organização do sistema. Os princípios representam uma finalidade, objetivos. São as
metas que devem ser alcançadas, representando os valores e preceitos do SUS. Já as
diretrizes se referem às estratégias, os meios utilizados para alcançar os objetivos
traçados pelos princípios: “[...] a denominação princípios é dada para a base filosófica,
cognitiva e ideológica do SUS, e a designação diretrizes se refere à forma, às
estratégias e aos meios de organização do sistema para a sua concretização” (MATTA,
2007, p. 248).
O primeiro princípio é o da universalidade expresso pelo Artigo 196 da Constituição
,
Federal: “A saúde é direito de todos e dever do Estado [...]” (BRASIL, 1988). Como
você já aprendeu, antes da criação do SUS os serviços públicos de saúde só eram
fornecidos a uma parcela da população, aquela que possuía carteira assinada. O SUS
afirma, então, como princípio que todos os cidadãos – sem distinção de raça, gênero,
religião ou qualquer outra forma de discriminação – têm direito ao acesso aos
serviços de saúde disponibilizados pelo Estado.
Outro princípio é o da equidade Apesar do acesso à saúde ser universal, sabemos
.
das desigualdades sociais que fazem com que certos estratos sociais tenham maior
dificuldade em conseguir um determinado serviço, em implantar práticas de
prevenção e promoção no seu território, e outros. Como alguns autores mencionam,
o princípio da equidade diz respeito a “tratar desigualmente os desiguais”.
Essa nova forma de organização vem também para sanar um problema do antigo
sistema, em que diversos órgãos ditavam as decisões e os rumos da saúde. Como
você deve lembrar, anteriormente, as decisões referentes à área da saúde eram
responsabilidade do Ministério da Previdência Social, que, ao mesmo tempo,
também compreendia as funções do Ministério da Saúde. Quando a Lei n. 8.080/1990
coloca “descentralização, com direção única em cada esfera de governo” é
justamente para impedir que órgãos distintos versem sob a gestão do SUS,
promovendo uma gestão mais organizada.
O processo de descentralização no país pode ser classificado, então, como político-
administrativo, ou seja, envolve não só a transferência de serviços, mas também de
poder, de responsabilidade e de recursos Para que isso seja efetivo, é preciso estar
.
Quais são, então, as responsabilidades referentes à cada ente federado? O que cabe
à União, aos Estados e aos Municípios?
Atenção
198, da Constituição Federal de 1988, institui que “As ações e serviços públicos de
saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema
único [...]” (BRASIL, 1988). Ou seja, esses dois conceitos estão intimamente ligados e
dirão respeito à forma como os serviços de saúde se organizarão nos territórios.
Como já foi colocado anteriormente, território é um espaço político-administrativo
que se constituiu na unidade mínima onde se organizará a rede de serviços de saúde.
Rede pode ser definida como “[...] um conjunto de unidades, de diferentes funções e
perfis de atendimento, que operam de forma ordenada e articulada no território, de
modo a atender às necessidades de saúde de uma população” (MACHADO; LIMA;
BAPTISTA, 2011, p. 132) A construção da rede é organizada de forma a suprir as
.
Você pode perceber que a rede de saúde – construída a partir dos princípios de
regionalização e hierarquização – é extremamente importante para o bom
funcionamento do SUS. Em um município com poucos habitantes não é necessária a
presença de um grande hospital, com procedimentos de alta tecnologia, uma vez que
não haveria demanda para tal. Porém, caso um usuário desse município precise
acessar esse serviço, deve ser garantido a ele um equipamento referenciado que
possibilite o atendimento. Para isso, são efetuados pactos e acordos entre os
diversos territórios para a construção de uma rede que garanta a efetivação dos
princípios do SUS:
A construção de uma rede baseia-se na constatação de que os problemas de
saúde não se distribuem uniformemente na população, no espaço e no tempo,
e envolvem tecnologias de diferentes complexidades e custos. Assim, a
organização dos serviços é condição fundamental para que estes ofereçam as
ações necessárias de forma apropriada (MACHADO; LIMA; BAPTISTA, 2011,
p. 124).
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Apesar do aporte jurídico, que institui a existência do Controle Social na saúde, e dos
manuais e documentos que regulamentam sua organização, a participação social
ainda está longe do ideal. Em alguns Municípios, os Conselhos de Saúde são
inexistentes e, em outros, existem muitos entraves que dificultam sua efetivação.
Cabe à população organizar-se em torno dessa criação, pressionando os órgãos
públicos para que ofereçam espaço e suporte para sua existência:
É preciso que o controle social aconteça na prática, para que não fique apenas em lei e que a
sociedade civil ocupe de modo pleno e efetivo esses diversos espaços de participação social. A
sociedade no acompanhamento/fiscalização/participação da gestão pública em saúde se faz de
forma importantíssima, pois pela primeira vez na história reuniram-se experiências exitosas na
área do controle social (ROLIM; CRUZ; SAMPAIO, 2013, p 33).
Passemos, então, para as Políticas de Humanização , aqui representadas pela
Política Nacional de Humanização Mas . o que significa humanização? Vejamos:
Por humanização entendemos a valorização dos diferentes sujeitos implicados
no processo de produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores. Os
valores que norteiam esta política são a autonomia e o protagonismo dos
sujeitos, a co-responsabilidade entre eles, o estabelecimento de vínculos
solidários e a participação coletiva no processo de gestão (BRASIL, 2004, p. 8).
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Encerramos aqui nosso tópico sobre a Política de Humanização do SUS. Como você
pode perceber, ainda temos um longo caminho a ser trilhado para garantirmos a
todos os cidadãos brasileiros um acesso gratuito, integral e humanizado à saúde. A
Política de Humanização é um esforço que deve ser implantado em todos os espaços,
inclusive nas pesquisas e estudos teóricos. Como foi explicitado no começo deste
capítulo, conhecer sobre a saúde pública ultrapassa os objetivos educativos, mas
também nos envolve, na condição de pessoas políticas, na situação do nosso país e
na melhoria das condições de vida da população.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Gostou da Unidade 1? Lembre-se, você poderá acessar todos os materiais sempre que
quiser ou tiver alguma dúvida! Vamos estudar a Etapa 2?
Bons estudos!
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UNIDADE 2
Olá, aluno! Para darmos continuidade ao conteúdo da disciplina, estudaremos o capítulo
dois.
Além desta portaria, sugerimos que faça a leitura da Lei Nº 8.080/90 que dispõe sobre as
condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde.
Vamos ao livro da
disciplina - Capítilo 0 2 -
Saúde Privada:
Organização
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes
objetivos de aprendizagem:
Definir a saúde privada e suplementar, apontando como ela é caracterizada dentro
do SUS.
Conhecer a legislação referente à saúde privada e suplementar.
Apresentar os princípios da ética e da bioética envolvendo a saúde privada.
Diferenciar os modelos da saúde pública e privada, articulando suas
especificidades.
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Olá, pós-graduando(a)!
Como estão os estudos? No primeiro capítulo, fizemos uma leitura aprofundada
sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), suas particularidades, seu processo histórico
de construção, sua legislação fundamental, gestão, princípios, diretrizes e outros. No
entanto, precisamos nos lembrar de que a saúde no país é composta, também, pelos
sistemas privados, conhecidos como saúde suplementar. É esse o tema deste e do
próximo capítulo.
A saúde privada já existia no Brasil antes da organização do SUS e era ela que
garantia aos trabalhadores acesso aos serviços de saúde. Porém, algumas pessoas
ficavam de fora, como os profissionais informais e os desempregados. A construção
do SUS vem no sentido de ampliar e garantir acesso gratuito a todos os cidadãos
brasileiros, sem, no entanto, restringir o acesso aos serviços privados de saúde.
Para exemplificar melhor, podemos dividir os modelos de saúde existentes no
mundo em três tipos: inteiramente ou majoritariamente públicos, sistemas de seguro
social obrigatório e sistemas de caráter totalmente privado. Até a promulgação da
Constituição Federal de 1988 e da Lei 8.080/1990, o Brasil se encaixava no modelo de
seguro social privado. Você lembra do modelo das IAPs, das Caixas de Assistência e
do INAMPS?
No Brasil, a saúde suplementar começou sua estruturação após a revolução
industrial, momento em que surgiram os Institutos de Aposentadorias e
Pensões (IAPs), que pertenciam a diversas categorias e representavam os
trabalhadores urbanos e que compravam as prestações de serviços de saúde.
Paralelamente, nos anos 40, apareceram também as Caixas de Assistência,
como a dos funcionários do Banco do Brasil (Cassi), que beneficiavam os
empregados de algumas empresas por meio de empréstimos ou reembolso
pela utilização de serviços de saúde externos à previdência social. Nos anos
50, surgem os sistemas assistenciais próprios fornecidos pelas empresas
estatais e multinacionais que prestavam assistência médica de forma direta. Os
IAPs, no ano de 1966, são então unificados, formando o Instituto Nacional de
Previdência Social (INPS). Essa unificação forçou a expansão dos
credenciamentos de prestadores de serviços privados de saúde, privilegiando
hospitais e multinacionais de medicamentos. Portanto, a década de 60 foi um
marco na história da saúde suplementar, pelo fato de boa parte dos
trabalhadores já possuir planos de saúde e, ainda, por serem observadas
diversas possibilidades de assistência médica: a rede INPS, com unidades
próprias e credenciadas; serviços credenciados para atendimento a
trabalhadores rurais; serviços credenciados das empresas médicas; e
autogestões de empresas com planos próprios (PIETROBON; PRADO;
CAETANO, 2008, p. 770).
2 SAÚDE SUPLEMENTAR
Segundos dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), no mês de março
de 2016, 25,2% dos brasileiros possuíam planos privados de assistência médica (ANS,
2016).
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E na Lei n. 8.080, de 1990, temos, no Título III - Dos serviços privados de assistência à
saúde, os principais artigos:
Art. 20. Os serviços privados de assistência à saúde caracterizam-se pela
atuação, por iniciativa própria, de profissionais liberais, legalmente habilitados,
e de pessoas jurídicas de direito privado na promoção, proteção e recuperação
da saúde.
Art. 21. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
[...]
Entende-se, a partir dessas leis, que apesar de ser construído um Sistema Único de
Saúde, que se propõe a garantir serviços gratuitos a toda população, a assistência à
saúde também é liberada para a iniciativa privada. Inclusive, esta última poderá ser
contratada pelo próprio SUS quando os equipamentos deste forem insuficientes.
Porém, havia também a necessidade de regular a oferta desses serviços para a
população. Partindo do entendimento de que o bem saúde não é meramente um
produto, mas sim um bem e um serviço que deve ser oferecido com ética e
qualidade, havia a necessidade de mais legislações que estabelecessem critérios
mínimos de funcionamento e agências fiscalizadoras que garantissem seu
cumprimento.
Regulação ocorre quando o governo controla ou deliberadamente influencia
determinada atividade, pela manipulação de variáveis como preço, quantidade
e qualidade. Dessa forma, é necessário ter em mente o significado da
regulação; é preciso sempre manter foco no objetivo, que é assegurar o
desempenho do sistema de saúde, ou seja, prestar uma assistência eficiente e
equitativa e atender às necessidades de saúde da população (PIETROBON;
PRADO; CAETANO, 2008, p. 770).
planos de saúde:
Art. 10. É instituído o plano-referência de assistência à saúde, com cobertura
assistencial médico-ambulatorial e hospitalar, compreendendo partos e
tratamentos, realizados exclusivamente no Brasil, com padrão de enfermaria,
centro de terapia intensiva, ou similar, quando necessária a internação
hospitalar, das doenças listadas na Classificação Estatística Internacional de
Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, da Organização Mundial de
Saúde [...] (BRASIL, 1998).
Fica instituído que todo plano e serviço de saúde suplementar deve fornecer o Plano-
Referência, como requisito mínimo. Na continuação do Artigo 10 da Lei n. 9.656 de
1998 são descritos os casos de exceção, como tratamentos experimentais,
procedimentos para fins estéticos, inseminação artificial, tratamentos de
rejuvenescimento ou de emagrecimento com finalidade estética e outros. Já no Artigo
12 da mesma lei são dispostas as exigências mínimas, ou seja, os serviços que devem
obrigatoriamente ser oferecidos. Entre eles se incluem:
Atendimento ambulatorial (consultas médicas e serviços de apoio diagnóstico);
Internação hospitalar (vedada a determinação de prazos, valor máximo de gastos e
quantidade);
Em caso de atendimento obstetrício, cobertura assistencial ao recém-nascido;
Reembolso caso não seja possível que o consumidor use os serviços do plano
contratado;
Fixação dos períodos de carência (trezentos dias para partos a termo, cento e
oitenta para demais casos e vinte e quatro horas para casos de urgência e
emergência).
O Artigo 13 da Lei n. 9.656 de 1998 trata da renovação do contrato, que se dá de
forma automática após um ano, sem a cobrança de taxas e recontagem das
carências. O Artigo 14 da mesma lei estabelece que ninguém pode ser impedido de
contratar um plano, em razão da idade ou de deficiência. Isso significa que nenhum
plano ou convênio pode recusar um usuário idoso ou recém-nascido ou alguém que
apresente qualquer tipo de deficiência.
Por fim, no Artigo 35-A da Lei n. 9.656 de 1998 fica estabelecida a criação do Conselho
de Saúde Suplementar (CONSU), com competência para estabelecer e supervisionar a
execução das políticas e diretrizes gerais de saúde suplementar; supervisionar e
acompanhar as ações e o funcionamento da ANS; fixar diretrizes gerais sobre
aspectos econômico-financeiros para implementação no setor e deliberar sobre a
criação de câmaras técnicas, de forma a subsidiar as decisões.
Como você pode perceber, a Lei n. 9.656 de 1998 trouxe grandes avanços para a
regulação da saúde suplementar, definindo quais são as instituições que podem
oferecer seguros e planos, diferenciando as modalidades de operadoras, assunto do
próximo capítulo desta disciplina, assegurando maiores direitos e garantias aos
usuários dos serviços de saúde. Por exemplo, antes do advento da lei, algumas
operadoras estabeleciam previamente dias máximos de internações na UTI e não
atendiam alguns transtornos psiquiátricos. Após o advento dessa lei, a cobertura
para casos de AIDS e câncer é obrigatória, mesmo quando o usuário já é portador da
doença, devendo ser notificado no momento do contrato.
Passemos, então, para a Lei n. 9.961 de 2000, marco legal da criação da Agência
Nacional de Saúde Suplementar (ANS):
Art. 1º. É criada a Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS, autarquia
sob o regime especial, vinculada ao Ministério da Saúde, com sede e foro na
cidade do Rio de Janeiro - RJ, prazo de duração indeterminado e atuação em
todo o território nacional, como órgão de regulação, normatização, controle e
fiscalização das atividades que garantam a assistência suplementar à saúde.
Conceituando
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Alguns dos principais ganhos para o sistema de saúde suplementar, após o início de
funcionamento da ANS, foram: maior conhecimento sobre o setor de saúde
suplementar, funcionamento e acompanhamento do mercado; fiscalização que
assegura melhor qualidade dos serviços e garantia aos direitos dos consumidores e,
por fim, aumento da visibilidade dos problemas e desequilíbrios, tanto no setor
suplementar quanto no SUS, incentivando melhorias (PIETROBON; PRADO; CAETANO,
2008).
Nesta seção, estudamos a legislação e a gestão da saúde suplementar no Brasil. Após
a aprovação da Lei n. 8.080 em 1990, foram necessários mais dez anos até a
construção de uma legislação que regulamentasse o funcionamento das operadoras
de saúde. Esse arcabouço legal é composto principalmente pela Lei n. 9.656 de 1998,
que define quais sãos as modalidades possíveis de operadoras, quais são os serviços
mínimos que devem ser oferecidos, elimina alguns critérios de exclusão que eram
utilizados para selecionar usuários e outros, bem como pela Lei n. 9.961 de 2000, que
determina a criação da ANS, agência de autarquia especial, fiscalizadora dos serviços
de saúde suplementar, promovendo a defesa do interesse público e do consumidor.
O processo de regulação ainda é incipiente e torna-se necessário o enfrentamento de temas mais
complexos e estruturantes como o desafio de entender a natureza dessa regulação, seus
avanços e limites, a dimensão da organização do subsetor, o financiamento da oferta de serviços,
as modalidades assistenciais, suas redes e a complexidade dessas relações (MALTA et al., 2004,
p. 435).
ÉTICA E BIOÉTICA
A equidade é, então, o princípio ético que deve nortear nossas ações em saúde.
Porém e a saúde suplementar? Quando discutimos ética e bioética não estamos
apenas nos referindo às responsabilidades do Estado e do Poder Público, mas de
todas as instituições, grupos e pessoas que compõem uma sociedade, incluindo-se,
aí, as empresas privadas de saúde. A regulação da saúde suplementar, com as Leis n.
9.656, de 1988, e n. 9.961, de 2000, vêm no sentido de fazer cumprir alguns desses
princípios, com normas como a não-exclusão de certos segmentos nos planos de
saúde – como os deficientes – não estabelecer máximo de dias de internação ou de
consultas, regulação das taxas e aumentos e outros.
Uma forma de a saúde suplementar participar dessa luta pela equidade – e
consequentemente futura igualdade – é de expandir a cobertura de assistência à
população, fornecendo mais leitos, mais medicamentos e até mais conforto para a
parcela da população que pode escolher entre o público e o privado. É importante
pensarmos, também, na possibilidade de a saúde suplementar se expandir para
regiões que não recebem uma quantidade suficiente de serviços de saúde,
demandando maior atenção:
essas questões encerram uma série de interesses, conflitos e divergências,
[...]
que devem ser explicitados e debatidos, bem como as proposições e os
acordos possíveis, pois são inerentes à própria vida humana. Não é aceitável,
portanto, expor parte da sociedade a maiores gastos, sofrimento e dor, em
função da falta de acesso aos serviços, porquanto existam duas formas de
assistência à saúde no país, que não alcançam as necessidades concretas da
população globalmente considerada (CARVALHO; FORTES; GARRAFA, 2013,
p. 604).
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
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UNIDADE 3
olá, aluno! Vamos dar continuidade ao conteúdo da disciplina, ao estudar o terceiro e
último capítulo do nosso livro.
O SUS é um sistema de saúde universal, portanto, todos têm direito a suas ações e
serviços, sem exceções. Sabendo de sua importância, compreendendo o direito a que
fazem jus, certamente os cidadãos passarão a defender o SUS frente às autoridades
constituídas e exigirão eficiência e bom acolhimento por parte de seus funcionários
públicos, controle efetivo dos estoques de medicamentos a serem distribuídos,
manutenção sistemática das máquinas necessárias para os mais diversos exames etc.
Por essa razão, é necessário que todos nós saibamos sobre o seu funcionamento,
porque somente se tivermos consciência de sua importância e se bem compreendermos
o direito a que fazemos jus, poderemos defendê-lo e, principalmente, exigir a adoção de
medidas que garantam o seu bom funcionamento.
Para ampliar seus conhecimentos, sugerimos esta leitura: Sistema Único de Saúde: 30
anos de avanços e desafios , das autoras Luciana Dias de Lima, Marilia Sá Carvalho,
Cláudia Medina Coeli.
Vamos ao livro da
disciplina - Capítilo 0 3 -
Saúde Privada: Serviços
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes
objetivos de aprendizagem:
Descrever a organização dos serviços privados em saúde.
Apresentar as principais tendências do mercado e diferentes modalidades de
serviço.
Identificar a estrutura e o funcionamento das operadoras dos planos de saúde.
Classificar e identificar os diferentes serviços da saúde privada.
Esquematizar as modalidades atuais e examinar as principais tendências do
mercado privado
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Olá, pós-graduando(a)!
Enfim, encaminhamo-nos para o último capítulo deste caderno de estudos, que trata
da Gestão da Saúde Pública e Privada no Brasil. Vamos revisar o que já foi visto até
agora?
O primeiro capítulo focou no estudo da saúde pública. Foi feita uma breve revisão
sobre o histórico da saúde no Brasil, passando pelos diferentes períodos da história e
os modelos assistenciais existentes, como a Previdência Social e o INAMPS.
Reforçamos a importância do Movimento da Reforma Sanitária, responsável por
pressionar o Poder Público para a criação de um Sistema Único de Saúde, o SUS.
Depois, aprofundamo-nos na legislação criada para sustentar esse novo sistema, a
Constituição Federal de 1988 - também conhecida como Constituição Cidadã - que
trouxe a base da seguridade social ao Brasil, incluindo os direitos referentes à saúde,
à previdência e à assistência social. Dois anos depois, foi sancionada a Lei n. 8.080 de
1990 – também conhecida como Lei Orgânica do SUS – e a Lei n. 8.142 de 1990, que
trata das transferências intergovernamentais e da participação social.
Ainda no primeiro capítulo, passamos pelos princípios e diretrizes do SUS, eixos que
norteiam a organização do sistema. Ambos são baseados na legislação, porém
divergem quanto à função: os princípios se referem aos objetivos, às metas que
devem ser alcançadas; enquanto as diretrizes dizem respeito às estratégias que serão
utilizadas para alcançar esses fins.
Depois, abordamos a organização e gestão do SUS, as responsabilidades de cada
esfera (Federal, Estadual e Municipal) e a hierarquização dos serviços de acordo com
sua complexidade - Atenção Primária ou Básica, Secundária e Terciária. E, por fim,
falamos da participação social, dos Conselhos e Conferências de Saúde e da Política
de Humanização, que remodela os serviços, atendimentos e filosofia do SUS, sendo
compreendida como uma ‘ética de trabalho’.
Jáno capítulo 2, nosso tema foi a Saúde Privada e sua organização. Destacamos o
papel da Saúde Suplementar no Brasil, que coexiste com o SUS, ofertando maior
gama de serviços e equipamentos. Iniciamos o capítulo com a legislação que dá
suporte para o funcionamento da Saúde Privada, regulamentando as ofertas e
delimitando sua área de atuação. Dentre as leis, destacam-se a Lei n. 9.656 de 1988,
que define o que são as operadoras de plano de saúde e o plano-referência,
indicador do contrato mínimo estabelecido entre operadora e usuário. Outra lei
importante é a Lei n. 9.961 de 2000, marco legal de criação da Agência Nacional de
Saúde Suplementar, a ANS. Por último, tratamos da ética e bioética aplicadas aos
sistemas de saúde no país, tanto o público quanto o privado.
Neste último capítulo, abordaremos a organização da Saúde Privada e suas
particularidades. No primeiro tópico, sobre as Operadoras de Plano de Saúde, serão
apresentadas as chamadas Operadoras de Saúde, suas distintas modalidades e as
especificidades de cada uma. Também abordaremos os Planos e Prestadores de
Saúde, atentando para a relação que se estabelece entre essas entidades. No tópico
seguinte, falaremos sobre a Política e Organização dos Serviços de Saúde,
aprofundando mais o conteúdo sobre o papel regulatório da ANS e os mecanismos
utilizados para exercer tal fiscalização. Por fim, serão abordadas as Tendências e
Financiamentos do Mercado de Saúde Suplementar, traçando um histórico das
empresas de saúde até o momento atual e quais são os desafios encontrados.
Vamos lá!
Iniciaremos este tópico falando sobre o que são as Operadoras de Plano de Saúde,
como se organizam e funcionam. Para isso, abordaremos três conteúdos: as
Operadoras de Saúde, os Planos de Saúde e os Prestadores. Ao final do tópico, você
será capaz de compreender a associação entre as três entidades.
Como já vimos anteriormente, uma grande parcela da população opta por contratar
serviços de saúde de forma particular, ainda que utilizando o SUS. As Operadoras são
as organizações que viabilizam o contato dos usuários de saúde com os prestadores
de serviço. Esse encontro tem como objetivo tanto organizar os serviços, agrupando
os prestadores, quanto diminuir os custos individuais para os usuários.
Vale destacar a diferença entre Operadora e Plano de Saúde. A Operadora é a
entidade jurídica, a empresa, que pode operar diferentes tipos de planos. O Plano é
um serviço, que será escolhido e acordado no momento do contrato. Vejamos a
definição na Lei n. 9.656 de 1998, que dispõe sobre os planos e seguros privados de
assistência à saúde:
Art. 1º. Submetem-se às disposições desta Lei as pessoas jurídicas de direito
privado que operam planos de assistência à saúde, sem prejuízo do
cumprimento da legislação específica que rege a sua atividade, adotando-se,
para fins de aplicação das normas aqui estabelecidas, as seguintes definições:
b) Cooperativa Médica: são sociedades de pessoas sem fins lucrativos, que operam
planos privados de saúde. Nessa modalidade, os profissionais médicos são, ao
mesmo tempo, sócios e prestadores de serviço e recebem proporcionalmente à sua
produção. Um exemplo dessa modalidade é o sistema UNIMED, que hoje reúne cerca
de 350 cooperativas.
c)Cooperativa Odontológica: segue a mesma lógica que a Cooperativa Médica,
oferecendo, exclusivamente, planos odontológicos. Um exemplo é a Uniodonto.
d) Autogestão: destinada a atender apenas uma determinada classe de usuários,
como, por exemplo, empregadores de uma empresa e seus beneficiários. Podem ser
patrocinadas, caso possuam gestão própria, inclusive, possuindo mais de um
patrocinador. O objetivo desse modelo organizativo é fornecer um atendimento de
qualidade aos seus usuários com menor custo para o patrocinador. É uma
organização que não visa ao lucro. São exemplos o Cassi (dos funcionários do Banco
do Brasil e seus dependentes) e a Cemig Saúde (para funcionários da Cemig).
Atualmente, existem cerca de 180 Operadoras de
Autogestão no Brasil.
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A forma de organização e de funcionamento das Operadoras de Saúde melhorou
muito nos últimos anos, em parte devido às novas legislações que definiram as
especificidades e os campos de atuação. A fiscalização da ANS também contribuiu
para isso, garantindo o direito de acesso dos beneficiários. Nas palavras de Silva
(2003, p. 3):
As Operadoras de Planos De Saúde, é preciso considerar e registrar, a partir de uma visão
empreendedora e extremamente arrojada, ao longo do seu processo de evolução prestaram e
prestam um grande serviço à população brasileira, permitindo o seu acesso aos serviços de
saúde. Em especial porque ocuparam uma fatia enorme do espaço deixado pela ineficiência, pela
ausência efetiva de determinação política e pela incapacidade de financiamento do setor público.
Falemos, agora, um pouco sobre os Planos de Saúde. Voltemos ao Artigo 1º, Inciso I,
I - as condições de admissão;
II - o início da vigência;
exames;
Por fim, cabe abordar o papel das prestadoras de serviços. A Operadora é a entidade
responsável por disponibilizar e organizar os Planos de Saúde, que são compostos
por uma série de serviços disponíveis, e a Prestadora seria a responsável por
oferecer aos beneficiários esses serviços. Segundo o Artigo 20, da Lei n. 8.080/1990,
os serviços privados da saúde “[...] caracterizam-se pela atuação, por iniciativa
própria, de profissionais liberais, legalmente habilitados, e de pessoas jurídicas de
direito privado na promoção, proteção e recuperação da saúde” (BRASIL, 1990).
Segundo Novaes (2004, p. 147):
Os serviços de saúde são hoje estruturas organizacionais e técnicas
extremamente diversificadas, incluindo desde consultórios individuais e
unidades básicas até hospitais terciários e especializados, bem como serviços
de apoio diagnóstico e terapêutico. A condição essencial para sua identificação
é ser o espaço onde se localizam os profissionais e as tecnologias materiais
responsáveis pela realização da atenção à saúde da população.
Atenção
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É possível que você já tenha ouvido falar do termo Ressarcimento ao SUS pois esse ,
mecanismo é previsto desde a Lei n. 9.656/1998, que, em seu Artigo 32, delimita:
Art. 32. Serão ressarcidos pelas operadoras dos produtos de que tratam o
inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei, de acordo com normas a serem definidas
pela ANS, os serviços de atendimento à saúde previstos nos respectivos
contratos, prestados a seus consumidores e respectivos dependentes, em
instituições públicas ou privadas, conveniadas ou contratadas, integrantes do
Sistema Único de Saúde - SUS (BRASIL, 1998).
Você imagina quais são os procedimentos mais utilizados no SUS por usuários de
planos de saúde privados? Abaixo segue a tabela disponibilizada pela ANS de
Autorização de Procedimento Hospitalar (AIH). Veja:
Apesar do Sistema de Saúde Privado ser mais antigo que o SUS, existem poucos
dados para conseguirmos ter uma visão sobre como funcionava a comercialização de
Planos antes da criação da ANS. Isso ocorre justamente pela falta de regulação da
época, dificultando a sistematização de dados. Porém, como já foi dito, a criação das
Operadoras de Saúde foi um importante mecanismo no sentido de suprir uma
demanda dos trabalhadores da época, os quais ainda não contavam com um Sistema
Único de Saúde e demandavam um serviço de qualidade.
A industrialização crescente levou à criação de empresas e esquemas próprios de assistência
médico-hospitalar, também motivada pelo empresariamento e pela capitalização da medicina, que
ocorreu por meio de financiamentos governamentais que fortaleceram o setor privado na
prestação de serviços de saúde. Profissionais de saúde e prestadores de serviços identificaram a
possibilidade de oferecer acesso a serviços de saúde a uma importante parcela da população das
regiões urbanas e industrializadas, que possuía vínculo formal de trabalho nas indústrias de
transformação, metalurgia e química. Estes fatores estimularam o credenciamento de serviços,
contribuindo para a expansão do mercado, particularmente de empresas de medicina de grupo e
cooperativas médicas (ALBUQUERQUE et al., 2008, p. 1423).
O surgimento da ANS criou uma solução, mas também gerou um problema. Por um
lado, veio regulamentar um mercado desordenado, que possuía uma grande
quantidade de planos e operadoras irregulares e sem critérios e padrões de
qualidade. Por outro lado, veio atuar em um mercado que já existia e funcionava de
determinada forma. Houve um período de adaptação para que a lei e as novas regras
fossem incorporadas pelas empresas. A regulação trouxe mudanças importantes,
atuando nos planos criados após a Lei n. 9.961/2000, mantendo os planos antigos
sua estrutura (BRASIL, 2000).
Um dos grandes benefícios da regulação da ANS para as Operadoras e para o
mercado de Saúde Suplementar foi a possibilidade de estabelecer um perfil de
usuário, estimar a abrangência dos planos de saúde no Brasil, quais os insumos e
procedimentos mais usados e outros dados. A partir do ano 2003, após o Supremo
Tribunal Federal (STF) derrubar a limiar que solicitava a suspensão da Lei n.
9.656/1998, as Operadoras começaram a enviar dados de forma mais sistemática,
além de adaptar seus planos às novas exigências.
Para aprofundar nossa discussão, apresentamos alguns dados oficiais da ANS, os
quais possibilitam pensar o mercado atual de Saúde Suplementar. A tabela abaixo
mostra a quantidade de beneficiários em planos privados de saúde desde 2006.
Interessante notar a variação entre os anos, que teve um crescimento constante até
2014, quando, então, começa a diminuir. Veja:
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Com esses apontamentos, encerramos o presente tópico. Para você que deseja
conhecer mais sobre as tendências do mercado de saúde suplementar - inclusive as
especificidades, como operadoras de menor porte, entidades filantrópicas e outros –
recomendamos acessar as publicações disponíveis do IESS (Instituto de Estudos de
Saúde Suplementar), conforme indicado a seguir.
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ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Foi muito bom contar com sua companhia durante nossa jornada do
conhecimento. Agora, para recordar o conteúdo desta disciplina,
escute este podcast.
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A) V – II – IV – I – III.
B) II – V – IV – I – III.
C) V – I – II – IV – III.
D) II – IV – V – I – III.
A) V – V – V.
B) V – F – V.
C) F – V – V.
D) F – V – F.
I – Território.
II – Rede.
III – Descentralização.
IV – Hierarquização.
( )As unidades de saúde que prestam serviços de atenção básica podem possuir áreas e
populações de referência mais restritas devido ao grande número de casos para serem
atendidos. Além disso, áreas mais delimitadas podem facilitar a criação de determinados
vínculos entre os profissionais e as pessoas atendidas, permitindo o reconhecimento de
suas necessidades de saúde e o desenvolvimento de práticas mais integradoras
(promoção, prevenção e assistência). Unidades de saúde mais complexas precisam de
áreas e populações mais abrangentes, o que não diminui a responsabilidade dos
profissionais que ali atuam em elaborar um plano de cuidados suficientemente
abrangente para suprir as necessidades do usuário.
A) II – III – IV – I.
B) I – IV – III – II.
C) I – III – IV – II.
D) II – IV – III - I.
A) Humanização.
B) Atenção básica.
C) Integralidade.
D) Municipalização.
Sobre a lei n. 9.656/1998, assinale V para verdadeiro e F para falso nas afirmações
que seguem:
( )Os planos na modalidade de cooperativa estão isentos do cumprimento dessa lei, pois
não são negociados por uma empresa.
( )Essa lei institui o Plano de Referência, que estabelece parâmetros que podem ser
seguidos ou não pelos planos de saúde.
A) V – F – F – V.
B) X V – V – F – F.
C) X V – V – V – V.
D) V – F – F – F.
Sobre a lei n. 9.961 de 2000, assinale V para verdadeiro e F para falso nas afirmações
que seguem sobre as competências da ANS:
( )Monitorar a evolução dos preços dos planos de assistência à saúde, seus prestadores
de serviços e respectivos componentes/insumos.
A) F – V – V.
B) V – V – F.
C) V – F – V.
D) V – V – V.
I - Cooperativa médica.
II – Autogestão.
IV – Filantrópica.
V – Seguradora.
( )Entidade hospitalar sem fins lucrativos que opera planos privados de assistência à
saúde e tenha obtido o certificado de entidade beneficente de assistência social emitido
pelo ministério competente.
( )Não possui rede própria, mas referência uma rede de serviços, ou seja, pagam
diretamente aos prestadores de serviços integrantes e em nome dos clientes.
( )O beneficiário faz uso de uma estrutura própria e/ou contratada pela operadora
(médicos, hospitais, laboratórios e clínicas).
A) II – I – IV – V – III.
B) II – IV - I – V – III.
C) IV – I – II – V – III.
D) IV – II – I– V – III.
I -Os planos de saúde podem oferece dois tipos de coberturas: a integral do plano-
referência e a integral por segmento.
Quando o plano inclui internação hospitalar, a data limite é determinada pelo tipo de
II -
( )Visa proteger o elo mais frágil, ou seja, as operadoras de saúde que sofrem com os
tributos exigidos e falta de clientela.
( )Garantir que certos grupos vulneráveis, como, por exemplo, os idosos e crianças, não
sofram aumentos abusivos nos planos de saúde e diminuição dos serviços
disponibilizados.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de respostas:
A) V – V – V – V.
B) V – F – V – V.
C) V – F – F – V.
D) V – F – V – F.
Orientação de resposta
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REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, C. et al. A situação atual do mercado da saúde suplementar no Brasil e
apontamentos para o futuro. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 5, n. 13, p. 1421-1430,
set./out. 2008.
ANAB. Associação nacional das administradoras de benefícios. O que é. Disponível em: <http://goo.gl
/OS92ZM>. Acesso em 15 jun. 2016.
BRASIL. Lei n. 9.656, de 3 de junho de 1998. Dispõe sobre os planos e seguros privados de
assistência à saúde. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, 04 jun. 1998, p.1.
_______. Lei n. 9.961, de 28 de janeiro de 2000. Cria a Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS e
dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 19 jan. 2000, p. 5.
_______. Resolução – RDC n. 39, de 27 de outubro de 2000. Dispõe sobre a definição, a segmentação e
a classificação das operadoras de planos de assistência à saúde. Disponível em: <http://goo.gl
/sua1sS>. Acesso em: 15 jun. 2016.
_______. Envelhecimento populacional, uma nova realidade social. Instituto de Estudos de Saúde
Complementar, 2010. Disponível em: <http://goo.gl/PCcWiJ>. Acesso em: 16 jun. 2016b.
CONASS. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Coleção Para Entender a Gestão do SUS 2011.
V. 12. Brasília: CONASS, 2011.
MARTINS, C. B.; LEITE, F.; NOVAIS, M. Principais pontos do ressarcimentoao SUS. Instituto de
Estudos de Saúde Suplementar, 2010. Disponível em: <http://goo.gl/Y7a8r1>. Acesso em: 16 jun.
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SILVA, A. A. da. Relação entre operadoras de planos de saúde e prestadores de serviços – um novo
relacionamento estratégico. 2003. Disponível em: <http://goo.gl/KQ8ilI>. Acesso em: 16 jun. 2016.
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