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Microbiologia

Clínico
Laboratorial I
Origem, Taxonomia, Forma e Agrupamento Bacteriano
1. O que é a Microbiologia?
Microbiologia é o estudo de organismos pequenos.
Por exemplo a Bacteria e a Archaea são exemplos de microrganismos procariontes
Já os Vírus, Viroides e Priões não são considerados células ou "organismos" completos.
Os eucariotas como algas, fungos e Protozoários (são organismos unicelulares eucariótico)
2. Definição e origem
A palavra microbiologia vêm do grego :
Mikros (pequeno) + Bios (vida) + Logos (estudo)
São considerados microorganismos, os microorganismos unicelulares microscópicos (como os
fungos, bactérias e os protozoários) e os vírus (que são acelulares).
3. Maior diversidade da vida é microbiana
Os Microorganismos têm existido na Terra por cerca de 3,8 bilhões de anos (vida primitiva).
Durante esse longo período, eles passaram por inúmeras adaptações e diversificações estão
presentes em todo o lado, representam mais de metade da biomassa, estão presentes em quase
todas as superfícies naturais, são simbiontes (relação de simbiose, ou seja, que mantêm uma
relação mutuamente vantajosa entre dois ou mais organismos vivos ) importantes, são vitais
para o ecossistema.
4. A Descoberta dos Microorganismos
Leeuwenhoek
Fabricante de lentes que construiu microscópios simples, mas poderosos, usando técnicas
avançadas de polimento de lentes. Seus microscópios permitiam uma ampliação
significativa, possibilitando a observação de microrganismos que eram
invisíveis a olho nu.
Entre 1673 e 1723, Leeuwenhoek fez inúmeras descobertas, foi quem descobriu
os microorganismos. Ele examinou uma variedade de amostras, incluindo água
de chuva, placas dentárias, sangue, sêmen, entre outros .Ele descreveu esses
microrganismos como "animálculos" (esboços de bactérias da cavidade bocal) e
mostrou a mobilidade de algumas bactérias.

Pasteur
Pasteur desempenhou um papel crucial ao refutar a teoria da geração espontânea (abiogênese-
propunha que formas de vida surgiam de matéria não viva.), defendendo a biogênese, que
postula que a vida se origina de vida preexistente. Seus experimentos demonstraram que
microrganismos não surgem espontaneamente, mas sim a partir de outros microrganismos.
Por volta de 1850, Pasteur resolveu problemas na indústria
vinícola francesa, estabelecendo a primeira teoria microbiana das
fermentações. Suas descobertas foram cruciais para a
compreensão dos processos de fermentação
Desenvolveu a técnica de esterilização por aquecimento para destruir microrganismos
indesejados, preservando alimentos e líquidos, como o leite e o vinho, conhecida como
"pasteurização", usada até os dias de hoje- Teoria Microbiana da Fermentação.

5. Teoria Microbiana das Doenças:


Girolamo Fracastoro (século XVI)
- Propôs a ideia de "sementes de doenças", sugerindo que microrganismos pequenos seriam os
causadores de doenças e estariam presentes no ar.
Louis Pasteur (século XIX)
- Iniciou um estudo sobre a doença dos bichos da seda, que estava prejudicando a indústria da
seda na França. Descobriu o agente infeccioso (um protozoário) e como este agente era
transmitido, além de desenvolver métodos para prevenir a doença.
Robert Koch (1843-1910)
- Em 1876, descobriu a bactéria Bacillus anthracis, o agente causador do carbúnculo (antraz),
e estabeleceu as bases da bacteriologia.
- Koch foi o primeiro a provar que um microrganismo específico causava uma doença,
estabelecendo o postulado de Koch, um conjunto de critérios para demonstrar a relação entre
um microrganismo e uma doença específica.

6. Contribuições no Desenvolvimento de Técnicas:


Alemães:
- Conceberam o uso de meios de cultura específicos, como a observação de colônias
microbianas em batatas e o isolamento de microrganismos em diferentes meios, permitiu o
crescimento e a observação de microrganismos em condições controladas.
Robert Koch:
- Desenvolveu o uso do ágar-ágar, um gel derivado de algas, para o cultivo de microrganismos
em condições estéreis, permitindo a criação de culturas puras.
Julius Petri:
- Criou a placa de Petri, fundamental para o isolamento de colônias microbianas.
Paul Ehrlich:
- Contribuiu para a coloração de células

Joseph Lister
- Introduziu o uso do fenol como o primeiro desinfetante e desenvolveu técnicas assépticas,
reduzindo significativamente infecções pós-operatórias por meio da esterilização de
instrumentos e ambientes cirúrgicos.
7. Idade de Ouro
Imunologia
Jenner é conhecido por desenvolver a primeira vacina, a vacina contra a varíola, e Pasteur por
suas descobertas e contribuições para a vacina contra a raiva
Indústria Farmacêutica
Fleming é conhecido por descobrir a penicilina, o primeiro antibiótico, o que deu início à era
dos antibióticos e revolucionou o tratamento de infecções bacterianas. Waksman, por sua vez,
descobriu a estreptomicina, um antibiótico usado para tratar tuberculose.
Virologia:
Ivanovsky foi um dos pioneiros na descoberta dos vírus, ao investigar o agente causador do
mosaico do tabaco, embora não pudesse ver os vírus com seu microscópio. Stanley, por sua vez,
foi o primeiro a isolar e cristalizar vírus
8. A Idade Moderna da Microbiologia
avanços significativos nas técnicas de manipulação genética, biologia molecular
Como funcionam os genes?
•Genética Microbiana - manipulação dos genes presentes em microrganismos
•Biologia Molecular - Exploração das bases moleculares da vida
•Tecnologia do DNA recombinante - Uso de técnicas para manipular o DNA, como a clonagem
de genes
•Terapia Génica- - Inserção de genes ausentes ou correção de genes defeituosos em células
humanas, potencialmente capaz de tratar doenças genéticas

9. Doenças Infeciosas Globais relacionadas com as Ciências da Saúde


Aumento do número de estirpes resistentes aos antimicrobianos incluindo microrganismos
nosocomiais e adquiridos em comunidade (MRSA, VRE, VRSA, MDR-TB)
Houve um aumento de doenças emergentes como a SIDA, a SARS (Síndrome Respiratória
Aguda Grave), a hepatite C e o covid-19
Outras doenças atualmente associadas aos microrganismos(úlceras gástricas, algumas
neoplasias, esclerose múltipla)

TAXONOMIA MICROBIANA
1. Nomenclatura dos Microorganismos
Taxonomia
a classificação dos organismos vivos com base em suas características morfológicas,
fisiológicas, genéticas e evolutivas
Identificação
descobrir e assinalar as características dos organismos para que possam ser denominados e
classificados.
Reino → Filo → Classe → Ordem → Família → Género → Espécie

Em microbiologia o sistema binominal de nomenclatura diz que cada espécie é designada por
dois nomes: um nome genérico (ou de gênero) e um nome específico
O nome genérico (género) é escrito em maiúsculas e o nome específico (espécie) é escrito com
letra pequena.: Bacillus anthracis
2. classificação dos microrganismos
Carl Linnaeus
- Linnaeus propôs a classificação de organismos em dois reinos: Animal e Vegetal, seguindo o
sistema binomial para a nomenclatura de espécies.
Ernst Haeckel (1866)
- Haeckel introduziu o Reino Protista para organismos unicelulares, reconhecendo-os como
distintos dos reinos Animal e Vegetal.
Advento do Microscópio Eletrônico (1940)
- O microscópio eletrônico permitiu visualizar a ultraestrutura celular, levando à distinção
entre células procarióticas e eucarióticas (1960).
Sistema de Cinco Reinos de Whittaker (1969):
- Whittaker propôs a classificação em cinco reinos
com base em critérios como tipo de célula (procariótica
xeucariótica), organização celular (unicelular x
pluricelular) e método de nutrição (aborção x
fotossíntese x ingestão): Reino Monera (Procariotas),
Protista (Unicelulares Eucarióticos), Fungi, Plantae e
Animalia.

Estudos de Evolução - Carl Woese (1977-1980):


- Carl Woese, estudando o gene da subunidade 16S e 18S do RNA ribossômico, revolucionou
a classificação. Suas descobertas sugeriram uma nova árvore da vida com três domínios:
Bacteria (Procariotas), Archaea (Procariotas distintos) e Eukarya (Eucariotas).

3. A Actual Árvore da Vida


A actual árvore da vida foi proposta em 1977 por Carl Woese
→ Os microorganismos distribuem-se por 3 domínios da vida;
→ As Bactéria e Archaea foram fundamentais para a origem e evolução dos eucariotas
superiores (forneceram os cloroplastos das plantas e as mitocôndrias dos animais);
→ Os microorganismos são fundamentais para o desenvolvimento, adaptação e sobrevivência
dos eucariotas superiores e do Homem;
→ Os microorganismos são a base e sustentação de todas as formas de vida.

4. Estruturas Celulares
As bactérias são geralmente da ordem de vários micrómetros de diâmetro.
Os Fungos são geralmente cerca de <10 micrómetros de diâmetro.
- Protozoários
→ Giardia
→ Amibas
- Vírus
→ Bacteriófago
→ Vírus da Gripe Aviária
- Helmintas
→ Ténia
→ Ascaris lumbricoides

5. Morfologia das Bactérias


As bactérias são organismos de vida livre com DNA e RNA. As suas propriedades
biológicas e a forma principal de reprodução por fissão binária relaciona-os com os
procariotas.
Forma esférica → cocos (Staphylococcus)

 Micrococos
 Diplococos
 Estreptococos
 Estafilococos
 Tetracocos
 Sarcine

Forma de bacilos → bactéria, bacilli e clostridios


Forma espiralada → vibriões e as espiroquetas
Só os cocos e os bacilos se conseguem observar a microscópio ótico.
Só os cocos têm modos de agrupamento e estes agrupamentos dependem das formas de divisão.
Os mais importantes são os diplococos, os estreptococos (cadeia) e os estafilococos (cacho).
6. Formas de Agrupamento das Bactérias

7. Bacilos
→ Bacilos direitos - inclui aqueles microorganismos que por norma, não produzem
esporos e com uma forma reta (E.coli, Salmonella,Shigella).
→ Bacilli (B.anthracis) e clostridios (C.tetani, C.botulinum) - inclui os
microorganismos que na sua grande maioria produzem esporos.

O tamanho dos bacilos varia entre 2-10 μm: os bacilos pequenos entre 2-4 μm; os
bacilos longos entre 5-10 μm.
A forma de arranjo dos bacilos é:

8. Formas Espiraladas
→ Vibriões
são células, que lembram uma vírgula (bacilos curvados). A espécie
representativa deste grupo é Vibrio cholerae.
→ Espirilhas
são formas enroladas das bactérias.

→ Espiroquetas
são formas flexiveis em espiral que incluem a treponema (células finas e flexiveis), a borrelia
(espirais largas e irregulares) e a leptospira (estrutura celular muito fina).
Composição da Célula Bacteriana
- Estruturas Intracelulares
1. Membrana Citoplasmática Bacteriana
A sua constituição geral é igual à de todas as membranas biológicas, sendo composta
por uma bicamada fosfolipídica e proteínas integrais.
Ao contrário das células eucarióticas, os esteróides estão ausentes na quase
totalidade das membranas procarióticas. A única excepção são os Mycoplasma sp.,
bactérias que requerem esteróides para se multiplicarem; estes esteróides são
incorporados na membrana citoplasmática e, provavelmente, conferem maior
estabilidade às membranas destas bactérias que não possuem parede celular.
Em muitas bactérias a membrana citoplasmática possui moléculas semelhantes aos
esteroides, designadas de haponoides, que podem desempenhar um papel semelhante
aos esteroides das células eucarióticas. O diplopteno, com 30 átomos de carbono, é
um exemplo de hopanoide.

A Membrana Citoplasmática tem como funções:


→ O transporte de solutos (Difusão Facilitada, Transporte Ativo e Translocação de
Grupo);
→ Produção de energia (Transporte de Eletrões e Fosforilação Oxidativa);
→ Biossíntese de Macromoléculas (Lípidos de membrana, Peptidoglícanos,Ácido
teicóico e Ácido Lipoteicóico, Polissacarídos extracelulares (LPS) e Duplicação do
DNA);
→ Excreção de Enzimas Hidrolíticas;
→ Quimiotaxia.

2. Parede Celular Bacteriana


Existe na maior parte das bactérias como uma camada externa que recobre a
membrana citoplasmática.
As bactérias podem ser divididas em dois grandes grupos de acordo com a sua reactividade à
coloração de Gram (Bactérias Gram+ e Bactérias Gram-).

→ Bactérias Gram+ - Parede homogénea e espessa, formada essencialmente por


peptidoglicano, baixa percentagem de lipoproteínas. parede composta até 90% peptoglicano ,
pode chegar a 50% do peso da bactéria e contém Ácidos teicóicos e Ácidos Lipoteicóicos. tem
como propriedade facilitar a entrada e saída de catiões, regular atividade de autolisinas, sítios
receptores de bacteriófagos, adesinas ao epitélio do hospedeiro e são antigénios celulares
(permitem a identificação serológica)
→ Bactérias Gram- - Parede fina, camada de peptidoglicano fina, camada externa
complexa, formada por lipoproteínas e polissacarídos. A membrana externa destas bactérias tem
cerca de 7 a 8 nm de espessura. É constituida por Lipoproteína de Braun, Porinas e
Lipopolissacárido ou LPS (que é constituido por Lípido A, Polissacárido central ou core e por
uma Cadeia Lateral O).
A Parede Celular tem como funções:
→ Dar forma às bactérias (as bactérias sem parede celular não têm forma definida);
→ Conferir proteção contra a lise osmótica;
→ Factor de patogenicidade;
→ Local de ação dos anticorpos;
→ Conferir proteção contra substâncias tóxicas;
→ Local de fixação de vírus das bactérias (bacteriófagos).
Bactérias com paredes Celulares Deficitárias
→ Mycoplasma - género bacteriano composto por bactérias com parede celular
ausente de forma natural;
→ Formas-L - formas de bactérias com parede celular defetiva, geralmente produzidas
no doente após tratamento com penicilina;
→ Esferoplastos - estruturas derivadas das bactérias Gram -, produzidas artificialmente pela
ação da lisozima ou pelo crescimento com penicilina ou outro agente capaz de quebrar a camada
de peptidoglicano;
→ Protoplastos - estruturas derivadas das bactérias Gram+ e sem parede celular,
produzidas artificialmente pela ação da lisozima e meio hipertónico.

3. Espaço Periplásmico e Periplasma


É o espaço físico que existe entre a membrana citoplasmática e a parede celular das
bactérias. Este espaço, mais visível nas bactérias Gram-, é ocupado pelo periplasma.
Este espaço tem como funções:
→ São centros de processamento metabólico importantes nas células procarióticas;
→ Podem participar no processamento de nutrientes orgânicos demasiado grandes
para passar a membrana citoplasmática;
→ Podem participar no transporte de ferro;
→ Podem participar na degradação e constituição do peptidoglicano;
→ Podem participar na passagem e localização dos constituintes da membrana externa
das células Gram-.
4. Material Genético Bacteriano
Temos o nucleóide, que contém o DNA Cromossómico, e o DNA plasmídico.
5. Ribossomas

- Estruturas Extracelulares
1. Flagelos
Confere movimento à célula (taxia): velocidade 200 – 500 μm/segundo.
Os flagelos são apêndices bacterianos de natureza proteica, que se projetam para o
exterior da célula.
São constituídos por subunidades proteicas, a flagelina.
São os órgãos de locomoção bacteriana.
2. Pili Comum ou Fímbrias
Tem como função:
→ Pili Sexual - existem cerca de 1 a 10 por célula. São maiores que as fímbrias e são
determinados por plasmídios sexuais que participam na conjugação bacteriana.
→ Sítios Aceptores de Vírus
→ Adesão à células receptoras de mamíferos
São estruturas encontradas em bactérias Gram-, que recobrem a superfície celular e
não estão , em geral, envolvidas na mobilidade das bactérias.
Uma célula bacteriana pode estar envolvida por mais de 500 a 1000 fímbrias.
São compostos por um único tipo de proteína, a pilina, e têm vários μm de
comprimento.
São determinados por genes cromossomais.
3. Esporos Bacterianos
São estruturas intracelulares formadas por algumas bactérias Gram+.
Os endósporos são muito resistentes às seguintes condições de stress ambientes
como o calor, radiações U.V, desinfectantes químicos e dissecação.
A posição do endósporo na célula difere de acordo com as espécies bacterianas
sendo, portanto, um elemento útil de identificação. Assim os esporos podem ter
localização central, subterminal ou terminal.
A passagem do endósporo a uma célula vegetativa ocorre em apenas três fases:
Activação - processo reversível que prepara o esporo para a germinação.
Germinação- inchaço do endósporo, ruptura do esporo, persa de resistência ao calor ,
libertação de componente do endósporo e aumento de actividade metabólica.
Crescimento - o protoplasto fabrica novos componentes, emerge do invólucro e
origina-se uma nova forma vegetativa.
4. Grânulos Citoplasmáticos
→ Grânulos de fósforo - Bactérias Magnetotáticas
→ Grânulos de enxofre - Beggiatoa
→ Grânulos de Polihidroxibutirato acumulados - Raistonia euthopha
5. Substâncias Poliméricas Extracelulares
→ Cápsula
→ Camada Mucosa - São estruturas que recobrem a parede celular, mas que não têm
uma organização bem definida como a cápsula. São constituídas também por
polissacáridos. Têm um papel importante na adesão das bactérias aos tecidos dos
hospedeiros. Tal como a cápsula, a sua presença nas bactérias poderá dificultar a
fagocitose e, eventualmente, a acção de anticorpos. Podem ainda ter uma função
importante ao nível da prevenção da dissecação uma vez que possuem um conteúdo
grande em água, tal como a cápsula.
Crescimento e Metabolismo Bacteriano

1. Os fatores físicos que afetam o crescimento bacteriano são:


2. Cultura de Bactérias em Laboratório
→ Macronutrientes - carbono, oxigénio, hidrogénio, nitrogênio, enxofre e fósforo.
→ Micronutrientes - ferro, zinco, manganês, cálcio, potássio, sódio, cloro, cobre,
cobalto, selênio e outros minerais que entram na composição de proteínas, co-fatores e
estruturas bacterianas.
→ Prototrofia x auxotrofia
→ Meios de Cultura - quanto ao estado físico (meios sólidos e líquidos), quanto à
composição (mínimo e complexo) e quanto à seletividade (meio diferencial ou
indicador, meio seletivo e meio de enriquecimento).
3. 13. Variações nas Necessidades Nutricionais
→ Algumas bactérias são capazes de crescer em meio simples - organismos entéricos.
→ Algumas bactérias são extremamente fastidiosas (complexo requerimento
nutricional) - organismos que crescem nas mucosas ou no interior da célula do
hospedeiro.
→ Algumas bactérias crescem em meio indefinido(sangue, soro, extrato de levedura,
etc...).
4. 14. Metabolismo Bacteriano
Conjunto de reações bioquímicas necessárias à vida, compreende o catabolismo e
anabolismo
→ Catabolismo – reações químicas que libertam energia a partir da degradação de
substância orgânicas.
→ Anabolismo – reações químicas que consomem energia e permitem a síntese de
precursores metabólicos, macromoléculas e estruturas celulares.
É necessária uma fonte de energia para que estas reações aconteçam, pode ser
energia luminosa (Fotossintetizantes), energia de compostos inorgânicos (Litotróficos)
e energia de compostos orgânicos (Heterotróficos ou Organotróficos).
5. 15. Classificação dos Microrganismos quanto ao Metabolismo
Oxidativo
→ Respiração Aeróbica
→ Respiração Anaeróbica
→ Fermentação
As enzimas que inativam o O2 tóxico são:
→ A superóxido dismutase - que elimina os radicais superóxido, convertando-os em
peróxido de hidrogénio (H2O2). O peróxido de hidrogénio produzido por esta reação
pode ser metabolizado por duas outras enzimas:
→ A catalase - que converte o peróxido de hidrogênio em oxigênio molecular e
água.
→ E a peroxidase - que converte o peróxido de hidrogênio em água.
6. 16. Genética Bacteriana
A variabilidade dos Microrganismos depende de uma mutação dos genes existentes
(que pode ser espontânea ou induzida - agentes genetóxicos), de uma recombinação
dos genes existentes ou de uma aquisição de genes de uma fonte externa, provocando
assim uma mudança real no conteúdo do DNA bacteriana (permanente).
Cultura e Isolamento de Bactérias

As necessidades nutricionais das bactérias variam de espécie para espécie e por isso o
meio de cultura seleccionado deve ser adequado às exigências da bactéria que se
pretende pesquisar.
1. Fatores Químicos
São adicionados aos meios de cultura na forma de nutrientes que não são requeridos
em quantidades iguais.
Os nutrientes podem ser Macronutrientes (Requeridos em maiores quantidades),
Micronutrientes (Requeridos em quantidades vestigiais) ou Fatores de Crescimento.
→ Macronutrientes - Carbono, Azoto, Oxigénio, Hidrogénio, Fósforo, Enxofre, Sódio,
Magnésio, Cálcio e o Ferro
→ Micronutrientes - Os micronutrientes necessários são o zinco (Zn), o cobre (Cu), o
cobalto (Co), o crómio (Cr), o manganês (Mn), o níquel (Ni), o molibdénio (Mo) e o
selénio (Se).
→ Fatores de Crescimento - Para além dos macro e micronutrientes alguns
microorganismos requerem ainda pequenas quantidades de determinados compostos
orgânicos denominados fatores de crescimento (ex . vitaminas, aminoácidos).
2. Fatores Físicos / Ambientais –
Para que ocorra multiplicação bacteriana são necessárias, além dos nutrientes existentes nos
meios, condições adequadas (temperatura, pH, tensão de O2, humidade/pressão osmótica e
potencial redox).
3. Classificação dos Meios de Cultura
Os meios de cultura podem ser classificados tendo em conta:
4. Padrões de Hemólise
A hemólise é uma destruição prematura das hemácias (glóbulos vermelhos)
por rompimento da membrana plasmática, resultando na liberação de
hemoglobina.

Fluxograma no Laboratório de Microbiologia Clínica


1. Diagnóstico Microbiológico Laboratorial Clássico
1º Colheita
2º Transporte
3º Exame Microscópico Direto
4º Exame Cultural
5º Identificação
6º Teste de Sensibilidade aos Antibióticos
2. Regras Gerais para Colheita de Amostras para Exame Microbiológico
 Obter o produto antes da administração da terapêutica antimicrobiana.
 Colher do local onde o agente etiológico é mais frequentemente encontrado.
 Colher durante a fase aguda.
 Colher quantidade suficiente para permitir um exame completo.
 Fornecer ao laboratório as informações clínicas indispensáveis, fazendo o correcto
preenchimento da requisição.
 Colher com técnica adequada, evitando a contaminação da amostra.
 Transporte para o laboratório em tempo adequado e em recipiente próprio.
3. Técnicas e Etapas de uma Análise
1. Exame Microscópico

 Suspensão bacteriana
 Estudo citológico de um produto biológico
 Exame a fresco (Qualitativo e Quantitativo)
 Exame após coloração (Gram, Azul de metileno ou Ziehl)
2. Exame Cultural

 Meios de cultura
 Meios de enriquecimento (Não selectivos ou Selectivos)
 Meios de isolamento (Geloses enriquecidas, Meios selectivos ou Meios específicos)
3. Métodos de Identificação

 Pesquisa de enzimas
 Metabolismo glucídico
 Metabolismo proteíco
4. Métodos de Identificação Automatizada
Na identificação automatizada são utilizados os testes bioquímicos convencionais em
forma miniaturizada, o que permite obter uma gama maior de testes na mesma placa e
identificar bactérias de famílias diferentes.
Os sistemas automatizados são ATB, MicroScan, Vitek, MIDI, Biolog e Alamar.
As são características gerais são a identificação, o estudo da actividade dos
antibióticos detecção de hemoculturas positivas, a detecção de bacteriúria e a detecção
de micobactérias.
Tem como vantagens a multifuncionalidade, a rapidez de execução, a interpretação
dos resultados e a informatização.
A identificação automatizada não pode substituir os conhecimentos microbiológicos e
epidemiológicos indispensáveis para validar qualquer que seja o sistema de
identificação.
5. Controlo de Qualidade
→ Etapa Pré-analítica

 ● Leitura da requisição
 ● Preparação do doente
 ● Colheita da amostra
 ● Identificação da amostra
→ Etapa Analítica

 ● Análise da amostra
→ Etapa Pós-analítica

 ● Transcrição do resultado
 ● Entrega do resultado
 ● Acções tomadas com base no resultado
6. Variações Laboratoriais Analíticas
→ Precisão e exatidão - Precisão é a reprodutibilidade de um método analítico e a
exactidão é definida pela proximidade do valor obtido com o valor real.
→ Sensibilidade e especificidade - A sensibilidade de uma determinação é a medida
mais pequena de analito que o método permite detectar e a especificidade de uma
determinação relaciona a capacidade de discriminação entre o analito e potenciais
substâncias interferentes.
→ Controlo de qualidade - Existem dois tipos de controlo de qualidade, o controlo de
qualidade interno e o controlo de qualidade externo.
→ Valores de referência
7. Variações Laboratoriais Biológicas
A discriminação entre resultados normais e anormais pode ser afectada por vários
factores fisiológicos, que têm que ser considerados na interpretação dos resultados:
→ Sexo
→ Idade
→ Dieta
→ Hora da colheita
→ Stress e ansiedade
→ Postura do paciente
→ Exercício físico
→ História clínica
→ Gravidez
→ Ciclo menstrual
Microbioma Humano
1. Microbioma Comensal
O microbioma normal do organismo Humano, apresenta uma larga variedade de
bactérias comensais que coexistem num equilíbrio simbiótico com o hospedeiro. Muitas
destas bactérias comensais são potencialmente patogénicas.
Pode ocorrer infeção quando este equilíbrio é interrompido.
2. Relação entre o Microbioma e o Hospedeiro
→ Infeção - é a invasão após colonização do organismo por microrganismos
patogénicos.
→ Doença - ocorre quando se verifica uma alteração do estado normal do organismo.
Infeção pode existir sem doença detetável
1. 3. Conceito
“iceberg” da doença infeciosa

2. Conceitos
→ Patologia ou patogénese - modo como se originam e desenvolvem as doenças.
→ Patogenicidade - é a habilidade com que um microrganismo causa infeção.
→ Virulência - é um grau de patogenicidade
→ Microbioma comensal - é constituído pelos microrganismos que permanecem no
organismo sem produzirem doença e vivem em simbiose com o hospedeiro, ou seja, obtêm
vantagens sem prejuízo para o hospedeiro.
→ Bactérias oportunistas - bactérias que normalmente não causam doença, excerto
em situações que podem favorecer a sua proliferação.
→ Bactérias estritamente patogénicas - estão sempre associadas à doença.
→ Bactérias potencialmente patogénicas - podem estar ou não associadas à
doença.
→ Portadores sãos - indivíduos em que na sua flora normal existem bactérias patogénicas
específicas.
3. Microbioma Normal
Encontra-se ausente no sangue, no Sistema Nervoso Centra, no Líquido Cefalorraquidiano e no
parênquima.
É diferente de individuo para individuo, no sexo, na idade, na dieta, na higiene e se é
inter ou intra.

4. Distribuição da Flora Normal


Os órgãos internos, como a bexiga, rins, brônquios, pulmões, SNC, são todos estéreis
num indivíduo saudável, com exceção do trato alimentar.
Os mecanismos de defesa locais mantêm a esterilidade destes locais, adicionalmente o
sistema do complemento e os anticorpos produzidos no soro e fluidos tecidulares
promovem a poderosa ação fagocítica dos leucócitos, nomeadamente dos
polimorfonucleares.
- Trato Respiratório
O trato respiratório inferior é estéril, no entanto o trato respiratório superior é
colonizado, e no caso da boca e nasofaringe, fortemente.
- Trato Gastrointestinal
O esófago apresenta uma flora similar à da faringe.
O estômago vazio é estéril devido ao ácido gástrico.
A flora normal do duodeno, jejuno e ileum superior é escassamente colonizada
contrariamente à do intestino grosso.
As fezes contém um número enorme de bactérias, que constituem 1/3 do peso da
matéria fecal.
A grande maioria dessas bactérias parecem estar mortas. O número de bactérias vivas
nas fezes é cerca de 1010/g, e quase todas (99,9%) são anaeróbias: o ambiente de
anaerobiose do cólon é mantido pela utilização do oxigénio livre por parte das bactérias
aeróbias.
Bifidobactérias e Bacteroides spp. constituem a grande maioria dos anaeróbios.
- Trato Genital
Por razões anatómicas, o tracto genital feminino é muito mais colonizado do que o do
homem.
As secreções vaginais normais contém até 108bactérias/ml, e 98% delas são
lactobacilos.
- Pele
A pele apresenta uma flora bacteriana residente muito rica (104 organismos/cm2).
Predominam os organismos anaeróbios, particularmente em áreas com muitas
glândulas sebáceas, onde as condições de anaerobiose prevalecem.
Na pele húmida (ex.: axilas), os coliformes estão quase sempre presentes.
- Ouvido Externo
Como extensão da pele está profusamente colonizado: as principais espécies
encontradas são Staphylococcus epidermidis e Corinebactérias.
Micobactérias (b.a.a.r.) estão ocasionalmente presentes na cera.
- Saco Conjuntival
As bactérias são escassas: ocasionalmente podem-se encontrar Corynebacterium
xerosis e Stpahylococcus epidermidis.
7. Desenvolvimento da Doença Infeciosa
Uma doença infeciosa aparece sempre que se verifica uma rutura no equilíbrio entre a
bactéria e os meios de defesa.
O processo pelo qual os microrganismos podem causar doença envolve a maioria ou
mesmos todas as etapas seguintes: a aquisição, a colonização, a penetração, a
disseminação, os sinais clínicos e a resolução.
A aquisição dos microorganismos pode ser Endógena ou Exógena.
Por definição, os membros do microbioma indígeno não causam infeção. Contudo, em
determinadas circunstâncias como na flora do cólon através do ITU, na flora da pele
atrvés de uma infeção cirúrgica, na flora oral através de cárie dentária ou endocardite
infeciosa ou uma Infeção nos doentes imunocomprometidos, podem causar uma
infeção.
As vias de transmissão são:
→ Via respiratória
→ Via fecal-oral
→ Via sexual
→ Vetores
→ Perinatal
→ Contacto
→ Sangue
→ ransplacentária
→ Leite materno
A transmissão pode ser vertical ou horizontal.
8. Colonização e Penetração
A penetração das bactérias no organismo, tem como portas de entrada as vias
respiratórias, o tubo digestivo, a pele e mucosas, a via parental (sondas, cateteres,
picadas de artrópodes) e a via genito-urinária.
9. Fatores que contribuem para a Patogenicidade
→ Dose infetante ID50 - é a dose requerida para produzir infeção em 50% dos
animais de laboratório.
→ Dose letal LD50 - é o número de microrganismos que mata 50% dos animais de
laboratório e expressa a virulência do microrganismo ou a potência da sua toxina.
As bactérias patogénicas apresentam dois mecanismos básicos de forma a produzirem
doença, a invasão e a produção de toxinas.
De início a bactéria pode produzir doença por invasão, ou por produção de toxinas, no
entanto a grande maioria das infeções são devidas a uma combinação de ambas as
atividades.
- Invasão
É a capacidade de um organismo se espalhar no corpo humano. Vai depender dos
componentes localizados na superfície celular da bactéria como por exemplo:
→ Adesinas - glicoproteínas ou lipoproteínas localizadas à superfície da membrana
celular que reconhecem especificamente glicoproteínas ou lipoproteínas à superfície da
membrana citoplasmática das células da pele ou mucosas.
→ Cápsula (ex.: Pneumococos)
→ Componentes da parede celular (ex.: Proteína M – Streptococcus pyogenes)
→ Enzimas: leucocidinas, hemolisinas, coagulases, quinases, hialuronidases
→ Outras substâncias : sideróferos
Os fatores bacterianos que causam danos ao hospedeiro são:
→ As enzimas hidrolíticas - hialuronidases e proteases degradam compontentes da
matriz extracelular
→ Os fragmentos de peptidoglicano - resposta semelhante ao LPS.
→ Os ácido teicóico - resposta semelhante ao do LPS.
Um grau elevado de invasão bacteriana é geralmente associado a uma infeção severa,
que se espalha por via linfática, podendo atingir a via hematogénea- Septicémia (uma
das manifestações mais sérias da infeção).
- Toxinas Bacterianas
Existem dois tipos de toxinas:
→ Exotoxinas - Libertadas extracelularmente a partir da célula bacteriana intacta, sob
controlo genético, podem espalhar-se pela corrente sanguínea ou às vezes pelo
sistema nervoso.
● Citotoxinas: que lisam a célula ou perturbam o seu metabolismo
● Neurotoxinas: interferem com o sistema nervoso
● Enterotoxinas: afetam as células intestinais
As infeções devidas a bactérias toxinogénicas podem ser toxi-infeções (A bactéria
permanece no local de entrada e a toxina, produzida no foco infecioso, é transportada
pelo sangue ou linfa para o local de ação específico conforme a bactéria. (Ex: difteria,
tétano)), e as intoxicações (Há doença sem infeção. Clostridium botulinum, bactéria
anaeróbia, multiplica-se nos alimentos e aí elabora a toxina. A ingestão de alimentos
com a toxina preformada leva a distúrbios do sistema neuromuscular.).
→ Endotoxinas - As endotoxinas são os antigénios O componentes estruturais da
parede celular das bactérias Gram negativas, que são libertadas quando ocorre lise
celular ou morte da bactéria. Apesar de diferirem antigenicamente umas das outras,
todas produzem o mesmo efeito fisiológico.
10. Mecanismos de Defesa do Hospedeiro
Os fatores relacionados com o hospedeiro, vão influenciar a interação
parasita-hospedeiro.
Alguns fatores estão relacionados com o nível socioeconómico, má nutrição, pobreza,
situações que favorecem a transmissão de um microrganismo patogénico numa
comunidade.
Podemos citar alguns fatores do hospedeiro como a sua nutrição, a idade, a raça, a
profissão e a diminuição da resposta imunitária (drogas imunosupressoras, doenças
metabólicas).
O hospedeiro apresenta duas categorias de mecanismos de defesa:
→ Inespecífica - não é dirigida para um organismo particular e não é uma resposta
imunológica (pele, flora comensal, lisozima, acção mecânica, pH baixo, fagocitose e
complemento).
→ Específica - é dirigida contra um determinado organismo, e está dependente de
mecanismos imunológicos. Existem dois mecanismos principais pelos quais, o
hospedeiro apresenta a resposta imunitária contra uma infeção bacteriana, Resposta
humoral (anticorpos) e a Resposta celular.
11.Estabelecimento de Doenças Infecciosas
1º Contato - fontes exógenas versus endógenas
2º Entrada - ingresso versus penetração
3º Disseminação - propagação direta por contiguidade ou propagação para lugares
distantes
4º Multiplicação
5º Lesão

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