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Princípios de

Microbiologia
e Imunologia
Introdução à Microbiologia

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Dr. Everton Carlos Gomes

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Introdução à Microbiologia

• Definição de Microbiologia;
• O que é Microbiologia?
• Contexto Histórico e Evolutivo da Microbiologia;
• Microscopia: Os Instrumentos.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Introduzir os temas principais da microbiologia e desenvolver um olhar crítico referente
às diferentes técnicas de microscopia para visualização dos microrganismos.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:

Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Introdução à Microbiologia

Definição de Microbiologia
A microbiologia e uma área da ciência que estuda os microrganismos, também
denominados micróbios (organismos muito pequenos que, em geral, somente po-
dem ser visualizados com o uso de um microscópio), especialmente as bactérias e
o modo que eles funcionam.

A microbiologia também trata a diversidade e a evolução de micróbios abrangen-


do o porquê e como os diferentes tipos de microrganismos surgiram.

A ciência da microbiologia está interconectada entre o entendimento morfoló-


gico e funcional das células microbianas e sua aplicabilidade em vários avanços
da medicina, da veterinária, da agricultura e da indústria, de doenças infecciosas,
fertilidade do solo, até do combustível do carro.

Os microrganismos afetam a vida cotidiana tanto de forma benéfica quanto em


determinadas doenças, nas quais agem de forma maléfica.

Na da área das ciências da saúde, é imprescindível que o profissional de terapias


integrativas conheça os principais tipos de microrganismos presentes no nosso dia
a dia, bem como os que são os causadores de doenças, a fim de tomar as medidas
cabíveis de prevenção delas, dentro e fora dos hospitais, visto que é um profissional
que trata pessoas e lida diretamente com a saúde de seus pacientes.

Para iniciarmos esta unidade, convidamos você a assistir ao vídeo Introdução à Microbiologia.
Explor

Esse vídeo aborda os conceitos e a história dessa ciência, e cita diversos atores (pesquisadores)
que contribuíram com a sua formação. Apresenta, também, os grupos de microrganismos e
suas aplicações em diversas áreas. https://youtu.be/uMdBrOed4uA

O que é Microbiologia?
Microbiologia (do grego micros: pequeno, bios: vida e logos: ciência), ciência
do ramo da Biologia, tem como objetivo estudar todos os aspectos que envolvem
os seres de um vasto e diversos grupo de organismos unicelulares de dimensões
reduzidas (microrganismos), que podem ser encontrados como células isoladas ou
agrupados em diferentes arranjos (cadeias ou massas) – sendo que as células, mes-
mo estando associadas, exibiriam um caráter fisiológico independente.

Assim, com base nesse conceito, a microbiologia envolve o estudo de organis-


mos procariotos (bactérias), eucariotos inferiores (fungos, protozoários e algas) e,
também, dos vírus (Figura 1).

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Figura 1 – Grupos de microrganismos
Fonte: Acervo do conteudista

A microbiologia estuda, também, a distribuição natural desses organismos, suas


relações recíprocas e com outros seres vivos, seus efeitos benéficos e prejudiciais
sobre os homens e as alterações físicas e químicas que provocam no meio ambiente.

Ressalta-se que os princípios da biologia podem ser demonstrados através do estu-


do da microbiologia, pois os microrganismos têm muitas características que os tornam
instrumentos ideais para a pesquisa dos fenômenos biológicos. Os microrganismos
fornecem sistemas específicos para a investigação das reações fisiológicas, genéticas
e bioquímicas, que são a base da vida. Eles podem crescer de maneira conveniente
em tubos de ensaio ou frascos, exigindo, assim, menos espaço e cuidados de manu-
tenção quando comparados às plantas superiores e aos animais. Além disso, crescem
rapidamente e se reproduzem num ritmo muito alto – algumas espécies bacterianas
podem apresentar cerca de 100 gerações num período de 24 horas.

Os processos metabólicos dos microrganismos seguem os padrões que ocorrem


nos vegetais superiores e nos animais; portanto, em microbiologia, podem-se estu-
dar os organismos em grandes detalhes e observar seus processos vitais durante o
crescimento, a reprodução, o envelhecimento e a morte.

Modificando-se a composição do meio ambiente, é possível alterar as atividades


metabólicas, regular o crescimento e até alterar alguns detalhes do padrão genético
– tudo isso sem causar a destruição do microrganismo.

Contexto Histórico e
Evolutivo da Microbiologia
A ciência da microbiologia iniciou-se há, aproximadamente, 200 anos. Contu-
do, a recente descoberta de DNA de Mycobacterium tuberculosis em uma múmia
egípcia de 3000 anos indica que os microrganismos têm estado por muito mais
tempo ao nosso redor.

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UNIDADE Introdução à Microbiologia

Pode-se dizer que a microbiologia começou quando se aprendeu a polir lentes,


feitas a partir de peças de vidro, e a combiná-las até que se produzisse o efeito de
aumento necessário para a visualização dos microrganismos.

Durante o século XIII, Roger Bacon postulou que a doença era produzida por se-
res vivos invisíveis. A sugestão foi novamente feita por Fracastoro de Verona (1483-
1553) e por Von Plenciz, em 1762, mas esses cientistas não dispunham de provas.

No início de 1658, um monge chamado Kircher se referiu a “vermes” invisíveis a


olho nu nos corpos em decomposição, no pão, no leite e em excreções diarreicas.

Em 1665, Robert Hooke viu e descreveu células em um pedaço de cortiça.


A descoberta de Hooke marcou o início da teoria celular – a teoria em que todas
as coisas vivas são compostas por células. Investigações subsequentes a respeito da
estrutura e das funções das células tiveram como base essa teoria.

Esses “pequenos organismos” foram, posteriormente, identificados em sua maio-


ria como protozoários. Ao decorrer do século XVIII, novos microrganismos foram
identificados com o auxílio dos microscópios, contudo, ainda não se estabelecia
relação biológica desses organismos com outros seres.

Registros ligados ao estudo da microbiologia são datados desde 1675, quando,


na Holanda, Antonie van Leeuwenhoek escreveu uma série de cartas para a
Sociedade Real de Londres descrevendo “pequenos animais” encontrados na água
da chuva, observados por meio de seu microscópio caseiro.

Figura 2 – Leeuwenhoek
Fonte: Wikimedia Commons
Explor

Seu microscópio e suas anotações: https://bit.ly/3dBTH0y

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Entretanto, o salto da microbiologia como ciência se deu em 1841, quando, em-
piricamente, Ignaz Semmelweis, em Viena, constata a possibilidade de transmissão
interpessoal de agentes microscópicos por contato direto e a implicação desses em
doenças para os seres humanos.

O médico relacionou a falta de higienização das mãos durante a realização


de partos com o grande aumento de infecção pós-parto, sendo que, após insti-
tuir medidas sanitárias, ele observou drástica redução das mortes também em
outros hospitais.

Ainda no século XIX, grandes descobertas contribuíram significativamente para


o conhecimento da microbiologia, como: os estudos de Pasteur, em 1861, com os
estudos do papel dos fungos na fermentação anaeróbia; a publicação da primeira
classificação das bactérias, em 1875, por Ferdinand Cohn; a identificação da Neisseria
gonorrhoeae como o primeiro patógeno causador de uma doença crônica, por Albert
Neisser em 1879; o desenvolvimento de meios de cultura, colorações microbiológicas;
o isolamento do bacilo da tuberculose por Robert Kock; e a publicação, em 1884, dos
postulados de Koch, os quais norteiam atualmente o conceito de doença infecciosa.
Esse período ficou conhecido como a idade de ouro da microbiologia.

Vale destacar que os experimentos realizados no século XIX por diversos cien-
tistas resultaram em muitos avanços para a microbiologia, como:
• o conceito (defendido por Pasteur) de que a vida deveria surgir de uma vida
pré-existente (Biogênese);
• o conhecimento do processo biológico da fermentação (Pasteur);
• o desenvolvimento de técnicas de esterilização, como, por exemplo, a pas-
teurização – tratamento térmico controlado que mata certos microrganismos,
mas não elimina todas as bactérias presentes, utilizado para esterilizar alguns
alimentos (leite, queijos) e certas bebidas alcoólicas (cerveja e vinho). Esse pro-
cesso foi baseado no tempo de morte térmica característica das espécies pato-
gênicas (Mycobacterium tuberculosis) - 60ºC a 15 min.;
• o desenvolvimento da teoria das doenças causadas por germes (Pasteur e
Robert Koch);
• o desenvolvimento de vacinas a partir do bacilo do carbúnculo (Bacillus
anthracis) morto e do vírus da raiva (Pasteur) atenuado ou enfraquecido;
• o desenvolvimento dos métodos de isolamento de microrganismos e cultivo
na forma de cultura pura em meio nutritivo (Pasteur, Koch, Julius Petri e
Frau Hesse);
• o estabelecimento de um procedimento científico para provar a teoria das
doenças causadas por germes, conhecido como postulados de Koch.

A partir do século XIX, uma nova fase do desenvolvimento da microbiologia se


inicia com a descoberta da penicilina por Alexandre Fleming – através do isolamen-
to acidental da substância produzida por fungos Penicillium, que contaminaram sua
cultura de Staphylococcus aureus e inibiram o crescimento dessa bactéria.

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UNIDADE Introdução à Microbiologia

Em 1939, inicia-se a terapia antimicrobiana em humanos com a descoberta das


sulfonamidas, por Gerhardt Domagk. Em 1940, ocorre a produção em grande es-
cala da penicilina para uso clínico.
Nas últimas décadas, a microbiologia desenvolveu muitas pesquisas voltadas para
o estudo do potencial biotecnológico dos microrganismos. Os resultados desses estu-
dos têm mostrado a ampla capacidade de aplicação desses organismos para propiciar
diversos benefícios em diversas áreas: farmacologia, alimentos, agricultura, indústria
e meio ambiente.
Na área industrial, por exemplo, os microrganismos são utilizados na síntese
de uma variedade de substâncias químicas, desde no ácido cítrico até nos antibió-
ticos mais complexos e enzimas. Certos microrganismos são capazes de fermen-
tar resíduos orgânicos, produzindo gás metano que pode ser coletado e utilizado
como combustível.
A biometalurgia explora as atividades químicas de bactérias para extrair mine-
rais, como o cobre e o ferro, de minérios de baixa qualidade. A indústria do petró-
leo tem utilizado bactérias e seus produtos para aumentar a extração do petróleo.
Na área ambiental, os microrganismos e seus produtos, como as enzimas, são
utilizados no tratamento de efluentes (esgoto) e na biorremediação de ambientes con-
taminados por substâncias tóxicas e recalcitrantes, como agrotóxicos e pesticidas.

O que são microrganismos?


Os microrganismos são seres microscópicos em sua maioria, invisíveis a olho nu,
o que faz com que, nos estudos de microbiologia, seja necessário o uso de instru-
mentos específicos – como o microscópio.
Esse grupo de organismos é considerado o de maior diversidade biológica conhe-
cida – morfológica, fisiológica e ecológica. Podem apresentar formas celulares das
mais variadas, são metabolicamente capazes de realizar todos os tipos de reações bio-
químicas conhecidas e podem ser encontrados em praticamente todos os ambientes,
dos mais simples aos mais extremos, interagindo com esses e com outros seres vivos.
Cabe ressaltar que todas as células vivas, inclusive os microrganismos, são basica-
mente semelhantes, elas se compõem de protoplasma (do grego: a primeira substân-
cia formada), um complexo orgânico coloidal constituído principalmente de proteí-
nas, lipídeos e ácidos nucleicos. O conjunto é circundado por membranas limitantes
ou parede celular, e todos contêm um núcleo ou uma substância nuclear equivalente.
Todos os sistemas biológicos têm algumas características comuns, como: a) habilidade
de reprodução; b) capacidade de ingestão ou assimilação de substâncias alimentares –
metabolizando-as para suas necessidades de energia e de crescimento; c) habilidade de
excreção de produtos de escória; d) capacidade de reagir a alterações do meio ambiente
(algumas vezes chamada de “irritabilidade”); e e) suscetibilidade à mutação.
Os principais grupos de microrganismos são as bactérias, os fungos, vírus, pro-
tozoários e as algas.

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A importância dos microrganismos
Alguns microrganismos habitam o corpo humano, entre eles, podemos des-
tacar os “patógenos oportunistas”. São assim conhecidos porque, normalmente,
não causam doenças em uma pessoa saudável; entretanto, em condições de baixa
imunidade do hospedeiro, esses microrganismos podem se desenvolver além do
normal, causando uma diversidade de patologias.

Há, ainda, um grupo de microrganismos denominados patogênicos, pois são


potencialmente capazes de provocar uma determinada doença nos seres humanos.
Ressalta-se que, ao longo da história, centenas de milhares de pessoas morreram
em epidemias causadas por microrganismos – como a peste negra, febre tifoide,
gripe espanhola, cólera, AIDS, ebola, gripe H1N1, dengue, febre amarela, corona-
vírus (Covid-19), entre outras – que, até então, não eram conhecidos ou, por falta
de vacinas e/ou antibióticos, não tinham como ser combatidos.

A elevada capacidade de biodegradação de alguns microrganismos também


apresenta aspectos negativos quando provoca a deterioração de alimentos e outros
materiais (equipamentos, monumentos etc.) utilizados por nós, provocando grandes
perdas e prejuízos socioeconômicos.

Por outro lado, grande parte dos microrganismos desempenha um papel funda-
mental no equilíbrio e na manutenção da vida na biosfera (planeta Terra), realizan-
do a decomposição da matéria, orgânica e inorgânica, propiciando a reciclagem de
elementos essenciais para nutrir todos os seres vivos, independentemente de suas
cadeias alimentares.

Considerando que os microrganismos estão presentes em todos os ambientes,


habitados ou não por outros organismos, e que são muito importantes, tanto nos
aspectos negativos quanto nos positivos, estudar microbiologia contribuirá para
que você, futuro gestor ambiental, possa propor e aplicar técnicas e processos
sustentáveis para a preservação da qualidade ambiental ou para a remediação de
sistemas contaminados.

Características gerais dos microrganismos


As bactérias (do latim, bacteria, singular: bacterium) são organismos relativa-
mente simples e de uma única célula (unicelulares). Como o material genético não
é envolto por uma membrana nuclear, as células das bactérias são chamadas de
procariotos, palavra grega, significando pré-núcleo. Os procariotos incluem as bac-
térias e as arquibactérias.

As bactérias são envolvidas por uma parede celular, que é praticamente com-
posta por um complexo de carboidrato e proteína chamado de peptideoglicano.
Geralmente, as bactérias se reproduzem por divisão, em duas células iguais. Esse
processo é chamado de fissão binária.

Para a sua nutrição, a maioria das bactérias usa compostos orgânicos encontra-
dos na natureza derivados de organismos vivos ou mortos.

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UNIDADE Introdução à Microbiologia

Algumas bactérias podem fabricar o seu próprio alimento por fotossíntese, e


algumas obtêm seu alimento a partir de compostos inorgânicos, sendo que muitas
bactérias podem “nadar” usando apêndices de movimento, chamados de flagelos.

Dentro do citoplasma das células procarióticas, há vários tipos de depósitos de


reserva, conhecidos como inclusões.

As células podem acumular certos nutrientes quando eles são abundantes e usá-
-los quando estão escassos no ambiente. Evidências sugerem que macromoléculas
concentradas nas inclusões evitam o aumento da pressão osmótica que ocorreria
se as moléculas estivessem dispersas no citoplasma.

Algumas inclusões são comuns a uma ampla variedade de bactérias, enquanto


outras são limitadas a um número pequeno de espécies, servindo, assim, como
base para a identificação.

Os grânulos metacromáticos são grandes inclusões que recebem seu nome pelo
fato de que, algumas vezes, coram-se de vermelho com certos corantes azuis, como
o azul de metileno.

Coletivamente, eles são conhecidos como volutina, que representa uma reserva
de fosfato inorgânico (polifosfato), que pode ser usada na síntese de ATP, geralmen-
te, sendo formada pelas células que crescem em ambientes ricos em fosfato.

Os grânulos metacromáticos são encontrados em algas, fungos e protozoários,


bem como em bactérias.

Esses grânulos são característicos do Corynebacterium diphtheriae, agente cau-


sador da difteria; assim, tem importância diagnóstica.

Há, também, as inclusões conhecidas como grânulos polissacarídeos, que são


caracteristicamente compostas de glicogênio e amido, e sua presença pode ser
demonstrada quando iodo e aplicado às células.

Na presença de iodo, os grânulos de glicogênio ficam de cor marrom-avermelha-


da, e os grânulos de amido ficam azuis.

As inclusões lipídicas aparecem em várias espécies de Mycobacterium, Bacillus,


Azotobacter, Spirillum e outros gêneros.

Um material comum de armazenamento de lipídeos, exclusivo das bactérias, e o


polímero ácido poli-β-hidroxibutírico.

As inclusões lipídicas são reveladas pela coloração das células com corantes so-
lúveis em gordura, como os corantes de Sudão.

Algumas bactérias são conhecidas como as “bactérias do enxofre” que perten-


cem ao gênero Thiobacillus – obtêm energia oxidando o enxofre e compostos
contendo enxofre. Essas bactérias podem armazenar grânulos de enxofre na célula,
em que servem como reserva de energia.

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Os carboxissomos são inclusões que contêm a enzima ribulose-1,5-difosfato-
-carboxilase. As bactérias que usam dióxido de carbono como sua única fonte de
carbono requerem essa enzima para a fixação do dióxido de carbono durante a
fotossíntese. Entre as bactérias contendo carboxissomos, estão as bactérias nitrifi-
cantes, as cianobactérias e os tiobacilos.

Vacúolos de gás são cavidades ocas encontradas em muitos procariotos aquáticos,


incluindo as cianobactérias, as bactérias fotossintéticas anoxigênicas e as halobactérias.

Cada vacúolo consiste em fileiras de várias vesículas de gás individuais, que são
cilindros ocos recobertos por proteína. Os vacúolos de gás mantêm a flutuação,
para que as células possam permanecer na profundidade apropriada de água para
receberem quantidades suficientes de oxigênio, luz e nutrientes.

Os magnetossomos são inclusões de óxido de ferro (Fe3O4), formadas por várias


bactérias gram-negativas, como o Magnetospirillum magnetotacticum, que agem
como ímãs.

As bactérias podem usar os magnetossomos para se mover para baixo até atin-
gir um local de fixação aceitável.

In vitro, os magnetossomos podem decompor o peróxido de hidrogênio, que se


forma nas células em presença de oxigênio. Os pesquisadores especulam que os mag-
netossomos podem proteger a célula contra o acúmulo de peróxido de hidrogênio.

Quando os nutrientes essenciais se esgotam, certas bactérias gram-positivas,


como as dos gêneros Clostridium e Bacillus, formam células especializadas de “re-
pouso”, denominadas endósporos.

Como você verá mais adiante, alguns membros do gênero Clostridium causam
doenças, como a gangrena, o tétano, o botulismo e a intoxicação alimentar.

Alguns membros do gênero Bacillus causam o antraz (carbúnculo) e a intoxi-


cação alimentar. Exclusivos das bactérias, os endósporos são células desidratadas
altamente duráveis, com paredes espessas e camadas adicionais. Eles são formados
dentro da membrana celular bacteriana.

Quando liberados no ambiente, podem sobreviver a temperaturas extremas,


falta de água e exposição a muitas substâncias químicas táxicas e radiação.

O processo de formação do endósporo dentro de uma célula vegetativa leva


várias horas e é conhecido como esporulação ou esporogênese.

Células vegetativas de bactérias que formam endósporos iniciam a esporulação


quando um nutriente-chave, como uma fonte de carbono ou nitrogênio, torna-se
escassa ou indisponível.

No primeiro estágio observável da esporulação, um cromossomo bacteriano


recém-replicado e uma pequena porção de citoplasma são isolados por uma invagi-
nação da membrana plasmática, denominada septo do esporo.

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O septo do esporo torna-se uma membrana dupla que circunda o cromossomo


e o citoplasma. Essa estrutura, inteiramente fechada dentro da célula original, e
denominada pré-esporo.
Camadas espessas de peptideoglicana são dispostas entre as duas lâminas da
membrana, então uma espessa capa de proteína se forma em torno de toda a mem-
brana externa. Esse revestimento é responsável pela resistência dos endósporos a
muitas substâncias químicas agressivas. A célula original é degradada e o endóspo-
ro é liberado. O diâmetro do endósporo pode ser o mesmo, menor ou maior que o
diâmetro da célula vegetativa.
Quando o endósporo amadurece, a parede celular vegetativa se rompe (lise),
matando a célula, e o endósporo é liberado.
A maior parte da água presente no citoplasma do pré-esporo é eliminada quando
a esporulação está completa, e os endósporos não realizam reações metabólicas.
O cerne altamente desidratado do endósporo contém somente DNA, pequenas
quantidades de RNA, ribossomos, enzimas e algumas moléculas pequenas impor-
tantes. Essas últimas incluem quantidade notavelmente grande de um ácido orgâni-
co denominado ácido dipicolínico (encontrado no citoplasma), que é acompanhado
por grande número de íons de cálcio.
Esses componentes celulares são essenciais para retomar posteriormente o me-
tabolismo. Os endósporos podem permanecer dormentes por milhares de anos,
sendo que um endósporo retorna a seu estado vegetativo por um processo deno-
minado germinação.
A germinação é ativada por uma lesão física ou química no revestimento do
endósporo, então, as enzimas do endósporo rompem as camadas extras que o
circundam, a água entra, e o metabolismo recomeça.
Como uma célula vegetativa forma um único endósporo que, após a germina-
ção, permanece uma célula única, a esporulação na bactéria não é um meio de
reprodução. Esse processo não aumenta o número de células.
Os endósporos bacterianos diferem dos esporos formados por actinomicetos
(procariotos) e fungos eucariotos e algas, os quais se destacam da célula parental e
desenvolvem outro organismo, o que representa uma reprodução.
Os endósporos são importantes do ponto de vista clínico e para a indústria
alimentícia, pois são resistentes a processos que, normalmente, matam as células
vegetativas, químicas e a radiação.
Enquanto a maioria das células vegetativas é morta por temperaturas acima de
70°C, os endósporos podem sobreviver em água fervente por várias horas ou mais.
Os endósporos de bactéria termofílicas (que apreciam o calor) podem sobreviver na
água fervente por 19 horas. As bactérias formadoras de endósporos são um problema
para a indústria de alimentos, pois podem sobreviver ao subprocessamento e, se ocor-
rerem condições para o crescimento, algumas espécies produzirão toxinas e doenças.

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Célula procarionte mostra as estruturas celulares presentes nas bactérias, flagelos, fibrinas,
Explor

membrana plasmática, parede celular, cápsula, pilus, inclusão, plastídios, ribossomos e nu-
cleotídeo contendo DNA: https://bit.ly/343fI4e

Como as bactérias, as arquibactérias são células procarióticas, porém, quando


possuem paredes celulares, estas não são compostas por peptideoglicano.

As arquibactérias, frequentemente encontradas em ambientes extremos, são di-


vididas em três grupos principais:
• As metanogênicas produzem metano como resultado da respiração;
• As halofílicas extremas (halo = sal; filo = amigo) vivem em ambientes muito
salinos, como o Great Salt Lake e o Mar Morto;
• As termofílicas extremas (termo = quente) vivem em águas sulfurosas e quen-
tes, como as fontes termais do Parque Nacional Yellowstone.

Em suma, a Tabela 1 mostra as principais diferenças:

Tabela 1 – Diferenças entre arquibactérias e eubactérias


Arquibactérias Eubactérias
Membrana Lipídeos unidos a cadeias Lipídeos unidos a cadeias de
Plasmática de hidrocarbonetos ácidos graxos
Parede Formada por glicoproteínas ou
Formada por peptideoglicano
Celular somente por proteínas
Sequências semelhantes a Sequências diferentes de
RNA dos eucariontes eucariontes e arqueobactérias
Fonte: TORTORA; CASE; FUNKE. Capítulo 11, página 299, 2012

As arquibactérias não são conhecidas como causadoras de doenças em humanos.


Outros microrganismos que fazem parte do nosso dia a dia são os fungos.
Os fungos são seres eucariotos, organismos que possuem um núcleo definido,
que contém o material genético (DNA) envolto por um envelope especial chamado
de membrana nuclear (carioteca) e várias organelas dispersas no citoplasma.
Os organismos do Reino dos Fungos podem ser unicelulares ou multicelulares.
Existe uma grande diversidade nos tipos de fungos, podendo ser classificados como
cogumelos, bolores e patógenos.
Os fungos podem se reproduzir sexuada e assexuadamente e gostam de ambien-
tes quentes e úmidos.
Eles obtêm a alimentação por meio da absorção de soluções de matéria orgânica
presente no ambiente, que pode ser o solo, a água do mar, a água doce, um animal
ou uma planta hospedeira.
Os protozoários (do latim, protozoa, singular: protozoan) são micróbios unicelu-
lares eucarióticos que se movimentam por meio de pseudópodes, flagelos ou cílios.

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UNIDADE Introdução à Microbiologia

As amebas movimentam-se usando extensões dos seus citoplasmas, chamadas


de pseudópodes (falsos pés).
Outros protozoários possuem longos flagelos ou numerosos apêndices curtos para
a locomoção, chamados de cílios, apresentam variedade de formas e vivem como en-
tidades de vida livre ou parasitas (organismos que retiram os seus nutrientes de outros
organismos vivos), absorvendo ou ingerindo compostos orgânicos do ambiente.
Os protozoários podem se reproduzir sexuada ou assexuadamente e podem
causar algumas doenças, como a Leishmaniose e a Doença de Chagas.

Quando um micróbio é bem-vindo para a saúde humana e quando ele é um vetor de doen-
Explor

ças? A distinção entre ter saúde e doença é em grande parte um equilíbrio entre as defe-
sas naturais do corpo e as propriedades dos microrganismos de produzir doenças. Se nosso
corpo irá ou não reagir às táticas ofensivas, depende da nossa resistência – a habilidade
de evitar doenças. Importantes resistências naturais são fornecidas pela barreira da pele,
das membranas mucosas, dos cílios, do ácido estomacal e dos compostos antimicrobianos,
como os interferons. Os micróbios podem ser destruídos pelos glóbulos brancos do sangue,
pela resposta inflamatória, pela febre e pelas respostas específicas do nosso sistema imune.
Algumas vezes, quando nossas defesas naturais não são fortes o bastante para reagirem a
um invasor, elas podem ser suplementadas com antibióticos e outras drogas.

Classificação dos organismos


Desde os tempos de Aristóteles, os organismos vivos eram classificados de duas
maneiras: plantas ou animais. Em 1735, o botânico sueco Carolus Linnaeus apre-
sentou um sistema formal de classificação dividindo os organismos vivos em dois
reinos: plantae e animalia. Utilizou nomes em latim para estabelecer uma “lingua-
gem” comum para a sistemática. Contudo, à medida que as ciências biológicas se
desenvolveram, os biólogos começaram a procurar por um sistema de classificação
natural – um sistema que agrupasse os organismos com base nas suas relações
ancestrais e permitisse ver a organização da vida.

Em 1857, Carl Von Nägeli, um contemporâneo de Pasteur, propôs que as bacté-


rias e os fungos fossem colocados no Reino das Plantas. Em 1866, Ernest Haeckel
propôs o Reino Protista para incluir bactérias, protozoários, algas e fungos.

Devido às discordâncias sobre a definição de protista, durante os 100 anos se-


guintes os biólogos continuaram a seguir a classificação de Von Nägeli, que coloca-
va as bactérias e os fungos no Reino das Plantas.

Os fungos foram classificados em seu próprio reino em 1959 – o irônico é que o


sequenciamento recente do DNA posicionou os fungos mais próximos dos animais
do que das plantas. Com o advento da microscopia eletrônica, as diferenças físicas
entre as células ficaram evidentes. O termo procarioto foi introduzido em 1937 por
Edward Chatton, para distinguir as células sem núcleo das células nucleadas das
plantas e dos animais.

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Em 1961, Roger Stanier apresentou a definição atual dos procariotos: células nas
quais o material nuclear (nucleoplasma) não é envolto por uma membrana nuclear.

Em 1968, Robert G. E. Murray propôs o Reino Prokaryotae. Posteriormente,


em 1969, Robert H. Whittaker criou o sistema de cinco reinos, no qual os proca-
riotos foram colocados no Reino Prokaryotae, ou Monera, e os eucariotos consti-
tuíram os outros quatro reinos.

O Reino Prokaryotae foi criado com base em observações microscópicas; poste-


riormente, novas técnicas de biologia molecular revelaram que existem na realidade
dois tipos de células procarióticas e um tipo de célula eucariótica.

Níveis taxonômicos
Todos os organismos podem ser agrupados em uma série de subdivisões que
formam uma hierarquia taxonômica. Linnaeus desenvolveu essa hierarquia para
sua classificação das plantas e dos animais. Uma espécie eucariótica é um grupo de
organismos intimamente relacionados que se reproduzem entre si.

Um gênero consiste em espécies que diferem entre si em certas características,


mas são relacionadas pela descendência – por exemplo, Tabebuia, o gênero do Ipê,
consiste em todos os tipos de Ipês (branco, rosa, amarelo) e, mesmo sabendo que
cada espécie de Ipê difere das outras, elas são relacionadas geneticamente.

Como um grupo de espécies forma um gênero, gêneros relacionados formam


uma família. Um grupo de famílias similares forma uma ordem, e um grupo de
ordens similares forma uma classe. Por sua vez, classes relacionadas formam um
filo. Portanto, um organismo específico (ou espécie) tem um nome de gênero e um
epíteto específico, e pertence a uma família, uma ordem, uma classe e a um filo.
Todos os filos ou divisões relacionadas entre si formam um reino, e os reinos rela-
cionados são reagrupados em um domínio (Figura 3).

Figura 3 – Classificação dos cinco reinos: Monera, Protista, Fungi, Animalia e Plantae.
De acordo com as características das células, são os seres da classificação biológica
Fonte: Wikimedia Commons

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UNIDADE Introdução à Microbiologia

Nomenclatura dos organismos


Os organismos vivos (inclusive os microrganismos) são agrupados em níveis de
classificação, ou taxon, de acordo com as características similares. A cada organis-
mo é atribuído um nome científico.

A ciência da classificação, especialmente a classificação dos seres vivos, é cha-


mada de taxonomia (do grego: nível de um sistema de classificação ou arranjo orde-
nado). O objetivo da taxonomia é classificar organismos vivos – ou seja, estabelecer
relações entre um grupo e outro de microrganismos e os diferenciar. Devem existir
em torno de 100 milhões de organismos vivos diferentes, sendo que menos de 10%
foram descobertos e muito menos classificados e identificados. Ressalta-se que no-
vas técnicas de biologia molecular e genética têm fornecido uma nova visão para a
classificação e a evolução.

A taxonomia também fornece uma referência comum para identificar organismos


já identificados – por exemplo, quando uma bactéria suspeita de ter causado uma
doença específica é isolada, as características dela são comparadas com uma lista
de características de bactérias previamente classificadas para identificar a isolada.
A taxonomia é uma ferramenta básica e necessária para os cientistas, fornecendo
uma linguagem universal de comunicação.

Os organismos são classificados de acordo com seus graus de similaridade.


Essas similaridades se devem ao parentesco – todos os organismos são relaciona-
dos pela evolução.

Para classificar (e dar nome) um organismo, não podemos utilizar nomes co-
muns porque, muitas vezes, o mesmo nome é utilizado para muitos organismos
diferentes em locais diferentes. Por exemplo, existem dois organismos diferentes
com o mesmo nome: musgo espanhol, sendo que nenhum deles é realmente um
musgo. Além disso, idiomas locais são utilizados para nomes comuns.

Como os nomes comuns podem induzir ao erro e estão em idiomas diferentes,


um sistema de nomes científicos – denominado nomenclatura científica – foi de-
senvolvido no século XVIII.

Esse sistema de nomenclatura (nomeação), utilizado até hoje, foi estabelecido


por Carolus Linnaeus (em 1735). Nesse sistema, cada organismo recebe dois no-
mes, ou um binômio, que são o nome do gênero e o nome da espécie – ambos são
escritos sublinhados ou em itálico.

O nome do gênero começa sempre com letra maiúscula e é sempre um substan-


tivo. O nome da espécie começa com letra minúscula e geralmente é um adjetivo.
Os nomes são latinizados porque o latim era a língua tradicionalmente utilizada
pelos estudantes. Por convenção, após um nome científico ter sido mencionado
uma vez, ele pode ser abreviado com a inicial do gênero seguida pelo específico.

Os nomes científicos podem, entre outras coisas, descrever um organismo, ho-


menagear um pesquisador ou identificar os hábitos de uma espécie. Por exemplo,

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considere o Staphylococcus aureus, uma bactéria comumente encontrada na pele
humana: Staphylo descreve o arranjo em cacho das células dessa bactéria; coccus
indica que as células têm a forma semelhante a esferas; e, o específico, aureus, sig-
nifica ouro em latim – a cor de muitas colônias dessa bactéria. A Tabela 2 apresenta
outros exemplos.

Tabela 2 – Exemplos de nomes de microrganismos e seus respectivos significados


Fonte do nome genérico Fonte do epíteto específico
Salmonella typhimurium Em homenagem ao microbiologista Provoca estupor (typh-)
(bactéria) de saúde pública Daniel Salmon em ratos (muri-)
Streptococcus Pyogenes Aparência de células
Produz pus (pyo-)
(bactéria) em cadeia (Stepto-)
Saccharomyces cerevisiae Fungo (-myces) que
Produz cerveja (cerevisia)
(levedura) usa açúcar (saccharo-)
Penicillium chrysogenum Fungo de tufo ou pincel (penicill-)
Produz um pigmento amarelo (chryso-)
(fungo) sob microscópio
Trypanosoma cruzi Aparência espiralada, como um saca- Em homenagem ao
(protozoário) rolha (Trypano-bronca; Soma-corpo) epidemiologista Oswaldo Cruz
Fonte: Adaptado de Tortora, Funke e Case (2002)

Considerando-nos como organismos, os humanos, nosso gênero e a nossa espé-


cie são: Homo e sapiens – o substantivo, ou gênero, significa homem e o adjetivo,
espécie, significa sábio.

Unidade de medida
Como bem sabemos, os microrganismos e seus componentes são invisíveis a
olho nu, e foi após o desenvolvimento de novas ferramentas para o estudo dos
microrganismos que se deu um maior salto da ciência da microbiologia.

Apesar de muito pequenos, eles são medidos em unidades que não são familia-
res para muitos de nós em nossa vida diária.

Quando medimos os microrganismos, utilizamos o sistema métrico, cuja unida-


de-padrão é o metro (m). Uma grande vantagem desse sistema métrico é que as
unidades estão relacionadas umas às outras por fatores de 10.

Desse modo, 1m equivale a 10 decímetros (dm) ou 100 centímetros (cm) ou


1.000 milímetros (mm).

Os microrganismos e seus componentes estruturais são medidos em unidades


ainda menores, como os micrômetros e os nanômetros. Um micrômetro (μm) é
igual a 0,000001m (10–6 m).

O prefixo micro indica que a unidade seguinte deve ser dividida por 1 milhão,
ou 106.

Um nanômetro (nm) e igual a 0,000000001m (10-9 m).

Angstrom (A) era usado antigamente para representar 10–10 m, ou 0,1nm.

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UNIDADE Introdução à Microbiologia

Se você examinar a seguir, verá os tamanhos relativos de vários organismos na


escala métrica:

Figura 4 – Diferentes tamanhos de seres e estruturas celulares na escala métrica


Fonte: Adaptado de Khan Academy

Microscopia: Os Instrumentos
O microscópio é um instrumento utilizado para ampliar, através de uma série
de lentes, estruturas impossíveis de serem observadas a olho nu, portanto, muito
usado no estudo dos microrganismos.

Em geral, os microscópios ópticos são utilizados para observações de células


com ampliação relativamente baixas e o microscópios eletrônicos, por outro lado,
são utilizados para a verificação de células e estruturas celulares em ampliações
relativamente altas.

Microscopia óptica refere-se ao uso de qualquer tipo de microscópio que utilize


luz para observar amostras.

Nesse sentido, examinaremos um Microscópio Óptico Composto (MO) moder-


no, que possui uma série de lentes e utiliza a luz visível como fonte de iluminação.

Podemos calcular a ampliação total de uma amostra multiplicando a ampliação


(alcance) da lente objetiva pela ampliação (alcance) da lente ocular.

A maior parte dos microscópios utilizados em microbiologia possui várias lentes


objetivas, incluindo 10× (baixo alcance), 40× (alto alcance) e 100× (imersão em óleo).

A maioria das lentes oculares amplia as amostras por um fator de 10. Multipli-
cando-se a ampliação de uma lente objetiva específica pela ampliação da lente ocu-

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lar, veremos que a ampliação total seria de 100× para as lentes de baixo alcance,
400× para as de alto alcance e 1.000× para a imersão em óleo.

Alguns microscópios ópticos compostos podem alcançar uma ampliação de


2.000× com as lentes de imersão em óleo.

A resolução (também chamada de potência de resolução) é a capacidade das


lentes de diferenciar detalhes e estruturas. Especificamente, refere-se à capacidade
das lentes de diferenciar entre dois pontos separados a uma determinada distância.

Um princípio geral da microscopia é que quanto mais curto o comprimento de


onda da luz utilizada no instrumento, maior a resolução.

A luz branca utilizada em um microscópio óptico composto possui um compri-


mento de onda relativamente longo e não pode determinar estruturas menores
que 0,2μm.

De maneira geral, o microscópio óptico é constituído por uma parte mecânica,


que serve de suporte, e uma parte óptica, que é constituída por três sistemas de
lentes: condensador, objetiva e ocular.

A ampliação total dada por um microscópio é igual ao aumento da objetiva


multiplicado pelo aumento da ocular, como mostra a Figura 6 no link a seguir:
Explor

Componentes do microscópio óptico: https://bit.ly/2UNW7AQ

Objetos menores que 0,2μm, como vírus ou estruturas internas das células, de-
vem ser examinados com um microscópio eletrônico.

Na microscopia eletrônica, um feixe de elétrons é usado ao invés da luz. Como


a luz, os elétrons livres se deslocam em ondas.

A melhor resolução dos microscópios eletrônicos é devida aos comprimentos de


onda mais curtos dos elétrons. Os comprimentos de onda dos elétrons são cerca
de 100 mil vezes menores que os comprimentos de onda da luz visível. Portanto, a
potência de resolução do microscópio eletrônico é muito maior.

Os microscópios eletrônicos são usados para examinar estruturas muito peque-


nas para serem determinadas com microscópios ópticos.

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UNIDADE Introdução à Microbiologia

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos
Tutorial – Focalização ao microscópio óptico
https://youtu.be/TWlugovidqU
Bacterias del yogurt. Observación real al microscopio
https://youtu.be/RLClwfyeYeA

Leitura
Microrganismos
http://bit.ly/2Lg8HnJ
Taxonomia: microbiana, de procariontes, de fungos, de protozoários e de vírus
http://bit.ly/2L1XgQm

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Referências
BROOKS, G. F. et al. Microbiologia Médica. 25. ed. Porto Alegre: AMGH,
2012. (e-book)

CHAMBO FILHO, A. et al. Estudo do perfil de resistência antimicrobiana das


infecções urinárias em mulheres atendidas em hospital terciário. Rev. Bras. Clin.
Médica São Paulo, v. 11, n. 2, p. 102-107, abr.-jun. 2013. Disponível em: <http://
files.bvs.br/upload/S/1679-1010/2013/v11n2/a3559.pdf>.

MC PHERSON, R. A.; PINCUS, M. R. Diagnósticos Clínicos e Tratamentos por


Métodos Laboratoriais. 21. ed. Barueri: Manole, 2012. (e-book)

MORSE, S. A.; BUTEL, J. S.; BROOKS, G. F. Microbiologia Médica de Jawetz,


Melnick e Adelberg. 26. ed. Porto Alegre: Mcgraw Hill, 2014.

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