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Gestão da
Saúde Pública
e Privada
Profª. Leticia Ferreira Menezes
:

Andressa Keiko Matsumoto

Apresentação Geral da Disciplina


Olá, aluno!
Apresentamos a você a disciplina de Gestão da Saúde Pública e Privada. O estudo dos
sistemas de saúde no Brasil é complexo e burocrático, dado por uma grande quantidade
de siglas, leis e portarias. Desta forma, conhecer o funcionamento do SUS e do sistema
privado de saúde se torna fundamental em sua busca por sua capacitação e acúmulo de
conhecimento para atuar na área da saúde.

Os dois sistemas são instâncias distintas, mas mutuamente dependente. Para garantir
que o acesso seja de qualidade, as Operadoras de Saúde precisam que o SUS esteja
possibilitando atendimento gratuito a uma grande parcela da população. E para que o
SUS possa garantir o funcionamento da rede pública, ele depende que os convênios
possibilitem os serviços oferecidos nos planos de saúde.

Ser um profissional da saúde implica em uma série de responsabilidades que envolvem


questões éticas e profissionais amplamente capacitados. É por isso que o contínuo
estudo e especializações se fazem cada vez mais necessárias.

Pensando nessa necessária capacitação, esta disciplina tem como objetivo formar os
pós-graduandos nos estudos sobre a Gestão da Saúde Pública e da Saúde Privada.
Utilizando referências consagradas na área, o material percorre o caminho histórico, dos
antigos sistemas de saúde até a promulgação do SUS, passando pela criação da ANS
até chegar nas atuais tendências do mercado da saúde suplementar.

Seu Livro Didático está dividido em três etapas. Na Etapa 1 será abordada a construção
histórica do SUS e as bases da gestão e organização do SUS, as responsabilidades de
cada esfera administrativa e os fluxos de financiamento. Por fim, trabalha-se a política
nacional de humanização do SUS.

Na Etapa 2 serão relembrados os modelos de saúde privada que existiam antes do SUS
e a gestão e organização do sistema de saúde suplementar, incluindo sua legislação e
agências de fiscalização. Por fim, será debatido questões éticas e bioéticas.

Na Etapa 3 será focado a organização da Saúde Privada, enfatizando a diferença entre


os serviços oferecidos, as especificidades de cada categoria de produto – operadora,
plano de saúde, convênios – e a relação entre eles. Também será abordado o papel
decisório e regulatório da ANS e a sua importância nesse mercado. Por fim, serão
abordadas as tendências e financiamentos do mercado de saúde suplementar, traçando
um histórico das empresas de saúde até o momento atual e quais são os desafios
encontrados na atualidade.

Não se esqueça de colocar em prática seu aprendizado, respondendo às autoatividades.

Bons estudos!

Avançar
UNICESUMAR | UNIVERSO EAD
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UNIDADE 1
Olá, aluno! Bem-vindo à Etapa 1 do seu livro da disciplina de Gestão Pública e privada.

Esta etapa vai lhe apresentar o modelo de organização de saúde pública no país, desde
sua construção até a atualidade e proporcionará, sob a perspectiva da autora do seu livro
da disciplina, um panorama do modelo de organização da saúde pública no país.

Esta etapa está dividida em quatro seções. Primeiro será realizado um resgate histórico
de como foi construído o Sistema Único de Saúde, quais eram os modelos vigentes
anteriormente e quais os atores envolvidos nesse processo. Também serão apresentadas
as principais leis que sustentam o SUS e que são a base para a construção do sistema.

Desta forma é realizado uma breve introdução sobre como o SUS e sua implementação
no Brasil, o cenário existente na época e quais os principais atores envolvidos nesse
processo. Resgatar a história é um exercício importante para compreender a situação
atual da saúde pública, de forma a buscar propostas e ações mais efetivas e resolutivas.
Pretende-se que, ao ter contato com esse panorama, você possa compreender melhor as
articulações entre os processos econômicos, políticos e a organização do atual sistema
de saúde no país.
A segunda seção vai apresentar os princípios e diretrizes do SUS, que são os
direcionamentos éticos, políticos e estratégicos desse modelo de saúde. Esse capítulo é
muito importante, pois é sobre esses direcionamentos que serão fundamentadas a
gestão e a organização do SUS. Os princípios e diretrizes constituem a base do
funcionamento do SUS, são os eixos que ordenarão toda a organização do sistema.

Os princípios representam uma finalidade, objetivos. São as metas que devem ser
alcançadas, representando os valores e preceitos do SUS. Já as diretrizes se referem às
estratégias, os meios utilizados para alcançar os objetivos traçados pelos princípios.

A perspectiva da autora de seu livro da disciplina de Gestão da Saúde Pública e Privada


tende a ter uma perspectiva pró-saúde fornecida pelo estado. Para contrastar esta
perspectiva veja os vídeos abaixo:

Vídeo 01 Vídeo 02

A terceira seção discorre sobre as esferas de gestão, responsabilidades de cada ente


federativo, financiamento e divisão dos serviços e unidades de saúde. O princípio da
descentralização opõe-se a uma forma de gestão que concentrava todas as decisões em
um único órgão, muitas vezes distante da região foco das ações. A estratégia atualmente
proposta é atender melhor às demandas populacionais, aproximando os órgãos gestores
da comunidade-alvo.

Por fim, na quarta seção, serão discutidos o controle social e as políticas de


humanização, explorando de que forma se dá a participação da população no
planejamento de atividades do sistema e apresentando uma prática relativamente atual
do SUS. É uma das diretrizes do SUS a garantia de que a população e a comunidade
possam participar dos processos decisórios do SUS, contribuindo para que o sistema
atenda as suas demandas e garantindo um processo mais amplo e democrático. Vale
apontar que o SUS é a única política pública a adotar constitucionalmente a participação
popular em seus princípios. Essa participação se dá principalmente em duas instâncias:
Conselhos de Saúde e Conferências de Saúde.

DICA DE LEITURA

NEVES, A. V. de M. Políticas públicas de saúde. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.


Vamos ao livro da
disciplina - Capítilo 01 -
Fundamentos do Sistema
Único de Saúde (SUS)

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes
objetivos de aprendizagem:
Apresentar o processo histórico de construção do Sistema Único de Saúde, os
princípios, as diretrizes e a organização dos serviços.
Descrever a gestão, as responsabilidades e a legislação que define o
funcionamento do SUS.
Explicar a política de controle e participação social e conhecer as políticas de
humanização.
Comparar o Sistema Único de Saúde com políticas de saúde anteriores.
Identificar as principais leis e portarias referentes ao funcionamento do SUS.
Reconhecer as principais diretrizes e o funcionamento do SUS

1 CONTEXTUALIZAÇÃO

Olá, pós-graduando(a)! Este é o primeiro capítulo da disciplina de Gestão da saúde


pública e privada. Esse módulo foi estruturado e escrito para que você tenha uma
noção clara da forma como o sistema de saúde é estruturado no país, incluindo a
saúde pública e a privada, e esse capítulo vai apresentar, também, o SUS. Conhecer o
funcionamento do SUS, sua legislação, organização e gestão, princípios e diretrizes, é
um processo que ultrapassa as propostas pedagógicas. Compreender e refletir sobre
o sistema de saúde do seu país é uma ferramenta que pode ser útil em seu espaço
de trabalho e garantir que seus direitos como cidadãos sejam garantidos.
Este capítulo, intitulado Fundamentos do Sistema Único de Saúde (SUS), vai introduzir
e apresentar, para você, o modelo de organização de saúde pública no país, desde
sua construção até a atualidade. Ele tem como objetivo oferecer um panorama do
modelo de organização da saúde pública no país, fornecendo, assim, as bases sob as
quais foram criados futuros desdobramentos, como a organização da saúde privada,
que você verá no capítulo 2.
O capítulo está dividido em quatro seções, no sentido de organizar o fluxo de
informações. Na primeira seção, história e legislação, será feito um resgate histórico
de como foi construído o Sistema Único de Saúde, quais eram os modelos vigentes
anteriormente e quais os atores envolvidos nesse processo. Também serão
apresentadas as principais leis que sustentam o SUS e que são a base para a
construção do sistema.
Após a apresentação da legislação existente, a segunda seção vai apresentar os
princípios e diretrizes do SUS, que são os direcionamentos éticos, políticos e
estratégicos desse modelo de saúde. Esse capítulo é muito importante, pois é sobre
esses direcionamentos que serão fundamentadas a gestão e a organização do SUS. A
terceira seção vai versar sobre as esferas de gestão, responsabilidades de cada ente
federado, financiamento e divisão dos serviços e unidades de saúde. Por fim, na
quarta seção, serão discutidos o controle social e as políticas de humanização,
explorando de que forma se dá a participação da população no planejamento de
atividades do sistema e apresentando uma prática relativamente atual do SUS, de
forma a utilizar todo o conhecimento acumulado no capítulo.
Você verá que esse capítulo contém bastantes leis, siglas, datas e outras informações
que podem assustar alguns. Não se preocupe! Não é preciso decorar nenhum desses
itens! Conforme você for avançando na leitura, perceberá que os processos estão
intimamente ligados, e que, se você compreender o contexto de construção do SUS,
atentar para os princípios e diretrizes expostos nas primeiras leis, será fácil entender
o quadro geral. Durante o texto, serão destacados os assuntos de maior importância
e indicadas as referências complementares para aqueles que desejam aprofundar-se
na temática. Está pronto? Então, vamos lá!

2 HISTÓRIA DO SUS E LEGISLAÇÃO

Neste tópico se fará uma breve introdução sobre como o Sistema Único de Saúde
(SUS) foi efetivamente implantado no Brasil, qual era o cenário existente na época e
quais os principais atores envolvidos nesse processo. Resgatar a história é um
exercício importante para compreender a atual conjuntura e, principalmente, para
buscar propostas e ações mais efetivas e resolutivas. Pretende-se que, ao ter contato
com esse panorama, você possa compreender melhor as articulações entre os
processos econômicos, políticos e a organização do atual sistema de saúde no país.
Vamos lá?
A efetivação do SUS é bem recente. A Lei n. 8.080, conhecida como Lei Orgânica da
Saúde, foi aprovada apenas em 1990. É importante apontar que essa lei só foi
efetivada após intensa pressão popular por parte da sociedade civil. O movimento
pela reforma sanitária defendia um modelo de saúde que visava não apenas à
solução dos problemas de ordem biológica, mas sim ao direito à saúde, entendendo
a saúde como uma questão social, política e dever do Estado. Essas características
vão se mostrar presentes nos princípios e formulações do SUS.

A reforma sanitária foi um movimento que tinha como objetivo


modificar as condições de saúde da população brasileira, com
pautas a favor da democracia, gratuidade dos serviços de
saúde e outros.

Voltemos um pouco à história, então. O período compreendido entre o Colonialismo


Português (1500 – 1822) e Império (1822 – 1889) foi marcado por pouco investimento
na área da saúde por parte do Poder Público e pela falta de um sistema de saúde
estruturado. As ações sanitárias eram bem pontuais e o acesso dependia do local
social ocupado pelo indivíduo. Veja:
Dado que inexistia um sistema de saúde formalmente estruturado, as ações
eram de caráter focal, sendo que grande parte da população se utilizava da
medicina de “folk”, enquanto que os senhores do café tinham acesso aos
profissionais legais da medicina, que eram trazidos de Portugal (BERTOLOZZI;
GRECO, 1996, p. 382).

As ações coletivas eram feitas no formato de campanhas focais e ocorriam


principalmente nas áreas de maior circulação de pessoas. Nessa época, começam a
surgir as primeiras instituições de controle sanitário dos portos e das epidemias.
O período da República Velha ou Primeira República (1889 – 1930) trouxe grandes
mudanças, começando pela abolição da escravatura (1888), que intensificou o fluxo
de imigrantes para o país, tornando as condições sanitárias e de saúde mais
precárias e complexas. A partir desse quadro, a interferência estatal sobre a saúde da
população aumentou, mas ainda seguia o modelo campanhista, com objetivos
pontuais e sem a participação e envolvimento da população. A cidade do Rio de
Janeiro foi palco de um dos grandes marcos sanitários da época, o evento que ficou
conhecido como Revolta da Vacina, quando foi imposta uma vacinação obrigatória
por conta da varíola, sancionada pelo conhecido Oswaldo Cruz.
Em 1930, inicia a era Vargas com o rompimento da hegemonia presidencial pelos
estados de Minas Gerais e São Paulo. Essa época é marcada por um crescimento
industrial e uma maior preocupação com o estado de saúde dos trabalhadores.
Importante citar, também, a construção da Previdência Social no Brasil, que vai
estruturar os primeiros sistemas de saúde. Em 1923, foram instituídas as Caixas de
Aposentadoria e Pensões (CAPS), sendo substituídas, em 1933, pelos Institutos de
Aposentadorias e Pensões (IAP). É com a organização dessas entidades que é criado o
SAMDU, Serviço de Assistência Médica Domiciliar e de Urgência, em 1949:
É a partir principalmente da segunda metade da década de 50, com o maior
desenvolvimento industrial, com a consequente aceleração da urbanização, e o
assalariamento de parcelas crescente da população, que ocorre maior pressão
pela assistência médica via institutos, e viabiliza-se o crescimento de um
complexo médico hospitalar para prestar atendimento aos previdenciários
(POLIGNANO, 2001, p. 11).

Prosseguindo na cronologia, no ano de 1953 é criado o Ministério da Saúde, ainda


com uma estrutura frágil e que não se propunha a atender a todas as pessoas:
O sistema de saúde era formado por um Ministério da Saúde subfinanciado e
pelo sistema de assistência médica da previdência social, cuja provisão de
serviços se dava por meio de institutos de aposentadoria e pensões divididos
por categoria ocupacional [...] cada um com diferentes serviços e níveis de
cobertura. As pessoas com empregos esporádicos tinham uma oferta
inadequada de serviços, composta por serviços públicos, filantrópicos ou
serviços de saúde privados pagos do próprio bolso (PAIM et al., 2011, p. 17).

Durante o mandato do presidente Juscelino Kubitschek (1956 – 1961), houve uma


grande abertura ao capital estrangeiro e à iniciativa privada, aumentando a prestação
privada de serviços de saúde e surgimento de empresas específicas desse ramo.
Quanto à Previdência Social, em 1960 havia sido iniciado um processo de unificação
das IAP, juntando todas as categorias profissionais sob um mesmo regime de
Previdência. Em 1967, é oficialmente criado o INPS (Instituto Nacional de Previdência
Social). Com essa unificação, o número de contribuintes e, consequentemente, de
beneficiários aumentou de forma considerável, exigindo maior sofisticação dos
aparelhos estatais. Em 1978, é criado, então, o INAMPS (Instituto Nacional de
Assistência Médica da Previdência Social).
Neste período, já entramos na Ditadura Militar (1964 – 1985). Apesar de ter sido um
período de intenso crescimento do setor privado, também é nessa época que
começam as primeiras articulações as quais resultarão na criação do SUS. Devido ao
regime de censura política implantado na época, o movimento sanitário começa a
surgir dentro das universidades, espaço onde era possível contestar minimamente as
imposições do governo. Esse movimento vai questionar, também, o modelo curativo
da saúde, ou seja, equipamentos e profissionais de saúde que só intervém no caso
de doença, ignorando propostas de prevenção e promoção:
O movimento sanitário, que remonta aos primeiros anos da Ditadura Militar,
difundia um novo paradigma científico com a introdução das disciplinas sociais
na análise do processo saúde-doença. Através delas, o método histórico-
estrutural passou a ser utilizado no campo da saúde, buscando compreender
processos como a “determinação social da doença” e a “organização social da
prática médica” (BERTOLOZZI; GRECO, 1996, p. 390).

O fim da ditadura militar instaura um marco político, no qual as propostas dos


direitos sociais voltam a ser discutidas. Em 1986, ocorreu a VIII Conferência Nacional
de Saúde, que inovou ao envolver na discussão trabalhadores, pesquisadores,
membros civis e outros. Em 1987, é criado o SUDS (Sistema Unificado e
Descentralizado da Saúde), dando sinais de um novo modelo de saúde, como
transferência dos serviços de saúde para os estados e municípios e um gestor único
em cada esfera de governo.
A Constituição Federal de 1988 (CF), conhecida como Constituição Democrática, dita
os rumos da saúde pública a partir do artigo 196:
A saúde é direito de todos e dever do estado, garantindo mediante políticas
sociais e econômicas que visem a redução do risco de doença e de outros
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua
promoção, proteção e recuperação (BRASIL, 1988).

Dois pontos são dignos de destaque. Primeiramente, o acesso à saúde é estendido a


todos os cidadãos, independentemente de serem contribuintes da Previdência Social.
A partir dessa constituição não é preciso estar empregado para ter acesso aos
serviços. O outro ponto é o rompimento com um modelo exclusivamente curativo e
hospitalocêntrico, sendo garantidas, também, as práticas de promoção, proteção e
recuperação.
Antes da criação do SUS, a assistência à saúde no Brasil tinha uma estreita
conexão com as atividades previdenciárias, e o sistema de caráter contributivo
gerava uma divisão da população brasileira em dois grandes grupos:
previdenciários e não previdenciários. A realidade social era a exclusão da
maior parte dos cidadãos do direito à saúde (NEVES, 2012, p. 14).

Os valores de cidadania e de democracia, a inclusão da comunidade na participação e


outros princípios incluídos no SUS são um reflexo do momento histórico, de um país
que acabava de sair de um modelo regimental de ditadura, no qual os governantes
não eram escolhidos por participação popular e a opinião da sociedade civil não era
considerada. Porém, apesar dessa intensa mobilização social, a lei orgânica do SUS só
foi aprovada em 1990, e, ainda assim, sofrendo importantes vetos, os quais só seriam
recuperados na Lei n. 8.142/1990.
Você percebe como o movimento de implantação de um regime nacional e unificado
de saúde só foi conquistado após muitos anos? Ao longo da história, o sistema de
saúde no Brasil sempre acompanhou os movimentos políticos e econômicos,
sofrendo reveses e vitórias. A implantação do SUS se dá em um momento de grande
agitação política, no qual diversos atores e setores sociais se mobilizam para garantir
um sistema que obrigasse o Estado a cumprir seu dever de fornecer serviços de
saúde para toda a população, independente da sua posição social.
Para aquele que deseja conhecer mais a fundo o histórico da
saúde pública no Brasil e o processo de construção do SUS,
indico o seguinte livro:
ROSEN, G. Uma história da saúde pública São Paulo:
.

Hucitec, 1994.

Após esse longo processo, era preciso firmar uma legislação que assegurasse a
implantação do sistema de saúde no país. São três os principais documentos que
constituem o alicerce legal para a existência do SUS, além de direcionar seus
princípios e diretrizes: a Constituição Federal de 1988, a Lei n. 8.080/1990 (também
conhecida como Lei Orgânica da Saúde) e a Lei n. 8.142/1990. Na sequência,
estudaremos com mais detalhe cada uma delas.
A Constituição Federal de 1988, também conhecida como Constituição Cidadã,
assegurou diversos direitos fundamentais. O texto que diz respeito à saúde pública
se encontra no Título VII – Da Ordem Social, que traz a base da seguridade social no
Brasil, composta pelos direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
Abaixo reproduzimos, na íntegra, alguns pontos importantes:
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

[...]

Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede


regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de
acordo com as seguintes diretrizes:

I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo;

II -atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem


prejuízo dos serviços assistenciais;

III - participação da comunidade.

[...]

Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada (BRASIL, 1988).

O texto da Constituição Federal de 1988 foi a primeira ação legal no sentido de firmar
as bases de construção do SUS. Podemos verificar a incorporação de um conceito
mais abrangente de saúde do que o utilizado até agora, enfatizando as ações de
prevenção, promoção e recuperação, além de um compromisso Estatal com o
provimento de serviços de saúde gratuitos para toda a população. Porém, apesar do
avanço conquistado, importantes questões não foram contempladas, como o
financiamento do sistema, a política de medicamentos e outros. As leis, aprovadas na
sequência, definiram, de forma mais detalhada, o funcionamento e a gestão do
sistema.
A Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990, foi sancionada dois anos após a
Constituição Cidadã. A aprovação se deu durante o governo do presidente Fernando
Collor de Melo, que chegou a vetar importantes pontos da lei, parcialmente
recuperados na Lei n. 8.142/1990. Ela também é conhecida como Lei Orgânica do
SUS, pois regula, em todo território nacional, as ações e os serviços de saúde. Para
direcionar os estudos, serão expostos, aqui, os principais trechos, destacando os
pontos que forem importantes para a compreensão do capítulo, porém é
recomendado que você procure a lei e faça uma leitura do seu conteúdo completo.
Vamos lá?

Conecte-se

No site do Conselho Nacional de Saúde você encontra essa


e outras leis importantes para o estudo do SUS. Veja:
http://www.conselho.saude.gov.br/

Disponível aqui

Na Lei n. 8.080/1990, o Título – Das Disposição Gerais vem reafirmar a posição já


I

apontada na Constituição Federal de 1988, ou seja, a saúde é um direito e cabe ao


Estado prover os serviços necessários para a população. Também vai reforçar os
fatores que determinam e condicionam a saúde, baseando-se numa política pública
comprometida com a atenção integral à saúde, com a qualidade de vida e com ações
executadas a partir de uma perspectiva intersetorial (NEVES, 2012).
Art. 2º. A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado
prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.

§ 1º. O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e


execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de
doenças e de outros agravos e no estabelecimento de condições que
assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua
promoção, proteção e recuperação.

[...]
Art. 3º. Os níveis de saúde expressam a organização social e econômica do
País, tendo a saúde como determinantes e condicionantes, entre outros, a
alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a
renda, a educação, a atividade física, o transporte, o lazer e o acesso aos bens
e serviços essenciais (BRASIL, 1990a).

O Título II – Do Sistema Único de Saúde, Capítulo versará sobre os objetivos do SUS,


I

além de delimitar o conjunto de ações e serviços que são da sua competência:


Art. 5º. São objetivos do Sistema Único de Saúde (SUS):

I -a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da


saúde;

a formulação de política de saúde destinada a promover, nos campos


II -

econômicos e sociais, a observância do disposto no § 1º do art. 2º desta lei;

III a assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e


-

recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais e


das atividades preventivas.

Art. 6º. Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema Único de Saúde
(SUS):

I -a execução de ações: a) de vigilância sanitária; b) de vigilância


epidemiológica; c) de saúde do trabalhador; e d) de assistência terapêutica
integral, inclusive farmacêutica;

a participação na formulação da política e na execução de ações de


II -

saneamento básico;

III - a ordenação da formação de recursos humanos na área de saúde;

IV - a vigilância nutricional e a orientação alimentar;

V - a colaboração na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do


trabalho;

VI - a formulação da política de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos


e outros insumos de interesse para a saúde e a participação na sua produção;

VII - o controle e a fiscalização de serviços, produtos e substâncias de


interesse para a saúde;

VIII - a fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas para consumo


humano;

IX - a participação no controle e na fiscalização da produção, transporte,


guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e
radioativos;

X - o incremento, em sua área de atuação, do desenvolvimento científico e


tecnológico;
XI - a formulação e execução da política de sangue e seus derivados (BRASIL,
1990a).

Você sabia que todas essas atribuições são responsabilidade


do SUS? Além de cuidar de todo o sistema de saúde no país,
ele também deve realizar as ações de vigilância sanitária e
epidemiológica, controle e fiscalização de procedimentos e
substâncias de interesse da saúde, fiscalizar e inspecionar
alimentos e outros.

O Capítulo II – Dos Princípios e Diretrizes tratará sobre aqueles que são os princípios
norteadores do SUS, os eixos políticos e organizadores que direcionarão o
funcionamento do sistema. Dada a relevância dos princípios e diretrizes, eles serão
abordados de forma mais detalhada na próxima seção.
O Capítulo III – Da organização, da Direção e da Gestão, e o Capítulo IV – Da
Competência e das Atribuições se referirá à organização administrativa e decisória do
SUS:
Art. 8º. As ações e serviços de saúde, executados pelo Sistema Único de
Saúde (SUS), seja diretamente ou mediante participação complementar da
iniciativa privada, serão organizados de forma regionalizada e hierarquizada
em níveis de complexidade crescente.

Art. 9º. A direção do Sistema Único de Saúde (SUS) é única, de acordo com o
inciso I do art. 198 da Constituição Federal, sendo exercida em cada esfera de
governo pelos seguintes órgãos:

I - no âmbito da União, pelo Ministério da Saúde;

no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, pela respectiva Secretaria de


II -

Saúde ou órgão equivalente; e

III no âmbito dos Municípios, pela respectiva Secretaria de Saúde ou órgão


-

equivalente (BRASIL, 1990a).

O que significa afirmar que as ações e serviços serão organizados de forma


regionalizada e hierarquizada? Os dois conceitos estão intimamente ligados. O
princípio da regionalização visa garantir um maior acesso à saúde da população,
fazendo com que os processos decisórios sejam feitos em um contexto mais próximo
da população. Já a hierarquização se refere à organização dos serviços de saúde em
nível de complexidade, de forma a garantir que os serviços básicos de saúde estejam
localizados de forma próxima da comunidade.
E o que quer dizer “a direção do SUS é única”?
A direção única em cada esfera de governo significa que o Sistema Único de
Saúde – embora conceitualmente uno, porque informado pelos mesmos
princípios e diretrizes na União, nos estados, no Distrito Federal e nos
Municípios – deve ser operado, em cada uma dessas esferas de governo,
segundo os interesses e peculiaridades de cada uma das entidades estatais, e
nos termos da respectiva autonomia política e administrativa e da competência
que a cada uma é atribuída pela Constituição da República, Lei Orgânica da
Saúde e legislação suplementar federal, estadual, distrital ou municipal,
conforme o caso (CARVALHO; SANTOS, 2006, p. 87).

Os conceitos de descentralização, regionalização e hierarquização serão


apresentados de forma mais detalhada na seção que tratará da Organização e
Gestão do SUS.
O Título III – Dos Serviços Privados de Assistência à Saúde abordará o funcionamento
dos serviços privados de assistência em saúde:
Art. 20. Os serviços privados de assistência à saúde caracterizam-se pela
atuação, por iniciativa própria, de profissionais liberais, legalmente habilitados,
e de pessoas jurídicas de direito privado na promoção, proteção e recuperação
da saúde.

Art. 21. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.

Art. 22. Na prestação de serviços privados de assistência à saúde, serão


observados os princípios éticos e as normas expedidas pelo órgão de direção
do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto às condições para seu
funcionamento (BRASIL, 1990a).

A assistência à saúde é livre à iniciativa privada, ou seja, é permitido que instituições


particulares ofereçam serviços, porém, nessa prestação de serviço, devem ser
cumpridos os princípios éticos e as normas acordadas pelo SUS. Em casos nos quais
os equipamentos públicos forem insuficientes, poderão ser feitos consórcios com os
serviços privados.
O Título V – Do Financiamento tratará do repasse de recursos e da manutenção
financeira do sistema. Para contemplar a proposta de descentralização, é
pressuposto um repasse financeiro dos recursos da União para os Estados e
Municípios. Para definir o valor repassado, serão considerados o perfil demográfico
da região, perfil epidemiológico da população, características da rede de saúde da
área, níveis de participação do setor saúde nos orçamentos estaduais e municipais,
entre outros critérios. Neste título, também é citada a questão do planejamento e do
orçamento. O planejamento ocorrerá de forma ascendente, do Município até a
União, e será a base das atividades e previsão orçamentária.
Como já foi mencionado, a Lei n. 8.080/1990 sofreu importantes vetos presidenciais
na data do seu lançamento, afetando, principalmente, as deliberações de
financiamento e de participação popular. Apesar disso, ela avança no sentido de
decidir algumas das principais diretrizes e formas de funcionamento do SUS. Em
seguida, veremos a Lei n. 8.142/1990, o último dos documentos aqui abordados,
historicamente importante para a implantação efetiva do SUS.
A Lei n. 8.142, de 28 de dezembro de 1990, foi aprovada alguns meses após a Lei n.
8.080/1990. Ela é mais sucinta e vai dispor principalmente de duas frentes: a
participação popular na formulação, gestão e fiscalização do SUS e as transferências
intergovernamentais de recursos financeiros. Mais uma vez, exporemos aqui os
trechos importantes para nosso estudo, mas não deixe de fazer uma leitura
cuidadosa da lei completa.

Conecte-se

A Lei n. 8.142/1990 encontra-se disponível na íntegra no


seguinte endereço eletrônico:
< http://www.planalto.gov.br/ >.

Disponível aqui

Você se lembra de que uma das pautas principais da implantação do SUS foi a maior
participação da população? O movimento da Reforma Sanitária surgiu durante a
década de 70, época da ditadura militar, período onde as opiniões e a participação
popular não tinham espaço, sobretudo nas decisões estatais. Sendo assim, uma das
principais bandeiras do movimento foi justamente inserir a população nos espaços
deliberativos, incluindo a saúde. A Lei n. 8.142/1990 vai fazer valer essa reivindicação,
implantando o controle social:
Art. 1°. O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei n° 8.080, de 19
de setembro de 1990, contará, em cada esfera de governo, sem prejuízo
das funções do Poder Legislativo, com as seguintes instâncias colegiadas:

I - a Conferência de Saúde; e

II - o Conselho de Saúde (BRASIL, 1990b).

Esses dois órgãos colegiados – conferência e conselhos – são os espaços deliberativos


nos quais o planejamento, as decisões e a fiscalização dos serviços ocorrerão e, em
cada um deles, é garantida a participação da população. A participação dos cidadãos
é paritária em relação aos outros segmentos – representantes do governo,
prestadores de serviços, profissionais e outros - visando garantir um processo
democrático com a presença de todas as partes envolvidas. Na seção sobre o
Controle Social e Políticas de Humanização veremos, com mais detalhes, de que
forma se dá esse controle social na prática.
Em seguida, a lei vai tratar do repasse dos recursos do Fundo Nacional de Saúde
(FNS):
Art. 2°. Os recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS) serão alocados como:

I -despesas de custeio e de capital do Ministério da Saúde, seus órgãos e


entidades, da administração direta e indireta;

II -investimentos previstos em lei orçamentária, de iniciativa do Poder


Legislativo e aprovados pelo Congresso Nacional;

III - investimentos previstos no Plano Quinquenal do Ministério da Saúde;

IV - cobertura das ações e serviços de saúde a serem implementados pelos


Municípios, Estados e Distrito Federal (BRASIL, 1990b).

Os recursos do FNS serão destinados, pelo menos, setenta por cento aos Municípios
e o restante aos Estados. Porém, para receber esse repasse, os Municípios e Estados
devem cumprir com uma série de exigências:
Art. 4°. Para receberem os recursos de que trata o art. 3° desta lei, os
Municípios, os Estados e o Distrito Federal deverão contar com:

I - Fundo de Saúde;

Conselho de Saúde, com composição paritária de acordo com o Decreto n°


II -

99.438, de 7 de agosto de 1990;

III - plano de saúde;

IV - relatórios de gestão que permitam o controle de que trata o § 4° do art. 33


da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990;

V - contrapartida de recursos para a saúde no respectivo orçamento;

VI - comissão de elaboração do Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCS),


previsto o prazo de dois anos para sua implantação (BRASIL, 1990b).

Essas são as principais leis que formam a base de funcionamento e organização do


SUS. Para você que deseja aprofundar seus estudos, segue, na sequência, um
conjunto de outras leis, portarias e emendas que também versam sobre pontos
importantes da saúde pública:
Norma Operacional Básica do Sistema Único de Saúde (1996) – redefine o modelo
de gestão do SUS.
Portaria GM/MS n. 1.882 (1997) – Estabelece o piso de atenção básica (PAB) e sua
composição.
Portaria GM/MS n. 1.886 (1997) – Aprova normas e diretrizes do Programa de
Agentes Comunitários de Saúde e do Programa de Saúde da Família.
Portaria GM/MS n. 3.916 (1998) - Define a Política Nacional de Medicamentos.
Lei n. 9.782 (1999) - Define o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária e cria a
Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Lei n. 9.961 (2000) - Cria a Agência Nacional de Saúde Suplementar ANS.

3 PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DO SUS

Agora que já estudamos o histórico de construção do SUS e as principais leis que dão
suporte para seu funcionamento, prosseguiremos com um estudo mais detalhado de
outros aspectos importantes. Nesta seção, estudaremos os Princípios e as Diretrizes
do SUS. Você provavelmente já deve ter ouvido essas palavras, mas sabe o que
significam?
A escolha dos princípios e das diretrizes não se deu de forma aleatória e
desarticulada, todos foram construídos levando-se em consideração situações
históricas que culminaram na necessidade de criá-los. Os princípios e diretrizes
constituem a base do funcionamento do SUS, são os eixos que ordenarão toda a
organização do sistema. Os princípios representam uma finalidade, objetivos. São as
metas que devem ser alcançadas, representando os valores e preceitos do SUS. Já as
diretrizes se referem às estratégias, os meios utilizados para alcançar os objetivos
traçados pelos princípios: “[...] a denominação princípios é dada para a base filosófica,
cognitiva e ideológica do SUS, e a designação diretrizes se refere à forma, às
estratégias e aos meios de organização do sistema para a sua concretização” (MATTA,
2007, p. 248).
O primeiro princípio é o da universalidade expresso pelo Artigo 196 da Constituição
,

Federal: “A saúde é direito de todos e dever do Estado [...]” (BRASIL, 1988). Como
você já aprendeu, antes da criação do SUS os serviços públicos de saúde só eram
fornecidos a uma parcela da população, aquela que possuía carteira assinada. O SUS
afirma, então, como princípio que todos os cidadãos – sem distinção de raça, gênero,
religião ou qualquer outra forma de discriminação – têm direito ao acesso aos
serviços de saúde disponibilizados pelo Estado.
Outro princípio é o da equidade Apesar do acesso à saúde ser universal, sabemos
.

das desigualdades sociais que fazem com que certos estratos sociais tenham maior
dificuldade em conseguir um determinado serviço, em implantar práticas de
prevenção e promoção no seu território, e outros. Como alguns autores mencionam,
o princípio da equidade diz respeito a “tratar desigualmente os desiguais”.

A regra da igualdade não consiste senão em aquinhoar


desigualmente aos desiguais, na medida em que se
desigualam. Nesta desigualdade social, proporcionada à
desigualdade natural, é que se acha a verdadeira lei da
igualdade. O mais são desvarios da inveja, do orgulho ou da
loucura. Tratar com desigualdade a iguais ou a desiguais com
igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real.
Os apetites humanos conceberam inverter a norma universal
da criação, pretendendo não dar a cada um, na razão do que
vale, mas atribuir o mesmo a todos, como se todos se
equivalessem.
Fonte: BARBOSA, Rui. Oração aos moços. 5. ed. Rio de Janeiro: Edições Casa
de Rui Barbosa, 1999.

Como coloca Carmem Teixeira (2011, p. 5):

O ponto de partida da noção de equidade é o reconhecimento da desigualdade


entre as pessoas e os grupos sociais e o reconhecimento de que muitas
dessas desigualdades são injustas e devem ser superadas. Em saúde,
especificamente, as desigualdades sociais se apresentam como desigualdades
diante do adoecer e do morrer, reconhecendo-se a possibilidade de redução
dessas desigualdades, de modo a garantir condições de vida e saúde mais
iguais para todos.

Um exemplo de práticas que visam promover a equidade são os programas voltados


especificamente para grupos vulneráveis, como indígenas, população LGBT e
mulheres.
Por fim, temos o princípio da integralidade. A noção de integralidade pode ser
compreendida em vários níveis no campo da saúde, representando um esforço para
oferecer um sistema de saúde que supra as necessidades do cidadão em todas as
esferas necessárias. O princípio integralidade diz respeito à nova configuração do
SUS, que agrupa em apenas um sistema organizativo as práticas de prevenção, de
cuidado e de promoção:
Um modelo “integral”, portanto, é aquele que dispõe de estabelecimentos,
unidades de prestação de serviços, pessoal capacitado e recursos necessários,
à produção de ações de saúde que vão desde as ações inespecíficas de
promoção da saúde em grupos populacionais definidos, às ações específicas
de vigilância ambiental, sanitária e epidemiológica dirigidas ao controle de
riscos e danos, até ações de assistência e recuperação de indivíduos
enfermos, sejam ações para a detecção precoce de doenças, sejam ações de
diagnóstico, tratamento e reabilitação (TEIXEIRA, 2011, p. 6).

A integralidade diz respeito também ao oferecimento de serviços em diversos níveis


de atenção, considerando que o ser humano não é composto por “partes”, mas sim
um ser integral, biopsicossocial e que deve ser atendido em todas as suas demandas.
De forma resumida, a integralidade pode ser definida como “[...] o homem é um ser
integral, biopsicossocial, e deverá ser atendido com esta visão integral por um
sistema de saúde também integral, voltado a promover, proteger e recuperar sua
saúde” (BRASIL, 1990b).
Agora, apresentados os princípios, vamos para as diretrizes. Como já foi explicado, as
diretrizes são as estratégias e as ferramentas que serão utilizadas para que os
princípios sejam garantidos.
A descentralização diz respeito à transferência de poder político, de
responsabilidade e recursos, da esfera Federal para os Estados e Municípios. Por
meio das Leis n. 8.080/1990 e n. 8.142/1990, e das chamadas NOBS (Normas
Operacionais) serão estabelecidas quais as responsabilidades pertinentes à cada
esfera administrativa.
A regionalização e hierarquização se referem à forma de organização dos serviços,
tanto territorialmente quanto por especificidade das práticas ofertadas. A
regionalização introduz a noção de território, que determina o perfil da população a
ser atendida em um determinado espaço físico delimitado. Essa divisão espacial
contempla tanto o espaço político-administrativo – como um bairro ou uma cidade –
quanto as especificidades de determinada população – como demarcações indígenas,
populações ribeirinhas. A hierarquização classifica os diversos equipamentos de
saúde em níveis de oferta de serviços, por meio do estabelecimento de uma rede que
conecta unidades mais simples – como as Unidades Básicas de Saúde – com as que
demandam mais recursos tecnológicos – como os Hospitais Especializados. Essa rede
se organizará de forma a garantir acesso a todas as demandas do usuário do SUS,
desde ações de prevenção até procedimentos complexos.
Por fim, temos a diretriz que contempla a participação da comunidade ,

representada aqui pelos Conselhos e Conferências de Saúde. Como forma de garantir


os princípios do SUS, é pressuposta a participação da população e comunidade nas
deliberações e fiscalização do sistema. Como você deve recordar, o Sistema Único de
Saúde foi criado justamente por demanda dos cidadãos, que exigiam um modelo de
saúde que contemplasse a todos. Essa diretriz vem, então, reforçar esse movimento,
garantindo uma representatividade popular nas decisões e no planejamento dos
serviços de saúde no país.
O SUS é um sistema orgânico, vivo e em constante construção. A busca popular por
um sistema de saúde que atendesse a toda a população, de forma gratuita e integral,
levou à formulação de princípios e diretrizes que visam garantir esse acesso. A partir
dessas formulações, foram sendo criadas ferramentas e mecanismos que fizessem
valer as leis.

4 ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DO SUS

Imagine um sistema de saúde gratuito responsável por atender a um país do


tamanho do Brasil. Não parece simples, não é? Para garantir que os princípios de
universalidade, equidade e integralidade sejam cumpridos, são necessários
mecanismos de organização e gestão, envolvendo os entes federados – União,
Estados e Municípios. Agora será apresentado, de forma mais aprofundada, como a
gestão e organização do SUS é realizada, partindo das diretrizes de descentralização,
regionalização e hierarquização. Vamos lá?
O princípio da descentralização opõe-se a uma forma de gestão que concentrava
todas as decisões em um único órgão, muitas vezes distante da região foco das
ações. A nova estratégia proposta é justamente atender melhor às demandas
populacionais, aproximando os órgãos gestores da comunidade alvo. Nesse sentido,
foram divididas funções entre os entes federados, privilegiando a municipalização:
A noção de que o município é o mais adequado âmbito para tratar a questão da
saúde de maneira direta, uma vez que é o ente federado mais próximo da
população, capaz, portanto, de identificar as peculiaridades e as diversidades
locais e adaptar as estratégias para a superação dos problemas de saúde, de
forma integral (BARATA; TANAKA; MENDES, 2004, p. 15).

Essa nova forma de organização vem também para sanar um problema do antigo
sistema, em que diversos órgãos ditavam as decisões e os rumos da saúde. Como
você deve lembrar, anteriormente, as decisões referentes à área da saúde eram
responsabilidade do Ministério da Previdência Social, que, ao mesmo tempo,
também compreendia as funções do Ministério da Saúde. Quando a Lei n. 8.080/1990
coloca “descentralização, com direção única em cada esfera de governo” é
justamente para impedir que órgãos distintos versem sob a gestão do SUS,
promovendo uma gestão mais organizada.
O processo de descentralização no país pode ser classificado, então, como político-
administrativo, ou seja, envolve não só a transferência de serviços, mas também de
poder, de responsabilidade e de recursos Para que isso seja efetivo, é preciso estar
.

bem claras as competências cabíveis a cada esfera organizativa. O texto Princípios


Organizativos e Instâncias de Gestão do SUS (MACHADO; LIMA; BAPTISTA, 2011, p. 55)
divide em quatro categorias as funções que cabem a elas:
Formulação de políticas/planejamento;
Financiamento;
Regulação, coordenação, controle e avaliação (do sistema/redes edos prestadores,
públicos ou privados);
Prestação direta de serviços de saúde.
Cada uma dessas funções se divide em outras, que serão separadas, de acordo com
suas características, entre os entes federados:
Compreender as atribuições dos gestores do SUS nos três níveis de governo
requer, portanto, uma reflexão sobre as especificidades da atuação de cada
esfera no que diz respeito a essas funções gestoras, de forma coerente com as
finalidades de atuação do Estado em cada nível de governo, com os princípios
e objetivos estratégicos da política de saúde e para cada campo de atuação do
Estado na saúde (assistência à saúde, vigilância sanitária, vigilância
epidemiológica, desenvolvimento de insumos para a saúde e recursos
humanos, entre outros) (MACHADO; LIMA; BAPTISTA, 2011, p. 15)

Quais são, então, as responsabilidades referentes à cada ente federado? O que cabe
à União, aos Estados e aos Municípios?
Atenção

Segue, na sequência, uma relação que aponta algumas


dessas competências, referente a cada núcleo gestor.
Lembrando que, no caso do Distrito Federal, as
responsabilidades do nível Estadual e Municipal se somam.
Veja:
Esfera de Governo: Federal
Gestor: Ministério da Saúde
Atribuições:
Formulações das políticas nacionais de saúde;
Planejamento e desenvolvimento de políticas nos campos
de tecnologias, insumos e recursos humanos;
Financiamento das ações de saúde por meio de distribuição
dos recursos públicos arrecadados, papel redistributivo dos
recursos;
Coordenação de redes de referência de caráter
interestadual/nacional.

Esfera de Governo: Estadual


Gestor: Secretaria Estadual de Saúde
Atribuições:
Promoção da regionalização;
Apoio e incentivo às secretarias municipais de saúde;
Definir as prioridades estaduais;
Definição dos critérios de alocação de recursos federais e
estaduais entre municípios;
Responsabilidade sob áreas estratégicas: serviços
assistenciais de referência estadual/regional, ações de
maior complexidade de vigilância epidemiológica ou
sanitária.
Esfera de Governo: Municipal

Gestor: Secretaria Municipal de Saúde


Atribuições:
Identificação de problemas e definição de prioridades no
âmbito municipal;
Organização da oferta de ações e serviços públicos e
contratação de privados, quando necessário;
Organização das portas de entrada do sistema,
estabelecimento de fluxos de referência e integração da
rede de serviços à nível estadual;
Gerência das unidades de saúde, contratação,
administração e capacitação de profissionais de saúde.

Passemos, então, para os princípios de regionalização e hierarquização O Artigo .

198, da Constituição Federal de 1988, institui que “As ações e serviços públicos de
saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema
único [...]” (BRASIL, 1988). Ou seja, esses dois conceitos estão intimamente ligados e
dirão respeito à forma como os serviços de saúde se organizarão nos territórios.
Como já foi colocado anteriormente, território é um espaço político-administrativo
que se constituiu na unidade mínima onde se organizará a rede de serviços de saúde.
Rede pode ser definida como “[...] um conjunto de unidades, de diferentes funções e
perfis de atendimento, que operam de forma ordenada e articulada no território, de
modo a atender às necessidades de saúde de uma população” (MACHADO; LIMA;
BAPTISTA, 2011, p. 132) A construção da rede é organizada de forma a suprir as
.

demandas dos territórios e garantir o acesso a todos os tipos de serviços necessários


para aquela população.

Figura 2 – Rede de Atenção à Saúde


Fonte: Disponível em:
<http://goo.gl/RnVSdU>.
Acesso em: 18 maio 2016.

É possível observar a presença de equipamentos de saúde distintos, cada um com


sua especificidade. As unidades se conectam de forma a atender às demandas de
cada indivíduo de forma integral. Assim, caso determinada unidade não seja
suficiente para suprir certa necessidade, o usuário é encaminhado para outra,
conectada na rede, que garantirá o serviço:
Existe uma relação intrínseca entre a organização da atenção à saúde em rede
e os objetivos da universalidade, equidade e integralidade. Em uma rede, os
equipamentos e serviços não funcionam de forma isolada, responsabilizando-
se conjuntamente pelo acesso, atenção integral e continuidade do cuidado à
saúde das pessoas (MACHADO; LIMA; BAPTISTA, 2011, p. 124).

Com essa discussão, já podemos entrar na definição de hierarquização dos serviços.


A necessidade de hierarquizar e classificar os serviços de saúde se dá pela
necessidade de fazer cumprir os princípios: Universidade, Equidade e Integralidade.
Você se recorda que um dos pilares do Movimento da Reforma Sanitária –
responsável pela construção do SUS – foi a reinvindicação de um modelo de saúde
que não focasse apenas nas práticas curativas, mas também nas práticas de
prevenção, promoção e recuperação? Voltemos ao Artigo 196 da Constituição Federal
de 1988:
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua
promoção, proteção e recuperação (BRASIL,1988).

Para garantir a efetivação dessas práticas, foi planejado um modelo de organização


no qual os serviços são divididos de acordo com suas especificidades, não
privilegiando apenas hospitais e prontos-socorros - que têm uma ação mais pontual
sobre a doença - mas também equipamentos que promovessem uma saúde integral
do usuário. Essa estratégia de organização é a hierarquização: os serviços são
divididos em diferentes níveis de atenção e complexidade.
O primeiro nível é o de atenção primária, que envolve os serviços e equipamentos
básicos da saúde, como Unidades Básicas de Saúde e Estratégia de Saúde da Família,
portas de entrada para o SUS. Ou seja, são os primeiros serviços que o usuário vai
procurar, e que vão inseri-lo na rede. Para compreendermos melhor o que é um
serviço da atenção primária, veja a descrição da Estratégia da Saúde da Família:
A Estratégia da Saúde da Família (ESF) é entendida como uma estratégia de
reorganização do modelo de assistência, possibilitada por meio da locação de
equipes multiprofissionais em unidades básicas de saúde (UBS). [...] Este
modelo visa superar a antiga concepção centrada na doença, desenvolvendo-
se por meio de práticas gerenciais e sanitárias participativas que possibilitam o
compromisso e a corresponsabilidade destes profissionais com os usuários e a
comunidade (NEVES, 2012, p. 35).

Fazem parte dos equipamentos da atenção secundária os estabelecimentos de média


complexidade, como ambulatórios e clínicas especializadas. Por fim, na atenção
terciária são incluídos os equipamentos de alta complexidade, como hospitais gerais
e procedimentos de alto custo, como hemodiálise, quimioterapias e outros.

Você pode perceber que a rede de saúde – construída a partir dos princípios de
regionalização e hierarquização – é extremamente importante para o bom
funcionamento do SUS. Em um município com poucos habitantes não é necessária a
presença de um grande hospital, com procedimentos de alta tecnologia, uma vez que
não haveria demanda para tal. Porém, caso um usuário desse município precise
acessar esse serviço, deve ser garantido a ele um equipamento referenciado que
possibilite o atendimento. Para isso, são efetuados pactos e acordos entre os
diversos territórios para a construção de uma rede que garanta a efetivação dos
princípios do SUS:
A construção de uma rede baseia-se na constatação de que os problemas de
saúde não se distribuem uniformemente na população, no espaço e no tempo,
e envolvem tecnologias de diferentes complexidades e custos. Assim, a
organização dos serviços é condição fundamental para que estes ofereçam as
ações necessárias de forma apropriada (MACHADO; LIMA; BAPTISTA, 2011,
p. 124).

5 CONTROLE SOCIAL E POLÍTICAS DE HUMANIZAÇÃO

Neste último item do capítulo, abordaremos o Controle Social, de que forma se dá a


participação popular na formulação de fiscalização do SUS e quais são os
instrumentos e espaços utilizados para isso. Por fim, apresentaremos a Política
Nacional de Humanização do SUS, inaugurada em 2004, 15 anos após a Constituição
Federal de 1988. Essa Política será apresentada como um exemplo dos vários
desdobramentos do Sistema Único de Saúde ao longo desses anos.
Comecemos, então, pelo Controle Social e Participação Popular no SUS. Essa é
uma das diretrizes do SUS: a garantia de que a população e a comunidade possam
participar dos processos decisórios do SUS, contribuindo para que o sistema atenda
às suas demandas e garantindo um processo mais amplo e democrático. Vale
apontar que o SUS é a única política pública a adotar constitucionalmente a
participação popular em seus princípios, sendo, assim, não apenas um projeto
pioneiro, mas também apontando a necessidade de que outras políticas sigam essa
prática.
A participação popular e o controle social em saúde, dentre os princípios do
Sistema Único de Saúde (SUS), destacam-se como de grande relevância
social e política, pois se constituem na garantia de que a população participará
do processo de formulação e controle das políticas públicas de saúde. No
Brasil, o controle social se refere à participação da comunidade no processo
decisório sobre políticas públicas e ao controle sobre a ação do Estado
(ROLIM; CRUZ; SAMPAIO, 2013).

Conforme a Lei n. 8.142 de 1990, essa participação se dará principalmente em duas


instâncias: Conselhos de Saúde e Conferências de Saúde. Ambos são órgãos
colegiados, compostos por representantes do governo, prestadores de serviços,
profissionais e, de forma especial, pelos usuários do SUS. Vejamos as especificidades
de cada um:
a) Conselhos de Saúde: hoje, além do Conselho Nacional, existem vinte e seis
Conselhos Estaduais, um Conselho Distrital e mais de cinco mil Conselhos Municipais.
Têm como tarefa atuar na formulação de estratégias e no controle da execução da
política de saúde na instância correspondente. Além disso, um Conselho de Saúde é
um órgão:
colegiado, ou seja, é composto por pessoas que representam diferentes grupos da
sociedade, sendo 50% delas representantes de usuários do SUS;
permanente, isto é, tem sua existência garantida em qualquer circunstância e para
ser extinto é preciso haver uma lei;
deliberativo, ou seja, toma decisões que devem ser cumpridas pelo poder público
(BRASIL, 2013).

Conecte-se

Para conhecer a fundo o funcionamento e as atribuições dos


Conselhos de Saúde, acesse a Resolução n. 333, de 04 de
novembro de 2003, do Ministério da Saúde, disponível em:
< http://conselho.saude.gov.br/ >.

Disponível aqui

b) Conferência de Saúde: ocorre a cada quatro anos, em cada esfera do governo, e


tem como objetivo avaliar a situação da saúde e propor as diretrizes para a
formulação da Política de Saúde nas instâncias correspondentes. Vale recordar as
transformações históricas proporcionadas para a gestão da saúde no Brasil, como o
caso da 8ª Conferência Nacional de Saúde, em 1986, cujo relatório final serviu de
base para a elaboração do capítulo sobre saúde da Constituição Federal de 1988,
resultando na criação do SUS.
Para se aprofundar na temática, vo

Conecte-se

Para se aprofundar na temática, você pode consultar o


seguinte documento: As Conferências Nacionais de Saúde:
Evoluções e Perspectivas, disponível no seguinte endereço
eletrônico: < http://www.conass.org.br/ >.
Disponível aqui

Figura 3 – 8ª Conferência Nacional de Saúde

Fonte: Disponível em:


<https://goo.gl/JhMuqQ>.
Acesso em: 22 jul. 2016.

Apesar do aporte jurídico, que institui a existência do Controle Social na saúde, e dos
manuais e documentos que regulamentam sua organização, a participação social
ainda está longe do ideal. Em alguns Municípios, os Conselhos de Saúde são
inexistentes e, em outros, existem muitos entraves que dificultam sua efetivação.
Cabe à população organizar-se em torno dessa criação, pressionando os órgãos
públicos para que ofereçam espaço e suporte para sua existência:
É preciso que o controle social aconteça na prática, para que não fique apenas em lei e que a
sociedade civil ocupe de modo pleno e efetivo esses diversos espaços de participação social. A
sociedade no acompanhamento/fiscalização/participação da gestão pública em saúde se faz de
forma importantíssima, pois pela primeira vez na história reuniram-se experiências exitosas na
área do controle social (ROLIM; CRUZ; SAMPAIO, 2013, p 33).
Passemos, então, para as Políticas de Humanização , aqui representadas pela
Política Nacional de Humanização Mas . o que significa humanização? Vejamos:
Por humanização entendemos a valorização dos diferentes sujeitos implicados
no processo de produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores. Os
valores que norteiam esta política são a autonomia e o protagonismo dos
sujeitos, a co-responsabilidade entre eles, o estabelecimento de vínculos
solidários e a participação coletiva no processo de gestão (BRASIL, 2004, p. 8).

A Política de Humanização é mais do que um programa, com práticas focais e


localizadas. Deve ser entendida como uma ética de trabalho, uma diretriz transversal,
“entendida como um conjunto de princípios e diretrizes que se traduzem em ações
nas diversas práticas de saúde e esferas do sistema, caracterizando uma construção
coletiva” (BRASIL, 2004, p. 7). Ela é uma construção que visa reordenar os processos
de trabalho com vistas a fazer valer a universalidade, a equidade e a integridade do
SUS.
Para isso, são estabelecidos alguns princípios norteadores da PNH (Política Nacional
de Humanização):
Valorização da dimensão subjetiva e social em todas as práticas de atenção e
gestão no SUS, fortalecendo o compromisso com os direitos do cidadão,
destacando-se o respeito às questões de gênero, etnia, raça, orientação sexual e
às populações específicas;
Fortalecimento de trabalho em equipe multiprofissional, fomentando a
transversalidade e a grupalidade;
Construção de autonomia e protagonismo dos sujeitos e coletivos implicados na
rede do SUS;
Fortalecimento do controle social com caráter participativo em todas as instâncias
gestoras do SUS;
Compromisso com a democratização das relações de trabalho e valorização dos
profissionais de saúde, estimulando processos de educação permanente (BRASIL,
2004).
Com alguns dos objetivos práticos dessa política, espera-se diminuir o tempo de fila
nas unidades de saúde, efetivar o controle e participação social, garantir que o
usuário conheça seu profissional de referência, além de ter acesso a todas as
informações pertinentes ao seu atendimento, fornecendo maior suporte aos
trabalhadores e outros.

Conecte-se

Para conhecer mais a fundo a Política Nacional de


Humanização, acesse o documento HumanizaSUS no seguinte
endereço eletrônico: < http://bvsms.saude.gov.br/ >.

Disponível aqui

Encerramos aqui nosso tópico sobre a Política de Humanização do SUS. Como você
pode perceber, ainda temos um longo caminho a ser trilhado para garantirmos a
todos os cidadãos brasileiros um acesso gratuito, integral e humanizado à saúde. A
Política de Humanização é um esforço que deve ser implantado em todos os espaços,
inclusive nas pesquisas e estudos teóricos. Como foi explicitado no começo deste
capítulo, conhecer sobre a saúde pública ultrapassa os objetivos educativos, mas
também nos envolve, na condição de pessoas políticas, na situação do nosso país e
na melhoria das condições de vida da população.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Caro(a) pós-graduando(a), como foi a leitura do material? Esperamos que tenha


conseguido aguçar seu interesse e curiosidade para o estudo sobre a Gestão em
Saúde no Brasil. Em caso de dúvidas, releia o material com calma e consulte as
referências disponibilizadas logo abaixo. Aguardo você no próximo capítulo, no qual
estudaremos a Organização da Saúde Privada.

Gostou da Unidade 1? Lembre-se, você poderá acessar todos os materiais sempre que
quiser ou tiver alguma dúvida! Vamos estudar a Etapa 2?

Bons estudos!

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UNICESUMAR | UNIVERSO EAD


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UNIDADE 2
Olá, aluno! Para darmos continuidade ao conteúdo da disciplina, estudaremos o capítulo
dois.

Neste capítulo será apresentado sobre a Articulação e Integração no SUS , Políticas de


Regulação da Saúde Suplementar , alguns pontos importantes sobre a lei nº 8.080/1990
e diversas portarias aplicadas ao sistema público de saúde.

Para a constituição de uma rede de atenção à saúde regionalizada em uma determinada


região, é necessário a pactuação entre todos os gestores envolvidos, do conjunto de
responsabilidades não compartilhadas e das ações complementares, esses envolvidos
vão trabalhar para unificar os serviços de uma forma que, financeiramente, seja viável.
Para a constituição de uma rede de atenção à saúde regionalizada em uma determinada
região, é necessária a pactuação entre todos os gestores envolvidos, do conjunto de
responsabilidades não compartilhadas e das ações complementares.

Para complementar seus estudos faça a leitura da portaria nº 399 de 22 de fevereiro de


2006 que trata sobre Pacto pela Saúde.

Além desta portaria, sugerimos que faça a leitura da Lei Nº 8.080/90 que dispõe sobre as
condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde.
Vamos ao livro da
disciplina - Capítilo 0 2 -
Saúde Privada:
Organização

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes
objetivos de aprendizagem:
Definir a saúde privada e suplementar, apontando como ela é caracterizada dentro
do SUS.
Conhecer a legislação referente à saúde privada e suplementar.
Apresentar os princípios da ética e da bioética envolvendo a saúde privada.
Diferenciar os modelos da saúde pública e privada, articulando suas
especificidades.

1 CONTEXTUALIZAÇÃO

Olá, pós-graduando(a)!
Como estão os estudos? No primeiro capítulo, fizemos uma leitura aprofundada
sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), suas particularidades, seu processo histórico
de construção, sua legislação fundamental, gestão, princípios, diretrizes e outros. No
entanto, precisamos nos lembrar de que a saúde no país é composta, também, pelos
sistemas privados, conhecidos como saúde suplementar. É esse o tema deste e do
próximo capítulo.
A saúde privada já existia no Brasil antes da organização do SUS e era ela que
garantia aos trabalhadores acesso aos serviços de saúde. Porém, algumas pessoas
ficavam de fora, como os profissionais informais e os desempregados. A construção
do SUS vem no sentido de ampliar e garantir acesso gratuito a todos os cidadãos
brasileiros, sem, no entanto, restringir o acesso aos serviços privados de saúde.
Para exemplificar melhor, podemos dividir os modelos de saúde existentes no
mundo em três tipos: inteiramente ou majoritariamente públicos, sistemas de seguro
social obrigatório e sistemas de caráter totalmente privado. Até a promulgação da
Constituição Federal de 1988 e da Lei 8.080/1990, o Brasil se encaixava no modelo de
seguro social privado. Você lembra do modelo das IAPs, das Caixas de Assistência e
do INAMPS?
No Brasil, a saúde suplementar começou sua estruturação após a revolução
industrial, momento em que surgiram os Institutos de Aposentadorias e
Pensões (IAPs), que pertenciam a diversas categorias e representavam os
trabalhadores urbanos e que compravam as prestações de serviços de saúde.
Paralelamente, nos anos 40, apareceram também as Caixas de Assistência,
como a dos funcionários do Banco do Brasil (Cassi), que beneficiavam os
empregados de algumas empresas por meio de empréstimos ou reembolso
pela utilização de serviços de saúde externos à previdência social. Nos anos
50, surgem os sistemas assistenciais próprios fornecidos pelas empresas
estatais e multinacionais que prestavam assistência médica de forma direta. Os
IAPs, no ano de 1966, são então unificados, formando o Instituto Nacional de
Previdência Social (INPS). Essa unificação forçou a expansão dos
credenciamentos de prestadores de serviços privados de saúde, privilegiando
hospitais e multinacionais de medicamentos. Portanto, a década de 60 foi um
marco na história da saúde suplementar, pelo fato de boa parte dos
trabalhadores já possuir planos de saúde e, ainda, por serem observadas
diversas possibilidades de assistência médica: a rede INPS, com unidades
próprias e credenciadas; serviços credenciados para atendimento a
trabalhadores rurais; serviços credenciados das empresas médicas; e
autogestões de empresas com planos próprios (PIETROBON; PRADO;
CAETANO, 2008, p. 770).

Após a consagração do SUS, passa a vigorar no país um sistema gratuito de saúde,


porém ainda contando com a existência dos sistemas privados. Apesar de todos os
avanços obtidos, é sabido que o SUS não consegue dar cobertura para todos os
cidadãos, tanto em termos de abrangência quanto em qualidade de atendimento. As
filas de espera, a distância geográfica e a possibilidade de escolha de profissionais e
serviços são alguns dos motivos que levam mais pessoas a escolherem um plano de
saúde privado.

2 SAÚDE SUPLEMENTAR
Segundos dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), no mês de março
de 2016, 25,2% dos brasileiros possuíam planos privados de assistência médica (ANS,
2016).

Conecte-se

O site da ANS possui diversas informações importantes sobre


a saúde suplementar no Brasil, como, por exemplo, estudos,
estatísticas, novas resoluções e outros. Confira essas e outras
informações no seguinte endereço eletrônico:
< http://www.ans.gov.br >.

Disponível aqui

É importante também diferenciar o que seria a saúde complementar e a saúde


suplementar. A saúde será considerada de caráter complementar quando o serviço
suprir alguma demanda do SUS, sendo realizado, então, um convênio ou contrato
público. Esses serviços, apesar de executados por instituições privadas, oferecerão
atendimentos gratuitos e serão ressarcidos com dinheiro público.
O Estado utiliza-se da iniciativa privada para aumentar e complementar a sua atuação em
benefício da saúde da população. Ao firmar convênios e contratos com diversas pessoas jurídicas
de direito privado que realizam ações e serviços de saúde o Estado brasileiro as insere no âmbito
das ações e serviços públicos de saúde, igualando-as àquelas prestadas diretamente por seus
órgãos e entidades. Por firmarem contratos ou convênios com o Sistema Único de Saúde,
integram esse sistema e submetem-se a todas as suas diretrizes, princípios e objetivos,
notadamente a gratuidade, integralidade e universalidade (SOUSA, 2010, p. 25).

Já a saúde suplementar, refere-se aos serviços privados, compostos por operadoras,


convênios, planos e outros, mediante contratação. Esses serviços não seguem os
princípios e diretrizes do SUS, mas são regulados por órgãos públicos, como o
Ministério da Saúde e a ANS. O quadro abaixo, retirado do site do Instituto de
Estudos de Saúde Suplementar (IESS), apresenta algumas características básicas do
SUS e da Saúde Suplementar. Veja:

Quadro 1 - Características do SUS X Saúde Suplementar


Fonte: Disponível em: < http://goo.gl/vivzqu >. Acesso em:
30 maio 2016.

Na sequência, estudaremos a gestão e a legislação do sistema suplementar de saúde.


Para isso, serão apresentadas as leis que dão as bases para seu funcionamento, o
processo de fiscalização e de gestão.
Vamos lá!

3 GESTÃO E LEGISLAÇÃO DO SISTEMA SUPLEMENTAR DE SAÚDE

Para fins didáticos, podemos dividir a gestão do sistema suplementar de saúde no


Brasil em três momentos: antes da construção do SUS, após a aprovação da
Constituição Federal de 1988 e da Lei n. 8.080 de 1990, e depois das Leis n. 9.656 de
1998 e n. 9.961 de 2000, que criam a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Até o advento da nova Constituição Federal de 1988 não existia um sistema de saúde
que garantisse saúde pública e gratuita a todos os cidadãos. O que estava disponível
era um sistema que permitia atendimentos pontuais a pessoas que possuíam
carteira assinada, ou seja, trabalhadores regulados. Profissionais autônomos,
informais e desempregados não possuíam assistência gratuita à saúde, sendo
preciso que pagassem pelos serviços de forma individual. Com a construção do SUS,
são criadas as bases legislativas para regular também o sistema privado da saúde.
Vamos recapitular aqui a redação do Artigo 199 da Constituição Federal de 1988, que
trata da saúde privada:
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.

§ 1º. As instituições privadas poderão participar de forma complementar do


sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito
público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins
lucrativos (BRASIL, 1988).

E na Lei n. 8.080, de 1990, temos, no Título III - Dos serviços privados de assistência à
saúde, os principais artigos:
Art. 20. Os serviços privados de assistência à saúde caracterizam-se pela
atuação, por iniciativa própria, de profissionais liberais, legalmente habilitados,
e de pessoas jurídicas de direito privado na promoção, proteção e recuperação
da saúde.
Art. 21. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.

Art. 22. Na prestação de serviços privados de assistência à saúde, serão


observados os princípios éticos e as normas expedidas pelo órgão de direção
do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto às condições para seu
funcionamento.

[...]

Art. 24. Quando as suas disponibilidades forem insuficientes para garantir a


cobertura assistencial à população de uma determinada área, o Sistema Único
de Saúde (SUS) poderá recorrer aos serviços ofertados pela iniciativa privada
(BRASIL, 1990).

Entende-se, a partir dessas leis, que apesar de ser construído um Sistema Único de
Saúde, que se propõe a garantir serviços gratuitos a toda população, a assistência à
saúde também é liberada para a iniciativa privada. Inclusive, esta última poderá ser
contratada pelo próprio SUS quando os equipamentos deste forem insuficientes.
Porém, havia também a necessidade de regular a oferta desses serviços para a
população. Partindo do entendimento de que o bem saúde não é meramente um
produto, mas sim um bem e um serviço que deve ser oferecido com ética e
qualidade, havia a necessidade de mais legislações que estabelecessem critérios
mínimos de funcionamento e agências fiscalizadoras que garantissem seu
cumprimento.
Regulação ocorre quando o governo controla ou deliberadamente influencia
determinada atividade, pela manipulação de variáveis como preço, quantidade
e qualidade. Dessa forma, é necessário ter em mente o significado da
regulação; é preciso sempre manter foco no objetivo, que é assegurar o
desempenho do sistema de saúde, ou seja, prestar uma assistência eficiente e
equitativa e atender às necessidades de saúde da população (PIETROBON;
PRADO; CAETANO, 2008, p. 770).

Após a promulgação da Lei n. 8.080/1990, iniciou-se, então, um debate nacional


sobre qual a melhor forma de se fazer essa regulação. Durante a década de 90, o país
teve um grande crescimento de diferentes planos de saúde, de forma desregulada,
sem apresentar critérios mínimos de funcionamento, gerando descontentamento
nos consumidores e nos profissionais.
Dois fatores conjugados desencadearam o processo de regulamentação,
sendo por um lado o aumento da concorrência com a entrada no mercado de
duas grandes s guradoras para disputar os clientes, exigindo regras de
competição mais claras que permitissem a entrada de empresas de capital
estrangeiro; por outro lado a convergência de demandas de consumidores,
entidades médicas e secretarias de saúde, para a garantia de superação de
restrições assistenciais existentes em contratos, como era o caso da negativa
de atendimento a pacientes portadores de HIV, idosos e pacientes que
requeriam hospitalização mais prolongada (CONASS, 2011, p. 19).

Existia um consenso acerca da necessidade de intervenção estatal sobre os planos e


convênios, porém se divergia sobre a forma como essa intervenção deveria ser feita,
seus limites e objetivos (TEIXEIRA; BAHIA; VIANNA, 2002). De um lado, existia uma
posição, que pode ser representada pelo Ministério da Fazenda, a qual defendia uma
regulação que levasse em conta os aspectos financeiros, considerando os planos de
saúde como um produto concorrente no mercado. Do outro lado, existia o
posicionamento de que o regulamento de serviços de saúde deveria ser diferente de
regulamentações de outros tipos de produtos, posição representada pelo Ministério
da Saúde.
Após amplas discussões e embates, foram promulgadas duas importantes leis: a Lei
n. 9.656, em 1998, e a Lei n. 9.961, de 2000, além de outras medidas provisórias
acrescentadas posteriormente, que estabelecem critérios mínimos para o
funcionamento e gestão da saúde suplementar no Brasil e criam a Agência Nacional
de Saúde Suplementar. Agora, vamos analisá-las mais a fundo!
A Lei n. 9.656 de 1998 trará importantes definições sobre as operadoras de planos
privados da saúde. Veja:
Art. 1o. Submetem-se às disposições desta Lei as pessoas jurídicas de direito
privado que operam planos de assistência à saúde, sem prejuízo do
cumprimento da legislação específica que rege a sua atividade, adotando-se,
para fins de aplicação das normas aqui estabelecidas, as seguintes definições:

Plano Privado de Assistência à Saúde: prestação continuada de serviços ou


I -

cobertura de custos assistenciais a preço pré ou pós estabelecido, por prazo


indeterminado, com a finalidade de garantir, sem limite financeiro, a assistência
à saúde, pela faculdade de acesso e atendimento por profissionais ou serviços
de saúde, livremente escolhidos, integrantes ou não de rede credenciada,
contratada ou referenciada, visando a assistência médica, hospitalar e
odontológica, a ser paga integral ou parcialmente às expensas da operadora
contratada, mediante reembolso ou pagamento direto ao prestador, por conta e
ordem do consumidor;

II -Operadora de Plano de Assistência à Saúde: pessoa jurídica constituída


sob a modalidade de sociedade civil ou comercial, cooperativa, ou entidade de
autogestão, que opere produto, serviço ou contrato de que trata o inciso I deste
artigo;

III Carteira: o conjunto de contratos de cobertura de custos assistenciais ou de


-

serviços de assistência à saúde em qualquer das modalidades de que tratam o


inciso I e o § 1o deste artigo, com todos os direitos e obrigações nele contidos.
(BRASIL, 1998).

A partir do Artigo 10 da Lei n. 9.656 de 1998, é definido o Plano-Referência de


Assistência à Saúde estabelecendo o plano contratual mínimo a ser oferecido pelos
,

planos de saúde:
Art. 10. É instituído o plano-referência de assistência à saúde, com cobertura
assistencial médico-ambulatorial e hospitalar, compreendendo partos e
tratamentos, realizados exclusivamente no Brasil, com padrão de enfermaria,
centro de terapia intensiva, ou similar, quando necessária a internação
hospitalar, das doenças listadas na Classificação Estatística Internacional de
Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, da Organização Mundial de
Saúde [...] (BRASIL, 1998).

Fica instituído que todo plano e serviço de saúde suplementar deve fornecer o Plano-
Referência, como requisito mínimo. Na continuação do Artigo 10 da Lei n. 9.656 de
1998 são descritos os casos de exceção, como tratamentos experimentais,
procedimentos para fins estéticos, inseminação artificial, tratamentos de
rejuvenescimento ou de emagrecimento com finalidade estética e outros. Já no Artigo
12 da mesma lei são dispostas as exigências mínimas, ou seja, os serviços que devem
obrigatoriamente ser oferecidos. Entre eles se incluem:
Atendimento ambulatorial (consultas médicas e serviços de apoio diagnóstico);
Internação hospitalar (vedada a determinação de prazos, valor máximo de gastos e
quantidade);
Em caso de atendimento obstetrício, cobertura assistencial ao recém-nascido;
Reembolso caso não seja possível que o consumidor use os serviços do plano
contratado;
Fixação dos períodos de carência (trezentos dias para partos a termo, cento e
oitenta para demais casos e vinte e quatro horas para casos de urgência e
emergência).
O Artigo 13 da Lei n. 9.656 de 1998 trata da renovação do contrato, que se dá de
forma automática após um ano, sem a cobrança de taxas e recontagem das
carências. O Artigo 14 da mesma lei estabelece que ninguém pode ser impedido de
contratar um plano, em razão da idade ou de deficiência. Isso significa que nenhum
plano ou convênio pode recusar um usuário idoso ou recém-nascido ou alguém que
apresente qualquer tipo de deficiência.
Por fim, no Artigo 35-A da Lei n. 9.656 de 1998 fica estabelecida a criação do Conselho
de Saúde Suplementar (CONSU), com competência para estabelecer e supervisionar a
execução das políticas e diretrizes gerais de saúde suplementar; supervisionar e
acompanhar as ações e o funcionamento da ANS; fixar diretrizes gerais sobre
aspectos econômico-financeiros para implementação no setor e deliberar sobre a
criação de câmaras técnicas, de forma a subsidiar as decisões.
Como você pode perceber, a Lei n. 9.656 de 1998 trouxe grandes avanços para a
regulação da saúde suplementar, definindo quais são as instituições que podem
oferecer seguros e planos, diferenciando as modalidades de operadoras, assunto do
próximo capítulo desta disciplina, assegurando maiores direitos e garantias aos
usuários dos serviços de saúde. Por exemplo, antes do advento da lei, algumas
operadoras estabeleciam previamente dias máximos de internações na UTI e não
atendiam alguns transtornos psiquiátricos. Após o advento dessa lei, a cobertura
para casos de AIDS e câncer é obrigatória, mesmo quando o usuário já é portador da
doença, devendo ser notificado no momento do contrato.
Passemos, então, para a Lei n. 9.961 de 2000, marco legal da criação da Agência
Nacional de Saúde Suplementar (ANS):
Art. 1º. É criada a Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS, autarquia
sob o regime especial, vinculada ao Ministério da Saúde, com sede e foro na
cidade do Rio de Janeiro - RJ, prazo de duração indeterminado e atuação em
todo o território nacional, como órgão de regulação, normatização, controle e
fiscalização das atividades que garantam a assistência suplementar à saúde.

Parágrafo único. A natureza de autarquia especial conferida à ANS é


caracterizada por autonomia administrativa, financeira, patrimonial e de gestão
de recursos humanos, autonomia nas suas decisões técnicas e mandato fixo
de seus dirigentes (BRASIL, 2000).

Conceituando

O que é uma autarquia sob regime especial? Autarquia


de regime especial é toda aquela em que a lei instituidora
conferir privilégios específicos e aumentar sua autonomia
comparativamente com as autarquias comuns, sem infringir os
preceitos constitucionais pertinentes a essas entidades de
personalidade pública. O que posiciona a autarquia de regime
especial são as regalias que a lei criadora lhe confere para o
pleno desempenho de suas finalidades específicas. Sob a
forma de autarquias de regime especial, o Estado criou as
agências reguladoras, no sentido de tentar fiscalizar as
atividades das iniciativas privadas.
Fonte: Disponível em: < http://goo.gl/ >. Acesso em: 30 maio 2016.

A ANS tem como finalidade institucional promover a defesa do interesse público na


assistência suplementar à saúde, regulando as operadoras setoriais e, para isso, tem
uma ampla gama de competências, dentre as quais se incluem (BRASIL, 2000):
Propor políticas e diretrizes gerais ao Consu para a regulação do setor de
saúde suplementar;

Elaborar o rol de procedimentos e eventos em saúde, que constituirão


referência básica para os fins do disposto na Lei n. 9.565 de 1998, e suas
excepcionalidades;

Estabelecer normas para ressarcimento ao Sistema Único de Saúde - SUS;

Estabelecer normas relativas à adoção e utilização, pelas operadoras de


planos de assistência à saúde, de mecanismos de regulação do uso dos
serviços de saúde;
Monitorar a evolução dos preços de planos de assistência à saúde, seus
prestadores de serviços, e respectivos componentes e insumos;

Adotar as medidas necessárias para estimular a competição no setor de


planos privados de assistência à saúde;

Zelar pela qualidade dos serviços de assistência à saúde no âmbito da


assistência à saúde suplementar.

A estrutura organizacional da ANS será definida no Capítulo II da referida lei,


estabelecendo que ela será dirigida por uma Diretoria Colegiada – composta por
cinco diretores e um Diretor-Presidente, indicados pelo Presidente da República,
após consulta ao Senado Federal – um Procurador, um Corregedor e um Ouvidor.
Além disso, conta-se, também, com a criação da Câmara de Saúde Suplementar, com
participação de diversos atores envolvidos nas questões regulatórias, de caráter
permanente e consultivo – a composição dessa câmara é definida pelo Artigo 13 da
mesma lei.
Para se ter uma dimensão da importância do papel da ANS, destacamos o trabalho
da ouvidoria, cujo objetivo é tirar dúvidas dos consumidores quanto aos planos,
recolher reclamações e encaminhá-las, sendo um canal aberto de comunicação entre
os usuários de serviços de saúde suplementar e os prestadores.
Abaixo é reproduzido o gráfico apresentado no Relatório de Atividades da Ouvidoria
da ANS de 2015 em relação às demandas recebidas. Veja:

Figura 4 - Demandas pertinentes à ANS e próprias de ouvidoria segundo


tipo de manifestação

Fonte: Disponível em:


<http://goo.gl/BSX7Sc>.
Acesso em: 30 maio 2016.

Conecte-se

Para consultar na íntegra o Relatório de Atividades da


Ouvidoria da ANS de 2015 e também dos anos anteriores,
acesse o seguinte endereço eletrônico: < http://goo.gl/ >.

Disponível aqui

A implantação da ANS é um importante marco na história da saúde no Brasil, pois


garante que o sistema suplementar seja devidamente acompanhado e fiscalizado,
garantindo maiores direitos e segurança aos consumidores e aos prestadores:
A ANS regula relações privadas, tendo como base a relevância pública de seu objeto: a saúde. O
entendimento, relativamente recente, de que o segmento das operadoras de planos e seguros
privados de assistência à saúde, seus beneficiários, prestadores, fornecedores etc. têm impacto
na saúde em geral e confere à regulação setorial um importante balizador. Não se trata apenas
de contar com empresas viáveis economicamente, ou de reduzir as assimetrias de informação,
trata-se, na verdade, de incluir essa parcela das ações em saúde no sistema de saúde nacional
(CONASS, 2011, p. 28).

Alguns dos principais ganhos para o sistema de saúde suplementar, após o início de
funcionamento da ANS, foram: maior conhecimento sobre o setor de saúde
suplementar, funcionamento e acompanhamento do mercado; fiscalização que
assegura melhor qualidade dos serviços e garantia aos direitos dos consumidores e,
por fim, aumento da visibilidade dos problemas e desequilíbrios, tanto no setor
suplementar quanto no SUS, incentivando melhorias (PIETROBON; PRADO; CAETANO,
2008).
Nesta seção, estudamos a legislação e a gestão da saúde suplementar no Brasil. Após
a aprovação da Lei n. 8.080 em 1990, foram necessários mais dez anos até a
construção de uma legislação que regulamentasse o funcionamento das operadoras
de saúde. Esse arcabouço legal é composto principalmente pela Lei n. 9.656 de 1998,
que define quais sãos as modalidades possíveis de operadoras, quais são os serviços
mínimos que devem ser oferecidos, elimina alguns critérios de exclusão que eram
utilizados para selecionar usuários e outros, bem como pela Lei n. 9.961 de 2000, que
determina a criação da ANS, agência de autarquia especial, fiscalizadora dos serviços
de saúde suplementar, promovendo a defesa do interesse público e do consumidor.
O processo de regulação ainda é incipiente e torna-se necessário o enfrentamento de temas mais
complexos e estruturantes como o desafio de entender a natureza dessa regulação, seus
avanços e limites, a dimensão da organização do subsetor, o financiamento da oferta de serviços,
as modalidades assistenciais, suas redes e a complexidade dessas relações (MALTA et al., 2004,
p. 435).

ÉTICA E BIOÉTICA

Neste item, trataremos da ética e da bioética aplicadas aos sistemas de saúde no


país, tanto no SUS quanto nos serviços privados. O debate se faz necessário para que
possamos apresentar alguns dos pontos mais importantes conduzidos por teóricos e
estudiosos da área. Como pode ser percebido, pelo material já estudado, a regulação
da saúde no Brasil se dá de forma diferenciada a de outros serviços. A saúde,
entendida pela Constituição Federal de 1988 como um direito, deve ser estendida a
todas as pessoas, de forma integral, gratuita e equitativamente (você lembra dos
princípios do SUS?). É também dever do Estado prover os recursos mínimos para que
os procedimentos e serviços gratuitos sejam fornecidos, além de regular e fiscalizar
os serviços privados.
Vamos explorar, então, o que significa ética e bioética e quais as implicações para o
campo da saúde!
Ética é uma palavra de origem grega que significa caráter, sendo traduzida para o
latim como costume e utilizada como uma ‘ciência da moral’ ou ‘ciência do costume’,
um “[...] conjunto de princípios morais que regem os direitos e deveres de cada um
de nós e que são estabelecidos e aceitos numa época por determinada comunidade
humana” (KOERICH; MACHADO; COSTA, 2005, p. 107). A ética permeia nossas
relações, nossas escolhas e nossa vida em sociedade, modificando-se de acordo com
a região e o momento histórico. Falar em ética implica também falar em
responsabilidade em relação a alguém e em direção a algo. Veja abaixo alguns
exemplos de responsabilidades éticas:
Ética da responsabilidade individual: assumida por cada um de forma a garantir
uma vida coletiva justa e ética. Por exemplo, pagar corretamente os impostos, de
forma a garantir que toda a sociedade brasileira possa usufruir dos serviços
públicos;
Ética da responsabilidade pública: referente aos deveres do Estado e órgãos
públicos. Por exemplo, garantir o repasse de verbas destinadas à saúde, à
educação, à segurança e outros;
Ética da responsabilidade planetária: compromisso com nosso ecossistema como
um todo, independente das fronteiras. Por exemplo, diminuir a emissão de
poluentes na atmosfera, reciclar o lixo, etc.
A bioética é um campo do conhecimento que surgiu nas últimas décadas, decorrente
da crescente necessidade de se aplicar os princípios éticos no campo da biologia e da
saúde em geral.
O comportamento ético em relação à saúde não se restringe ao alcance do indivíduo,
mas influencia o social como um todo, devendo ser estudado e aplicado de forma
mais responsável. Por exemplo, um foco de Doença de Chagas não afeta apenas o
sujeito infectado, mas sim toda a região em volta, envolvendo questões de vigilância
sanitária, acesso às moradias adequadas e contaminação de outras pessoas. A
discussão da bioética é muito presente também nos laboratórios e centros de
pesquisas, pois todo experimento que trata da saúde do ser humano deve antes ser
aprovado em diversas instâncias para garantir que não estão sendo violados direitos
e princípios éticos.

Aprofundando a discussão da bioética, ela se sustenta em quatro grandes princípios


os quais norteiam as ações e os procedimentos na saúde, desde a pesquisa até as
práticas nos serviços. São eles:
Beneficência: princípio que visa fazer o bem ao outro, produzir o máximo de
benefícios e minimizar os danos e riscos. Por exemplo, incentivar a capacitação
dos profissionais de saúde para que os pacientes sempre possam contar com
profissionais que entendam sobre a sua condição e possam ser mais bem
atendidos;
Não-Maleficência: evitar produzir danos e procedimentos que façam mal ao
outro, ainda que não haja intenção. Por exemplo, ao definir um procedimento
médico padrão, investigar qual vai trazer menos dor, sofrimento e malefícios em
geral ao paciente;
Autonomia: relacionada ao direito de decidir sobre si mesmo, tendo acesso a
todas as informações necessárias ao processo decisório e levando em conta suas
crenças e valores. Vale ressaltar que o princípio da autonomia esbarra diretamente
com o bem coletivo, ou seja, uma decisão individual não pode provocar mal a um
próximo ou ao coletivo. Pensando na aplicação das práticas de saúde, um paciente
pode optar por práticas alternativas de medicina, como, por exemplo, a
acupuntura, quando não interferir no tratamento formal.
Justiça: relaciona-se à distribuição adequada e justa de deveres e benefícios
sociais. Por exemplo, a defesa de uma saúde pública, gratuita e de qualidade para
todos.
Os conceitos de ética e bioética, portanto, não se limitam à discussão na saúde, mas
são princípios e formulações que transpassam nosso cotidiano, nossas práticas,
nosso conhecimento, em busca de uma vida social mais justa e com qualidade para
todos.
As discussões e reflexões da Bioética não se limitam aos grandes dilemas
éticos atuais como o projeto genoma humano, o aborto, a eutanásia ou os
transgênicos, incluem também os campos da experimentação com animais e
com seres humanos, os direitos e deveres dos profissionais da saúde e dos
clientes, as práticas psiquiátricas, pediátricas e com indivíduos inconscientes e,
inclusive, as intervenções humanas sobre o ambiente que influem no equilíbrio
das espécies vivas, além de outros. A Bioética não está restrita às Ciências da
Saúde. Ela desde que surgiu abrange todas as áreas do conhecimento. A sua
atuação tem a ver com a vida. Tem enfoque interdisciplinar ou, talvez até,
transdisciplinar (KOERICH; MACHADO; COSTA, 2005, p. 108).

Como você deve recordar, a construção do SUS foi resultado de um movimento de


reforma sanitária composto por pesquisadores, trabalhadores e usuários,
reivindicando uma saúde pública e gratuita para todos os cidadãos brasileiros. A
saúde era entendida como direito humano fundamental e se relacionava
diretamente com o desenvolvimento social e econômico de um país. O Brasil
reproduz esse princípio ao incluir na sua Constituição Federal de 1988 que a saúde é
um direito e dever do Estado.
Outra grande influência na proposta de construção do SUS foi a Conferência
Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, realizada em 1978, em Alma-Ata,
elaborando a famosa Declaração de Alma-Ata, que deliberou como princípios:
I) A Conferência enfatiza que a saúde - estado de completo bem-estar físico,
mental e social, e não simplesmente a ausência de doença ou enfermidade - é
um direito humano fundamental, e que a consecução do mais alto nível
possível de saúde é a mais importante meta social mundial, cuja realização
requer a ação de muitos outros setores sociais e econômicos, além do setor
saúde.

II) A chocante desigualdade existente no estado de saúde dos povos,


particularmente entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento, assim
como dentro dos países, é política, social e economicamente inaceitável e
constitui, por isso, objeto da preocupação comum de todos os países.

III) O desenvolvimento econômico e social baseado numa ordem econômica


internacional é de importância fundamental [...] para a redução da lacuna
existente entre o estado de saúde dos países em desenvolvimento e o dos
desenvolvidos. A promoção e proteção da saúde dos povos é essencial para o
contínuo desenvolvimento econômico e social e contribui para a melhor
qualidade de vida e para a paz mundial (CONFERÊNCIA INTERNACIONAL ...,
1978, p. 1).

O professor Volnei Garrafa (2005) propõe a construção de uma bioética interventiva,


estudo e práticas voltados especificamente para países com crescente desigualdade
social verificada – como é o caso do Brasil. Essa bioética defende como princípios a
priorização de políticas e tomadas de decisão que privilegiem o maior número de
pessoas e que tragam as melhores consequências, bem como a busca de soluções
viáveis e práticas resolutivas para conflitos identificados no mesmo contexto onde
ocorrera (GARRAFA, 2005).
Você consegue identificar qual o princípio do SUS que está implícito nesses aspectos?
Você certamente se recorda do princípio da equidade que discorre sobre ‘tratar de
,

forma diferente os ‘desiguais’, de reconhecer as desigualdades e priorizar aquelas


que seriam mais urgentes:
A equidade é, então, a base ética que deve guiar o processo decisório da
alocação de recursos. É somente através deste princípio, associado aos
princípios da responsabilidade (individual e pública) e da justiça, que
conseguiremos fazer valer o valor do direito à saúde. A equidade, ou seja, o
reconhecimento de necessidades diferentes, de sujeitos também diferentes,
para atingir direitos iguais, é o caminho da ética prática em face da realização
dos direitos humanos universais, entre eles o do direito à vida representado,
neste debate, pela possibilidade de acesso à saúde. A equidade é o princípio
que permite resolver parte razoável das distorções na distribuição da saúde, ao
aumentar as possibilidades de vida de importantes parcelas da população
(GARRAFA; OSELKA; DINIZ, 1997, p. 4).

A equidade é, então, o princípio ético que deve nortear nossas ações em saúde.
Porém e a saúde suplementar? Quando discutimos ética e bioética não estamos
apenas nos referindo às responsabilidades do Estado e do Poder Público, mas de
todas as instituições, grupos e pessoas que compõem uma sociedade, incluindo-se,
aí, as empresas privadas de saúde. A regulação da saúde suplementar, com as Leis n.
9.656, de 1988, e n. 9.961, de 2000, vêm no sentido de fazer cumprir alguns desses
princípios, com normas como a não-exclusão de certos segmentos nos planos de
saúde – como os deficientes – não estabelecer máximo de dias de internação ou de
consultas, regulação das taxas e aumentos e outros.
Uma forma de a saúde suplementar participar dessa luta pela equidade – e
consequentemente futura igualdade – é de expandir a cobertura de assistência à
população, fornecendo mais leitos, mais medicamentos e até mais conforto para a
parcela da população que pode escolher entre o público e o privado. É importante
pensarmos, também, na possibilidade de a saúde suplementar se expandir para
regiões que não recebem uma quantidade suficiente de serviços de saúde,
demandando maior atenção:
essas questões encerram uma série de interesses, conflitos e divergências,
[...]
que devem ser explicitados e debatidos, bem como as proposições e os
acordos possíveis, pois são inerentes à própria vida humana. Não é aceitável,
portanto, expor parte da sociedade a maiores gastos, sofrimento e dor, em
função da falta de acesso aos serviços, porquanto existam duas formas de
assistência à saúde no país, que não alcançam as necessidades concretas da
população globalmente considerada (CARVALHO; FORTES; GARRAFA, 2013,
p. 604).

Por fim, o estudo da ética e da bioética, e, particularmente, no caso brasileiro, da


bioética da intervenção, são importantes instrumentos para pensarmos nossa
atuação em saúde, tanto a pública quanto a privada. No campo legislativo,
atualizarmos e revisarmos as leis, procurando maior garantia legal para melhorias e
mudanças. No campo de gestão, priorizar políticas e práticas que busquem a
equidade, diminuindo as desigualdades sociais e promovendo a saúde. No nível mais
local, estimular a capacitação dos profissionais de saúde para que estejam cada vez
mais habilitados a resolver de forma eficiente os problemas de saúde, minimizando,
assim, os danos e otimizando os benefícios. Cobrar, também, das prestadoras e
convênios privados o cumprimento das leis, denunciar práticas abusivas e defender o
seu direito de consumidor. São inúmeras práticas que podem ser aplicadas e cabe a
nós, profissionais, pesquisadores e usuários de saúde, garantir que elas sejam
cumpridas.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Caro(a) pós-graduando(a), como foi a leitura desse capítulo? Esperamos ter


contribuído com seu estudo, apresentando as bases legislativa da saúde
suplementar, as especificidades de cada lei, os avanços e quais os pontos que ainda
precisam de atenção.
Também foi apresentada a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), seu papel
regulatório, de fiscalização e o processo que gerou sua implantação. Em seguida,
partimos para a ética e bioética, temática obrigatória nos estudos sobre a saúde.
Foram abordados os quatro princípios clássicos da bioética e, também, o campo da
bioética interventiva, que trata de forma mais específica a realidade brasileira.
Esperamos ter contribuído para a construção do seu conhecimento. Caso existam
dúvidas, abaixo é disponibilizada a lista de referências utilizada, além de outros sites
que foram apontados no decorrer do texto. No próximo capítulo, trataremos da
saúde privada, estudando de forma mais detalhada as operadoras e planos de saúde,
bem como as tendências desse mercado. Até lá!

Avançar

UNICESUMAR | UNIVERSO EAD


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UNIDADE 3
olá, aluno! Vamos dar continuidade ao conteúdo da disciplina, ao estudar o terceiro e
último capítulo do nosso livro.

Neste capítulo estudaremos sobre os Desafios do SUS. O Sistema Único de Saúde


(SUS), estabelecido em nossa Constituição Federal de 1988, não é apenas um serviço
de saúde, mas um sistema importantíssimo e estratégico para a integração nacional de
todo o povo brasileiro, bem como dos cidadãos estrangeiros que escolheram aqui residir.
Por essa razão, é indispensável a difusão do seu funcionamento para todos os cidadãos,
sejam eles pessoas idosas, jovens ou adultas de todas as faixas renda. E, na medida do
possível, também as nossas crianças que já se encontram na fase escolar.

O SUS é um sistema de saúde universal, portanto, todos têm direito a suas ações e
serviços, sem exceções. Sabendo de sua importância, compreendendo o direito a que
fazem jus, certamente os cidadãos passarão a defender o SUS frente às autoridades
constituídas e exigirão eficiência e bom acolhimento por parte de seus funcionários
públicos, controle efetivo dos estoques de medicamentos a serem distribuídos,
manutenção sistemática das máquinas necessárias para os mais diversos exames etc.

Por essa razão, é necessário que todos nós saibamos sobre o seu funcionamento,
porque somente se tivermos consciência de sua importância e se bem compreendermos
o direito a que fazemos jus, poderemos defendê-lo e, principalmente, exigir a adoção de
medidas que garantam o seu bom funcionamento.

Não esqueça de participar de nosso fórum! Deixe sua opinião, argumentando e


interagindo com os demais colegas do seu curso!

Para ampliar seus conhecimentos, sugerimos esta leitura: Sistema Único de Saúde: 30
anos de avanços e desafios , das autoras Luciana Dias de Lima, Marilia Sá Carvalho,
Cláudia Medina Coeli.

Sugerimos também a leitura do artigo: Percepção de gestores, prestadores e auditores


sobre a contratualização no Sistema Único de Saúde , dos autores Vanessa Moraes
Liberatti, et al.

Vamos ao livro da
disciplina - Capítilo 0 3 -
Saúde Privada: Serviços

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes
objetivos de aprendizagem:
Descrever a organização dos serviços privados em saúde.
Apresentar as principais tendências do mercado e diferentes modalidades de
serviço.
Identificar a estrutura e o funcionamento das operadoras dos planos de saúde.
Classificar e identificar os diferentes serviços da saúde privada.
Esquematizar as modalidades atuais e examinar as principais tendências do
mercado privado
1 CONTEXTUALIZAÇÃO

Olá, pós-graduando(a)!
Enfim, encaminhamo-nos para o último capítulo deste caderno de estudos, que trata
da Gestão da Saúde Pública e Privada no Brasil. Vamos revisar o que já foi visto até
agora?
O primeiro capítulo focou no estudo da saúde pública. Foi feita uma breve revisão
sobre o histórico da saúde no Brasil, passando pelos diferentes períodos da história e
os modelos assistenciais existentes, como a Previdência Social e o INAMPS.
Reforçamos a importância do Movimento da Reforma Sanitária, responsável por
pressionar o Poder Público para a criação de um Sistema Único de Saúde, o SUS.
Depois, aprofundamo-nos na legislação criada para sustentar esse novo sistema, a
Constituição Federal de 1988 - também conhecida como Constituição Cidadã - que
trouxe a base da seguridade social ao Brasil, incluindo os direitos referentes à saúde,
à previdência e à assistência social. Dois anos depois, foi sancionada a Lei n. 8.080 de
1990 – também conhecida como Lei Orgânica do SUS – e a Lei n. 8.142 de 1990, que
trata das transferências intergovernamentais e da participação social.
Ainda no primeiro capítulo, passamos pelos princípios e diretrizes do SUS, eixos que
norteiam a organização do sistema. Ambos são baseados na legislação, porém
divergem quanto à função: os princípios se referem aos objetivos, às metas que
devem ser alcançadas; enquanto as diretrizes dizem respeito às estratégias que serão
utilizadas para alcançar esses fins.
Depois, abordamos a organização e gestão do SUS, as responsabilidades de cada
esfera (Federal, Estadual e Municipal) e a hierarquização dos serviços de acordo com
sua complexidade - Atenção Primária ou Básica, Secundária e Terciária. E, por fim,
falamos da participação social, dos Conselhos e Conferências de Saúde e da Política
de Humanização, que remodela os serviços, atendimentos e filosofia do SUS, sendo
compreendida como uma ‘ética de trabalho’.
Jáno capítulo 2, nosso tema foi a Saúde Privada e sua organização. Destacamos o
papel da Saúde Suplementar no Brasil, que coexiste com o SUS, ofertando maior
gama de serviços e equipamentos. Iniciamos o capítulo com a legislação que dá
suporte para o funcionamento da Saúde Privada, regulamentando as ofertas e
delimitando sua área de atuação. Dentre as leis, destacam-se a Lei n. 9.656 de 1988,
que define o que são as operadoras de plano de saúde e o plano-referência,
indicador do contrato mínimo estabelecido entre operadora e usuário. Outra lei
importante é a Lei n. 9.961 de 2000, marco legal de criação da Agência Nacional de
Saúde Suplementar, a ANS. Por último, tratamos da ética e bioética aplicadas aos
sistemas de saúde no país, tanto o público quanto o privado.
Neste último capítulo, abordaremos a organização da Saúde Privada e suas
particularidades. No primeiro tópico, sobre as Operadoras de Plano de Saúde, serão
apresentadas as chamadas Operadoras de Saúde, suas distintas modalidades e as
especificidades de cada uma. Também abordaremos os Planos e Prestadores de
Saúde, atentando para a relação que se estabelece entre essas entidades. No tópico
seguinte, falaremos sobre a Política e Organização dos Serviços de Saúde,
aprofundando mais o conteúdo sobre o papel regulatório da ANS e os mecanismos
utilizados para exercer tal fiscalização. Por fim, serão abordadas as Tendências e
Financiamentos do Mercado de Saúde Suplementar, traçando um histórico das
empresas de saúde até o momento atual e quais são os desafios encontrados.
Vamos lá!

2 OPERADORAS DE PLANO DE SAÚDE: ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO

Iniciaremos este tópico falando sobre o que são as Operadoras de Plano de Saúde,
como se organizam e funcionam. Para isso, abordaremos três conteúdos: as
Operadoras de Saúde, os Planos de Saúde e os Prestadores. Ao final do tópico, você
será capaz de compreender a associação entre as três entidades.
Como já vimos anteriormente, uma grande parcela da população opta por contratar
serviços de saúde de forma particular, ainda que utilizando o SUS. As Operadoras são
as organizações que viabilizam o contato dos usuários de saúde com os prestadores
de serviço. Esse encontro tem como objetivo tanto organizar os serviços, agrupando
os prestadores, quanto diminuir os custos individuais para os usuários.
Vale destacar a diferença entre Operadora e Plano de Saúde. A Operadora é a
entidade jurídica, a empresa, que pode operar diferentes tipos de planos. O Plano é
um serviço, que será escolhido e acordado no momento do contrato. Vejamos a
definição na Lei n. 9.656 de 1998, que dispõe sobre os planos e seguros privados de
assistência à saúde:
Art. 1º. Submetem-se às disposições desta Lei as pessoas jurídicas de direito
privado que operam planos de assistência à saúde, sem prejuízo do
cumprimento da legislação específica que rege a sua atividade, adotando-se,
para fins de aplicação das normas aqui estabelecidas, as seguintes definições:

I -Plano Privado de Assistência à Saúde: prestação continuada de serviços ou


cobertura de custos assistenciais a preço pré ou pós estabelecido, por prazo
indeterminado, com a finalidade de garantir, sem limite financeiro, a assistência
à saúde, pela faculdade de acesso e atendimento por profissionais ou serviços
de saúde, livremente escolhidos, integrantes ou não de rede credenciada,
contratada ou referenciada, visando a assistência médica, hospitalar e
odontológica, a ser paga integral ou parcialmente às expensas da operadora
contratada, mediante reembolso ou pagamento direto ao prestador, por conta e
ordem do consumidor;

II -Operadora de Plano de Assistência à Saúde: pessoa jurídica constituída


sob a modalidade de sociedade civil ou comercial, cooperativa, ou entidade de
autogestão, que opere produto, serviço ou contrato de que trata o inciso I deste
artigo (BRASIL, 1998).
As Operadoras são classificadas pela ANS de acordo com sua forma de organização,
apresentando características próprias quanto à sua atuação no mercado. De acordo
com a Resolução RDC n. 39 de 2000 (BRASIL, 2000), as Operadoras podem ser
classificadas em oito modalidades. Veja:
a) Administradora: segundo a RN n. 196 de 2009, a administradora de benefícios é a
pessoa jurídica que realiza a contratação de planos privados de assistência à saúde
coletivos (BRASIL, 2009). Segundo a Associação Nacional de Administradoras de
Benefícios (ANAB):
A Administradora de Benefícios é uma pessoa jurídica, devidamente regulada
pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que atua como
estipulante ou prestadora de serviço de empresas, órgãos públicos ou
entidades representativas que desejam contratar um plano de saúde coletivo,
auxiliando-os a proporcionar acesso à saúde a população a eles vinculada. Por
serem especializadas em planos de saúde coletivos, as Administradoras de
Benefícios ampliam ainda mais o poder de negociação desses contratantes, na
medida em que eles passam a ter maior compreensão sobre os direitos
garantidos pela legislação que rege o setor, além de poderem contar com o
suporte logístico e a infra-estruturar de serviços que elas oferecem. (ANAB,
2016).

Atualmente, existem aproximadamente 110


administradoras de benefícios registradas na ANS.

b) Cooperativa Médica: são sociedades de pessoas sem fins lucrativos, que operam
planos privados de saúde. Nessa modalidade, os profissionais médicos são, ao
mesmo tempo, sócios e prestadores de serviço e recebem proporcionalmente à sua
produção. Um exemplo dessa modalidade é o sistema UNIMED, que hoje reúne cerca
de 350 cooperativas.
c)Cooperativa Odontológica: segue a mesma lógica que a Cooperativa Médica,
oferecendo, exclusivamente, planos odontológicos. Um exemplo é a Uniodonto.
d) Autogestão: destinada a atender apenas uma determinada classe de usuários,
como, por exemplo, empregadores de uma empresa e seus beneficiários. Podem ser
patrocinadas, caso possuam gestão própria, inclusive, possuindo mais de um
patrocinador. O objetivo desse modelo organizativo é fornecer um atendimento de
qualidade aos seus usuários com menor custo para o patrocinador. É uma
organização que não visa ao lucro. São exemplos o Cassi (dos funcionários do Banco
do Brasil e seus dependentes) e a Cemig Saúde (para funcionários da Cemig).
Atualmente, existem cerca de 180 Operadoras de
Autogestão no Brasil.

e) Medicina de Grupo: empresas com fins lucrativos que operam e administram


planos de assistência para empresas ou indivíduos mediante pagamentos. Essa
modalidade de Operadora se apoia, principalmente, em uma estrutura de
profissionais credenciados. São exemplos a Amil e a Golden Cross .

Conecte-se

O site da ABRAMGE (Associação Brasileira de Planos de Saúde)


mantém uma lista atualizada das Operadoras da Modalidade
Medicina de Grupo no seguinte endereço eletrônico:
< http://goo.gl/ >.

Disponível aqui

f)Odontologia de Grupo segue o mesmo funcionamento das Operadoras da


:

Modalidade Medicina de Grupo, mas operando, exclusivamente, com planos


odontológicos. São exemplos a Amil Dental e Dr. Sorriso.
g) Filantropia: são entidades sem fins lucrativos que operam Planos Privados de
Assistência à Saúde. Para isso, devem ter obtido certificado de entidade filantrópica
junto ao Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) e declaração de utilidade
pública federal junto ao Ministério da Justiça ou uma declaração de utilidade pública
estadual ou municipal. Além disso, é necessário comprovar que destinam pelo menos
60% das suas instalações aos usuários do SUS. Um exemplo são as conhecidas Santas
Casas.
h) Seguradoras: funcionam como seguradoras de outros serviços, porém específicas
para a assistência à saúde. A seguradora realiza a intermediação entre o usuário e o
prestador, mediante sistema de reembolso. A diferença em relação às outras
operadoras é que o usuário pode escolher livremente o prestador. Exemplos: Porto
Seguro, Bradesco Saúde, Sul América, Allianz Saúde.
Conecte-se

Você pode verificar a situação de uma administradora de


benefícios ou operadora de saúde diretamente no site da ANS.
A consulta é pública e realizada no seguinte endereço
eletrônico: < http://goo.gl/ >.
Disponível aqui

O gráfico abaixo foi retirado do Caderno de Informação da Saúde Suplementar,


lançado pela ANS em dezembro de 2015, mostrando a quantidade de beneficiários
em cada modalidade de Operadora de Saúde - nas categorias médicas - durante as
variações de setembro de 2010 até setembro de 2015.

Figura 5 – Beneficiários de planos de assistência médica por modalidade


da operadora (Brasil – setembro/2010 – setembro/2015)

Fonte: Disponível em:


<http://goo.gl/AVbKZt>.
Acesso em: 15 jun. 2016.

Conecte-se

Caderno de Informação da Saúde Suplementar, lançado pela


ANS em dezembro de 2015, está disponível no seguinte
endereço eletrônico: < http://goo.gl/ >.

Disponível aqui
A forma de organização e de funcionamento das Operadoras de Saúde melhorou
muito nos últimos anos, em parte devido às novas legislações que definiram as
especificidades e os campos de atuação. A fiscalização da ANS também contribuiu
para isso, garantindo o direito de acesso dos beneficiários. Nas palavras de Silva
(2003, p. 3):
As Operadoras de Planos De Saúde, é preciso considerar e registrar, a partir de uma visão
empreendedora e extremamente arrojada, ao longo do seu processo de evolução prestaram e
prestam um grande serviço à população brasileira, permitindo o seu acesso aos serviços de
saúde. Em especial porque ocuparam uma fatia enorme do espaço deixado pela ineficiência, pela
ausência efetiva de determinação política e pela incapacidade de financiamento do setor público.

Falemos, agora, um pouco sobre os Planos de Saúde. Voltemos ao Artigo 1º, Inciso I,

da Lei n. 9.656 de 1998:


I -Plano Privado de Assistência à Saúde: prestação continuada de serviços ou
cobertura de custos assistenciais a preço pré ou pós estabelecido, por prazo
indeterminado, com a finalidade de garantir, sem limite financeiro, a assistência
à saúde, pela faculdade de acesso e atendimento por profissionais ou serviços
de saúde, livremente escolhidos, integrantes ou não de rede credenciada,
contratada ou referenciada, visando a assistência médica, hospitalar e
odontológica, a ser paga integral ou parcialmente às expensas da operadora
contratada, mediante reembolso ou pagamento direto ao prestador, por conta e
ordem do consumidor (BRASIL, 1998).

O plano é estabelecido por meio de um contrato entre a Operadora e o usuário e diz


respeito aos serviços que poderão ser acessados. Os planos irão diferenciar-se de
acordo com a modalidade de contratação, a data de assinatura, a cobertura
assistencial, a abrangência geográfica e outros.
Quanto aos tipos de abrangência, a Lei n. 9.656 de 1998 estabelece dois tipos de
coberturas que o Plano pode oferecer: a cobertura integral do Plano-Referência ou a
cobertura integral por segmento – hospitalar, ambulatorial, hospitalar com
obstetrícia e odontológico. O Plano-Referência estabelece quais os serviços
obrigatoriamente devem constar nessas modalidades específicas.
Abaixo, estão sintetizadas as principais exigências contidas no Plano-Referência,
retiradas do Artigo 12, da Lei n. 9.656 de 1998. Veja:
I -Quando incluir atendimento ambulatorial : cobertura de consultas médicas
em número ilimitado, em clínicas básicas e especializadas; cobertura de
serviços de apoio diagnóstico, tratamentos e demais procedimentos
ambulatoriais solicitados pelo médico assistente; cobertura de tratamentos
antineoplásicos domiciliares de uso oral, incluindo medicamentos para o
controle de efeitos adversos relacionados ao tratamento e adjuvantes;

II -Quando incluir internação hospitalar: cobertura de internações


hospitalares, vedada a limitação de prazo, valor máximo e quantidade, em
clínicas básicas e especializadas; cobertura de internações hospitalares em
centro de terapia intensiva, ou similar, vedada a limitação de prazo, valor
máximo e quantidade, a critério do médico assistente; cobertura de exames
complementares indispensáveis para o controle da evolução da doença e
elucidação diagnóstica, fornecimento de medicamentos, anestésicos, gases
medicinais, transfusões e sessões de quimioterapia e radioterapia, conforme
prescrição do médico assistente, realizados ou ministrados durante o período
de internação hospitalar; cobertura de toda e qualquer taxa, incluindo materiais
utilizados, assim como da remoção do paciente, comprovadamente necessária,
para outro estabelecimento hospitalar, dentro dos limites de abrangência
geográfica previstos no contrato, em território brasileiro; cobertura de despesas
de acompanhante, no caso de pacientes menores de dezoito anos;

III Quando incluir atendimento obstétrico: cobertura assistencial ao recém-


-

nascido, filho natural ou adotivo do consumidor, ou de seu dependente, durante


os primeiros trinta dias após o parto; inscrição assegurada ao recém-nascido,
filho natural ou adotivo do consumidor, como dependente, isento do
cumprimento dos períodos de carência, desde que a inscrição ocorra no prazo
máximo de trinta dias do nascimento ou da adoção;

IV - Quando incluir atendimento odontológico: cobertura de consultas e


exames auxiliares ou complementares, solicitados pelo odontólogo assistente;
cobertura de procedimentos preventivos, de dentística e endodontia; cobertura
de cirurgias orais menores, assim consideradas as realizadas em ambiente
ambulatorial e sem anestesia geral;

V - Quando fixar períodos de carência : prazo máximo de trezentos dias para


partos a termo; prazo máximo de cento e oitenta dias para os demais casos;
prazo máximo de vinte e quatro horas para a cobertura dos casos de urgência
e emergência (BRASIL, 1998).

Considerando essas especificidades, os Planos de Saúde ainda podem se diferenciar


quanto à forma de contratação. Os planos contratados por pessoas físicas podem ser
individuais ou familiares, ou, ainda, operados na modalidade de Autogestão. Os
planos contratados por pessoa jurídica são também conhecidos como planos
coletivos e correspondem aos planos de empresas, oferecidos aos seus
empregadores. O individual garante a cobertura para o titular e seus dependentes,
enquanto o coletivo é assinado entre uma pessoa jurídica e a Operadora, garantindo
a assistência a seus empregados. Os contratos coletivos podem ser empresariais –
quando o empregado é automaticamente incluído – ou por adesão, quando a
assistência é opcional (ALBUQUERQUE et al., 2008).
Também existem as diferenciações quanto à área de abrangência coberta pelo plano.
Alguns garantem cobertura nacional, outros apenas na área municipal, com alguns
serviços de referência na esfera estadual. No momento da contratação, todos esses
itens devem estar especificados de forma clara e descritiva. O Artigo 16, da Lei n.
9.656 de 1998, delimita quais as informações devem obrigatoriamente conter nos
contratos:
Art. 16. Dos contratos, regulamentos ou condições gerais dos produtos de que
tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei devem constar dispositivos que
indiquem com clareza:

I - as condições de admissão;
II - o início da vigência;

III os períodos de carência para consultas, internações, procedimentos e


-

exames;

IV - as faixas etárias e os percentuais a que alude o caput do art. 15;

V - as condições de perda da qualidade de beneficiário;

VI - os eventos cobertos e excluídos;

VII - o regime, ou tipo de contratação: a) individual ou familiar; b) coletivo


empresarial; ou c) coletivo por adesão;

VIII - a franquia, os limites financeiros ou o percentual de co-participação do


consumidor ou beneficiário, contratualmente previstos nas despesas com
assistência médica, hospitalar e odontológica;

IX - os bônus, os descontos ou os agravamentos da contraprestação


pecuniária;

X - a área geográfica de abrangência;

XI - os critérios de reajuste e revisão das contraprestações pecuniárias.

XII - número de registro na ANS.

Parágrafo único. A todo consumidor titular de plano individual ou familiar será


obrigatoriamente entregue, quando de sua inscrição, cópia do contrato, do
regulamento ou das condições gerais dos produtos de que tratam o inciso I e o
§ 1o do art. 1o, além de material explicativo que descreva, em linguagem
simples e precisa, todas as suas características, direitos e obrigações (BRASIL,
1998).

Por fim, cabe abordar o papel das prestadoras de serviços. A Operadora é a entidade
responsável por disponibilizar e organizar os Planos de Saúde, que são compostos
por uma série de serviços disponíveis, e a Prestadora seria a responsável por
oferecer aos beneficiários esses serviços. Segundo o Artigo 20, da Lei n. 8.080/1990,
os serviços privados da saúde “[...] caracterizam-se pela atuação, por iniciativa
própria, de profissionais liberais, legalmente habilitados, e de pessoas jurídicas de
direito privado na promoção, proteção e recuperação da saúde” (BRASIL, 1990).
Segundo Novaes (2004, p. 147):
Os serviços de saúde são hoje estruturas organizacionais e técnicas
extremamente diversificadas, incluindo desde consultórios individuais e
unidades básicas até hospitais terciários e especializados, bem como serviços
de apoio diagnóstico e terapêutico. A condição essencial para sua identificação
é ser o espaço onde se localizam os profissionais e as tecnologias materiais
responsáveis pela realização da atenção à saúde da população.

É estabelecida a obrigatoriedade de celebração de um contrato entre a Operadora de


Saúde e os prestadores de serviço, garantindo, assim, os direitos tanto do
consumidor quanto do prestador. O contrato deve estabelecer com clareza as
condições para a sua execução, expressas em cláusulas que definam direitos,
obrigações e responsabilidades das partes, incluídas, obrigatoriamente, aquelas que
determinem:
Objeto;
Natureza do contrato, com descrição de todos os serviços contratados;
Valores dos serviços contratados;
Identificação dos atos, eventos e procedimentos assistenciais que necessitem de
autorização da operadora;
Prazos e procedimentos para faturamento dos pagamentos e pagamento dos
serviços prestados;
Critérios, forma e periodicidade dos reajustes dos preços a serem pagos pelas
operadoras, que deverá ser obrigatoriamente anual;
Penalidades pelo não cumprimento das obrigações estabelecidas;
Vigência do contrato;
Critérios para prorrogação, renovação e rescisão.
Esses serviços de saúde podem ser desde a clínica particular de um médico até um
centro de reabilitação de fisioterapeutas e uma empresa de tratamento Home Care .

Eles devem ser constantemente fiscalizados – inclusive os particulares – garantindo,


assim, um bom serviço e atendimento. A Organização Nacional de Acreditação (ONA)
é a instituição competente e autorizada a operacionalizar o desenvolvimento do
Processo de Acreditação Hospitalar. A ONA é uma organização não governamental e
sem fins lucrativos, e não substitui o papel da fiscalização oficial do Estado, porém
confere um título de certificação a determinados serviços de saúde.

Atenção

Define-se Acreditação como um sistema de avaliação e


certificação da qualidade dos serviços de saúde. Tem um
caráter eminentemente educativo, voltado para a melhoria
contínua, sem finalidade de fiscalização ou controle
oficial/governamental, não devendo ser confundida com os
procedimentos de licenciamento e ações típicas do Estado.
Ainda sobre a Acreditação Hospitalar, Silva (2003, p. 21) afirma:
Mesmo com os avanços verificados, em benefício da qualidade médico-
assistencial e hospitalar, é preciso avançar de forma mais intensa na
Acreditação Hospitalar. Este é um desafio que poderá ser rápida e eficazmente
vencido se as Operadoras de Planos de Saúde e os Prestadores de Serviços
estiverem envolvidos. Entretanto, ainda que a Acreditação Hospitalar por si só
não garanta a qualidade da assistência, criar, a partir dela, incentivos pelo
desempenho clínico e das condições de infraestrutura, é um caminho que
precisa ser perseguido. Esses incentivos poderão ser de ordem econômica, de
reconhecimento no mercado, de diferenciais comerciais e de relacionamento. É
possível encontrar formas bastante satisfatórias para fortalecer a Acreditação
Hospitalar como um instrumento de valorização da qualidade da assistência
médico-assistencial e hospitalar.

Conecte-se

Para saber mais sobre a Acreditação Hospitalar, consulte o


Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar, disponível no
seguinte endereço eletrônico: < http://goo.gl/ >.
Disponível aqui

Encerramos aqui este item, no qual fizemos um recorte sobre as Operadoras de


Saúde, suas diferentes modalidades e especificidades, a relação com os Planos de
Saúde, apontando as diferenças e obrigações que devem seguir os contratos e, por
fim, o papel das Prestadoras de Serviços.

3POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS EM SAÚDE: O PAPEL


REGULATÓRIO DA ANS

Neste item, aprofundaremo-nos no trabalho regulatório da ANS, assunto que já


abordamos no capítulo 2, quando falamos da Lei n. 9.961 de 1998, que trata da sua
criação. Agora, aproveitaremos este conhecimento acumulado em outras questões,
como, por exemplo, a mistura do sistema Público e Privado em alguns serviços, a
questão do ressarcimento e outros pontos importantes.
Como já foi colocado anteriormente, a Saúde Privada existe antes da criação do SUS e
sua regulação/fiscalização só veio a ser concretizada alguns anos adiante. A criação
da Lei n. 9.961/2000 modificou o modo como a Saúde Suplementar se organizava no
mercado, que, a partir dela, teve que se adaptar às novas exigências, como a
ampliação da cobertura assistencial, o ressarcimento ao SUS, o registro das
operadoras, o acompanhamento de preços pelo governo, a obrigatoriedade da
comprovação de solvência, reservas, técnicas e outros (MALTA, 2004).
O debate sobre o papel regulatório da ANS permanece intenso até hoje. Em um
campo com diversos atores com diferentes interesses – consumidores querendo
fazer valer seu poder de compra e seus direitos, prestadores de serviços buscando
reconhecimento e valorização do trabalho, o Estado que deve cuidar da saúde da
população em geral – os embates seguem até hoje. Dentre os motivos que justificam
essa regulação por parte da ANS em um serviço privado - as Operadoras de Saúde -
estão os seguintes:
O setor de bens e serviços de saúde são bens credenciais, ou seja, precisam passar
por uma certificação que ateste sua qualidade. Por exemplo, um remédio deve
passar por uma série de pesquisas e testes até ser aprovado para consumo. Nesse
caso, o consumidor não tem como atestar se determinado serviço ou medicação
não irá lhe fazer mal, necessitando de uma fiscalização por órgão competente;
Por se tratar de especialidades técnicas, o consumidor, muitas vezes, não tem
capacidade de atestar se determinada indicação realmente tem valor terapêutico.
Por exemplo, um profissional poderia indicar um exame apenas para arrecadar
mais dinheiro. Para isso, é importante que existam frequentes auditorias e
controle da quantidade dos serviços solicitados;
Geração de externalidades difusas, em consequência do consumo de diversos
produtos de saúde, sobre o resto da sociedade. Por exemplo, se determinada
parcela de uma comunidade receber uma vacina e a outra não, isso pode acarretar
maiores chances de um indivíduo não vacinado contrair a doença, além de
sobrecarregar o sistema público e aumentar a desigualdade social;
O fato de alguns bens e serviços de saúde em alguns países serem considerados
meritórios, ou seja, direitos plenos de cidadania. Outro exemplo seria a educação,
que também é entendida como um direito de todos (CONASS, 2011).
Considerando essas pontuações, entende-se que a regulação da Saúde Suplementar
se dá para além de uma questão apenas de preços e mercado, mas também
influencia nos serviços de saúde que são diretamente oferecidos aos consumidores:
Após a aprovação da Lei 9.656/1998, abriu-se uma disputa dentro do aparelho
do Estado, onde alguns setores defendem uma nova perspectiva no processo
regulatório do Estado, entendendo uma nova atribuição no papel regulatório, ou
seja, a regulação da produção do cuidado à saúde. Esses setores entendem
que as operadoras podem ser gestoras da saúde dos seus beneficiários, ou
não, e que essa prática precisa ser regulada pelo Estado. Essa perspectiva
abre uma nova frente de ação do Estado. No que se praticava até então no
processo regulatório, amplia-se para o entendimento que se deve intervir
também na regulação do cuidado à saúde, praticado pelas operadoras
(MALTA, 2004, p. 14).

Um exemplo da necessidade de regulação também nos modelos de saúde, nos fluxos


e nos serviços oferecidos são mecanismos microrregulatórios que as Operadoras
criam para lidar com a fiscalização e com a demanda do mercado. Esses mecanismos
podem gerar uma quantidade excessiva de encaminhamentos, ou consultas de
duração muito curta, ou seja, práticas centradas na lógica da demanda e da oferta e
que não têm uma proposta de um cuidado contínuo. Prevenção e promoção da
saúde são práticas que ainda não são prioridades, apesar de alguns esforços por
parte da ANS e de algumas operadoras. Atuando, também, nesse espaço, a ANS
garante uma maior proteção às prestadoras de serviço que não ficam reféns de uma
lógica de mercado na qual devem fornecer atendimentos que priorizem melhor
custo-benefício, mas sim uma maior qualidade e atenção.

Conecte-se

Nas práticas de promoção da saúde, a ANS criou o Projeto


Idoso Bem Cuidado, cuja adesão das operadoras é voluntária.
Para conhecer mais sobre essa iniciativa, acesse o seguinte
endereço eletrônico: < http://goo.gl/ >.
Disponível aqui

É possível que você já tenha ouvido falar do termo Ressarcimento ao SUS pois esse ,

mecanismo é previsto desde a Lei n. 9.656/1998, que, em seu Artigo 32, delimita:
Art. 32. Serão ressarcidos pelas operadoras dos produtos de que tratam o
inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei, de acordo com normas a serem definidas
pela ANS, os serviços de atendimento à saúde previstos nos respectivos
contratos, prestados a seus consumidores e respectivos dependentes, em
instituições públicas ou privadas, conveniadas ou contratadas, integrantes do
Sistema Único de Saúde - SUS (BRASIL, 1998).

O ressarcimento, então, é um pagamento que deve ser feito das Operadoras de


Saúde para o SUS cada vez que um usuário/beneficiário de algum Plano Particular de
saúde utiliza serviços do SUS. Também pode ser justificado se o procedimento não
for coberto pelo plano de saúde do paciente e, nesse caso, o pedido de
ressarcimento deve ser analisado por meio do prontuário para comprovar a não-
cobertura. Por exemplo, se determinado usuário possui um Plano Hospitalar privado
e, por algum motivo, interna-se em um hospital público, a Operadora é notificada e
deve ressarcir o SUS por esse serviço que deveria ter sido fornecido por ela. O
ressarcimento do SUS configura um instrumento regulatório, impedindo que os
equipamentos públicos sejam utilizados de forma abusiva, garantindo o acordado
nos contratos dos Planos de Saúde. Esse dinheiro arrecadado, ao final, é partilhado
entre o Fundo Nacional de Saúde (FNS) e os equipamentos públicos que prestaram
os serviços.
Abaixo é reproduzido o fluxograma do ressarcimento do SUS, disponível no Caderno
de Informação de Ressarcimento e Integração com o SUS, lançado pela ANS em 2008:

Figura 6 – Fluxo simplificado do processo de ressarcimento ao SUS

Fonte: Disponível em:


<http://goo.gl/zgxsc8>.
Acesso em: 16 jun. 201

A partir do mês de junho de 2015, passaram a ser ressarcidos também os


procedimentos de alta e média complexidade, como quimioterapia, hemodiálise,
cirurgias de catarata e outros.
Cabe apontar que a medida de Ressarcimento do SUS é uma questão polêmica, que
levanta embates entre as Operadoras e a ANS. Por um lado, as Operadoras afirmam
que esse ressarcimento seria inconstitucional, pois a saúde deve ser pública e
gratuita a todos, independentemente do usuário pagar um plano de saúde ou não.
Esse pagamento também seria responsável pelo aumento dos preços dos planos,
uma vez que é responsabilidade da Operadora pagar essa dívida (MARTINS; LEITE;
NOVAIS, 2010). Por outro lado, a ANS e os órgãos públicos afirmam que este
pagamento é uma forma de evitar que as Operadoras forneçam um atendimento de
baixa qualidade, não garantindo os serviços acordados em contrato e fazendo com
que os usuários procurem o SUS para suprir suas demandas. Se o usuário contratou
um serviço com plano hospitalar, a Operadora deve fornecer um equipamento de
qualidade para que ele possa ser atendido neste plano, fazendo valer o seu
investimento.
Conecte-se

Essas e outras informações complementares você encontra no


Boletim Informativo - Utilização do Sistema Público por
Beneficiários de Planos de Saúde e Ressarcimento ao SUS –
Abril/2016, no seguinte endereço eletrônico: < http://goo.gl/ >.
Disponível aqui

Apesar de ser uma medida criada pela Lei n. 9.656/1998, até


hoje a cobrança desse ressarcimento ocorre de forma
incipiente. Segundo pesquisa realizada pelo IDEC (Instituto
Brasileiro de Defesa do Consumidor), 63% das dívidas
cobradas às Operadoras ainda não foram quitadas, o que
corresponde a um valor de aproximadamente 740 milhões de
reais.
Fonte: Disponível em: < http://goo.gl/ >. Acesso em: 16 jun. 2016.

Você imagina quais são os procedimentos mais utilizados no SUS por usuários de
planos de saúde privados? Abaixo segue a tabela disponibilizada pela ANS de
Autorização de Procedimento Hospitalar (AIH). Veja:

Tabela 1 - Autorização de Procedimento Hospitalar (AIH)

Fonte: Disponível em:


< http://goo.gl/ >. Acesso em: 16 jun.
2016.

Dentre os diversos procedimentos, a hemodiálise é responsável por


aproximadamente 40% de toda a arrecadação do ressarcimento, demonstrando a
grande busca de usuários de planos privados por este serviço nos equipamentos
públicos.
Chegamos ao final deste tópico, no qual se discutiu o papel organizativo da ANS
dentro da Saúde Suplementar, a necessidade da fiscalização, a proteção aos
usuários/prestadores de serviços e o mecanismo de ressarcimento do SUS.

FINANCIAMENTO E TENDÊNCIAS DO MERCADO

No último tópico, estudaremos o mercado da Saúde Suplementar, as tendências


atuais, as dificuldades e os setores que estão recebendo maiores investimentos. Para
iniciar esse estudo, traçaremos um breve histórico sobre como as Operadoras e os
planos e saúde se posicionam no mercado desde a regulação da ANS (1998).
O mercado de Saúde Suplementar é ligado diretamente às questões como
urbanização – cidades com maior infraestrutura têm mais usuários de planos
privados – industrialização, renda e taxas de desemprego – quanto maior o número
de pessoas empregadas maior o número de planos comercializados (ALBUQUERQUE
et al., 2008). Ou seja, assim como outros produtos, é um mercado ligado diretamente
à situação econômica e social do país.

Apesar do Sistema de Saúde Privado ser mais antigo que o SUS, existem poucos
dados para conseguirmos ter uma visão sobre como funcionava a comercialização de
Planos antes da criação da ANS. Isso ocorre justamente pela falta de regulação da
época, dificultando a sistematização de dados. Porém, como já foi dito, a criação das
Operadoras de Saúde foi um importante mecanismo no sentido de suprir uma
demanda dos trabalhadores da época, os quais ainda não contavam com um Sistema
Único de Saúde e demandavam um serviço de qualidade.
A industrialização crescente levou à criação de empresas e esquemas próprios de assistência
médico-hospitalar, também motivada pelo empresariamento e pela capitalização da medicina, que
ocorreu por meio de financiamentos governamentais que fortaleceram o setor privado na
prestação de serviços de saúde. Profissionais de saúde e prestadores de serviços identificaram a
possibilidade de oferecer acesso a serviços de saúde a uma importante parcela da população das
regiões urbanas e industrializadas, que possuía vínculo formal de trabalho nas indústrias de
transformação, metalurgia e química. Estes fatores estimularam o credenciamento de serviços,
contribuindo para a expansão do mercado, particularmente de empresas de medicina de grupo e
cooperativas médicas (ALBUQUERQUE et al., 2008, p. 1423).

O surgimento da ANS criou uma solução, mas também gerou um problema. Por um
lado, veio regulamentar um mercado desordenado, que possuía uma grande
quantidade de planos e operadoras irregulares e sem critérios e padrões de
qualidade. Por outro lado, veio atuar em um mercado que já existia e funcionava de
determinada forma. Houve um período de adaptação para que a lei e as novas regras
fossem incorporadas pelas empresas. A regulação trouxe mudanças importantes,
atuando nos planos criados após a Lei n. 9.961/2000, mantendo os planos antigos
sua estrutura (BRASIL, 2000).
Um dos grandes benefícios da regulação da ANS para as Operadoras e para o
mercado de Saúde Suplementar foi a possibilidade de estabelecer um perfil de
usuário, estimar a abrangência dos planos de saúde no Brasil, quais os insumos e
procedimentos mais usados e outros dados. A partir do ano 2003, após o Supremo
Tribunal Federal (STF) derrubar a limiar que solicitava a suspensão da Lei n.
9.656/1998, as Operadoras começaram a enviar dados de forma mais sistemática,
além de adaptar seus planos às novas exigências.
Para aprofundar nossa discussão, apresentamos alguns dados oficiais da ANS, os
quais possibilitam pensar o mercado atual de Saúde Suplementar. A tabela abaixo
mostra a quantidade de beneficiários em planos privados de saúde desde 2006.
Interessante notar a variação entre os anos, que teve um crescimento constante até
2014, quando, então, começa a diminuir. Veja:

Tabela 2 - Beneficiários de planos privados de saúde, por cobertura


assistencial (Brasil - 2006-2016)

Fonte: Disponível em: < http://goo.gl/ >. Acesso em: 16 jun.


2016.
Conecte-se

Outro dado importante é sobre a forma de contratação dos


planos, ou seja, individuais ou coletivos. Entre os individuais ou
familiares, estão cadastrados um total de 9.558.718
beneficiários, enquanto entre os planos coletivos/empresariais
ou por adesão – o total é de 38.974.608, mostrando um
número expressivamente maior do que o outro modelo.
Fonte: Disponível em: < http://goo.gl/ >. Acesso em: 16 jun. 2016.

O mapa que segue demonstra a distribuição dos beneficiários de Planos privados de


Assistência Médica entre os Estados brasileiros, apontando maior concentração na
região Sudeste-Sul.

Figura 7 - Taxa de cobertura dos planos de assistência médica por


Unidades da Federação (Brasil - Junho/2016)

Fonte: Disponível em:


<http://goo.gl/oiWXAG>.
Acesso em: 16 jun. 2016.

O número de Operadoras diminui consideravelmente após a criação da ANS, em


virtude das expressivas exigências, fiscalização e regulação do setor. Dentre as
Operadoras que foram fechadas estão as que não tinham beneficiários e as que não
tinham condições de competir com as outras. A quantidade total de Operadoras
também diminuiu por conta das fusões e aquisições. O gráfico abaixo demonstra
essa queda. Veja:
Figura 8 – Quantidade de operadoras (1977 – 2009)

Fonte: Cechin (2010a, p. 6).

Já atabela que segue sintetiza o crescimento por modalidade de Operadora entre os


anos 2007 e 2008, dividindo planos individuais e coletivos:

Tabela 3 – Quantidade planos individuais e coletivos

Quais as conclusões ou reflexões que podemos extrair dos resultados apresentados


na tabela anterior? Percebemos que o mercado de planos coletivos tem maior
crescimento que o de planos individuais. Por serem planos geralmente ligados às
empresas, eles acabam sendo mais acessíveis aos beneficiários. Nos planos
individuais a opção pela modalidade Seguradora é mínima, ao contrário dos planos
coletivos, em que ela ocupa a maior porcentagem de beneficiários.
É importante, também, tocar no tópico do Envelhecimento da População, um assunto
recorrente quando falamos na questão de Operadoras e Planos de Saúde. É sabido
que, por conta do aumento da qualidade de vida, a população em geral tem vivido
mais anos. Isso representa um desafio para as Operadoras de saúde, que precisam
lidar com essa realidade e apresentar um serviço de qualidade para essa população,
sem a cobrança de um preço abusivo, mas, ao mesmo tempo, mantendo sua
margem de lucro. O gráfico abaixo mostra o aumento do número de pessoas acima
de 60 anos que procuraram planos de saúde, demonstrando o interesse dessa faixa
etária em se tornar beneficiária do Sistema Suplementar. Veja:

Figura 9 – Distribuição da população por faixas etárias

Fonte: Cechin (2010b, p.


18).

Ao mesmo tempo em que é interessante para as Operadoras o aumento de clientes,


essa é a faixa etária que demanda procedimentos mais custosos. Veja o gráfico que
compara quantidade de internações – por faixa etária – em um intervalo de quatro
anos (2006 a 2010). O gráfico da direita mostra que o custo das internações também
aumenta conforme a idade do beneficiário avança. Veja:

Figura 10 - Frequência e custo de internações


Fonte: Cechin (2010b, p. 8).

Como anunciado no início deste tópico, o mercado de Saúde Suplementar segue o


movimento social e econômico do país. Considerando isso, mas também as
mudanças expostas aqui, cabe lançar algumas perspectivas.
Em primeiro lugar, é visível que existe um consumo muito maior de planos coletivos
em detrimentos dos individuais. Isso ocorre pelo fato de os planos coletivos serem
ligados às empresas e aos seus colaboradores, facilitando a contratação. Observando
as taxas de crescimento, é perceptível, também, que o setor de planos individuais
sofre uma queda, provavelmente em decorrência da situação econômica
desfavorável do país nos últimos anos. As Operadoras devem se ajustar a esse novo
quadro, pensando em alternativas para que os beneficiários voltem a procurar esse
bem. Outro fato a ser discutido é a questão da competição entre as Operadoras, pois
se percebe que, apesar do grande número de Operadoras cadastradas na ANS, são
poucas as que concentram a maioria dos beneficiários no mercado.
Uma discussão muito contemporânea é a dos modelos assistenciais oferecidos pelos
Planos de Saúde. A maioria ainda é centrada na demanda espontânea, ou seja,
quando o beneficiário identifica uma necessidade e procura por conta própria um
atendimento. Discute-se a possibilidade de Promoção de Saúde, inclusive nos planos
privados, ou seja, a incorporação de técnicas como Prevenção, preceitos como
Qualidade de Vida e outros mecanismos que promovam a saúde como um todo, e
não centrado apenas em atendimentos pontuais. Nisso se incluem ferramentas
pouco utilizadas, como o home care, as técnicas de grupo, maior inserção de outros
profissionais da saúde, tais como psicólogos, terapeutas ocupacionais,
fisioterapeutas e outros.

Conecte-se

Uma das ferramentas criadas pela ANS para mapear os


Programas de Promoção e de Prevenção à Saúde, que visa
justamente modificar esses modelos assistenciais oferecidos, é
um buscador online, acessível no seguinte endereço
eletrônico: < http://goo.gl/ >.

Com esses apontamentos, encerramos o presente tópico. Para você que deseja
conhecer mais sobre as tendências do mercado de saúde suplementar - inclusive as
especificidades, como operadoras de menor porte, entidades filantrópicas e outros –
recomendamos acessar as publicações disponíveis do IESS (Instituto de Estudos de
Saúde Suplementar), conforme indicado a seguir.

Conecte-se

Acesse as publicações do Instituto de Estudos de Saúde


Suplementar (IESS) no seguinte endereço eletrônico:
< http://goo.gl/ >

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Finalizamos aqui o último capítulo da disciplina de Gestão da Saúde Pública e Privada,


com a proposta de aprofundar os estudos sobre a Saúde Suplementar, que já haviam
sido iniciados no Capítulo 2.
Na primeira seção, intitulada Operadora de Plano de Saúde: Estrutura e
Funcionamento, apresentamos a definição e a diferença entre Operadora, Plano e
Prestadora de Saúde, focando na função e na relação entre elas. Entre as
Operadoras, destacamos as modalidades existentes e as especificidades de cada
uma. Em seguida, abordamos os Planos, relembrando o Plano-Referência, que
estipula os serviços mínimos presentes em cada tipo de cobertura e os diferentes
tipos de contratos que podem ser estabelecidos. Por fim, falamos das Prestadoras e
Serviços de Saúde, que são responsáveis por prestar os serviços contratados.
Na segunda seção, chamada de Política e Organização dos Serviços em Saúde, foram
apresentadas a ação de fiscalização da ANS, as justificativas e as leis que sustentam
essa ação e o mecanismo de Ressarcimento ao SUS, que garante um pagamento ao
Sistema Público toda vez que um usuário de plano privado utiliza os serviços
públicos. Por fim, na terceira seção, foram expostas as tendências do Mercado, o
perfil dos beneficiários, os fatores que influenciam a aquisição de planos de saúde, o
envelhecimento da população e outros assuntos pertinentes ao tema.
Esperamos que você tenha conseguido assimilar os conceitos e entender o fluxo de
organização da Saúde Suplementar.
Bons estudos!
Encerramento da Disciplina

Foi muito bom contar com sua companhia durante nossa jornada do
conhecimento. Agora, para recordar o conteúdo desta disciplina,
escute este podcast.

Disponível aqui

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AGORA É COM VOCÊ


Pensando na história da construção do Sistema Único de Saúde (SUS), ordene de
forma cronológica os acontecimentos que seguem: I - Criação do INAMPS. II -
Medicina folk e prioridade às cidades portuárias. III - VIII Conferência da Saúde e
criação do SUDS. IV - Criação da Previdência Social, CAPs e IAPs. V - Revolta da
Vacina (RJ). Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de respostas:

A) V – II – IV – I – III.

B) II – V – IV – I – III.

C) V – I – II – IV – III.

D) II – IV – V – I – III.

Sobre as características do princípio da integralidade nas ações e serviços de saúde


pública, assinale V para verdadeiro e F para falso nas afirmações que seguem:

( ) Contribui para a organização de uma prática em saúde integral.

( ) Orienta a formulação de políticas pautadas na atenção integral.

( ) Conduz à formação e gestão do trabalho em saúde.


Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de respostas:

A) V – V – V.

B) V – F – V.

C) F – V – V.

D) F – V – F.

Associe os itens que seguem com suas respectivas características:

I – Território.

II – Rede.

III – Descentralização.

IV – Hierarquização.

( )São organizações poliárquicas de conjuntos de serviços de saúde, vinculados entre si


por uma missão única, por objetivos comuns e por uma ação cooperativa e
interdependente, que permitem ofertar uma atenção contínua e integral para determinada
população, coordenada pela atenção primária à saúde prestada no tempo certo, no lugar
certo, com o custo certo, com a qualidade certa e de forma humanizada, com
responsabilidades sanitárias e econômicas por esta população.

( )As unidades de saúde que prestam serviços de atenção básica podem possuir áreas e
populações de referência mais restritas devido ao grande número de casos para serem
atendidos. Além disso, áreas mais delimitadas podem facilitar a criação de determinados
vínculos entre os profissionais e as pessoas atendidas, permitindo o reconhecimento de
suas necessidades de saúde e o desenvolvimento de práticas mais integradoras
(promoção, prevenção e assistência). Unidades de saúde mais complexas precisam de
áreas e populações mais abrangentes, o que não diminui a responsabilidade dos
profissionais que ali atuam em elaborar um plano de cuidados suficientemente
abrangente para suprir as necessidades do usuário.

( )Trata-se de um importante desafio, em particular na busca de alternativas para


grandes municípios. Caracteriza-se como um processo eminentemente político, com
variáveis político-institucionais, dentre as quais se destaca a capacidade de gestão do
nível local, determinante para a conformação em cada contexto.

( )A inter-relação entre fixos e fluxos, suas distribuições respectivas, sua forma de


organização, disposição e construção, os processos como mudanças, e a continuidade
segundo as diferentes velocidades refletem a estrutura do espaço geográfico.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de respostas:

A) II – III – IV – I.

B) I – IV – III – II.

C) I – III – IV – II.

D) II – IV – III - I.

Para a construção da política de qualificação do SUS, a __________________ deve


ser vista como uma das dimensões fundamentais, não podendo ser entendida como
apenas um programa a mais para ser aplicado nos diversos serviços de saúde, mas
como uma política que opere transversalmente em toda a rede do SUS.

Assinale a alternativa que completa corretamente a frase:

A) Humanização.

B) Atenção básica.

C) Integralidade.

D) Municipalização.

Sobre a lei n. 9.656/1998, assinale V para verdadeiro e F para falso nas afirmações
que seguem:

( )Submetem-se ao cumprimento dessa lei as pessoas jurídicas que operam planos


privados de saúde.

( )Os planos na modalidade de cooperativa estão isentos do cumprimento dessa lei, pois
não são negociados por uma empresa.

( )Essa lei institui o Plano de Referência, que estabelece parâmetros que podem ser
seguidos ou não pelos planos de saúde.

A referida lei apresenta períodos de carência e determina que os planos de saúde


( )

obedeçam aos prazos indicados.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de respostas:

A) V – F – F – V.

B) X V – V – F – F.
C) X V – V – V – V.

D) V – F – F – F.

Sobre a lei n. 9.961 de 2000, assinale V para verdadeiro e F para falso nas afirmações
que seguem sobre as competências da ANS:

( )Fixar critérios para os procedimentos de credenciamento e descredenciamento dos


prestadores de serviço às operadoras.

( )Estabelecer normas para o Programa de Humanização do Sistema Único de Saúde –


SUS.

( )Monitorar a evolução dos preços dos planos de assistência à saúde, seus prestadores
de serviços e respectivos componentes/insumos.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de respostas:

A) F – V – V.

B) V – V – F.

C) V – F – V.

D) V – V – V.

Entende-se que os princípios da bioética devem ser sistematicamente aplicados nas


ações de saúde para garantir que elas sejam eficazes, diminuam os prejuízos e
aumentem a qualidade de vida da população.

Nesse contexto, analise as sentenças que seguem:

I – Com base na legislação sobre o tema, a saúde é considerada um direito fundamental


e garanti-lo é uma meta que se busca constantemente.

II– O princípio da equidade não é aplicado na saúde suplementar, pois é exclusivo do


Sistema Único de Saúde (SUS).

III– Um exemplo de ética na saúde suplementar é garantir o direito dos consumidores


dos planos de saúde.

Assinale a alternativa que apresenta a resposta correta:

A) As sentenças I e III são corretas.


B) As sentenças I, II e III são corretas.

C) As sentenças I e II são corretas.

D) As sentenças II e III são corretas.

Sobre as diferentes modalidades de operadoras, analise e associe os itens que


seguem:

I - Cooperativa médica.

II – Autogestão.

III - Medicina de grupo.

IV – Filantrópica.

V – Seguradora.

( )Entidade hospitalar sem fins lucrativos que opera planos privados de assistência à
saúde e tenha obtido o certificado de entidade beneficente de assistência social emitido
pelo ministério competente.

( )Único tipo de operadora destinada para atender exclusivamente uma determinada


massa de beneficiários. Possui planos fechados e específicos para determinada
patrocinadora ou entidade de classe. Normalmente responde para uma ou várias
patrocinadoras e para os próprios usuários, que se organizam e elegem representantes
para diretorias e conselhos.

( )A propriedade da operadora é de um grupo de médicos que prestam serviços para


seus usuários. Sua diretoria e conselho são formados pelos próprios médicos.
Comercializam planos para o mercado, sejam para empresas ou para pessoas físicas.

( )Não possui rede própria, mas referência uma rede de serviços, ou seja, pagam
diretamente aos prestadores de serviços integrantes e em nome dos clientes.

( )O beneficiário faz uso de uma estrutura própria e/ou contratada pela operadora
(médicos, hospitais, laboratórios e clínicas).

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de respostas:

A) II – I – IV – V – III.

B) II – IV - I – V – III.

C) IV – I – II – V – III.
D) IV – II – I– V – III.

Analise as sentenças que seguem:

I -Os planos de saúde podem oferece dois tipos de coberturas: a integral do plano-
referência e a integral por segmento.

Quando o plano inclui internação hospitalar, a data limite é determinada pelo tipo de
II -

doença ou diagnóstico segundo a tabela fixada pela ANS.

No caso de atendimento para procedimento obstetrício, inexiste período de carência


III -
de 30 dias.

IV - Nas coberturas ambulatoriais os tratamentos são assegurados desde que


recomendados pelo médico responsável.

V - No caso de internação são garantidas as despesas do acompanhante menor de 18


anos.

Assinale a alternativa que apresenta a resposta correta:

A) As sentenças I, IV e V estão corretas.

B) As sentenças I, II e IV estão corretas.

C) As sentenças II, IV e V estão corretas.

D) As sentenças II, III e IV estão corretas.

Sobre a regulamentação criada pela Agência Nacional de Saúde (ANS), assinale V


para verdadeiro e F para falso nas afirmações que seguem:

( )A fiscalização garante um controle de qualidade das operadoras, que muitas vezes


não poderia ser feito pelos clientes por falta de conhecimento técnico.

( )Visa proteger o elo mais frágil, ou seja, as operadoras de saúde que sofrem com os
tributos exigidos e falta de clientela.

( )A saúde no Brasil é considerada um direito, logo é dever do Estado fiscalizar também


os serviços privados, garantindo a segurança da população.

( )Garantir que certos grupos vulneráveis, como, por exemplo, os idosos e crianças, não
sofram aumentos abusivos nos planos de saúde e diminuição dos serviços
disponibilizados.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de respostas:

A) V – V – V – V.

B) V – F – V – V.

C) V – F – F – V.

D) V – F – V – F.

Orientação de resposta

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REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, C. et al. A situação atual do mercado da saúde suplementar no Brasil e
apontamentos para o futuro. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 5, n. 13, p. 1421-1430,
set./out. 2008.

ANAB. Associação nacional das administradoras de benefícios. O que é. Disponível em: <http://goo.gl
/OS92ZM>. Acesso em 15 jun. 2016.

BRASIL. Lei n. 9.656, de 3 de junho de 1998. Dispõe sobre os planos e seguros privados de
assistência à saúde. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, 04 jun. 1998, p.1.

_______. Lei n. 9.961, de 28 de janeiro de 2000. Cria a Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS e
dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 19 jan. 2000, p. 5.

_______. Resolução – RDC n. 39, de 27 de outubro de 2000. Dispõe sobre a definição, a segmentação e
a classificação das operadoras de planos de assistência à saúde. Disponível em: <http://goo.gl
/sua1sS>. Acesso em: 15 jun. 2016.

_______. Resolução normativa – RN n. 196, de 14 de julho de 2009. Dispõe sobre a administradora de


benefícios. 2009. Disponível em: <http://goo.gl/Rm5L77>. Acesso em: 15 jun. 2016.

CECHIN, J. Mercado de saúde, tendências e perspectivas. 1º Seminário de integração técnica, 2010.


Disponível em: <http://goo.gl/dpYpcC>. Acesso em: 16 jun. 2016a.

_______. Envelhecimento populacional, uma nova realidade social. Instituto de Estudos de Saúde
Complementar, 2010. Disponível em: <http://goo.gl/PCcWiJ>. Acesso em: 16 jun. 2016b.
CONASS. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Coleção Para Entender a Gestão do SUS 2011.
V. 12. Brasília: CONASS, 2011.

MALTA, D. C. Saúde suplementar e modelos assistenciais. 2004. Disponível em: <http://goo.gl


/EZ01Fj>. Acesso em: 16 jun. 2016.

MARTINS, C. B.; LEITE, F.; NOVAIS, M. Principais pontos do ressarcimentoao SUS. Instituto de
Estudos de Saúde Suplementar, 2010. Disponível em: <http://goo.gl/Y7a8r1>. Acesso em: 16 jun.
2016.

NOVAES, H. M. D. Pesquisa em, sobre e para os serviços de saúde: panorama internacional e


questões para a pesquisa em saúde no Brasil. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 20, n. 2, p.
147-173, maio/jun. 2004.

SILVA, A. A. da. Relação entre operadoras de planos de saúde e prestadores de serviços – um novo
relacionamento estratégico. 2003. Disponível em: <http://goo.gl/KQ8ilI>. Acesso em: 16 jun. 2016.

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Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva

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Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

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. a
Distância.
Gestão da Saúde Pública e Privada

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;

Maringá-Pr.: UniCesumar, 2022.

“Pós-graduação Universo - EaD”.

1. Saúde. 2. Gestão. 3. Interdisciplinaridade.

4. EaD. I. Título.

CDD - 22 ed. 372

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