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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO À MICROBIOLOGIA ................................................. 4

1.1 Posição dos microrganismos no mundo vivo .............................. 5

1.2 Áreas de aplicação da Microbiologia ........................................... 6

1.3 A Evolução da Microbiologia ....................................................... 7

1.4 Geração Espontânea vs Biogênese ............................................ 7

1.5 Teoria Microbiana das Doenças .................................................. 8

2 MICROBIOLOGIA AMBIENTAL....................................................... 10

2.1 Impacto dos microrganismos no ambiente ................................ 10

2.2 Biogeografia .............................................................................. 11

2.3 População microbiana ............................................................... 11

2.4 Nicho Ecológico ......................................................................... 11

2.5 Ecologia..................................................................................... 12

2.6 Densidade Populacional ............................................................ 12

2.7 Lei do mínimo de Liebig ............................................................ 13

2.8 Lei da tolerância de Shelford ..................................................... 13

3 MICRORGANISMOS PRESENTES NO SOLO ............................... 17

4 CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS MICRORGANISMOS


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4.1 Bactérias ................................................................................... 20

4.2 Fungos ...................................................................................... 21

4.3 Protozoários (protista) ............................................................... 23

4.4 Vírus .......................................................................................... 23

5 CRESCIMENTO MICROBIANO ...................................................... 24

5.1 Fatores Físicos .......................................................................... 24

5.2 Fatores Químicos ...................................................................... 26

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6 MEIOS E CONDIÇÕES PARA O CULTIVO DE MICRORGANISMOS
28

6.1 Os tipos de meios de cultura para o cultivo de microrganismos 29

6.2 A classificação dos meios de cultura ......................................... 30

7 CATABOLISMO E ANABOLISMO ................................................... 30

8 CICLOS BIOGEOQUÍMICOS .......................................................... 32

8.1 O ciclo do carbono .................................................................... 33

8.2 O ciclo da água ......................................................................... 34

8.3 O ciclo do nitrogênio .................................................................. 35

8.4 Ciclo do Oxigênio ...................................................................... 36

8.5 O ciclo do enxofre ..................................................................... 37

8.6 O ciclo do fósforo ...................................................................... 38

8.7 Interferência humana sobre os ciclos biogeoquímicos .............. 39

BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 40

9 LEITURA COMPLEMENTAR........................................................... 43

9.1 Qualidade microbiológica de 10 amostras de café produzido numa


indústria em João Pessoa............................................................................. 43

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1 INTRODUÇÃO À MICROBIOLOGIA

A palavra Microbiologia deriva do grego: mikros (“pequeno”), bios (“vida”),


e logos (“ciência”). Esta Ciência estuda os organismos microscópicos e suas
atividades biológicas, isto é, verificam as diversas formas, estruturas,
reprodução, aspectos bioquímico-fisiológicos, e seu relacionamento entre si e
com o hospedeiro, podendo ser benéficos e prejudiciais. A Microbiologia trata os
organismos microscópicos unicelulares, onde todos os processos vitais são
realizados numa única célula.
Independente da complexidade de qualquer organismo, a célula é, e deve
ser considerada, a unidade básica da vida. Todas as células vivas são
basicamente estão compostas de: protoplasma (do grego: primeira substância
formada), complexo orgânico coloidal constituído principalmente de proteínas,
lipídeos e ácidos nucléicos; membranas limitantes ou parede celular; e um
núcleo ou uma substância nuclear equivalente.
De forma geral, todos os sistemas biológicos possuem as seguintes
características comuns:
 habilidade de reprodução;
 capacidade de ingestão ou assimilação de substâncias
alimentares, visando a obtenção de energia e de crescimento;
 habilidade de excreção de produtos tóxicos;
 capacidade de reagir ou se adaptar às alterações do meio
ambiente, e
 susceptibilidade a mutações.
Os microrganismos apresentam sistemas específicos para estudo das
reações fisiológicas, genéticas e bioquímicas, constituindo a base da vida. Seu
crescimento reprodução é rápido e em ritmo elevado, sendo que algumas
espécies bacterianas podem apresentar 100 gerações em menos de 24 horas.
Os processos metabólicos microbianos são similares ao que ocorrem nos
vegetais superiores e nos animais. As leveduras, por exemplo, utilizam a glicose,
basicamente do mesmo modo que as células de mamíferos, mostrando que o
mesmo sistema enzimático está presente nestes organismos tão diversos.

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Em Microbiologia podem-se estudar os organismos em detalhes e
observar seus processos vitais durante o crescimento, reprodução,
envelhecimento e morte. Com a alteração das condições ambientais, se podem
alterar as atividades metabólicas, regular o crescimento e, alterar o padrão
genético, sem ocasionar a destruição microbiana. Os principais grupos de
microrganismos são os protozoários, fungos, algas e bactérias. Os vírus, apesar
de não serem considerados organismos vivos e sem partículas, têm algumas
características de células vivas.

1.1 Posição dos microrganismos no mundo vivo

Em 1866, o zoólogo alemão E. H. Haeckel sugeriu que os microrganismos


que não podiam ser classificados como vegetais ou animais, fossem
denominados de protistas formando o reino Protista, constituído unicamente por
seres unicelulares. Assim, ao se falar de protistas, estariam envolvidas as
bactérias, algas, fungos e protozoários, excluindo-se os vírus que não são
organismos celulares. Posteriormente, com o desenvolvimento da microscopia
eletrônica, forma analisadas as características ultra-estruturas, sendo os
microrganismos divididos em: procariotos e eucariotos. Esta divisão é baseada
nas diferenças de organização da maquinaria celular. As algas azuis
(cianofíceas) e as bactérias são consideradas organismos procariotos.
Entre os microrganismos eucariotos estão incluídos os protozoários,
fungos e demais algas (obs. as células animais e vegetais são, também,
eucarióticas). Os vírus, isolados entre os microrganismos, são deixados de lado
neste esquema de organização celular. Robert H. Whittaker (1969) criou outro
sistema de classificação, constituído de cinco reinos, baseado no modo pelo qual
o organismo obtém nutrientes de sua alimentação. Assim, os microrganismos,
são encontrados em três dos cinco reinos: Reino Monera (bactérias e
cianobactérias), Reino Protista (algas microscópicas e os protozoários) e Reino
Fungi (leveduras e bolores).
Até 1977, prevalecia a ideia prevalecente que os procariotos, pela sua
simplicidade estrutural, eram ancestrais de eucariotos mais complexos.
Entretanto, os estudos de Carl Woese e colaboradores, comprovaram que os

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procariotos e eucariotos evoluíram por vias completamente diferentes a partir de
um ancestral comum. Estes pesquisadores utilizaram a técnica que compara o
arranjo nucleotídico do RNA entre diferentes organismos. Assim, se as
sequências de ribonucleotídeos de dois organismos diferem grandemente, a
relação entre ambos seria muito distante; ou seja, esses organismos divergiram
há muito tempo de um ancestral comum. Porém, se as sequências forem muito
similares, os organismos estariam intimamente relacionados a um ancestral
comum. Dentre todos procariotos, existe um terceiro tipo de sequência diferente
dos anteriores, concluindo-se que há dois grupos principais de bactérias,
denominados de arqueobactérias e eubactérias.

1.2 Áreas de aplicação da Microbiologia

Existem numerosos aspectos no estudo da Microbiologia, que são


divididos em duas áreas principais: a Microbiologia Básica e a Microbiologia
Aplicada. A Microbiologia básica estuda a natureza fundamental e as
propriedades dos microrganismos, enfatizando sobre as características
morfológicas coloniais e celulares; características fisiológicas (necessidades
nutricionais específicas e condições necessárias ao crescimento e reprodução);
atividades fisiológico-bioquímicas (Metabolismo); características genéticas;
características ecológicas e sua relação com outros organismos e com o
hospedeiro; potencial de patogenicidade; e classificação taxonômica. Já a
Microbiologia aplicada estuda como os microrganismos podem ser usados ou
controlados com finalidades práticas, sendo os principais campos de aplicação
a medicina, agricultura, indústria, e meio ambiente. Certos microrganismos
fermentam material orgânico animal e humano, produzindo gás metano que
pode ser coletado e usado como combustível. Na indústria, são utilizados na
síntese de uma variedade de substâncias químicas, desde o ácido cítrico até
antibióticos. Na indústria do petróleo são utilizados exopolissacarídeos
bacterianos, para aumentar a extração do petróleo de rochas reservatório; e na
área ambiental, para degradar poluentes específicos, como herbicidas e
inseticidas.

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A Microbiologia Médica estuda os microrganismos causadores de
doenças em humanos e animais. Por exemplo, pelo uso da engenharia genética,
têm sido usadas enzimas bacterianas que dissolvam coágulos sanguíneos,
vacinas humanas e testes rápidos para diagnóstico de várias infecções, entre
outras. A Microbiologia de alimentos está relacionada com as doenças que
podem ser transmitidas pelos alimentos, como por exemplo, infecções causadas
por salmonelas, estafilococos e clostrídios.

1.3 A Evolução da Microbiologia

Considera-se o início da Microbiologia se deu quando se aprendeu a polir


lentes de vidro, e ao combiná-las produzia aumentos suficientes para a
visualização de microrganismos. No século XIII, Roger Bacon postulou que a
doença era produzida por seres vivos invisíveis. Este postulado foi reforçado e
defendido por Fracastoro de Verona (entre 1483-1553), e posteriormente por
Von Plenciz (1762), mas nenhum deles apresentava provas.
Em 1665, Robert Hooke visualiza e descreve as células em um pedaço
de cortiça, sugerindo que animais e plantas, por mais complexos que sejam,
eram compostos de partes elementares repetidas. Entretanto, é muito provável
que o primeiro a visualizar bactérias e protozoários, foi o holandês Antony Van
Leeuwenhoek (1632-1723), relatando suas observações, com descrições
precisas e desenhos, denominando de pequenos “animálculos”. Posteriormente,
foi usada a palavra “bacterium”, introduzida pelo alemão Ehrenberg, em 1828,
que significa da palavra em grego "pequeno bastão". Em 1878, o cirurgião
francês, Charles-Emmanuel Sedillot introduz a palavra micróbio.

1.4 Geração Espontânea vs Biogênese

A descoberta dos microrganismos incentivou o interesse científico sobre


a origem dos seres vivos. Já entre 384 e 322 a.C., Aristóteles pensava que os
animais podiam se originar, espontaneamente, do solo, plantas ou outros
animais diferentes, e esta ideia ainda continuou até o século XVII. Tudo isto,
devido a que, por exemplo, larvas podiam ser originadas pela decomposição da

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carne, embora o pesquisador Francesco Redi (1626-1697) já duvidava desse
fato. Assim, ele realizou um experimento na qual colocou carne numa jarra
coberta com gaze. Atraídas pelo odor da carne, as moscas puseram seus ovos
sobre a cobertura e as larvas emergiam. Entre 1729 e 1799, Spallanzani ferveu
caldo de carne durante uma hora, fechando os frascos após fervura. Nenhum
microrganismo apareceu, mas seus resultados, ainda que repetidos, não
convenceram.
60 a 70 anos mais tarde dois pesquisadores responderam a este
argumento. Franz Schulze (1815-1873) aerava infusões fervidas, fazendo o ar
atravessar soluções fortemente ácidas, enquanto Theodor Schwann (1810-
1882) forçava o ar através de tubos aquecidos ao rubro. Em nenhum dos casos
surgiram os micróbios. Os adeptos da geração espontânea não se convenceram,
dizendo que o ácido e o calor é que não permitiram o crescimento dos micróbios.
O conceito da geração espontânea foi revivido, pela última vez, por Pouchet
(1859), que segundo ele tinha a prova da ocorrência. Pouchet foi rebatido por
Louis Pasteur (1822- 1895) onde pelo conhecido experimento, onde preparou
um frasco com pescoço de cisne, as soluções nutritivas foram fervidas no frasco
e o ar não-tratado e não-filtrado podia passar para dentro ou para fora. Os
micróbios, porém, depositavam-se no pescoço de cisne e não apareciam na
solução. Finalmente, John Tyndall (1820-1893) efetuou experiências numa caixa
especialmente desenhada para provar que a poeira carrega os micróbios. Se
não houver poeira, o caldo estéril ficará livre de crescimento microbiano por
períodos indefinidos de tempo.

1.5 Teoria Microbiana das Doenças

Em 1762, Von Plenciz, afirmou que os seres vivos seriam as causas de


doenças, e que microrganismos diferentes eram responsáveis por enfermidades
diferentes. O médico Oliver W. Holmes (1809-1894) insistia que a febre puerperal
era contagiosa e, provavelmente, causada por um germe transmitido de uma
mãe para outra por intermédio das parteiras e dos médicos. Quase na mesma
época, o médico húngaro Ignaz P. Semmelweis (1818-1865) introduzia o uso de
antissépticos na prática obstétrica. Na França, Louis Pasteur estudou os

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métodos e processos envolvidos na fabricação de vinhos e cervejas. Observou
que a fermentação de frutas e grãos resultava em álcool, e era produzido por
micróbios. Pasteur sugeriu que os tipos indesejáveis de microrganismos
deveriam ser eliminados pelo calor, não tão intenso que prejudicasse o gosto do
suco de fruta, mas suficiente para tornar inócuo o micróbio. Assim, mantendo os
sucos a uma temperatura de 62-63 o C, durante uma hora e meia, obtinha o
resultado desejado. Este processo tornou-se conhecido como pasteurização e
hoje é amplamente utilizado nas indústrias de fermentação, e dos derivados do
leite, visando a destruição dos microrganismos patogênicos.
Na Alemanha, o médico Robert Koch (1843-1910) estudou o problema do
carbúnculo hemático, que é uma doença do gado bovino, caprino e, às vezes,
do homem. Ele descobriu os bacilos típicos com extremidades cortadas em
ângulos retos, no sangue de animais mortos pela infecção carbunculosa.
Inoculou as bactérias em meios de cultura, examinou-as ao microscópio para
verificar de que apenas uma espécie tinha se desenvolvido e injetou-as em
outros animais para verificar se estes se tornavam doentes e desenvolviam os
sintomas clínicos do carbúnculo. A partir destes animais experimentais, Koch
isolou micróbios iguais aos que tinha encontrado originalmente nos animais
infectados. Esta foi a primeira vez que uma bactéria foi comprovada como causa
de doença animal.
A partir disto foram estabelecidos os postulados de Koch:
 Um microrganismo específico pode sempre ser encontrado em
associação com uma dada doença;
 O organismo pode ser isolado e cultivado, em cultura pura, no
laboratório;
 A cultura pura produzirá a doença quando inoculada em animal
sensível;
 É possível recuperar o microrganismo, em cultura pura, dos
animais experimentalmente infectados.

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2 MICROBIOLOGIA AMBIENTAL

A microbiologia ambiental é a interface entre as ciências ambientais e a


ecologia microbiana. Estuda os microrganismos e suas funções na condução de
processos nos sistemas naturais e prioriza os efeitos provocados pela presença
e atividade desses no meio ambiente. Com os avanços da biologia molecular
aumentou-se a habilidade de detectar e identificar microrganismos e suas
atividades no ambiente.
A diretriz principal da vida microbiana é sua sobrevivência, manutenção,
geração de ATP e crescimento. A grande diversidade de habitats fez com que
os microrganismos estivessem sob diferentes pressões seletivas o que resultou
na seleção de grande variedade metabólica, fisiológica e molecular.
Considerando-se que microrganismos ambientais podem afetar vários aspectos
da vida, e são facilmente transportados entre ambientes, as interfaces do campo
de microbiologia ambiental têm um número grande de diferentes
subespecialidades, incluindo solo, ambiente aquático, qualidade da água, saúde
ocupacional e controle de infecções e microbiologia industrial.

2.1 Impacto dos microrganismos no ambiente

Os microrganismos são agentes primários das mudanças geoquímicas.


Algumas características que possibilitam essa atuação ampla no ambiente são
sua distribuição ubíqua devido à grande diversidade metabólica e fisiológica,
pelo fato de serem pequenos e possuírem grande área superficial e as altas
taxas de atividade metabólica e de crescimento.
Os microrganismos são elementos chave na ciclagem e liberação dos
nutrientes e na manutenção da composição química do solo, água, sedimentos
e atmosfera. Além disso, são importantes na detoxificação de poluentes
orgânicos e inorgânicos, sendo a base de muitas tecnologias emergentes com
aplicação ambiental e industrial.

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2.2 Biogeografia

É o estudo da distribuição da diversidade no tempo e no espaço. Destina-


se a revelar onde os organismos vivem, sua abundancia e o porquê, ou seja,
revela a diversidade e a atividade desses.

2.3 População microbiana

Os ecossistemas são formados pelas comunidades biológicas e pelos


componentes abióticos. Cada ecossistema apresenta uma diversidade de
microrganismos distribuídos em duas categorias:

 Autóctones ou indígenas, que são os microrganismos residentes e


naturais daquele ambiente.
 Alóctones ou não indígenas, que são os microrganismos
transitórios. O ecossistema pode ser ocupado por microrganismos
especializados metabolicamente e que são restritos a um ambiente
distinto.

2.4 Nicho Ecológico

O nicho corresponde ao papel funcional do microrganismo na comunidade


e suas características de adaptação às condições ambientais. Cada espécie
apresenta requerimentos nutricionais particulares, propriedades cinéticas e
potenciais bioquímicos. As características do microrganismo são determinantes
da habilidade ou não de realizar uma função particular no ambiente (Figura 1).

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2.5 Ecologia

É o estudo da estrutura e da função do ecossistema. A estrutura é a


composição da comunidade biológica, a quantidade e a distribuição dos
componentes abióticos e a faixa gradiente das condições ambientais. Já a
função envolve processos relacionados com o fluxo de energia, a ciclagem de
nutrientes e a regulação mútua dos organismos no ambiente.

2.6 Densidade Populacional

Corresponde ao número de indivíduos por área. Pode ser modificada por


fatores abióticos, como modificações físico-químicas no meio, por fatores
bióticos, especialmente por relações ecológicas como a competição, e pelas
taxas de migração, mortalidade e natalidade.

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2.7 Lei do mínimo de Liebig

A biomassa total de um organismo é determinada pelo nutriente presente


no meio em menor concentração em relação a seus requerimentos. Em um dado
ecossistema sempre haverá algum fator nutricional limitante.

2.8 Lei da tolerância de Shelford

A ocorrência e abundância de um microrganismo em um ambiente


depende não somente dos nutrientes disponíveis, mas também dos fatores
químicos e físicos. O microrganismo apresenta um conjunto complexo de
condições, dentro de uma faixa de tolerância. Se qualquer condição exceder os
limites mínimo ou máximo, o organismo falha e morre. Para todo fator abiótico
existe uma faixa de crescimento, com valores cardeais mínimo, ótimo e máximo.

 Determinantes ambientais

- Químicos – nutrientes, minerais, composição atmosférica, pH, fatores de


crescimento, fontes de carbono e energia, potencial de eletro-redução.
- Físicos – radiação, pressão, salinidade, temperatura, atividade de água,
superfície.
- Biológicos – relações espaciais, genética do microrganismo e relações
ecológicas.

 Microrganismos extremófilos

Prosperam ou requerem condições extremas que excedem as condições


ótimas para o crescimento e reprodução da maioria dos microrganismos.
Sobrevivem em um leque de ambientes diferentes e utilizam uma gama de
diferentes fontes de carbono e energia. Possuem estratégias para reter água e
manter suas membranas, proteínas e ácidos nucléicos funcionais.

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 Temperatura

Afeta a taxa de crescimento por alterar a taxa das reações químicas. A


elevação da temperatura, até certos limites, leva ao aumento do crescimento e
das atividades metabólicas até um ponto, a partir do qual as reações de
inativação começam a atuar.

- Psicrófilos – crescem em temperaturas baixas, na faixa de 0oC a 200C,


com temperatura ótima em torno de 15oC. Não toleram o calor e são
encontrados em ambientes constantemente frios, tais como as regiões polares.
- Psicrotolerantes – capazes de crescer a 0 oC, mas com crescimento
ótimo na faixa de 20 oC a 40 oC. São um problema na conservação de alimentos,
sendo comumente encontrados em alimentos estragados.
- Mesófilos – com temperaturas medianas como ótimas de crescimento
(25 oC a 40 oC). São encontradas em animais de sangue quente e em ambientes
terrestre e aquáticos de latitudes tropicais.
- Termófilos – com crescimento ótimo em temperaturas superiores a
45oC. São encontrados em ambientes quentes. Geralmente produzem esporos
resistentes ao calor que sobrevivem inclusive aos tratamentos térmicos a que
são submetidos os alimentos enlatados. Importantes também em acúmulos de
compostos orgânicos cuja temperatura pode ser bastante alta.
- Hipertermófilos - crescimento ótimo em temperaturas superiores a 80oC.
encontrados em fontes termais, gêiseres e fendas hidrotermais.

 Pressão hidrostática

Os microrganismos são classificados de acordo com a faixa de pressão


hidrostática em que crescem. E são classificados em:

- Sensíveis – crescem bem a 1 atm.


- Barotolerantes – resistem a pressões bastante altas.
- Barofílicos – Precisam de grande pressão para crescer bem. Morrem a
1 atm.

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 Pressão osmótica

Força com a qual a água se move através da membrana plasmática, de


uma solução hipotônica para uma solução hipertônica. Pode causar
desidratação, lise ou plasmólise.

 Salinidade

É a soma da concentração de todos os constituintes iônicos dissolvidos


na água. A alta concentração de sal afeta a pressão osmótica, desnatura
proteínas e desidrata a célula. De acordo com a salinidade os microrganismos
podem ser classificados em:
- Não halofílicos – não necessitam de sal para crescer e não toleram sua
presença no meio.
- Halotolerantes – não necessitam de sal para crescer, mas suportam
certa quantidade no meio. O crescimento ótimo ocorre na ausência do sal.
- Halófilos- requerem certa quantidade de sal para crescer. Podem ser
discretos ou moderados, necessitando de baixa concentração de sal no meio, ou
extremo, necessitando de altíssima concentração de sal para crescer.

 Disponibilidade de água

A água é essencial para a atividade e crescimento dos microrganismos.


Processos fisiológicos requerem água para movimentação, trocas gasosas,
trocas de soluto, excreção de resíduos, obtenção de nutrientes e outras funções.
A atividade de água (Aa ou aw) é o parâmetro que mede a disponibilidade
de água para o microrganismo. Os valores de aw podem variar de 0 a 1.
Representa a água que está livre para agir como solvente ou participar de
reações químicas. É a água não ligada a macromoléculas por forças físicas. A
atividade de água corresponde à pressão de vapor da solução dividida pela
pressão de vapor da água pura. A atividade de água reduzida aumenta a fase
lag do crescimento, inibe a produção de toxinas por alguns microrganismos e

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altera a permeabilidade da membrana celular, levando à perda de moléculas
essenciais.

Fatores que interferem nos efeitos da atividade de água

- Temperatura– quanto mais próximo à temperatura ótima de crescimento,


maior a faixa de atividade de água em que o crescimento microbiano é possível.
- Nutrientes – a disponibilidade amplia a faixa de atividade de água onde
o crescimento microbiano é possível.
Microrganismos que crescem em baixas atividades de água bombeiam
íons inorgânicos para o interior da célula ou sintetizam solutos orgânicos
(chamados de solutos compatíveis). A quantidade máxima de solutos
compatíveis acumulados corresponde a uma característica geneticamente
determinada.

Adaptações aos períodos de dessecação

- Formação de esporos. - Formação de polissacarídeos extracelulares


(cápsula, camada mucosa com trehalose).
- Síntese de açúcares que formam uma fase de cristal não cristalino que
se liga a proteínas, impedindo sua desnaturação.
- A trealose forma ligações de hidrogênio com lipídeos, substituindo a
molécula de água e mantendo o estado fluido da membrana.

Adaptações à grande quantidade de água

- Parede celular rígida para evitar a lise em bactérias.


- Vacúolos contráteis em protozoários para bombear o excesso de água
para fora da célula.
- Excreção de água através de aquaporinas em algumas bactérias.

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3 MICRORGANISMOS PRESENTES NO SOLO

Microrganismos do solo, em conjunto com a biota total e, especialmente,


com a vegetação superior, constituem um dos cinco fatores que interagem na
formação do solo; os outros quatros são clima, topografia, material parental e
tempo. Os processos físicos e químicos de desagregação das rochas para finas
partículas com grandes áreas de superfície e, acompanhado da perda de
nutrientes das plantas, iniciam o processo de formação do solo. Os dois
principais nutrientes que são deficientes nos estágios iniciais desse processo
são carbono e nitrogênio. Por isso, os colonizadores iniciais do material parental
do solo são usualmente organismos capazes de fotossintezar e fixar nitrogênio.
Esses são predominantemente as cianobactérias, também conhecidas como
algas azuis esverdeadas. Após o estabelecimento da vegetação superior,
processos contínuos do solo produzem a mistura dinâmica de vida e morte das
células, matéria orgânica do solo, e partículas minerais em pequenos tamanhos
suficientemente para permitir íntimas interações coloidais características do solo
(PAUL; CLARK, 1988).
Em termos de diversidade genética, o solo é o local de inúmeras e
variadas populações de todos os tipos de microrganismos, sendo o reservatório
final da maioria deles (CARDOSO, 1992). Além disso, contém bilhões de
organismos, os quais têm funções e nichos ecológicos específicos, e cada um
contribui para várias atividades bióticas no ambiente. Os maiores grupos de
organismos do solo incluem vírus, bactérias, fungos, algas e macrofauna como
artrópodes e protozoários. Esses organismos têm específicos nichos ecológicos
e funções, e cada um contribui para várias atividades do ambiente. As bactérias
e fungos são importantes nas transformações bioquímicas, principalmente de
agrotóxicos. Populações destes organismos contêm grupos diversos que podem
mediar um número infinito de transformações bioquímicas. A importância da
microflora do solo é demonstrada pelos seus números e biomassa (Tabela 1)
(PEPPER; JOSEPHSON, 1996 citados por PEPPER et al., 1996).

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Em se tratando da diversidade de microrganismos no solo, cerca de
160.000 espécies são conhecidas e descritas na literatura. A cada ano, uma
média de 1.700 e 120 novas espécies de fungos e bactérias, respectivamente,
são descritas na literatura. Estimativas, consideradas por alguns como
conservadoras apontam para um total em torno de 1,8 milhões de espécies
(HAWKSWORTH, 1992 citado por COUTINHO et al., 2001). Contudo, talvez
menos de 0,1 a 10% das espécies microbianas, dependendo do hábitat
estudado, tenham sido descobertas e nomeadas até o presente (TRÜPER, 1992
citado por COUTINHO et al., 2001).
A população microbiana do solo existe em equilíbrio dinâmico formado
pelas interações dos fatores bióticos e abióticos que podem ser alterados pelas
modificações do meio ambiente. As bactérias são os organismos mais
abundantes e os mais versáteis degradadores de agrotóxicos, com uma
população que varia de 106 a 109 organismos g-1 solo. Os fungos ocorrem em
menor número, 104 a 106 g-1 solo. O número total de actinomicetos no solo é
cerca de 107 g-1 solo (HEAD et al., 1990).
A dominância e participação de bactérias em processos do solo baseadas
em literaturas (CLARK; PAUL, 1988; PEPPER et al., 1996) podem ser
tendenciosas pela facilidade de isolamento de espécies ou facilidade de seu
cultivo in vitro. Esses autores citam que, no solo, há dominância dos gêneros de
bactérias Arhrobacter, Streptomyces, Pseudomonas e Bacillus; de fungos
Penicillium, Aspergillus, Fusarium, Rhizoctonia, Alternaria e Rhizopus e, de
actinomicetos (tecnicamente classificados como bactérias) Streptomyces.
Em relação às ferramentas para classificação de microrganismos, existem
avanços no desenvolvimento de novas técnicas. Azevedo (1998) destaca
técnicas, não só como auxiliares na taxonomia microbiana como também na

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detecção de novos microrganismos como: eletroforese para isozimas,
hibridizações DNA-DNa, técnicas de análise direta do DNA conhecidas por siglas
como RFLP, PCR, RAPD, além do uso de eletroforese em campo pulsado para
separar e determinar tamanho e número de cromossomos de microrganismos.
Ainda com relação às técnicas, Fungaro e Vieira (1998) ressaltam o uso
da técnica de PCR (Reação de Polimerase em Cadeia) na detecção e
identificação de microrganismos em ambientes naturais. Os autores apresentam
metodologias que permitem detectar microrganismos em amostras obtidas de
ambientes naturais, sem a necessidade de cultivá-los em laboratório, incluindo:
microrganismos engenheira dos liberados no ambiente, microrganismos
selvagens no ambiente, microrganismos viáveis, mas não-cultiváveis.
No entanto, cabe salientar que, atualmente, menos de 1% da diversidade
das espécies de microrganismos do solo são consideradas cultiváveis por
técnicas tradicionais, sendo um problema que pode ser contornado por
abordagens metagenômicas. Considerando que o nível da diversidade do solo é
maior do que estimativas baseadas em métodos de extração de DNA, esforços
são necessários para acessar um metagenôma total para estudos imparciais de
ecologia microbiana (DELMONT et al., 2011). Porém, essas abordagens geram
um número exorbitante de informações, sendo necessários avanços em
bioinformática diante da adaptação à enorme quantidade de dados de
sequenciamento gerados (PESSOA FILHO, 2010).

4 CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS MICRORGANISMOS

A caracterização e classificação dos organismos vivos são o principal


objetivo nas diferentes áreas da Biologia. As comparações das características
de grande número de microrganismos resultam, eventualmente, num sistema de
agrupamento das espécies semelhantes. Por fim, cria-se um grupo com
características muito semelhantes, que é considerado como uma espécie e
recebe um nome específico. Uma cultura que consiste em uma única espécie de
microrganismo, independentemente do número de indivíduos, é denominada de
cultura axênica ou culturas puras. Se dois ou mais tipos (espécies) crescem

19
juntos, como normalmente ocorre na natureza, passam a constituir uma cultura
mista.
Antes de identificar e classificar um microrganismo, suas características
devem ser determinadas com detalhes como seguem:
 Características culturais: exigências nutricionais e atmosféricas
ambientais;
 Características morfológicas coloniais e celulares;
 Características metabólicas: envolve reações químicas vitais para
sua sobrevivência;
 Características antigênicas: componentes especiais da célula que
fornecem evidências de semelhança entre as espécies; e
 Características genéticas: composição do ácido
desoxirribonucléico (DNA).

4.1 Bactérias

As bactérias são unicelulares, ou seja, possuem uma célula e não tem


carioteca (um núcleo celular organizado). Como denominação são procariontes
e foram os primeiros seres vivos há habitar nosso planeta e, possuem as
características dos principais grupos de microrganismos.
Em relação aos formatos, existem os:
 Bacilos (em formato de bastão)
 Cocos (forma ovalada)
 Espirilos (formato de espiral)
 Vibriões (em formato de virgula)

Quando agrupadas, as bactérias formam arranjos/colônias divididos


conforme a imagem abaixo:

20
Fonte: tecnicoemenfermagem.net.br

Elas estão em todo lugar inclusive dentro de nossos corpos e em sua


grande maioria são causadoras de diversas doenças.
A reprodução das bactérias mais comum é o de fissão binária, onde
acontece a divisão da célula em duas partes.
Estudos realizados conseguiram destinar algumas bactérias específicas
para produção de alimentos e remédios (insulina) e também na
decomposição de matéria orgânica.
Em nossa biosfera as bactérias possuem uma relevância fantástica, pois,
atuam como as responsáveis principais de decomposição e reciclagem dos
nutrientes, como o nitrogênio e enxofre.

4.2 Fungos

Os fungos podem ser unicelulares ou pluricelulares e possuem as


características dos principais grupos de microrganismos. Como
denominação são eucariontes e possuem reprodução sexuada e assexuada.

21
Alguns fungos pluricelulares são maiores e podem ser tranquilamente
confundidos com plantas, porém não realizam fotossíntese. Ex.: os cogumelos.
Os considerados fungos verdadeiros têm a parede celular composta de
quitina.
Existem fungos que são benéficos e possuem um grau
de importância na cadeia alimentar ao decompor vegetais e reciclando (terra,
água, animal ou planta). Ex.: bolores. Todavia, existem alguns que causam
enfermidades.
Os fungos que normalmente vimos são os bolores. Eles criam micélio,
uma massa formada por filamentos (hifas) que após ramificar se expandem.
Eles podem ser (conforme a espécie):
Decompositores – quebrando os produtos orgânicos e reciclando
carbono, nitrogênio e outros compostos do solo e do ar.
Parasitas – que obtêm nutrientes de outros seres, prejudicando-os,
causando doenças ou até a morte de plantas, animais ou seres humanos.
Simbiontes – os que possuem relação simbiótica com seres autotróficos,
ocasionando maior eficiência ao colonizar locais poucos favoráveis a
sobrevivência.
Fungos predadores – estes “caçam” e se alimentam de pequenos
animais (nematódeos) que vivem na terra. E todos são heterotróficos, ou
seja, alimentam-se de matéria orgânica.
São usados para fabricação de alimentos, remédios, desinfetantes,
inseticidas, anticorrosivos, simplificadores dos mecanismos de produção de
álcool e até no controle de qualidade de produtos industriais.
Conhecidos por ser uma das primeiras formas de vida no planeta,
possuem uma diversidade grandiosa comparada a qualquer outro ser. Como
sempre existiu controvérsia em sua classificação, foram registrados como um
reino à parte.

22
4.3 Protozoários (protista)

Os protozoários são microrganismos unicelulares e heterotróficos. Com


denominação eucariontes e com movimentação baseada por pseudópodes,
flagelos ou cílios.
Eles podem viver livres (ambientes aquáticos e na terra desde que úmida)
ou de forma parasitária. Além disso, possuem a reprodução de forma sexuada e
assexuada. É um importante indicador de poluição em rios, lagos e mares.
A conjunção realizada por determinados protozoários não é definida por
alguns autores como reprodução sexuada. Afinal, neste processo não gera como
resultado o aumento de seres. E os autores que consideram uma forma de
reprodução alegam quem mesmo que não aconteça o aumento de seres, existe
a troca genética.
Após realizar a troca os dois seres começam uma divisão binária com
suas novas combinações genéticas. Os seres que vemos este processo são os
protozoários ciliados.

4.4 Vírus

Os vírus não possuem células e pertencem as características dos


principais grupos de microrganismos. Na sua estrutura, existe uma cápsula
proteica para proteger o material genético (DNA ou RNA).
A reprodução é feita com a ajuda de outros organismos, e são
considerados somente vivos, quando executam a multiplicação nas células que
infectaram. Esse tipo de reprodução é uma forma alternativa de multiplicar o
DNA, pois é feito sem a criação de uma nova célula. Sendo assim, fora de seu
hospedeiro tornam-se inerte e não desempenham nenhuma função vital. E, por
isso, classificá-los com ser vivo é algo não aceito por muitos.
As partículas virais podem ser consideradas de duas formas distintas,
agentes de doença; quando a infecção na célula hospedeira leva a ruptura e
morte; e agentes de hereditariedade, quando a partícula viral entra na célula
causando apenas modificações genéticas na célula hospedeira.

23
Os vírus causam uma patologia específica e são capazes em grande
parte dos casos de reconhecer o seu hospedeiro. Exemplo de vírus: sarampo.
Não existe uma prova concreta até o momento sobre a origem do vírus,
porém, existem algumas sugestões de como tenha sido:
Evolução química: primeiramente é importante que saiba que essa é a
de menos aceitação. Aqui sugere que os vírus eram formas primárias da vida
que surgiram separadamente na primeira célula (sopa primordial). Sendo assim,
cada vírus teria uma origem diferente, ou seja, em uma outra célula nova.
Evolução retrógrada: surgiram através de microrganismos parasitas
intracelulares que no decorrer de sua evolução perderam partes de sua
codificação de proteínas no genoma. Ficando apenas com os genes que
garantiriam sua replicação.
DNA autorreplicante: aqui a origem partiu com sequências
autorreplicantes de DNA (plasmídeos e transposons) tornando-se parasitas para
sobreviver.
Origem celular: nessa teoria a culpa é de certa forma do hospedeiro que
originou alguns componentes de células autônomos. Assim, agiam como genes
e conseguiam sobreviver sem a ajuda da célula. Essa hipótese é mais aceita
porque alguns vírus possuem em determinadas regiões do genoma áreas
semelhantes à sequência de genes celulares capazes de codificar proteínas
funcionais.

5 CRESCIMENTO MICROBIANO

5.1 Fatores Físicos

Incluem temperatura, pH e pressão osmótica.


Influência dos fatores físicos

 Classificar os microrganismos em cinco grupos com base na faixa


de temperatura ótima para seu crescimento.
 Identificar os mecanismos que controlam as variações de pH no
meio de cultura

24
 Explicar a importância da pressão osmótica para o crescimento
microbiano.

Temperatura

A maioria dos microrganismos cresce bem nas temperaturas ideais para


os seres humanos. No entanto, certas bactérias são capazes de crescer em
temperaturas extremas, onde a maioria dos organismos eucarióticos não
sobreviveria.
Os microrganismos são classificados em três grupos primários
considerando as variações na temperatura de crescimento: psicrófilos (crescem
em baixas temperaturas), mesófilos (crescem em temperaturas moderadas) e
termófilos (crescem em altas temperaturas). A maioria dos microrganismos
cresce dentro de variações limitadas de temperatura, sendo que a temperatura
máxima e mínima de crescimento pode-se distanciar somente em 30ºC.

pH
O pH foi definido como a acidez ou a alcalinidade de uma solução. A
maioria das bactérias cresce melhor dentro das variações pequenas de pH
sempre perto da neutralidade, entre pH 6,5 e 7,5. Poucas bactérias são capazes
de crescer em pH ácido como pH 4,0.
Um tipo de bactéria quimioautotrófica encontrada em águas de drenagem
de minas de carvão, oxidando enxofre para formar ácido sulfúrico, pode
sobreviver em valores de pH 1,0. Os fungos filamentosos e as leveduras podem
crescer em variações de pH maiores que as bactérias, sendo, no entanto, os
valores ótimos de pH para fungos geralmente inferior, entre pH 5 e 6.

Pressão Osmótica

Os microrganismos retiram da água, presente no seu meio ambiente, a


maioria dos seus nutrientes solúveis. A água presente dentro da célula pode ser

25
removida por elevações na pressão osmótica. Quando uma célula microbiana se
encontrar em uma solução contendo uma concentração de sais superior àquela
do interior da célula ocorrerá a passagem da água de dentro da célula, através
da membrana plasmática, para o meio extracelular. A perda de água por osmose
causa a plasmólise ou diminuição da membrana plasmática da célula.
A importância deste fenômeno está na inibição do crescimento no
momento em que a membrana plasmática se separa da parede celular. Assim,
a adição de sais em uma solução, com consequente aumento da pressão
osmótica, pode ser utilizada na preservação dos alimentos, pois a alta
concentração de sal ou de açúcar remove a água do interior da célula microbiana
impedindo seu crescimento.

5.2 Fatores Químicos

São necessários água, fontes de carbono e nitrogênio, minerais, oxigênio


e fatores orgânicos de crescimento.
Influências dos fatores químicos:

 Determinar o uso de cada um dos quatro elementos (carbono,


nitrogênio, enxofre e fósforo) necessários para o crescimento
microbiano.
 Explicar como ocorre a classificação dos microrganismos usando
como referência as necessidades de oxigênio.
 Identificar os mecanismos utilizados pelos microrganismos para
evitar os efeitos tóxicos da formas de oxigênio.

Carbono

O carbono, junto com a água, é um dos elementos mais importantes para


o crescimento microbiano. O carbono é essencial para a síntese de todos os

26
compostos orgânicos necessários para a viabilidade celular sendo considerado
o elemento estrutural básico para os seres vivos.

Nitrogênio, Enxofre e Fósforo

Os organismos utilizam nitrogênio inicialmente para sintetizar os grupos


amino que estão presentes nos aminoácidos fazendo parte das proteínas. Muitas
bactérias obtêm estes compostos nitrogenados sintetizados pela célula. Outras
bactérias utilizam nitrogênio a partir de íons. O enxofre é utilizado a síntese dos
aminoácidos contendo enxofre e de vitaminas como a tiamina e biotina. As fontes
naturais de enxofre importantes incluem o íon sulfato, sulfito de hidrogênio e
aminoácidos que contêm enxofre na sua estrutura. O fósforo é essencial para a
síntese dos ácidos nucléicos e para os fosfolipídios componentes da membrana
celular. O potássio, o magnésio e o cálcio também são elementos necessários
para os microrganismos frequentemente como co-fatores para reações
enzimáticas.

Oxigênio

Grande dos organismos vivos, devido ao seu metabolismo, atualmente


necessita de oxigênio para sua respiração aeróbica.
Os microrganismos capazes de utilizar oxigênio molecular são capazes
de produzir mais energia a partir do uso de nutrientes que organismos que não
usam o oxigênio (anaeróbicos).
Os aeróbicos obrigatórios possuem uma desvantagem em relação aos
outros organismos, pois o oxigênio não é capaz de dissolver-se eficientemente
na água do seu meio ambiente apresentando, portanto baixos níveis de oxigênio
dissolvido. Em função disso muitas bactérias aeróbicas desenvolveram a
capacidade de continuar seu crescimento na ausência de oxigênio.
Água

27
Essencial a qualquer microrganismo, embora as necessidades sejam
variadas. É o solvente universal, mas sua disponibilidade é variável (soluções
com açúcares ou sais têm menos água disponível).
Aw: pressão do vapor em equilíbrio com a solução/ pv da água, variando
de 0 a 1. Os organismos que vivem em ambientes onde a disponibilidade de
água é baixa desenvolvem mecanismos para extrair água do ambiente, pelo
aumento da concentração de solutos internos, seja bombeando íons para o
interior ou sintetizando ou concentrando solutos orgânicos (solutos compatíveis),
que podem ser açucares, álcoois ou aminoácidos (prolina, betaine, glicerol).

Fatores Orgânicos de Crescimento

São aqueles compostos orgânicos essenciais que o organismo não é


capaz de sintetizar necessitando retirá-los do meio ambiente. As vitaminas são
os fatores orgânicos de crescimento para os homens. Muitas vitaminas têm a
função de coenzimas necessárias para suas atividades enzimáticas sendo
independentes de fontes extracelulares. No entanto, em algumas bactérias
certas vitaminas são consideradas como fatores orgânicos de crescimento
devido à ausência de enzimas que participam das rotas metabólicas de sua
síntese. Outros fatores orgânicos de crescimento necessários para algumas
bactérias podem ser aminoácidos purinas e pirimidinas.

6 MEIOS E CONDIÇÕES PARA O CULTIVO DE MICRORGANISMOS

O cultivo de microrganismos é fundamental para o conhecimento científico


biológico geral. Através desses micros seres vivos é possível analisar a história
do mundo, aprender sobre o comportamento do corpo humano, desenvolver cura
para doenças e mais uma serie de possibilidades provindas do estudo científico.
A condição principal para o cultivo de microrganismo é fornecer um
ambiente nutritivo isolado para que ocorra o crescimento desejado do
microrganismo. Como estamos falando de princípio de análise, o isolamento é
fundamental, visto que qualquer agente externo pode interferir no
comportamento do microrganismo, interferindo nos resultados finais do estudo.

28
No caso de um tipo bactéria, pode ser requerido uma proteína, carbono,
água e oxigênio para o cultivo de uma colônia. Se o objetivo for analisar um fungo
ou até mesmo outro tipo de bactéria, a condição do ambiente vai variar. Em
suma, a condição e o meio é alterada dependendo do tipo de microrganismo e
objetivo almejado mediante o cultivo.
Porém, é válido ressaltar que por mais que o cultivo de microrganismos
seja fundamental para a ciência e que os pesquisadores sempre estão evoluindo
os seus métodos de trabalhos, a maioria desses micros seres vivos encontrados
no ambiente não são cultiváveis em laboratórios, o que dificulta bastante o
estudo dos mesmos.

6.1 Os tipos de meios de cultura para o cultivo de microrganismos

Os meios de cultura utilizados nos laboratórios são classificados como


sólidos, semissólidos e líquidos. Os semissólidos se caracterizam por conter uma
parte de sua composição feita de água e/ou de uma gelatina específica utilizada
nos laboratórios; o líquido, por sua vez, é caracterizado por um caldo repleto de
nutrientes para o desenvolvimento do microrganismo.
A classificação dos meios de cultura é feita em duas categorizas: sintético
e complexo.

Meio de cultura sintético:


São classificados como meio de cultura sintético o ambiente nutritivo onde
se sabe exatamente qual é a composição química. Esse método é muito comum
em análises de laboratório, pois esse meio acaba suprindo as exigências
nutritivas do organismo, permitindo o seu crescimento espontâneo.

Meio de cultura complexo:


Por sua vez, os meios de cultura complexo não possuem uma composição
exata, sendo variados ou não definidos, como amido, tomate, malte, etc. Esse
meio é comum quando não existe uma necessidade nutritiva específica exigida
pelo microrganismo. A cultura complexa é muito comum em fungos e bactérias
heterotróficas.

29
6.2 A classificação dos meios de cultura

Os meios de cultura mais utilizados podem ser classificados pelas


seguintes condições:
Meios enriquecidos: Para alguns microrganismos o seu cultivo será
muito complicado, portanto, é necessário fornecer um ambiente enriquecido de
nutrientes para que ele possa se manter e crescer, possibilitando a sua análise;
Meios diferenciais: Esse meio é utilizado para estabelecer diferenças em
microrganismos semelhantes;
Meios seletivos: Os meios seletivos permitem a ação de uma substância
que para o crescimento de um microrganismo permitindo o crescimento de outro.
O objetivo, como o próprio nome indica, é fazer uma seleção a fim de realizar
uma análise mais complexa;
Outros meios: Pré-enriquecido, seletivo e diferencial, triagem,
identificação, dosagem, contagem e estocagem.

7 CATABOLISMO E ANABOLISMO

Para o funcionamento do organismo é necessário à ocorrência de


inúmeras reações bioquímicas em nível celular. O conjunto destas reações é
definido como metabolismo.
O metabolismo está dividido em duas partes que contêm objetivos e
resultados opostos, o anabolismo e o catabolismo.
As reações que acarretam o armazenamento de energia e construção de
tecidos são conhecidas coletivamente como anabolismo.
Neste processo, moléculas mais complexas são sintetizadas a partir de
moléculas menos complexas. Estas moléculas menos complexas recebem a
denominação de substratos.
Um exemplo deste processo anabólico reside na síntese de proteínas
dentro do tecido muscular a partir dos aminoácidos, e na formação de estoques
de glicogênio por intermédio do agrupamento de moléculas de glicose. Isto
ocorre, por exemplo, quando após uma sessão de treinamento temos a ingestão
adequada de nutrientes. Principalmente carboidratos e proteínas, onde os

30
carboidratos serão convertidos em glicose e parte desta armazenada como
glicogênio, e as proteínas fornecerão os aminoácidos necessários à hipertrofia
muscular.
O anabolismo demanda para sua ocorrência a oferta de energia e
substratos necessários às suas reações, sendo responsável pelo crescimento,
regeneração e manutenção dos diversos tecidos e órgãos presentes no
organismo.
Em um polo diametralmente oposto temos o catabolismo, onde o
organismo irá desmembrar moléculas mais complexas para assim obter as
moléculas mais simples, e por intermédio disto aumentar a disponibilidade de
nutrientes ao organismo.
Como exemplo de catabolismo, temos o processo de digestão dos
alimentos, onde o organismo realiza o "desmonte" dos nutrientes presentes nos
alimentos em moléculas mais simples que serão posteriormente usadas pelo
metabolismo.
As proteínas presentes em uma refeição à base de carnes irão ser
desmembradas em aminoácidos e estes serões lançadas à corrente sanguínea
para serem utilizados pelo organismo.
O catabolismo também ocorre quando o organismo está sem energia
suficiente e busca obter está por intermédio da destruição de seus próprios
tecidos e reservas, acarretando a liberação de aminoácidos e glicose que serão
convertidos em energia.
Durante um treinamento para manter a oferta de energia necessária, o
organismo estará utilizando o processo anteriormente descrito. Devido a isto,
dizemos que ninguém está "crescendo" ou aumentando a sua performance
durante uma sessão de treinamento, já que essa é essencialmente catabólica.
A melhora virá nos períodos de descanso onde o organismo, caso tenha
a oferta adequada de nutrientes, estará em anabolismo. Anabolismo e
Catabolismo acontecem alternadamente no organismo, para aferirmos o
resultado final destas reações teremos que analisar o balanço metabólico.
A diferença entre a quantidade total de anabolismo e a de catabolismo em
um período de tempo determina o balanço metabólico:

31
 Caso a quantidade de anabolismo tenha sido maior do que o de
catabolismo terá um balanço metabólico positivo.
 Caso a quantidade de catabolismo tenha sido maior do que o de
anabolismo terá um balanço metabólico negativo.
 Caso a quantidade de anabolismo tenha sido igual à de
catabolismo, teremos um balanço metabólico nulo
O catabolismo e anabolismo são regulados pelo sistema hormonal, onde
alguns hormônios específicos atuam como sinalizadores e desencadeadores
destes estados metabólicos.
Dentre os principais hormônios catabólicos temos a adrenocorticotropina
(ACTH) que ocasiona a secreção dos hormônios glicocorticóides, dentre os
quais figura o tão conhecido cortisol.
Os principais hormônios anabólicos são o hormônio do crescimento (GH),
a testosterona, a insulina e o IGF-1.

8 CICLOS BIOGEOQUÍMICOS

Os ciclos biogeoquímicos são circuitos fechados que compreendem o


percurso e as transformações dos diversos elementos constituintes da matéria
viva ao atravessar as camadas da Terra. Representam o caminho percorrido
pela matéria de um organismo a outro, deles para o ambiente físico e deste
novamente para os seres vivos.
O planeta Terra funciona como um sistema vivo: recebe um contínuo fluxo
de radiação solar que é aproveitado como energia interna pela biosfera e como
energia externa pelas camadas sólida, líquida e gasosa
(litosfera, hidrosfera e atmosfera) do planeta. A circulação de matéria que se
produz como consequência do recebimento dessa energia solar acontece em
circuitos fechados. Esses circuitos da matéria são denominados ciclos
biogeoquímicos.
Os protagonistas desses ciclos são normalmente elementos químicos,
como carbono, nitrogênio, fósforo, enxofre, potássio e outros compostos, como
a água.

32
Há duas classes de ciclos biogeoquímicos: os gasosos, em que os
elementos têm uma reserva, importante ou muito ativa, em forma de gás na
atmosfera, e os sedimentares, nos quais não há uma reserva no compartimento
atmosférico.

8.1 O ciclo do carbono

Uma das principais reservas de carbono encontra-se nos mares. A


vegetação, os solos e a atmosfera também constituem reservas de carbono.
Na atmosfera, a maior parte do carbono encontra-se sob a forma de gás
carbônico (ou dióxido de carbono, CO2). Essa é a molécula majoritária nos fluxos
desse ciclo do qual participam os seres vivos.
Na respiração de organismos aquáticos e terrestres, e também nos
processos que ocorrem nos solos, o CO2 é produzido e lançado na água ou na
atmosfera. A combustão de materiais orgânicos também produz gás carbônico.
Já na fotossíntese do plâncton e da vegetação, pelo contrário, ocorre o consumo
de CO2.
Nas regiões mais profundas do mar formam-se rochas carbonatadas
(como o calcário) ou sedimentos orgânicos, que incorporam o carbono numa
fase mais lenta do ciclo.

33
8.2 O ciclo da água

O ciclo da água é o mais significativo sob o ponto de vista da massa total


da substância em circulação. Em nosso planeta existem reservas de água nos
três estados físicos: sólido, líquido e gasoso.
O ciclo da água começa com a evaporação, nos mares, de quase 0,5
milhão de km3, que originam continuamente nuvens e dos quais quase 90%
retornam diretamente ao mar em forma de chuva. Também por parte dos
continentes ocorre continuamente uma emissão de água para a atmosfera,
por evaporação e por transpiração da cobertura vegetal. Esse processo é
denominado, em conjunto, evapotranspiração.
A água que vai para a atmosfera por evapotranspiração, mais os 10%
remanescentes da água evaporada dos mares, representa o total de chuva que
cai em terra firme, da qual cerca de metade corre para os rios, que, por sua vez,
a devolvem ao mar, onde se inicia um novo ciclo. O restante da água da chuva
infiltra-se no solo, originando os lençóis subterrâneos.

34
Essa circulação de água é possível graças à radiação solar como fonte de
energia externa e à energia potencial, que por ação da gravidade transporta a
água das maiores para as menores altitudes, até o nível do mar.

8.3 O ciclo do nitrogênio

O componente predominante na atmosfera é o gás nitrogênio (N2),


elemento pouco reativo quimicamente. Existem dois caminhos para que esse
nitrogênio seja aproveitável pela biosfera: a fixação abiótica, que acontece pela
força dos raios, e a fixação biológica, realizada por bactérias, algumas que vivem
livres e outras que estão em simbiose com plantas, principalmente as plantas
fabáceas (também chamadas de leguminosas, como o feijão, a soja e o
amendoim).
No total, a fixação representa apenas 12% do nitrogênio necessário para
a produção primária do conjunto da biosfera. O restante é obtido por meio da
reciclagem do nitrogênio presente na matéria orgânica. Há uma série de
bactérias que oxidam o nitrogênio orgânico e o transformam em nitrogênio
mineral, que pode ser absorvido pelas plantas através de suas raízes.
O processo contrário à fixação é a desnitrificação, também realizada por
bactérias, que devolve nitrogênio gasoso para a atmosfera.

35
8.4 Ciclo do Oxigênio

Os átomos de oxigênio estão disponíveis principalmente na atmosfera, na


forma de gás oxigênio, mas podem ser encontrados em diferentes compostos
minerais e orgânicos.
Na atmosfera, o oxigênio é encontrado à taxa de 21%. Na forma de gás é
utilizado na respiração aeróbica de animais. O oxigênio também pode ser
encontrado na forma de gás carbônico atmosférico (CO2), utilizado pelos
organismos fotossintetizantes na formação de compostos orgânicos.
A fotossíntese é o processo responsável por grande parte da produção do
oxigênio presente na atmosfera. Nesse processo, o O2 é liberado durante a
construção de moléculas orgânicas. O consumo do O2 ocorre pela oxidação de
moléculas orgânicas, no processo de respiração.
O ciclo do oxigênio consiste na passagem do oxigênio de compostos
inorgânicos, como O2, CO2 e H2O, para compostos orgânicos (açúcares) dos
seres vivos e vice-versa. Observe o esquema a seguir.

36
A decomposição de matéria orgânica, assim como a respiração dos seres
vivos e a combustão (queima), são os responsáveis pela devolução do O2 à
atmosfera, na forma de CO2 e água, respectivamente. Parte do oxigênio
atmosférico também pode se combinar com metais no solo, como o ferro, e
formar óxidos.

8.5 O ciclo do enxofre

As maiores reservas de enxofre estão em rochas sedimentares, em


sedimentos atuais e na água do mar. O enxofre é escasso nos seres vivos: de
todos os átomos de enxofre que há na Terra, somente 1 de cada grupo de 2 mil
faz parte da matéria orgânica. Na atmosfera, esse elemento é ainda menos
abundante.
As emissões dos vulcões e das fontes hidrotermais submarinas têm
quantidades importantes de gases sulfurosos. Também os solos e o mar
produzem compostos gasosos desse elemento que, em geral, acabam oxidados
sob a forma de dióxido de enxofre (SO2). Esse gás é também um subproduto

37
indesejado da combustão de compostos orgânicos com alta proporção de
enxofre em sua composição.

8.6 O ciclo do fósforo

Trata-se de um ciclo sedimentar em que a reserva atmosférica é


insignificante. A maior reserva desse elemento encontra-se nos sedimentos
marinhos; os solos constituem a segunda reserva em importância, e em terceiro
lugar estão as jazidas de fosfatos em rochas sedimentares, entre os quais se
incluem os acúmulos de excrementos de aves marinhas, o chamado guano.
As plantas absorvem fósforo por meio das raízes, e os animais o
absorvem pela ingestão de plantas ou de animais que se alimentaram de plantas.
Os resíduos de animais (fezes, urina, matéria orgânica) e de plantas são
degradados por decompositores que liberam fósforo no solo.
O ciclo também ocorre no tempo geológico, com a acumulação do fósforo
em sedimentos que se tornarão rochas. Eventualmente essas rochas soltam
fósforo pelo intemperismo, reintroduzindo-o novamente no ecossistema local.
No solo, o fósforo ocorre como fosfato, que pode ser lixiviado pela chuva
e fluir para águas subterrâneas. Quando fosfatos são acumulados em lagos, rios
e mares pode haver a proliferação de algas vermelhas.

38
8.7 Interferência humana sobre os ciclos biogeoquímicos

Até há pouco tempo, a capacidade do ser humano de influir sobre o meio


era limitada e pontual. No entanto, desde que começou a utilizar combustíveis
fósseis (carvão e petróleo), sua capacidade de alterar o ambiente aumentou
consideravelmente. O enorme crescimento da população mundial e a extensão
de um modelo de vida que associa o bem-estar à possibilidade de consumir
quantidades de energia só faz agravar o problema.
O número de habitantes do planeta não apenas vem crescendo de forma
preocupante, como também vem aumentando o consumo de energia e de outros
recursos.
A humanidade tem capacidade de influir sobre o planeta de forma global.
O problema das chuvas ácidas, o buraco na camada de ozônio e o aumento da
concentração de gases na atmosfera – o que leva à intensificação do efeito
estufa – são problemas originados por alterações dos ciclos biogeoquímicos.

39
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<http://www.icb.usp.br/bmm/mariojac/arquivos/Aulas/Introducao_Microbiologia_
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Introdução a microbiologia ambiental. Departamento de Microbiologia


Instituto de Ciências Biológicas Universidade Federal de Minas Gerais
http://www.icb.ufmg.br/mic.

42
9 LEITURA COMPLEMENTAR

9.1 Qualidade microbiológica de 10 amostras de café produzido numa


indústria em João Pessoa

Geannie Shirley Mélo do Nascimento;


Ana Maria Vieira de Castro;
Angela Lima Meneses de Queiroz;
Elba Luciene Bezerra de Araújo;
Inessa Adolfo de Jesus;
Maria Amélia de Araújo Vasconcelos;
Teresa Maria de Almeida Cabral;
Gilvan Geremias do Nascimento.

RESUMO
O café torrado é o grão do fruto maduro de diversas espécies do gênero
Coffea, principalmente de Coffea arábica, Coffea liberica e Coffea robusta,
submetido a tratamento térmico adequado. Acredita-se que seja conhecido a
mais de mil anos no Oriente Médio, na região de Kafa (daí o termo café), tendo
sido os árabes os primeiros a cultivá-lo dando origem a uma das mais
importantes espécies de café: “Coffea Arabica“. Atualmente o café é uma das
bebidas mais conhecidas no mundo, e o Brasil é o maior exportador deste
produto, além de possuir todos os tipos de grãos de café. Em virtude de toda a
sua importância comercial e também relacionada aos componentes que possui,
os quais traz grandes benefícios a saúde do consumidor é que se deu a escolha
deste alimento no trabalho em questão. Como este produto, poderia ter sofrido
possíveis contaminações por microrganismos durante o processo produtivo
pelas bactérias do tipo fecal, seja pela utilização de matéria-prima inadequada,
como fatos que envolvam a manipulação, armazenamento, ou transporte do
produto pelo fabricante, então o intuito deste trabalho, foi o de verificar possíveis
contaminações através de microrganismos, assim foram feitas análises
microbiológicas em 10 amostras de café (cinco de cada lote - 1 e 2) com o
objetivo de realizar a contagem de bactérias coliformes à 45ºC pelo método

43
NMP/g conforme a Instrução Normativa Nº 26, de 26 de agosto de 2003.
Concluímos, através dos resultados obtidos, que as 10 amostras analisadas
(100%) estavam de acordo com o padrão fixado pela ANVISA – Agência
Nacional de Vigilância Sanitária – Ministério da Saúde RDC Nº 12 de 02 de
janeiro de 2001, dentro do limite máximo: 10 coliformes à 45ºC, ou seja, com
condições sanitárias satisfatórias, própria para o consumo.
Palavras - chave: Café, Bactérias, Processamento, Contaminações.

INTRODUÇÃO

O Café torrado: É o endosperma (grão) beneficiado do fruto maduro de


espécies do gênero
Coffea, como Coffea arábica L. Coffea iberica Hien, Coffea canephoa
Pierre (Coffea robusta Lindem), submetido a tratamento térmico até atingir o
ponto de torra escolhido. O produto pode apresentar resquícios do endosperma
(película invaginada intrínseca). Pode ser adicionado de aroma.
Atualmente, o café é uma das bebidas mais consumidas no mundo e o
Brasil tem a responsabilidade de ser o maior exportador mundial deste produto,
além de ser um país privilegiado por ser o único a possuir todos os tipos de grãos
de café que ao serem combinados em proporções precisas, satisfazem todos os
gostos, com infinitas variedades.
O fato é: acredita-se que o café seja conhecido há mais de mil anos no
Oriente Médio, na região de Kafa (daí o termo café), tendo sido os árabes os
primeiros a cultivá­lo, o que deu origem ao nome ‘ Coffea Arábica ’, uma das
mais importantes espécies de café.
No Brasil, mais especificamente no Rio de Janeiro, o café chegou por volta
de 173, mais a partir do começo do século XIX, a cultura do café tornou-se a
principal atividade agrícola do país, sendo responsável por mais da metade das
divisas oriundas das exportações brasileiras. Deste modo, os cafezais logo se
espalharam por São Paulo sul de Minas Gerais e, meio século mais tarde, já
cobria extensa faixa que vai do Paraná ao Espírito Santo. Estabelecendo- se
então o ciclo econômico que foi, certamente impulsionador da urbanização e
industrialização do país, e que fez o Brasil reinar no cenário mundial, nas

44
primeiras cinco décadas deste século, como o responsável por 70% da produção
mundial de café.
Os estados de Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Paraná
produzem em conjunto, 83% do café brasileiro, além disso, Bahia e Rondônia
também vêm se destacando na produção de café.
No que se refere a este produto, em termos de sua importância no
mercado mundial, o Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo,
fechando o ano de 2001 com o recorde de 23,5 milhões de sacas, de 60 kg, o
que significaria 42% acima do volume obtido na safra de 2001/2002 e
representaria a segunda maior safra de café da história, a primeira aconteceu
em 1987/1988, com 42,9 milhões de sacas.
Embora já tenha apresentado alguns ciclos de expansão e de crises,
devido as oscilações da economia mundial, o café tem conseguido se manter
imponente no mercado, gerando grandes receitas e milhões de empregos
durante a sua produção, industrialização, comércio interno e externo e
transporte.
A razão do sucesso deste produto, em todo o mundo, está no hábito das
pessoas em tomar café pela manhã, em função do consumo diário matinal de
café fazer com que o cérebro permaneça mais atento e capaz para as atividades
intelectuais diárias, além de estimular a atenção, memória e concentração; isto
se dá pelo fato da cafeína, um dos seus principais componentes, se ingerida na
quantidade certa, atuar de forma benéfica, estimulando o sistema de vigília do
cérebro. O café contém também lactona, um componente que atua quase que
na mesma proporção da cafeína, contribuindo para manter um elevado nível de
atenção nas ações do ser humano. Além disso, o café ainda diminui a incidência
de apatia e depressão e pode ajudar a prevenir o consumo de drogas e do álcool.
Para que o café possa trazer-nos todos esses benefícios, é preciso que
tenhamos a certeza de estarmos consumindo um café puro, livre de quaisquer
adulterações (milho ou cevada, por exemplo, misturados aos grãos de café).
Visando isto, a Associação Brasileira de Café – ABIC lançou, em 1989, o
Programa de Controle de Pureza do Café Torrado e Moído, que concede às
marcas de café que possuem a sua pureza comprovada, através de análises de
amostras coletadas aleatória e permanentemente nos postos de venda em todo

45
o país, o Selo de Pureza da ABIC. Todavia, ainda é real a possibilidade de se
encontrar no mercado um café de má qualidade, por causa da mistura de
diversos tipos de impurezas. Em 1998, o INMETRO realizou uma análise em
CAFÉ TORRADO E MOÍDO, na qual se constatou a presença de marcas no
mercado que apresentaram fraudes na composição do produto, devido à adição
de matérias-primas estranhas ao café, tais como: milho, cevada, cascas e paus.
Em virtude disso, e de acordo com o procedimento do Programa de
Análise de Produtos, que prevê a repetição de ensaios em um produto, após um
determinado período de tempo, e que seleciona para análise produtos intensa e
extensivamente consumidos pela população e que envolvam questões
relacionadas à saúde dos consumidores, o INMETRO considerou de
fundamental importância a realização de uma nova análise em CAFÉ TORRADO
E MOÍDO, na qual foram realizados ensaios em amostras de cinquenta e cinco
marcas deste produto, tendo sido verificadas suas características
microbiológicas, microscópicas e físico-química.
Em consequência, esse alimento, independe da possibilidade de
deteriorarem, podem eventualmente apresentar populações elevadas de
bolores, leveduras, bactérias indicadoras de contaminação fecal e até mesmo
patogênicas, com destaque para a presença de Salmonella sp (Disponível
em<http://www2.usp.br/canalacontece/artigo.php?id=211>. Acessado em 20 de
junho de 2005).
A carga microbiana total de um alimento é consequência da contribuição,
em níveis variáveis, de inúmeros fatores vigentes no processo, destacando-se
principalmente os seguintes: Microbiota presente na matéria-prima e
ingredientes utilizados na produção, sendo que, no caso do café, ênfase maior
deve ser dada ao grão; Contaminação pelo contato com equipamentos e
utensílios, não convenientemente sanificados, e por meio do ar ambiente;
Intensidade e grau de higiene no manuseio dos produtos ao longo do processo;
Controle efetuado nas várias etapas do processamento, principalmente naquelas
em que as condições de umidade e temperatura propiciam a multiplicidade
microbiana
As análises microbiológicas são fundamentais para se conhecer as
condições de higiene em que os alimentos são preparados, os riscos que estes

46
alimentos podem oferecer a saúde do consumidor e se os alimentos terão ou não
a vida útil pretendida. Além disto, a análise laboratorial permitirá determinar o
agente etiológico mais provável, no caso de um episódio de toxinfecção
alimentar. Essas análises são indispensáveis também para verificar se os
padrões e especificações microbiológicos, nacionais e internacionais, estão
sendo atendidos adequadamente (FRANCO & LANDGRAF, 2003.)
Visando estabelecer as orientações necessárias que permitam executar
as atividades de inspeção sanitária, de forma a avaliar as Boas Práticas para a
obtenção de padrões de identidade e qualidade de produtos e serviços na área
de alimentos com vistas à proteção da saúde da população, o Ministério da
Saúde publicou a Portaria N° 1428 de 26/11/93, recomendando que seja
elaborado um “Manual de Boas Práticas de Manipulação de Alimentos”, baseado
nas publicações técnicas da Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de
Alimentos (SBCTA), Organização Mundial de Saúde (OMS) e Codex
Alimentarius.
Em agosto de 1997 foi publicada a Portaria Ministerial N° 326 de 30/07/97,
definindo as condições técnicas para a elaboração do manual de boas práticas.
De acordo com estas recomendações, no dia 12/03/99 o CVS do Estado de São
Paulo publicou a Portaria CVS-6 de 10/03/99, a qual consiste em um
“Regulamento Técnico Sobre os Parâmetros e Critérios” para orientar as ações
da Vigilância Sanitária e as operações de controle para os estabelecimentos,
produtores e prestadores de serviços de alimentação. Nesta publicação, foram
definidos as condutas e os critérios importantes para servir como referências
para que seja elaborado o manual de Boas Práticas pelos Responsáveis
Técnicos (RT) das empresas produtoras de alimentos.
Todas estas publicações oficiais visam um melhor entrosamento entre o
que se vai produzir com o que se vai fiscalizar, tendo como consequência um
alimento com melhor qualidade higiênico sanitária. Os critérios de avaliação (as
metodologias para amostragem, colheita, acondicionamento, transporte e para
análise microbiológica de amostras de produtos alimentícios) devem obedecer
ao disposto pelo Codex Alimentarius; “International Commission on
Microbioligical Specificatinos for Foods” (ICMSF); “Compendium of Methods for
the Microbioligical Examination of Foods” e “Standard Methods for the

47
Examination of Dairy Products” da “American Public Health Association (APHA)”;
“Bacteriological Analytical Manual” da Food and Drug Administration, editado por
Association of Official Analytical Chemists (FDA/AOAC), em suas últimas
edições e/ou revisões, assim como outras metodologias internacionalmente
reconhecidas.
Um critério microbiológico é composto pelo plano de amostragem, no qual
se define o número de unidades a serem analisadas e o tamanho de cada
unidade; a definição dos microrganismos que devem ser estudados em cada
produto; a definição da metodologia analítica a ser adotada e o estabelecimento
dos padrões, normas e especificações que definirão se o produto será aprovado
ou não.
As características da categoria produtos sólidos para o consumo (café),
grupo 12, item A, estão apresentadas no quadro 1, padrão fixado pela ANVISA
– Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Ministério da Saúde, resolução RDC
n° 12 de 02 de janeiro de 2001.

Tolerância p/ Amostra
Representativa
10
DETERMINAÇÕES
n c m M
Contagem de Bactérias
Coliformes 45°C/g
5 2 5 10

Quadro 1: Padrões sanitários para produtos sólidos para consumo (petiscos e similares)

 n: é o número de unidades a serem colhidas aleatoriamente de um


mesmo lote e analisadas individualmente.
 c: representa o número máximo aceitável de unidades de amostras
com contagens entre os limites de m - limite inferior e M - limite
superior (plano de três classes).

As características da categoria produtos sólidos para o consumo (café),


estão apresentadas no quadro 2, padrão fixado pela resolução pelo RDC n° 12,
2 / janeiro/2001 item a.

48
O objetivo do trabalho foi avaliar as características microbiológicas de 10
amostras de café produzidas em uma Indústria de João Pessoa-PB, através da
contagem de Coliformes à 45ºC/g.

METODOLOGIA

A metodologia para amostragem, coleta, acondicionamento, transporte e


análise adequada a cada tipo de alimento, obedeceu ao disposto pela ANVISA
– Agencia Nacional de Vigilância Sanitária – Ministério da Saúde, pela RDC Nº12
de 02 de janeiro de 2001.
Os métodos analíticos oficiais para análises microbiológicas para o
controle de produtos de origem animal e água obedecem a Instrução normativa
N.º 62,26 de agosto de 2003 do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA).

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A tabela a seguir apresenta os resultados analíticos obtidos na avaliação


microbiológica (Contagem de bactérias – Coliformes à 45ºC/g) das amostras de
café torrado, dos lotes:

Unidades

Determinações C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 C9 C10

Contagem de 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Bactérias Coliformes
à 45ºC/g
Tabela 1: Resultados das análises microbiológicas do café.

Como se pode observar a contagem de bactérias coliformes 45°C/g, são


de três classes, onde n é igual a 5 e c é igual a 2, isto é, se houver até uma

49
unidade com contagem de Coliformes à 45°C/g, entre o limite inferior (m) e o
limite superior (M), o produto é aprovado, mas se o número de unidades com
resultados entre os limites mínimos e máximos forem dois ou mais, ou ainda, se
apenas uma amostra apresentar resultado superior ao limite máximo (M), o
produto deve ser rejeitado.
Comparando o quadro 1 com a tabela 1, verifica-se que todas as 10
unidades (100%) dos dois lotes de café analisados estão dentro dos padrões
exigidos pela legislação vigente, comprovando a excelente qualidade dos
produtos.
E ainda, comparando o quadro 1 com a tabela 1, verificou-se que todas
as unidades (100%) dos dois lotes analisados não apresentaram contagem de
bactérias coliformes à 45°C/g, conforme pode ser observado na figura 1 a seguir:

Contagem de Bactérias Coliformes à


45°C/g

00

Contagem
0
Abaixo de m Contagem
entre m e M
0 Contagem
%

ote 1 ote 2
Figura. 1: Contagem de bactérias coliformes à 45°C/g

CONCLUSÕES

De posse dos resultados microbiológicos, conclui-se que as 10 (dez)


amostras analisadas encontram-se de acordo com as especificações exigidas
pela legislação vigente, padrão fixado pela ANVISA- Agência Nacional de
Vigilância Sanitária- Ministério da Saúde- RDC nº 12 de 02 de janeiros de 2001.
As amostras de café torrado apresentaram condições sanitárias satisfatórias,
portanto próprios para o consumo humano, com isso podemos afirmar que as
boas práticas e manipulação foram satisfatórias sem risco a saúde pública.
Comprovando a excelente qualidade e segurança de consumo deste alimento.

50
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