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Caio Luisi
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CONHECENDO A DISCIPLINA
Prezado aluno, vamos iniciar nossa caminhada por este conteúdo que permeia
todos os processos de saúde e de doença em território nacional. Isso inclui você,
sua família, seus amigos e seus colegas, pois vocês ou já utilizaram ou ainda
utilizarão serviços de saúde em nosso território nacional. Por isso, abordaremos
temas de suma importância para a formação e para a capacitação de um
profissional da saúde.
Neste livro abordaremos desde conceitos simples sobre saúde pública até a
complexa bioestatística, que é importantíssima para a capacidade holística
populacional, seja a população da sua rua, do seu bairro, da sua região ou do
nosso País. Para isso, você deve entender o Sistema Único de Saúde (SUS) e os
conceitos de saúde da coletividade, realizando análises e descrições das condições
para agravos de saúde e para doenças de uma população.
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Caio Luisi
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Fonte: Shutterstock.
CONVITE AO ESTUDO
Nesta unidade de ensino, abordaremos conceitos da saúde coletiva e sua diferença
com relação à saúde pública; estudaremos a aplicação dos conhecimentos pelos
profissionais de saúde na saúde coletiva, abrangendo o conceito mais vasto para a
palavra “saudável”, que vai muito além da ausência de doença; trataremos de
conceitos históricos, passando pela reforma sanitária, passando pela reforma
sanitária, para entender a atenção primária até chegarmos à Estratégia Saúde da
Família (ESF). Após a compreensão histórica, podemos identificar como os modelos
de saúde-doença influenciam o modelo assistencial nacional. No esquema abaixo
podemos identificar os principais temas a serem abordados bem como seus
enfoques. Observe a Figura 1.1:
Bons estudos!
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Ao final, faremos uma correlação dos conceitos do SUS com as modalidades de
assistência em saúde aplicadas em território nacional. Para isso utilizaremos esse
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contexto histórico e tentaremos entender quais dessas modalidades se adéquam
melhor ao Brasil, se uma mais hegemônica ou outra mais alternativa, finalizando,
assim, nossa primeira seção.
Muito bem, dessa forma chegamos à situação-problema desta seção. Nela o gestor
da USF está realizando a apresentação de sua unidade e dos aspectos que oferece
à comunidade do município. Essa apresentação está sendo exposta para alguns
novos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) no primeiro dia de trabalho deles
nessa função. Conforme a apresentação evoluía, foram surgindo alguns
questionamentos ao gestor da unidade. Um dos novos funcionários questionou:
por que, no SUS, as pessoas são atendidas dessa forma? Como podemos cuidar de
uma população com o melhor modelo assistencial?
Quem estuda possui o poder de transformar todos ao seu redor e não só a própria
vida. Lembre-se de que este conteúdo é um dos mais importantes para a saúde
populacional e o mais cobrado em concursos públicos.
CONCEITO-CHAVE
Se você tivesse que responder essa pergunta: “Qual a diferença entre saúde
coletiva e saúde pública?”, você saberia? Para dar a resposta a esse
questionamento, devemos primeiramente citar que existe uma dissonância, ou
uma não concordância, entre os autores, pois esse termo já foi modificado
inúmeras vezes com o passar do tempo. Para tentar explicar a definição mais
utilizada atualmente, podemos dizer que o foco é o mesmo: saúde da população,
porém com inúmeras diferenças, pois as visões são diferentes. Agora você deve
estar se perguntando: “Como assim? Agora que não faz nenhum sentido mesmo”.
Para exemplificar, observe a Figura 1.2 e vamos tentar entender isso:
Saúde Pública pode ser definida como uma área do saber como foco na
saúde, definidos pelos agravos a saúde, morbidade, mortalidade, risco de
ocorrência entre outros. Dessa forma, leva-se em consideração, então, o
conceito mais simples de ausência de doença, o que nos mostra que toda ação
tomada pela saúde pública está voltada ao controle da doença, isto é, à
promoção de saúde e à prevenção de doença. O planejamento das ações é
feito unicamente pelo Estado.
Saúde Coletiva pode ser definida a partir da observação de seu objetivo como
sendo o necessário para a saúde. Ou seja, busca-se realizar ações que não
tenham como intuito apenas prevenir doenças, mas que também ajam para a
melhora da qualidade de vida e para a busca da felicidade. Além disso, a saúde
coletiva planeja democraticamente suas ações, permitindo a participação
social. Além disso, a saúde coletiva planeja democraticamente suas ações,
permitindo a participação social, definindo, então, a área do saber da
coletividade.
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gestão democrática. Além disso, promove a saúde, cidades saudáveis e
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políticas públicas saudáveis (SOUZA, 2014).
REFLITA
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da doença (saúde = enfoque na qualidade de vida da
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ausência de doença). população (saúde = bem-estar
biopsicossocial e espiritual).
Base conceitual:
Organização Mundial da Base conceitual: 8ª Conferência
Saúde (OMS). Nacional de Saúde (CNS).
Profissional
População
Indivíduo Coletivo
EXEMPLIFICANDO
Começaremos por 1964, período em que houve o golpe militar, manobra usada
para calar toda uma sociedade que buscava por reformas de base – reforma
agrária, reforma tributária, reforma urbana e também reforma sanitária. Nesse
período, o que se via era uma crescente desigualdade e cada vez mais contrastes
sociais. Porém, isso só se evidenciou em meados dos anos 1970 com o fim do
“milagre econômico”, que representou um dos maiores crescimentos do Produto
Interno Bruto (PIB) brasileiro e cujo marco foi a queda do petróleo. Nesse
momento, volta a ter força o movimento da reforma sanitária, que se referia ao
conjunto de ideias em relação às mudanças e às transformações necessárias para
a área da saúde, não apenas no que dizia respeito ao sistema, mas também a todo
o setor, cujo intuito era melhorar a condição de vida da população. Este se torna o
primeiro movimento para o desenvolvimento do conceito de saúde coletiva e para
a criação do SUS.
ASSIMILE
Após o fim da ditadura militar, em 1985, o Brasil ansiava por direitos, e o fato de a
saúde estar numa situação crítica, com seus indicadores no chão, tais quais
mortalidade infantil (morte de crianças menores de um ano para nascidos no
mesmo período) e mortes por causas evitáveis em índices alarmantes, além de alta
incidência de agravos em saúde, como difteria, tétano, sarampo, poliomielite, fez
com que grupos de especialistas e pesquisadores multiprofissionais preocupados
com saúde pública desenvolvessem teses e integrassem as discussões políticas, o
que teve como marco a 8ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986.
A 8ª CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE
Nela foram lançadas as diretrizes para a construção de um sistema
descentralizado e único através de uma visão de saúde como dever do Estado. Foi
realizada entre 17 e 21 de março de 1986 e foi a primeira aberta ao povo. Ela
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apresentava três principais temas: “A saúde como dever do Estado e direito do
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cidadão”, “A reformulação do Sistema Nacional de Saúde” e “O financiamento
setorial”. Para que fosse possível alcançar esses objetivos, era necessária uma
reforma não somente administrativa e financeira, mas também uma revisão de
conceitos de saúde e legislações (CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE, 2019)
UM RESUMO DO SUS
Primeiramente é importante lembrar que, embora o SUS permita acesso integral,
universal e gratuito a serviços de saúde, isso não significa que ele atua somente no
serviço público, já que ele também é permeado pelo serviço privado, como o
Hospital Israelense Albert Einstein, o Hospital Brigadeiro, o Hospital do Rim e
Hipertensão, entre outros, o que o faz ter um melhor acompanhamento da
população e uma melhor amplitude para a cobertura populacional.
Podemos dizer, então, que ele não veio para mudar apenas a assistência à saúde,
mas veio também para mudar hábitos e conceitos de cuidado com a saúde,
integrando a população neste processo e criando políticas para a prevenção e a
promoção da saúde.
ASSIMILE
Lembre-se de que esta abordagem do SUS é apenas um resumo e que nos
aprofundaremos nas próximas seções e unidades. Isto não acaba aqui!
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Essa lei regula, em todo o território nacional, as ações e os serviços de saúde
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executados, isolada ou conjuntamente, em caráter permanente ou eventual, por
pessoas naturais ou jurídicas de direito público ou privado. Afirma que a saúde é
direito fundamental do ser humano e que é dever do Estado garantir seu pleno
exercício. Garante obediência aos princípios do SUS, à universalidade de acesso, à
integralidade e à igualdade da assistência à saúde.
Como podemos perceber, a Lei nº 8.080 possui uma abrangência nacional, com
capacidade de regulamentar todo e qualquer serviço de saúde, seja ele de pessoa
física ou jurídica, dos setores privados ou públicos.
Esse termo é abrangente e pode ser entendido como modelo de atenção ou modo
de intervenção em saúde, os quais são entendidos como diferentes combinações
tecnológicas e que apresentam diversas finalidades, como resolver problemas,
atender a necessidades de saúde em determinada realidade e de uma população
adstrita (indivíduos, grupos ou comunidades), organizar serviços de saúde ou
intervir em situações em função do perfil epidemiológico e da investigação dos
danos e dos riscos à saúde (FERTONANI et al., 2015).
EXEMPLIFICANDO
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Teoria da história natural das doenças (Leavell e Clark), que deu origem ao
modelo prevencionista, o qual possui como espaço de atuação os centros de
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saúde.
Para conhecermos melhor esses dois modelos, veja o Quadro 1.2 de comparação
entre eles.
REFLITA
Será que existe um modelo ideal e único que deve ser adotado? Para
responder a essa pergunta, lembre-se que o modelo atende à necessidade
que é imposta.
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com foco nas queixas dos problemas decorrentes do modelo
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indivíduos que procuram os biomédico e efetivação dos princípios do
serviços na identificação de sinais e SUS. Desenha um “novo modelo
de sintomas e no tratamento das assistencial de saúde”, inspirado na
doenças. A promoção da saúde não Atenção Primária à Saúde (APS),
é prioridade. ampliando a abordagem aos problemas
de saúde. Articula ações de promoção da
saúde, de prevenção e de tratamento de
doenças e reabilitação.
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no modelo flexneriano de 1910.
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Profissionais de saúde formados
por currículos que pouco valorizam
o SUS e o modelo da Saúde da
Família.
Quando analisamos o quadro, fica clara a diferença entre os dois modelos, sendo o
biomédico com foco no tratamento e na melhoria das doenças, e a saúde da
família com atenção voltada às necessidades globais do cidadão para a
manutenção da saúde na sua maior amplitude. E podemos citar que ambos os
modelos podem ser aplicados no SUS, com ressalva para maior complacência para
o modelo saúde da família.
a. Uma disciplina de formação obrigatória para todos os profissionais da saúde, a partir da qual se permite
apenas conhecer a maneira pela qual o SUS atende na esfera municipal de saúde.
b. Um meio de trabalho para o profissional de saúde, como a sistematização e os modelos de gestão que
determinam a atuação de algumas classes de trabalhadores que têm formação em saúde.
c. Um campo de saberes e de práticas que estudam a saúde exclusivamente a partir dos processos sociais
relacionados à estrutura da sociedade, para fins de gestão pública e privada da saúde nas mais diferentes
áreas.
d. Uma disciplina multiprofissional e que tem como objeto de estudo a prevenção da doença, a fiscalização
de produtos de saúde e a alimentação, bem como produtos ligados ao diagnóstico de saúde.
e. Um campo de saberes que se caracteriza pela multiprofissionalidade e que objetiva o estudo da saúde e
da prevenção de agravos por meio da higiene, da fiscalização ambiental e de conceitos sociais.
Questão 2
Em diversos momentos do ano de 2020, saúde pública e saúde coletiva foram
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confundidas, principalmente devido ao advento da pandemia de covid-19. Muitos
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confundem a dimensão e a necessidade de seus conceitos, pois, em algumas
circunstâncias, pensamos apenas em não morrer e, em outras, em como voltar a
viver bem. Isso traz um conflito de ideologias que representa a queda de braço
entre a saúde pública e a saúde coletiva no âmbito da sociedade. Considerando as
informações apresentadas e a correta diferenciação entre saúde coletiva e saúde
pública, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas:
PORQUE
Questão 3
Diversos modelos de saúde desenvolvidos em diferentes momentos da história
podem ser relatados no Brasil. Dentre eles destacam-se os modelos biomédico e
sanitarista, que possuem sua utilidade até os dias de hoje. No entanto, muitos
pesquisadores apontam o modelo médico “saúde da família” como o melhor
modelo para o SUS. Com relação ao modelo de atenção médico da família, analise
as afirmativas abaixo:
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e a comunidade e levando em conta os aspectos socioeconômicos, culturais e
políticos.
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IV. Esse modelo é centrado nas ações programáticas de saúde, na ESF, no
acolhimento, na vigilância da saúde, no movimento Cidades Saudáveis e na
promoção e na prevenção da saúde.
a. II, apenas.
b. I e II, apenas.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para
a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento
dos serviços correspondentes e dá outras providencias. Brasília, DF: Presidência da
República, 1990. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm. Acesso em: 19 set. 2020.
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SÃO PAULO (Cidade). Secretaria da Saúde. O que é e como funciona o conselho
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gestor no SUS. São Paulo: SMS, 2016. Disponível em: https://bit.ly/3nTWgR7.
Acesso em: 20 set. 2020.
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Caio Luisi
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Fonte: Shutterstock.
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Para responder a segunda questão, o gestor deveria enfatizar alguns modelos
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assistenciais. O primeiro é o chamado biomédico e o segundo, o modelo de
atenção médica da família. O gestor deve destacar que não podemos elencar um
único modelo, pois cada um tem uma função e uma necessidade de
implementação. Por isso, deve dar ênfase também ao fato de que o modelo de
atenção médica da família apresenta um escopo mais abrangente, focando no
bem-estar não apenas do indivíduo, mas também da família, da sociedade e da
comunidade, com abordagem voltada à qualidade de vida, enquanto que o modelo
biomédico centra-se na saúde como ausência de doença, o que o torna um modelo
mais limitado e com menor abrangência.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
CAPACITAÇÃO A FUNCIONÁRIOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE
Um consultor especializado em serviços de saúde estava envolvido com o
treinamento de funcionários terceirizados de um hospital da rede pública e, ao
longo da capacitação, foram feitos vários questionamentos a ele, dentre os quais
um chamou a atenção: “— Senhor, eu acabei de ler aqui no mural que a saúde
coletiva garante saúde para todos através das unidades. Por que não está escrito
saúde pública?”. O consultor retrucou com outra pergunta para o grupo: “— Vocês
sabem a diferença entre as duas?”. Após essa pergunta o grupo ficou calado. A fim
de responder essas questões, o consultor convidou o grupo a pesquisar sobre o
tema nos computadores da sala de treinamento, sendo que um grupo ficaria
incumbido de procurar sobre a saúde pública e o outro sobre a saúde coletiva. Ao
final da pesquisa, pediu a cada grupo que apresentasse e defendesse as
considerações encontradas para cada conceito. Você, aluno, no lugar desses
funcionários, como diferenciaria cada conceito, expondo o seu ponto de vista?
RESOLUÇÃO
Para atender à solicitação, é possível dizer que saúde pública é uma área do
saber voltada para problemas e doenças, como a morte ou as sequelas
deixadas por determinada doença. Ela estuda as doenças, com o objetivo de
tratá-las e de cuidar para que elas não matem pessoas ou agravem a situação
da população. Acredita-se que essa área seja de grande importância, pois sem
as doenças podemos viver muito mais, e sem as suas sequelas também
viveremos melhor.
Quanto à saúde coletiva, é possível dizer que constitui outra área do saber,
cujo foco é o bem-estar geral e o trabalho em prol não somente do indivíduo,
mas também de toda a sociedade e da família. Além disso, seu foco é a
qualidade de vida, conceito que envolve o bem-estar físico, mental, social e
espiritual, tratando saúde não somente de uma perspectiva de ausência de
doença, mas também a partir de uma visão mais macroscópica e abrangente.
Ainda, essa área permite a participação social em seu planejamento. Com isso,
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procure se lembrar de que, por viver em uma sociedade complexa, um ser
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humano não pode ser feliz sozinho.
ATENÇÃO À SAÚDE
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Caio Luisi
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Fonte: Shutterstock.
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letalidade, natalidade e determinantes para risco ou fatores de risco para o
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desenvolvimento e/ou prevenção de doença, entre elas doenças transmissíveis ou
crônicas.
Agora você, estudante desta área, deve se preparar para ser um profissional de
saúde e deve aprender a “ser” um educador em saúde, pois assim será mais bem
reconhecido. Fica aqui, então, o desafio de conhecer nomes importantes da nossa
história, os quais nomeiam nossas avenidas repetidamente, em todo o nosso País.
O ACS do território laranja estava voltando para sua USF quando se deparou com
uma idosa caminhando assustada com o neto em direção à USF. O ACS então
decidiu ajudar. Tomou a criança no colo e se dirigiu, com a maior velocidade
possível, para sua unidade. Quando chegou lá, deparou-se com seu gestor, que
perguntou o que estava fazendo e por que trouxera a criança para unidade. Após o
atendimento e o encaminhamento para o serviço de emergência, o gestor chamou-
o para conversar e explicou sobre os pontos incorretos de sua conduta.
CONCEITO-CHAVE
A EVOLUÇÃO DO CENÁRIO DA SAÚDE NO BRASIL
O cenário de saúde deixa uma grande reflexão para nosso País, que ainda se
encontra em pleno desenvolvimento, enfrentando uma realidade sanitária que
compete com a imensidão territorial, com uma população de mais de 209 milhões
de habitantes, com a provável prevalência de idosos em relação a crianças e com
diversidades regionais variáveis, como as culturais e riscos de excesso e escassez,
culminando com o agravamento dos processos de doenças e com a diminuição
cada vez maior da meta de desenvolvimento de saúde e coletividade, temas já
discutidos aqui juntamente com os conceitos de saúde pública e saúde da
comunidade.
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Nossa tecnologia teve grande desempenho no setor de saúde pública,
principalmente no que se refere à vacinação, que tanto gerou desajustes e até
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mesmo revoluções (Revolução da Vacina, em 1904, por exemplo), devido à baixa
compreensão da comunidade sobre o avanço na prevenção de doenças,
principalmente por estar enriquecida por desavenças políticas e sociais. E não
podemos esquecer de nomes importantes como Oswaldo Cruz (médico
sanitarista), Rodrigues Alves (presidente do Brasil de 1902 a 1906) e Pereira Passos
(prefeito do Rio de Janeiro na época) nem da grande contribuição tecnológica de
controle e de prevenção às doenças infectocontagiosas que houve na época. Para
entender o avanço do cenário da saúde, podemos observar a linha do tempo na
Figura 1.5.
Atualizando para a nova década que se inicia (2020), a expectativa de vida das
mulheres aumentou para 79,9 anos e a dos homens manteve-se em 72,8 anos, já
que podem ser observadas mais adversidades para o adulto jovem masculino, as
quais são apresentadas na figura anterior. (IBGE, 2019).
Assim sendo, com essa parte do estudo, conseguimos entender que o SUS
enfrenta uma transição ao tentar manter sua atenção integral, universal e
equitativa.
REFLITA
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(tripla carga de doenças, por exemplo: síndrome metabólica, doenças
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cardiovasculares, etc., que necessitam de maiores recursos na federação). Essa
relação é apresentada na Figura 1.7:
ASSIMILE
A Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde traz informações para que você
conheça seus direitos na hora de procurar atendimento de saúde. Ela reúne
os seis princípios básicos de cidadania que asseguram ao brasileiro o
ingresso digno nos sistemas de saúde, seja ele público ou privado.
“
Todo cidadão tem direito ao acesso ordenado e organizado aos sistemas de saúde.
Todo cidadão tem direito a tratamento adequado e efetivo para seu problema.
Todo cidadão tem direito ao atendimento humanizado, acolhedor e livre de qualquer discriminação.
Todo cidadão tem direito a atendimento que respeite a sua pessoa, seus valores e seus direitos.
Todo cidadão também tem responsabilidades para que seu trata- mento aconteça da forma
adequada.
Todo cidadão tem direito ao comprometimento dos gestores da saúde para que os princípios
anteriores sejam cumpridos.
Por se tratar de uma porta de entrada aos cuidados de saúde, foi necessário
estabelecer uma conexão para o conhecimento da população sobre os vários
atendimentos agora oferecidos. A partir desse momento, tivemos a inclusão da
Estratégia Saúde da Família, que visa à reorganização das unidades de
atendimento básicas. Agora a ESF consegue adentrar as casas da população
indicando o caminho e as necessidades do atendimento. Várias derivações são
necessárias para o aporte e para o funcionamento ideal, como o Núcleo de Apoio à
Saúde da Família (NASF), agora chamado Núcleo Ampliado de Saúde da Família e
Atenção Básica (NASF-AB), e como os Agentes de Saúde, favorecendo um
gerenciamento e uma importante relação custo-efetividade. Observe a Figura 1.10.
Figura 1.10 | Estratégia da atenção primária através de redes de atenção
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Fonte: elaborada pelo autor.
E o que seria o Núcleo Ampliado de Saúde da Família (NASF)? Como ele estaria
atrelado à atenção primária e à ESF?
Esses núcleos são compostos por equipes multiprofissionais que, juntamente com
as equipes de ESF, com as equipes de atenção básica para populações específicas
(por exemplo consultório de rua ou ribeirinhos e fluviais) e com o Programa
Academia da Saúde e saúde bucal, realizarão os processos de prevenção e de
promoção à saúde em uma determinada área, sendo capaz de realizar discussões
de casos clínicos, possibilitando, assim, a criação de um projeto terapêutico mais
adequado e de melhor qualidade para o território e para a população. Os NAFS
podem se dividir em três modalidades: as chamadas NASF 1, NASF 2 e NASF 3.
Cada uma tem uma composição diferente e uma capacidade de atendimento
diferente (maior ou menor). Vale ressaltar que o NASF-AB é uma alteração nominal
para melhor adequação e para demostrar uma maior abrangência. Observe o
Quadro 1.3:
Número de
equipes
Modalidade vinculadas Somatória de cargas horárias profissionais
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NASF 2 3 a 4 ESF e/ou Mínimo 120 horas semanais. Cada ocupação
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eAB* deve ter no mínimo 20h e no máximo 40h de
carga horária semanal.
“
uma equipe multiprofissional [...] composta por, no mínimo: (I) médico generalista, ou especialista em Saúde da
Família, ou médico de Família e Comunidade; (II) enfermeiro generalista ou especialista em Saúde da Família;
(III) auxiliar ou técnico de enfermagem; e (IV) agentes comunitários de saúde. Podem ser acrescentados a essa
composição os profissionais de Saúde Bucal: cirurgião-dentista generalista ou especialista em Saúde da Família,
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auxiliar e/ou técnico em Saúde Bucal.
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Territorialização: é um dos principais avanços da implementação da ESF, pois
demonstra um processo de descentralização da saúde, que visa atender as
diferenças socioepidemiológicas das mais variadas regiões nacionais, levando-
se em consideração que cada equipe deve ser responsável por, no máximo,
4.000 pessoas (sendo 3.000 o número ideal). Além disso, deve-se observar o
grau de vulnerabilidade populacional e devem-se considerar restrições
geográficas e de acesso ao serviço de saúde e o perfil epidemiológico de
morbimortalidade.
VIGILÂNCIA EM SAÚDE
Agora vamos entender melhor as ações de promoção de saúde voltadas para a
prática de atenção à saúde dos cidadãos brasileiros. Anteriormente, já vimos que a
atenção primária em saúde teve que se desenvolver diante de muitas relações
problemáticas, que incorporam a extensão territorial, a dimensão populacional e a
assimilação do conhecimento precário de saúde. Então, agora, as redes de atenção
à saúde proporcionam portas de atendimento à população e acompanhamento de
suas famílias.
A vigilância em saúde por sua vez integra diversas áreas de conhecimento e aborda
diferentes temas, como podemos observar na Figura 1.11 abaixo:
Figura 1.11 | Modelos de vigilância
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Fonte: adaptada de Fiocruz ([s.d.]).
Segundo Corvalan, Duarte e Vazquez (2014), diversas discussões foram feitas para
motivar a população a compreender a necessidade de uma mudança ambiental,
social, e econômica, mas ainda estamos em pleno desacordo com tais eventos.
“
Em 2012, essa visão foi reconhecida no documento final da Rio +20, em seu parágrafo 138: “reconhecemos que
a saúde é uma condição prévia, um resultado de um indicador de três dimensões do desenvolvimento
sustentável ... Estamos convencidos de que as medidas sobre determinantes sociais e ambientais de saúde
tanto para pobres e vulneráveis como para toda a população, são importantes para criar sociedades, inclusivas,
equitativas, economicamente produtivas e saudáveis” (ONU, 2012).
SAÚDE DO TRABALHADOR
“
A Vigilância em Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (VISATT) é um conjunto de ações feitas sempre
com a participação dos trabalhadores e articuladas intra e intersetorialmente, de forma contínua e sistemática,
com o objetivo de detectar, conhecer, pesquisar e analisar os fatores determinantes e condicionantes da saúde
relacionados ao trabalho, cada vez mais complexo e dinâmico. (SAÚDE..., [s.d., s.p.], grifos do autor)
A especificidade de seu campo é dada por ter como objeto a relação da saúde com o ambiente e os processos
de trabalho, abordada por práticas sanitárias desenvolvidas com a participação dos trabalhadores em todas as
suas etapas. Como componente da vigilância em saúde e visando à integralidade do cuidado, a VISAT [Vigilância
em Saúde do Trabalhador] deve inserir-se no processo de construção da Rede de Atenção à Saúde, coordenada
pela Atenção Primária à Saúde (VIGILÂNCIA..., [s.d., s.p.]).
Por meio desses recursos, a Vigilância em Saúde do Trabalhador, juntamente com
as políticas nacionais de saúde, possibilita a redução da morbimortalidade dessa
população e orienta para a prevenção de agravos.
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VIOLÊNCIA, RISCO E VULNERABILIDADE
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O termo vulnerabilidade sempre esteve ligado à fragilidade ou à suscetibilidade a
problemas de saúde e, inicialmente, era associado à epidemia da AIDS, durante a
qual se discutia a fração de grupos que poderiam ser suscetíveis à infecção ou que
teriam potencial para danos à própria saúde. Também pode ser compreendido
como área afetada por um determinante de risco. A partir disso pode-se dizer que
essas conceituações se completam ou se autodefinem, tanto no que se refere à
saúde humana quanto à ambiental, estando, de uma maneira geral, sempre
associadas a processos de adoecimento.
Outro sentido que esse termo pode adquirir no contexto social tem a ver com a
probabilidade de violência, que pode ser correlacionada às várias transformações
da vida, por exemplo, as ocorridas na adolescência ou também as estimuladas por
hábitos sociais, como o alcoolismo e o uso de entorpecentes/drogas. Nesse
sentido, entende-se violência como uma situação em que um ou vários indivíduos
agem de uma maneira direta ou indireta, causando danos a uma ou várias pessoas
em níveis variados, seja em sua integridade física ou moral, seja em suas posses ou
em suas participações simbólicas e culturais (MICHAUD, 1989).
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Políticas de Vigilância em Saúde, em 2018. Por fim, acredita-se que, a partir desta
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seção, pudemos entender o cenário atual da saúde nacional.
a. Deve ser formada pela menor quantidade de profissionais possível, proporcionando melhor controle e
homogeneidade para o desenvolvimento de seu papel.
b. É uma unidade de saúde ambulatorial pública, que realiza assistência nas especialidades básicas.
c. Deve ser composta por equipe multiprofissional para a melhor abrangência de atendimento e para o
enriquecimento de áreas de atuação, a fim de proporcionar a promoção de saúde e a prevenção de
doenças.
d. É uma unidade de apoio modelo, cuja implementação é dificultada em diversos territórios nacionais
devido a sua especificidade.
e. É considerada um plano emergencial da saúde pública para atender a demanda de prevenção de doenças
e agravos à saúde.
Questão 2
A atenção primária é definida como o primeiro nível de atenção em saúde e
“
caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a
proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de danos e a
manutenção da saúde com o objetivo de desenvolver uma atenção integral que impacte [positivamente] na
situação de saúde [...] das coletividades.
IV. ESF – Estratégia Saúde da Família, responsável por aplicar o modelo assistencial
descentralizado e holístico.
b. II e V, apenas.
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d. I, III e V apenas.
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e. I, II, III e IV, apenas.
Questão 3
A vigilância epidemiológica é definida pela Lei n° 8.080/90 como:
a. I, apenas.
b. III, apenas.
c. I e II, apenas.
d. II e III, apenas.
e. I, II e III.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, P. F. de; SANTOS, A. M. dos; SOUZA, M. K. B. de. (org.). Atenção Primária
à Saúde na coordenação do cuidado em regiões de saúde. Salvador: EDUFBA,
2015.
BRASIL. Ministério da Saúde. Carta dos direitos dos usuários da saúde. 3. ed.
Brasília: Ministério da Saúde, 2011. Disponível em: https://bit.ly/3xNNjNQ. Acesso
em: 29 set. 2020.
0
FIOCRUZ. Vigilância em saúde. Pense – SUS, [S.l., s.d.]. Disponível em:
https://bit.ly/3h6tFH2. Acesso em: 29 set. 2020.
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GABRIEL, C. G. et al. Cantinas escolares de Florianópolis: existência e produtos
comercializados após a instituição da Lei de Regulamentação. Revista de nutrição,
Campinas, v. 23, n. 2, p. 191-199, 2010. Disponível em: https://bit.ly/2RzMyHA.
Acesso em: em: 29 set. 2020.
IBGE. Censo Agro 2017, [S.l.], 2017. Disponível em: https://bit.ly/33mLyJp. Acesso
em: 29 set. 2020.
IBGE. Expectativa de vida dos brasileiros aumenta para 76,3 anos em 2018. Censo
2021, [S.l.], 28 nov. 2019. Disponível em: https://bit.ly/3nWEjkY. Acesso em: 29 set.
2020.
0
Caio Luisi
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
Para explicar essa situação, precisamos entender que a USF compõe o grupo de
atividade da atenção primária, a qual está voltada à promoção da saúde e à
prevenção de doenças e não ao tratamento agudo de doenças, papel que cabe à
atenção terciária, composta pela rede de hospitais e prontos-socorros. Quanto à
conduta correta, esta teria sido aguardar no local e solicitar o serviço de
emergência para que a criança fosse encaminhada para o atendimento correto.
Lembre-se de que na USF são prestados atendimentos através da estrutura da
Estratégia Saúde da Família, que tem como principal proposta a aproximação do
usuário ao serviço, utilizando atenção multiprofissional, territorialização e
diagnóstico desse território, o que possibilita implementações de medidas
específicas e voltadas para o perfil populacional e territorial, cuja função é a
prevenção de doenças e a promoção da saúde no seu entendimento mais amplo.
Possivelmente, a partir desses apontamentos, o gestor conseguiria explicar o
motivo da conduta ser incorreta e como o ACS deveria ter agido, mas você ainda
poderá determinar uma nova perspectiva de resolução. Vamos lá! Olhe para tudo o
que foi discutido nesta seção e elabore sua resposta.
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seõçatona reV
AVANÇANDO NA PRÁTICA
VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR
Para compreender melhor os temas trabalhados nesta seção, adentraremos no
contexto de uma equipe de sanitaristas da vigilância de saúde do trabalhador.
Segundo a plataforma pública da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do
Trabalhador (RENAST),
“
a essência da ação de vigilância em saúde do trabalhador é desenvolvida por análises de documentos,
entrevistas com trabalhadores e observação direta do processo de trabalho. Corresponde ao modo de olhar do
sanitarista para o trabalho na tentativa de destacar seus impactos na saúde e ao meio ambiente. É a
observação da forma de trabalhar, da relação trabalhador com os meios de produção e da relação dos meios
de produção com o ambiente.
RESOLUÇÃO
Para atender tal demanda, devemos atentar para o fato de que, segundo as
perspectivas da RENAST, a ação geradora de uma intervenção de redução dos
riscos à saúde dos trabalhadores deve estar relacionada a um ambiente, a uma
atividade ou a um processo de trabalho. Essa ação é exercida por uma equipe
de Vigilância em Saúde do Trabalhador, não devendo ser realizada de forma
individual.
“
Os profissionais envolvidos com a VISAT não devem possuir conflitos de interesses para a realização plena
de suas atribuições de autoridade sanitária, que deve estar pautada pelos princípios voltados à saúde
pública.
A observação realizada deve destacar os aspectos técnicos, epidemiológicos e sociais do ambiente, das
atividades e do processo de trabalho em foco.
0
Atenção Primária no âmbito estadual [...]” (RENAST, [s.d., s.p.]). Dessa forma,
seõçatona reV
segundo a RENAST ([s.d.]), deve-se preconizar estratégias como:
“
• Identificar e analisar a situação de saúde dos trabalhadores da área de abrangência;
• Planejar, executar e avaliar sobre situações de risco à saúde dos trabalhadores e os ambientes e
processos de trabalho;
• Realizar ações programadas de Vigilância em Saúde do Trabalhador a partir de análises dos critérios de
priorização definidos;
• Efetuar inspeções sanitárias nos ambientes de trabalho, identificar e analisar os riscos existentes, bem
como propor as medidas de prevenção necessárias;
• Utilizar de recursos audiovisuais e outros que possibilitem o registro das ações realizadas;
• Estabelecer estratégias de negociação com os empregadores formalizadas por termos, acordos e outras
formas, para promoção da saúde dos trabalhadores garantindo a participação dos trabalhadores;
• Realizar atividades de educação continuada para formação de profissionais da saúde e áreas afins bem
como trabalhadores no que diz respeito a Vigilância em Saúde do Trabalhador.
— ([s.p.])
0
Caio Luisi
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
0
Por fim, nesta seção, discutiremos a importância da educação em saúde, do papel
de educador do profissional da saúde, bem como algumas estratégias adequadas
seõçatona reV
para tonar esse processo de ensino-aprendizagem ainda mais eficaz.
A partir disso, imagine que o gestor de saúde foi remanejado para uma Unidade de
Saúde da Atenção Primária em um pequeno município do interior do Brasil. Ao
pesquisar sobre a população local, fez um diagnóstico situacional e descobriu as
seguintes características na comunidade:
Mais de 70% dos moradores da área rural não possuem acesso à rede de
esgoto e a tratamento de água e menos de 40% residem em casas de alvenaria.
CONCEITO-CHAVE
O MODELO BIOMÉDICO
Para que se compreenda o modelo biomédico do cuidado, é preciso voltar no
tempo, alguns séculos atrás, por volta do século XVII, quando filósofos
importantes, como Galileu, Newton e Descartes, acreditavam que o nosso mundo
0
era como uma grande máquina composta de suas partes e engrenagens e que,
para compreendê-lo, bastava entender cada peça que o formava. Como essa lógica
seõçatona reV
também era aplicada à medicina, para que pudessem compreender o
funcionamento do corpo humano como um todo, estudavam cada parte ou órgão
isoladamente.
Esse modelo ganhou ainda mais força durante os séculos XIX e XX e teve suas
bases sustentadas pela corrente positivista, que defendia a ciência como única
fonte de obtenção do conhecimento verdadeiro e que negava argumentos sociais,
ambientais, psicológicos e espirituais.
0
ocorre toda vez que, por exemplo, o enfoque da consulta, da avaliação clínica ou
seõçatona reV
do tratamento proposto é exclusivamente baseado nos sinais e nos sintomas da
doença, não levando em consideração o contexto em que o cliente está inserido,
os aspectos culturais que o cercam, suas crenças e outras características sociais e
demográficas importantes.
REFLITA
Esse modelo era muito popular na Europa até meados de 1870, quando a ideia
unicausal ganhou força e o modelo biomédico, que já estudamos, tornou-se
hegemônico.
A ideia do modelo de determinação social é retomada mais tarde, mas fica restrita
à área das ciências sociais e é ofuscada pelo modelo norte-americano flexneriano.
Figura 1.13 | Determinantes de saúde e de doença de acordo com o modelo de determinação social da
doença
0
seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.
EXEMPLIFICANDO
Para que não haja mais dúvidas com relação às características dos dois modelos
que estudamos até agora, vamos compará-los no Quadro 1.4.
Quadro 1.4 | Diferenças entre o modelo de determinação social da doença e o modelo biomédico
Permeabilidade/humildade x Onipotência
Flexibilidade x Rigidez
Comunidade x Hospital/indivíduo
0
Inclui promoção da saúde x Só trata o doente
seõçatona reV
Educação como relação sujeito-sujeito, x Educação como médico-sujeito e
na relação médico-paciente o paciente como objeto
PERÍODO PRÉ-PATOGÊNICO
Compreende o período em que há interação dos condicionantes sociais e
ambientais com o suscetível (o indivíduo). É a somatória das inter-relações entre os
agentes etiológicos da doença, o indivíduo e todos os outros fatores envolvidos,
0
sejam eles ambientais, sociais, políticos, econômicos e culturais e que resultarão
na evolução da doença.
seõçatona reV
Essa combinação entre os fatores de risco e o indivíduo suscetível poderá impactar
no desenvolvimento da doença e em sua gravidade, que vai da gravidade mínima
até as situações de alto risco. Os principais fatores de risco estão descritos na
Figura 1.14.
PERÍODO PATOGÊNICO
Compreende o período em que a doença se implanta e evolui no indivíduo. Seu
início se dá quando o patógeno exerce as primeiras ações no organismo afetado,
inicialmente com perturbações de ordem bioquímica contra células, evoluindo
para defeitos, que podem ser permanentes, para agravos crônicos, para a morte
ou para a cura. Esse período é composto por quatro níveis de evolução (LEAVELL;
CLARK, 1976).
0
seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.
ASSIMILE
0
Quando falamos em educação em saúde, podemos destacar três atores principais:
seõçatona reV
Os profissionais da saúde: têm papel fundamental nos processos educativos e
devem se utilizar das ferramentas adequadas para que o processo de ensino-
aprendizagem seja eficaz e empoderador.
Para que seja efetivo, o processo de educação em saúde deve conduzir o indivíduo
à autonomia e deve torná-lo capaz de tomar decisões que vão impactar, de
maneira positiva, em seu estado de saúde. Podemos observar, de maneira prática,
esse processo de emancipação e de empoderamento ativado pela educação em
saúde na Figura 1.17.
Figura 1.17 | Impactos positivos da educação em saúde para o indivíduo e para a coletividade
0
saúde.
seõçatona reV
As principais estratégias educativas utilizadas na Atenção Primaria à Saúde (APS)
são as oficinas educativas, que podem envolver dinâmicas reflexivas e de
criatividade, filmes e documentários, culinária saudável, jogos e dinâmicas em
geral, palestras educativas, entre outras possibilidades (GUBERT et al., 2009).
Bom, agora você é capaz de compreender, por meio dos fatos históricos e
conceitos apresentados até aqui, quais foram os principais modelos de saúde
desenvolvidos e aplicados e quais são suas características. Aprendemos que o
cuidado deve levar em consideração não apenas a doença do indivíduo, mas
também e principalmente os aspectos sociais, econômicos, culturais e ambientais
que o cercam. Essa é a única forma que temos de garantir um cuidado
individualizado, integral e humanizado.
“
as inter-relações do agente, do suscetível e do meio ambiente que afetam o processo global e seu
desenvolvimento, desde as primeiras forças que criam o estímulo patológico no meio ambiente, ou em
qualquer outro lugar, passando pela resposta do homem ao estímulo, até às alteração que levam a um defeito,
invalidez, recuperação ou morte.
d. As medidas que visam à reabilitação e à redução da incapacidade fazem parte da prevenção secundária.
e. As medidas que visam à reabilitação e à redução da incapacidade fazem parte da prevenção terciária.
0
seõçatona reV
Questão 2
“
O modelo biomédico vê o corpo humano como uma máquina muito complexa, com partes que se inter-
relacionam, obedecendo a leis natural e psicologicamente perfeitas. O modelo biomédico pressupõe que a
máquina complexa (o corpo) precise constantemente de inspeção por parte de um especialista. Assume-se,
assim, de modo implícito, que alguma coisa, inevitavelmente, não estará bem dentro dessa complexa máquina.
Não fosse por isto, por que as inspeções constantes? O modelo biomédico não vê o corpo como uma máquina
perfeita, mas como uma máquina que tem, ou terá, problemas, que só especialistas podem constatar.
— (KOIFMAN, 2001.)
Questão 3
Educação em saúde é o
“
Processo educativo de construção de conhecimentos em saúde que visa à apropriação temática pela população
[...]. Conjunto de práticas do setor que contribui para aumentar a autonomia das pessoas no seu cuidado e no
debate com os profissionais e os gestores a fim de alcançar uma atenção de saúde de acordo com suas
necessidades.
— (BRASIL, 2006.)
a. A finalidade principal é educar indivíduos para que obedeçam a todas as recomendações médicas
prescritas.
b. O profissional da saúde tem o papel exclusivo de ser o transmissor de informações úteis para a saúde
individual.
c. O receptor deve ser agente passivo no processo de educação, o que facilita a comunicação e a adoção das
práticas recomendadas pelo profissional da saúde.
e. O plano de educação em saúde deve ser aplicado individualmente para fins didáticos.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA FILHO, N.; ROUQUAYROL, M. Z. Introdução à Epidemiologia. 4. ed.
Revisada e Ampliada. Rio de Janeiro: Editora Guanabara-Koogan, 2006. E-book.
0
em: https://bit.ly/3o6yRvP. Acesso em: 5 out. 2020.
seõçatona reV
DA ROS, M. A. A ideologia nos cursos de medicina. In: MARINS, J. J. N.; REGO, S.,
LAMPERT, J. B.; ARAÚJO, J. G. C. (orgs.). Educação médica em transformação:
instrumentos para a construção de novas realidades. São Paulo: Editora Hucitec,
2004. p. 224-244.
0
Caio Luisi
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
Como você já sabe, o gestor está lidando com um pequeno município do interior
do Brasil, cuja população é de baixo nível socioeconômico, de baixa escolaridade,
tem saneamento básico precário, é composta predominantemente de pessoas
acima dos 55 anos e tem um número expressivo de indivíduos com doenças
crônicas não-transmissíveis, como diabetes e hipertensão arterial.
0
Aumentar o número de aparelhos para medir pressão arterial e níveis de
seõçatona reV
glicemia.
As possíveis ações para o manejo da situação podem se basear nos períodos que
esse modelo estabelece:
0
são analfabetos e de baixa renda. Os dois são idosos, hipertensos, têm problemas
seõçatona reV
com colesterol e diabetes. Eles tinham consulta marcada na Unidade de Saúde e,
pela primeira vez em mais de dez anos, dirigem-se à unidade. Ao chegar na
consulta, são recebidos pelos profissionais da triagem, que fazem algumas
perguntas sobre o que eles estão sentindo, verificam alguns sinais vitais e
perguntam acerca de outras doenças prévias, depois do que ambos são
direcionados para o atendimento médico.
Alguns meses se passam após a consulta e Sr. Osvaldo volta à unidade alegando
dor forte na nuca e “tonteira”. É verificada a sua pressão arterial e percebe-se que
ele está com a pressão muito elevada, além de apresentar também outros
problemas.
RESOLUÇÃO
Podemos ver, neste caso, uma forte influência do modelo biomédico. Embora
pareça distante, casos como este ocorrem rotineiramente na prática clínica por
todo Brasil e em outros lugares do mundo.
0
da prescrição, como posologia, eventuais efeitos adversos e outras
orientações que determinam o uso correto dos medicamentos,
seõçatona reV
considerando as caraterísticas dos pacientes.
Conduta ideal:
Sr. Osvaldo teve complicações que poderiam ter sido evitadas com um pouco
mais de atenção por parte da equipe. Cabe aos profissionais corrigir esse erro
prestando a assistência necessária para evitar agravos ainda piores e aplicando
todas as condutas já mencionadas para que o casal possa finalmente
compreender, internalizar e incorporar em seu dia a dia o tratamento
adequado.
0
Caio Luisi
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
CONVITE AO ESTUDO
Nesta unidade estudaremos mais a fundo as políticas públicas de saúde no Brasil e
o contexto histórico que nos levou à criação do maior projeto de política pública no
Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS).
Vamos nos aprofundar nos estudos desse sistema que revolucionou a saúde
pública no Brasil por ser universal e gratuito e, ainda, por surpreender devido a
sua implantação em um país com mais de 200 milhões de habitantes, caso único
no mundo, em um país com essas proporções.
Além disso, você conhecerá as bases legais que sustentam o SUS, seus objetivos,
suas diretrizes e sua organização.
Primeiramente vamos entender o que é uma política pública, para que de fato ela
0
serve, como é pensada e como se aplica na área da saúde, além de
compreendermos as responsabilidades do Estado no compromisso pactuado na
seõçatona reV
Constituição Federal de 1988, que assegura a saúde como um direito de todos.
A fim de que você possa aplicar os conhecimentos que aprenderá ao longo desta
seção, vamos propor uma situação com a qual você, futuro profissional, poderá se
deparar no mercado de trabalho. Assim, utilizaremos o contexto de um gestor de
saúde que atua na Secretaria de Saúde de um pequeno município.
0
Dali em diante, o palestrante decide dividir os participantes da capacitação em
seõçatona reV
grupos e pede para que eles descrevam as vezes em que utilizaram os serviços do
SUS e depois que apresentem o que sabiam do SUS e qual a relevância desse
sistema para o País.
Agora imagine que você, aluno, é um dos participantes da palestra. Após ter
internalizado os conteúdos desta seção, como você responderia a esses
questionamentos? Concordaria ou não com a opinião da colega com base no que
aprendeu?
CONCEITO-CHAVE
0
específicos, seja por meio de ações e estratégias para enfrentar o problema, segue
seõçatona reV
para a implementação, momento em que se coloca em prática o que foi
formulado, e, por fim, chega-se à monitorização e à avaliação, que é, de fato, a
etapa em que se verifica se o que foi planejado e colocado em prática foi eficaz ou
não e se é viável ou não sua continuidade do ponto de vista econômico,
administrativo e até mesmo de eficácia.
EXEMPLIFICANDO
Você sabia que o nosso Sistema Único de Saúde (SUS) é o maior projeto de
saúde pública do País? Pois é, ele foi criado em 1988 e é regulamentado
pela Lei nº 8.080/90. Nesta seção aprofundaremos nossos conhecimentos
sobre esse sistema que revolucionou a saúde pública de nosso País!
As políticas públicas de saúde são ações, programas e projetos feitos pelo governo
com o objetivo de solucionar problemas em saúde, de prevenir agravos e de
promover saúde de maneira geral, ou seja , é a forma de operacionalizar as leis
existentes.
Dessa forma, podemos compreender que as políticas públicas de saúde são todas
as ações e os programas organizados pelo Estado, com ou sem participação de
organizações não governamentais, os quais têm por objetivo afetar positivamente
a saúde do indivíduo e da coletividade direta e/ou indiretamente.
O Poder Legislativo é responsável por criar e aprovar leis, por fazer a análise da
gerência do Estado e por aprovar ou reprovar as contas públicas, além de,
também, questionar os atos do Poder Executivo. Podemos concluir, portanto, que
ele exerce um controle político, administrativo e financeiro/orçamentário.
Os três Poderes atuam de maneira conjunta e têm igual força, de maneira que um
não se sobrepõe ao outro.
ASSIMILE
Em resumo:
Para entender quem são os envolvidos em cada um dos Poderes, observe a Tabela
2.1.
Tabela 2.1 | Cargos de acordo com os três Poderes nas esferas federal, estadual e municipal
0
Judiciário Ministros do Tribunais de Justiça Juízes
seõçatona reV
Supremo Tribunal
Federal
ASSIMILE
Como vimos anteriormente, é nesse ponto que a seguridade social tem maior
protagonismo e destaque. Com foco nas garantias de acesso aos direitos básicos
para toda população brasileira, o direito à saúde torna-se universal e uma
obrigação do Estado brasileiro.
0
saúde” (BRASIL, 1990, [s. p.]). Fatores condicionantes e determinantes da saúde
são todos os fatores que influenciam direta ou indiretamente a saúde de um
seõçatona reV
indivíduo ou de uma coletividade. Para exemplos, observe a Figura 2.3.
São ainda atribuições do SUS, de acordo com o art. 6º da Lei nº 8.080/90, atuar
sobre: a assistência terapêutica integral e a assistência farmacêutica; o controle e a
fiscalização de alimentos, água e bebidas; a ordenação da formação de recursos
humanos na área da saúde; a saúde do trabalhador, a vigilância epidemiológica,
sanitária e nutricional, entre outras obrigações.
0
frequentes e impactaram diretamente no acesso dos cidadãos aos serviços
seõçatona reV
públicos de saúde. Sendo este um direito de todos previsto em lei, houve, nas
últimas décadas, um aumento significativo em sua reivindicação por meios
processuais para garantir tratamentos, cirurgias, internações, acesso a
medicamentos de alto custo e outros serviços de saúde. Esse fenômeno foi
chamado de Judicialização da Saúde e ocorre intensamente até os dias de hoje, ou
seja, o indivíduo se utiliza do Poder Judiciário e processa o Estado para garantir o
seu direito. Porém, essas demandas processuais têm impacto econômico
orçamentário altíssimo e não previsto pelo SUS, agravando ainda mais sua gestão.
REFLITA
0
parte do SUS e deve seguir suas diretrizes, princípios e objetivos. Um exemplo
seõçatona reV
conhecido e que você já deve ter ouvido falar é o das Santas Casas de Misericórdia
espalhadas por todo país. O Sistema Suplementar de Saúde é fiscalizado por três
órgãos, conforme Figura 2.4.
Legenda: ANS: Agência Nacional de Saúde Suplementar; ANVISA: Agência Nacional de Vigilância
Sanitária; SBDC: Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência.
ASSIMILE
0
realidade, a proposta é que seja possível atuar antes disso, através dos agentes de
seõçatona reV
saúde que visitam frequentemente as famílias para antecipar os problemas e para
conhecer a realidade de cada família, encaminhando as pessoas para os
equipamentos públicos de saúde quando necessário.
Com base no que está estabelecido nas Lei Orgânica de Saúde , são considerados
campos de atuação do Sistema Único de Saúde:
b. O controle de bens de consumo que se relacionem diretamente com a saúde da população,
compreendidas todas as etapas do processo.
Questão 2
Leia o trecho e responda: “Lamentavelmente, todas as vezes em que falamos dos
objetivos da saúde pensamos em Tratar das Pessoas Doentes. Isso no público e no
privado. Esquecemos que o maior objetivo da saúde é impedir que as pessoas
adoeçam” (CARVALHO, 2013).
Questão 3
“A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) é uma autarquia sob regime
especial vinculada ao Ministério da Saúde e responsável pela regulação,
normatização, controle e fiscalização das atividades que garantam a assistência
suplementar à saúde” (PIETROBON; PRADO; CAETANO, 2008).
0
suplementar.
seõçatona reV
V. Cabe à ANS a regulação financeira das operadas e de questões relacionadas
aos direitos dos consumidores desses produtos.
a. III, apenas.
REFERÊNCIAS
BAPTISTA, T. W. F.; MACHADO, C. V.; LIMA, L. D. Responsabilidade do Estado e
direito à saúde no Brasil: um balanço da atuação dos Poderes. Ciênc. saúde
coletiva, Rio de Janeiro, v. 14, n. 3, p. 829-839, 2009. Disponível em:
https://bit.ly/2R8wdcY. Acesso em: 15 out. 2020.
CARVALHO, G. A saúde pública no Brasil. Estud. av., São Paulo, v. 27, n. 78, p. 7-26,
2013. Disponível em: https://bit.ly/3eE6tOw. Acesso em: 15 out. 2020.
LASSWELL, H. D. Politics: Who Gets What, When, How. Cleveland: Meridian Books,
1958.
0
papel da Agência Nacional de Saúde Suplementar na regulação do setor. Physis,
Rio de Janeiro, v. 18, n. 4, p. 767-783, 2008. Disponível em: https://bit.ly/2Q8XvQ9.
seõçatona reV
Acesso em: 15 out. 2020.
SANTOS, M. A. Lutas sociais pela saúde pública no Brasil frente aos desafios
contemporâneos. Revista Katálysis, Florianópolis, v. 16, n. 2, p. 233-240, 2013.
Disponível em: https://bit.ly/3y1v4Vi. Acesso em: 22 out. 2020.
0
Caio Luisi
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
Logo, o ideal seria que os profissionais tivessem consciência de que não temos,
necessariamente, de ter um plano de saúde privado, mas que, principalmente,
precisamos pressionar e exigir, como sociedade, que o SUS seja gerido de maneira
mais eficaz, que haja mais investimentos, que exista maior fiscalização e, tudo isso,
para que esse serviço, que é para todos, se mantenha operante e com qualidade.
0
Outro ponto importante é a ideia do “nunca utilizei o SUS”. Todos os cidadãos que
estão em território nacional utilizam o SUS, já que este é responsável não só pela
seõçatona reV
assistência médica, mas também pela qualidade de alimentos, da água e de outras
bebidas que ingerimos; pelas campanhas de vacinação e por várias outras medidas
de vigilância epidemiológica, sanitária, nutricional e uma infinidade de serviços.
Tendo essa consciência, as perguntas devolvidas pelo gestor seriam facilmente
respondidas!
AVANÇANDO NA PRÁTICA
ACESSO A DETERMINADOS TRATAMENTOS PELO SUS
Para trabalharmos mais alguns temas discutidos nesta seção, contextualizaremos
uma situação vivenciada pelo secretário de saúde de uma cidade interiorana. Ele
recebeu, em uma reunião, alguns representantes de associações de moradores
dos bairros da cidade em que trabalha.
RESOLUÇÃO
Uma possível solução, que demanda muita iniciativa e pressão por parte da
sociedade civil, seria repensar e otimizar a gestão do SUS, pois, se mais
recursos são investidos nos lugares certos, maior será a disponibilidade de
serviços e de tratamentos em saúde e melhor será a assistência prestada. Isso
diminuiria a necessidade de judicializar a saúde, pois as pessoas teriam, de
fato, acesso universal garantido por lei e atendimento de qualidade.
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No entanto, é importante ressaltar que esse esforço deve ser conjunto,
atingindo todas as esferas (federal, estadual e municipal) e com a atuação
seõçatona reV
integrada dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário e da população.
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Caio Luisi
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
Num primeiro momento, vamos discutir a Lei Orgânica de Saúde nº 8.080 de 1990,
que, de maneira geral, fala sobre a organização e a gestão do SUS.
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Considerando os temas discutidos nesta seção, vamos acompanhar as atividades
seõçatona reV
de um secretário de saúde de um pequeno município.
CONCEITO-CHAVE
A base legal que sustenta nosso Sistema Único de Saúde é constituída pela Lei
Orgânica da Saúde – Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990 –, que regulamenta o
SUS, e pela Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, que dispõe sobre a
participação da comunidade na gestão do SUS.
Para além disso, a Lei nº 8.080/90 ainda fala dos objetivos e de outras atribuições
do SUS já mencionadas na Seção 2.1.
0
desigualdades, regular os sistemas estaduais, apoiar a articulação entre os
seõçatona reV
estados, avaliar os resultados das políticas nacionais e do desempenhos dos
sistemas estaduais, entre outras muitas atribuições.
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uma gestão centralizadora e distante. As atribuições dos conselhos de saúde são
seõçatona reV
resumidas na Figura 2.7.
ASSIMILE
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e coletivo e não como um serviço ao qual se tem acesso por meio da contribuição
seõçatona reV
ou por outro meio. Assim, em teoria, sequer poderíamos afirmar que é gratuito, já
que não há relação de pagamento por ser um direito de todos.
O direito aqui se expande para o que entendemos por Estado de bem-estar social,
em que o Estado tem por obrigação corrigir as injustiças (iniquidades) sociais e
estimular o desenvolvimento econômico e social, os quais têm importância
reconhecida no processo saúde-doença.
PRINCÍPIO DA EQUIDADE
A desigualdade social e econômica ocorreu, historicamente, por toda a construção
do Brasil desde a época do descobrimento. A equidade constitui, portanto, um dos
problemas mais relevantes e complexos de nossa sociedade, e os abismos sociais
e econômicos revelam quão distantes estamos ainda de solucioná-lo.
EXEMPLIFICANDO
0
desses critérios, sabe-se que esse parâmetro técnico nem sempre abrange as
seõçatona reV
questões políticas e sociais envolvidas (MATTA, 2007).
REFLITA
O Brasil enfrenta seu maior desafio quando nos deparamos com uma
distribuição de renda absurdamente desigual. Sabemos hoje que 10% dos
milionários de nosso País detêm juntos cerca de 55% da riqueza total de
nossa nação e que esse abismo social apenas aumenta com o passar das
décadas. Para você, qual impacto isso causa na saúde de nossa população?
Quais mecanismos sociais e econômicos podem ajudar na distribuição de
renda para as camadas mais pobres? Como essa redistribuição de renda
pode afetar positivamente a saúde populacional?
PRINCÍPIO DA INTEGRALIDADE
A integralidade, no campo da saúde, segue diversos caminhos em sua
complexidade (MATTOS, 2001):
0
que a proposta do SUS vai além da reformulação do sistema de saúde e agrega,
principalmente, a difícil missão de uma sociedade mais justa e menos desigual, que
seõçatona reV
realmente se preocupa em corrigir as desigualdades para que haja justiça social. É
exatamente por isso que, ao tentar promover equidade para mais de 200 milhões
de brasileiros, enfrenta diversos problemas em seu financiamento e em sua
gestão.
a. A universalidade prevê a saúde como direito para todos os cidadãos contribuintes do país.
b. A equidade traduz a ideia de que todos são iguais perante a lei e, portanto, devem ser tratados de forma
igual.
d. A equidade entende que as pessoas vivem em condições desiguais e, portanto, devem ser tratadas de
acordo com suas necessidades.
e. A participação popular é um princípio doutrinário do SUS que consta em várias políticas de saúde.
Questão 2
A participação popular na gestão do SUS é uma conquista resultante dos esforços
de diversos movimentos sociais que lutaram por uma política descentralizada e
inclusiva a partir da década de 1970, culminando no marco histórico da publicação
da Constituição Federal de 1988, que atendia a essa demanda popular.
a. Participam do monitoramento e do controle das políticas de saúde, porém não interferem nos aspectos
econômicos e financeiros.
b. A participação desse colegiado ocorre apenas na esfera municipal, pois, nas demais, as decisões são
tomadas pelo legislativo.
c. São compostos por representantes do governo, por prestadores de serviço, por profissionais da saúde e
por usuários do SUS.
Questão 3
A Lei nº 8.080/90 e a Lei nº 8.142/90 formam as bases legais do SUS, descrevendo
sua organização, seu funcionamento, sua gestão e sua participação popular,
respectivamente. A gestão descentralizada e participativa é importante, pois
aproxima o usuário do serviço e o coloca como corresponsável pelas ações de
saúde e pelas políticas públicas implementadas.
Com relação à Lei nº 8.142 de 1990 é correto afirmar que o controle social no SUS
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contará com as seguintes instâncias:
seõçatona reV
a. Conselho de Saúde e Fundação Nacional de Saúde.
REFERÊNCIAS
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de
1988. Brasília, DF: Presidência da República, 1988. Disponível em:
https://bit.ly/3hjAsgs. Acesso em: 29 out. 2020.
0
SANTOS, M. A. Lutas sociais pela saúde pública no Brasil frente aos desafios
contemporâneos. Revista Katálysis, Florianópolis, v. 16, n. 2, p. 233-240, 2013.
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Disponível em: https://bit.ly/3y5LUm7. Acesso em: 29 out. 2020.
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Caio Luisi
seõçatona reV
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pura de legitimação do poder cidadão.
seõçatona reV
Agora que você já aprofundou seus conhecimentos sobre as bases legais do SUS
nesta seção, é plenamente capaz de formular uma nova perspectiva de resposta
para essa problemática, trazendo uma resolução com argumentos bem sólidos. Vá
em frente!
AVANÇANDO NA PRÁTICA
APONTANDO O ERRO
Considerando o caráter participativo dos usuários do SUS dentro das decisões do
contexto da saúde, principalmente nas instâncias municipais. Para
contextualizarmos esse tema, imagine que o prefeito e a secretária de saúde de
um município convocaram uma reunião com representantes de associações de
moradores. A reunião é para tratar do orçamento previsto para saúde no próximo
ano, no município. A secretária de saúde municipal inicia sua fala e apresenta o
cronograma de atividades, as metas e, finalmente, o orçamento para a área de
saúde, segundo o qual considerava que, para o próximo ano, seriam destinados
12% de todos os recursos municipais para a saúde da cidade, destacando tal
porcentagem com tom de orgulho. A reunião segue e tudo parece normal, mas
talvez não para você, usuário do SUS, que acompanha a reunião.
Há algo de errado com o orçamento previsto? O que você faria nesse caso?
RESOLUÇÃO
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Caio Luisi
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
0
Por fim, estudaremos as Normas Operacionais da Assistência à Saúde (NOAS) de
seõçatona reV
2001 e 2002, as quais impulsionaram o processo de descentralização, dando maior
autonomia aos municípios, entre outras medidas importantes.
Esta seção encerra os conteúdos sobre o SUS, que, mesmo com inúmeros
problemas e desafios, segue sendo o único sistema universal no mundo que
abarca mais de 200 milhões de brasileiros.
O gestor de saúde visita o hospital municipal da pequena cidade como parte das
suas tarefas rotineiras. Ao chegar à unidade de internação, após cumprimentar os
funcionários, é surpreendido por uma mulher, acompanhante de um dos pacientes
internados. A mulher parecia estar realmente alterada e nervosa, pois esbravejava:
“Eu pago impostos! Meu marido tem que fazer hemodiálise e não há máquinas
nem profissionais capacitados nesta cidade! Eu exijo que o senhor compre
urgentemente esses aparelhos para a cidade!”.
CONCEITO-CHAVE
DIRETRIZES DO SUS
Caro estudante, nas seções anteriores estudamos os princípios do SUS, que são
universalidade, equidade e integralidade. Vimos também que eles devem se
articular com algumas diretrizes constituintes da base para a organização do nosso
sistema de saúde. São as diretrizes do SUS: descentralização, regionalização e
hierarquização, e participação da comunidade. As ações em saúde dos serviços
públicos ou privados, contratados ou conveniados devem atender a essas
diretrizes, previstas no art. 198 da Constituição Federal de 1988.
DIRETRIZ DA DESCENTRALIZAÇÃO
Podemos entender a descentralização em diversos âmbitos, como
descentralização política, administrativa, de serviços, entre outras possibilidades. A
descentralização no SUS parte do pressuposto de que a União deve ser obediente
aos princípios da Constituição, os quais devem ser assegurados e implementados
em todas as esferas (municipal, estadual e federal).
No SUS, a descentralização do sistema de saúde deve ocorrer em direção única em
cada esfera do governo e envolve descentralizar poder, responsabilidades,
recursos e, consequentemente, sua gestão, isso tudo para garantir que seja
democrática e que haja, de fato, a participação da sociedade.
0
A legislação e outros instrumentos, como as Normas Operacionais Básicas (NOB),
seõçatona reV
do SUS, dispõem de atribuições comuns, responsabilidades específicas e
articulação entre esferas. Mais adiante nos aprofundaremos um pouco mais nesse
tema.
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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.
A Norma Operacional Básica 92 (NOB-SUS 92) foi criada pela Portaria nº 234/92,
ainda com o INAMPS como órgão responsável pelo repasse de recursos entre as
esferas e ainda utilizando o instrumento convenial na transferência desses
recursos.
0
É importante enfatizar que a Lei nº 8.142/90 estabelecia critérios que acabavam
favorecendo municípios mais bem organizados econômica e politicamente,
seõçatona reV
excluindo, assim, os mais carentes. Esse fator levou muitos municípios a se
organizarem a fim de terem algum poder na gestão, ainda que de forma limitada.
Em 1993, cerca de 1/5 dos municípios, os quais eram, em sua maioria, capitais e
grandes cidades, já haviam implementado a política de descentralização.
A descentralização das ações dos serviços de saúde para nível municipal com
recebimento de recursos fundo a fundo.
ASSIMILE
0
Comissão Intergestores Tripartite (CIT): instância de articulação federal
seõçatona reV
que atua na direção nacional do SUS e que é composta de forma
paritária por quinze membros das esferas federal, estadual e municipal
(cinco membros de cada). As decisões são tomadas por consenso e não
por votação.
Das políticas externas ao setor saúde: diz respeito às ações voltadas aos
Determinantes Sociais de saúde, como políticas voltadas à habitação, ao lazer,
ao emprego, à educação, à alimentação, entre outras.
EXEMPLIFICANDO
São exemplos de gerência, segundo a perspectiva da NOB 96: a gerência de
um hospital, de um ambulatório, de um instituto, etc. São unidades que
compõem o sistema de saúde.
0
São exemplos de gestão: o sistema municipal, estadual e nacional de saúde,
geridos pelos secretários municipais, pelos estaduais e pelo ministro da
seõçatona reV
Saúde, respectivamente. Diz respeito às diferentes esferas do sistema de
saúde.
0
seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.
ASSIMILE
Essa portaria de 2001 teve alguns pontos rediscutidos e foi editada com base nos
encaminhamentos da reunião da Comissão Intergestores Tripartite (CIT), no fim de
2001. Por isso, foi publicada a Portaria nº 373, de 27 de fevereiro de 2002, a NOAS-
SUS 01/2002.
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Gestão Plena do Sistema Municipal.
seõçatona reV
Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada: condições mínimas para a atuação
nas áreas de eliminação de hanseníase, de controle da tuberculose, de controle
do diabetes mellitus e da hipertensão arterial, de saúde da criança, de saúde da
mulher e de saúde bucal.
REFLITA
Caro aluno, chegamos, assim, ao fim desta seção e agora você é capaz de
compreender quão complexos e ricos são as leis, os princípios e as diretrizes que
sustentam o maior sistema de saúde universal de todo o mundo. Os desafios da
gestão e do financiamento do SUS devem ser discutidos e solucionados junto às
diferentes esferas do poder, para que, assim, as futuras gerações possam se
beneficiar de um sistema mais justo, acessível e de qualidade. Lute pelo SUS!
Pode-se afirmar que a criação do Piso da Atenção Básica se deu em qual portaria?
Questão 2
A Portaria nº 95, de 26 de janeiro de 2001, aprovou a Norma Operacional da
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Assistência à Saúde (NOAS-SUS 01/2001), que foi resultado de muitas negociações
entre as esferas municipal, estadual e federal.
seõçatona reV
Qual o principal aspecto abordado Norma Operacional da Assistência à Saúde
(NOAS-SUS)?
c. Regionalização.
d. Municipalização.
e. Centralização da gestão.
Questão 3
A integralidade no cuidado e no acesso à saúde constitui um dos princípios do SUS.
No cuidado, a integralidade leva em consideração os aspectos socioeconômicos e
culturais, a fim de ofertar um cuidado humanizado; já no acesso, deve ofertar
serviços de saúde de forma organizada em todos os níveis de complexidade.
e. Hierarquizar o cuidado.
REFERÊNCIAS
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de
1988. Brasília, DF: Presidência da República, 1988. Disponível em: Link. Acesso em:
29 out. 2020.
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MACHADO, C. V.; LIMA, L. D.; BAPTISTA, T. W. de F. Princípios organizativos e
instâncias de gestão do SUS. In: GONDIM, R.; GABROIS, V.; MENDES, W.
seõçatona reV
Qualificação de gestores no SUS. Rio de Janeiro: EAD: Ensp, 2011. p. 47-72.
Disponível em : https://bit.ly/3uREctT. Acesso em: 4 nov. 2020.
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seõçatona reV
Caio Luisi
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prejuízo ao usuário.
seõçatona reV
Com essa explicação, a mulher entenderá que seu marido não ficará desassistido e
que existe uma organização já prevista pelo serviço local.
Não esqueça que você ainda poderá propor uma nova resposta a partir do
conhecimento adquirido nesta seção. Tente! Você tem plenas condições para isso.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
POR QUE NÃO CENTRALIZAR?
Tendo em vista os temas discutidos nesta seção, vamos acompanhar um secretário
de saúde de uma pequena cidade, que participará de uma reunião do Conselho de
Saúde local.
O gestor público foi convidado para fazer uma fala na reunião mensal do Conselho
de Saúde local, a fim de explicar melhor as relações entre as esferas do governo
quanto ao financiamento e à gestão do SUS. Iniciou sua contribuição agradecendo
aos presentes e prosseguiu com os pontos principais a serem abordados. Ao citar
a descentralização, foi questionado por um dos presentes sobre a pertinência
desse princípio: “Não seria mais fácil gerir e organizar um sistema de saúde
centralizado na esfera federal? Afinal, poderíamos ainda enviar as necessidades
dos cidadãos, nas esferas municipal e estadual, para os gestores da União, os quais
repassariam os recursos de acordo com a necessidade de cada região. Qual o
problema com esse delineamento?”. O gestor público agradeceu a pergunta e
repassou-a a todos os participantes da reunião. Afinal, qual a real importância da
descentralização do SUS? Você, estudante, o que responderia? Concorda com o
questionamento levantado?
RESOLUÇÃO
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Logo, centralizar significa, historicamente, retroceder nas conquistas
democráticas que tivemos no Brasil.
seõçatona reV
Esses argumentos poderiam ser apresentados a todos na reunião para que
fossem discutidos.
NÃO PODE FALTAR I
INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA
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Caio Luisi
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CONVITE AO ESTUDO
Prezado estudante, nesta unidade aprofundaremos nossos conhecimentos quanto
à epidemiologia, um importante eixo da saúde pública que se dedica a estudar o
processo saúde-doença e a distribuição das doenças em diferentes grupos e
segmentos populacionais.
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Prezado estudante, seja bem-vindo à primeira seção desta unidade. Nela você
seõçatona reV
aprofundará seus conhecimentos em epidemiologia, aprendendo desde o
desenvolvimento histórico dessa área de estudo, até o conceito, a atuação e as
metodologias próprias dela.
Por fim, discutiremos também sobre a informação para a ação, ou seja, sobre os
sistemas de informação que acumulam milhares de dados sobre diversos agravos
e doenças e que permitem análises capazes de demonstrar melhor as reais
prioridades, vulnerabilidades e segmentos populacionais de risco que sustentarão
as discussões para elaboração de novas políticas públicas de saúde ou de outras
ações que solucionem esses problemas.
Esta seção inicia os conteúdos sobre epidemiologia por meio da abordagem dos
principais conceitos da área, os quais são fundamentais para a compreensão dos
demais conteúdos da unidade e, consequentemente, para o seu desenvolvimento
profissional, uma vez que o tema permeia todas as áreas do conhecimento em
saúde.
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seõçatona reV
CONCEITO-CHAVE
ASSIMILE
A definição de epidemiologia deixa claro que sua preocupação central não é
apenas com a doença, a mortalidade ou as incapacidades geradas, mas é
também com todos os indicadores e determinantes de saúde, sejam
sociais, sejam econômicos, geográficos, culturais, entre outros fatores que
0
se relacionam com o surgimento e a propagação de doenças. Logo,
seõçatona reV
podemos dizer que a epidemiologia se preocupa com a melhoria desses
indicadores e com a promoção de saúde.
A epidemiologia sempre terá como alvo de suas análises a população humana, que
pode ser escolhida de acordo com sua posição geográfica, ou com outras
características, em determinado momento/período do tempo. A partir da escolha
da população, outros subgrupos são criados de acordo com variáveis como sexo,
idade, etnia, escolaridade, renda, entre outros aspectos que permitem
compreender melhor o comportamento da doença conforme as diferentes
características da população, identificando subgrupos potencialmente mais
vulneráveis.
EXEMPLIFICANDO
Descritivo Analítico
0
compreensão sobre a condição de saúde ou de doença e antecedem os estudos
seõçatona reV
analíticos, que aprofundarão as análises de correlação e cujos resultados são
capazes de subsidiar a elaboração de políticas públicas específicas para atuar na
prevenção de doenças e na promoção de saúde, sobretudo para os grupos de
maior vulnerabilidade. A Figura 3.2 apresenta os principais questionamentos a
serem respondidos por estudos epidemiológicos.
0
É importante conceituar alguns termos utilizados para a variável tempo em
epidemiologia:
seõçatona reV
• Intervalo de tempo: é a quantidade de tempo transcorrido entre dois eventos
sucessivos.
EXEMPLIFICANDO
0
obesidade, o consumo de álcool, tabaco ou outras drogas, etc. Além destas, há
seõçatona reV
diversas outras variáveis biológicas e socioeconômicas relacionados à pessoa.
REFLITA
Qual poderia ser o papel dos estudos epidemiológicos para ações de saúde
em determinadas doenças, como a recente Covid-19, que é mais severa em
indivíduos idosos e com doenças preexistentes?
Proporções
10
x100 = 20%
Taxas
Razões
As medidas de ocorrência são usadas para descrever uma situação existente ou,
ainda, para avaliar mudanças ou tendências durante um período de tempo. A
medida transversal é feita a partir da observação de um momento específico no
tempo. São um exemplo de medida transversal os estudos de prevalência que
informam o número de casos de uma doença no momento em que foi realizado.
Podemos calcular a prevalência pela fórmula a seguir, adaptada de OPAS (2010, p.
39):
º
n de pessoas doentes num per odoí
ê
T axa de Preval ncia =
º
n total de pessoas no mesmo per do í
x Fator
0
multiplicar o resultado por 100, 1.000, 10.000 ou 100.000, conforme a nossa
conveniência ou seguindo uma convenção preestabelecida.
seõçatona reV
A prevalência não pode ser considerada uma taxa, pois não considera o início nem
a duração da doença. Seu denominador não necessariamente corresponde à
população em risco, isto é, aquela população exposta e suscetível em que surgem
os casos. No entanto, a prevalência é um indicador de grande importância na
saúde pública, pois fornece uma medida do volume ou da carga da doença em
uma comunidade ou população em um dado momento, informação essencial para
o planejamento dos serviços de saúde (BRASIL, 2010).
EXEMPLIFICANDO
ê
T axa de Preval ncia =
168.331
210.000.000
x 100
ê
T axa de Incid ncia =
5.632
209.837.301*
x 100.000
A taxa de incidência de Covid-19 para esse período seria de 0,27 para cada
100.000 habitantes.
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utilização de informação em saúde, seja de bancos de informações específicos,
seõçatona reV
seja de estudos epidemiológicos, auxilia na discussão de dados epidemiológicos
que podem subsidiar ações de promoção de saúde e de controle de doenças.
Chegamos ao fim da primeira seção desta unidade, e agora você já sabe o que é e
qual a importância da epidemiologia para o cuidado em saúde e para a sociedade
como um todo. Os métodos epidemiológicos permitem prever condições de saúde
e de doenças e atuar sobre elas, evitando agravos ou até mesmo propagações
endêmicas de doenças. Inúmeras são as variáveis envolvidas no processo saúde-
doença de um indivíduo e de uma população, portanto é imprescindível que o
profissional da saúde conheça seus métodos e utilize dados de estudos
epidemiológicos para pautar análises e compreender fenômenos em determinada
população.
a. Identificam apenas casos de pessoas vivas, os quais são diagnosticáveis no período da avaliação.
Questão 2
Os primeiros registros epidemiológicos datam de mais de 2000 anos atrás, quando
Hipócrates observou fatores ambientais que interferiam na ocorrência de doenças.
No entanto, o primeiro relato documentado de investigação epidemiológica em
grupos populacionais ocorreu em Londres, no século XIX.
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De acordo com a perspectiva da epidemiologia frente à descrição de uma doença,
seõçatona reV
assinale a alternativa correta.
Questão 3
A epidemiologia se preocupa em descrever a distribuição e a magnitude de
problemas relacionados à saúde em diferentes populações humanas, além de
levantar evidências que pautam o planejamento, a implementação e a avaliação de
ações de controle e de tratamento para as doenças.
REFERÊNCIAS
DOLL, R.; HILL, A. Mortality in relation to smoking: ten years’ observations on British
doctors. Br Med J., [S. l.], v. 1, n. 5396, p. 1460–1467, 1964. Disponível em:
https://bit.ly/3zuAJUO. Acesso em: 15 nov. 2020.
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SILVA JUNIOR, J. B.; GOMES, F. B. C; CEZÁRIO, A. C.; MOURA, L. Doenças e agravos
seõçatona reV
não transmissíveis: bases epidemiológicas. In: ROUQUAYROL, M. Z.; ALMEIDA
FILHO; N. de. Epidemiologia e Saúde. 6. ed. Rio de Janeiro: Medsi, 2003.
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Caio Luisi
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
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AVANÇANDO NA PRÁTICA
seõçatona reV
ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA
Uma doença, que é endêmica em uma região, continua a avançar, e o número de
casos diagnosticados vêm aumentando nos últimos tempos.
RESOLUÇÃO
MÉTODOS EPIDEMIOLÓGICOS
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Caio Luisi
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Fonte: Shutterstock.
Os estudos analíticos são amplamente utilizados, pois são estudos mais complexos
e que propiciam estabelecer relação entre fatores de risco e doenças ou entre
causa e efeito.
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de estudos epidemiológicos, daí a importância de nos aprofundarmos nesse tema.
seõçatona reV
Considerando os conteúdos a serem apresentados nesta seção, principalmente
sobre os diferentes métodos epidemiológicos, vamos acompanhar novamente a
reunião de um grupo de profissionais da vigilância epidemiológica de uma cidade
do interior do Brasil, cuja pauta central é a pertinência de uma investigação sobre
as consequências do tabagismo numa população de jovens adultos que trabalham
na área rural. O interesse por esse estudo surgiu ao detectarem, em um inquérito
(pesquisa descritiva), que mais de 54% dos indivíduos entre 18 e 30 anos se
declararam tabagistas.
CONCEITO-CHAVE
0
inicialmente quanto à originalidade do estudo. Estudos primários utilizam dados
originais, coletados a partir de uma população ou amostra. Estudos secundários
seõçatona reV
utilizam registros existentes, como dados de prontuários ou de sistemas de
informação de saúde, por exemplo o Departamento de Informática do Sistema
Único de Saúde (DATASUS).
Não há interferência.
EXEMPLIFICANDO
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- Retrospectivo: determina a incidência de câncer em trabalhadores
expostos à radiação em um acidente nuclear no passado.
seõçatona reV
• Direcionalidade temporal: os estudos longitudinais, quando são realizados a
partir de dados e de registros do passado, são chamados retrospectivos, ou ex
post facto, ou, ainda, “coorte histórica”. Nesses casos, partimos dos registros
históricos e seguimos até o momento presente, principalmente para avaliar uma
exposição no passado com um desfecho no presente. São prospectivos quando o
seguimento parte do presente e vai para o futuro, como no exemplo citado no item
Exemplificando.
ASSIMILE
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• Estudos de caso-controle: podem investigar a etiologia de doenças ou de
seõçatona reV
condições de saúde. Os participantes são divididos entre os que já possuem a
doença (casos) e os que não têm a doença ou condição (controles). Nos dois
grupos são verificadas as exposições aos fatores de risco da doença em questão e,
se a proporção do fator de risco for maior no grupo de casos, há então indicativo
de que aquele fator realmente pode levar ao surgimento da doença.
ESTUDOS EXPERIMENTAIS
Ao contrário dos estudos observacionais, os experimentais têm interferência direta
sobre os participantes, o que pode significar a eliminação de um fator de risco ou a
inserção de algum tratamento para um grupo de pacientes. Os efeitos da
intervenção são medidos por meio da comparação do desfecho entre os indivíduos
do grupo experimental e o de controle.
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escrevendo a discussão não sabem dessa informação, sendo revelada apenas após
seõçatona reV
a redação e a posterior edição, a fim de garantir a menor interferência possível.
Os ensaios de campo envolvem pessoas que não estão doentes, mas que têm risco
de desenvolver a doença. Eles necessitam de um grande número de pessoas, e os
dados são coletados em campo, ou seja, os indivíduos não estão
institucionalizados. São estudos caros e logisticamente complicados.
Erros aleatórios
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Os erros poderiam ser evitados por meio do uso de protocolos rigorosos e bem
seõçatona reV
definidos para a realização das medidas. Além disso, é imprescindível aos
pesquisadores conhecer os métodos de medida utilizados e os erros que podem
causar.
INFERÊNCIA ESTATÍSTICA
A inferência estatística utiliza o método estatístico para, a partir de amostras
populacionais, inferir conclusões para populações. Inferir, nesse caso, significa tirar
conclusões a partir de dados, já que é praticamente impossível e logisticamente
inviável estudar populações inteiras. Dessa forma, os estudos epidemiológicos
selecionam uma porção dessa população chamada amostra, que deve ser
suficiente para retratar o todo.
REFLITA
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Causa pode ser definida como qualquer condição, característica ou evento que
seõçatona reV
tenha função essencial na ocorrência de determinada doença. A ocorrência de
uma doença, em geral, está associada a um conjunto de fatores e não apenas a um
isolado.
• Viés: fenômenos que fazem com que duas variáveis caminhem juntas, mesmo
que não exista relação de causa-efeito. Por exemplo: em um estudo, a variável “uso
de roupas caras na infância” se relacionou estatisticamente com “maior
probabilidade de terminar um curso de ensino superior”. Embora a roupa não
tenha relação direta com completar um curso de ensino superior, sabe-se que a
variável “renda mensal”, por exemplo, é a responsável por proporcionar o poder de
comprar roupas caras na infância e de realizar um curso superior no futuro. Logo,
as variáveis, nesse caso, caminharam juntas, mas não tinham relação de causa e
efeito.
Chegamos ao fim de mais uma seção e agora você está apto a compreender a
complexidade dos estudos epidemiológicos e o motivo de existirem e serem tão
importantes para a manutenção da saúde das populações do mundo.
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Com relação aos estudos transversais epidemiológicos, é correto afirmar que:
seõçatona reV
a. Estudos transversais são estudos de maior complexidade, já que têm a necessidade de seguir os
participantes da amostra em um período de tempo.
b. Estudos transversais verificam a situação de exposição e de efeito de uma doença em uma população,
em um único momento apenas, não seguindo os participantes no tempo.
c. Estudos transversais são estudos complexos que permitem o estabelecimento da associação de causa-
efeito, seguindo os participantes no tempo.
d. Estudos transversais são estudos complexos em que se pode determinar o risco relativo de um fator
causal associado a uma doença ou a fenômeno ao longo do tempo.
e. Estudos transversais são estudos de menor complexidade em que uma amostra randomizada da
população é dividida em grupos, os quais passam por experimentação.
Questão 2
Os estudos epidemiológicos são considerados alicerces dos saberes e das ações na
área da saúde. São desenvolvidos em diferentes níveis de complexidade, desde as
investigações descritivas, que caracterizam e traçam o perfil epidemiológico de
diferentes populações, até estudos com análises mais complexas, que
correlacionam essas características com o surgimento de doenças e agravos.
a. Estudos do tipo coorte se estendem, geralmente, por longos períodos e são indicados para a análise de
fatores causais raros.
d. Estudos ecológicos são fáceis de realizar e constituem a melhor opção para testar hipóteses de causa e
efeito no estudo de uma doença.
Questão 3
Os delineamentos, ou desenhos de pesquisa epidemiológica, podem ser
classificados de acordo com diversas características, como a originalidade dos
dados, os tipos de amostras ou populações, o recorte temporal ou até mesmo o
período de seguimento do estudo. Os diferentes delineamentos servem para
responder a diferentes questionamentos.
a. Estudo experimental.
b. Estudo transversal.
c. Estudo de caso-controle.
d. Estudo de coorte.
e. Estudo randomizado.
REFERÊNCIAS
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BOTELHO, F.; SILVA, C.; CRUZ, F. Epidemiologia explicada – viéses. Acta Urológica,
seõçatona reV
Lisboa, v. 25, n. 3, p. 55-57, 2008. https://bit.ly/2TyfZuv. Acesso em: 5 dez. 2020.
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Caio Luisi
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Fonte: Shutterstock.
Os pesquisadores decidiram iniciar uma nova investigação para saber qual impacto
o hábito tabagista poderia ter nessa população, por isso estão discutindo quais
desenhos metodológicos poderiam utilizar para chegar a essa resposta.
Lembre-se de que esta não é a única forma de encontrar respostas. Quais outras
formas você acredita serem possíveis para se alcançar resultados que auxiliem a
equipe?
AVANÇANDO NA PRÁTICA
RESPOSTAS RÁPIDAS!
Vamos novamente acompanhar a reunião do grupo de profissionais da vigilância
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epidemiológica que discute a questão do impacto que o tabagismo pode ter na
seõçatona reV
população de jovens trabalhadores rurais.
RESOLUÇÃO
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Caio Luisi
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Fonte: Shutterstock.
Por fim, abordaremos o Sistema de Vigilância em Saúde de forma que você possa
conhecer o contexto que levou à integração das vigilâncias epidemiológica,
ambiental e sanitária, incorporadas pela Vigilância em Saúde, além de repensar os
desafios da articulação e da distribuição das responsabilidades entre as esferas
federal, estadual e municipal na operacionalização desse serviço.
As ações para controle de doenças e agravos estão estruturadas sobre esses
sistemas e são definidas como um ciclo cujas principais etapas são: coleta e análise
de dados e interpretação e difusão da informação.
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De maneira geral, esta seção complementa os saberes discutidos nas seções
anteriores, propiciando a análise dos temas mais relevantes em epidemiologia.
seõçatona reV
Considerando os conteúdos apresentados nesta seção, principalmente sobre os
indicadores de morbidade e de mortalidade, vamos novamente acompanhar uma
reunião de um grupo de profissionais da vigilância epidemiológica de uma cidade
do interior do Brasil.
Imagine que você faz parte desse grupo. Qual seria a sua contribuição para a
análise desse dado? Quais as possíveis justificativas para um elevado coeficiente de
mortalidade geral?
CONCEITO-CHAVE
Até a década de 1970, o Brasil era conhecido como o país do futuro, pois o grupo
etário de 0 a 14 anos era expressivo se comparado aos demais. Porém, esse
cenário mudou e começou a ser mais bem compreendido apenas no final do
século XX.
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agora a composição da família, nos grandes centros urbanos, conta com apenas
seõçatona reV
um ou dois filhos em média. A esse fenômeno de mudança de comportamento e
de composição da população, ou seja, menor participação do grupo das crianças,
devido à redução da taxa de natalidade, e a ampliação do grupo de idosos, devido
ao aumento da longevidade, chamamos de transição demográfica.
Se, por um lado, conseguimos viver por mais tempo agora do que era possível no
passado, tendo, assim, participação mais expressiva de idosos na população, por
outro, a “nova vida urbana”, com seus hábitos pouco saudáveis associados à
longevidade, fez com que as doenças crônicas não transmissíveis, como o diabetes
e a hipertensão, aumentassem significativamente.
ASSIMILE
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longevidade e com as mudanças sociais e econômicas das últimas décadas.
seõçatona reV
A transição demográfica consiste na passagem de uma situação a outra.
Essas mudanças geram uma nova distribuição entre os três grupos etários, que
são: de 0 a 14 anos, de 15 a 59 anos e 60 anos ou mais. A participação do grupo de
60 anos ou mais na sociedade passa a ser maior à medida que cada vez mais
pessoas o integram, o que ocorre de maneira mais intensa em países
desenvolvidos.
Esse novo cenário traz consigo desafios importantes, como a elaboração de novas
políticas públicas (tanto na área da saúde quanto na social e na econômica) que
atendam esse grupo e que promovam outras adaptações, desde as idades iniciais,
para que, no futuro, os idosos tenham melhores condições de vida e maior
controle dos agravos relacionados ao envelhecimento, como doenças crônicas não
transmissíveis e degenerativas.
1 Fase I - pré-industrial.
O coeficiente de natalidade tem relação com o número de nascidos vivos, por mil
0
habitantes, em determinada região e em um intervalo de tempo considerado.
seõçatona reV
O uso do coeficiente de natalidade permite analisar as variações regionais e
temporais relacionadas à natalidade; estimar o componente migratório da variação
demográfica; além de subsidiar a elaboração de políticas públicas específicas para
a atenção materno-infantil.
ASSIMILE
0
O coeficiente de mortalidade infantil estima o risco que nascidos vivos têm de
seõçatona reV
morrer antes de completar o primeiro ano de vida. É um importante indicador
social em uma comunidade.
Óbitos de menores de 1 ano na comunidade / ano
Coef iciente de Mortalidade Inf antil = x 1000
N ascidos vivos na comunidade / ano
Óbitos por causa ligada a gestação, parto e puerpério
Coef . Mort. Materna = x 1000
Nascidos vivos na mesma comunidade / ano
Óbitos por Doenças Inf ecciosas e Parasitárias (DIP)
Coef . Mort. Doe Trans. = x 100.000
P opulação est. para meio do ano na mesma área
O resultado representará o risco que os indivíduos têm de morrer pela doença em
questão e será expresso em percentual, diferente de outros, que expressam um
número por 1000 ou 100.000 habitantes.
0
EXEMPLIFICANDO
seõçatona reV
• Exemplo 1: a raiva humana apresentada 100% de letalidade, ou seja,
todos os casos que contraem a doença têm seu desfecho em óbito.
INDICADORES DE MORBIDADE
A morbidade diz respeito a doenças ou a situações existentes cujas medidas são
capazes de avaliar o comportamento e as mudanças ao longo tempo e de prever
tendências futuras. São essenciais para a formulação de ações e de políticas de
saúde pública.
VIGILÂNCIA EM SAÚDE
As constantes mudanças políticas e sociais no Brasil trouxeram novos problemas
de origens distintas e que se sobrepõem. Para atender à complexidade desses
novos desafios, em 2003, por meio do Decreto nº 4.726/2003, o Ministério da
Saúde instituiu a Vigilância em Saúde como responsável pela coordenação nacional
das ações das vigilâncias epidemiológica, ambiental e sanitária.
0
a gestão e a operacionalização das ações e impede que o processo ocorra
seõçatona reV
de forma democrática e direcionada. Não só para a questão das vigilâncias,
mas também para a gestão da saúde pública como um todo, o desafio de
integrar e articular todas as esferas ainda é um dos obstáculos a serem
vencidos.
Os dados sobre os casos são obtidos por meio de diferentes tipos de vigilância, são
eles:
0
Assim chegamos ao final de mais uma unidade e agora podemos agregar esses
novos conhecimentos a todos os demais conceitos e teorias que já abordamos na
seõçatona reV
disciplina de Saúde Pública. A epidemiologia constitui uma ferramenta importante
para a vida em sociedade como a conhecemos, pois seus métodos e indicadores
permitem diagnosticar problemas de ordem coletiva e atuar com a formulação de
políticas públicas específicas para o controle e até mesmo para a prevenção de
doenças e agravos.
Questão 2
Os termos “taxa de natalidade” e “taxa de fecundidade” são frequentemente
utilizados em textos e em relatórios epidemiológicos, sendo importantes
indicadores de saúde. No entanto, divergem em seus significados.
a. O coeficiente de natalidade tem relação com o número de todos os nascidos, por cem mil habitantes, em
determinada região e em um intervalo de tempo considerado.
b. O uso do coeficiente de natalidade permite analisar as variações regionais e temporais relacionadas à
natalidade e subsidia a elaboração de políticas públicas.
c. O coeficiente de fecundidade se relaciona com o número de mulheres de todas as idades e é expresso
também em uma média de filhos por mulher.
d. A taxa de natalidade é igual ao número de nascidos vivos multiplicado por mil e dividido pelo número
total de partos em um determinado período de tempo.
e. A taxa de fecundidade abrange mulheres entre 18 a 49 anos e os nascidos vivos em determinada área e
período de tempo
Questão 3
As ações para controle de doenças e agravos estão estruturadas sobre Sistemas de
Vigilância em Saúde, que podem ser definidos como um ciclo no qual estão
incluídas atividades específicas, intersetoriais e contínuas, divididas em quatro
etapas principais.
Tendo em vista os Sistemas de Vigilância em Saúde, assinale a alternativa correta:
a. Na obtenção dos dados, a vigilância sentinela ocorre de maneira rotineira e periódica, e os dados sobre
uma doença ou agravo são enviados em cada nível de saúde.
b. A etapa da análise dos dados diz respeito à detecção dos casos, à notificação, à classificação e à
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confirmação dos dados da doença ou do agravo sob vigilância.
seõçatona reV
c. A coleta de dados inclui a consolidação de dados e a análise de variáveis epidemiológicas básicas. É
competência das autoridades de saúde municipais, estaduais e nacionais.
d. A etapa da interpretação da informação inclui a comparação com dados prévios e com outras
informações de relevância local.
e. A difusão da informação inclui a elaboração de material com orientações e diretrizes, que é de
competência das autoridades municipais locais.
REFERÊNCIAS
CASTELLANOS, P. L. A epidemiologia e a organização dos sistemas de saúde. In:
ROUQUAYROL, M. Z. (org.). Epidemiologia & Saúde. 4. ed. Rio de Janeiro: Medsi,
1994.
0
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Logo, uma das possibilidades para que esse coeficiente esteja alto seja a idade
média avançada da população. Em uma população predominantemente idosa,
esse achado, por exemplo, poderia não ter tanta importância epidemiológica, já
que indicaria que os indivíduos já viveram o tempo médio da expectativa
epidemiológica e que começavam a falecer.
Você, como pesquisador, poderia sugerir uma comparação com outras regiões ou
com médias nacionais para melhor análise.
Por fim, a avaliação de outros indicadores de mortalidade mais específicos, como
mortalidade infantil e materna, também deve ser realizada.
Esses pontos poderiam ser colocados por você na reunião e, com certeza,
0
conduziriam a uma melhor análise por parte do grupo.
seõçatona reV
AVANÇANDO NA PRÁTICA
Supondo que você esteja participando da reunião, quais outras medidas julgaria
importantes?
RESOLUÇÃO
Por fim, pode-se notar que as medidas sugeridas vão ao encontro do que o
SUS determina: um cuidado preventivo e holístico e menos assistencialista e
biomédico.
NÃO PODE FALTAR I
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Caio Luisi
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Áudio disponível no material digital.
CONVITE AO ESTUDO
Prezado estudante, nesta unidade aprofundaremos nossos saberes a respeito dos
conceitos e das ferramentas da bioestatística, disciplina essencial para diversas
áreas do conhecimento, principalmente para os profissionais da área da saúde.
0
ferramentas da bioestatística, disciplina fundamental para os profissionais da área
seõçatona reV
da saúde.
0
Confúcio sobre levantamentos feitos na China e datam de 2.000 anos antes da era
seõçatona reV
cristã. Outras civilizações antigas, como a dos egípcios, e civilizações pré-
colombianas (incas, maias e astecas), também utilizaram informações estatísticas,
segundo estudos arqueológicos.
ASSIMILE
ASSIMILE
0
para tomada de decisão e para elaboração de ações em diferentes áreas do
seõçatona reV
conhecimento. Podemos dividi-la em três áreas principais, conforme Figura 4.1.
EXEMPLIFICANDO
0
População: representa o conjunto de pessoas ou de coisas que têm uma
característica observável comum. Por exemplo, moradores da região Nordeste
seõçatona reV
do Brasil ou as árvores de determinada área. Podemos distinguir população
ainda em dois tipos: populações comuns e populações estatísticas.
TIPOS DE VARIÁVEIS
As variáveis são classificadas em dois grupos principais: as variáveis qualitativas e
as quantitativas.
Nominal: para essas variáveis não existe uma ordenação por valores
quantitativos, mas são definidas por categorias que classificam o indivíduo com
determinada característica.
Exemplos: sexo, etnia, orientação sexual, tipo sanguíneo, causa da morte, tipo
de doença.
0
números reais resultantes de uma mensuração.
seõçatona reV
Exemplo: altura dos brasileiros (em centímetros), peso de idosos diabéticos (em
quilogramas), valores de pressão arterial de um grupo (em milímetros de
mercúrio – mmHg), distância entre dois países (em quilômetros).
ASSIMILE
0
É importante considerar que o ponto zero na escala não significa
necessariamente ausência da característica. Por exemplo: a escala de
seõçatona reV
temperatura é determinada em Celsius, na qual zero é o ponto de
congelamento da água e 100 é o ponto de ebulição. No entanto, não podemos
dizer que não há temperatura a zero graus, já que o zero nesse caso é também
uma temperatura, que pode inclusive cair para valores negativos (-1, -2 graus).
TIPOS DE AMOSTRAGEM
É muito frequente que, em estudos de diversas áreas do conhecimento, seja
inviável ou impossível acessar todos os indivíduos ou componentes de uma
população. Por isso, como já descrito anteriormente nesta seção, seleciona-se uma
porção dessa população, que é denominada amostra. Essa amostra deve ser
suficiente para expressar as características de toda a população de interesse, logo
podemos entender que o termo “amostragem” diz respeito ao ato de analisar uma
pequena parte de um grande grupo a fim de aprender mais sobre esse grupo
maior.
A Figura 4.3 lista os motivos que levam à utilização das técnicas de amostragem em
estudos científicos.
0
pertencer à amostra, cuja seleção depende do julgamento do pesquisador. Há
seõçatona reV
três tipos de amostragem não probabilística:
Amostragem por conveniência: os participantes são selecionados pela
facilidade de acesso a eles. É menos rigoroso se comparado aos demais
métodos. Exemplo: um repórter entrevista pessoas que transitam na rua no
momento.
0
desvio-padrão das variáveis estudadas, a fim de representar melhor a
população.
seõçatona reV
Amostragem por conglomerados: a população é dividida em
conglomerados ou clusters, sendo que, aleatoriamente, um conjunto de
conglomerados é selecionado como representativo da população.
REFLITA
a. Variável é toda característica que pode diferir ou variar de membro para membro do estudo (os membros
podem ser seres humanos, outros seres vivos ou objetos).
b. Dado é representado pelo conjunto de pessoas ou de coisas que têm uma característica observável
comum.
c. População é representada por um subconjunto, ou seja, são elementos de interesse que são selecionados
para uma determinada análise.
d. Amostras são observações documentadas ou resultado de medições de características de interesse.
e. População e amostra são palavras sinônimas, não havendo distinção entre seus significados, e indicam o
universo de participantes de uma pesquisa.
0
Questão 2
seõçatona reV
Os componentes que caracterizam uma população e que podem variar entre os
elementos pertencentes a um grupo são denominados variáveis. O conhecimento
e o controle dessas variáveis em uma investigação são importantes para o alcance
de resultados fidedignos.
a. Variável qualitativa ordinal é definida por categorias que classificam o indivíduo com determinada
característica.
b. Variável qualitativa nominal possui como característica uma ordenação, por vezes em diferentes graus,
nos possíveis resultados.
c. Variáveis qualitativas são também conhecidas como categóricas e representam um atributo ou qualidade
do participante da pesquisa.
d. Variáveis quantitativas contínuas se apresentam como um conjunto finito ou enumerável e não estão
relacionadas a uma escala de medida específica.
Questão 3
A análise de grandes populações torna inviável a maioria das investigações
populacionais em diversas áreas do conhecimento. Para que essas análises se
tornem possíveis, seleciona-se uma porção dessa população, denominada
amostra, a qual deve ser suficiente para expressar as características de toda a
população de interesse. Logo, pode-se entender que o termo “amostragem” diz
respeito ao ato de analisar uma pequena parte de um grande grupo para que se
aprenda mais sobre ele. Considerando as informações apresentadas, analise as
afirmativas a seguir:
a. I, apenas.
b. II, apenas.
e. I, II e III.
REFERÊNCIAS
0
ALMEIDA FILHO, N. Epidemiologia sem números: introdução crítica à ciência
seõçatona reV
epidemiológica. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1989.
BUSSAB, W. O.; MORETTIN, P. A. Estatística básica. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
E-book.
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Ao analisarmos essa situação, precisamos ter em mente que não há apenas uma
resposta correta, porém algumas questões importantes serão apresentadas aqui.
Outro ponto importante é que não foi feito cálculo amostral, fator que enfraquece
o estudo metodologicamente.
O desejável seria coletar dados no maior número de fábricas possível, desde que
houvesse autorização, e sortear, de maneira proporcional, os participantes entre
elas, afinal as realidades e condições de trabalho podem variar bastante de um
lugar para outro.
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seõçatona reV
AVANÇANDO NA PRÁTICA
UM CASO RARO
Um grupo de pesquisadores pretende estudar a qualidade de vida de pessoas com
Lúpus Eritematoso (doença autoimune) num município com cerca de 10 mil
habitantes. Decidem fazer um estudo descritivo exploratório nas Unidades de
Saúde e, por medo de não obterem uma amostra de qualidade, decidem que
sortearão a amostra com base no número total de usuários cadastrados. Um dos
chefes do departamento, no entanto, atenta para um erro metodológico
importante nesse aspecto e desafia os jovens pesquisadores a descrevê-lo. E,
então, prezado estudante, quais os erros metodológicos dessa amostragem?
RESOLUÇÃO
Uma das possíveis respostas diz respeito ao fato de que Lúpus não é uma
doença tão comum, de modo que os pesquisadores erraram ao admitir que
sua população eram todos os indivíduos cadastrados na Unidade de Saúde
quando, na verdade, deveriam ser os usuários, com diagnóstico médico prévio
de Lúpus, cadastrados nas unidades.
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Caio Luisi
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Outro ponto a ser abordado é o cálculo do desvio médio, que permite identificar a
distância média que todos os elementos de um conjunto se encontram do ponto
médio da série. Esse cálculo introduz as medidas de dispersão que serão tratadas
na próxima seção da unidade.
0
A essa altura, o grupo de pesquisadores já obteve a autorização do Comitê de Ética
seõçatona reV
em Pesquisa, coletou todos os dados e agora está na fase de análise final e de
construção dos resultados. Ao terminarem de escrever os resultados preliminares,
os estudiosos decidem rever as tabelas e gráficos e se deparam com o gráfico a
seguir.
Figura 4.4 | Gráfico das doenças referidas por participantes da pesquisa no munícipio
Bioestatística é uma ciência que está presente em várias outras ciências e presta
uma contribuição imensurável para a sociedade. Conhecer suas bases fará com
que seja um profissional de excelência e que, acima de tudo, faça a diferença por
onde passe.
CONCEITO-CHAVE
ESTATÍSTICA DESCRITIVA
Ainda que com diferentes finalidades, a coleta de dados de natureza estatística
ocorre em todas as áreas do conhecimento e atualmente está mais facilitada,
sobretudo devido ao surgimento de diversos softwares para armazenamento e
para análise de dados.
0
médias e índices.
seõçatona reV
A estatística descritiva vai muito além dos estudos científicos e está presente em
muito do que consumimos socialmente, como em jornais, em revistas e em outras
mídias sociais.
EXEMPLIFICANDO
Embora nem sempre percebamos, a estatística faz parte do nosso dia a dia.
Por exemplo: ao ler alguma reportagem sobre a alta nos preços de
alimentos, no ano de 2020, causada pela pandemia de Covid-19, é comum
medirmos esse aumento em porcentagem, como no caso do arroz, que
acumulou uma alta de 76% em seu valor durante o ano.
MEDIDAS DE POSIÇÃO
Como já vimos, a estatística descritiva otimiza a interpretação de um ou mais
conjuntos de dados e permite uma análise mais completa das características
observadas, seja por meio de números percentuais, seja por meio de gráficos,
tabelas, etc. Entretanto, é possível resumi-los ainda mais e encontrar valores que
representam uma série inteira de dados que se quer analisar. Esses valores ainda
mais resumidos são capazes de caracterizar a tendência central dos dados e de
sua dispersão.
MÉDIA
A média aritmética nada mais é que a resultante da somatória de todos os
elementos do conjunto dividida pela soma do número total de elementos.
ções da amostra
Soma de todas as observa
Média X̄ = Tamanho da amostra
1 27ºC
0
2 28ºC
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3 30ºC
4 29ºC
5 25ºC
6 23ºC
7 17ºC
ASSIMILE
Média Ponderada = ó
Somat rio dos pesos
4 10,0
2 8,5
3 6,0
3 5,0
4+2+3+3 12 12
MEDIANA
A mediana representa o “valor do meio” ou a posição central de um conjunto de
0
dados. Para que que esse valor seja encontrado, os dados devem estar
seõçatona reV
organizados em ordem crescente ou decrescente.
Dia Temperatura
1 21ºC
2 22ºC
3 23ºC
4 24ºC
5 25ºC
6 26ºC
7 27ºC
8 28ºC
9 29ºC
10 30ºC
11 31ºC
12 32ºC
13 33ºC
O conjunto de dados é (21; 22; 23; 24; 25; 26; 27; 28; 29; 30; 31; 32; 33).
O dado que ocupa exatamente a posição central do conjunto é 27. Logo, ele
representa a mediana desse conjunto.
Para um conjunto com número par de elementos, devemos encontrar a média
aritmética simples dos dois valores centrais.
0
Inicialmente organizamos os dados em ordem: (4; 5; 7; 8; 9; 12).
seõçatona reV
Identificamos os dois valores centrais: (4; 5; 7; 8; 9; 12). Nesse caso, os valores 7 e 8
devem ser somados e divididos por dois. A mediana será (7 + 8) / 2 = 7,5.
ASSIMILE
MODA
A moda é representada pelo valor mais frequente em um conjunto de dados. Esse
valor pode ser identificado observando-se a série de dados que se pretende
analisar.
Exemplo:
Conjunto de dados: (2,3; 1,8; 4,5; 8; 12; 7; 1,8; 3,5; 1,8). Ao analisarmos o conjunto
de dados, é possível observar que 1,8 é o elemento mais frequente, logo, para essa
série de dados, há apenas uma moda (1,8). Esse conjunto de dados é, portanto,
unimodal.
Exemplo: (2,3; 1,8; 4,5; 8; 12; 7; 1,8; 3,5; 2,3). Nesse caso há duas modas 2,3 e 1,8, e
o conjunto é bimodal.
O conjunto pode ainda ser classificado como multimodal quando possuir mais de
duas modas.
Exemplo: (2,3; 1,8; 3,5; 8; 12; 7; 1,8; 3,5; 2,3). As modas do conjunto são 2,3; 1;8 e
3,5, logo dizemos que ele é multimodal.
DESVIO MÉDIO
Pode ser definido como a média das distâncias dos valores do conjunto em relação
à média.
= = 3
Dam =
10+1+3+0+5+7
[|−7−3|+|4−3|+|0−3|+|3−3|+|8−3|+|10−3|]
[|−10|+|1|+|−3|+|0|+|5|+|7|]
= 26
Logo, podemos dizer que o desvio médio para essa série de dados é 4,33.
=
= 4,33
0
seõçatona reV
Frequência acumulada: é o total acumulado da soma de todas as classes
anteriores até a classe atual.
EXEMPLIFICANDO
0
Em um conjunto de dados:
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(8; 10; 15; 18; 15; 20; 22; 12; 11; 9; 15; 100; 13; 3; 1; 82; 87; 99)
As tabelas têm por objetivo apresentar dados agrupados a fim de simplificar sua
compreensão. Recomenda-se que a tabela:
Exemplo de tabela:
Feminino 35 36,1
Masculino 62 63,9
Sexo Frequência absoluta Frequência relativa (%)
Total 97 100
0
seõçatona reV
Utilizando ainda o mesmo exemplo da variável “sexo”, a informação da tabela pode
também ser representada em gráfico. Apresentaremos dois exemplos de gráficos
para a apresentação de variáveis qualitativas: o gráfico setorial, popularmente
conhecido como “pizza”, e o gráfico de coluna.
0
Figura 4.7 | Gráfico em linha dos casos acumulados de COVID-19 por data de notificação
seõçatona reV
Fonte: Covid-Saúde (2021, [s. p.]).
REFLITA
Chegamos ao fim de mais uma seção e agora você já conhece algumas formas
possíveis de sintetizar séries de dados para melhor apresentá-los e interpretá-los.
Isso é essencial em qualquer pesquisa e faz parte do cotidiano de muitos
profissionais da área da saúde. Por isso, é imprescindível que tente aplicar esses
conhecimentos, tendo como base todo conteúdo já visto até aqui.
a. A média é representada pelo valor mais frequente em um conjunto de dados. Esse valor pode ser
identificado observando-se a série de dados que se pretende analisar.
b. A mediana nada mais é que a resultante da somatória de todos os elementos do conjunto dividido pela
soma do número total de elementos.
c. Para conjunto com número par de elementos, devemos encontrar a média aritmética simples dos dois
valores centrais para obtenção da mediana.
d. A moda representa o “valor do meio” ou a posição central de um conjunto de dados, podendo ser
amodal, unimodal, bimodal ou multimodal.
e. Em conjuntos com número ímpar de dados, a mediana será representada pelo valor da soma dos dois
elementos centrais da série dividida por dois.
0
Questão 2
seõçatona reV
Dentre as medidas de dispersão, o desvio médio pode ser definido como a média
das distâncias dos valores do conjunto em relação à média. Seu cálculo é baseado
em uma fórmula que leva em consideração variáveis como a média aritmética do
conjunto e o número de elementos nele existentes.
a. Faz parte da fórmula a soma entre cada um dos elementos e a média do conjunto.
b. Os elementos devem ser calculados em módulo, pois não existe distância negativa.
Questão 3
Para que os dados sejam mais bem representados e sintetizados, instrumentos
como tabelas e gráficos são utilizados. Essas ferramentas têm por objetivo
apresentar dados agrupados e simplificar sua compreensão.
a. A tabela deve ser composta por título, subtítulo, fonte e eixos vertical (y) e horizontal (x), que podem ser
visíveis ou não.
b. A tabela deve estar suficientemente descrita, de modo que não seja necessária uma consulta ao texto
para sua compreensão.
c. Os gráficos são representações ilustrativas que servem para organizar e apresentar os dados de maneira
integral e não resumida.
e. O gráfico em linha pode ilustrar comparações entre itens ou até mesmo demonstrar alterações de dados
num determinado período.
REFERÊNCIAS
BUSSAB, W. O.; MORETTIN, P. A. Estatística básica. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
E-book.
0
FINKELMAN, J. Caminhos da saúde no Brasil. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ,
seõçatona reV
2002. Disponível em: https://bit.ly/3iAwKQn. Acesso em: 13 maio 2021.
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Caio Luisi
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AVANÇANDO NA PRÁTICA
PIZZA OU BARRA?
Agora acompanharemos um grupo de pesquisadores em saúde pública que
realizou um estudo sobre a presença de doenças crônicas em trabalhadores da
construção civil de uma cidade do Sudeste do Brasil. Vamos imaginar que os
pesquisadores utilizaram um gráfico setorial para realizar a apresentação das
doenças de base autorreferidas. Essa situação levou a uma discussão sobre os
dados do gráfico, e os pesquisadores ficaram em dúvidas durante a redação dos
resultados, já que perceberam que o mesmo indivíduo poderia apresentar duas ou
mais doenças de base. Por fim, resolveram que seria melhor refazer o gráfico.
0
100%, ou seja, alguns participantes haviam referido ter mais de uma doença.
Assim sendo, utilizar esse formato não seria adequado.
seõçatona reV
A partir da observação do gráfico, não seria possível fazer algumas inferências
como “menos da metade dos participantes têm hipertensão arterial”, pois o
mesmo participante pode ter referido duas doenças ou mais.
PROBABILIDADE
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Os integrantes desse grupo decidiram que a nota 6,0 seria a média considerada
desejável e obtiveram os seguintes resultados:
seõçatona reV
Média das notas dos idosos da instituição A: 6,0
Para auxiliá-lo na decisão, estão adiante as notas de cada um dos idosos das duas
instituições.
7 10
5 2
6 2,5
5,5 3
6,5 9,5
8 1,5
4 9
6 6,5
7 10
5 6
X̄ = 6 X̄ = 6
CONCEITO-CHAVE
MEDIDAS SEPARATRIZES: QUARTIS, DECIS E PERCENTIS
Os quartis são observações ou medidas de localização que dividem o rol (a
sequência ordenada de dados) em quatro partes de igual valor, as quais são,
portanto, apresentadas em primeiro, segundo e terceiro quartil ou Q1, Q2 e Q3,
0
respectivamente.
seõçatona reV
Há também os decis, que dividem o rol em dez partes iguais, e os percentis, que o
dividem o rol em cem partes iguais.
Rol: 73 – 74 – 77 – 52 – 85 – 59 – 73 – 84 – 92
Rol: 52 – 59 – 73 – 73 – 74 – 77 – 84 – 85 – 92
2º passo: note que esse conjunto apresenta número ímpar de dados. Agora,
deveremos identificar o valor central dele, o que, nesse caso, fica fácil, já que é um
conjunto com poucos elementos, mas, para conjuntos maiores, você deverá somar
o número total de elementos do conjunto (nesse caso 9) + 1 e dividir por 2, o
resultado dará a posição em que o valor central se encontra, ou seja, 9+1 = 10/2=
5. Logo o valor na quinta posição do conjunto representa o valor central.
Rol: 52 – 59 – 73 – 73 – 74 – 77 – 84 – 85 – 92
Lembre-se de que o segundo quartil (Q2) é igual à mediana, logo podemos dizer
que Q2 = 74.
Q1 = 59+73/2 = 122/2 = 66
Q2 = 74
Q3 = 74
Caso o conjunto seja formado por um número par de elementos, para conhecer a
mediana (Q2), deve-se somar os dois números centrais e dividir por dois.
Exemplo:
Rol: 52 – 59 – 73 – 73 – 74 – 77 – 84 – 85 – 92 – 93
Como o conjunto em questão possui dez elementos, deveremos descobrir Q2
somando os dois valores centrais, que serão divididos por 2.
0
Q2 = 74+77/2= 75,5.
seõçatona reV
Como pudemos observar, nem o elemento 74, nem o 77 representam a mediana,
logo eles deverão ser considerados para encontramos os quartis restantes (Q1 e
Q3).
Rol: 52 – 59 – 73 – 73 – 74 – 75,5 – 77 – 84 – 85 – 92 - 93
Q1 = 73
Q2 = 75,5
Q3 = 85
MEDIDAS DE DISPERSÃO
Como já vimos na seção anterior, para que seja possível caracterizar
adequadamente uma série de dados, é necessário expressar as tendências do
conjunto em números ou estatísticas. Para tal, utilizamos as medidas de posição, já
apresentadas, e as medidas de dispersão.
ASSIMILE
0
Com o intuito de que você compreenda melhor, vamos tomar como exemplo a
seõçatona reV
seguinte série de dados:
Biologia 7 7,5
Português 10 6
História 6 7
Física 8 6,5
Matemática 4 8
5
=7
5
=7
É possível notar que o Aluno A apresentou maior variabilidade nas notas para
alcançar a média 7, já o Aluno B alcançou a mesma média com notas mais
uniformes.
Então, nesse caso, o que poderemos fazer para melhor diferenciar essas duas
distribuições? Utilizaremos esse exemplo para explicar: amplitude, variância e
desvio padrão.
Amplitude:
Aluno A: 10 – 4 = 6
Aluno B: 8 – 6 = 2
Note que a amplitude dos dados do Alunos A é maior que a do B, logo podemos
dizer que os dados (ou notas) do Aluno A estão mais dispersos do que os do Aluno
B, em relação à média.
Essa medida, no entanto, dá-nos apenas noção da distância entre o menor e o
maior valor do conjunto. Para entender melhor a dispersão entre os elementos,
falaremos sobre a variância e o desvio padrão.
0
Variância: é uma medida de dispersão que demonstra quão distante cada
elemento do conjunto está do valor central ou média. A variância é representada
seõçatona reV
pelo símbolo sigma ao quadrado (σ2). Para calculá-la é preciso seguir as etapas
adiante:
5
=7
5
=7
Variância (σ ) = =
2 (7−7) +(10−7) +(6−7) +(8−7) +(4−7)
Continuando:
2 2 2 2 2
Variância (σ ) = =4
2 (0) +(3) +(−1) +(1) +(−3)
3. Agora deve-se calcular uma segunda média. Para tal, basta dividir os valores
encontrados ao elevar cada um dos elementos ao quadrado pelo número de
elementos do conjunto.
Variância (σ ) =
2 0+9+1+1+9
5
= 20
5
=4
EXEMPLIFICANDO
Variância (σ ) = =
2 (7,5−7) +(6−7) +(7−7) +(6,5−7) +(8−7)
Variância (σ ) = =
2 (0,5) +(−1) +(0) +(−0,5) +(1)
Variância (σ ) =
2 0,25+1+0+0,25+1
5
= 2,5
5
= 0,5
0
Para calcularmos o DP dos dados, devemos encontrar a raiz quadrada da variância.
seõçatona reV
DP do Aluno A = √4 = 2
Para exemplificarmos isso, tomaremos ainda o mesmo exemplo das notas dos
Alunos A e B.
Nesse caso, já temos todos os valores de que necessitamos para o cálculo, sendo
eles o Desvio Padrão e a média, bastando agora apenas substituí-los na fórmula e
operacionalizarmos o cálculo.
Fórmula:
Desvio Padr oã
CV = x100
é
M dia
CV do Aluno A = 2
7
x 100 = 0,2857x100 = 28,57 ou 28,6
PROBABILIDADE
É o ramo matemático que se dedica ao cálculo das chances de ocorrência de um
fenômeno ou experimento, como a probabilidade de se obter cara ou coroa no
lançamento de uma moeda ou, ainda, a chance de se tirar seis em uma rolagem de
um dado com seis faces.
Espaço amostral: representado pela letra ômega (Ω), é definido como o conjunto
de todos os possíveis resultados de um experimento. Exemplo: ao lançar um dado
não viciado, o espaço amostral (Ω) será igual ao conjunto: 1, 2, 3, 4, 5, 6, pois estes
são os possíveis resultados de um dado com seis faces.
Evento: é o resultado esperado, ou seja, o evento que se quer investigar. Exemplo:
ao rolar um dado, qual a probabilidade de se obter um resultado acima de 4?
Nesse caso o evento será representado por uma letra maiúscula A = 5, 6. Estes
seriam os possíveis resultados acima de 4, ou seja, o evento que se deseja
0
investigar é a chance dessa ocorrência.
seõçatona reV
Fórmula:
á
Probabilidade (P) = P arte
T odo
ou seja, P = Re sultados F avor veis
í
Resultados Poss veis
Probabilidade (P) = 2
6
e simplificando por 2 temos 1
A probabilidade pode ser expressa não só por número fracionário, mas também
por números decimais. Nesse caso, 1
3
≅ 0,333 . Ou pode ser expresso, ainda, em
taxa decimal, multiplicando-se o valor por 100 ≅33,3%.
INTERVALO DE CONFIANÇA
O intervalo de confiança (IC) é utilizado para indicar a confiabilidade de uma
estimativa. Como já vimos em outras seções, a maioria dos estudos científicos
utilizam amostras populacionais para responder seus questionamentos, já que
estudar populações inteiras inviabilizaria a maioria dos protocolos de pesquisa,
seja pela logística de coleta de dados, seja pela escassez de recursos humanos
e/ou materiais para sua realização. A questão que surge é: como assegurar que a
amostra selecionada refletirá as características que queremos observar na
população-alvo?
EXEMPLIFICANDO
Caso o intervalo de confiança escolhido seja o de 95%, isso significará que,
se averiguássemos a variável de interesse em 100 amostras diferentes da
mesma população (por exemplo a média de altura ou de peso dos
habitantes), 95 dessas amostras conteriam o parâmetro populacional, ou
0
seja, refletiriam as reais características daquela população, e as outras cinco
seõçatona reV
amostras não conteriam o parâmetro.
Há vários cálculos para o IC, mas vamos focar no cálculo para a média, o qual pode
ser usado para conhecer o desvio padrão populacional ou para amostras grandes
com trinta ou mais elementos.
Sendo:
X̄ = a média.
√n = tamanho da amostra.
Exemplo de cálculo:
√n
Substituímos os valores:
Note que o exemplo apresenta apenas a variância das idades, que é 16, porém
não há o valor do Desvio Padrão (DP). Sabemos, no entanto, que o DP é igual a
raiz quadrada da variância. Sendo a variância 16, podemos dizer, então, que o
DP é igual a 4.
O valor de Z crítico será 1,96, pois o intervalo de confiança pedido foi de 95%.
Sendo a amostra composta por 100 participantes, logo teremos:
4
E = 1,96 x
√ 100
0
Assim sendo, pode-se concluir que esse intervalo está, mais ou menos, 0,784 a
seõçatona reV
partir da média 24, entre 23,216 e 24,784, para IC de 95%.
TESTES DE HIPÓTESE
Consiste em uma metodologia que auxilia na tomada de decisão sobre uma ou
mais populações obtidas a partir de informações extraídas de uma amostra por
meio de inferência estatística. É a partir do teste de hipótese que podemos avaliar
a veracidade de um ou mais parâmetros populacionais.
REFLITA
Exemplo:
0
contraste sempre ocorrerá entre as hipóteses, pois uma sempre deverá ser o
seõçatona reV
oposto complementar da outra, ou seja, se a hipótese nula é falsa, a alternativa é
sempre verdadeira e também o contrário é verdadeiro.
Logo, poderíamos supor que a hipótese nula diz que a média de altura da
população é igual ou menor que 1,65. A hipótese alternativa será de que a média
de altura da população é superior a 1,65.
H0 : μ ≤ 1,65
Ha : μ > 1,65
√n
0
contribuinte em particular apresentava o maior desvio padrão de toda a base de
seõçatona reV
dados com relação aos valores pagos em impostos se comparado aos demais
contribuintes.
Questão 2
A variância é definida como uma medida de dispersão que demonstra quão
distante cada elemento do conjunto está do valor central ou média, sendo muito
utilizada, junto à medida de desvio padrão, por melhor caracterizar um conjunto
de dados, se comparados à média aritmética simples.
Questão 3
Os cálculos de dispersão são essenciais para melhor caracterizar um conjunto de
dados e até mesmo para compará-los. Os dados a seguir são as quantidades de
agentes de saúde em cinco unidades de saúde: 6, 5, 8, 5, 6.
REFERÊNCIAS
BUSSAB, W. O.; MORETTIN, P. A. Estatística básica. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
E-book.
0
Artmed, 2007. E-book.
seõçatona reV
CARVALHO, S.; CAMPOS, W. Estatística básica simplificada. Rio de Janeiro:
Juspodivm, 2016.
0
Caio Luisi
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
Áudio disponível no material digital.
No entanto, você, profissional que acaba de integrar o grupo, tem acesso às notas
individuais dos idosos e, considerando a dispersão dos valores em relação à média,
percebe que há diferenças importantes entre os dois grupos.
7 10
5 2
6 2,5
5,5 3
Notas dos idosos da instituição A Notas dos idosos da instituição B
6,5 9,5
0
8 1,5
seõçatona reV
4 9
6 6,5
7 10
5 6
X̄ = 6 X̄ = 6
Note que alguns indivíduos do grupo B ficaram até 4,5 pontos abaixo da média
mínima desejável, fator indicativo de que, naquela população, alguns participantes
tinham praticamente nenhum conhecimento no tema, enquanto outros
dominavam completamente as questões do teste, vide os indivíduos com notas de
7 a 10.
Logo, seria importante chamar a atenção dos outros profissionais para o fato de
que existem pessoas vulneráveis, principalmente no grupo B, e de que as medidas
educativas devem continuar naquele grupo, ainda que seja apenas com aqueles
que ficaram muito abaixo da média.
A média aritmética deve sempre ser analisada com cautela, pois a dispersão dos
dados pode variar e gerar interpretações equivocadas dos resultados.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
COMPROVANDO O PONTO DE VISTA
Profissionais da saúde de uma cidade interiorana estão reunidos para averiguar os
resultados de testes que avaliaram o conhecimento sobre medidas de prevenção
contra a Covid-19 em idosos com capacidade cognitiva preservada de duas
instituições de longa permanência (Instituição A e Instituição B). No entanto, ao
visualizar as notas individuais dos dois grupos, é possível verificar que há
diferentes dispersões entre os elementos e a média dos conjuntos dentro dos dois
grupos (A e B). Um dos profissionais apresenta esse ponto sensível da análise e
enfatiza que a média aritmética não é a melhor medida representativa desses
0
conjuntos e que, preferencialmente, outros cálculos de medida de dispersão
seõçatona reV
deveriam ser feitos.
RESOLUÇÃO
Amplitude do Grupo A = 8 – 4 = 4
0
Essa forma de expor os resultados é uma das possibilidades existentes.
seõçatona reV
Haveria uma forma diferente de avaliá-los e expô-los?