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CONHECENDO A DISCIPLINA
Prezado aluno, seja bem-vindo à disciplina Introdução à Biologia Celular e do
Desenvolvimento!
Veremos que uma célula é capaz de se diferenciar em vários tipos celulares, após
processos de modificações, estabelecendo interdependências entre elas e
exercendo funções específicas em um organismo.
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Aproveite esta oportunidade, amplie os seus conhecimentos, consulte todas as
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unidades do livro sempre que necessário e não deixe de acessar os materiais
indicados, pois este tema é essencial para o entendimento da vida e fundamental
para as especificidades de sua carreira.
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Renata Morais dos Santos
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Fonte: Shutterstock.
CONVITE AO ESTUDO
Você já parou para pensar do que somos formados? É comum dizermos que todos
os seres vivos são compostos por células, sendo esta a unidade fundamental da
vida, mas de onde surgiu este conceito? Será que todas estas células são iguais nos
diferentes tipos de organismos? Como elas estão organizadas e como se
comunicam?
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Na Seção 1.1, estudaremos a teoria celular, o início da microscopia e o estudo dos
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organismos vivos, conhecendo os tipos celulares e as diferenças entre eles. Já na
Seção 1.2, daremos enfoque para a membrana plasmática, suas características,
composição e funções. Por fim, na Seção 1.3, conheceremos as classes de
receptores da membrana plasmática e os tipos de sinalizadores celulares.
Bons estudos!
É importante estar ciente que o estudo das células só foi possível após a criação do
microscópio, instrumento óptico de alto poder de resolução, capaz de ampliar
imagens de objetos muito pequenos. A microscopia foi fundamental também para
a formulação da teoria celular, possibilitando o estudo dos microrganismos,
tornando-se um marco para a ciência. Estudaremos um pouco da história desta
invenção para conhecermos a trajetória e evolução dos microscópios e a relação
com o estudo das células e a consequente origem da citologia.
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A indústria farmacêutica é um dos setores que mais vem recebendo destaque por
investir em inovação. A busca constante pelo desenvolvimento e pela produção de
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novos medicamentos faz com que ela invista nas atividades de pesquisa e
desenvolvimento (P&D). Assim para contextualizar as temáticas dessa seção junto
às possíveis atividades profissionais, veremos o contexto em que uma
multinacional farmacêutica abriu um processo seletivo de trainee para diversos
setores.
Nesta situação-problema, você foi um dos candidatos selecionados para uma das
vagas de trainee. Você irá atuar no setor de produção, na área de pesquisa,
desenvolvimento e testes dos medicamentos. Você irá trabalhar com uma equipe
de farmacêuticos, biólogos, biomédicos, médicos, engenheiros químicos e
biotecnólogos. Para tanto, você precisará se dedicar muito e estar disposto a
aprender com esta nova experiência.
O biólogo Jean, para iniciar a condução do seu treinamento, lhe apresentou para a
equipe, fez algumas perguntas para conhecê-lo e passou algumas atividades. Jean
questionou qual o seu entendimento em relação à célula, pois vocês trabalhariam
muito com elas nos próximos dias. O que você poderia responder ao biólogo para
demonstrar o seu conhecimento relacionado às células?
Para finalizar, o biólogo lhe entregou três lâminas para você analisar ao
microscópio e caracterizá-las. A partir das imagens das lâminas a seguir, quais são
as características das células observadas por você? Identifique as principais
estruturas e tome nota para posteriormente apresentá-las ao Jean.
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Fonte: Junqueira; Carneiro (2013, p. 51).
A todo instante uma nova descoberta científica se dá! O estudo das células permite
ampliar o potencial de pesquisas relacionadas à saúde, além de trazer mais
evolução para o ramo da ciência e esta é a sua oportunidade de conhecer um
pouco mais sobre o tema.
CONCEITO-CHAVE
A citologia (do grego kytos: célula, e logos: estudo), atualmente designada biologia
celular, é a ciência que estuda a célula (unidade funcional de todo o ser vivo) e seu
comportamento (composição, estruturas e fisiologia). O estudo desta ciência só foi
possível com a invenção dos primeiros equipamentos de visualização
microscópica, permitindo a observação de estruturas não visíveis a olho nu, como
células e microrganismos.
Para auxiliar nosso estudo, faremos um breve histórico com os principais eventos
ocorridos no ramo da biologia celular desde a invenção do microscópio até a
descoberta da célula, e a formulação da teoria celular, uma vez que a história da
biologia celular está diretamente ligada ao desenvolvimento tecnológico que
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tornou possível o estudo da célula.
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• 1590: Hans Janssen e Zacharias Janssen, os holandeses fabricantes de óculos,
criaram lentes capazes de ampliar imagens, permitindo uma visão de detalhes
impossíveis de serem visualizados a olho nu. Acredita-se terem sido os inventores
do primeiro microscópio.
• 1665: Robert Hook, cientista inglês, inventa o microscópio composto (com lente
ocular e objetiva). A partir de observações realizadas em finos cortes de cortiça
(material de origem vegetal), descreveu pequenas cavidades preenchidas por ar,
no caso as paredes celulares das células mortas do tecido observado por ele,
nomeando-as “célula” (do latim cella: pequeno compartimento), sendo a
descoberta de maior divulgação do século XVII.
• 1831: Robert Brown, botânico escocês, descreveu pela primeira vez o núcleo,
constatando que a maioria das células possuía uma estrutura interna ovoide ou
esférica.
• 1838: Mathias Jakob Schleiden, botânico alemão, defende que as plantas e seus
órgãos eram formados por células e relaciona o núcleo à divisão celular.
• 1839: Theodor Schwann, fisiologista alemão, por meio de estudos com tecidos
animais, descobre a enzima pepsina, o metabolismo celular e a fisiologia de células
musculares e nervosas.
TEORIA CELULAR
Considerado um marco na biologia, a teoria celular foi formulada por meio do
estudo das propriedades das células. Esse conceito surgiu no século XIX, pelo
botânico alemão Mathias Jakob Shleiden e o fisiologista, também alemão, Theodor
Schwann, entre os anos de 1838 e 1839, que formularam a hipótese de que todos
os seres vivos são constituídos por uma ou mais células, e a célula é a unidade
estrutural da vida, sendo esta a base da teoria celular.
Mais tarde, em 1855, o médico polonês Rudolf Virchow propôs a ideia de que todas
as células são provenientes de outra célula pré-existente. Em 1878, Walther
Flemming estudou o processo de divisão celular e a distribuição dos cromossomos
no processo que chamou de mitose, conseguindo comprovar como a multiplicação
das células ocorria.
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todas as reações metabólicas e bioquímicas ocorrem no interior das células. As
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células contêm informações genéticas e hereditárias que são passadas para outras
células durante o processo de divisão celular.
Atualmente, afirma-se que as células são formadas por três partes básicas: a
membrana, o citoplasma e o núcleo, e possuem basicamente a mesma
constituição química.
MICROSCOPIA
Como vimos anteriormente, o estudo das células não seria possível sem a
descoberta do microscópio, instrumento essencial para o desenvolvimento da
citologia, o qual revolucionou o conhecimento científico.
ASSIMILE
REFLITA
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podemos dizer que elas são todas iguais? Todos os organismos vivos possuem as
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mesmas células e em quantidade igual?
Quando qualquer célula tem o seu papel prejudicado, seja estrutural ou funcional,
o organismo vivo apresenta alterações que podem inclusive gerar o
desenvolvimento de patologias.
EXEMPLIFICANDO
O corpo humano é formado por milhares de células, e cada uma delas tem funções
e formatos distintos, no entanto, elas precisam trabalhar em conjunto para que o
nosso corpo se mantenha estruturado e em ótimo funcionamento. A diferenciação
celular é o processo na qual as células se especializam para desempenhar funções
diferentes. Como exemplo, podemos pensar nas milhares de células que se unem
e formam os tecidos, e estes por sua vez formam os órgãos, que unidos formam os
sistemas, que juntos fazem parte da composição do nosso corpo.
Uma vez que a célula é a unidade de todo ser vivo, existem os seres vivos que são
formados por uma única célula, os unicelulares, como as bactérias, os protozoários
e alguns tipos de fungos e algas, os quais são considerados os seres mais simples.
E os seres vivos formandos por muitas células são chamados de pluricelulares ou
multicelulares, como os animais, as plantas, algumas algas e fungos, todos
caracterizados por possuírem células diferenciadas capazes de formar tecidos.
Cada célula possui todas as estruturas responsáveis pela nutrição, produção
energética, metabolismo e reprodução e, desta forma, cumprem o ciclo vital do ser
vivo.
Independentemente do formato da célula, todas são constituídas pela membrana
plasmática, citoplasma e material genético, o qual pode estar disperso no
citoplasma (células procariontes) ou em um núcleo delimitado por uma
membrana nuclear, a carioteca (células eucariontes).
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CÉLULAS PROCARIONTES E EUCARIONTES
Há apenas dois tipos básicos de células: as procariontes e as eucariontes.
Figura 1.5 | Desenho tridimensional das estruturas de uma bactéria, exemplo de célula procarionte
A E. coli tem a forma de bastão, é separada pelo meio externo por uma membrana
plasmática, por fora desta membrana ainda possui uma parede rígida composta de
proteínas e glicosaminoglicanas, com função protetora. As células procariontes não
possuem organelas, com exceção dos ribossomos, que podem se ligar a moléculas
de RNAm (formando os polirribossomos). Também não se dividem por mitose e
meiose, utilizam um mecanismo bem mais simples, a reprodução assexuada
binária ou por bipartição. Neste processo de reprodução, a bactéria duplica o seu
material genético e se divide em duas, ambas as partes terão a mesma quantidade
de DNA. Em alguns casos, a membrana plasmática sofre invaginações que
penetram no citoplasma e se enrola, originando estrutura chamadas de
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mesossomos (auxiliam na respiração). Algumas células procariontes autotróficas
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(realizam fotossíntese) possuem em seu citoplasma membranas paralelas entre si,
associadas à clorofila ou a outros pigmentos responsáveis pela captação de
energia luminosa. A maioria, no entanto, são células heterotróficas, que dependem
de uma fonte externa de energia, e utilizam mecanismos de absorção de alimentos
por meio da fermentação ou respiração celular. As células procariontes podem,
ainda, possuir flagelos (auxiliam na locomoção) e fímbrias ou pili (auxiliam na
aderência às células hospedeiras).
Figura 1.6 | Esquema representativo de uma célula vegetal e um célula animal, exemplos de células
eucariontes
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Fonte: adaptado de Shutterstock.
A célula animal (Figura 1.6) é uma célula eucarionte presente nos animais do
Reino Animalia e é caracterizada por não ter parede celular, sendo delimitada pela
membrana plasmática, responsável por delimitar e proteger a célula. A célula
animal, assim como vimos nas bactérias, possui membrana plasmática, citoplasma
e ribossomos. O citoplasma é constituído pelo citosol, composto por água,
proteínas, íons, aminoácidos, enzimas, entre outros. Dispersos no citoplasma,
diferentemente das bactérias, nestas células encontramos as organelas
citoplasmáticas. Estas organelas são estruturas intracelulares com funções bem
definidas, responsáveis pelo funcionamento das células: digestão, respiração,
sintetização e transporte de proteínas, dentre outras. Estudaremos mais adiante
cada uma delas: ribossomos, vesículas, retículo endoplasmático liso e rugoso,
aparelho de Golgi, microtúbulos, citoesqueleto, lisossomos (organela exclusiva das
células animais), centríolos, vacúolos, mitocôndrias e peroxissomos.
LEMBRE-SE
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absorção da luz e realização da fotossíntese). Outra organela presente somente
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em células vegetais é o glioxissomo, semelhante ao peroxissomo, porém
especializado, o qual é importante na germinação de sementes.
Estamos chegando ao fim desta seção, mas não podemos deixar de comentar a
respeito de um grupo biológico extremamente discutido, os vírus. Afinal, eles são
considerados um organismo vivo?
Os vírus são formados por uma molécula de DNA ou RNA (material genético),
envoltos por uma estrutura conhecida por capsídeo, composta por proteínas. Os
vírus precisam de uma célula hospedeira viva para replicar o seu material genético,
porque eles não possuem metabolismo próprio e acabam utilizando todas as
organelas e enzimas de uma célula para se reproduzir, prejudicando, assim, as
funcionalidades da célula.
a. Robert Brown.
b. Theodor Schwann e Mathias Schleiden.
d. Robert Hooke.
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e. Ernst Ruska.
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Questão 2
A célula é a unidade que constitui os seres vivos, a qual pode existir isoladamente
ou formar arranjos ordenados. Existem duas classes de células nas quais os
organismos vivos podem ser classificados, são elas: procariontes e eucariontes
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2012. p. 376).
Questão 3
Sabemos que os seres vivos são compostos por uma ou mais células, e as células
podem ser de diferentes tipos. Observe o quadro a seguir:
Membrana Parede
plasmática Ribossomos celular Mitocôndria Centríolos
Célula + + + + -
A
Célula + + - + +
B
Célula + + + - -
C
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DE ROBERTIS, E. M. F.; HIB, J. Biologia celular e molecular. 16. ed. Rio de Janeiro:
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Guanabara Koogan, 2017.
MENEGUETTI, D. U. O.; FACUNDO, V. A. Vírus ser vivo ou não? Eis a questão! Rev.
Epidemiol. Control. Infect., v. 4, n. 1, 2014. Disponível em: https://bit.ly/3eZVvBZ.
Acesso em: 5 out. 2020.
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Renata Morais dos Santos
Fonte: Shutterstock.
A célula é a unidade estrutural e funcional dos seres vivos, sendo visível apenas
com o microscópio. Foi descoberta em 1665, por Robert Hook, quando este
observou células mortas de cortiça. Em geral, as células são constituídas pela
membrana plasmática, citoplasma e material genético. Elas se diferenciam tanto
em sua estrutura quando em sua funcionalidade e podem ser células procariontes
(mais simples) e células eucariontes (mais complexas).
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a luz e as lentes de cristal, permitindo um aumento de 10 a 100 vezes, chegando a
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uma ampliação final de 1000 vezes de uma imagem. Já os microscópios eletrônicos
não utilizam a luz e, sim, feixes de elétrons, e ao invés de lentes de cristal utilizam
lentes eletromagnéticas. São muito mais potentes e podem ampliar uma imagem
em até 300 mil vezes. No entanto, mesmo sendo muito potentes, eles permitem
apenas a visualização da superfície da amostra, enquanto os microscópios ópticos
permitem a visualização direta da amostra, sendo ideais para observar materiais
vivos.
Após todas estas observações, você já está preparado para apresentar todas os
seus apontamentos para o Jean, demonstrando que você está preparado para as
próximas etapas do treinamento. Você conseguiu superar o desafio até aqui,
parabéns! O caminho proposto foi apenas um exemplo de como você poderia
responder a situação-problema apresentada.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
MICROSCOPIA E A SAÚDE
O laboratório de biologia celular e molecular da universidade na qual você estuda
recebeu uma demanda de amostras para serem analisadas. Os pesquisadores de
doutorado e mestrado estão analisando o vírus SARS-CoV-2, para a publicação de
um trabalho. O vírus causador da doença COVID-19, de importância internacional,
de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 80% dos
pacientes são assintomáticos ou apresentam poucos sintomas da doença,
enquanto em aproximadamente 20% dos casos, os pacientes requerem
atendimento hospitalar.
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Os pesquisadores estão buscando compreender um pouco mais a respeito da
estrutura deste vírus e o seu comportamento. O laboratório recebeu
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equipamentos novos e foi todo estruturado para atender a estas pesquisas, no
entanto, os estagiários que auxiliavam os pesquisadores estavam ausentes, devido
a uma viagem da universidade. O professor da disciplina de Biologia Celular
convocou alguns alunos para ajudar os pesquisadores e a sua missão será tirar
fotos do vírus no microscópio para serem analisadas posteriormente. No entanto,
lhe foi solicitado que você tire as fotos de mais de um microscópio.
Quais microscópios você deve utilizar? Qual a diferença na imagem deles? E você
consegue se lembrar das características e estruturas dos vírus para poder observá-
las?
RESOLUÇÃO
Desta forma, você já sabe que não deverá utilizar o microscópio óptico, pois
não irá conseguir visualizar o vírus SARS-CoV-2 e registrar as imagens
solicitadas.
No MET, o material a ser analisado deverá ser cortado em fatias finas, e ele
possui um maior poder de resolução do que o MEV. O microscópio de
transmissão permite uma resolução de 0,002 nm, permitindo a visualização de
estruturas celulares como as organelas, interação de parasitas com as células e
informações sobre alterações nas células ocorridas por vírus, bactérias, dentre
outros. O MEV pode ser considerado complementar à microscopia de
transmissão, tem a vantagem de fornecer imagens tridimensionais e o material
a ser analisado não precisa ser cortado (ou seja, podem ser utilizadas amostras
grossas). O poder de resolução é de 10 nm, utilizado para estudos de
morfologia e taxonomia, visualizando organismos inteiros, tecidos e órgãos.
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Figura 1.7 | Imagens do vírus SARS-CoV-2
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Imagem A
Imagem B
MEMBRANA PLASMÁTICA
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Renata Morais dos Santos
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Fonte: Shutterstock.
E qual seria então a sua importância na saúde? Algumas doenças são causadas por
alterações na membrana plasmática e acabam apresentando risco à vidacomo o
mal de Alzheimer e a fibrose cística. Além disso, a absorção de fármacos também
está relacionada com o funcionamento da membrana celular, dependendo da
composição, eles conseguem penetrar mais rápido pelas membranas, como no
caso dos fármacos solúveis em lipídios. Desta forma, estudaremos não só a
composição da membrana plasmática, mas também as suas funções,
características e como são realizados os transportes de substâncias através da
membrana, uma vez que esta é seletiva e apenas algumas substâncias podem
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entrar ou sair das células. Além disso, dependendo da concentração de moléculas
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no meio intracelular em relação ao meio extracelular, a membrana faz um
transporte diferente. Vamos conhecê-los no decorrer desta seção.
CONCEITO-CHAVE
A membrana plasmática ou celular, como também é chamada, é a estrutura que
delimita a célula, ou seja, separa o meio intracelular do extracelular. Ela está
presente na superfície de todas as células, sejam elas procariontes ou eucariontes,
e é responsável por manter a integridade da célula e controlar o tráfego de
substâncias que entram e saem, formando uma barreira seletiva com uma
estrutura complexa e organizada. Devido a sua diminuta espessura, com cerca de
7 a 10 nm, não pode ser visualizada em microscópio óptico, no entanto, a sua
existência já era conhecida antes da invenção do microscópio eletrônico, por meio
de técnicas de coloração e contrastes. Um dos primeiros indícios de sua existência
foi a observação da alteração do volume das células de acordo com a concentração
de soluções inseridas nestas. Na década de 1950, com a microscopia eletrônica, foi
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possível identificar as características e composição das membranas plasmáticas,
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concluindo que a estrutura básica das membranas biológicas é semelhante em
todos os tipos celulares. Vamos conhecer um pouco mais desta membrana a
seguir.
COMPOSIÇÃO E FUNÇÕES
Todas as membranas plasmáticas são constituídas basicamente por moléculas de
lipídeos, proteínas e cadeias de carboidratos ligados aos lipídios e às proteínas. A
proporção destes componentes varia conforme o tipo de célula. Por exemplo: as
membranas de mielina (recobrem fibras nervosas) possuem 80% de lipídios,
enquanto as membranas de eritrócitos (glóbulos vermelhos) possuem cerca de
40% de sua massa composta por lipídios, e o restante distribuídos entre os demais
constituintes.
ATENÇÃO
As moléculas que apresentam a região hidrofílica têm afinidade com a água, sendo
solúveis em meio aquoso, isto ocorre porque elas são moléculas polares. Já a
região hidrofóbica destas moléculas tem aversão à água e é insolúvel em meio
aquoso, porém solúvel em lipídios e considerada apolar. As moléculas que
apresentam estas características são consideradas anfipáticas, ou seja, elas têm
regiões hidrofílicas e hidrofóbicas.
ASSIMILE
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estrutura básica universal da membrana plasmática, assim como de outras
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membranas biológicas, que, associadas a proteínas, constituem um mosaico fluido,
que estudaremos mais adiante.
ASSIMILE
EXEMPLIFICANDO
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Conhecendo a composição básica das membranas plasmáticas, podemos concluir
que elas estão envolvidas em processos vitais das células: proteção das estruturas
celulares, permeabilidade seletiva (no controle de entrada e saída de substâncias
da célula), delimitação do conteúdo intracelular e extracelular (mantém a
integridade da célula), transporte de substâncias essenciais ao metabolismo celular
(com o auxílio das proteínas), suporte físico para enzimas que ficam fixadas nela,
reconhecimento de substâncias e comunicação celular (por meio de receptores
específicos na membrana).
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A membrana plasmática apresenta uma assimetria entre as duas faces de sua
membrana, as quais marcam a composição de lipídios e de proteínas. Outro fator
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que corrobora com esta assimetria é a distribuição das moléculas de carboidratos
(glicolipídios e glicoproteínas), localizadas somente na face da membrana voltada
para o meio extracelular, conhecida como glicocálix.
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O transporte passivo é caracterizado pela passagem das substâncias através da
membrana plasmática, seguindo o gradiente de concentração, da região mais
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concentrada para a menos concentrada, podendo ocorrer tanto no interior das
células como entre as células e o meio externo. Existem três tipos: difusão simples,
difusão facilitada e osmose. Como podemos diferenciá-los?
Por fim, na osmose, a passagem do solvente ocorre de uma região com baixa
concentração de soluto para uma região mais concentrada. A entrada ou saída do
solvente na célula depende da quantidade de soluto presente, controlada pela
pressão osmótica, que atua no equilíbrio destas concentrações. Você deve se
lembrar de ter ouvido que jogar sal no corpo da lesma, ela derrete, certo? Isso
ocorre porque a concentração de sal é muito maior no meio externo do que no
corpo da lesma e, desta forma, a água através do processo de osmose sai do corpo
da lesma, causando a sua morte.
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REFLITA
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A osmose ocorre da mesma forma em células animais e vegetais? A parede
celular das células vegetais teria alguma influência no comportamento da
célula, já que ela é uma camada de proteção extra?
Figura 1.9 | Diferentes mecanismos e estruturas da membrana são utilizados pelos solutos para
atravessar as membranas da célula
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fisiológicas dos processos de contração muscular e condução dos impulsos
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nervosos, manutenção de gradientes eletroquímicos na célula e em suas
organelas.
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em bicamada e o auxílio de alguns componentes para desempenhar as suas
funções.
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Em relação à estrutura da membrana plasmática, assinale a alternativa correta.
a. As membranas são compostas por lipídios, proteínas e carboidratos, na mesma proporção.
b. A bicamada é formada por fosfolipídios com a região hidrofílica, voltada para o interior da célula.
c. O colesterol é um lipídio e está presente tanto em células animais quanto em células vegetais.
d. As proteínas são responsáveis pela maioria das funções realizadas pela membrana plasmática.
Questão 3
Um técnico de laboratório estava fazendo alguns testes com células e utilizou dois
tubos de ensaio. No tubo I, havia uma alta concentração de sal (NaCl) e após algum
tempo a célula apresentou turgidez; já no tubo II, contendo água, após algum
tempo a célula se rompeu.
c. No tubo I, continha uma célula vegetal e no tubo II, uma célula animal.
e. No tubo I, a solução era hipertônica e no tubo II, a solução era hipotônica; ambos continham célula
animal.
REFERÊNCIAS
BARRETO, A. et al. Introdução à biologia celular. Rio de Janeiro: Seses, 2014.
DE ROBERTIS, E. M. F.; HIB, J. Biologia celular e molecular. 16. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2017.
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em: https://bit.ly/33pMxc0. Acesso em: 1 out. 2020.
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MANUAL MSD – Versão para Profissionais da Saúde. Absorção de Fármacos.
Disponível em: https://msdmnls.co/3tsDrWv. Acesso em: 2 out. 2020.
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Renata Morais dos Santos
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Fonte: Shutterstock.
Para realizar os testes nas células utilizando fármacos, Jean e Carlos lhe explicaram
que os fármacos utilizam os transportes por difusão passiva, por difusão passiva
facilitada, por transporte ativo e por pinocitose. Qual a diferença entre estes
transportes? Existem outros transportes feitos pela membrana plasmática?
Devemos nos lembrar dos dois tipos de transportes que as membranas realizam: o
transporte passivo (sem gasto de energia) e o transporte ativo (com gasto de
energia). É importante frisar que o gasto ou não de energia está relacionado com o
gradiente de concentração em relação aos meios intracelular e extracelular.
Quando o transporte de substâncias é realizado de um meio mais concentrado
para um meio menos concentrado, não há gasto de energia porque o fluxo das
substâncias está a favor do gradiente de concentração. Ao contrário, quando há
gasto de energia, as substâncias seguem em direção contrária ao gradiente de
concentração, se movem do meio menos concentrado para o meio mais
concentrado.
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Sabemos que a difusão passiva ou simples e a difusão facilitada são exemplos de
transporte passivo. Quando há difusão simples, as substâncias transportadas são
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solutos pequenos que conseguem atravessar a membrana seguindo o gradiente
de concentração. Já na difusão facilitada, as substâncias que não possuem
afinidade com os lipídios, ou íons que mesmo pequenos não conseguem
atravessar sozinhos a bicamada lipídica da membrana, recebem o auxílio de
proteínas carreadoras que as transportam através da membrana. Esta é uma
característica destas proteínas auxiliares, capazes de reconhecerem as substâncias
e realizarem esta modificação em sua estrutura, sem a necessidade de gasto de
energia.
Após responder com clareza estes questionamentos, você já está pronto para
montar uma apresentação destacando os principais conceitos das células e
membrana plasmática, de forma que fique clara e objetiva para os seus colegas
também trainees. Caso seja necessário retome o conteúdo.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
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em nossas casas) encontrava-se murcha, já a folha sem tempero estava como
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antes, intacta.
Você ficou encarregado de explicar os dois experimentos aos alunos. Mas o que
será que aconteceu? Você consegue explicar estes processos imaginando o
funcionamento das células? Qual transporte celular foi simulado no 1º
experimento? O mesmo processo ocorreu no 2º experimento?
RESOLUÇÃO
Bom, vamos lá. Para você explicar aos alunos os experimentos realizados, você
precisa se lembrar dos tipos de transportes feitos pela membrana plasmática e
os seus conceitos.
SINALIZAÇÕES CELULARES
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Renata Morais dos Santos
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ação destes fármacos nas células e desenvolvimento de metodologias terapêuticas
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e de diagnóstico para doenças, como o câncer.
Dando continuidade aos testes para verificar a ação de fármacos nas células,
Carlos está trabalhando com um fármaco antitireoidiano que diminui a quantidade
de hormônio produzido pela tireoide, auxiliando no tratamento de pessoas que
sofrem com o hipertireoidismo. Este fármaco a base de metimazol age diminuindo
a quantidade de iodo, consequentemente inibe a elevada taxa de T3 e T4 no
organismo, controlando a glândula da tireoide. No entanto, alguns pacientes
podem ter efeitos adversos e devem ser analisados para descrição na bula.
Considerando essa situação, pensando em auxiliar Carlos nos testes que fará, você
saberia explicar como as células se comunicam, ou seja, como ocorre sinalização
celular no caso dos hormônios tireoidianos? Quais são os fatores que devemos
levar em conta na sinalização celular? Como podemos classificar a molécula do
hormônio tireoidiano? E os receptores das células-alvo envolvidas?
Em princípio parece ser uma situação difícil de se explicar, mas no decorrer desta
seção serão apresentados os principais conceitos que darão o embasamento
teórico para chegar às respostas.
Compreender a importância do processo de comunicação celular é essencial para
entendermos a complexidade de um organismo vivo e podermos atuar em seus
diversos mecanismos, não só compreendendo enfermidades como também
auxiliando em tratamentos.
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CONCEITO-CHAVE
Até agora você estudou a composição dos seres vivos, a estrutura das células
(unidade fundamental da vida) e alguns de seus componentes. Vamos
compreender agora como as células recebem estímulos e respondem ao seu
ambiente, afinal, uma célula precisa ser capaz de identificar o seu alimento, evitar
substâncias prejudiciais, se comunicar com outras células, sobreviver, se
reproduzir ou morrer.
VOCABULÁRIO
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programada para responder a combinações específicas de moléculas
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sinalizadoras. A célula passa por mudanças, que permitem, por exemplo, em
resposta, alterar a atividade de um gene, alterar a indução de uma divisão celular,
alterar funções do metabolismo, formas e movimentos celulares, entre outras. A
troca de sinais químicos entre as células regula quase todas as funções celulares, e
um mesmo sinal pode causar diferentes efeitos dependendo do receptor ao qual
ele se associa.
ASSIMILE
TIPOS DE SINALIZAÇÃO
A sinalização celular pode envolver sinais químicos ou elétricos, envolvendo
sempre a transmissão de um sinal de uma célula emissora para uma célula
receptora. Mas sabemos que as células nem sempre estão próximas umas às
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outras e nem todas as células trocam sinais da mesma forma, precisamos então
considerar os diferentes tipos de sinalização que ocorrem, baseados
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principalmente na distância que o sinal percorre no organismo para alcançar a
célula-alvo. Encontramos quatro categorias de sinalização química nos organismos
multicelulares, são elas: sinalização dependente de contato, sinalização parácrina,
sinalização sináptica e sinalização endócrina (ALBERTS et al., 2017).
0
Figura 1.12 | As categorias de sinalização celular.
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Nota: (A) Sinalização dependente de contato; (B) Sinalização parácrina; (C)
Sinalização sináptica; (D) Sinalização endócrina.
Fonte: Alberts et al. (2017, p. 815).
ASSIMILE
EXEMPLIFICANDO
O neurotransmissor acetilcolina (molécula sinalizadora) pode induzir
diferentes respostas dependendo da célula-alvo que atinge, uma vez que
tipos celulares diferentes são especializados para responder de maneiras
diferentes aos sinais. Podemos citar a célula muscular cardíaca, em que a
0
proteína receptora acoplada à proteína G se liga à acetilcolina e os sinais
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interpretados pela célula produzem como resposta a redução da velocidade
de contração. Já a mesma molécula, ao se ligar a um receptor de uma célula
da glândula salivar, também acoplado à proteína G, irá produzir uma
resposta diferente, de secreção. Ainda a mesma molécula de acetilcolina, ao
ligar-se a um receptor acoplado a um canal iônico de uma célula muscular
esquelética, produz uma resposta distinta das demais, de contração.
REFLITA
Você consegue associar o tipo de sinalização que o óxido nítrico (NO), sendo
a molécula ligante, realiza na célula?
0
neurotransmissores, por exemplo, abrem e fecham o canal iônico formado pela
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proteína a qual eles se ligam. Desta forma, eles conseguem mudar rapidamente a
permeabilidade iônica da membrana. Os receptores acoplados a enzimas são
receptores da membrana plasmática que estão associados a uma enzima,
podendo este receptor ser a enzima que catalisa a reação, ou em outros casos, o
receptor interage com outra enzima. Um exemplo são os receptores tirosina
quinases (RTKs), encontrados em humanos e em outras espécies. Moléculas
sinalizadoras se ligam a dois receptores de tirosina quinase próximos e estes
receptores vizinhos se juntam trocando fosfatos que se ligam à tirosina um do
outro. Estes receptores, agora fosforilados, podem transmitir sinais para outras
células ou se tornam receptivas a uma diversidade de proteínas, que quando se
ligam a estes receptores podem ativar uma grande variedade de vias de
sinalização, que levam a uma resposta celular. As proteínas receptoras atravessam
a membrana uma única vez, têm um sítio de ligação no exterior da célula e um sítio
catalítico no interior celular. Já os receptores acoplados à proteína G (GPCRs) são
heterogêneos e se ligam a diversos tipos de ligantes. São receptores associados a
uma proteína transmembrana multipasso, isso significa que atravessam a
membrana sete vezes e, ao se ligarem à molécula sinalizadora, ativam outras
proteínas, alterando a sua conformação e transmitindo o sinal adiante. A
sinalização celular associada a este tipo de receptor pode se repetir várias vezes
em resposta à molécula sinalizadora, em um ciclo. Estes receptores atuam
indiretamente regulando a atividade de uma proteína-alvo ligada à membrana
plasmática, que pode ser um canal iônico ou uma enzima.
0
da sua ação enzimática geram várias reações moleculares de curta duração que
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levam a uma modificação no comportamento celular. A enzima ativada gera um
segundo mensageiro que afetará outros alvos. Alguns exemplos de tipos de
proteínas G: Gs, Gq, Gi, Gt, Go e Gk.
Quadro 1.1 | Algumas respostas celulares induzidas por hormônios mediadas por AMP cíclico
ASSIMILE
O tempo que uma célula leva para responder a um sinal extracelular varia
muito, dependendo das ações que a célula deve fazer para chegar à
resposta requerida. Algumas moléculas sinalizadoras, como a acetilcolina
(neurotransmissor), se degradam em um intervalor de milissegundos após
serem secretadas, isto ocorre porque as proteínas afetadas já se encontram
no interior da célula-alvo aguardando os sinais. Outras como a secreção das
glândulas salivares duram em torno de um minuto. Já alguns hormônios
podem levar horas ou dias antes de serem degradados, um exemplo é o
hormônio de crescimento, pois a resposta celular depende de mudanças na
expressão gênica e produção de novas proteínas.
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A sinalização celular só ocorre com o perfeito funcionamento de cada uma das
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etapas envolvidas, pois qualquer alteração significativa afeta a comunicação entre
as células e gera uma alteração que afeta diretamente a função que a célula
deveria executar para desempenhar o seu correto funcionamento.
Questão 2
A sinalização celular pode ser classificada em diferentes categorias, de acordo com
a distância a ser percorrida por um sinal, dependendo da distância entre as células
que irão se comunicar.
Coluna A Coluna B
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contato
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Fonte: elaborado pela autora.
Questão 3
Para que ocorra a comunicação celular é necessário que o sinal emitido por uma
célula seja reconhecido por um receptor específico presente na célula que irá
receber a informação e gerar uma resposta celular. Os receptores podem ser de
vários tipos e um mesmo receptor pode estar presente em diferentes tipos
celulares. Eles podem ser divididos em duas categorias: receptores intracelulares e
receptores de superfície celular.
b. Os receptores da membrana plasmática, que estão associados a uma enzima, são neurotransmissores de
superfície celular.
d. Receptores acoplados à proteína G são caracterizados pelas suas proteínas receptoras atravessarem a
membrana uma única vez.
e. Os receptores intracelulares são caracterizados por se ligarem a moléculas hidrofílicas e os receptores de
membrana plasmática se ligarem a moléculas hidrofóbicas.
REFERÊNCIAS
ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
DE ROBERTIS, E. M. F.; HIB, J. Biologia celular e molecular. 16. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2017.
0
Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.
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JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, José. Histologia básica. 11. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2013.
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Renata Morais dos Santos
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Fonte: Shutterstock.
Com isso, você saberia explicar como as células se comunicam, ou seja, como
ocorre sinalização celular no caso dos hormônios tireoidianos? Quais são os
fatores que devemos levar em conta na sinalização celular? Como podemos
classificar a molécula do hormônio tireoidiano? E os receptores das células-alvo
envolvidas?
0
sinalização é caracterizado por carregar os hormônios através do sistema
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circulatório agindo em células distantes do alvo. Lembrando que devemos levar em
conta que para a sinalização celular ocorrer é necessário uma célula emissora
(glândula endócrina – tireoide), a emissão de um sinal ou molécula sinalizadora
(hormônio tireoidiano), o receptor da membrana específico que irá interpretar o
sinal à célula-alvo, neste caso a célula distante que recebe o sinal e irá produzir
uma resposta (reação).
Essa poderia ser uma possibilidade de resolução, com base no que estudamos
nesta seção, ou seja, você tem plenas condições de indicar uma outra proposta. Vá
em frente!
AVANÇANDO NA PRÁTICA
A DOENÇA DA FRAQUEZA
Uma jovem estudante de medicina, de 25 anos, integrante da equipe de vôlei da
faculdade, começou a apresentar sintomas de fraqueza durante as práticas de
atividade física intensas, que antecediam o campeonato, do qual a sua equipe iria
participar. Além da fraqueza muscular, a jovem começou a apresentar falta de ar,
cansaço excessivo e muitas vezes uma sensação de visão dupla. Preocupada com o
seu rendimento para o campeonato, a jovem conversou com um de seus
professores da faculdade, que a encaminhou para realizar alguns exames no
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hospital universitário. Além dos testes laboratoriais, fez uma série de testes
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neurofisiológicos. Em um de seus testes laboratoriais ela obteve resposta positiva a
uma injeção com medicamentos anticolinesterásicos (que agem nos receptores
neuromusculares, prevenindo a deterioração das moléculas de acetilcolina,
consequentemente melhorando à força muscular). A jovem foi detectada com
miastenia gravis, uma doença neuromuscular autoimune crônica, caracterizada
por vários graus de fraqueza dos músculos esqueléticos do corpo. Atualmente já
existem várias terapias que ajudam a reduzir a fraqueza muscular e melhorar a
condição do paciente. Desta forma, o médico recomendou a jovem iniciar o
tratamento com um medicamento de neostigmine, geralmente indicado para o
tratamento desta doença. No entanto, o médico alertou a jovem de possíveis
sintomas que ela poderia ter com o uso do medicamento, dentre eles a
hipersecreção brônquica e salivar e bradicardia (diminuição da frequência
cardíaca). Considerando a situação apresentada, como você poderia relacionar a
atuação da acetilcolina com essa doença? Lembre-se da importância dos
sinalizadores celulares e as suas funções específicas, incluindo a ação de um
mesmo sinal em diferentes células.
RESOLUÇÃO
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Renata Morais dos Santos
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
CONVITE AO ESTUDO
Caro aluno, seja bem-vindo! Vamos dar sequência ao estudo das células, as
unidades básicas fundamentais à vida. Além de estruturar os organismos vivos,
elas são responsáveis pelas funcionalidades do nosso corpo. Mas como estas
estruturas microscópicas são capazes de desempenhar tantas funções? Qual a
composição delas e como as células se diferenciam umas das outras? Uma vez que
já conhecemos as diferenças entre as células procariontes e eucariontes, as
diferenças entre as células animais e vegetais, podemos agora refletir sobre como
as milhares de células do nosso corpo se diferenciam e desempenham diferentes
funções.
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Abordaremos nesta unidade as funções e a constituição do citosol, o citoesqueleto
– a base estrutural das células –, e os ribossomos, todas estruturas comuns às
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células, cada uma com suas particularidades. Compreenderemos o sistema de
endomembranas e as características das principais organelas citoplasmáticas. Você
será capaz de explicar como ocorre o processo de formação de proteínas e a
diferenciação das células nos organismos, assim como demonstrar as fases do
ciclo celular e os mecanismos que a envolvem.
Bons estudos!
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tanto em células procariontes como em células eucariontes –, na formação das
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proteínas e compreenderemos como este processo funciona. No decorrer da
seção, conheceremos a composição do citoesqueleto, também presente no citosol,
e cada um de seus filamentos proteicos, distinguindo as diferenças entre eles e as
funções específicas de cada um dentro da célula.
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citoplasmáticos.
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Para que você consiga trazer a atenção dos alunos para a aula, introduzindo o
contexto de hipertrofia, sem fugir do conteúdo da disciplina, o convido a estudar
esta seção, que irá lhe fornecer os subsídios para resolver esta situação.
CONCEITO-CHAVE
Sabemos que as células têm diversas estruturas com funções bem definidas e de
vital importância para o funcionamento do organismo. Em sua composição básica,
comum a todas as células, há a membrana plasmática, o citoplasma e o material
genético. Já conhecemos um pouco sobre a estrutura e as funções da membrana
plasmática, então agora estudaremos o citoplasma.
ASSIMILE
0
movimento contínuo, uma espécie de corrente citoplasmática, conhecida como
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ciclose. Esta corrente torna-se mais intensa com o aumento da temperatura,
elevação de luz e disponibilidade de oxigênio.
Sabe-se que a maior parte das atividades celulares ocorre no citoplasma, mais
especificadamente no citosol, e muitas delas estão associadas às organelas
citoplasmáticas. No citosol ocorrem também reações químicas relacionadas ao
metabolismo celular. Algumas atividades como a respiração celular, o
armazenamento de substâncias em grandes quantidades (glicogênio e gorduras), e
a síntese de proteínas envolvem os ribossomos. Em geral, o citosol fornece
substrato para a organização de moléculas enzimáticas que, quando ordenadas
em sequência, funcionam melhor do que quando distribuídas ao acaso, uma vez
que dependeriam de colisões esporádicas com outros substratos (JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2013).
EXEMPLIFICANDO
ASSIMILE
0
Os ribossomos são constituídos por duas subunidades de tamanhos diferentes,
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uma subunidade maior e outra menor. Nas células eucariontes, o rRNA (Ácido
Ribonucleico Ribossômico), de ambas as subunidades, é sintetizado no nucléolo,
enquanto no citoplasma, são sintetizadas as proteínas. As proteínas migram para o
núcleo através de poros nucleares e se juntam ao rRNAs, dando origem as duas
subunidades que formam o ribossomo. As duas subunidades têm características
funcionais e estruturais diferentes, são encontradas separadas, sendo deslocadas
de volta ao citosol, onde irão exercer a sua função de síntese de proteínas. As
subunidades se unem de forma reversível no início da síntese de molécula
proteica. Quando a subunidade menor se liga a uma molécula de RNA mensageiro
(mRNA) forma no citosol um ribossomo funcional capaz de realizar a sua função.
Após a proteína ser sintetizada, as subunidades voltam a se separar.
REFLITA
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O citoesqueleto tem uma estrutura dinâmica, com características de resistência a
tensões, flexibilidade e estabilidade próprias de cada um de seus filamentos. Por
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ser formado pela polimerização de proteínas, permite que se decomponham
(despolimerizar) em uma região da célula e se reestruturar (polimerizar) em outra,
de forma rápida.
VOCABULÁRIO
ATENÇÃO
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molécula de ATP na qual está associada, formando ADP.
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Os microfilamentos podem desempenhar uma diversidade de funções,
dependendo das proteínas acessórias a que se associam, formando estruturas
diferentes. Estão envolvidos também em alguns processos fundamentais como: a
movimentação celular (devido a sua propriedade de polimerizar e despolimerizar
rapidamente, um exemplo é a movimentação dos glóbulos brancos – leucócitos –
no sistema imunológico), a adesão celular (muito importante para a ligação entre
as células ou entre a célula e a matriz extracelular), o englobamento de partículas
(fagocitose), estruturação das microvilosidades (em células epiteliais) e a divisão
celular (separação de células ao fim da mitose – citocinese). Os microfilamentos
também participam da contração muscular, ao se ligarem a uma proteína
acessória –, no caso, a proteína motora miosina, que interage com a actina e,
juntas, são responsáveis pela contração do músculo.
EXEMPLIFICANDO
0
Os filamentos intermediários estão presentes no citoplasma de quase todas as
células eucariontes (ATTIAS; SILVA, 2006), são encontrados em abundância nas
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células que sofrem atrito (como as células da epiderme), que se prendem à
membrana plasmática em áreas de junções de células (desmossomos), sendo
frequentes também nos axônios e em células musculares. Está ausente nas células
que se multiplicam com frequência, como os embriões muito jovens e em células
do sistema nervoso central que não produzem mielina. Estes filamentos têm a
mesma estrutura, são constituídos pela junção de moléculas alongadas,
constituídas por três cadeias polipeptídicas entrelaçadas em forma de hélice. São
formados por várias proteínas fibrosas diferentes (Tabela 2.1), de acordo com o
tipo celular, que se unem espontaneamente sem necessidade de energia.
Proteína Localização
CENTRÍOLOS E MICROTÚBULOS
Para completar o estudo dos três filamentos que compõem o citoesqueleto, vamos
conhecer um pouco sobre os microtúbulos.
0
aos microtúbulos (MAPS). A adição de heterodímeros ao polímero funciona de
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forma semelhante aos filamentos de actina, mas ao invés da molécula de ATP, as
subunidades da tubulina estão associadas ao trifosfato de guanosina (GTP), que
após ser incorporado ao heterodímero é hidrolisado em difosfato de guanosina
(GDP) liberando energia, que causa uma instabilidade e permite a separação do
filamento. Esta instabilidade faz parte da dinâmica de muitos processos biológicos
regulados pelos microtúbulos. É importante saber que a quantidade de energia
liberada a partir da hidrólise de GTP é menor do que a energia liberada a partir da
hidrólise de ATP, por isso GTP é mais frequente como um sinal.
REFLITA
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e vesículas no interior da célula. Qualquer alteração em sua estrutura pode
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prejudicar o perfeito funcionamento das células, incluindo o desenvolvimento de
patologias.
Questão 2
Os ribossomos são estruturas encontradas no interior de todas as células, desde
as células de bactérias até as células de animais mais complexos. Em relação a sua
constituição e às suas funções, analise as afirmativas a seguir:
a. I, apenas.
b. III, apenas.
c. I e II, apenas.
d. II e III, apenas.
e. I, II e IV, apenas.
0
Questão 3
O citoesqueleto é formado por uma rede de filamentos presentes no citoplasma
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das células, e é altamente dinâmico e responsável por várias funções celulares.
Cada um de seus filamentos associado a diferentes proteínas adquire funções
específicas nos organismos (ATTIAS; SILVA, 2006).
a. Os três filamentos que compõem o citoesqueleto são: filamentos de actina, filamentos de miosina e os
microtúbulos.
b. Os microtúbulos são formados por subunidades proteicas chamadas de queratina, a qual está presente
nas unhas e no cabelo.
d. Os filamentos de actina e miosina compõem a estrutura dos espermatozoides e são responsáveis pela
sua formação.
e. O citoesqueleto forma uma rede interna que sustenta o volume citoplasmático e mantém as organelas
organizadas no citosol.
REFERÊNCIAS
ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 6 ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
ATTIAS, M.; SILVA, N. C. Biologia celular I. 3. ed. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj,
2006. 169 p. 3 v.
BARRETO, A. et al. Introdução à biologia celular. Rio de Janeiro: Seses, 2014. 192
p.
0
Guanabara Koogan, 2013.
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KHAN ACADEMY. O citoesqueleto. Disponível em: https://bit.ly/3ogJUmd. Acesso
em: 27 out. 2020.
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Renata Morais dos Santos
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
Primeiramente, para atender essa demanda, você deve se recordar dos conceitos
aprendidos referentes ao citoesqueleto, os filamentos que o compõem e a função
de cada um deles.
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periférica da célula (córtex celular) e são formados pela proteína actina. Para
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participarem do fenômeno de contração muscular precisam se unir a proteínas
acessórias, neste caso, a proteína motora miosina. As miosinas são capazes de
hidrolisar ATP em ADP quando se associam aos filamentos de actina, promovendo
o deslizamento de um filamento sobre o outro. É importante neste momento
explicar aos alunos que o citoesqueleto está presente em todas as células, mas,
neste caso, como estamos relacionando-o às células musculares, é necessário
situar esta estrutura nos músculos esqueléticos e fazê-los compreender o
mecanismo de contração e relaxamento muscular, envolvendo os sarcômeros. O
processo de contração envolve ainda liberação de neurotransmissor (acetilcolina)
por meio da sinalização sináptica, o que envolve a bomba de sódio e potássio na
membrana plasmática, liberação de íons de Ca2+ pelo retículo sarcoplasmático e a
interação com as miofibrilas ou fibras musculares.
Cabe lembrar que baseado nos conhecimentos adquiridos nesta seção, existem
outros caminhos para a resolução desta situação-problema, esta foi somente uma
possibilidade apresentada. Busque alternativas, podemos sempre aprimorar.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
A IMPORTANTE PROTEÍNA DA PELE
Para introduzir essa situação, considere o texto retirado de uma matéria publicada
no site G37 em 2018. “Um churrasco em uma residência fez 10 vítimas, todas com
queimaduras após uma explosão ao utilizarem álcool líquido próximo à
churrasqueira. As vítimas chegaram ao hospital com queimaduras de primeiro,
segundo e terceiro grau” (G37, 2018).
Assim, imagine que você que é membro de uma equipe de consultoria de uma
empresa que atua com capacitação de profissionais da saúde e estava em uma
capacitação para profissionais de uma grande clínica médica. Durante o evento
você foi indagado a respeito do acidente ocorrido e como você avalia a importância
da pele em nosso organismo. Pensando na estrutura do tecido danificado pela
queimadura, as células da epiderme tiveram as suas estruturas alteradas.
Relacione este fato aos filamentos proteicos que compõem o citoesqueleto e
apresente a sua importância para a estrutura das células.
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RESOLUÇÃO
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Para atender aos questionamentos, o consultor poderia enfatizar que sabemos
que a pele é um órgão composto por diversos tecidos e tipos celulares
especializados, que exercem funções fundamentais para a vida, como a
termorregulação, sensibilidade, proteção contra agressões exógenas, de
natureza química, física e biológica, contra a perda de água para o exterior,
dentre outras funções.
Mas, vale lembrar que as lesões mais graves muitas vezes são irreversíveis e
necessitam do auxílio de tratamentos, medicamentos e outros procedimentos
para se recuperarem.
NÃO PODE FALTAR I
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Renata Morais dos Santos
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
As organelas são estruturas menores que estão presentes dentro das células, cada
qual desempenhando uma função diferente, mas todas trabalhando em conjunto
para que a máquina (nosso organismo) funcione.
Imagine o corpo humano como uma máquina que tem vários órgãos que
trabalham para mantê-lo funcionando. As organelas funcionam como se fossem
órgãos das células, são responsáveis pela digestão, respiração, circulação de
substâncias, dentre outras funções. Lembrando que os organismos vivos são
compostos por milhares de células, incluindo nossos órgãos. Algumas organelas
não compreendem o sistema de endomembranas, como as mitocôndrias, muito
importantes para a manutenção da vida, por serem responsáveis pela produção de
energia para realização das atividades celulares. Os plastídios que têm função de
fotossíntese, e são importantes na síntese de aminoácidos e ácidos graxos,
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presentes exclusivamente nas células vegetais. E os peroxissomos, que degradam
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gordura e outras substâncias no interior das células.
Você já deve ter ouvido falar que algumas células se autodestroem e, muitas vezes,
cometem a autofagia, ou seja, a destruição ou reciclagem de estruturas e
organelas que não estão desempenhando corretamente as suas funções, para não
prejudicar as atividades celulares, que podem, consequentemente, trazer prejuízos
para o funcionamento de todo o organismo. Estudaremos assim, as
particularidades das principais organelas e suas funções, vamos lá?
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como os diferenciais que o tornam específico, não é mesmo? Só assim
conseguiremos convencer o nosso cliente. O mesmo ocorre com as células, não
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basta dizermos que elas são importantes, precisamos conhecer a sua estrutura e
composição, como elas funcionam internamente para compreendermos a
dimensão de suas funções e a atuação delas nos organismos vivos.
CONCEITO-CHAVE
Dentre os componentes do citoplasma, além dos já estudados citosol e
citoesqueleto, há também as organelas citoplasmáticas, as quais desempenham
diversas funções específicas. As organelas são estruturas envolvidas ou não por
membranas. As organelas não membranosas, ou seja, que não têm membranas,
são encontradas no citosol e não dependem de transportes para realizar sua
função, o que facilita seu trabalho. São exemplos os ribossomos, estruturas do
citoesqueleto (filamentos, microtúbulos e centríolo) e o centrossomo. Já as
organelas membranosas são compartimentos envolvidos por membranas
biológicas originadas a partir da invaginação da membrana celular, compostas por
lipídios, proteínas e hidratos de carbono, muito semelhantes à membrana
plasmática.
REFLITA
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no interior das células (como no caso dos lisossomos) ou as proteínas
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armazenadas no interior das células para posterior exportação (no caso do
pâncreas e algumas glândulas endócrinas) são sintetizadas por ribossomos ligados
ao RER. Mas a estrutura destes ribossomos é diferente? A resposta é não.
Conforme estudamos, todos os ribossomos são formados por duas subunidades,
uma maior e outra menor, esta subunidade menor ao se ligar a um mRNA (RNA
mensageiro) se torna funcional e pode sintetizar proteínas.
ASSIMILE
Os termos liso e rugoso são aplicados aos estados transitórios das
membranas do retículo endoplasmático. Por se tratar de um
compartimento único e contínuo, as regiões podem se alternar, em
determinado momento estar lisa e em outro rugosa. Com isso, é
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importante considerarmos que o retículo está rugoso ou liso e não que ele
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é rugoso ou liso (ATTIAS; SILVA, 2010).
COMPLEXO DE GOLGI
Vimos que o material que sai do retículo endoplasmático é transportado em
vesículas até o complexo de Golgi, uma vez que estas duas organelas têm conexão
entre si. Sendo assim, existe um complexo de Golgi (ou aparelho de Golgi), por
célula eucariótica, estando ausente em hemácias e espermatozoides, no entanto,
nos espermatozoides o complexo de Golgi tem participação na formação do
acrossomo.
VOCABULÁRIO
EXEMPLIFICANDO
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proteínas úteis para ela, ou serem secretados para o meio extracelular. Em outros
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casos, o conteúdo das vesículas pode ser liberado em outras partes da célula onde
serão utilizados, como nos lisossomos (digestão intracelular) ou nos vacúolos
(enzimas digestivas). Muitas células do nosso corpo secretam substâncias e até
elas serem secretadas passam por todo este processo, como a insulina (hormônio)
secretada pelas células do pâncreas.
LISOSSOMOS
Os lisossomos são vesículas, também delimitadas por membranas, que contêm
enzimas hidrolíticas, ou seja, com função de digestão. Estas organelas estão
presentes em quase todas as células animais, sendo mais abundantes nas
fagocitárias (macrófagos e leucócitos) e ausentes nas hemácias. Elas têm uma
variedade de enzimas com capacidade de digerir substâncias que variam de
acordo com o tipo celular e a função de cada célula, como exemplo podemos citar
a protease, lipase, fosfatase, desoxirribonuclease, dentre outras, todas com
atividade máxima em pH 5,0 (ácido). Mas estas enzimas não podem destruir a
célula? As células já pensaram em tudo, e como mecanismo de defesa a membrana
dos lisossomos funciona como uma espécie de barreira, que impede as enzimas de
alcançarem o citosol, e caso acidentalmente isso ocorra, o pH do citosol é
relativamente neutro impedindo a ação destrutiva das enzimas.
ASSIMILE
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seõçatona reV
ASSIMILE
Quando a célula não absorve todo o material digerido, o que resta compõe um
corpo residual, que será eliminado do citoplasma posteriormente. Outra função
destas organelas é realizar o processo de autofagia, ou seja, a digestão de
estruturas da própria célula. Mas quando isto ocorre? Quando as células têm
alguma organela ou estrutura danificada, com um componente envelhecido e não
estão mais executando corretamente a sua função, os lisossomos fazem a digestão
destas partes da célula, em um processo que é comum em células glandulares que
acumulam secreções em excesso.
EXEMPLIFICANDO
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As mitocôndrias são organelas presentes somente em células eucarióticas. Elas
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têm forma de bastonetes e a sua principal função está relacionada ao processo de
produção de energia para a célula (respiração celular): na presença de oxigênio
sintetizam ATP, importantes no ciclo de Krebs e na cadeia respiratória. Estas
organelas estão presentes em maiores quantidades em células que requerem um
maior gasto energético e junto do REL auxiliam na regulação da concentração de
íons no citoplasma celular. As mitocôndrias têm duas membranas, uma interna e
outra externa. A primeira é composta por invaginações, chamadas de cristas
mitocondriais, direcionadas para o interior da mitocôndria, delimitando o espaço
interno (matriz mitocondrial). O espaço entre a dupla membrana é conhecido por
espaço intramembranoso. Além das duas membranas, as mitocôndrias têm
material genético próprio (DNA mitocondrial), permitindo a sua autoduplicação.
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endomembranas.
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a. Vacúolos, lisossomos, complexo de Golgi e ribossomos.
Questão 2
No interior das células encontramos o citoplasma, local onde muitas atividades
celulares ocorrem, principalmente no citosol. Dispersos em seu meio aquoso
encontramos as organelas celulares, cada uma delas com uma função distinta,
capazes de digerir substâncias, produzir energia para as atividades celulares, fazer
sínteses de moléculas, dentre outras funções.
a. Os lisossomos são responsáveis pela permeabilidade seletiva das células, além do processo de digestão.
c. As mitocôndrias, cuja função é a de produção de energia para a célula, estão ausentes nos vegetais.
d. O retículo endoplasmático está relacionado à síntese de proteínas e lipídios, a região lisa contém
ribossomos.
e. O complexo de Golgi recebe substâncias do retículo endoplasmático e as direciona para outras regiões do
corpo.
Questão 3
São importantes na manutenção da homeostase celular, podem receber
substâncias extracelulares através da endocitose e participam do processo de
autofagia realizado por algumas células. Possui um grande número de enzimas
que são ativadas em pH ácido e fazem parte do sistema de endomembranas
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).
a. Retículo endoplasmático.
b. Lisossomo.
c. Complexo de Golgi.
d. Mitocôndria.
e. Peroxissomo.
REFERÊNCIAS
ATTIAS, M.; SILVA, N. C. Biologia celular I. 3 ed. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj,
2006. 169 p. 3 v.
ATTIAS, M.; SILVA, N. C. Biologia celular I. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2010.
130 p. 2 v.
BARRETO, A. et al. Introdução à biologia celular. Rio de Janeiro: Seses, 2014. 192
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p.
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CISA. Centro de Informações sobre Saúde e Álcool. Álcool e Sistema Hepático.
2004. Disponível em: https://bit.ly/3bn3lEQ. Acesso em: 4 nov. 2020.
DE ROBERTIS, E. M. F.; HIB, J. Biologia celular e molecular. 16. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2017.
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Renata Morais dos Santos
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Fonte: Shutterstock.
Como você, no lugar do professor, pode explicar o que foi constatado no exame?
Qual a importância do acrossomo para o processo de reprodução? Como você
relacionaria este contexto às organelas celulares para explicar aos alunos?
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Os espermatozoides são os gametas masculinos, responsáveis pela reprodução
sexual nos animais, juntamente com os óvulos (gametas femininos). Para
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resolvermos a situação é necessário conhecer a estrutura do espermatozoide, já
que se trata de uma célula composta pela cabeça, peça intermediária e cauda. A
cauda, também conhecida como flagelo, é formada por um par de centríolos e
permite a locomoção do espermatozoide no órgão reprodutor feminino. Na peça
intermediária (ou colo) há uma grande concentração de mitocôndrias, essenciais
na produção de energia (ATP) para a movimentação dos flagelos. E, por fim, a
cabeça é composta pelo núcleo, que abriga o material genético masculino e está
coberto pelo acrossomo. Este é formado por vesículas contendo muitas enzimas
digestivas (lisossomos), produzidas pelo complexo de Golgi. A partir das suas
enzimas, o acrossomo consegue penetrar na membrana do óvulo, permitindo a
fecundação. A ausência desta estrutura impede a penetração do espermatozoide
no óvulo, o que causa a infertilidade do homem.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
OS EFEITOS DO ÁLCOOL
Imagine a seguinte situação: um jovem, recém-formado, passou a noite rodeado
de amigos e familiares aproveitando a sua festa de formatura. Ele estava
consumindo muitas bebidas alcoólicas de forma exagerada durante toda a noite e
em certo momento da festa começou a apresentar muita confusão mental,
dificuldades de respiração, vômitos e convulsões. Levado às pressas para o
hospital mais próximo ao local da festa, o jovem foi diagnosticado em coma
alcoólico e assistido.
Dessa forma, imagine que você é um dos profissionais da saúde que fazia parte da
equipe multiprofissional que participou desse atendimento. Após a estabilização
da saúde do jovem, esse lhe questionou sobre os efeitos do álcool às células do
seu organismo. Como você explicaria o papel de uma organela envolvida no
processo de desintoxicação do organismo? Esses questionamentos podem ocorrer
em vários contextos da sua futura atuação como profissional da saúde.
RESOLUÇÃO
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destas moléculas, tornando-as substâncias menos nocivas à saúde. Os
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hepatócitos (células do fígado) têm a enzima álcool desidrogenase, que
converte o álcool em acetaldeído (extremamente tóxico ao nosso organismo).
Este composto em excesso provoca vários dos sintomas sentidos pelo jovem
em estado de alcoolismo. O fígado produz ainda outra enzima (aldeído
desidrogenase), capaz de converter o acetaldeído em acetato (produto atóxico
ao nosso organismo). O álcool em excesso acaba provocando outros efeitos
como desidratação e náuseas, pois também atinge os rins e o estômago. No
estômago ocorre o aumento de secreções intestinais e nos rins a inibição do
hormônio antidiurético, que auxilia na reabsorção de água pelos rins, evitando
a eliminação em excesso (estratégia da manutenção da vida dos seres vivos),
desta forma, o corpo sob efeito do álcool libera água em excesso ao invés de
reabsorvê-la.
Que tal propor uma outra solução à situação-problema? Conto com você.
NÃO PODE FALTAR I
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Renata Morais dos Santos
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mesmo tempo, pensando em reprodução, estudaremos também a meiose,
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processo presente em organismos que fazem reprodução sexual, como os seres
humanos. A partir da fecundação, há a formação de um zigoto, que iniciará a
formação e o desenvolvimento de uma nova vida, conheceremos também um
pouco do processo de diferenciação celular e como uma célula cujo material
genético é idêntico a outra pode adquirir funções diferentes. E, claro, assim como
as células se multiplicam e se diferenciam, para que seja mantida a homeostase ou
equilíbrio dos organismos, alguns mecanismos são extremamente necessários,
como a morte celular programada. Talvez lhe pareça estranho pensar em como
seria uma morte programada, mas saiba que ela é essencial para eliminar células
danificadas ou que deixam de ser úteis ao organismo, ela está diretamente
relacionada ao surgimento de tumores e outras patologias. As doenças
autoimunes também são influenciadas por este processo.
Mais uma vez, o cenário gira em torno das instabilidades ambientais às quais
estamos expostos e que em determinadas situações geram prejuízos à saúde
humana. A poluição do ar está associada a um número crescente de doenças
notificadas, como doenças pulmonares, cardíacas, demência, problemas no fígado,
câncer, fertilidade, dentre outras. Apesar de as células conseguirem tolerar
pequenas variações sem tantos prejuízos, muitas vezes elas não conseguem
manter o seu funcionamento íntegro, o que pode desencadear inúmeras
patologias.
A seguinte fala de um aluno foi notada pelo professor: “meu tio tem 57 anos,
começou a emagrecer muito, sentir dores no ombro, e nos joelhos, e estava tendo
muitas tosses secas e dificuldade para respirar mesmo quando fazia atividades de
médio esforço, o que o prejudicou no desempenho de algumas atividades em seu
trabalho. Ele é construtor civil há anos e fumou desde a sua adolescência, mas
parou recentemente. Minha tia o levou ao médico e ele foi diagnosticado com
câncer de pulmão, começará o tratamento com quimioterapia na próxima
semana”.
Diante deste fato, como o professor poderia relacionar a fala do aluno ao conteúdo
didático de sua disciplina? Como o câncer está relacionado ao ciclo celular, aos
processos de mitose e meiose e até mesmo à morte celular e à diferenciação das
células? Como você, no lugar deste professor, explicaria o assunto a seus alunos?
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Entender a vida, suas etapas e como ela se multiplica é importante. Quando há
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falhas nesse percurso, elas podem ser ajustadas com cuidados especiais. Vamos
juntos desvendar, então, o ciclo celular?
CONCEITO-CHAVE
Todas as células têm capacidade de crescer e se reproduzir, e a única forma de
uma célula se reproduzir é duplicar uma célula já existente. Para as células se
reproduzirem, elas fazem uma série de eventos organizados de forma cíclica. Há
um aumento coordenado das substâncias e moléculas em seu interior, incluindo o
seu material genético, que é duplicado e posteriormente dividido. Este mecanismo
é conhecido como ciclo celular, ou ciclo de divisão celular, essencial para a
manutenção e geração de vida, mecanismo pelo qual os seres vivos se
reproduzem.
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Iniciaremos com a interfase, a fase essencial para que a divisão celular ocorra,
intermediária entre uma fase mitótica (M) e a próxima. Nesta fase, a célula se
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encontra em crescimento e intensa atividade metabólica e ocorre a duplicação do
material genético e dos componentes da célula-mãe, sendo considerada a fase
mais longa da divisão celular, composta por três etapas: G1, S e G2, a abreviatura G
significa “intervalo” (gap em inglês) e a abreviatura S significa “síntese”. A etapa G1
é caracterizada como o primeiro intervalo de tempo entre o final da mitose (fase
mitótica – M) até o início da replicação do DNA (fase de síntese – S). É conhecido
também por período pós-mitótico ou pré-sintético, tem duração variável de acordo
com o tipo celular e é nesta etapa que a célula copia as organelas e outros
componentes celulares que serão utilizados nas etapas seguintes, a célula está em
crescimento celular e com o seu metabolismo celular normal. A etapa S é marcada
por ser a fase mais longa, na qual ocorre a síntese do DNA (replicação) e a
duplicação do centrossomo (se lembram dele? A estrutura que organiza os
microtúbulos e irá ajudar a separar o material genético na fase mitótica). O
segundo intervalo, etapa G2, é marcado pela síntese de proteínas e dos
microtúbulos. Neste momento, a célula organiza o seu conteúdo se preparando
para a fase seguinte, ocorre a duplicação de cromossomos e o reparo de possíveis
danos no DNA, sendo finalizada com o início da mitose. Em G2, a célula permanece
em crescimento.
VOCABULÁRIO
A fase mitótica (M) compreende a etapa que a célula divide o seu material
genético (DNA) que foi duplicado, repartindo o seu conteúdo de forma igualitária
entre duas novas células-filhas. A fase M é marcada por duas etapas: a mitose (ou
divisão celular) e citocinese (ou divisão citoplasmática). Durante a mitose, os
cromossomos copiados são separados pelo fuso mitótico e se dividem para os
núcleos das células filhas. Este processo ocorre em quatro etapas que
estudaremos a seguir: a prófase, metáfase, anáfase e telófase. A citocinese é
marcada pela divisão do citoplasma da célula em duas novas células, iniciada após
o término da mitose. É importante saber que esta etapa ocorre de formas distintas
em células animais e vegetais, a citocinese descrita ocorre em células animais.
EXEMPLIFICANDO
A citocinese em células animais é chamada de citocinese centrípeta (ocorre
da parte periférica da célula em direção ao centro), com a formação de um
anel contrátil, formado por fibras do citoesqueleto. Filamentos de actina e
miosina formam o sulco de clivagem, que divide a célula em duas, por elas
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serem macias e moles. Já nas células vegetais, devido à presença da parede
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celular, elas são mais duras e resistentes e a pressão interna é alta, o
processo é chamado de citocinese centrífuga (do centro da célula para a
periferia). Para que as células se dividam é formada uma estrutura (lamela
média) composta por membrana plasmática e outros componentes da
parede celular, dividindo a célula ao meio.
As células- filhas foram produzidas, mas o que acontece com elas? Vai depender
muito do tipo de célula, pois alguns tipos celulares se dividem rapidamente, outros
se dividem de forma lenta ou não se dividem. Isso porque as células do nosso
corpo podem ser células lábeis (que continuam a se multiplicar durante toda a
vida), como é o caso das células epiteliais e hematopoiéticas; podem ser células
estáveis (em geral não se dividem, mas têm a capacidade de se proliferar quando
estimuladas), no caso as células presentes em glândulas, como o fígado, pâncreas,
células salivares, endócrinas e outras; e, por fim, há as células permanentes (que
perdem a capacidade de se dividir), como as células musculares e células do
sistema nervoso central.
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ASSIMILE
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Antes de iniciar a mitose, ainda na interfase, os centrômeros (centrossomos) foram
duplicados, o DNA já foi copiado e os cromossomos presentes no núcleo se
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encontram conectados a suas cópias, chamadas de cromátides irmãs. É quando
inicia a primeira etapa da mitose, a prófase. Nesta etapa, são iniciados alguns
processos, tais como a condensação dos cromossomos, a formação do fuso
mitótico (composto por centrossomos e microtúbulos – organiza os cromossomos)
e a fragmentação da carioteca e o desaparecimento do nucléolo (local de formação
de ribossomos). Na etapa seguinte, a metáfase, os cromossomos atingem o seu
ponto máximo de condensação e se alinham na placa metafásica (estrutura
formada na região média da célula) ligados ao centrômero. Neste momento que
ocorre o ponto de checagem da fase M, para verificar se todos os cromossomos
estão ligados à placa metafásica, garantindo que a divisão das cromátides-irmãs
seja feita corretamente. A anáfase é a próxima etapa, marcada pela separação das
cromátides-irmãs, que são agora cromossomos independentes, deslocados para as
extremidades opostas da célula. É importante lembrar que estes cromossomos
independentes têm genético idêntico ao da célula original (célula-mãe). A célula é
alongada e neste processo muitas proteínas motoras são acionadas para auxiliar
na movimentação dos cromossomos e microtúbulos. Por fim, a telófase é a etapa
em que a célula se prepara para ser dividida, estabelece a sua estrutura normal
conforme a citocinese inicia a divisão. É marcada pela divisão do fuso mitótico em
dois, a formação de dois núcleolos e o reaparecimento dos nucléolos e carioteca e
o início do descondensamento dos cromossomos. Ao final desta etapa, a mitose é
encerrada.
Mas será que todas as células se multiplicam por meio do ciclo celular típico que
acabamos de estudar? A formação de novas células quando envolve organismos
que se reproduzem sexualmente não apresenta um processo cíclico. Ao contrário,
ele é feito através da meiose, cujo objetivo é produzir células-filhas que contenham
metade dos cromossomos da célula-mãe original. São produzidos gametas (células
sexuais), que dão origem aos espermatozoides e óvulos, como é o caso dos seres
humanos, por exemplo. Desta forma, ao contrário da mitose, em que uma célula
diploide (2n) produz outra célula idêntica também diploide (2n), na meiose, a célula
diploide (2n) forma quatro células filhas haploides (n), com a metade do número de
cromossomos da célula original, sendo conhecida por divisão reducional. Mas,
lembre-se que a mitose pode ocorrer tanto em células diploides como em células
haploides. A divisão meiótica se assemelha à mitose em relação às etapas, no
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entanto ela é um pouco mais complexa, como veremos a seguir. A meiose é
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iniciada logo após a interfase, quando ocorre a duplicação dos cromossomos. Esta
divisão ocorre por meio de duas fases, a meiose I (fase reducional) e a meiose II
(fase equacional). Ambas as fases são divididas em quatro etapas: prófase,
metáfase, anáfase e telófase.
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Relacionada à meiose também temos o processo de gametogênese, processo de
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formação dos gametas masculinos e femininos, essenciais para a reprodução
sexuada dos organismos. Nos animais, os gametas masculinos são produzidos nos
testículos (espermatogênese), responsável pela produção dos espermatozoides,
iniciada na puberdade e que permanece ativa durante toda a vida adulta. Os
gametas femininos são produzidos nos ovários (ovogênese), responsável pela
produção dos ovócitos maduros, iniciada antes do nascimento. A produção dos
ovócitos passa por um período de interrupção (meiose I) e é ativado novamente na
puberdade, no entanto a produção destes gametas é interrompida com a idade
avançada da mulher (em torno de 50 anos). Um ponto importante que diferencia a
espermatogênese da ovogênese é em relação ao número de células produzidas
após o processo de divisão celular meiose I e meiose II. Na espermatogênese, uma
célula produz ao final quatro novas células (espermatozoides), enquanto na
ovogênese uma célula produz ao final apenas uma célula viável (óvulo), nesta, são
gerados dois corpúsculos celulares que são desintegrados, um na meiose I e outro
na meiose II.
DIFERENCIAÇÃO CELULAR
O processo de diferenciação celular contempla um conjunto de fatores, tanto
internos à célula quanto externos, como fatores ambientais, que provocam a
diferenciação ou especialização das células embrionárias a partir da expressão
gênica. Estas modificações são necessárias para que a célula tenha a sua
morfologia e fisiologia definidas, tornando-a capaz de realizar determinada função.
Os fatores intrínsecos são derivados do DNA, no interior da célula, já os fatores
extrínsecos estão relacionados à sinalização celular entre as células, matriz
extracelular, incluindo agentes ambientais, tais como medicamentos, vírus, drogas,
entre outros. Mas por que é necessária esta diferenciação? Um organismo tem a
sua vida iniciada por apenas uma célula, após a fecundação, e a partir de então
origina novas células por meio da divisão celular (processo de mitose). Todas estas
novas células possuem a mesma constituição genética, no entanto para que o
organismo funcione, cada célula deve exercer uma função diferente. Nesse
momento, a expressão gênica age na célula precursora até ela se tornar uma
célula terminalmente diferenciada.
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ASSIMILE
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APOPTOSE, DESPROGRAMAÇÃO CELULAR
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Durante o processo de diferenciação celular, muitas células são formadas e
deixarão de ser necessárias, como ocorre por exemplo durante o desenvolvimento
embrionário em que alguns tecidos provisórios (por exemplo as membranas
interdigitais no processo de formação dos dedos), células supérfluas (durante a
neurogênese, muitos neurônios), orifícios, dentre outras que precisam ser
eliminadas. Mas como as células são eliminadas? Em que momento elas devem ser
removidas? A morte celular programada, desprogramação celular ou apoptose,
como também é conhecida, ocorre de forma organizada, com o intuito de remover
as células que não serão mais úteis para o organismo. Isto pode ocorrer tanto
durante o desenvolvimento embrionário, como durante a vida, quando são
identificadas células danificadas, com modificações ou alterações de funções que
afetem a saúde do organismo, caso sigam vivas. Neste último caso, podemos citar
as células tumorais ou autorreativas, como os linfócitos que podem reagir contra o
seu próprio organismo. E como o organismo segue produzindo células, para
manter o equilíbrio e reaproveitamento de células ou produção de novas células,
aquelas que já cumpriram sua função devem ser eliminadas. A apoptose é uma
morte celular fisiológica ou programada, ocorre devido a uma série de alterações
morfológicas muito importantes no desenvolvimento embrionário, na eliminação
de células infectas ou cancerosas, e de grande importância no desenvolvimento e
namanutenção do sistema imune.
REFLITA
Você já deve ter ouvido também falar no termo necrose, um outro tipo de morte
celular. Ao contrário da apoptose, considerada um “suicídio celular”, a necrose é
considerada uma morte celular acidental, desorganizada, em que as células
morrem devido a um dano provocado por substâncias tóxicas, lesões físicas, ou
outros fatores que danificam a célula e, consequentemente, danificam o
funcionamento da sua membrana celular, causando inflamações aos tecidos
vizinhos ao expelirem seu conteúdo (secretam o conteúdo do citoplasma, com o
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rompimento da membrana) para o meio extracelular.
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Diferentemente da necrose, a apoptose mantém a membrana plasmática sem o
extravasamento do citoplasma, não causando, assim, inflamações. Além de ter um
papel muito importante nos processos de crescimento celular desgovernado,
relacionados a problemas oncológicos, uma vez que a morte celular programada
age em defesa ao organismo no controle a estas células malignas, caso ela não
ocorra, haverá um acúmulo maior destas células tumorais tão prejudiciais à saúde.
Uma célula para se dividir precisa duplicar o seu __________. O ciclo celular pode ser
dividido em duas fases: a __________ – a célula cresce e copia o seu material genético
e a __________ – a célula com dois núcleos divide o seu citoplasma e o DNA, para
formar duas novas células. Uma destas fases é dividida em outras fases menores,
marcadas por importantes eventos. Por exemplo, a fase em que ocorre a síntese
completa de DNA é na fase__________. Já a fase em que as células se dividem
lentamente ou não se dividem é conhecida por fase __________. (KHAN
ACADEMY,2011)
Questão 2
Importantes no processo de divisão celular dos organismos, os processos de
mitose e meiose originam células com objetivos distintos. Alguns organismos,
como nós, realizam os dois tipos de divisões, visto que cada uma delas tem
características específicas e não são aplicadas a todos os tipos celulares. Neste
contexto, analise as afirmativas a seguir:
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a. II, apenas.
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b. IV, apenas.
c. I e II, apenas.
e. I, II e IV, apenas.
Questão 3
Sabemos que o nosso corpo, assim como o de outros organismos vivos
pluricelulares, é composto por milhares de células, que se diferenciam em sua
estrutura e em suas funções. A diferenciação celular está relacionada com a
expressão gênica.
b. O material genético das células deve ser diferente para que elas possam exercer funções distintas, células
com DNA idênticos desempenham funções iguais.
d. As células-tronco adultas se diferenciam das células-tronco embrionárias por não terem capacidade de
multiplicação.
e. Para as células se diferenciarem entre si, elas dependem de fatores intrínsecos, não sendo afetadas por
fatores extrínsecos.
REFERÊNCIAS
BARRETO, A. et al. Introdução à biologia celular. Rio de Janeiro: Seses, 2014. 192
p.
DE ROBERTIS, E. M. F.; HIB, J. Biologia celular e molecular. 16. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2017.
E-DISCIPLINAS USP. Tema 8 – Ciclo Celular e Mitose. USP, c2020. Disponível em:
https://bit.ly/3hs2QNy. Acesso em: 15 nov. 2020.
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Saúde. Folha informativa. Câncer. 2018. Disponível em: https://bit.ly/2Rnj2Fb.
Acesso em: 18 nov. 2020.
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PRADO, B. B F. Influência dos hábitos de vida no desenvolvimento do câncer.
Cienc. Cult., São Paulo, v. 66, n. 1, p. 21-24, 2014. Disponível em:
https://bit.ly/3eLqaEo. Acesso em: 18 nov. 2020.
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Renata Morais dos Santos
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Fonte: Shutterstock.
Diante deste fato, como o professor poderia relacionar a fala do aluno ao conteúdo
didático de sua disciplina? Como o câncer está relacionado ao ciclo celular, aos
processos de mitose e meiose e até mesmo à morte celular e a diferenciação das
células? Como você, no lugar deste professor, explicaria a situação aos seus
alunos?
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O câncer é formado quando a molécula de DNA de uma célula normal é danificada
ou sofre uma mutação, podendo ocorrer em uma célula somática e ser uma
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particularidade daquele indivíduo, ou em menores casos, a mutação pode ocorrer
em células germinativas, podendo ser transmitidas a gerações seguintes através da
hereditariedade. Neste caso, é importante saber que o gene do câncer pode ser
transferido para alguma outra geração, mas este gene poderá expressar-se ou
não, desenvolvendo o câncer, o que dependerá da atuação de outros fatores. E em
qual momento ocorre a duplicação do material genético (DNA) nas células? Como
vimos, durante o ciclo de divisão celular no período de interfase, a célula passa por
etapas de crescimento e ocorre a síntese do DNA, antes de seguir para a fase
seguinte, mitótica. Durante a síntese do DNA qualquer mutação ocasionada por
influência de fatores externos ou internos, pode resultar em erros ou danos na
formação da molécula de DNA sem ser percebidas, mesmo com a atividade dos
reguladores do ciclo celular que realizam checagens em pontos específicos do ciclo
celular, buscando corrigir falhas para impedir que uma célula danificada ou com
alguma má formação siga seu ciclo. Por se tratar de um processo cíclico e
dinâmico, a velocidade em que as células cancerosas se multiplicam é muito maior
do que o tempo de a multiplicação de uma célula normal saudável. Estudos
verificaram que a célula cancerosa é capaz de crescer e se multiplicar por artifícios
próprios, sendo capaz de produzir fatores de crescimento próprios ou ainda, faz
com que células vizinhas os produzam para poder utilizar.
Quando uma célula normal durante a divisão celular é identificada com algum
dano ou falha em seu DNA ou estrutura, ela é desligada do ciclo e sofre o processo
de apoptose, ou morte celular programada. No entanto, grande parte das células
cancerosas não são submetidas à apoptose, passando para a fase mitótica do ciclo
celular. Durante a mitose, uma célula dá origem a duas novas células com o
mesmo material genético, sendo assim, as células cancerosas rapidamente são
reproduzidas, criando uma concentração grande de células que se dividem
excessivamente e podem gerar um número maior de mutações. No caso de
cânceres hereditários, as mutações ocorrem nas células germinativas.
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desenvolvimento do câncer, que inativam ou ativam os genes (expressão gênica),
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como os reguladores positivos (quando superativados tornam-se oncogênicos) e os
reguladores negativos (que podem ser inativados e são supressores de tumor).
Poderá relacionar também aos efeitos da quimioterapia (que age também no ciclo
celular) e do sistema imunológico. Existem diversas possibilidades, que tal tentar?
Vá em frente!
AVANÇANDO NA PRÁTICA
AS CÉLULAS CAPAZES DE SALVAR VIDAS
Uma menina de 7 anos precisa encontrar urgentemente um doador compatível
para realizar um transplante de medula óssea. A sua vida está dependendo de
encontrar esta compatibilidade genética com um doador. A criança já está há um
ano em tratamento de uma leucemia aguda e depois de análise de mais de 5
milhões de doadores, todos incompatíveis, a família da menina segue realizando
campanhas para que mais pessoas se tornem doadoras, na esperança de
encontrar alguém compatível ou gerar mais possibilidades para outros pacientes
na mesma situação. Os médicos, no entanto, estão muito esperançosos, pois os
pais da menina diante de toda esta luta em salvar a vida da filha, resolveram ter
um novo bebê, que está a caminho (a mãe está no 8º mês da gravidez),
aumentando as chances de compatibilidade.
RESOLUÇÃO
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das células de defesa do nosso organismo, os conhecidos leucócitos (glóbulos
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brancos). Estas células são renovadas continuamente através do ciclo celular.
Quando a produção normal destas células sanguíneas é comprometida por
alguma aplasia ou síndromes de imunodeficiência congênita, o transplante de
medula óssea se torna necessário para o paciente, pois as células doentes se
multiplicam rapidamente e há um acúmulo destas células, que substituem as
células normais saudáveis, comprometendo todo o organismo.
Não esqueça que essa poderia ser uma forma de explicar ao pai, mas você
poderia trilhar outro caminho.
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Renata Morais dos Santos
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Fonte: Shutterstock.
CONVITE AO ESTUDO
Caro aluno, seja bem-vindo! Apresentaremos nesta unidade o tema genética, para
compreendermos alguns conceitos básicos que nos permitem entender diferentes
eventos que ocorrem nos seres vivos. Por exemplo: para o funcionamento do
organismo, estudamos que as proteínas são essenciais, mas quem é o responsável
pela síntese de proteínas ou pela formação de moléculas e tantas outras funções
que ocorrem nas células? O que faz um organismo ter características semelhantes
às dos seus descendentes ou como é possível comprovar paternidade através do
exame de DNA?
Durante a divisão celular, nos processos de mitose e meiose, vimos que o material
genético é replicado e distribuído às novas células-filhas geradas e qualquer
alteração que ocorra durante a replicação do material genético, ou qualquer
mutação que possa ocorrer de forma induzida ou espontânea, altera o código
genético do organismo, podendo produzir novas características aos portadores da
mutação, incluindo inúmeras doenças genéticas, como o câncer, diabetes, anemia
falciforme e algumas síndromes, síndrome de Down, síndrome de Klinefelter,
dentre outras. O estudo da genética não só nos permite compreender todos estes
fenômenos, como as pesquisas nesta área permitem o avanço constante no
desenvolvimento de inúmeras tecnologias na prevenção e no tratamento de
doenças, incluindo a produção de medicamentos.
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Nesta unidade introdutória à genética, abordaremos como classificar e identificar o
processo de formação das proteínas e conheceremos o conjunto de fundamentos
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que nos permite compreender o mecanismo de transmissão do material genético
de uma geração para a outra. Ao final dela, você será capaz de definir os conceitos
de DNA, RNA e cromossomos, explicar como como ocorre a síntese de proteínas e
as estruturas envolvidas nesse processo. Saberá identificar e diferenciar as leis de
Mendel e compreender as heranças genéticas, como surgem as doenças genéticas
e até mesmo como elas podem ser evitadas por meio do aconselhamento
genético.
Bons estudos!
Caro aluno, você já parou para pensar que durante a divisão celular e a
reprodução dos seres vivos ocorre a troca de materiais genéticos e que cada célula
do corpo humano é composta por cerca de 25 mil genes? Os genes são
considerados a unidade fundamental da hereditariedade. Mas o isso significa? O
que é um gene? Qual é a diferença entre o cromossomo e o DNA? Não são todos
materiais genéticos? As respostas para essas perguntas serão dadas ao longo dos
conteúdos trabalhados nesta seção.
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proteínas, desde a transcrição da molécula de DNA em RNA até a tradução do RNA
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mensageiro pelos ribossomos formando uma proteína. As proteínas são essenciais
para a manutenção das células, crescimento celular e em suas atividades, como na
produção de hormônios, enzimas, anticorpos, transporte de substâncias, dentre
outras.
Esta seção traz conhecimentos básicos para o estudo da genética, que serão
essenciais para o entendimento dos próximos temas.
Hoje, graças aos avanços na área médica, é possível identificar diferentes tipos de
alterações na arquitetura do nosso genoma por meio de exames. Ainda assim, de
acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), das famílias com doenças
raras no mundo hoje, 80% têm causas genéticas. O desafio, então, é fazer um
diagnóstico rápido.
Para auxiliar na contextualização de sua aprendizagem diante dos temas que serão
abordados nesta seção, junto de uma possibilidade de prática profissional, vamos
acompanhar a história de um casal, que já tem dois filhos e pretende ter mais um,
no entanto, foram encaminhados a buscar auxílio médico por meio do
aconselhamento genético.
O casal procurou por uma clínica renomada na cidade, que realiza consultas e
aconselhamento genético, com profissionais altamente capacitados e habilitados
para atender pacientes e familiares com histórico de doenças genéticas. Além de
contar com um laboratório de genômica com recursos tecnológicos de última
geração, os quais permitem um diagnóstico assertivo.
Você trabalha nessa clínica e faz parte de uma equipe composta por médicos
geneticistas, especialistas em biologia molecular, citogenética e bioinformatas e
ficou responsável pelo acompanhamento do casal.
Como você explicaria ao casal a importância de fazer um mapeamento genético de
ambos para verificar o cariótipo de cada um deles? E como você pode explicar as
diferenças existentes no genótipo e fenótipo do casal e de seus filhos?
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Nós, seres humanos, somos uma mistura dos nossos pais, do meio em que
nascemos e vivemos, e da nossa cultura. O que nos faz refletir a respeito da
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hereditariedade da vida, mas qual seria a relação? Vamos compreendê-la juntos.
CONCEITO-CHAVE
Depois de compreendermos a constituição dos organismos vivos formados por
uma ou milhares de células, como estas estão organizadas, a estrutura e o
funcionamento delas, chegou a hora de estudarmos o material genético,
componente de todos os organismos, que contempla a constituição genética do
indivíduo. Mas o que isso significa? Vimos que as células têm material genético
(DNA) que transmite características aos seus descendentes. A partir da expressão
gênica, vimos que além de controlar diversos processos, incluindo o ciclo celular,
as células são diferenciadas e realizam funções distintas, mas também há
características perceptíveis aos nossos olhos, como a cor das flores, dos olhos, dos
cabelos.
0
enquanto as características mensuráveis e visíveis, que podem ser modificadas,
seõçatona reV
são denominadas fenótipo.
EXEMPLIFICANDO
Para que cada característica do nosso corpo seja expressa, temos duas cópias de
um gene (alelos) que podem dominantes (a presença de um único alelo é capaz de
expressar determinada característica) ou recessivo (a característica somente é
expressa com os pares de alelos). Veremos com mais detalhes quando estudarmos
a transmissão e expressão destes genes através das leis de Mendel.
Nota: Cromossomo. (1) Cromatídeo. Cada um dos dois braços idênticos dum cromossoma depois da
fase S. (2) Centrômero. O ponto de ligação de dois cromatídeos, onde se ligam os microtúbulos. (3)
Braço curto. (4) Braço longo.
0
braços que podem ser longos ou curtos, conforme a sua posição.
seõçatona reV
Os centrômeros podem ser classificados em: metacêntrico (o centrômero se
encontra na posição mediana), submetacêntrico (o centrômero se encontra
deslocado para um dos braços do cromossomo), acrocêntrico (o centrômero se
encontra próximo da extremidade) e telocêntrico (o centrômero se encontra muito
próximo à extremidade, parecendo que o cromossomo possui um braço único
braço), conforme a Figura 3.2.
EXEMPLIFICANDO
Os cachorros, por exemplo, são compostos por um conjunto de 39 pares de
cromossomos (total de 78 cromossomos), sendo um par de cromossomos
sexuais. Esta variação na quantidade de cromossomos é o que determina
cada espécie. No entanto, durante a divisão celular pode haver problemas
0
no cariótipo (conjunto de cromossomos em uma célula), ocasionadas por
seõçatona reV
mutações, havendo uma variação maior ou menor no número de
cromossomos presentes na célula, ocasionando as aneuploidias. Nos
humanos, são exemplos: a síndrome de Down, a síndrome de Klinefelter, a
síndrome de Turner, dentre outras.
O genoma está localizado em maior quantidade nos núcleos das células dos
organismos eucariontes, mas também aparece nas mitocôndrias e cloroplastos das
células vegetais. O DNA tem formato linear e aparece em grande número nos
organismos eucariontes, onde são encontradas também proteínas histonas,
importantes para a regulação dos genes; nos procariontes, a molécula do DNA é
única e circular e graças à ausência de núcleo, o DNA está disperso no citoplasma.
ASSIMILE
ESTRUTURA DO DNA
A estrutura da molécula de DNA (ácido desoxirribonucleico) e o seu mecanismo
foram descritos em 1953 por James Watson e Francis Frick e esta é considerada
uma importante descoberta para a ciência. O modelo proposto por eles considera
a molécula de DNA em formato de dupla-hélice, constituída por dois filamentos
longos (cadeias de polinucleotídicas), enrolados em formato semelhante a um
espiral. Os dois filamentos em formato de dupla-hélice se mantêm unidos pelas
pontes de hidrogênio entre as bases de nucleotídeos. No caso, os nucleotídeos são
compostos de açúcares, um ou mais grupo fosfato e uma base nitrogenada. No
DNA, o açúcar dos nucleotídeos é uma desoxirribose ligada a um único grupo
fosfato. As bases nitrogenadas podem ser: purinas – adenina (A) e guanina (G), ou
pirimidinas – citosina (C) e timina (T). As bases nitrogenadas estão pareadas de
forma complementar e o pareamento entre as bases na molécula de DNA sempre
será de (A) com (T) e (C) com (G). As duas cadeias de nucleotídeos devem estar em
posição antiparalela (com as polaridades opostas) ou polaridade inversa. Um
filamento de nucleotídeo através de uma ligação covalente liga a extremidade 5´
0
com fosfato livre de uma fita com a extremidade 3` da fita adjacente, com hidroxila
seõçatona reV
livre, denominada ligação açúcar-fosfato com polaridade 5´para 3´. Uma fita de
DNA é complementar a outra, desta forma possuem duas fitas com uma sequência
de nucleotídeos com sequências nucleotídicas complementares.
ASSIMILE
0
organismos eucariontes?
seõçatona reV
Para que o DNA seja replicado é necessário a separação da dupla-hélice formadora
da molécula de DNA em duas fitas-molde, com auxílio da enzima helicase de DNA,
formando uma espécie de forquilha. Para que ocorra a síntese de novas fitas, são
adicionados indicadores conhecidos como primers, que conduzem a síntese da
fita. Os nucleotídeos das fitas-moldes precisam ser pareados por nucleotídeos
complementares livres (que ainda não foram polimerizados), para serem
incorporados à nova fita. A polimerização desta nova fita é catalisada pela enzima
DNA-polimerase, que polimeriza nucleotídeos utilizando como molde uma fita
simples de DNA. Com isso, cada molécula de DNA tem duas fitas que servirão de
molde para a formação de duas novas moléculas de DNA (compostas por uma fita
da célula original e uma nova fita replicada), que serão destinadas às células-filhas.
Este processo é conhecido como replicação semiconservativa. As fitas novas de
DNA, recém-sintetizadas, reestabelecem as ligações fosfodiéster entre os
nucleotídeos com o auxílio da enzima DNA-ligase. As novas moléculas de DNA,
idênticas à célula-mãe são sempre polimerizadas na direção das extremidades 5´
para a extremidade 3´.
ASSIMILE
0
REFLITA
seõçatona reV
Você se lembra do processo de formação das proteínas que ocorre através
dos ribossomos? E o papel de cada um dos tipos de RNA? RNA ribossômico,
RNA transportador e RNA mensageiro?
A molécula de DNA forma a fita do mRNA que será traduzida pelo ribossomo e irá
sintetizar uma proteína. A tradução do mRNA é feita pelo RNA transportador
(tRNA), que traduz códons (trincas de nucleotídeos) presentes no mRNA em um
aminoácido. Este processo ocorre no citoplasma e somente é iniciado quando é
encontrado um códon específico, AUG, que dá início a síntese de proteínas.
Durante a tradução, os códons são lidos da extremidade 5´ para a extremidade 3´
pelos tRNA. Os RNAs transportadores possuem um anticódon que se liga ao códon
do mRNA correspondente, através do pareamento de bases. Os tRNA preenchem
com os seus aminoácidos a cadeia de polipeptídios que vai sendo formada no
ribossomo, até que a sequência de códons no mRNA seja UAA, UAG ou UGA,
indicando o fim da tradução e a liberação da proteína ou em alguns casos da
cadeia de polipeptídio que precisa sofrer algumas edições antes de se tornar uma
proteína ativa.
a. um trecho do DNA que contém informações para formar uma proteína.
c. uma sequência de RNA contendo informações que são transmitidas entre gerações.
e. uma molécula constituída por um açúcar, um grupo fosfato e uma base nitrogenada.
Questão 2
O modelo da molécula de DNA foi proposto em 1953 por Watson e Frick, cuja
estrutura em formato de dupla hélice foi considerada uma importante descoberta
para a ciência.
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Neste contexto, analise o trecho a seguir:
seõçatona reV
A molécula de DNA consiste em duas cadeias de __________, que formam a dupla
hélice. As fitas são complementares, unidas por __________, formando pares de
bases. As bases que têm um duplo anel de átomo de carbono são conhecidas por
__________ e são compostas pela __________ e guanina. Já as bases que têm um único
anel simples, são as __________, compostas pela citosina e __________.
Questão 3
A proteína é considerada uma das macromoléculas essenciais para a manutenção
dos organismos. A síntese de proteínas é um processo no qual são produzidas
proteínas através das células e, para isso, participam do processo biológico o DNA
da célula, os três tipos de RNA (ribossômico, mensageiro e transportador), os
ribossomos e algumas enzimas e aminoácidos.
a. O mecanismo de síntese proteica ocorre em todas as células sem gasto de energia.
b. Na etapa de transcrição ocorre a produção de uma molécula de RNA a partir de uma molécula de DNA
utilizada como molde.
c. A síntese de proteínas inclui a etapa de transcrição e tradução, as quais ocorrem no núcleo.
d. A transcrição pode ocorrer tanto nos ribossomos livres (citoplasma) quanto nos ribossomos ligados
(retículo endoplasmático).
e. O RNA mensageiro tem um anticódon, enquanto o RNA transportador tem um códon para a transcrição
da proteína.
REFERÊNCIAS
ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
DE ROBERTIS, E. M. F.; HIB, J. Biologia celular e molecular. 16. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2017.
FANTAPPIE, M. Epigenética e memória celular. Carbono – Natureza, ciência e arte.
Revista Carbono, n. 3, 2013. Disponível em: https://bit.ly/2SG4iBN. Acesso em: 5
mai. 2021.
0
FINEGOLD, D. N. Genes e cromossomos. Manual MSD – Versão saúde para a
família. c202. Disponível em: https://msdmnls.co/3uzCzRn. Acesso em: 4 dez. 2020.
seõçatona reV
GARCIA, A. B.; MACEDO, J. M. B. Biologia celular. Volume 1 – Módulo 1. Rio de
Janeiro: Fundação Cecierj, 2007.
KHAN ACADEMY. Unidade: DNA como material genético. c2020. Disponível em:
https://bit.ly/3vVVUw6. Acesso em: 4 dez. 2020.
SIMERS. OMS afirma que 80% das doenças raras têm origem genética. 2017.
Disponível em: https://bit.ly/3tuUOG1. Acesso em: 4 dez. 2020.
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Renata Morais dos Santos
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
Primeiramente é importante explicar aos pais que o teste genético pode ser
realizado através de uma pequena amostra de sangue, é indolor e o resultado
pode demorar alguns dias. O mapeamento genético é utilizado para auxiliar no
diagnóstico precoce de possíveis doenças, além de fornecer evidências de
características hereditárias, possibilitando descobrir a origem delas em seus
antepassados. Ao fazer o mapa genético, o casal conhecerá as probabilidades de
possíveis riscos para a prole, visto que o casal já tem casos de alterações genéticas
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registrados. É importante descrever que toda a informação genética de um ser
seõçatona reV
vivo, uma pessoa, é armazenada no DNA dela, o qual é transmitido aos seus
descendentes. Como vimos, este material genético é transmitido durante a divisão
celular, e nas células animais, é transmitido através da meiose, em que as células-
filhas recebem uma parte do material genético da célula original, para quando
sofrer a fecundação, o zigoto (novo embrião que se desenvolverá) receber uma
parte do material genético da mãe e uma parte do material genético do pai. Os
genes são sequências (partes) deste DNA, responsáveis por desenvolver as
características de um ser vivo, compondo o genoma deste organismo, que varia de
um para outro. O genoma humano é composto por 23 pares de cromossomos
autossômicos e um par de cromossomos sexuais. Os cromossomos representam
uma molécula de DNA associado a proteínas, e o conjunto destes cromossomos
representa o cariótipo. A partir da análise do cariótipo, contendo a informação
hereditária contida no DNA, é possível determinar possíveis alterações
cromossômicas ocasionadas por mutações que poderão ser transmitidas
geneticamente.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
TESTE DE PATERNIDADE
Um laboratório de análises clínicas recebe com frequência exames de
comprovação de paternidade. São comuns os exames de mulheres que não têm
certeza em relação à paternidade da criança ou de homens que desejam confirmar
sua paternidade e solicitam um teste. Desta vez, o laboratório recebeu uma ordem
judicial solicitando o teste de paternidade de Francisco, um jovem de 25 anos,
criado pela mãe, cujo pai não consta em seu registro, mas a mãe alega ser filho de
JB Junior, falecido recentemente. Em busca dos direitos à herança, o teste será
feito.
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É possível realizar um teste de paternidade mesmo após o suposto pai estar
morto? Como o DNA pode auxiliar nesta comprovação?
seõçatona reV
Como você, técnico em análises clínicas do laboratório, explicaria esta situação?
RESOLUÇÃO
LEIS DE MENDEL
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Renata Morais dos Santos
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
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Nesta seção, estudaremos um pouco da história da genética e seus impactos na
seõçatona reV
saúde, desde a genética clássica até a genética moderna atual. Conheceremos em
detalhes os experimentos feitos por Gregor Mendel, utilizando plantas de ervilhas,
que culminaram na primeira e segunda lei de Mendel, permitindo o entendimento
da transmissão das características dos pais para os filhos.
Você trabalha nessa clínica e faz parte de uma equipe composta por médicos
geneticistas, especialistas em biologia molecular, citogenética e bioinformatas e
ficou responsável pelo acompanhamento deste casal.
Com base nesta informação, como você pode explicar o fato de o casal ter uma
filha de olhos azuis, sendo que nenhum dos pais tem olhos azuis? O outro filho do
casal tem olhos castanhos, iguais aos do pai, mas existe a probabilidade de um
próximo filho nascer com os olhos verdes iguais aos da mãe? Estes eventos podem
ser explicados por meio da herança monogênica?
CONCEITO-CHAVE
Antes mesmo da molécula do DNA ser descoberta, muitos pesquisadores já
buscavam compreender a hereditariedade dos organismos vivos e buscavam
explicações para a transmissão dos caracteres dos progenitores para a prole. Até a
descoberta do material genético e como ele era transmitido há uma longa história,
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vamos conhecer um pouco alguns fatos marcantes para a genética?
seõçatona reV
1. HISTÓRIA DA GENÉTICA E SEU IMPACTO NA SAÚDE
O homem, desde a antiguidade, busca compreender a transmissão das
características de um indivíduo para outro, repassadas de geração a geração. O
estudo da hereditariedade, ou seja, o estudo da genética, foi iniciado em 1865 com
os experimentos e a formulação de leis fundamentais da herança biológica,
propostas pelo monge austríaco Gregor Mendel, publicadas em 1866. Mendel fez
cruzamentos entre variedades de ervilhas, com o intuito de entender o motivo pelo
qual o cruzamento entre híbridos gerava muitas diferenças entre os descendentes.
Estudaremos estas leis mais adiante, que ficaram conhecidas como herança
mendeliana.
Mendel foi quem sugeriu pela primeira vez a existência de fatores independentes
dos genitores serem transmitidos para a prole. No entanto, na época, o trabalho
de Mendel não foi reconhecido, por falta de conhecimentos e comprovações em
relação à divisão celular e à estrutura do DNA.
Mais tarde, foi constatado que o espermatozoide é composto por material nuclear,
e os cientistas chegaram à conclusão de que o núcleo era o responsável pela
hereditariedade. Em 1877, os cromossomos puderam ser visualizados dentro do
núcleo e, somente em 1900, os pesquisadores “redescobriram” os trabalhos de
Mendel e puderam contribuir para a aceitação de suas ideias. Walter S. Sutton, no
início do século XX, em 1914, propôs a teoria cromossômica da herança, na qual se
admitia que os fatores hereditários estavam localizados nos cromossomos. Ainda
assim, foram anos tentando comprovar esta teoria. Os pesquisadores Hugo de
Vries, Carl Correns e Erich von Tschermak aplicaram, em 1915, os princípios
básicos da genética propostos por Mendel em uma variedade de organismos, com
destaque a mosca (Drosophila melanogaster).
Thomas Hunt Morgan, em 1926, publicou o livro da Teoria do gene, que indicava a
herança ser decorrente de unidades transmitidas do genitor para o filho de modo
ordenado, no caso, tratava-se dos genes localizados nos cromossomos.
Você deve estar se perguntando como estes fatos impactaram a saúde ou qual a
0
importância deles, não é mesmo? O desenvolvimento e o avanço da genética
mudaram muitos aspectos em nossas vidas e na sociedade, em relação à saúde, à
seõçatona reV
produção de alimentos e até mesmo a questões jurídicas. Você já deve ter
escutado a respeito da ovelha Dolly, o primeiro mamífero clonado utilizando uma
célula de um animal adulto, ou ainda de alimentos transgênicos como o tomate
(Favr Savr), resistente às pragas e aos herbicidas. Com todos estes avanços, a
genética possibilitou solucionar crimes e fazer testes de paternidade (técnica de
fingerprint – impressão digital, específicos para cada indivíduo), mapear doenças,
realizar aconselhamento genético, produzir alimentos transgênicos e clones, a
partir da técnica do DNA recombinante (quando se isola um trecho do DNA e o
combina com outro DNA, produzindo cópia deste novo trecho, gerando diferentes
combinações deste material genético).
Com todas as contribuições deixadas por Gregor Mendel, muito importantes para
a pesquisa científica e todas as descobertas subsequentes aos seus trabalhos,
Mendel ficou conhecido como o pai da genética. Vamos conhecer um pouco mais
sobre os trabalhos realizados por Mendel e as suas conclusões que nos trouxeram
tantos adventos.
2. HERANÇA MENDELIANA
O conjunto de princípios que estão relacionados à transmissão hereditária das
características de um indivíduo aos seus descendentes é conhecido por herança
mendeliana, mendelismo ou genética mendeliana, considerada a base da genética
clássica. A transmissão de características ocorre através da expressão do fenótipo
de um gene, conhecida também por herança monogênica. Muitos pesquisadores
fracassaram em seus experimentos realizando cruzamentos com plantas e/ou
animais e foi Mendel que obteve sucesso em seus trabalhos, uma vez que ele
procurava compreender as características dos indivíduos, uma por vez, com o
intuito de compreender o mecanismo e conseguir validar as suas regras na
característica seguinte, enquanto os demais pesquisadores consideravam todas as
características de uma única vez. Gregor Mendel escolheu o material que
apresentava características constantes, as ervilhas (Pinus sativum), para realizar
seus experimentos e posteriormente tratar os dados. A espécie escolhida é um
vegetal de cultivo simples, com ciclo de vida curto (possibilita o estudo de diversas
gerações), são plantas hermafroditas (permitem a autofecundação), têm
diversidade de características morfológicas fáceis de observar (altura da planta, cor
das flores, cor das sementes, textura das sementes).
0
seõçatona reV
3. PRIMEIRA LEI DE MENDEL
A primeira lei de Mendel ou lei da segregação dos fatores foi decorrente de um dos
experimentos mais importantes de Mendel, a partir da análise da hereditariedade
em cruzamentos de ervilhas. Você deve estar se perguntando em que consistia
este experimento, certo? Para realizar o cruzamento, Mendel utilizou plantas de
ervilhas com linhagem de sementes amarelas com plantas de ervilhas com
linhagens de sementes verdes. Transferiu o pólen de uma planta para a outra, de
forma a realizar o processo de autopolinização, garantindo linhagens puras – isto
significa dizer que cada linhagem nunca havia cruzado com outra linhagem de cor
diferente, e as denominou de geração parental (P).
Figura 3.4 | Demonstração do cruzamento de plantas de ervilhas realizado por Mendel (1ª lei de
Mendel)
O próximo passo foi cruzar as plantas “filhas”, todas de sementes amarelas, entre
elas. Você tem ideia do que isso significou? A partir do cruzamento das plantas
“filhas” híbridas, denominadas de segunda geração filial (F2), foi observado que a
maioria das plantas “filhas” possuíam sementes amarelas, como esperado, no
entanto, algumas plantas voltaram a apresentar sementes verdes, em uma parcela
menor. Analisando os resultados, na geração F1 foi observado 100% de sementes
amarelas no cruzamento, já na geração seguinte, F2, foi observado 75% de
sementes amarelas e 25% de sementes verdes, na proporção de 3:1, isso significa
0
dizer que a cada quatro plantas observadas, três apresentavam sementes
seõçatona reV
amarelas (característica dominante) e uma apresentava semente verde
(característica recessiva).
ASSIMILE
O par de fatores que determina uma característica é herdado da mãe e do pai:
desta forma o organismo recebe dois alelos, um da mãe e outro do pai, e eles
serão expressos dependendo da sua dominância ou recessividade.
Com isso, a primeira lei de Mendel ficou conhecida pela segregação dos fatores
durante a formação dos gametas. Na época, ele não tinha o conhecimento de
genes e cromossomos, mas por meio dos seus trabalhos foi possível compreender
posteriormente que os pares de genes são segregados, e estes estão presentes
nos cromossomos. Nas células eucariontes esta segregação ocorre durante a etapa
da meiose da divisão celular.
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EXEMPLIFICANDO
seõçatona reV
Para determinar a proporção genotípica e fenotípica de um cruzamento,
vamos utilizar o seguinte exemplo:
B B
b Bb Bb
b Bb Bb
B b
B BB Bb
b Bb Bb
0
formato rugoso. Mendel realizou o cruzamento entre duas linhagens puras com
seõçatona reV
características distintas (plantas homozigotas), uma planta com sementes amarelas
e lisas (determinadas pelo genótipo VVRR) e a outra com sementes verdes e
rugosas (vvrr).
REFLITA
Na geração F1, Mendel obteve 100% dos indivíduos heterozigotos para ambas as
características (VvRr), plantas com sementes amarelas e lisas. Na geração seguinte
(F2), realizado o cruzamento entre duas plantas da geração F1 (diíbridas), os
resultados obtidos foram plantas com fenótipo semelhantes às plantas “pais”
(geração parental), e dois novos fenótipos, plantas com sementes amarelas e
rugosas e plantas com sementes verdes e lisas. A proporção fenotípica observada
foi de 9:3:3:1 (Figura 3.5), assim, a cada 9 plantas em um total de 16 plantas
apresentavam sementes amarelas e lisas (56%); três apresentavam sementes
amarelas e rugosas (por volta de 18%); outras três apresentavam sementes verdes
e lisas (por volta de 18%); e apenas uma a cada dezesseis, apresentava semente
verde e rugosa (em torno de 6%). A partir destes resultados, e vários outros testes
aplicados, Mendel concluiu que os alelos são segregados de maneira independente
durante a formação do gameta, isto significa dizer que um ou mais fatores
(características) são distribuídos de maneira independente e se combinam ao
acaso na formação do gameta. Assim, a reprodução entre indivíduos possibilita a
combinação gênica a partir da segregação dos gametas, favorecendo a diversidade
de espécies.
Figura 3.5 | Demonstração do cruzamento de plantas de ervilha (2ª lei de Mendel) utilizando o quadro
de Punnett
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seõçatona reV
Fonte: Shutterstock / N.Vinoth Narasingam.
VOCABULÁRIO
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Em relação à contribuição dos experimentos de Mendel, assinale a alternativa
correta.
seõçatona reV
a. A molécula de DNA é composta por uma estrutura de dupla-hélice.
e. Homozigotos têm genes de um dos pais e heterozigotos têm genes de ambos os pais.
Questão 2
Em um de seus experimentos, Gregor Mendel realizou o cruzamento de plantas de
ervilhas com sementes amarelas e verdes, considerada a geração parental. Como
resultado obteve em F1 todas as plantas com sementes amarelas. No entanto, em
F2, obteve 75% de plantas com sementes amarelas e outros 25% de plantas com
sementes verdes.
b. F2 é composta por indivíduos homozigotos dominantes (75%) e homozigotos recessivos (25%).
d. F1 é composta por indivíduos com um alelo dominante (cor amarela) e um alelo recessivo (cor verde).
Questão 3
A lei da segregação independente dos fatores, também conhecida como a 2ª lei de
Mendel, é definida pela distribuição de forma independente de uma ou mais
características na formação dos gametas. Os gametas, um alelo da mãe e outro
alelo do pai, se combinam ao acaso para gerar um descendente.
a. LL e Aa.
b. L, A e a.
c. LA e La.
d. L, L, A e a.
ASTRAUSKAS, J. P.; NAGASHIMA, J. C.; SACCO, S.R.; ZAPPA, V. As leis da herança por
Gregor Johann Mendel, uma revolução genética. Revista científica eletrônica de
0
medicina veterinária, ano VII, n. 13, jul. 2009.
seõçatona reV
Disponível em: https://bit.ly/3eB9m2K. Acesso em: 13 dez. 2020.
0
Renata Morais dos Santos
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
A partir do genótipo para as cores dos olhos do casal, mulher (genótipo: bbGb;
fenótipo: olhos verdes) e homem (genótipo: Bbbb; fenótipo: olhos castanhos),
como você pode explicar o fato de o casal ter uma filha de olhos azuis, sendo que
nenhum dos pais tem olhos azuis? O outro filho do casal tem olhos castanhos,
iguais aos do pai, mas existe a probabilidade de um próximo filho nascer com os
olhos verdes iguais aos da mãe? Estes eventos podem ser explicados por meio da
herança monogênica?
A cor dos olhos, assim como a cor dos cabelos, a altura e a cor da pele, por
exemplo, são características humanas que por apenas um gene apresentam
muitas variações e desta forma são controladas por muitos genes, os quais
dependem da quantidade em que aparecem no genótipo, determinam a
0
característica no fenótipo do indivíduo. Os olhos, por exemplo, podem ser pretos,
seõçatona reV
castanho-escuros, castanho-claros, verde-claros e escuros, azuis, entre outras
variações. Quando vários genes interagem para determinar uma única
característica, havendo uma grande variedade de fenótipos e genótipos para estas
características, chamamos de herança poligênica. A herança poligênica é uma das
variações das leis de Mendel, ocorrendo de forma diferente da herança
monogênica. Muitos autores consideram a cor dos olhos ou a cor da pele como
uma herança monogênica, considerando duas possibilidades para uma mesma
característica, por exemplo olhos azuis e olhos castanhos, sem considerar as
demais variações. Na situação-problema apresentada, porém, como temos três
cores diferentes, não é possível. Mas para a cor do cabelo e o tipo do cabelo, se
considerarmos como um único gene que age de forma independente, é possível.
Por exemplo, se considerarmos a cor do cabelo (alelo dominante para cabelo
escuro e alelo recessivo para cabelo claro) ou se analisarmos o tipo de cabelo (alelo
dominante para cabelo liso e alelo recessivo para cabelo crespo), sem
considerarmos as variáveis das cores do cabelo ou as variáveis para os tipos de
cabelo.
A cor dos olhos pode ser determinada pela quantidade de pigmento de melanina
na íris, e na forma como a luz interage com os pigmentos e outras substâncias nos
olhos. Em geral, as pessoas que têm mais melanina nos olhos apresentam olhos
escuros, e as pessoas que apresentam olhos mais claros têm menos melanina no
olho. São dois os genes principais que determinam a cor dos olhos: o gene Bey2
(brown eye – olho castanho) ou EYCL3 (eye color – cor do olho), localizado no
cromossomo 15, possui um alelo para a cor castanho (B) com traço dominante, e
outro para a cor azul (b) recessivo; e gene Gey (green eye – olho verde) ou EYCL1
(eye color – cor do olho), localizado no cromossomo 19, com um alelo para a cor
verde (G) com traço dominante, e outro para a cor azul (b). Neste caso, o alelo B é
sempre dominante, enquanto o alelo G é dominante em relação ao alelo b, e o
alelo b sempre será recessivo.
bbbb Azul
Desta forma, conseguimos notar que os olhos castanhos são muito mais comuns
do que as outras cores de olhos.
O cruzamento entre os genes do casal: mulher (bbGb) x homem (Bbbb) resulta na
probabilidade de os filhos nascerem com os seguintes genótipos e fenótipos: BbGb
e Bbbb (50% para olhos castanhos), bbGb (25% para olhos verdes) e bbbb (25%
para olhos azuis). Por meio desta análise, é possível explicar o fato de a filha mais
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velha do casal ter olhos azuis e o filho mais novo ter olhos castanhos. Caso o casal
seõçatona reV
venha a ter outro filho, existe 25% de chances ou ¼ de probabilidade de a criança
nascer com olhos verdes iguais aos da mãe.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
MELHORAMENTO GENÉTICO DO TOMATE
O tomate é a segunda hortaliça mais cultivada no mundo, superada pela batata
(SANTOS et al., 2011). Cultivado em regiões tropicais e subtropicais, a espécie
Solanum lycopersicum acaba sendo de difícil cultivo por enfrentar variações no
clima, pragas e doenças e a necessidade de uma grande quantidade de produtos
químicos para manter as lavouras. Um jovem pesquisador resolveu estudar
diversas características desta hortaliça, com o intuito de entender como funciona o
processo de adaptação destas plantas e poder desenvolver técnicas de
melhoramento, de forma a tornar os tomates mais produtivos e resistentes às
variações ambientais e aos predadores naturais.
RESOLUÇÃO
Para auxiliar o jovem pesquisador, você precisa se lembrar das leis de Mendel.
Elas estão relacionadas com os princípios que explicam a transmissão de
características hereditárias de um organismo a seus descendentes. Neste caso,
como temos somente uma característica em estudo, e os resultados obtidos a
partir dos cruzamentos da geração parental pura, 100% de tomates com frutos
compridos, devemos considerar a primeira lei de Mendel ou lei da segregação
dos fatores. Podemos considerar o genótipo da geração P (RR – fruto comprido
e rr – fruto redondo), ambos homozigotos puros, sendo o alelo que determina
o fruto comprido dominante em relação ao alelo que determina o fruto
redondo. A primeira geração (F1), apresentou 100% dos frutos compridos, cujo
genótipo é um heterozigoto (Rr). A geração seguinte (F2), obtida através do
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cruzamento de dois descendentes de F1, ou seja, Rr x Rr, irá gerar os seguintes
seõçatona reV
genótipos: RR e Rr (fruto comprido) e rr (fruto redondo). A proporção é de 3:1,
a cada quatro tomates, três apresentarão frutos compridos (ou 75%) e um
apresentará fruto redondo (ou 25%). Esta é uma forma de apresentar os
resultados, mas você pode explicar de outras formas, uma delas é realizando
os cruzamentos no quadro de Punnett.
NÃO PODE FALTAR I
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Renata Morais dos Santos
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
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conhecer as suas propriedades, como ele pode salvar vidas, sua utilização em
transfusões e aprenderemos sobre o sistema sanguíneo ABO humano, os tipos
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sanguíneos e a influência do sistema Rh na compatibilidade entre os sangues,
assim como relacionaremos o tipo sanguíneo com a herança mendeliana
O casal que você vem acompanhando deseja ter mais um filho, mas tem histórico
de anomalias genéticas na família e, por isso, resolveram investigar as
probabilidades de terem uma gestação normal.
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hereditária? No caso da Síndrome de Down, foi constatado que se trata de uma
seõçatona reV
doença genética não hereditária, como você explicaria esta ocorrência na família?
A família pode ser comparada a uma enorme árvore, com diversos galhos, cada um
crescendo em direções diferentes, mas todos eles têm a mesma raiz e o mesmo
tronco. Qualquer interferência que estas raízes ou tronco sofram pode ser
espelhada para todos os demais galhos da árvore. De uma forma metafórica, para
os geneticistas procuram explicações para compreender a genética de uma família,
devem buscar a informação na origem dos descendentes, estudar as ramificações
dos galhos, ou seja, as gerações anteriores e subsequentes, para compreender
como os genes de algumas doenças se comportam e podem ser transmitidos para
as gerações futuras.
CONCEITO-CHAVE
A herança mendeliana é composta por princípios que buscam explicar a
transmissão hereditária de uma característica para os seus descendentes. Vimos
que Mendel ficou conhecido como o pai da genética clássica, sendo o precursor de
várias teorias genéticas. No entanto, estudamos que nem todas as doenças
genéticas são hereditárias, e que há várias formas distintas de doenças
hereditárias que seguem os padrões clássicos e os padrões não clássicos da
herança mendeliana, os quais vamos compreender um pouco mais durante o
nosso estudo.
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os sintomas são uniformes e o diagnóstico é um pouco mais fácil. Podemos
exemplificar com o sistema imunológico, os fatores de coagulação, os túbulos
seõçatona reV
renais, eritrócitos, entre outros.
2. GENÉTICA DO CÂNCER
Uma das doenças genômicas com maior causa de mortes no mundo é o câncer,
ocasionada por uma sucessão de alterações no material genético das células
normais que, como consequência das transformações sofridas, se tornam
malignas. A reação carcinogênica pode ser resultado de múltiplas etapas,
envolvendo diversos genes, podendo estar relacionado a mutações gênicas e
cromossômicas, com quebras, perdas, duplicações, translocações, com
instabilidade genômica e mecanismos epigenéticos, em que os principais genes
envolvidos são os proto-oncogenes, que são supressores de tumor, podendo se
tornar um oncogene, desenvolvendo um câncer.
ASSIMILE
Quando falamos em doenças genéticas e doenças hereditárias precisamos
saber que há diferenças entre estes dois termos. As doenças genéticas
ocorrem a partir de uma mutação ou erro no material genético, podendo
surgir pela primeira vez em uma família sem histórico, como é o caso da
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Síndrome de Down. Já as doenças hereditárias, também genéticas,
seõçatona reV
apresentam uma tendência de um indivíduo ter a doença, já que pode ser
herdada através de gerações. Isso não significa, necessariamente, que o
indivíduo terá a doença, ele pode possuir um gene da doença e não
apresentar sintomas (portador), como pode possuir o gene e expressar a
doença (afetado).
AB IA IB aeb -
O ii - Anti-a e Anti-b
EXEMPLIFICANDO
Indivíduos com sangue tipo A possuem aglutinina anti-B no plasma e
podem receber sangue do tipo A e do tipo O, não podendo receber sangue
do tipo B e AB, porque nestes tipos sanguíneos são encontrados
aglutinogênio B, causando incompatibilidade sanguínea. Nesse caso, as
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hemácias que são recebidas através da doação irão se aglutinar, formando
seõçatona reV
aglomerados compactos que impedem a circulação do sangue.
O- Todos O-
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seõçatona reV
4. PADRÕES CLÁSSICOS E NÃO CLÁSSICOS DE HERANÇA
MONOGÊNICA
Os padrões clássicos da herança monogênica, ou seja, herança determinada por
um único gene, podem ser autossômicas ou ligadas ao cromossomo X, dominantes
ou recessivas. Seguem a lei da segregação mendeliana, sempre em proporções
fixas, e são expressos geralmente por heredogramas.
REFLITA
É importante saber que quando uma pessoa é designada como portadora do gene
ou doença, significa que este indivíduo não tem a doença, ele tem o gene mutado e
poderá transmiti-lo para os seus descendentes. No entanto, quando dizemos que
uma pessoa é afetada, ela não só possui a doença, como apresenta sintomas dela.
EXEMPLIFICANDO
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ASSIMILE
seõçatona reV
As mulheres têm dois cromossomos X, e os homens têm um cromossomo X
e outro Y. Quando um casal tem um filho, a mulher sempre irá transmitir
um cromossomo X e o pai poderá transmitir um cromossomo X (gerando
uma filha mulher) ou um cromossomo Y (gerando um filho homem).
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dois alelos dos genes das ervilhas, observou que muitos genes são determinados
seõçatona reV
por alelos múltiplos (ou também conhecido por polialelia), para determinar uma
característica, como vimos no sistema sanguíneo ABO, em que os três alelos
múltiplos (IA, IB e i) determinam um único gene, assim como o que determina a
pelagem dos coelhos, em que são observados quatro tipos de genes alelos (C –
expressa a cor da pelagem marrom ou cinza escuro, do coelho aguti ou selvagem;
Cch – expressa a cor da pelagem cinza prateada, do coelho chinchila; Ch – expressa
a cor da pelagem branca com algumas regiões do focinho e patas escuras, do
coelho himalaia; e, por fim, Ca – expressa a cor da pelagem completamente
branca, do coelho albino). Mas é importante ressaltar, que neste caso de alelos
múltiplos há uma dominância entre os alelos, no caso da pelagem, a dominância
pode ser expressa da seguinte forma: C > Cch > Ch > Ca.
Quando várias características diferentes são afetadas por um par de alelos (gene),
diferenciando das interações gênicas em que, em geral, vários genes determinam
uma única característica, chamamos de pleiotropia. Nos humanos, podemos
exemplificar a pleiotropia com a doença fenilcetonúria, caracterizada por uma
falha cromossômica na tradução de uma enzima que auxilia no metabolismo do
aminoácido fenilalanina no fígado, provocando diminuição na capacidade
intelectual do indivíduo, diminuição da pigmentação da pele, assim como
diminuição na quantidade de pelos. A anemia falciforme, que atinge os glóbulos
vermelhos, provocando uma alteração anatômica e acarretando uma série de
problemas, também é considerada uma pleiotropia.
Outras variações da herança mendeliana são observadas, como a penetrância,
expressividade, heterogeneidade alélica, e todas elas têm características distintas
do comportamento dos alelos de um gene. Dentre os padrões clássicos e não
clássicos da herança mendeliana, é importante aos casais que são portadores,
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afetados ou possuem casos de doenças genéticas na família procurar auxílio
seõçatona reV
médico, por meio do aconselhamento genético, para serem orientandos caso
desejem ter filhos.
5. ACONSELHAMENTO GENÉTICO
O processo que avalia os riscos, a ocorrência ou recorrência de doenças genéticas
em uma família é realizado por especialistas em genética clínica por meio do
aconselhamento genético. O profissional que acompanha a pessoa ou casal que
pretende ter filhos solicita vários exames, incluindo testes genéticos e exames de
cromossomos, com o intuito de verificar a probabilidade de ocorrência de uma
doença genética na família, de forma a orientar em possíveis tratamentos ou
opções para conduzir o problema. É possível verificar as possibilidades de os pais
transmitirem alguma malformação ou patologia para o futuro bebê. Além dos
exames solicitados, é feito um levantamento do histórico familiar, para verificar a
herança de uma doença genética e a probabilidade de ela ocorrer. Mas todo
mundo deve fazer o aconselhamento genético antes de ter um filho? Não é
necessário. O aconselhamento genético é indicado em algumas situações como
por casais consanguíneos, que aumentam o risco de gerar uma criança com algum
distúrbio genético, ou casais com histórico familiar de doenças genéticas, suspeitas
de câncer hereditário, em casos de repetidos abortos ou infertilidade. Quando
algum risco é detectado não significa que o casal não poderá ter filhos, mas serão
orientados aos riscos, em alguns casos são indicados tratamentos ou somente
precauções e, em outros, o teste pode detectar por exemplo doenças para as quais
ainda não há cura e que poderão ser desenvolvidas somente com uma idade mais
avançada. Assim, caberá aos pais tomar a difícil decisão, uma vez que o
aconselhamento genético procura entender as opções perante o risco da doença
que a família possui, diante dos objetivos familiares e prestar auxílio. É importante
que os profissionais diferenciem no diagnóstico o que é genético e o que é
hereditário.
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Assinale a alternativa que completa as lacunas corretamente.
seõçatona reV
a. dois genes / dominante / heterozigotos / recessiva.
Questão 2
A herança ligada ao sexo é um tipo de herança monogênica determinada por um
gene presente na região do cromossomo X não homóloga ao cromossomo Y, por
isso a proporção das manifestações desta herança não é a mesma entre mulheres
e homens.
I. Para uma filha ser afetada, ela precisa receber o gene afetado do pai,
independentemente do gene da mãe.
III. Todos os filhos homens que possuem uma mãe homozigota afetada, são
afetados.
Questão 3
Realizar uma transfusão sanguínea requer o conhecimento da tipagem sanguínea
do doador e do receptor, caso contrário pode haver a incompatibilidade sanguínea
entre os dois, resultando em graves problemas. A tipagem sanguínea também
pode auxiliar em casos de testes de paternidade.
É possível por exemplo uma criança Rh- (negativo) ser filha de pais Rh+ (positivo)?
a. RR e Rr.
b. Rr e rr.
c. RR e rr.
d. Rr e Rr.
e. RR e RR.
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REFERÊNCIAS
seõçatona reV
ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
PIZZAIA, D.; ZAROS, L. G.; ROSÁRIO, M. F.. Biologia – Variação e herança. UFRN.
Editora EDUFRN. Natal – RN, 2012. Disponível em: https://bit.ly/3hfXyVx. Acesso em:
6 jan. 2021.
RODRIGUES et al. Roteiro de aula prática – Extração de DNA Vegetal. UFPR. 2008.
Disponível em: https://bit.ly/33u2gqs. Acesso em: 6 jan. 2021.
RODRIGUES, A. B.; OLIVEIRA, P. P. Oncologia para enfermagem. Barueri: Manole,
2016.
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continuada. Sec. Ed. Munic. Bauru, 2017. Disponível em: https://bit.ly/33wnT9z.
Acesso em: 7 jan. 2021.
seõçatona reV
SILVEIRA, V. Bases da hereditariedade. E-disciplinas USP. c2021. Disponível em:
https://bit.ly/3o5YhtJ. Acesso em: 3 jan. 2021.
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Renata Morais dos Santos
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
Diante desta situação, como você construiria o heredograma deste casal, tomando
como base o histórico familiar de C.J.N., para demonstrar a probabilidade de o
terceiro filho do casal ser portador ou afetado pelo daltonismo? E como explicar o
fato dos pais de C.J.N. não serem daltônicos e ele ter nascido com esta doença
hereditária? No caso da síndrome de Down de um dos filhos do casal, foi
constatado que se trata de uma doença genética não hereditária, então, como
você explicaria esta ocorrência?
O daltonismo é um distúrbio ou anomalia visual, caracterizado pela dificuldade ou
alteração na capacidade de o indivíduo distinguir determinadas cores,
principalmente as cores verde e vermelho. A mutação ocorre em genes
encontrados na parte homóloga do cromossomo X, sendo assim uma condição
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genética hereditária recessiva, é uma herança ligada ao sexo ou ao cromossomo X.
seõçatona reV
Cabe lembrar que, para a mulher apresentar o daltonismo ela precisa
necessariamente possuir dois alelos com mutação em homozigose,
diferentemente dos homens, que bastam apresentar um alelo recessivo com a
mutação herdada da mãe, uma vez que eles apresentam somente um
cromossomo X. Veja o quadro 3.3.
♀ X dX d Daltônico
♂ X DY Visão normal
♂ X dY Daltônico
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cromossômicas se tornam maiores, mas atualmente há um aumento de mulheres
seõçatona reV
que decidem ter filhos após os 35 anos e já existem outros exames e
acompanhamentos para o sucesso da gravidez e o diagnóstico precoce de
qualquer alteração cromossômica que possa acontecer. Como o casal não foi
diagnosticado portadores da translocação Robertsoniana, é difícil predizer a
probabilidade de um futuro filho do casal ser afetado novamente pela síndrome.
Para isso, são necessários outros exames e dar continuidade ao acompanhamento
de especialistas durante a gestação.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
A DOENÇA HEMOLÍTICA DO RECÉM-NASCIDO
Em um hospital do interior de uma pequena cidade, M.S.A. dá à luz a um bebê. O
parto foi de risco, mas felizmente o bebê e a mãe não correm risco de vida. É o
segundo filho de M.S.A e por falta de informação e acompanhamento médico
durante a gravidez, o bebê nasceu com icterícia (coloração amarela da pele devido
a um aumento na concentração de bilirrubina no sangue) e anemia grave (baixo
conteúdo de hemoglobina, que diminui a capacidade de transporte de oxigênio no
corpo), o que fará com que os médicos mantenham o bebê em observação por um
período maior.
Como você explicaria o ocorrido? Considerando que M.S.A. deu à luz ao segundo
filho, qual a relação com a tipagem sanguínea e a incompatibilidade de Rh?
RESOLUÇÃO
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gravidez o bebê, mesmo sendo Rh positivo, não é afetado, mas no momento
seõçatona reV
do parto a mãe teve contato com o sangue do bebê e ficou sensibilizada,
produzindo anticorpos anti-Rh. Por isso, a segunda gestação pode ser de risco
e o bebê pode desenvolver a eritroblastose fetal, uma vez que a mãe já
produziu anticorpos anti-Rh, que podem atravessar a placenta, promovendo a
aglutinação das hemácias do feto.
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Renata Morais dos Santos
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
CONVITE AO ESTUDO
Prezado aluno, seja bem-vindo! Estamos chegando em nossa última etapa da
disciplina Introdução à Biologia Celular e do Desenvolvimento. Até aqui pudemos
conhecer um pouco da citologia e sua importância, desvendando a estrutura e a
composição das células, como elas funcionam e o porquê de elas serem a unidade
fundamental da vida. Estudamos também um pouco sobre a genética, para
compreendermos como é estrutura do material genético que caracteriza os
diferentes tipos de organismos, e o mecanismo de transmissão deste material de
uma geração para a outra. Vimos ainda como ocorre a hereditariedade das
características e o comportamento da expressão gênica em diferentes situações,
de forma que seja possível, por meio destes estudos e do desenvolvimento de
tecnologias, a prevenção e o tratamento de doenças.
Mas, afinal, como ocorre o desenvolvimento dos organismos vivos? Nós vimos que
os seres vivos que se reproduzem de forma sexuada, passam pelos processos de
divisão celular (mitose e meiose) e a partir da gametogênese e espermatogênese
são formados os gametas femininos e masculinos, respectivamente. Partiremos
deste ponto, que será o tema desta unidade, para conhecer um pouco sobre a
embriologia básica.
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Compreender os eventos da embriologia auxilia na otimização do conhecimento
seõçatona reV
das alterações pelas quais o corpo passa, compreendendo as mudanças que são
geradas ao feto, de modo a diminuir os riscos na gestação. A embriologia
compreende algumas especialidades, como a embriologia humana (dedicada ao
estudo de embriões humanos), embriologia comparada (dedicada ao estudo de
embriões de espécies animais diversificadas, de forma comparativa) e a
embriologia vegetal (dedicada ao desenvolvimento das plantas).
Bons estudos!
Para que uma nova vida seja gerada é necessário que uma série de etapas sejam
percorridas e bem-sucedidas. A fecundação marca o início do desenvolvimento
embrionário, mas ela só ocorre quando há o encontro de um óvulo maduro e
saudável com um espermatozoide que consiga penetrar nesse óvulo, seja de
forma natural, através da relação sexual, seja através de técnicas de reprodução
assistida, como a fertilização in vitro ou a inseminação artificial. São milhões de
espermatozoides e somente um deles será capaz de dar início a uma nova vida.
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Caro aluno, você consegue imaginar a complexidade de eventos que são
necessários para que a fecundação ocorra? Quantas etapas são necessárias? E o
seõçatona reV
que ocorre nas duas primeiras semanas do desenvolvimento embrionário?
CONCEITO-CHAVE
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O desenvolvimento embrionário humano é composto por uma série de eventos
seõçatona reV
coordenados para produzir um bebê saudável após semanas de gestação. A
primeira semana de desenvolvimento embrionário é marcada por muitas
mudanças físicas e bioquímicas no corpo feminino. A gestação depende de
acontecimentos prévios, para que o corpo crie um ambiente ideal para que ocorra
a fecundação e a implantação do zigoto, o futuro feto. Você se lembra da formação
dos gametas? Ao final da espermatogênese, através da meiose, são formados os
gametas masculinos (espermatozoides), e ao final da ovogênese, é formado o
gameta feminino (óvulo).
Quando o óvulo maduro, geralmente ainda na tuba uterina, entra em contato com
um espermatozoide e este consegue nele penetrar, ocorre a fecundação, o começo
de uma possível gravidez.
1. FECUNDAÇÃO
A fecundação ou fertilização marca o início da primeira semana do
desenvolvimento humano. O processo ocorre com o encontro do óvulo e do
espermatozoide, através da relação sexual (quando ocorre de forma natural),
quando os milhares de espermatozoides lançados por meio da ejaculação dentro
do corpo da mulher percorrem o útero até a tuba uterina para encontrar o óvulo, e
apenas um deles irá conseguir penetrar no óvulo (salvo os casos de gêmeos).
REFLITA
0
células da corona, permitindo que o espermatozoide entre em contato com a zona
seõçatona reV
pelúcida. É iniciada a segunda fase, a penetração da zona pelúcida. A zona
pelúcida é uma camada glicoproteica, que protege o óvulo envolvendo a sua parte
externa, esta camada não contém células. Para penetrar nesta camada, o
acrossomo libera enzimas como a acrosina, neuraminidase e esterase, e juntas
estas enzimas causam a lise da zona pelúcida, permitindo a penetração do
espermatozoide ao alcance do óvulo.
ATENÇÃO
ASSIMILE
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fertilização, é iniciada a primeira divisão do zigoto, formando dois blastômeros. A
seõçatona reV
zona pelúcida segue envolvendo o zigoto e conforme os blastômeros seguem em
divisão, a cada divisão têm o seu tamanho reduzido e migram para o útero, local
onde ocorrererá o processo de implantação que veremos mais adiante. Os
blastômeros vão se unindo em uma espécie de complexo e quando já foram
formados de 12 a 32 blastômeros, ainda envolvidos pela zona pelúcida, o concepto
(embrião) passa a ser chamado de mórula (parecido com uma amora),
encaminhada para a cavidade uterina, cerca de três a quatro dias após a
fecundação.
A zona pelúcida neste estágio começa a ser digerida por enzimas, um fluido é
secretado pela tuba uterina, formando uma cavidade entre os blastômeros,
conhecida por blastocele, que separa as células em dois grupos: trofoblasto
(células mais periféricas – formarão a parte embrionária da placenta) e
embrioblasto (massa celular interna – dará origem ao embrião). Nesta fase do
desenvolvimento, o concepto recebe o nome de blastocisto, que aumenta de
tamanho rapidamente e “flutua” pela cavidade uterina até alcançar o útero. Após
aproximadamente seis dias da fecundação, o blastocisto é aderido ao epitélio
endometrial, em um processo implantação também conhecido por nidação. O
trofoblasto começa a proliferar, diferenciando em duas camadas: o citotrofoblasto
(cama interna de células) e o sinciciotrofoblasto (camada externa de células).
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Ainda na segunda semana de desenvolvimento, o disco embrionário se interpõe
entre a cavidade amniótica e o saco vitelino primário. Células do endoderma do
seõçatona reV
saco vitelino formam uma camada de tecido conjuntivo frouxo (mesoderma
extraembrionário), que envolve o âmnio e o saco vitelino. A partir do momento que
o âmnio, o disco embrionário e o caso vitelino primário se formam, alguns espaços
aparecem no sinciciotrofoblasto e rapidamente são preenchidos por uma mistura
de sangue materno, que irá nutrir o embrião.
ASSIMILE
0
Figura 4.2 | Esquema ilustrando a origem dos anexos embrionários
seõçatona reV
Nota: – Blastocisto tardio. B – Início da implantação. C e D – Blastocisto implantado entre 7-8 dias. E –
Embrião em 9 dias. F – Após a segunda semana.
REFLITA
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ser desde medicamentos até cirurgias.
seõçatona reV
A implantação do blastocisto, no entanto, pode ocorrer fora do útero, conhecida
por implantações extrauterinas ou gravidez ectópica. Em cerca em 95% dos casos,
ela ocorre nas tubas uterinas, podendo ocorrer também na cérvice, em cicatrizes
uterinas, cavidade pélvica ou abdominal e nos ovários.
EXEMPLIFICANDO
Quando a gravidez ocorre na tuba uterina, uma das possíveis causas está
relacionada com o atraso ou o impedimento do zigoto até o útero. Por
exemplo o bloqueio da tuba uterina (ou trompa) durante a fase de clivagem
do desenvolvimento.
Para que ocorra a fertilização são necessárias algumas etapas, são elas:
1. Fusão de membranas.
4. Pronúcleo masculino.
a. 1 – 3 – 5 – 2 – 6 – 4.
b. 3 – 5 – 1 – 2 – 4 – 6.
c. 2 – 5 – 3 – 6 – 1 – 4.
d. 2 – 5 – 3 – 1 – 4 – 6.
e. 5 – 3 – 1 – 4 – 2 – 6.
Questão 2
Em uma das etapas do processo de fertilização, ocorre a formação da membrana
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de fecundação. Esta membrana é formada, após sofrer várias alterações, para
impedir a penetração de outros espermatozoides no ovócito.
seõçatona reV
Com base no texto e em relação à membrana de fecundação, assinale a alternativa
correta.
a. Assim que o espermatozoide passa através das células da corona radiata do óvulo, as células formam a
membrana de fecundação.
b. Após o término da segunda divisão meiótica, surge a membrana de fecundação, após a fusão dos
pronúcleos.
c. A zona pelúcida sofre várias alterações, após a penetração do espermatozoide nela, e forma a membrana
de fecundação.
d. A membrana de fecundação é formada após a fusão de membranas, que unem a cabeça e a cauda do
espermatozoide ao óvulo.
e. A membrana de fecundação é facilmente rompida com as enzimas liberadas pelo acrossomo dos
espermatozoides.
Questão 3
As primeiras semanas do desenvolvimento embrionário após a fecundação até a
nidação, duram em torno de 10 dias. O zigoto passa por uma série de
transformações, sendo chamado de concepto. Ao final da primeira semana, o
concepto já está pronto para ser implantado no útero.
a. Na fase de blastocisto, o concepto já inicia com três folhetos embrionários (ectoderma, mesoderma e
endoderma).
b. Na fase de clivagem, o zigoto passa por múltiplas divisões celulares e resulta no embrioblasto.
c. O concepto quando chamado de blastocisto, durante a segunda semana, já é caracterizado pela presença
da placa neural.
e. Na segmentação, a estrutura do concepto é similar a uma amora, formada por um conjunto de
blastômeros.
REFERÊNCIAS
CAMPANHA, J. T. P. et al. Pílula do dia seguinte: uma alternativa segura. Revista
Thêma et Scientia, v. 2, n. 2, jul/dez. 2012. Disponível em: https://bit.ly/2SPxiaf.
Acesso em: 19 jan. 2021.
0
MONTANARI, T. Embriologia – Texto, atlas e roteiro de aulas práticas. Porto Alegre:
Editora da Autora, 2013. Disponível em: https://bit.ly/3w3Vy6I. Acesso em: 14 jan.
seõçatona reV
2021.
SHOLL-FRANCO, A.; THOLE, A. A.; UZIEL, D.; AZEVEDO, N. L. Corpo Humano I. Vol.1.
2 ed. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2010.
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seõçatona reV
Renata Morais dos Santos
Fonte: Shutterstock.
O casal procura pela clínica e inicia o procedimento para a FIV (fertilização in vitro).
Como você, profissional da saúde, explicaria a relação entre a endometriose
detectada na mulher e a indicação da técnica FIV ao invés da inseminação artificial?
Em qual caso seria usada a técnica de inseminação artificial? Realizado o processo
de fertilização dos gametas, o embrião fica em incubadoras sendo acompanhado
por 3 a 5 dias até ser transferido para o útero – durante esse período, o que ocorre
com o embrião?
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dores intensas no período menstrual, em outros casos é imperceptível. Isso
seõçatona reV
significa que esta doença tem diferentes graus e características, deve ser
diagnosticada por médicos especialistas durante exames físicos ou
complementares ginecológicos e somente ele poderá indicar se há algum tipo de
tratamento, ou a necessidade de uma cirurgia. O principal fator da endometriose
estar associada à infertilidade é quando em grau mais avançado, ela produz um
processo inflamatório tubário, que influencia na mobilidade das trompas,
consequentemente dificulta o processo de fecundação, que em geral ocorre ainda
na tuba uterina. Por esta razão, para o casal da situação-problema, a FIV foi
indicada. A fertilização in vitro consiste em uma técnica na qual os óvulos são
fertilizados em laboratório, unindo os gametas masculinos e femininos, fora do
corpo da mulher. O acompanhamento do desenvolvimento do embrião é realizado
em laboratório, após 3 a 5 dias, e depois é transferido para o útero da mulher,
onde deverá ocorrer a implantação e dar sequência ao desenvolvimento. A técnica
de FIV é indicada em casos de casais com dificuldade para engravidar, não só pela
endometriose, mas por falhas em outros tratamentos, doenças genéticas,
infertilidade masculina, alterações nas tubas uterinas, idade materna avançada,
gestações independentes, casais homossexuais, dentre outros. A técnica de FIV se
difere da inseminação artificial (IA), já que neste último caso, a fertilização ocorre
no próprio corpo da mulher, e não in vitro. A IA é utilizada nos casos em que os
espermatozoides não alcançam o óvulo maduro na tuba uterina, desta forma, esta
técnica consiste no preparo do sêmen, inserindo os espermatozoides no momento
ideal no interior do útero, auxiliando o processo de fertilização. A FIV pode ser
realizada com doadores anônimos de gametas, os quais são congelados e
armazenados em bancos específicos. Como podem ser do próprio casal, antes de
serem coletados, tanto o homem como a mulher podem receber doses altas de
hormônios; além disso, os gametas coletados são selecionados em laboratório
para que a fertilização tenha mais sucesso, o que não ocorre de forma natural.
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em que o incidente ocorreu, a jovem foi instruída pelos médicos, como parte dos
seõçatona reV
cuidados recebidos após o ataque sofrido, a tomar a pílula do dia seguinte. No
entanto, dois meses após o ocorrido, a jovem descobrira que estava grávida.
Existem outras histórias em que mesmo após tomar a pílula do dia seguinte, a
gravidez acontece. ASSOCIAÇÃO Paulista de Medicina. ‘Tomei a pílula do dia
seguinte, mas engravidei’: quando o método anticoncepcional falha. Notícias. O
que diz a mídia. 13/11/2019.
Após este relato, como você explicaria esta gravidez, mesmo após a ingestão da
pílula do dia seguinte? Qual a ação desta pílula no organismo que possibilita a
intervenção da implantação do embrião, dando início a uma nova vida?
RESOLUÇÃO
A pílula do dia seguinte contém uma alta taxa de hormônios que dependendo
da fase do ciclo menstrual em que a mulher se encontra age de uma forma.
Quando a mulher ainda não ovulou, ela age alterando os folículos e a
mobilidade tubária, inibindo ou retardando a ovulação. Após a ovulação, ela
altera o muco cervical, interferindo na mobilidade dos espermatozoides, para
que estes tenham mais dificuldade para encontrar o óvulo, impedindo que
ocorra a fecundação. Ainda assim, a pílula evita a formação do endométrio que
irá ser preparado para a implantação do óvulo fecundado, forçando a
descamação deste (menstruação), por isso o ciclo menstrual da mulher é
alterado. Mas se todos estes processos falharem, dependendo de todos os
fatores citados, a implantação do embrião pode ocorrer e, uma vez ocorrida,
esta pílula não tem efeito.
Para consultar mais informações e possibilitar outras formas de conduzir esta
situação, sugere-se a leitura do artigo:
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Thêma et Scientia, v. 2, n. 2, jul/dez. 2012.
seõçatona reV
NÃO PODE FALTAR I
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Renata Morais dos Santos
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
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primeira menstruação da mãe, após a fecundação, até a formação de estruturas
seõçatona reV
como o tubo neural que irá se diferenciar no sistema nervoso, ou os diferentes
nomes que o concepto recebe em cada uma das fases. A oitava semana é
finalizada junto com o processo de organogênese, neste estágio o embrião já mede
aproximadamente 3 cm de comprimento, e como pode haver muitas variações de
gestação a gestação, conheceremos também como é calculado o estágio
gestacional. As necessidades do embrião aumentam e a troca de substâncias entre
o sangue materno e o do embrião se tornam essenciais para a manutenção da
gravidez.
Dentre as principais perguntas, F.L.S. gostaria de saber o porquê ela ainda não
escutava o coração do seu bebê, quando ela iria poder escutá-lo, se de fato estava
tudo bem. Estranhando ainda o formato de seu bebê, curiosamente ela indagou
quando ela conseguiria ver os “bracinhos e as perninhas” do seu filho e saber o
sexo. Para completar, F.L.S. lhe informou que a sua última menstruação havia
ocorrido do dia 13/09 a 18/09/2020, e gostaria de saber qual a data prevista para o
seu parto. Como você responderia a todas estas dúvidas, relacionando-as ao
processo de desenvolvimento embrionário humano?
"Em algum lugar, alguma coisa incrível está esperando para ser descoberta” (Carl
Sagan, 1934-1996). Vamos juntos, falta pouco!
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CONCEITO-CHAVE
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A terceira semana do desenvolvimento embrionário se inicia com o disco
embrionário composto pela cavidade amniótica e a cavidade exocelômica, dentro
da cavidade coriônica, gerados durante a segunda semana de desenvolvimento. O
concepto, ainda chamado de blastocisto, já foi totalmente implantado no
endométrio e esta semana é marcada por alguns eventos, como o surgimento da
linha primitiva, que indica o início da gastrulação, o desenvolvimento da notocorda
(eixo de sustentação do corpo), e o embrião, até então composto pelo disco
bilaminar, passará a ser trilaminar, com a diferenciação das três camadas
germinativas, que irão dar origem aos tecidos e órgãos do futuro bebê. A terceira
semana é marcada ainda pela ausência do período menstrual da mulher
(aproximadamente cinco semanas após o primeiro dia do último ciclo menstrual),
sendo um dos indicativos que a fertilização ocorreu, já sendo possível, em uma
gravidez normal, ser detectada por ultrassonografia.
1. GASTRULAÇÃO
A gastrulação marca o início da morfogênese, ou seja, o início do desenvolvimento
da forma e estrutura dos órgãos e partes do corpo. O processo de gastrulação é
iniciado com a formação da linha primitiva, que se dá pelo espessamento das
células do epiblasto na extremidade caudal do embrião. A outra extremidade,
chamada de extremidade cefálica, se caracteriza pela formação do nó primitivo
(acúmulo de células). As células proliferam rapidamente, e seguem em direção à
região central, formando o sulco primitivo, que se estende até o nó primitivo, e
formam a fosseta primitiva. Com a formação da linha primitiva, já é possível
verificar uma simetria no embrião, como lados direito e esquerdo, faces ventral e
dorsa, e as extremidades caudal (próxima à cauda da linha primitiva) e cefálica
(próxima ao nó primitivo).
Nota: A – Vista dorsal de um embrião humano durante a gastrulação. As setas mostram as direções dos
movimentos celulares pelo epiblasto em direção, através e afastando-se da linha primitiva como
mesoderme recém-formado. B – Secção sagital através do eixo craniocaudal do mesmo embrião. A seta
curva indica células passando pelo nó primitivo dentro do notocorda. C – Secção transversal em nível da
linha primitiva em A (linhas pontilhadas).
Fonte: Carlson (2014, p. 78).
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sacrococcígea.
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Ainda no processo de gastrulação, as células mesenquimais (multipotentes)
migram da extremidade cefálica e da fosseta primitiva formando o processo
notocordal (cordão celular mediano). Uma luz é adquirida por este processo, se
tornando o canal notocordal, que ao crescer acaba encontrando a placa precordal.
A placa precordal é composta por células endodérmicas aderidas à ectoderma, e
quando estas duas camadas se fundem formam a região onde será a futura boca,
a membrana bucofaríngea. Na extremidade caudal da linha primitiva, a região
circular do disco bilaminar é o local onde será o futuro ânus, a membrana cloacal.
O assoalho do processo notocordal junto com as células do endoderma se unem e
se degeneram, liberando células notocordais a partir da extremidade cefálica, a
notocorda, então, é formada pelo dobramento da placa notocordal. Mas afinal o
que é a notocorda?
REFLITA
O alantoide é um anexo embrionário que aparece por volta do 16º dia, no saco
vitelino, mais precisamente na parede caudal deste. O alantoide, nos mamíferos,
permanece como uma linha que se estende da bexiga urinária até a região
umbilical, de forma reduzida. Sua função é auxiliar na eliminação de excrementos
e formação de vasos sanguíneos da placenta.
2. NEURULAÇÃO
A notocorda formada durante a gastrulação induz a formação da placa neural
(início do sistema nervoso central) através do espessamento do ectoderma
embrionário. No 18º dia aproximadamente do desenvolvimento embrionário, a
placa neural forma um sulco neural mediano, composto de pregas neurais que se
fundem para formar o tubo neural (medula espinhal primitiva). Mais tarde, ocorre
o fechamento deste tubo neural e algumas células neuroectodérmicas dispostas
na crista de cada prega neural perdem a adesão com células epiteliais vizinhas, e
formam a crista neural, uma massa achatada e irregular, entre o tubo neural e a
superfície da ectoderme, dividindo o embrião em duas partes (direita e esquerda),
que originarão os gânglios espinhais e do sistema nervoso autônomo, incluindo as
meninges do cérebro. O sistema nervoso inicia a sua formação na terceira semana
de desenvolvimento, mas só estará totalmente formado após o nascimento do
bebê, durante o crescimento da criança.
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A fase de neurulação é marcada pela formação da placa neural e do tudo neural,
nesta fase o concepto é chamado de nêurula.
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3. FORMAÇÃO DE SOMITOS E CELOMA
A terceira semana de desenvolvimento é marcada por muitos eventos, e a
formação dos somitos e do celoma são alguns destes acontecimentos marcantes,
então vamos entender como eles são formados (Figura 4.4). O mesoderma
intraembrionário, durante a formação do tubo neural e da notocorda, se divide em
mesoderma paraxial, intermediário e lateral. Ao final da terceira semana, o
mesoderma paraxial se diferencia, formando os somitos, que permanecerão se
desenvolvendo e irão dar origem a uma grande parte do esqueleto axial e dos
músculos, além da derme (uma camada da pele). Durante o período embrionário,
o número de somitos auxilia na identificação da idade do embrião: cada três
somitos formados, em média, correspondem a um dia do embrião.
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secundárias e logo se diferenciam em capilares e células do sangue. Os capilares,
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quando visíveis, se fundem com as vilosidades que agora são chamadas de
terciárias e formam as redes arteriocapilares, que irão se conectar ao tubo do
coração por meio de vasos, através do córion e do pedículo de conexão. No final da
terceira semana, o sangue embrionário começa aos poucos a fluir, e o oxigênio e
nutrientes maternos já são difundidos através das paredes das vilosidades até
alcançarem o embrião. Neste momento, é muito importante destacar que o uso de
drogas ou outros agentes podem causar anomalias no desenvolvimento do
embrião, pois quando utilizados pela mãe, neste estágio já são transmitidos pela
corrente sanguínea.
EXEMPLIFICANDO
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vários tecidos e órgãos do indivíduo que está sendo gerado? O ectoderma, por
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exemplo, dará origem a epiderme, ao sistema nervoso central e periférico, além de
outras estruturas, como a retina do olho. O mesoderma originará as camadas de
músculos lisos, tecidos conjuntivos, cardíacos, hematológico e vascular e será o
responsável pela formação do sistema excretor e reprodutor. Já o endoderma dará
origem aos revestimentos epiteliais do trato gastrointestinal e vias respiratórias,
órgãos associados como os pulmões, tireoide, fígado, pâncreas, entre outros,
também são formados a partir do endoderma.
Figura 4.5 | Ilustração dos derivados das três camadas germinativas (ectoderma, mesoderma e
endoderma)
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que o seu funcionamento ainda seja precário. Na quarta semana, os arcos
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faríngeos aparecem por volta do 24º dia, o embrião apresenta um formato curvo,
após passar pelos dobramentos cefálicos e caudais. A extremidade rostral, no 26º
dia, já se encontra fechada, o coração primitivo já bombeia sangue, e entre o 26º
ou 27º dia, já é possível observar os brotos dos membros superiores, e os
inferiores começam a surgir. O início das orelhas e das fossetas óticas se tornam
visíveis na cabeça. Alguns órgãos passam a ser notados, rudimentares ainda. Na
quinta semana, a forma corporal não é muito alterada, é marcada pelo
crescimento mais acentuado da cabeça que as demais partes do corpo, visto que
ocorre o desenvolvimento das proeminências faciais e encefálicas. Começam a
surgir os primórdios dos rins permanentes. Na b, o embrião passa a apresentar
respostas de reflexo ao toque, mostra movimentos espontâneos e começam a
surgir os dedos com o início das impressões digitais. Os membros inferiores são
desenvolvidos e as aurículas (parte externa da orelha em formato de concha)
também são desenvolvidas. São formados os pigmentos da retina e os olhos
apresentam um tamanho maior. A cabeça se destaca pelo seu tamanho em relação
ao corpo, e ela se encontra curvada em direção a proeminência cardíaca. A
curvatura da cabeça resulta da formação do pescoço e o tronco inicia a posição
ereta. Nesta fase, os intestinos penetram no celoma extraembrionário próximos ao
cordão umbilical. A sétima semana é marcada principalmente pelas alterações
ocorridas nos membros, são quando surgem as membranas entre os raios digitais
das mãos, separando os futuros dedos. Surge o ducto onfaloentérico, que faz a
comunicação entre a vesícula umbilical e o intestino primitivo. Por fim, a oitava
semana encerra a fase de organogênese, os dedos das mãos se alongam e são
individualizados, nos pés é possível notar o aparecimento das membranas até
serem individualizados como ocorre nos dedos das mãos. No couro cabeludo é
formado o plexo vascular (rede de nervos). Nesta semana, ocorrem os primeiros
movimentos coordenados dos membros, e a ossificação primária é iniciada
(primeiro no fêmur). A proeminência caudal desaparece, os membros se
aproximam ventralmente e ao final dessa semana, o embrião apresenta as
características humanas, ainda um pouco distintas. A região do pescoço já está
estabelecida, as pálpebras começam a se unir e os intestinos ainda estão
concentrados na região próxima ao cordão umbilical. O embrião possui
aproximadamente 3 cm de comprimento e está com aproximadamente 56 dias de
desenvolvimento, no entanto ainda não é possível constatar a diferenciação sexual
por observação das genitálias externas, estas ainda não estão desenvolvidas.
ASSIMILE
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d. Gastrulação, terceira semana.
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Blastulação, terceira semana
Questão 2
A terceira semana do desenvolvimento é marcada pela formação do disco
trilaminar, com o início da morfogênese. As chamadas camadas germinativas ou
folhetos embrionários tomam forma e adquirem posições específicas no embrião.
Questão 3
A maior parte do desenvolvimento embrionário compreende o período da quarta à
oitava semana, em que são estabelecidas as principais estruturas internas e
externas, e inicia-se a formação de muitos órgãos e sistemas. Nesta fase, os
teratógenos devem ser evitados, para evitar problemas congênitos, de
malformações ou outras, ao feto.
a. Ocorre o aparecimento da linha primitiva e o disco embrionário passa de bilaminar para trilaminar.
c. Na quarta semana, o embrião já apresenta resposta reflexa ao toque e movimentos espontâneos.
d. Ao final deste período de organogênese, já é possível identificar o sexo do bebê através das genitálias.
O dobramento do embrião, lateral e cefálio caudal, ocasionado pelo crescimento dos somitos, medula
espinhal e tubo neural.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, T.; MONTES, D.; CARVALHO, F.; DIAS, M.; CARVALHO, C. Teratoma
Sacrococcígeo – Caso Clínico. b 2010; n. 19, v. 2, p. 81-4. Disponível em:
https://bit.ly/3yjMP2q. Acesso em: 21 jan. 2021.
CARLSON, B. M. Embriologia humana e biologia do desenvolvimento. 5 ed. Rio
de Janeiro: Elsevier Editora Ltda., 2014.
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Disponível em: https://bit.ly/2SMUqpU. Acesso em: 21 jan. 2021.
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LUZ, S. C. A.; SCHOSSLER, D. R. C. Caderno Didático I – Embriologia Geral: da
primeira à quarta semana de desenvolvimento. Universidade Federal de Santa
Maria. Santa Maria – RS, 2002. Disponível em: https://bit.ly/3w3gkTZ. Acesso em: 21
jan. 2021.
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Renata Morais dos Santos
Fonte: Shutterstock.
Após o casal realizar a FIV (fertilização in vitro) e ser constatada a gravidez através
do exame de sangue positivo para o beta hCG (hormônio gonadotrofina coriônica
humana), F.L.S. (a mulher) foi até a clínica realizar o primeiro ultrassom estando
grávida. Você, como profissional da saúde, a estava acompanhando. F.L.S. gostaria
de saber o porquê ela ainda não escutava o coração do seu bebê, quando ela iria
poder escutá-lo, se de fato estava tudo bem. Estranhando ainda o formato de seu
bebê, curiosamente ela indagou quando ela conseguiria ver os “bracinhos e as
perninhas” do seu filho, e poder saber o sexo. Para completar, F.L.S. lhe informou
que a sua última menstruação havia ocorrido do dia 13/09 a 18/09/2020, e gostaria
de saber qual a data prevista para o seu parto. Como você contestaria a todas
estas dúvidas, relacionando-as ao processo de desenvolvimento embrionário
humano?
Diante desta situação, você deve primeiro se lembrar dos principais eventos que
ocorrem entre a quarta e oitava semana do desenvolvimento embrionário.
Durante este período, ocorre a organogênese, ou seja, os órgãos e sistemas
começam a ser formados, o embrião durante a quarta semana sofre dobramentos,
tanto laterais quanto cefálicos e caudais. O disco embrionário passa a ser
trilaminar, com as três camadas germinativas que irão se diferenciar formando os
diferentes tipos de tecidos e órgãos. E embora o coração primitivo já esteja
formado desde o final da terceira semana do desenvolvimento, quando o coração
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começa a bater devido à circulação do sangue, ainda é muito difícil a percepção
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dos batimentos cardíacos através do ultrassom, os quais se tornam evidentes, em
geral, a partir da sexta semana de desenvolvimento. Neste primeiro ultrassom será
possível confirmar a implantação do embrião e visualizar a presença da vesícula
vitelina, assim como pode ser verificada se a gestação é múltipla. A partir da quarta
semana de desenvolvimento aparecem os brotos dos membros superiores e
vestígios dos brotos dos membros inferiores, mas somente na sétima semana de
desenvolvimento é que os membros já estão mais desenvolvidos e surgem as
membranas entre os raios digitais que irão separar os dedos. É importante
informar a F.L.S. que somente ao final da oitava semana o seu bebê começará a
apresentar características humanas e, ainda assim, não é possível observar através
do ultrassom a diferenciação sexual, pois as genitálias externas ainda não são
visíveis. Isto ocorre por volta da 12ª e 15ª semana. No entanto, a partir da oitava
semana é possível realizar o exame de sexagem fetal, através da análise do sangue
da mãe, que neste estágio já está em contato com o sangue do embrião, e é
realizada a identificação das características do DNA, em busca do cromossomo Y,
que identifica se o bebê será um menino.
Caro aluno, vale lembrar que esta é somente uma possibilidade de resolver esta
situação, há também outras formas de fazer o cálculo de previsão do parto e idade
gestacional, vamos praticar!
AVANÇANDO NA PRÁTICA
RESQUÍCIOS DA LINHA PRIMITIVA
Um recém-nascido, fruto de uma gestação sem intercorrências e vigiada, do sexo
feminino, acaba de nascer no hospital Sta. Maria. Não foram apresentadas
alterações nas ecografias pré-natais, o parto foi espontâneo e a idade gestacional
estava adequada. No entanto, o exame físico realizado na recém-nascida revelou
uma tumefacção na região sacrococcígea, redonda, coberta por pele e pelos, de
tonalidade vinosa. Foi constatado se tratar de um teratoma sacrococcígeo, devido
ao não desaparecimento por completo da linha primitiva, durante o
desenvolvimento embrionário. Será realizada uma cirurgia para a retirada deste
tumor, sem prejuízos aparente para a recém-nascida.
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Fonte: Moore et al. (2016, p. 45).
RESOLUÇÃO
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Renata Morais dos Santos
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Fonte: Shutterstock.
O novo indivíduo surge de células que se unem para a formação do zigoto, a partir
de várias divisões celulares, passa por várias transformações sendo mórula,
blástula, gástrula, nêurula, até ser reconhecido como feto. Durante as oito
primeiras semanas do desenvolvimento embrionário são cruciais os cuidados com
interferências externas que possam influenciar no processo de desenvolvimento,
uma vez que os tecidos e órgãos começam a ser desenvolvidos, os sistemas ainda
primitivos iniciam o seu funcionamento, como o sistema cardiovascular. É neste
período que malformações, problemas congênitos e genéticos são mais
frequentes. Ao final da oitava semana do desenvolvimento, o embrião já começa a
apresentar características mais humanas, é quando se inicia o período fetal, que
estudaremos nesta seção.
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membranas fetais, que aparecem ainda no período embrionário, analisaremos as
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características de cada uma delas, funções e importância, uma vez que são estas
membranas acessórias extraembrionárias, as quais dão todo o suporte para o feto
em desenvolvimento.
Foi possível, ainda, visualizar outras estruturas formadas, além das genitálias.
Quais outras estruturas são formadas durante esta semana do desenvolvimento
fetal?
Você aproveitou para alertar aos pais que em casos de gestações múltiplas as
chances de os bebês nascerem antes da data provável do parto, ou seja, ocorrer
um parto prematuro, são maiores. Por que os bebês que nascem antes da
vigésima sexta semana possuem menos chance de sobreviver? E no caso de
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gêmeos que compartilham a mesma placenta, qual síndrome pode ser
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desenvolvida?
Você chegou até aqui, falta muito pouco para compreendermos todas as etapas
para geração de uma nova vida. Vamos juntos, não desanime!
CONCEITO-CHAVE
No final da oitava semana de desenvolvimento embrionário, o embrião passa a ter
um aspecto humano e ao iniciar a nona semana ou o terceiro mês do
desenvolvimento, ele é chamado de feto. A transição de embrião para feto ocorre
de forma gradual, os tecidos e órgãos que tiveram o início da formação do período
embrionário agora no período fetal são caracterizados pelo rápido crescimento. A
diferença de tamanho entre a cabeça e o corpo diminui neste período, e poucas
estruturas novas são formadas, com isso, os danos causados pelos teratógenos e
problemas de malformações são mais difíceis neste período, no entanto, ainda são
passíveis de ocorrer, incluindo a utilização de substâncias tóxicas que podem
afetar a visão e o sistema nervoso do feto. Vamos conhecer os principais eventos
que marcam o desenvolvimento no período fetal que compreende da nona
semana até o parto.
O início da nona semana é marcado pelo tamanho da cabeça do feto, que ainda
possui cerca de metade do CRL. Os olhos ainda são bem separados, as pálpebras
seguem fusionadas, a face é larga e as orelhas possuem uma implantação baixa.
Durante essa semana, os membros inferiores ainda são curtos e relativamente
pequenos. A décima primeira semana é marcada pelo retorno do intestino ao
abdome. Entre a nona e a décima segunda semana ocorre a formação da urina, e
esta é lançada no líquido amniótico. Parte do líquido é absorvido pelo feto e os
produtos excretados são transferidos para a mãe através da membrana
placentária pela circulação materna. No final da décima segunda semana, o CRL
corresponde praticamente ao dobro do tamanho. Os membros superiores
alcançam o seu tamanho relativo ao nascimento, e os membros inferiores ainda
em desenvolvimento não atingiram o tamanho relativo final. A genitália externa
(masculina ou feminina) ainda não está completamente desenvolvida. A partir da
décima quarta semana, os movimentos dos membros notados durante o final do
período embrionário passam a ser coordenados e visíveis ao ultrassom e já são
perceptíveis os movimentos lentos dos olhos. Ainda na décima quarta semana
ocorre a padronização dos cabelos no couro cabeludo. Na décima sexta semana, o
tecido ósseo inicia a sua formação, os primeiros dentes decíduos iniciam a sua
formação. A face já está bem formada com lábios, boca, nariz e bochechas. O
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cabelo, as sobrancelhas e cílios são formados, e a genitália externa está
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desenvolvida e já pode ser identificado o sexo do feto através da ultrassonografia.
O feto já pesa em torno de 200 g e tem cerca de 140 mm, e a cabeça em
comparação a um feto na décima segunda semana é relativamente pequena. No
período entre a décima sétima semana e a vigésima semana, o crescimento é
desacelerado, os membros inferiores alcançam o seu tamanho relativo final e a
mãe já pode facilmente sentir os movimentos fetais, os pontapés. Durante este
período, a pele do feto é coberta pelo verniz caseoso (material gorduroso
composto por células mortas secretadas pelas glândulas sebáceas do feto). Além
disso, o feto é coberto por uma penugem delicada de pelo, conhecida por lanugo,
auxiliando no mantimento do verniz caseoso e auxiliando na proteção da pele
muito sensível do feto. O útero fetal feminino é formado e é iniciada a formação da
vagina, ou no caso dos fetos masculinos, os testículos começam a descer. Após a
vigésima semana de gestação, a morte do feto é chamada de natimorto. Na
vigésima primeira semana são iniciados os movimentos rápidos dos olhos e nas
semanas seguintes é possível detectar as piscadas. Na vigésima quarta semana as
unhas já estão formadas e as células epiteliais secretoras começam a secretar nos
pulmões um líquido (surfactante) que mantém alvéolos pulmonares em
desenvolvimento abertos. Durante a vigésima primeira à vigésima quinta
semana, o feto ganha peso, e embora já possa sobreviver caso nasça prematuro,
mesmo com cuidados intensivos, o risco de o feto morrer é grande, pois ao nascer
antes da vigésima sexta semana o sistema respiratório ainda está imaturo e
possibilita o risco de problemas neurológicos, por este sistema ainda estar em
desenvolvimento. Neste período o feto começa a desenvolver a percepção da dor.
No período da vigésima sexta à vigésima nona semana, os pulmões já
conseguem fazer trocas gasosas suficientes e o sistema nervoso central já
amadureceu ao ponto de possibilitar o controle da temperatura corporal e guiar os
movimentos respiratórios, embora nasça prematuro, necessite de cuidados
especiais em incubadoras para auxiliar no controle da temperatura e respiração
artificial, e o fator peso é levado em consideração para aumentar as chances de
sobrevivência. Os testículos já começam a descer no saco escrotal, o cabelo está
desenvolvido, as pálpebras abertas e as unhas dos pés se tornam visíveis. As
últimas semanas do desenvolvimento, que englobam da trigésima a trigésima
oitava semana (os dois últimos meses), o feto adquire metade do peso que terá no
nascimento, aproximadamente. Durante este período, o cérebro cresce bastante, a
pele já é rósea e os membros superiores e inferiores já estão semelhantes a como
irão nascer. O feto já é capaz de responder a estímulos luminosos e sonoros e
desenvolve um aperto firme nas mãos, uma vez que entre a trigésima sétima e
trigésima oitava semana, o sistema nervoso já é considerado maduro para
realizar determinadas interações. Quando se aproxima do final da gestação, o feto
ganha em média 14 g de gordura por dia, chegando ao final de 38 semanas a cerca
de 3.000 a 3.500 g, e CRL aproximado de 36 cm, e a circunferência do abdômen já é
maior do que a da cabeça. Os fetos nascidos durante a trigésima segunda semana
têm grandes chances de sobrevivência sem a necessidade de incubadoras. O bebê
já está formado e pronto para o parto.
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LEMBRE-SE
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Uma gestação tem duração de cerca de 280 dias, ou seja, em torno de 40
semanas após a data da última menstruação (DUM). Ou, duração de 266
dias (38 semanas), contabilizadas após a fecundação.
ASSIMILE
Conforme o feto cresce, o que ocorre? A decídua capsular se une com a decídua
parietal e aos poucos obstrui a cavidade uterina. A cavidade coriônica também é
obstruída, e ocorre a fusão entre o âmnio e o córion, resultando na membrana
amniocoriônica.
REFLITA
A mulher quando inicia o trabalho de parto, em geral, tem a sua bolsa d
´água rompida, certo? O “tampão” ou a membrana que se rompe é a
membrana amniocoriônica. Quando esta membrana se rompe, o fluido
amniótico é perdido por meio do colo uterino e vagina.
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A placenta é limitada do lado fetal pela placa coriônica e do lado materno pela
decídua basal (placa decidual). Entre estas placas, o sangue materno preenche os
espaços intervilosos derivados das lacunas do sinciotrofoblasto, se lembra dele?
São as camadas externas do trofoblasto. A placenta cresce juntamente com o feto
e o útero, durante o desenvolvimento do feto. Por volta do terceiro mês, a placenta
está completa e entre o quarto e o quinto mês, são formados os septos
placentários (septos que crescem em direção aos espaços intervilosos), dividindo a
placenta em cotilédones (espaços irregulares formados na parte fetal da placenta,
delimitados pelos septos placentários). O formato da placenta é discoide, e é
expelida da cavidade uterina após o parto. No final da gravidez, a placenta já ocupa
cerca de 30% da superfície interna do útero, pesa cerca de 500 g, e possui em
média 20 cm de diâmetro com 3 cm de espessura.
ASSIMILE
A placenta em conjunto com o cordão umbilical (composto por duas artérias e uma
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veia) formam um verdadeiro sistema de transportes entre a mãe e o feto.
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Podemos, então, destacar algumas das principais funções da placenta, como a sua
participação no metabolismo (síntese de glicogênio, ácidos graxos, colesterol, etc.);
o transporte de nutrientes e gases (oxigênio, gás carbônico, água, aminoácidos,
hormônios, vitaminas, anticorpos maternos, medicamentos, drogas, agentes
infecciosos, etc.); a excreção de resíduos (por exemplo a ureia) e a síntese e
secreções endócrinas (gonadotrofina coriônica humana – hCG, progesterona,
estrógenos, etc.).
EXEMPLIFIQUE
Iniciaremos pelo âmnio, membrana fetal que forma o saco amniótico, cheio de
líquido (líquido amniótico), que envolve o embrião (ou feto), evitando o
ressecamento deste, além de conferir proteção contra choques mecânicos.
Conforme aumenta o seu tamanho, ele se une à cavidade coriônica e forma a
membrana amniocoriônica. O líquido amniótico é inicialmente composto pelo
líquido secretado pelas células amnióticas e a maioria do líquido é proveniente do
fluido tecidual materno. A passagem de água e solutos do feto para a cavidade
amniótica ocorre através da pele, e também pelas vias respiratórias e
gastrointestinais do feto. A partir da décima primeira semana o feto auxilia na
formação do líquido amniótico pela urina expelida. A composição do líquido
amniótico inclui compostos orgânicos e sais inorgânicos em proporções
aproximadamente iguais, sendo metade dos compostos orgânicos formados por
proteínas e a outra metade de carboidratos, enzimas, gorduras e hormônios. Para
o desenvolvimento do embrião, o líquido amniótico tem a função de permitir o
crescimento externo simétrico do embrião, forma uma barreira contra infeções,
impede o contato entre o âmnio e o embrião, além de proteger o embrião de
choques, lesões e traumatismos. Contribui ainda para o desenvolvimento
muscular, do pulmão fetal e auxilia no controle da temperatura do feto. Por meio
de estudos das células presentes no líquido amniótico é possível detectar
anomalias cromossômicas. O córion como vimos, está relacionado ao tecido
uterino, e após formar as vilosidades coriônicas origina a placenta. O saco vitelino
(ou vesícula umbilical) é essencial para a transferência de nutrientes durante a
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segunda e terceira semana de desenvolvimento, antes da circulação
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uteroplacentária ser estabelecida ainda na terceira semana. As células do sangue
durante a terceira semana do desenvolvimento recobrem o saco vitelino e iniciam
a formação do fígado até a sexta semana, quando as atividades hematopoiéticas
são iniciadas. O saco vitelino é reduzido durante a quarta semana de
desenvolvimento, incorporado na formação do intestino primitivo. As células
germinativas primitivas do saco vitelino se diferenciam e migram para as glândulas
sexuais em desenvolvimento, que iram se diferenciar em espermatogônias e
ovogônias. Neste sentido, o saco vitelino não é funcional em relação ao
armazenamento de vitelo no caso do desenvolvimento humano, mas desempenha
um grande papel como pudemos ver. Por fim, o alantoide, assim como o saco
vitelino, não é funcional para os embriões humanos, mas são importantes na
formação do sangue em sua parede durante a terceira e quinta semana do
desenvolvimento. A partir dos seus vasos sanguíneos são formadas as artérias e a
veia umbilical. Com o crescimento da bexiga, o alantoide involui e forma um tubo
espesso, o úraco, que após o nascimento se torna o cordão fibroso (ligamento
umbilical mediano), que abrange o ápice da bexiga urinária até o umbigo.
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uterina.
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Fonte: Moore et al. (2016, p. 72).
3. PARTO
O parto é o momento do nascimento. Neste momento, o feto, a placenta e os
anexos embrionários (ou membranas fetais) são expelidos do corpo materno. O
trabalho de parto (sequência de contrações uterinas) resulta na dilatação do colo
uterino para a saída do feto, resultante da ação secretada pelo hormônio liberador
de corticotropina pelo hipotálamo do feto. Este hormônio estimula a produção do
hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) pela hipófise, que provocará outra reação, a
secreção de cortisol pelo córtex suprarrenal. Há um aumento de estrógeno, já que
o cortisol está relacionado à síntese de estrógenos, e estes por sua vez liberam a
ocitocina, estimulando as contrações peristálticas do músculo liso do útero. Os
estrógenos aumentam a contração do miométrio e estimulam a liberação de mais
ocitocina e prostaglandinas. Durante o trabalho de parto, as contrações
inicialmente são espaçadas e aos poucos forçam o âmnio e o córion liso para
dentro do colo do útero, fazendo com que este seja dilatado progressivamente. A
membrana amniocoriônica é rompida e o líquido amniótico é expelido pela vagina.
Neste momento, as contrações uterinas já são mais fortes e com a ajuda da
contração dos músculos abdominais o feto é expulso com as demais membranas
fetais. Assim que o feto sai do corpo da mãe, ele passa a ser chamado de recém-
nascido. A placenta é separada da parede uterina logo que o feto nasce, durante
este período para que seja controlado o sangramento excessivo, as contrações do
útero comprimem as artérias, o que dura em torno de 15 minutos. Caso a placenta
fique aderida ou não seja expelida após cerca de 60 minutos, pode haver
hemorragia pós-parto.
4. MÚLTIPLAS GESTAÇÕES
As gestações múltiplas são aquelas em que a mulher fica grávida de dois ou mais
conceptos de uma única vez, estão associadas a um risco maior de morbidade e
mortalidade fetal comparadas às gestações únicas. As anomalias cromossômicas
são maiores e conforme o número de fetos aumenta, o risco se torna progressivo.
Riscos de parto prematuro, hipertensão ou diabetes gestacional, anemia e
crescimento fetal reduzidos são alguns dos riscos para a mãe e os fetos. A
incidência de múltiplas gestações aumenta com o uso de técnicas de reprodução
assistida, como a fertilização in vitro. E como os gêmeos são formados? Os gêmeos
podem se originar de dois zigotos diferentes (gêmeos dizigóticos – DZ, bivitelinos
ou dicoriônicos) ou eles se originam de um único zigoto (gêmeos monozigóticos –
MZ, univitelinos ou monocoriônicos). Nestes casos, a placenta e as membranas
fetais estão relacionadas com a origem dos gêmeos. As gestações de gêmeos
dizigóticos ocorrem em maior número. Antes do início da clivagem, os gêmeos são
resultantes da separação de blastômeros, eles têm cada um o seu âmnio, o seu
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córion e a placenta, e estas membranas podem ou não se fundir. Em gêmeos MZ é
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comum que ambos os embriões partilhem da mesma placenta e se desenvolvam
no mesmo córion, mas cada um pode ou não ter o mesmo âmnio (monoamniótico
ou diamniótico). Cada embrião apresenta, ainda, o seu sistema vascular individual,
mas em alguns casos eles podem ser fundidos quando dividem a mesma placenta
e nestes casos um gêmeo pode receber uma proporção maior de fluxo sanguíneo
do que o outro, acarretando problemas de deformações, atrofias no crescimento,
dentre outros.
Você já deve ter ouvido falar de gêmeos siameses, que em alguns casos de sucesso
são separados em cirurgia. Os gêmeos siameses são casos raros em que o disco
embrionário não é dividido completamente, assim sendo, podem ser formados
gêmeos monozigóticos conjugados.
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tem funções específicas e importantes.
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Uma destas membranas é responsável por proteger o embrião de sofrer choques
mecânicos e de que sofra ressecamento. Ela é gerada nas primeiras semanas do
desenvolvimento embrionário e tem participação na formação do embrião.
a. Saco vitelínico.
b. Alantoide.
c. Âmnio.
d. Líquido amniótico.
e. Córion.
Questão 2
A placenta tem diversas funções, mas a principal delas é comunicar o corpo da
mãe ao feto, permitindo a troca de nutrientes entre eles, além de conferir proteção
e sustentação à gestação.
III. Ela transporta tanto oxigênio quanto gás carbônico, água, hormônios,
vitaminas e até mesmo anticorpos.
a. I, apenas.
b. II, apenas.
e. I, II e III.
Questão 3
As gestações múltiplas apresentam algumas características e cuidados maiores se
comparadas às gestações únicas. Sabemos que o desenvolvimento embrionário é
iniciado a partir da fertilização e formação de um zigoto.
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No caso de gêmeos, assinale a alternativa correta.
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a. Os gêmeos fraternos são formados a partir da fecundação de dois ovócitos, que darão origem a dois
indivíduos.
b. Os gêmeos dizigóticos são considerados gêmeos idênticos, tanto física quanto geneticamente.
c. Os gêmeos idênticos são formados a partir da fecundação de um único ovócito, por dois
espermatozoides.
d. Os gêmeos monozigóticos compartilham a mesma placenta, o mesmo âmnio e possuem cada um o seu
córion.
e. Os gêmeos monocoriônicos são caracterizados por apresentarem o mesmo sexo e têm maior incidência.
REFERÊNCIAS
BASTOS, V.; CARVALHAL, N. Roteiros de aula prática – Embriologia Humana.
Universidade Católica do Salvador. Disponível em: https://bit.ly/3eGHwCm. Acesso
em: 4 fev. 2021.
GOEBEL, M. A. et al. Prolapso de cordão umbilical: relato de caso. Rev Med Minas
Gerais, n. 20, v. 2, Supl. 1, p. S133-S135, 2010. Disponível em: https://bit.ly/33E85le.
Acesso em: 5 fev. 2021.
MARCUZZO, S. Membranas Fetais. UFRGS. Disponível em: Link. Acesso em: 5 fev.
2021.
SHOLL-FRANCO, A.; THOLE, A. A.; UZIEL, D.; AZEVEDO, N. L. Corpo humano I, v.1, 2.
ed. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2010.
I
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Renata Morais dos Santos
Fonte: Shutterstock.
Você aproveitou para alertar aos pais que em casos de gestações múltiplas as
chances de os bebês nascerem antes da data provável do parto, em um parto
prematuro, são maiores. Por que os bebês que nascem antes da vigésima sexta
semana têm menos chance de sobrevivência? E no caso de gêmeos que
compartilham a mesma placenta, qual síndrome pode ser desenvolvida?
Você deve se lembrar que as gestações múltiplas estão associadas a um risco
maior de morbidade e mortalidade fetal, quando comparadas às gestações de um
único concepto. Por esta razão, os cuidados durante a gravidez devem ser
intensificados e o acompanhamento durante a gestação gemelar monocoriônica
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(em que os fetos compartilham a mesma cavidade coriônica) deve ocorrer em
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intervalos menores, para o benefício da saúde da mãe e dos fetos, pois caso
qualquer alteração seja notificada, há possibilidades maiores de intervenção. A
gravidez de gêmeos monozigóticos (MZ), também chamados de univitelinos ou
monocoriônicos, ocorre da fertilização de um único ovócito, ou seja, formação de
um único zigoto. Durante o desenvolvimento do zigoto, nos estágios iniciais de
divisão celular, a massa celular interna se divide em dois grupos separados de
células dentro da mesma cavidade do blastocisto, dando origem aos gêmeos
monozigóticos, que compartilham a mesma placenta e cavidade coriônica, no
entanto cada um tem o seu âmnio. Há outras possibilidades de formação dos
gêmeos MZ. Os gêmeos MZ são sempre do mesmo sexo, são chamados de gêmeos
idênticos, por isso você poderia afirmar que o casal está à espera de duas
meninas.
Finalizamos mais este desafio proposto, continue praticando e não se esqueça que
este é somente um caminho para a resolução da situação apresentada, você pode
explorá-lo de outras formas.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
O PROLAPSO DO CORDÃO UMBILICAL
Jovem de 31 anos entra em trabalho de parto, o médico de plantão verificou um
padrão anormal na frequência cardíaca do feto e ao tentar mudar a jovem de
posição verificou o cordão umbilical saindo pela vagina da mulher antes de
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visualizar o feto. A ruptura das membranas fetais já havia ocorrido, bem como o
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derrame do líquido. Rapidamente, a enfermeira mantém o feto dentro do corpo da
mãe e será realizado um parto por cesariana (feito através de cirurgia) de urgência,
para que o cordão prolapsado não interrompa o fornecimento de sangue para o
feto.
RESOLUÇÃO