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MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA

 A introdução da microbiologia
 O Introdução de microorganismo
 A história da descoberta de microorganismos
 A Estrutura e tamanho do organismo
 Os Microorganismos para a vida humana
 A Bacteriologia
 A Estrutura de bacteria
 A Classificação de bacteria
 A Morfologia de bacteria
 A Reprodução de bacteria
 O Papél a bacteria para a vida humana
 A Virologia básico
 A Definição de virus
 A Morfologia de virus
 A Taxonomia de virus
 A Reprodução de virus
 A Infecção de virus para humana
 O Prion
 A Micologia
 A Definição de micologia
 A Característica gerál defungos
 A Morfologia dos fungos
 As Doenças causada pelo fungos
 O Conceito da parasitologia
 A Definição de parasitologia
 O Relação entre parasitas e hospedeiros
 A Influência entre parasitas e hospedeiros
 O Transmissão parásito
 A Parasitologia médica
 A Classificação parasitologia
 A Protozoologia
 As Infecções de amoeba (Amebiase)
 A Infecção de flagelados
 A Infecção de ciliados
 A Infecção de esporozoário
 O escopo da helmintologia
 O Definição de helmintologia
 A Classificação dos vermes
 A Interferência de nematódeos
 A Entomologia
 A Classificação de artrópode
 A importância dos artrópodes na parasitologia
 A Interferência de saúde relacionados a artrópodes
 O Controle de vetores de artrópodes
 A Imunologia básica
 A Definição de imunologia
 O Tipo de imunidade
 O Antígeno-anticorpo
 Os Fatores que afetam a imunogenicidade
 A estrutura e função de anticorpo
 O Mecanismo de defesa do corpo contra microorganismos
 O mecanismo de defesa do corpo contra a invasão de microrganismos
extracelulares
 Aplicação de microbiologia e parasitologia na area da enfermagem
(prevenção e controle de infecção)
 A Patogênese do microorganism
 A Virulência de microrganismos
 O Definição de infecção
 A Cadeia de infecção
 Controle de infecção e infecção nosocomial
 Sterilização e desinfecção
 A Sanitação
 A Desinfecção
 A Sterilização
 O Procedimento para colheta e processamento de amostras
 A Preparação para coleta de amostras
 A Coleta de amostras
 O Armazenamento de amostras
 Entregar de amostra
 Introdução, utilização e tratamento de microscópios
 O Tipo do microscópio
 As partes e as funções do microscópio
 O Controlo de microorganismo
 A Sanitação
 A Desinfecção
 A Sterilização
1.1. Introdução da Microbiologia
A Microbiologia é uma ciência derivada da Biologia que vem se desenvolvendo nos
últimos séculos devido a contribuição de inúmeros personagens, profissionais, estudiosos
ou simplesmente pessoas curiosas e dedicadas a conhecer um mundo aparentemente
invisível. O principal objetivo da Microbiologia é estudar todos os aspectos que envolvem o
mundo microbiano, constituído pelas bactérias, fungos (filamentosos, “bolores”, “mofos” e
leveduras), protozoários, vírus e algas microscópicas

Ao longo da evolução humana, ficou cada vez mais claro o papel desempenhado
pelos microrganismos no estabelecimento dos seres vivos no planeta Terra: são
responsáveis por alterações climáticas que possibilitaram o desenvolvimento de formas de
vidas mais complexas e diversas. Além disso, sabe-se que os microrganismos são os
grandes recicladores de matéria orgânica, sendo responsáveis pela ciclagem de elementos
vitais para os seres vivos, como o N, S, P, Fe, entre outros.

Com o desenvolvimento da Microbiologia, ficou estabelecido que


aproximadamente 99% dos microrganismos desempenham um papel benéfico ou inócuo
para a vida dos seres vivos no planeta, entretanto, em torno de 1% são considerados
patogênicos ou com potencial para provocar as mais diversas doenças. Para a história
humana, isso representou a morte de milhões de pessoas ao longo dos séculos devido a
doenças provocadas por Microrganismos, como a peste negra, febres tifóides, gripe
espanhola, cólera, síndrome HIV, toxiinfecções diversas e generalizadas, entre outros.

Devido ao fato de Microbiologia se dedicar ao estudo de microrganismos que


ocupam os mais diferentes ambientes, desenvolvendo as mais diversas atividades, essa
tornou-se uma ciência com atuação em muitas áreas:

 Microbiologia Ambiental;
 Microbiologia de Alimentos;
 Microbiologia Veterinária;
 Microbiologia Agrícola;
 Microbiologia Médica e Sanitária;
 Microbiologia Industrial;
 Fisiologia e Genética Microbianas:
 entre outros

A disciplina Microbiologia deve fornecer informações e instrumentos pertinentes


para o estudante, contribuindo, assim, com a sua formação técnica. Deve indicar os
microrganismos que desempenham papel fundamental no meio ambiente, na produção e
na deterioração de alimentos, entre outras aplicações, as formas de controlá-los, além de
caracterizar o potencial dos microrganismos em todos os aspectos da vida humana.

1.2. Definiçao dos microorganismo

Microrganismo é o nome dado a todos os organismos compostos por uma única


célula e que não podem ser vistos a olho nu, sendo visíveis apenas com o auxílio de um
microscópio. Logo, esta é uma classificação artificial - e sob o nome de "microorganismo"
podem estar reunidos organismos pertencentes aos mais diversos grupos, como, por
exemplo, vírus, bactérias, fungos unicelulares e protistas.

A área que estuda esses pequenos organismos é chamada de microbiologia. Muitas


vezes, o termo é associado à transmissão de doenças. No entanto, nem todos os
microorganismos são patogênicos, existindo até mesmo aqueles que são benéficos à saúde
humana, como é o caso das bactérias da flora intestine.

https://educacao.uol.com.br/disciplinas/biologia/microorganismos-introducao-aos-
organismos-microscopicos.htm?cmpid=copiaecola

1.2.1. História da descoberta do Microorganismo

No 1686 – Anton Van Leeuwenhoek: artesão e comerciante holandês


descreveu organismos microscópicos, presentes nos mais diferentes materiais
(água da chuva, saliva, placa microbiana dos dentes, alimentos) com grandes
detalhes. Usou lentes com aumento de até 300x. Encaminhava os seus registros
para a Sociedade Real de Londres.

 Teoria da Geração Espontânea ou Abiogênese:


Foi aceita até a 2ª metade do século XIX. Isso representou grande entrave
para o desenvolvimento e reconhecimento da Microbiologia como ciência.
INTRODUÇÃO A MICROBIOLOGIA 15PARTE 1 1858 – Rudolf Virchow, Louis
Pasteur e John Tyndall, e outros estudiosos europeus desenvolveram
experimentos que finalmente terminaram com os debates sobre geração
espontânea.

 Desenvolvimento da teoria de doenças causadas por microorganismo

Experimentos realizados por Pasteur e outros estudiosos, no século XIX,


resultaram em muitos avanços para a Microbiologia:

 O conceito de que a vida deveria surgir de vida pré-existente


(Biogênese);
 as técnicas de esterilização (Tyndall–tindalização, esterilização
fracionada) e pasteurização (Pasteur, 63º C/30min);
 O conhecimento do processo biológico da fermentação (Pasteur);
 O desenvolvimento da teoria das doenças causadas por germes (Pasteur
e Robert Koch) e;
 O desenvolvimento de vacinas a partir do bacilo do carbúnculo (Bacillus
anthracis) morto e do vírus da raiva (Pasteur) atenuado ou
enfraquecido.
 O desenvolvimento dos métodos de isolamento de microrganismos e
cultivo na forma de cultura pura em meio nutritivo (Pasteur, Koch, Julius
Petri e Frau Hesse);
 O estabelecimento de um procedimento científico para provar a teoria
das doenças causadas por germes, conhecido como postulados de Koch:
o mesmo patógeno deve estar presente em todos os casos da doença;
 Patógeno deve ser isolado do hospedeiro doente e crescer em cultura
pura;
 O patógeno da cultura pura deve causar a doença quando inoculado em
um animal de laboratório saudável e susceptível;
 O patógeno deve ser isolado do animal inoculado e é preciso
demonstrar que ele é o organismo original;
 Os postulados de Koch apresentam algumas exceções.
1.2.2. Algumas outras contribuições para a Microbiologia
 1796 – Edward Jenner, médico britânico, iniciou um experimento com
ordenhadeiras de vacas para encontrar uma maneira de proteger as
pessoas da varíola, processo que ficou conhecido como vacinação;
 1835 – Agostino Bassi, microscopista amador, provou que uma doença
do bicho da seda era provocada por fungos;
 1840 – O médico húngaro Ignaz Semmelweis alertava que médicos que
não desinfetavam as mãos, costumeiramente transmitiam infecções de
uma paciente para outra;
 1860 – Joseph Lister, cirurgião inglês, aplicou a teoria do germe para
procedimentos médicos e começou a indicar o uso de fenol (ácido
carbólico) em solução para tratar ferimentos cirúrgicos, o que reduziu
drasticamente as infecções e mortes no ambiente hospitalar;
 1865 – Pasteur, descobriu uma outra doença do bicho da seda
provocada por um protozoário e desenvolveu um método de
identificação das larvas do bicho da seda contaminadas;
 1866 – Ernst Haeckel, classificou os seres vivos em animais, vegetais e
protistas (seres unicelulares);
 1882-1883 – Robert Koch descobriu o causador da tuberculose, a
bactéria Mycobacterium tuberculosis e isolou o Vibrio cholerae de
pacientes com cólera;
 1892 – Sergei Winogradsky isolou e estudou as bactérias do ciclo do
enxofre;
 1910 – Carlos Chagas, médico brasileiro, isolou e caracterizou o
protozoário Trypanossoma cruzi, responsável pela doença de chagas;
 1928 – Alexander Fleming e colaboradores (Chain e Florey) descobriram
e produziram o antibiótico penicilina, sintetizado pelo fungo Penicillium
notatum;
 1969 – Robert Whittaker criou o sistema de cinco reinos (plantae,
animalia, protista, fungi e monera para as bactérias), com base em
análises da morfologia da célula e na forma de nutrição dos seres vivos;
 1978 – Carl Woese e colaboradores, com base na análise do RNA
ribossomal de diferentes células, propuseram o estabelecimento da
classificação dos seres vivos em três domínios: Eucaria, Eubacteria e
Archaea (também denominada até recentemente de arqueobactérias).

Referencias :

Da Silva E.R., de Souza A. S., 2013., Introdução ao estudo da Microbiologia: Teória e Prática. Istituto
Federal Brasilia (IFB), Brasília-DF.

1.3. Classificação dos microoranismos


1.3.1. Os Seres vivos

Os seres vivos são constituídos de unidades microscópicas chamadas de


células que formam, em conjunto, estruturas organizadas. As células são compostas
de núcleo e citoplasma. Quando o núcleo celular é circundado por uma membrana
nuclear ou carioteca, os organismos que as possuem são chamados de eucarióticos,
os que não possuem células com carioteca são os procarióticos a exemplo das
bactérias.

Baseado na maneira pela qual os organismos obtêm alimentos, Robert H.


Whittaker classifi cou os organismos vivos em 5 reinos: reino Monera, reino
Protista, reino Plantae, reino Animalia e reino Fungi. Os microrganismos pertencem
a três dos cinco reinos: as bactérias são do reino Monera, os protozoários e algas
microscópicas são Protistas e os fungos microscópicos como leveduras e bolores
pertencem ao reino Fungi.

1.3.2. Célula
A célula é uma estrutura típica microscópica comum a todos os seres vivos.
Com os avanços da microscopia eletrônica na década de 1940, foi possível a
visualização de muitas estruturas da célula que seria impossível no microscópio
ótico.
Todas as células se compõem de duas regiões internas principais conhecidas como
núcleo e citoplasma. O núcleo, que é circundado pelo citoplasma, contém todas as
informações genéticas do organismo, sendo responsável pela hereditariedade.
O citoplasma é a sede primária dos processos de síntese e o centro das
atividades funcionais em geral. Em algumas células, o núcleo é circundado por uma
membrana denominada de membrana nuclear ou carioteca. Compreendem o
grupo das eucarióticas, os protozoários, os fungos, a maior parte das algas. Estas
células se assemelham as dos animais e plantas. Em contraste, as bactérias e o
pequeno grupo de algas azul-verdes se caracterizam por células menores
procarióticas por não apresentarem membrana nuclear.
Nas plantas e microrganismos, a parede celular é a única estrutura
limitante. Seu único papel parece ser o de proteção contra injúrias mecânicas e
impedem, principalmente, a ruptura osmótica quando a célula é colocada em
ambiente com alto teor de água. Veja a Figura 2.1 a seguir.
Figura. Estrutura esquemática de uma célula

1.3.3. Papél do Microorganismo para vida humana

Os micróbios podem ter ações benéficas tais como:

 Fabrico de alimentos
- Como; fabrico de cerveja, vinho, vinagre, queijo, iogurte
 Digestão
- Como; ajuda na decomposição de alimentos
 Produção de medicamentos
- Como; antibióticos, vitaminas, vacinas
 Produção de energia
- Como; petróleo, carvão, biogás

 Solos e agricultura

- Decomposição de matéria orgânica em matéria mineral – fertilidade


dos solos
- Combate a pragas
CAPÍTULO II. BACTERIOLOGIA

2.1. Morfologia e Ultra-Estrutura das Bactérias

Entre as principais características das células bacterianas estão suas dimensões,


forma, estrutura e arranjo. Estes elementos constituem a morfologia da célula, podendo
ser: cocos, cocobacilos, bacilos, e que podem apresentar diferentes arranjos em pares ou
cadeias. As bactérias espiraladas ocorrem como células isoladas. Cada forma celular
individual de espécies diferentes exibe nítidas diferenças no comprimento, número, e
amplitude das espirais e na rigidez das paredes celulares. A unidade de medida das
bactérias é o micrômetro, que equivale a 10-3 mm. As bactérias mais frequentemente
estudadas em laboratório medem, aproximadamente, entre 0,5 e 1,0 µm e entre 2,0 e 5,0
µm.

Externas

1. Glicocálice: Algumas bactérias são envolvidas por camadas frouxas de


polissacarídeos ou cápsulas (proteínas). Quando são pouco aderentes, com
densidade e espessura não uniformes, são chamadas camada viscosa. Quando são
firmes, formam a cáspsula. São desnecessárias ao crescimento celular, mas
importantes na sobrevivência bacteriana no hospedeiro. A cápsula é uma barreira
contra moléculas hidrofóbicas tóxicas (como detergente) e pode promover a adesão
a outras bactérias ou aos tecidos superficiais do hospedeiro, sendo um importante
fator de virulência¹. O glicocálice é uma reserva de nutrientes e uma proteção contra
dessecamento. A camada viscosa (ou limosa) é facilmente removível no meio por
movimento fluídico. O plasmídeo determina sua codificação.

2. Flagelo: composto por flagelinas, presas à membrana bacteriana pelo corpo


basal e direcionadas pelo potencial de membrana. Expressam determinantes
antigênicos e de cepas¹. A maioria das bactérias não têm flagelo e as espécies
flageladas têm maior potencial de disseminação. É geralmente presente nos bacilos
e ausente nos cocos. Gram negativas tem mais anéis no corpo basal que as gram
positivas. Classificação quanto ao número de flagelos do organismo: monotríquio (1
flagelo), anfitríquio (ou ambitríquio: 1 flagelo em cada um dos dois polos da célula),
lofotríquio (ou politríquio: mais de 1 flagelo por polo), peritríquio: flagelos por todo
o seu entorno. 

3. Fímbrias (pelos): formadas por pilinas, têm menor diâmetro que os flagelos e não


são espiraladas como eles. Promovem aderência (por meio da adesina) às outras
bactérias ou ao hospedeiro e são um importante fator de virulência. Podem
apresentar lectinas nas extremidades, que se ligam a açúcares específicos, como a
manose. Pelos F (sexuais) ligam-se a outras bactérias e permitem a transferência de
grandes segmentos do cromossomo (na conjugação). São codificados pelo plasmídio
(F)¹. As fímbrias normalmente encontram-se nas gram negativas e são mais finas,
rígidas e numerosas que os flagelos.
Figura. Estrutura Bacteriana.

Internas
1. Parede celular: é diferente nas gram positivas e negativas. Camadas rígidas
de peptidoglicano (mureína) envolvem a membrana plasmática nas eubactérias,
com exceção do micoplasma. O peptidoglicano proporciona rigidez e confere o
formato da célula. Sua estrutura básica contém N-acetilglicosamina, ácido N-
acetilmurâmico e um tetrapeptídeo. As gram negativas têm membranas
externas, compostas por fosfolipídeos, proteínas e lipopolissacarídeos (LPS). Estes
podem atuar como toxinas². Nas gram positivias, o peptidoglicano é mais espesso e
as paredes possuem ácido teicóico.

2. Membrana citoplasmática: bicamada lipídica sem esterois. Tem funções de


organelas de eucariotos, atuando no transporte de elétrons e na produção de
energia. Contém proteínas de transporte que permitem a absorção de metabólitos e
a liberação de outras substâncias, bombas de íons para a manutenção do potencial
de membrana e enzimas. O potencial de membrana é fundamental para o
transporte proteico e o movimento do(s) flagelo(s). O interior da membrana é
coberto por filamentos de actina, que ajudam a manter a conformação bacteriana e
a formar o septo na divisão celular. O mesossoma é uma invaginação da membrana
citoplasmática, que une e separa os cromossomos na divisão
celular. O micoplasma também é exceção quanto à membrana citoplasmpatica. 

2.2. Classificação das bacterianas

As bactérias são organismos unicelulares e procariontes. Apesar de serem bastante


conhecidas pelas doenças que causam, elas possuem uma grande importância ecológica,
por atuarem na decomposição e no ciclo do nitrogênio, por exemplo, e econômica, sendo
utilizadas na indústria alimentícia, médica e até mesmo na área estética.
As bactérias podem ser classificadas de acordo com vários critérios, sendo um deles a
parede celular. De acordo com as características da parede celular desses organismos,
podemos classificá-los em bactérias gram-positivas, gram-negativas e mycoplasma.

As bactérias gram-positivas possuem uma quantidade maior de peptidioglicano, o


que promove maior rigidez e espessura. Ligados ao peptidioglicano, há ácidos teicoicos e
lipoteicoicos. Nas bactérias gram-negativas, por sua vez, observa-se uma menor
quantidade de peptidioglicano e não há ácidos associados. No grupo denominado
de micoplasma estão bactérias que não possuem parede celular.

Pelo método de Gram, que possui um corante violeta e um rosa, é possível


diferenciar as bactérias positivas das negativas. As primeiras coram-se de violeta quando
submetidas à coloração, enquanto as negativas coram-se de rosa. Os micoplasmas não se
coram nessa técnica.

Figura. Classificação bacteriana de acordo com parede cellular.


2.3. Classificação bacteriana
Aseguir os 5 exemplos de bacilos são Azotobacter sp Streptobacillus moniliformis, Lactobacillus
plantarum, Lactobacillus lactis, e Lactobacillus bulgaricus. Os cocus são: Monococcus
gonorrhoeae, Diplococcus pneumonia, Streptococcus lactis, Streptococcus salivarius, e
Streptococcus pneumoniae. E as espiroquetas são: Vibrio comma, Sprillium minor, Treponema
pallidum, Vibrio cholera, Spirochaeta palida.  

As bactérias também podem ser classificadas de acordo com a sua forma e


arranjo. Veja a seguir os principais grupos classificados com base nesses fatores:
 Cocos: Bactérias que possuem formato esférico.
 Diplococos: Cocos organizados aos pares.
 Tétrades: Cocos organizados em grupo de quatro.
 Sarcinas: Cocos organizados em grupo de oito.
 Estreptococos: Cocos organizados em cadeias.
 Estafilococos: Cocos organizados em grupos que se assemelham a cachos de
uva.
 Bacilos: Bactérias que possuem formato de bastão.
 Diplobacilos: Bacilos organizados aos pares.
 Estreptobacilos: Bacilos organizados em cadeias.
 Paliçada: Bacilos organizados lado a lado.
 Espirilos: Bactérias espiraladas rígidas.
 Espiroquetas: Bactérias em formato helicoidal e flexíveis.
 Vibriões: Bactérias que possuem formato de vírgula.
Figura. Classificação Bacteriana

2.4. Reprodução bacteriana

As bactérias são organismos microscópicos pertencentes ao Reino Monera. São


organismos procariontes, ou seja, desprovidos de carioteca (membrana que reveste o
núcleo celular) e por esse motivo o seu material genético se encontra espalhado no
citoplasma celular. As bactérias se reproduzem assexuadamente por um processo
chamado divisão binária, também conhecida como cissiparidade ou bipartição.
A divisão binária ocorre quando uma bactéria duplica o seu material genético e logo
em seguida se divide, originando duas bactérias idênticas a ela. Uma bactéria, quando em
condições ideais de temperatura e nutrientes, leva aproximadamente vinte minutos para
completar todo o processo de divisão.
Figura. Reprodução bipartição

Algumas bactérias (principalmente as do gênero Clostridium e Bacillus), quando em


condições desfavoráveis, desidratam-se formando estruturas muito resistentes chamadas
de endósporos. Essas estruturas são capazes de resistirem a altas temperaturas, à falta de
água e até à ação de substâncias que, na maioria das vezes, matam micro-organismos.
Quando encontram condições ambientais favoráveis, os endósporos se reidratam e a
bactéria se reconstitui, voltando a se reproduzir por divisão binária. O combate aos
endósporos bacterianos é um grande desafio para a indústria de alimentos e para a
medicina, pois, como vimos, eles são extremamente difíceis de serem exterminados.
As bactérias não apresentam nenhum tipo de reprodução sexuada, e sim recombinação
genética que pode ocorrer por transformação, transdução ou conjugação.
A transformação ocorre com algumas bactérias que conseguem absorver
fragmentos de DNA que se encontram dispersos no meio. Esses fragmentos são
incorporados ao material genético das bactérias transformando-as. Na transdução
bacteriana ocorre troca de material genético entre bactérias com a participação de um
bacteriófago.
A conjugação bacteriana, assim como ocorre na transformação e na transdução, é a
passagem de DNA de uma célula doadora para uma receptora. No caso da conjugação, é
necessário o contato entre as células bacterianas, sendo que a doadora possui um plasmídio
conjugativo, que possui genes que codificam, por exemplo, para o pili F (F= fertilidade). Este
se liga a célula bacteriana receptora e recebe uma fita do Plasmídio (lembre-se que
plasmídio são moléculas de DNA extracromossomal). Como as fitas são complementares, a
que ficou serve de molde para outra fita e a que foi para outra célula também. A
conjugação é uma forma de recombinação genética entre as bactérias. Como não há
aumento no número de células bacterianas, não pode ser considerada uma forma de
reprodução.

Figura. Reprodução Conjugação

2.5. Importánsia das bactérias da vida.

As bactérias não são somente organismos causadores de doenças! Elas contribuem, e


muito, para melhorar a qualidade ambiental e de vida de diversas espécies. No sistema
digestório de alguns organismos, como ruminantes e cupins, por exemplo, determinadas
bactérias auxiliam na quebra de algumas substâncias, como a celulose.

O que diz respeito a cadeias alimentares, muitos destes indivíduos, juntamente com
determinados tipos de fungos, são capazes de decompor a matéria orgânica oriunda de
organismos mortos e seus resíduos, liberando para o ambiente diversos nutrientes de
composição mais simples, sendo estes aproveitados por outros seres vivos.
Figura. Importância das bactérias

Podem, também, disponibilizar compostos nitrogenados para as plantas ao morrer, liberando


no solo nitrogênio na forma de amônia que, em seguida, pode formar íons amônio e ser
aproveitado por alguns vegetais; ou, em vida, no caso das do Gênero Rhizobium, se unir
simbioticamente a leguminosas, fornecendo nitrogênio às plantas enquanto recebe açúcares e
outros compostos orgânicos.

Estes organismos também são muito importantes em estações de tratamento de


esgoto, onde bactérias convertem a matéria orgânica em produtos que podem ser
empregados, posteriormente, como fertilizantes; e em aterros sanitários, situação na qual
algumas bactérias anaeróbicas são capazes de degradar a matéria orgânica e liberar gás
metano, este que pode ser aproveitado como combustível.

No que tange a biotecnologia, podem ser utilizadas:

 Em processos de biorremediação, como determinadas espécies do gênero


Pseudomonas, capazes de oxidar compostos nocivos em substâncias inofensivas ao
meio ambiente;
 Na fabricação de laticínios (Gêneros Lactobacillus e Streptococcus), vinagres
(Acetobacter) e até mesmo do ácido glutâmico (Corynebacterium);
 Na produção de antibióticos, como a neomicina (Streptomyces);
 Na produção da toxina botulínica (Clostridium botulinum);
 No processo de modificação genética de organismos.
CAPÍTULO III. VIROLOGIA

3.1. INTRODUÇÃO
Os vírus são partículas infecciosas muito pequenas para serem observados sob um
microscópio óptico e seu cultivo exige um hospedeiro vivo. Portanto, embora as doenças
virais não sejam novas, a identifi cação dos vírus como seus agentes só foi possível no
século XX. Em 1886 o químico holandês Adolf Mayer demonstrou a transmissibilidade da
doença do mosaico do tabaco entre plantas porem não conseguiu cultivar o agente
infeccioso. Finalmente o bacteriologista russo Dmitri Iwanowski fi ltrou a seiva de plantas
doentes com um fi ltro de porcelana construído paro reter bactérias. Ele esperava
encontrar o micróbio preso no fi ltro. Descobriu, ao contrário, que o agente infeccioso
havia passado através dos diminutos poros do fi ltro. Quando ele infectou o fl uido fi
ltrado em plantas sadias, elas contraíram a doença. Esse fato levou o uma série de
experimentos conduzidos por outros cientistas para isolar os agentes fi ltráveis da doença.

Figura. Vírus

A primeira doença humana associado com um agente fi ltrável foi a febre amarela.
Como os primeiros pesquisadores não podiam imaginar partículas tão pequenas,
descreveram o agente infeccioso como um “fl uido contagioso”. Na década de 30, os
cientistas já haviam começado a usar o termo vírus, (palavra em latim para veneno), para
descrever esses agentes fi ltráveis. A natureza dos vírus, contudo, permaneceu uma
incógnito até 1935, quando o químico norte-ameri¬cano Wendell Stanley isolou o vírus do
mosaico do tabaco tornando possível, pela primeira vez, o desenvolvimento de estudos
químicos e estruturais com um vírus purifi cado. Na mesma época, a invenção do
microscópio eletrônico possibilitou pela primeira vez a visualização dos vírus. Sabemos,
hoje, que os vírus são encontrados infectando todos os tipos de organismos vivos e,
embora necessitem se manter e replicar dentro das células do hospedeiro, nem todos
causam doenças. Em 1997, pesquisadores japoneses descobriram um vírus simbionte
(inofensivo) em humanos que foi chamado de vírus TT (TTV), que são as iniciais do
paciente de quem o vírus foi isolado pela primeira vez. Os avanços nas técnicas de
biologia molecular, e de bioinformática nos anos 80 e 90, permitiram a identifi cação e
caracterização de diversos vírus humanos, animais e vegetais. O vírus da imunodefi ciência
humana (HIV), o vírus da hepatite C, os Hantavírus e o vírus do Oeste do Nilo são alguns
exemplos.

3.2. CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS VÍRUS


Os vírus não são considerados organismos vivos porque são inertes fora das
células hospedeiras. No entanto, quando penetram em uma célula hospedeira, seu ácido
nucléico dá inicio a expressão de genes celulares e virais, ocorrendo a replicação viral. Sob
esse ponto de vista, os vírus estão vivos quando replicam dentro da célula hospedeira
infectada. Do ponto de vista clínico, os vírus podem ser considerados vivos, pois causam
infecção e doença, da mesma forma que outros agentes infecciosos como bactérias,
fungos e protozoários. Dependendo do ponto de vista, um vírus pode ser considerado um
agente infeccioso de natureza química excepcionalmente complexa ou, um
microrganismo vivo excepcionalmente simples. Composto apenas de estruturas básicas e
o ácido nucléico. Como, então defi nimos um vírus? Os vírus foram, originalmente,
diferenciados de outros agentes infecciosos por serem extremamente pequenos (fi
ltráveis) e, por serem parasitas intracelulares obrigatórios - ou seja, necessitam de células
vivas hospedeiras para a sua multiplicação. Contudo, essas duas propriedades são
compartilhadas por determinadas bactérias pequenas como algumas riquétsias. Os vírus e
as bactérias são comparados por características como sua organização estrutural simples
e seu mecanismo de multiplicação. Dessa forma, os vírus são entidades que: Possuem um
único tipo de ácido nucléico, DNA ou RNA; Possuem uma cobertura protéica (às vezes
recoberta por um envelope de lipídeos, proteínas e carboidratos) envolvendo o ácido
nucléico; Replica-se dentro de células vivas usando o metabolismo de síntese das células
para produzirem novos vírus; Induzem a síntese de estruturas especializadas capazes de
transferir o ácido nucléico viral para outras células. Os vírus possuem poucas enzimas
próprias ou mesmo nenhuma para seu possível metabolismo. Por exemplo, não possuem
enzimas para a síntese protéica e para a geração de energia (ATP). Os vírus devem-se
apossar do metabolismo da célula hospedeira para a sua replicação. Esse fato tem uma
grande signifi cância clinica para o desenvolvimento de diagnóstico, vacinas, e o
desenvolvimento de drogas antivirais, porque a maioria das drogas que interfere na
replicação viral pode interferir também no metabolismo da célula hospedeira sendo,
dessa forma, tóxicas.

3.3. TAMANHO DOS VÍRUS


Os tamanhos dos vírus variam consideravelmente de 20 a 1.000 nm e é
determinado por comparação com partículas de látex de tamanho conhecido com o
auxílio do microscópio eletrônico. Apesar de a maioria ser menor que as bactérias, alguns
dos maiores vírus (como o vírus da vaccínia) são praticamente do mesmo tamanho de
algumas bactérias muito pequenas (como os micoplasmas, as riquétsias e as clamídias).
Figura. O tamanho dos virus

3.4. ESPECTRO DE HOSPEDEIROS


O espectro de hospedeiros de um vírus consiste na variedade de células
hospedeiras que o vírus pode infectar. Podemos utilizar o termo tropismo viral para
identifi car as células alvo principais, como por exemplo: hepatotropismo; afi nidade pelas
células hepáticas; neurotropismo, afi nidade pelas células do cérebro; epiteliotropismo, afi
nidade pelas células do epitélio e etc. Existem vírus que infectam invertebrados,
vertebrados, plantas, protistas, fungos e bactérias. Contudo, a maioria dos vírus infecta
tipos específi cos de hospedeiros e células. Ocasionalmente os vírus podem infectar
outros hospedeiros de baixo tropismo. Os vírus que infectam bactérias são chamados de
bacteriófagos ou fagos. Este assunto será tratados ao longo deste capítulo. O espectro de
hospedeiros de um vírus é determinado pela exigência viral quanto à sua ligação específi
ca à célula hospedeira, pela disponibilidade de fatores celulares do hospedeiro em
potencial necessários para a replicação viral e fatores externos ou ambientais. A superfície
externa do vírus (aceptores) deve interagir quimicamente com receptores específi cos na
superfície da célula, para que ocorra a penetração do vírus. Os dois componentes
complementares são unidos por ligações fracas. Para alguns bacteriófagos, o receptor faz
parte da parede celular do hospedeiro; em outros casos, faz parte do pílim, fímbrias ou
dos fl agelos. No caso dos vírus de humanos e de animais, os receptores estão na
membrana plasmática da célula hospedeira (marcadores celulares). A possibilidade de se
usar vírus em tratamentos diagnóstico e vacinas é intrigante, devido a seu espectro
restrito de hospedeiros e sua capacidade de matar as células alvo. Tais idéias já existem
há cerca de 75 anos. Infelizmente, maiores estudos devem ser realizados para obtenção
de sistemas confi áveis que possam ser utilizados nas rotinas clinicas

3.5. ESTRUTURA VIRAL


A partícula viral completa, totalmente formada e infecciosa é composta por um ácido
nucléico envolto por uma cobertura protéica que o protege do meio ambiente e serve como
veículo na transmissão de uma célula hospedeira para outra. Os vírus podem ser classifi cados de
acordo com as diferenças na estrutura desses envoltórios.

3.6. ÁCIDO NUCLÉICO


Os vírus podem possuir tanto o ácido nucléico DNA como RNA, mas nunca ambos.
Podemos encontrar em células infectadas um possível ácido nucléico (DNA ou RNA)
genomico e os RNAs virais expressos pela célula. O ácido nucléico dos vírus pode ser de
simples fi ta ou dupla fi ta. Assim, existem vírus com DNA de dupla fi ta, DNA de simples fi
ta, RNA de dupla fi ta e RNA de simples fi ta. Dependendo do vírus, o ácido nucléico pode
ser linear ou circular. Em alguns vírus (por exemplo, o vírus da gripe), o ácido nucléico é
segmentado. O RNA viral pode ser ainda no sentido positivo ou seja funciona diretamente
como mensageiro, sendo assim infeccioso. As porcentagens de ácido nucléico em relação
à proteína podem variar de 1 %, no caso do lnfl uenzavirus e de 50% em determinados
bacteriófagos. A quantidade total de ácido nucléico varia de poucos milhares de
nucleotídeos (ou pares) até 250 Kb (O cromossomo de E. coli possui aproximadamente 4
milhões de pares de nucleotídeos).
3.7. CAPSÍDEO E ENVELOPE
O ácido nucléico dos vírus é envolvido por uma cobertura protéica chamada de
capsídeo. A estrutura do capsídeo é determinada basicamente pelo genoma viral e
constitui a maior parte viral, especialmente nos vírus pequenos. O capsídeo é formado por
subunidades protéicas chamadas de capsômeros. O capsídeo viral é composto por
capsômeros que quase sempre formam um icosaedro. Em alguns vírus, as proteínas que
compõem os capsômeros são de um único tipo; em outros, podem estar presentes vários
tipos de proteínas (pentâmeras e ou hexameras). Os capsômeros são visíveis muitas vezes
nas micrografi as eletrônicas, servindo de referência morfológica e taxonômica. A
organização dos capsômeros é característica para cada tipo de vírus. Em alguns vírus, o
capsídeo é coberto por um envelope que, normalmente consiste de uma combinação de
lipídeos, proteínas e carboidratos. Alguns vírus animais são liberados da célula hospedeira
por um processo de extrusão, em que a partícula é envolvida por uma camada de
membrana plasmática celular que vai constituir o envelope viral.
Em muitos casos, o envelope contém proteínas (espículas) codifi cadas pelo
genoma do vírus juntamente com materiais derivados de componentes normais da célula
hospedeira. Dependendo do vírus, os envelopes podem ou não apresentar espículas, que
são complexos de carboidrato-proteína que se projetam da superfície do envelope.
Muitos vírus usam as espículas para ancorar na célula hospedeira. As espículas são tão
características de muitos vírus que são usadas na sua identifi cação. A capacidade de
determinados vírus, como o lnfl uenzavirus, em agregar eritrócitos, está associada à
presença das espículas. Esses vírus

3.8. MORFOLOGIA GERAL


Os vírus podem ser classifi cados em vários tipos morfológicos diferentes, com
base na arquitetura do capsídeo. A estrutura do capsídeo tem sido elucidada por meio da
microscopia eletrônica e de uma técnica chamada de cristalografi a de raios X. Os vírus
podem ser helicoidais, poliédricos, envelopados, complexos.
Os vírus helicoidais lembram longos bastonetes, que podem ser rígidos ou fl
exíveis. O genoma viral está no interior de um capsídeo cilíndrico oco com estrutura
helicoidal. Muitos vírus animais, vegetais e bacterianos são poliédricos. O capsídeo da
maioria deles tem a forma de um icosaedro, um poliedro regular com 20 faces
triangulares e 12 vértices. Os capsômeros de cada face formam um triângulo eqüilátero.
Como mencionado anteriormente, o capsídeo de alguns vírus é coberto por um envelope.
Os vírus envelopados são grosseiramente esféricos. Alguns vírus, especialmente os vírus
bacterianos, possuem estruturas mistas de helicoidal e poliédrico: são denominados vírus
complexos.
3.9. TAXONOMIA DOS VÍRUS
A taxonomia dos vírus é bastante complexa devido às particularidades das
partículas virais e a difícil identifi cação de características de similaridade. Existe desde
1966 um comitê internacional de taxonomia de vírus (CITV) que periodicamente trabalha
na inclusão e agrupamento dos vírus. Quando novas técnicas de caracterização de vírus
são desenvolvidas e estabelecidas na comunidade cientifi ca, novos grupamentos podem
surgir. A classifi cação mais antiga dos vírus é baseada na sintomatologia. Esse sistema
não é aceitável cientifi camente, porque o mesmo vírus pode causar mais do que uma
doença. Além disso, esse sistema agrupa artifi cialmente vírus que não infectam seres
humanos. Os virologistas atualmente têm agrupado os vírus em famílias baseado: (1) no
tipo de ácido nucléico, (2) no modo de replicação e (3) na morfologia. O sufi xo-vírus é
usado para os gêneros enquanto as famílias recebem o sufi xo-viridae; a nomenclatura
das ordens termina em --ales. No uso formal, os nomes das famílias e dos gêneros são
utilizados da seguinte maneira: Família Herpesviridae, gênero Simplexvirus, vírus do
herpes humano tipo 2. Uma espécie viral compreende um grupo de vírus que
compartilham a mesma informação genética e o mesmo nicho ecológico (espectro de
hospedeiros). Epítopos específi cos não são usados. Dessa forma, as espécies virais são
designadas por nomes descritivos vulgares, por exemplo, vírus da imunodefi ciência
humana (HIV) e, as subespécies (se existirem), são designadas com um número (HIV-1).

Principais famílias de vírus patogênicos Podemos destacar como as principais


famílias de vírus patogênicos para o homem as seguintes:

 Familia Parvoviridae gênero Parvovírus humano;


 Família Adenoviridae gênero Mastadenovirus;
 Família Papovaviridae gênero Papillomavirus;
 Família Poxviridae gênero Orthopoxivirus;
 Família Herpesviridae gêneros Simplexvirus, Varicelovirus,
Lymphocryptovirus, Cytomegalovirus, Roseolovirus, Sarcoma de Kaposi;
 Família Hepadnaviridae gênero Hepadnavirus;
 Família Picornaviridae gênero Enterovírus, Rhinovirus;
 Família Caliciliridae gênero Vírus da Hepatite E;
 Familia Togaviridae gênero Alfavirus Rubilivirus;
 Família Flaviviridae gênero Flavivirus, Pestivirus, vírus da hepatite C;
 Família Coronaviridae gênero Coronavirus;
 Família Rabdoviridae gênero Vesiculovirus, Lyssavirus;
 Família Filoviridae gênero Filavirus;
 Família Paramixoviridae gênero Paramixovirus, Morbilivirus;
 Família Deltaviridae gênero Hepatite D;
 Família Orthomixoviridae gênero Infl uenzavirus;
 Família Bunyaviridae gênero Bunyavirus, Hantavirus;
 Família Arenaviridae gênero Arenavirus;
 Família Retroviridae gênero Oncovirus, lentivirus;
 Família Reoviridae gênero Reovirus, Rotavirus.

3.10. CULTIVO DE VÍRUS BACTERIÓFAGOS EM LABORATÓRIO


Os bacteriófagos podem replicar tanto em culturas bacterianas em meio líquido
em suspensão ou, em meio semi-sólido. O meio semi-sólido torna possível o uso do
método da placa de lise para a detecção e contagem das partículas virais. Mistura-se uma
amostra de bacteriófagos com as bactérias em agar fundido. A mistura é, então, colocada
em uma placa de Petri contendo uma camada de meio de cultivo com agar solidifi cado. A
mistura vírus-bactéria se solidifi ca, formando uma camada com a espessura aproximada
de uma célula bacteriana. Todos os vírus infectam uma bactéria, multiplica-se e libera
várias centenas de novos vírus que infectarão as bactérias vizinhas que, por sua vez,
produzirão novos vírus. Depois de vários ciclos de replicação viral, são destruídas todas as
bactérias nas proximidades do vírus original. Isso produz um determinado número de
zonas claras ou placas de lise, visíveis contra uma camada de bactérias que se
desenvolvem na superfície do agar. Enquanto as placas de lise se formam, as bactérias
não-infectadas, em outras regiões da cultura, continuam proliferando e produzem um
fundo túrbido. Cada placa de lise corresponde, teoricamente, a uma única partícula viral
da suspensão original. Logo, a concentração das suspensões virais, medida pelo número
de placas de lise formadas, é, geralmente, dada em unidades formadoras de placas (UFP).

3.11. CULTIVO DE VÍRUS ANIMAIS


O cultivo de um determinado vírus animal é limitado pela necessidade de um
tecido vivo em que as células possuam receptores apropriados, e que sejam suscetíveis à
replicação dos vírus após a penetração no citoplasma. Inicialmente dispunha-se apenas de
animais de experimentação em que se conseguia obter a multiplicação dos vírus, como o
vírus da Raiva em coelhos. Hoje em dia essa prática persiste, sendo um exemplo
importante a vigilância de arboviroses (de “artropod-born” ou veiculado por artrópodes,
como os vírus da dengue e febre amarela, transmitidos por mosquitos do gênero Aedes).
Nesse procedimento hemolinfa de mosquitos ou sangue de animais silvestres são
inoculados em cérebro de camundongos neonatos, observando-se ocorre o aparecimento
de sintomas de paralisia quando há presença de um arbovírus. Uma alternativa é a
inoculação desses fl uidos nas cavidades (ex.: alantóide) de ovos embrionados, cujo
epitélio ou eventualmente o próprio tecido embrionário seja suscetível à infecção por
determinados vírus (por exemplo, os vírus do Sarampo, Infl uenza, Pólio e Herpes crescem
bem nessas condições).
O estudo dos vírus animais teve um grande avanço a partir dos anos 40, quando
se começou a utilizar as culturas celulares, desenvolvido inicialmente por Enders e
colaboradores, para a multiplicação in vitro do vírus da poliomielite.
As células podem ser obtidas a partir de culturas de explante. Essa técnica
consiste na utilização de fragmentos de tecidos ou órgãos, que são cultivados em meio
adequado de crescimento celular. Os fragmentos aderidos à superfície de um frasco
apropriado vão liberar espontaneamente as células, de maneira a formar uma camada
monocelular. Essas culturas de células em monocamada podem também ser preparadas
pelo tratamento do tecido original, ou da linhagem estabelecida já cultivada em frascos,
com agentes dispersantes tais como: enzimas proteolíticas (ex.: tripsina) e/ou
substâncias quelantes (ex.: EDTA). Assim, com a retirada das proteínas, do cálcio e do
magnésio, necessários para a ligação na estrutura do tecido ou à superfície de cultivo
(plástico ou vidro), as células são dispersas. Isso é feito em meio nutritivo, sendo que
após algumas horas de incubação as células aderem-se à superfície do novo frasco, e
multiplicam se formando outra camada celular. A esse procedimento é dado o nome de
sub-cultivo, passagem ou repique.
As culturas primárias são derivadas diretamente dos tecidos. Esse tipo de cultura
celular é constituído por células diplóides (contém o mesmo número de cromossomos
da espécie que deu origem à cultura). A cultura primária é geralmente mais sensível que
as demais para o cultivo de vírus, e pode ser utilizada para a produção de vacinas.
Entretanto, apresenta algumas desvantagens, entre elas, a maior difi culdade de
obtenção, o alto custo e a possibilidade de contaminação por vírus latentes. As culturas
primárias quando sub-cultivadas, em geral, degeneram e morrem após a segunda ou
terceira passagem.
No decorrer de sub-cultivos das culturas primárias, pode haver a seleção de
clones, capazes de sobreviver e se multiplicar por 50 ou mais passagens. Esses clones
dão origem às chamadas linhagens celulares, também denominadas de linhagens
estabelecidas ou contínuas, que podem ser aneuplóides (com número de cromossomos
alterado). São sensíveis para o isolamento de vírus e são de manutenção relativamente
fácil. Os estoques devem ser congelados em baixo número de passagens, e reativados
quando necessário, mantendo assim a mesma sensibilidade à infecção. Quando a
cultura de espante é feita a partir de tecido tumoral, em geral as linhagens celulares são
obtidas mais rapidamente e são aneuplóides. Estas podem ser úteis para fi ns de
diagnóstico, isolamento e propagação de vírus, produção de reagentes, mas não para
produção de vacinas.
Outro método, utilizado para a obtenção de culturas celulares, baseiase no
cultivo de células em suspensão, obtidas de tecido originalmente não aderente ou
adaptadas a essa condição. Neste caso, grandes populações de células podem ser
obtidas, sendo úteis para o preparo de grandes volumes de vírus com altos títulos, como
na produção de antígenos para confecção de vacinas ou reagentes para diagnóstico.

3.12. IDENTIFICAÇÃO VIRAL


A identificação de um isolado viral não é uma tarefa fácil. Para começar, os vírus só
podem ser visualizados por meio do uso do microscópio eletrônico. Os métodos
sorológicos, como o ELISA e o Western blotting, são os métodos de identifi cação mais
comumente usados. Nesses testes o vírus é detectado e identifi cado por sua reação com
anticorpos. A observação dos efeitos citopáticos dos vírus nas células hospedeiras,
também é útil na identifi cação dos vírus. Os virologistas usam os métodos moleculares
modernos como as análises do polimorfi smo de tamanho de fragmentos de restrição
(RFLPs) e a reação em cadeia da polimerase (PCR) na identifi cação e na caracterização dos
vírus. A RT-PCR é utilizada para a identifi cação de vírus RNA.

3.13. ISOLAMENTO VÍRAL A PARTIR DE MATERIAL CLÍNICO


Como vimos acima, os sistemas celulares mais utilizados para o isolamento dos
vírus são: as culturas de células in vitro, os ovos embrionados de galinha e os animais de
laboratório. A grande variedade de métodos e sistemas utilizados no isolamento de vírus
de amostras de material clínico refl ete, de fato, que as condições ótimas de isolamento
são distintas para cada vírus. Se um hospedeiro insensível é inoculado com uma amostra
contendo determinado vírus, este provavelmente não será isolado, e um resultado falso
negativo será obtido. As culturas celulares apresentam grande variação na sua
suscetibilidade aos diferentes vírus, por exemplo: para o isolamento de poliovírus as
culturas mais indicadas são as culturas primárias de rim de macaco ou as linhagens
celulares de rim de macaco (GMK - rim de macaco verde ou LLC-MK2 - rim de Macaca
mulata) ou ainda linhagens celulares humanas (RD - rabdomiosarcoma humano). Para
adenovírus a linhagem mais indicada é a HEp-2 (carcinoma epitelial humano); para o vírus
do sarampo e o vírus Herpes, a linhagem celular mais indicada é a VERO (rim de macaco
verde). Quando pequenas quantidades de vírus estão presentes numa amostra, um
resultado positivo só pode ser obtido quando o sistema mais sensível é utilizado.
Portanto, é muito importante que o laboratório seja informado da síndrome clínica, ou do
vírus suspeito, para que se possa utilizar o melhor método de detecção. Nenhuma técnica
laboratorial (ou cultura celular), no entanto, será efi ciente, se a amostra não for colhida,
transportada, armazenada e processada de forma adequada. As amostras precisam ser
colhidas na fase aguda da infecção e sua escolha deve ser apropriada: fezes, para vírus
entéricos; secreção nasal para vírus respiratórios; sangue, para vírus de transmissão sangüínea,
etc. As amostras, quando colhidas com "swab" (tipo de cotonete), devem ser imediatamente
colocadas em solução salina tamponada ou meio de cultura, para evitar que ressequem com a
conseqüente desnaturação dos vírus. De forma geral, todas as amostras devem ser transportadas
em temperatura de geladeira para o laboratório imediatamente, e assim conservado até o
momento do diagnóstico, para evitar a inativação dos vírus pelo calor. As amostras, antes da
inoculação em culturas celulares, ou antes, de serem usadas em qualquer teste de diagnóstico,
deverão ser processadas adequadamente. Esse processamento, de modo geral, inclui fases de
eluição dos vírus da amostra, com uso de salina tamponada; clarifi cação por centrifugação, para
eliminação de resíduos indesejáveis, e descontaminação com agentes antibacterianos e/ ou
antifúngicos. Evita-se assim, que resíduos tóxicos ou microrganismos contaminantes interfi ram no
isolamento dos vírus e no diagnóstico

3.14. REPLICAÇÃO VIRAL (MODELO BACTERIÓFAGO)


O ácido nucléico do vírus possui poucos genes necessários para a síntese de novos
vírus. Entre esses, estão os genes que codifi cam componentes estruturais, como as
proteínas do capsídeo e genes que codifi cam algumas das enzimas usadas no ciclo de
replicação viral. Essas enzimas são sintetizadas e funcionam somente quando o vírus está
dentro da célula hospedeira. As enzimas virais estão quase que exclusivamente envolvidas
na replicação e no processamento do ácido nucléico viral.

As enzimas necessárias para a síntese protéica, os ribossomos, o tRNA e a energía


são fornecidos pela célula hospedeira e são usados na síntese de proteínas e enzimas
virais Assim, para que um vírus se multiplique, de precisa invadir a célula hospedeira e
tomar conta da sua maquinaria metabólica. Um único vírion pode originar, em uma única
célula hospedeira, desde alguns até milhares de partículas virais seme¬lhantes. Esse
processo pode alterar drasticamente a célula hospedeira, podendo até mesmo causar sua
disfunção e morte.

Embora possa variar a maneira pela qual um vírus penetra e se replica dentro da
célula hospedeira, o mecanismo básico é muito semelhante para todos os vírus. O ciclo
melhor conhecido é o dos bacteriófagos. Os fagos podem se replicarem por dois
mecanismos alternativos: o ciclo lítico ou o ciclo lisogênico. O ciclo lítico termina com a
lise e a morte da célula hospedeira enquanto que no ciclo lisogênico a célula permanece
viva.
Durante o ciclo lítico os vírus bacteriófagos T que são: grandes, complexos e não-
envelopados, com uma estrutura característica de cabeça e cauda, possuem a capacidade
de infectar a bactéria E. coli. O tamanho de seu DNA é somente cerca de 6% do da E. coli,
apesar de ser sufi ciente para codifi car mais de 100 genes. O ciclo de replicação desses e
dos demais virus ocorre em cinco estágios distintos: ancoragem ou aderência, penetração,
biossíntese, maturação e liberação.

Adsorção: Após uma colisão ao acaso entre as partículas fágicas e as bactérias,


ocorre a adsorção. Durante este processo, um sítio de aderência no vírus se ancora ao
sítio receptor complementar na bactéria. Os bacteriófagos possuem fi bras na
extremidade da cauda que servem como sítios de aderência. Os sítios receptores
complementares estão na parede bacteriana.

Penetração: Após a aderência, os bacteriófagos injetam seu DNA (ácido nucléico)


dentro da bactéria. Para isso, a cauda do bacteriófago libera uma enzima, a lisozima, que
destrói uma parte da parede bacteriana. Durante o processo de penetração, a bainha da
cauda se contrai, e o centro da cauda atravessa a parede celular. Quando a ponta da
cauda alcança a membrana plasmática, o DNA da cabeça do fago passa para a bactéria,
através do lúmen da cauda e da membrana plasmática. O capsídeo permanece do lado de
fora.

Biossíntese: Assim que o DNA do bacteriófago alcança o citoplasma da célula


hospedeira, inicia-se a biossíntese do ácido nucléico e das proteínas virais. A síntese
protéica do hospedeiro é interrompida pela degradação do seu RNA induzida pelo vírus,
pela ação de proteínas virais que interferem com a transcrição, ou pela inibição da
tradução.

O fago usa, inicialmente, nucleotídeos e várias enzimas do hospedeiro para


sintetizar muitas cópias do seu DNA. Logo a seguir se inicia a biossíntese das proteínas
virais. Todo oRNA transcrito é mRNA do bacteriófago que sintetiza enzimas virais e
proteínas do capsídeo viral. Os ribossomos, as enzimas e os aminoácidos do hospedeiro
são usados na tradução.Controles genéticos regulam a transcrição de diferentes regiões
do DNA do fago durante o ciclo de multiplicação. Por exemplo, mensagens precoces são
traduzidas em proteínas virais precoces, que são as enzimas usadas na síntese do DNA
viral. Da mesma forma, mensagens tardias são traduzidas em proteínas tardias usadas na
síntese das proteínas do capsídeo.

Durante vários minutos após a infecção, não são encontrados na célula hospedeira
fagos completos. Somente podem ser detectados componentes isolados - DNA e proteína
virais. Durante a multiplicação viral, chama-se período de eclipse, aquele em que ainda
não estão formados os vírions completos e infectivos.

Maturação: Nesse processo, vírus completos são formados a partir do DNA e dos
capsídeos. Outros componentes virais se organizam espontaneamente formando as
partículas virais, eliminando a necessidade de muitos genes não-estruturais e de outros
produtos gênicos. As cabeças e as caudas são montadas separadamente a partir de
subunidades protéicas: a cabeça é preenchida com DNA viral e se une à cauda.

Liberação: O estágio fi nal da replicação viral consiste na liberação dos vírions da


célula hospedeira. O termo lise é geralmente usado para esse estágio da replicação dos
fagos porque, nesse caso, a membrana plasmática se rompe (lisa). A lisozima, que é codifi
cada pelo genoma do fago, é sintetizada dentro da célula e destrói a parede celular,
liberando os bacteriófagos recémproduzidos. Os fagos liberados infectam novas células
nas proximidades, e o ciclo de multiplicação se repete.

Alguns vírus, ao contrário dos bacteriófagos, não causam lise nem morte da célula
hospedeira após a infecção. Esses fagos lisogênicos (também chamados de fagos
temperados) podem realizar um ciclo lítico, mas eles também são capazes de incorporar
seu DNA ao da célula hospedeira para iniciar um ciclo lisogênico. Na lisogenia, o fago
permanece latente inativo. As células bacterianas hospedeiras, nesse caso, são conhecidas
como células lisogênicas.

O DNA do fago, originalmente linear, forma um círculo. Esse círculo pode


multiplicar-se e ser transcrito, levando à produção de novos fagos e à lise celular (ciclo
lítico). Mas alternativamente, o círculo pode sofrer recombinação e se tornar parte do
DNA do cromossomo da bactéria (ciclo lisogênico). O DNA do fago inserido chama-se
agora profago. A maioria dos genes do profago é reprimida por duas proteínas
repressoras codifi - cadas pelo genoma do fago. Esses repressores ligam-se aos
operadores, interrompendo, dessa forma, a transcrição de todos os outros genes do fago.
Assim são desligados os genes do fago que conduziriam à síntese e à liberação de novos
vírus, da mesma forma que são desligados os genes de E. coli.

Figura. cíclo virus bacteriófago

3.15. A LISOGENIA APRESENTA TRÊS CONSEQÜÊNCIAS IMPORTANTES.


Em primeiro lugar, as células lisogênicas são imunes à reinfecção pelo mesmo fago
(no entanto, não são imunes à infecção por outros tipos de fagos). A segunda
conseqüência é afago conversão, isto é, as células hospedeiras podem vir a apresentar
novas propriedades. Por exemplo, a bactéria Corynebacterium diphtheriae, que causa a
difteria, é um patógeno cujas propriedades causadoras da doença estão relacionadas com
a síntese de uma toxina. Essa bactéria só produz a toxina quando possuir um fago
temperado, pois o gene que codifi ca para a toxina está no profago. Em um outro
exemplo, somente os estreptococos que carregam um fago temperado são capazes de
produzir a toxina relacionada com a escarlatina. A toxina produzida pelo Clostridium
botulinum, que causa o botulismo, é codifi cada por um gene de um profago, assim como
a toxina da cólera, que é produzida por linhagens patogênicas de Vibrio cholerae.
Figura. Ciclo reprodução do vírus

A terceira conseqüência da lisogenia é que ela torna possível a transdução


especializada. Qualquer gene bacteriano pode ser transferido por esse processo porque o
cromossomo do hospedeiro está fragmentado em pequenos pedaços que podem ser
empacotados em um capsídeo de fago. Na transdução especializada. No entanto,
somente podem ser transferidos determinados genes bacterianos. Determinados vírus
animais podem sofrer processos muito semelhantes à lisogenia. Os vírus animais que
permanecem latentes por longos períodos nas células hospedeiras, sem se multiplicarem
e sem causarem doenças, podendo estar inseridos no cromossomo do hospedeiro ou
permanecer separados, mas em um estado reprimido (como alguns fagos lisogênicos).
Vírus que causam câncer podem também estar latentes.

3.16. REPLICAÇÃO DE VÍRUS DNA E RNA


A replicação dos vírus animais segue um padrão básico da replicação dos
bacteriófagos, mas apresenta algumas diferenças importantes como:

Os sítios de ancoragem são proteínas da membrana plasmática e envoltório viral;


O capsídeo entra por endocitose ou por fusão;

A decapsidação ocorre por remoção enzimática das proteínas do capsídeo;


A biossintese ocorre no núcleo ou no citoplasma;

Pode ocorrer latência, infecções lentas ou câncer;

A liberação ocorre por brotamento em vírus envelopados ou por lise da membrana


plasmática nos vírus não-envelopados.

Nos bacteriófagos seu mecanismo de entrada na célula hospedeira é diferente.


Além disso, uma vez dentro da célula, a síntese e o arranjo dos novos componentes virais
são ligeiramente diferentes, em parte devido às diferenças entre as células procarióticas e
eucarióticas. Os vírus animais possuem determinadas enzimas não encontradas nos fagos.
Finalmente, existem diferenças entre os vírus animais e os fagos quanto aos mecanismos
de maturação e liberação e quanto aos efeitos sobre a célula hospedeira.

Os processos comuns aos vírus animais contendo DNA e RNA são aderência,
penetração, decapsidação e liberação. Examinaremos, também, as diferenças entre os
dois tipos de vírus, com relação aos processos de biossíntese.
Figura. Replicação viral

Os vírus de RNA multiplicam-se essencialmente da mesma forma que os de DNA,


exceto que os diferentes grupos utilizam vários mecanismos para a síntese de mRNA.
Embora os detalhes desses mecanismos estejam fora do objetivo deste texto, devemos
entender que os vírus de RNA se multiplicam no citoplasma da célula hospedeira e as
principais diferenças entre os processos de multiplicação desses vírus residem na forma
como o mRNA e o RNA genomico viral são produzidos. Após a síntese do RNA e das
proteínas virais, o processo de maturação é similar a todos os outros vírus animais.

3.17. INFECCÕES VIRAIS LATENTES E PERSISTENTES


Um vírus pode permanecer em equilíbrio com o hospedeiro por um longo período
de tempo, freqüentemente por muitos anos, sem se replicar ou produzir doença. Os
herpes vírus humanos permanecem nas células hospedeiras por toda a vida do ;indivíduo.
Quando os herpes vírus são reativados por imunossupressão (por exemplo, a AIDS), a
infecção resultante pode ser letal. A infecção de pele causada pelo vírus do herpes que
produz o herpes labial é o exemplo clássico de uma infecção latente. Esse vírus penetra as
células nervosas do hospedeiro, mas só causa dano quando for ativado por um "estímulo
como febre ou queimadura solar.

Em alguns indivíduos, os vírus são produzidos, mas os sintomas nunca aparecem.


Embora uma grande porcentagem da população humana possua o vírus do herpes,
somente 10 a 15% dessa população apresenta a doença. Os vírus causadores de algumas
infecções latentes existem em estado lisogênico dentro das células hospedeiras.

O vírus da varicela (do gênero Varicellavirus) também pode existir, em estado


latente. A varicela (catapora) é uma doença de pele, geralmente contraída na infância. Os
vírus chegam à pele através do sangue. A partir do sangue, podem também atingir os
nervos onde permanecem latentes. Mudan¬ças na resposta imunológica (células T)
podem, mais tarde, ativar os vírus latentes, causando herpes zoster. Os exantemas
aparecem na pele ao longo do nervo em que o vírus estava latente. Herpes zoster ocorre
em 10 a 20% das pessoas que tiveram varicela
As infecções virais persistentes por vírus são mortais. Demonstrouse, na verdade,
que algumas infecções virais persistentes são causadas por vírus convencionais. Por
exemplo, o vírus do sarampo é responsável por uma forma rara de panencefalite
subaguda esclerosante (SSPE), vários anos após causar sarampo. Uma infecção viral
persistente difere aparen¬temente de uma infecção viral latente porque, na maior parte
dos casos, o vírus infeccioso é detectado gradualmente por um longo período, ao invés de
aparecer repentinamento.

3.18. PRÍONS
O nome prion foi originado da expressão proteinaceous infectious particle (partícula
protéica infecciosa). Existem, atualmente, nove doenças animais incluídas nessa categoria,
entre elas, a "doença da vaca louca" que apareceu em bovinos na Grã-Bretanha em 1987.
Todas são doenças neurológicas denominadas encefalopatias espongiformes devido ao
desenvolvimento de grandes vacúolos no tecido cerebral. As doenças humanas são kuru,
doença de Creutzfeldt-Jakob (CJD), síndrome de Gerstmann Straussler-Scheinker e insônia
familiar fatal. Essas doenças se manifestam em membros da mesma família, o que indica uma
possível causa genética. No entanto, não podem ser puramente herdadas, já que a doença da
vaca louca surgiu em bovinos alimentados com ração feita com carne de ovelhas contaminadas
com scrapie, e a nova variante (bovina) foi transmitida para indivíduos que ingeriram carne
bovina mal-cozida. Além disso, a CJD foi transmitida por tecido nervoso transplantado e por
instrumentos cirúrgicos contaminados.

Essas doenças são causadas por uma glicoproteína normal do hospedeiro denominada
Prpc, de proteína prion celular, que é convertida em uma forma infecciosa denominada prpsc,
de proteína scrapie. A localização da Prpc na superfície da célula sugere que ela pode estar
associada com a adesão celular e o reconhecimento celular, ou a incorporação de um
elemento. Nos humanos, o gene para Prpc está localizado no cromossomo 20. A Prpc é
produzida pelas células; e secretada para a superfície celular. A Prpsc reage com a Prpc na
superfície celular convetendo a Prpc em PrpSc.
A Prpsc é absorvida por meio de endocitose e se acumula nos lisossomos. A causa real
do dano celular não é conhecida. Os fragmentos de moléculas Prpsc se acumulam no cérebro,
formando placas, que são usadas no diagnóstico post-mortem, mas não parecem ser a causa do
dano celular.

ATIVIDADES

1. Por que estudar Virologia?


2. Quais as principais características gerais dos vírus?
3. Justifique. Os vírus não são considerados seres vivos!
4. Em que se baseia a atual sistemática taxonômica dos vírus?
5. Qual a diferença entre as infecções produtivas, latentes e persistentes?
6. Justifique: os vírus só podem ser isolados (cultivados) em sistemas vivos?
7. O que são bacteriófagos?

REFERÊNCIAS
BLACK, J. G. Microbiologia: fundamentos e perspectivas. 4ª. Ed. Guanabara Koogan, 2002.
MADIGAN, M. T.; MARTINKO, J. M.; PAKER, J. Microbiologia de Brock. 10ª ed. São Paulo:
Printece Hall do Brasil, 2004.
MURRAY, P. R.; ROSENTHAL, K. S.; KOBAYASHI, G. S. PFALLER, M.A. Microbiologia Médica. 4ª
ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 8ª ed. São Paulo: Artmed, 2005.
CAPÍTULO 4. MICOLOGIA

4.1. Introdução à micologia

A Micologia compreende um vasto campo de estudo, envolvendo microrganismos


conhecidos por fungos, leveduras e actinomicetos, embora estes últimos estejam hoje
classificados entre as bactérias. O estudo interessa a vários setores científicos e industriais.
Após uma parte introdutória, em que se observarão aspectos gerais da Micologia, faremos
uma análise sistemática das micoses.

Os fungos, também conhecidos como bolores, são organismos eucariontes (com


células nucleadas), existindo espécies unicelulares e pluricelulares, respectivamente: as
leveduras e os cogumelos, cujas células são impregnadas externamente por quitina, um
polissacarídeo nitrogenado. Esses seres são heterotróficos (não sintetizam o próprio
alimento), incorporando os nutrientes necessários ao seu metabolismo através da absorção
de substâncias após digestão extracorpórea (sapróbios), realizada por enzimas sintetizadas e
secretadas sobre a matéria orgânica contida no ambiente.

4.2. Característica gerál dos fungos

Os fungos pluricelulares apresentam estrutura formada por uma malha filamentosa


chamada de hifas, agrupadas formando um pseudo tecido denominado micélio,
caracterizado conforme sua distinção citoplasmática em:

Hifas septadas – cujas células são individualizadas, cada uma contendo o seu núcleo;
Hifas cenocíticas – com aparência anastomosada (concisa), formada por um citoplasma
estendido e polinucleado.

O micélio assume tanto a função vegetativa, quanto reprodutiva. A primeira


conferindo sustentação, crescimento e obtenção de alimentos, e a segunda, responsável
pela produção de esporos (reprodução sexuada), porém podendo ocorrer de forma
assexuada, seja por brotamento ou fragmentação.

A respiração dos fungos pode ser aeróbia (na presença de oxigênio) ou anaeróbia
facultativa, sobrevivendo em ambientes com baixa oxigenação. Sistematicamente os fungos
são classificados em: Zigomicetos, Basidiomicetos, Ascomicetos e Deuteromicetos.
Figura. Estrutura dos fungos

4.3. Morfologia dos fungos.

Durante muito tempo, os fungos foram considerados como vegetais e, somente a


partir de 1969, passaram a ser classifi cados em um reino à parte. Os fungos apresentam um
conjunto de características próprias que permitem sua diferenciação das plantas: não
sintetizam clorofi la, não tem celulose na sua parede celular, exceto alguns fungos aquáticos
e não armazenam amido como substância de reserva. A presença de substâncias quitinosas
na parede da maior parte das espécies fúngicas e a sua capacidade de depositar glicogênio
os assemelham às células animais.

Os fungos são seres vivos eucarióticos, com um só núcleo, como as leveduras, ou


multinucleados, como se observa entre os fungos fi lamentosos ou bolores. Seu citoplasma
contém mitocôndrias e retículo endoplasmático rugoso. São heterotrófi cos e nutrem-se de
matéria orgânica morta - fungos saprofíticos, ou viva - fungos parasitários. Suas células
possuem vida independente e não se reúnem para formar tecidos verdadeiros. Os
componentes principais da parede celular são hexoses e hexoaminas, que formam
mananas, ducanas e galactanas. Alguns fungos têm parede rica em quitina (N-acetil
glicosamina), outros possuem complexos polissacarídios e proteínas, com predominância de
cisteína. Fungos do gênero Cryptococcus, como o Cryptococcus neoformans apresentam
cápsula de natureza polissacarídica, que envolve a parede celular. Protoplastos de fungos
podem ser obtidos pelo tratamento de seus cultivos, em condições hipertônicas, com
enzimas de origem bacteriana ou extraídas do caracol Helix pomatia. Os fungos são
ubíquos, encontrando-se no solo, na água, nos vegetais, em animais, no homem e em
detritos, em geral. O vento age como importante veiculo de dispersão de seus propágulos e
fragmentos de hifa.

4.4. CLASSIFICAÇÃO DOS FUNGOS

O Reino Fungi é dividido em seis fi los ou divisões dos quais quatro são de
importância médica: Zygomycota, Ascomycota, Basidiomycota e Deuteromycota.

4.4.1. DIVISÃO ZYGOMYCOTA

Inclui fungos de micélio cenocítico, ainda que septos possam separar estruturas
como os esporângios. A reprodução pode ser sexuada, pela formação de zigósporos e
assexuada com a produção de esporos, os esporangiósporos, no interior dos
esporângios. Os fungos de interesse médico se encontram nas ordens Mucorales e
Entomophthorales.

Figura. Bolor no morango: exemplo de fungo do Filo Zygomycota.


4.4.2. DIVISÃO ASCOMYCOTA

Agrupa fungos de hifas septadas, sendo o septo incompleto, com os típicos


corpos de Woronin. A sua principal característica é o asco, estrutura em forma de saco
ou bolsa, no interior do qual são produzidos os ascósporos, esporos sexuados, com
forma, número e cor variáveis para cada espécie. Algumas espécies produzem
ascocarpos e ascostromas no interior dos quais se formam os ascos. Conídios,
propágulos assexuados são também encontrados. As espécies patogênicas para o
homem se classifi cam em três classes: Hemiascomycetes, Loculoascomycetes e
Plectomycetes.

Figura Claviceps purpurea: exemplo de fungo do Filo Ascomycota

4.4.3. DIVISÃO BASIDIOMYCOTA

Compreendem fungos de hifas septadas, que se caracterizam pela produção de


esporos sexuados, os basidiósporos, típicos de cada espécie. Conídios ou propágulos
assexuados podem ser encontrados. A espécie patogênica mais importante se enquadra
na classe Teliomycetes.
Figura. Orelha-de-pau: exemplo de fungo do Filo Basidiomycota

4.4.4. DIVISÃO DEUTEROMYCOTA

Engloba fungos de hifas septadas que se multiplicam apenas por conídios e por isso são
conhecidos como Fungos Imperfeitos. Os conídios podem ser exógenos ou estar contidos em
estruturas como os picnídios. Entre os Deuteromycota se encontra a maior parte dos fungos de
importância médica

Figura. O pé de atleta é provocado por um fungo do Filo Deuteromycota

4.5. REPRODUÇÃO DOS FUNGOS


Os fungos são organismos uni ou multicelulares, heterotróficos e que se reproduzem de
forma sexuada ou assexuada, principalmente por meio da produção de esporos.

Os esporos são células que, por mitose, originam novos indivíduos. Em geral,


são imóveis, com exceção dos encontrados em quitrídios, e produzidos por estruturas que se
elevam acima do micélio (massa enovelada formada por um conjunto de hifas), denominadas
de esporângios, ou em células de hifas (filamentos de células), sendo denominados
de conídios.

Figura. Esporos

Os esporos consistem em um método bastante eficaz de propagação, pois podem ser


carregados pelo vento, água e animais a grandes distâncias. Quando eles caem em um local
propício, com água e nutrientes, desenvolvem-se. Essa facilidade de propagação ajuda a
explicar a ampla distribuição de muitas espécies

4.5.1. Reprodução assexuada

A reprodução assexuada pode ocorrer de diversas formas. Uma forma comum


de reprodução apresentada por organismos unicelulares, como as leveduras, é
o brotamento, no qual ocorre o crescimento de um broto a partir da célula-mãe.
Leveduras também podem reproduzir-se por divisão celular simples.
Os mofos, ou bolores, bastante encontrados em alimentos em decomposição,
produzem esporos assexuadamente, o que origina novos fungos. No entanto, muitas
espécies também podem reproduzir-se sexuadamente.

 Fragmentação

A maneira mais simples de um fungo filamentoso se reproduzir


assexuadamente é por fragmentação: um micélio se fragmenta originando
novos micélios.

 Brotamento

Leveduras como Saccharomyces cerevisae se reproduzem


por brotamento ou gemulação. Os brotos (gêmulas) normalmente se separam
do genitor mas, eventualmente, podem permanecer grudados, formando
cadeias de células.

 Esporulação

Nos fungos terrestres, os corpos de frutificação produzem, por mitose,


células abundantes, leves, que são espalhadas pelo meio. Cada células dessas,
um esporo conhecido como conidiósporo (do grego, kónis = poeira), ao cair em
um material apropriado, é capaz de gerar sozinha um novo mofo, bolor etc.

Para a produção desse tipo de esporo a ponta de uma hifa destaca-se do


substrato e, repentinamente, produz centenas de conidiósporos, que permanem
unidos até serem liberados. é o que acontece com o fungo penicillium, que assim
foi chamado devido ao fato de a estrutura produtora de esporos - o conídio - se
assemelhar a um pincel.
Figura. reprodução assexuada

4.5.2. Reprodução sexuada

A reprodução sexuada ocorre em três tapas:  plasmogamia,  cariogamia  e meiose.


De modo geral, a reprodução sexuada dos fungos se inicia com a fusão de hifas
haploides, caracterizando a plasmogamia (fusão de citoplasmas). Os núcleos haploides
geneticamente diferentes, provenientes de cada hifa parental, permanecem separados
(fase heterocariótica, n + n). Posteriormente, a fusão nuclear (cariogamia) gera núcleos
diploides que, dividindo-se por meiose, produzem esporos haploides. Esporos formados
por meiose são considerados sexuados (pela variedade decorrente do processo
meiótico). Algumas curiosidades merecem ser citadas a respeito da fase sexuada da
reprodução:

 Antes de ocorrer plasmogamia, é preciso que uma hifa “atraia” a outra. Isso
ocorre por meio da produção de feromônios, substâncias de “atração sexual”
produzidas por hifas compatíveis;

 Em muitos fungos, após a plasmogamia decorre muito tempo (dias, meses,


anos) até que ocorra a cariogamia;
 A produção de esporos meióticos, após a ocorrência de cariogamia, se dá em
estruturas especiais, freqüentemente chamadas de esporângios.

Figura. Reprodução sexuada dos fungos

4.6. IMPORTÂNCIA DOS FUNGOS

Nos ecossistemas, os fungos são importantes decompositores. Nas ciências da


saúde, são importantes como parasitas facultativos. Alguns produzem antibióticos que
inibem o crescimento das bactérias ou as matam. Os fungos são essenciais na
decomposição de ligninas e de outros compostos derivados da madeira. Alguns secretam
resíduos do seu metabolismo que são tóxicos para outros organismos, especialmente
microorganismos do solo.

Na biotecnologia, os fungos são utilizados há muitos anos. Aspergillus niger, por


exemplo, tem sido usado para produzir ácido cítrico para alimentos e bebidas desde 1914. A
levedura Saccharomyces cerevisiae é utilizada para fazer pão e vinagre. Esses organismos
são utilizados ainda como controle biológico de pragas. Em 1990, o fungo Entomorphaga se
proliferou de maneira inesperada e eliminou as mariposas que estavam destruindo árvores
no leste dos Estados Unidos. Em contraste a esses efeitos benéfi cos, os fungos podem
causar efeitos indesejáveis para a indústria e para a agricultura devido às suas adaptações
nutricionais. Como observado pela maioria de nós, os fungos que estragam frutas,
sementes e vegetais são relativamente comuns, mas estragos causados nesses alimentos
por bactérias não são.

4.7. DOENÇAS CAUSAM OS FUNGOS

Micose é o nome genérico que caracteriza várias doenças causadas por fungos. Os
fungos causadores de doenças buscam lugares quentes e úmidos do corpo humano para se
abrigarem. Geralmente, os fungos se instalam na pele, couro cabeludo e unhas. As micoses
são tratadas com antimicóticos ou antifúngicos

Os fungos estão presentes nos mais variados ambientes. Assim, a transmissão de


doenças causadas por causadas por fungos pode ocorrer de vários modos. As principais
formas de favorecer o surgimento de micoses são:

 Andar descalço;

 Usar roupas úmidas por um longo tempo;

 Utilizar roupas, meias e calçados de material sintético;

 Utilizar chuveiros públicos, lava-pés, piscinas ou saunas;

 Compartilhar alicates de cutículas, tesouras e lixas não esterilizadas corretamente;

 Não enxugar a pele adequadamente, sobretudo entre os dedos dos pés, virilha e
embaixo das mamas.

Geralmente, os sintomas se manifestam na forma de alterações na cor e na textura


da pele, além de coceiras. Como os esporos dos fungos podem ser inalados, em alguns
casos, podem surgir irritações no sistema respiratório como alergias, rinites e bronquites.
Fig. O Micose

Principais doenças causadas por fungos


As principais doenças causadas por fungos que acometem os seres humanos são:

Frieiras
Um tipo de infecção comum entre os dedos dos pés. Ocorre quando eles ficam úmidos e
abafados, devido ao uso prolongado de calçados fechados. Elas causam vermelhidão,
coceira e rachaduras.

Fig. Frieiras
Pano Branco
É uma doença muito comum, recebe esse nome porque apresenta-se como manchas
brancas e descamativas na pele. Geralmente, surgem nos braços, ombros, pescoço e rosto
Fig. Pano Branco

Candidíase
A candidíase é causada por fungos do gênero Candida. É caracterizada pelo
aparecimento de pequenas bolas brancas que formam placas, principalmente na língua.
Neste caso, também é chamada de sapinho. É comum em crianças. Também pode se
manifestar na região vaginal, provocando coceiras, sensação de ardência e secreção de
corrimento de cor esbranquiçada.

Histoplasmose
É uma doença causada pelo fungo Histoplasma capsulatum, encontrado nas fezes de
morcegos. A doença é transmitida pela inalação dos esporos do fungo presentes no ar. Os
doentes apresentam problemas respiratórios, tosse, febre e dores musculares.
ATIVIDADES

1. Defi na os seguintes termos: hifa, micélio, esporângio, basídio, haustório, rizóide.


2. Quais as semelhanças e as diferenças entre os fungos e as bactérias.
3. Qual a importância dos esporos produzidos no processo sexuado?
4. Como é a classificação dos fungos e em que se baseia essa classificação?
5. O que são fungos imperfeitos?
6. Cite vantagens dos fungos ao ser humano.

CAPÍTULO V
O CONCEITO DE PARASITOLOGIA

5.1. Introdução
Parasitologia é uma ciência que se baseia no estudo dos parasitas e suas relaçoes
com o hospedeiro, englobando os filos Protozoa (protozoários), do reino Protista e
Nematoda e Platyhelminthes (platelmintos) e Arthropoda (artrópodes), do reino Animal.
Figura. Parasito

Ao iniciar o estudo da parasitologia é conveniente que você se lembre de alguns


dos conceitos básicos utilizados na Parasitologia. Portanto, vamos a eles:

 Agente etiológico - é o agente causador ou o responsável pela origem da doença.


pode ser um vírus, bactéria, fungo, protozoário ou um helminto
 Endemia - quando o número esperado de casos de uma doença é o efetivamente
observado em uma população em um determinado espaço de tempo.
 Doença endêmica - aquela cuja incidência permanece constante por vários anos,
dando uma idéia de equilíbrio entre a população e a doença.
 Epidemia - é a ocorrência, numa região, de casos que ultrapassam a incidência
normalmente esperada de uma doença.
 Infecção - é a invasão do organismo por agentes patogênicos microscópicos.
 Infestação - é a invasão do organismo por agentes patogênicos macroscópicos.
 Vetor - organismo capaz de transmitir agentes infecciosos. A parasita pode ou não
desenvolverse enquanto encontra-se no vetor.
 Hospedeiro - organismo que serve de habitat para outro que nele se instala
encontrando as condições de sobrevivência. o hospedeiro pode ou não servir como
fonte de alimento para a parasita.
 Hospedeiro definitivo - é o que apresenta o parasito em fase de maturidade ou em
fase de atividade sexual.
 Hospedeiro intermediário - é o que apresenta o parasito em fase larvária ou em
fase assexuada.
 Profilaxia - é o conjunto de medidas que visam a prevenção, erradicação ou
controle das doenças ou de fatos prejudiciais aos seres vivos.

5.2. Conceitos gerais em parasitologia médicas

As primeiras conceituações de parasitismo o caracterizavam como uma relação


desarmônica, portanto unilateral, onde o parasita obrigatoriamente trazia prejuízos ao seu
hospedeiro. Como esta definição se mostrou falha, principalmente em razão de nem
sempre se conseguir demonstrar danos determinantes de sinais e/ou sintomas, no
hospedeiro, a mesma foi sendo abandonada pela maioria dos profissionais da área e
substituída por outras mais coerentes com os conceitos mais modernos.

Atualmente, parasitismo é principalmente conceituado como a “relação entre dois


elementos de espécies (ou grupo e espécie, no caso dos vírus) diferentes onde um destes,
apresenta uma deficiência metabólica (parasita) que faz com que se associe por período
significativo a um hospedeiro (hospedador), visando suprir tal carência”.

5.3. Tipos de hospedeiro


1. Ciclo heteroxeno:
 Definitivo: Quando o parasita se reproduz neste, de forma sexuada e/ou é
encontrado em estágio adulto.
 Intermediário: Se o parasita no hospedeiro só se reproduz de forma assexuada
ou se encontra exclusivamente sob forma larvar (helmintos).
Obs.: Se um protozoário não apresenta em seu ciclo reprodução sexuada em
nenhum dos hospedeiros, estes são conhecidos como hospedeiro vertebrado e
invertebrado respectivamente.
2. Paratênico ou de transporte - Quando no mesmo, não ocorre evolução parasitária,
porém, o hospedeiro não esta apto a destruir o parasita rapidamente, podendo
assim, ocorrer posterior transmissão em caso de predação por espécie hospedeira
natural.
Obs. Não é um verdadeiro caso de parasitismo.
3. Reservatório: É representado pelo (s) hospedeiro (s) vertebrado (s) natural (is) na
região em questão.
Obs.: O termo vetor é utilizado como sinônimo de transmissor, representado
principalmente por um artrópode ou molusco ou mesmo determinado veículo de
transmissão, como água ou alimentos, que possibilite a transmissão parasitária.
Alguns autores utilizam o termo vetor biológico quando ocorre no interior deste
animal a multiplicação e/ou o desenvolvimento de formas do parasita (se
constituindo em hospedeiro) e vetor mecânico nas situações onde não existem tais
condições, transmitindo assim o parasita com a mesma forma de desenvolvimento
de ciclo que chegou ao mesmo, não sendo portanto um hospedeiro.
5.4. Relações parasito – hospedeiro
Os parasitos que causam distúrbios no organismo podem fazê-lo mecanicamente, ao
crescerem e comprimirem as estruturas em torno; ou obstruir ductos, canais ou vasos,
causando sintomatologias as mais variadas, que serão analisadas adiante em cada caso. Podem
exercer ação tóxica, em virtude dos produtos de seu metabolismo ou de algum simbionte
associado ao parasite.

Figura . Modo de transmissão de parasitas (as setas indicam a direção da transmissão). A transmissão
horizontal de um parasita consiste na passagem deste para um novo hospedeiro saudável (na imagem, Daphnia
sp.) a partir de um hospedeiro infetado vivo A) ou morto B), a partir do banco de estádios de transmissão do
parasita (ex.: esporos) no sedimento B), ou envolvendo outra(s) espécie(s) de hospedeiro C). A transmissão vertical
D) ocorre diretamente do(a) progenitor(a) para a descendência. Adaptado de Ebert7 .

Mas, com frequência, provocam uma resposta do sistema imunológico com diferentes
resultados:

a) Destruição do próprio parasito e cura da infecção dentro de certo prazo;


b) Limitação da população parasitária, assegurando equilíbrio nas relações parasito-
hospedeiro;
c) Causando respostas alérgicas ou inflamatórias que levam, seja à necrose do tecido em
torno, seja a uma fibrose difusa ou à formação de granulomas.

Todos estes fenômenos alteram a fisiologia do hospedeiro em grau maior (doença)


ou menor ou determinam sua morte em curto ou longo prazo.

Relações entre os seres vivos

Para obter melhores abrigos e alimentos, muitas espécies convivem em um mesmo


ambiente, gerando associações ou interações que podem não interferir entre si. Essas
associações podem ser harmônicas (quando há benefício mútuo ou ausência de prejuízo
mútuo) ou desarmônicas (quando há prejuízo para algum dos participantes). Em seguida,
conceituaremos os tipos de associações mais frequentes:

a) Associações harmônicas:

 Comensalismo: é uma associação em que uma obtém vantagens sem prejuízo para
o outro. Essas vantagens podem ser: proteção (habitação), transporte (meios de
locomoção) e nutrição. Exemplo: Entamoeba coli no intestino grosso do homem.
 Mutualismo: é quando duas espécies se associam para viver e ambas são
beneficiadas. É uma associação obrigatória. Exemplo: protozoários Hypermastiginia
no intestino de cupins.
 Simbiose: associação em que há uma troca de vantagens em nível tal que esses
seres são incapazes de viver isoladamente. Nessa associação, as espécies realizam
funções complementares, indispensáveis à vida de cada uma. Exemplo: diversas
espécies de protozoários que vivem no rúmen de bovinos que proporcionam a
digestão da celulose ingerida.
b) Associações desarmônicas:
 Competição: pode ocorrer entre elementos de uma mesma espécie ou de espécies
distintas. É um importante fator de regulação do nível ou número populacional de
certas espécies.
 Canibalismo: é o ato de um animal se alimentar de outro da mesma espécie ou da
mesma família. Ocorre quase sempre em razão da superpopulação e deficiência
alimentar.
 Predatismo: é quando uma espécie animal se alimenta de outra; ou seja, a
sobrevivência de uma depende da morte da outra.
 Parasitismo.

REFERÊNCIA
Sandro Gazzinelli, APOSTILA DE PARASITOLOGIA, Doutor em Parasitologia pela UFMG.
Arcari M, Baxendine A and Bennett, 2000, Diagnosing Medical Parasites Through
Coprological Techniques, University of Southampton
Burris P , 2000, Direct fecal smears,, Veterinary Technician vol. 21 no. 4, April 2000, pp. 192-
199
Daryl B. White , Michael J. Cuomo , Lawrence B. Noel. Diagnosing Medical Parasites: A Public
Health Officers Guide to Assisting Laboratory and Medical Officers
Hendrix CM 2002: Laboratory Procedures for Veterinary Technicians, Mosby, Philadelphia,
2002, pp. 307-308 University of Pennsylvania
McWilson Warren , 1991; Basic Malaria Microscopy (part I and II) (WHO; 1991; 72 Member
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Nugraha Budy, Buku Penuntun Praktikum Mikrobiologi & Parasitologi, Sekolah Tinggi Ilmu
Kesehatan (Stikes) Mitra Kencana Tasik Malaya.
Paul G. Engelkirk,Janet L. Duben-Engelkirk, Laboratory Diagnosis of Infectious Diseases:
Essentials of Diagnostic : laboratory diagnostic of selected helminth infection,
Lippincott Williams & Wilkins
Prasetyo Heru, 2005, Pengantar Praktikum Protozoologi Kedokteran, edisi 2, Airlangga
University Press.
Prasetyo Heru, 2002, Pengantar Praktikum Helmintologi Kedokteran, edisi 2, Airlangga
University Press.Preparation of blood smears, Laboratory Identification of Parasites of Public
Health Concern, CDC
Sri Hastuti U, dkk, 2007, Penuntun Praktikum Mikrobiologi & Parasitologi, Jurusan Biologi
Fakultas Matematika Dan Ilmu Pengetahuan Alam Universitas Negeri Malang
Wijaya Kusuma. Pemeriksaan Mikroskop Dan Tes Diagnostik Cepat Dalam Menegakkan
Diagnosis Malaria. Bagian/SMF Patologi Klinik Fakultas Kedokteran Universitas
Udayana/ Rumah Sakit Umum Pusat Sanglah Denpasar
World Health Organisation. Basic Laboratory Methods in Medical Parasitology. ISBN 92 4154410 4.
(1991)
Black, J. G. Microbiologia: fundamentos e perspectivas. 4a Ed., Guanabara Koogan, 2002.

Madigan, M.T.; MARTINKO, J.M.; PARKER, J. Microbiologia de Brock. 10a Ed. São Paulo: Prentice Hall do
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Murray, P.R.; ROSENTHAL, K.S.; KOBAYASHI, G.S.; PFALLER, M.A. Microbiologia Médica. 4A Ed. Rio de
Janeiro, Guanabara Koogan, 2004.

CAPÍTULO VI
HELMINTOLOGIA

4.1. Introdução da helmintologia

A helmintologia é um ramo da ciência bem especializado em um grupo especial de animais. A


palavra helmintologia é composta por dois radicais, helmins que significa verme, e logus  que significa
estudo. Sendo assim, helmintologia é o estudo e conhecimento sobre endoparasitas vermiformes, os
helmintos. Os helmintos são um grupo parafilético, ou seja, apesar de serem reunidos sobre uma
classificação taxonômica em comum, eles não descendem do mesmo ancestral. Os dois grandes grupos
de helmintos são os dos vermes de corpo cilíndrico ( Nemathelminthes) e os vermes de corpos

achatados (Platyhelminthes). Helmintos podem ser de tamanhos microscópicos ou alcançar


grandes comprimentos, como as Taenia saginata, que podem atingir até 25 metros.

As semelhanças entre as espécies que compõe esse grupo foram causadas por evolução
convergente, ou seja, vários táxons diferentes passaram pelas mesmas pressões seletivas que
fizeram com que eles apresentassem características adaptativas similares, mesmo tendo
origens evolutivas distintas. No caso dos helmintos, por se tratarem de serem endoparasitas,
provavelmente a pressão seletiva mais determinante sobre as espécies foi o tipo de habitat,
que é comum à todos eles.

O termo endoparasita também é formado por dois radicais. O termo “endo” se refere


“ao lado de dentro”, e a palavra parasita advém do latim parasitus e significa “aquele que come
na mesa do outro”, ou seja, alguém que se alimenta às custas de outros, e é justamente isso
que os helmintos fazem de melhor. Animais parasitas não conseguem sobreviver sem
o hospedeiro, os helmintos, por exemplo, apresentam sistema digestório e respiratórios
reduzidos e pouco funcionais, o que significa que eles não conseguem digerir o próprio
alimento, é preciso obter os nutrientes já semi digeridos por alguém para que o
seu metabolismo se mantenha ativo. Se foram separados dos hospedeiros,
os helmintos morrem. Além disso, possuem alta capacidade reprodutiva, proliferando-se
rapidamente no organismo do hospedeiro.
Helmintos são endoparasitas, ou seja, parasitam o organismo internamente. Ilustração: Kateryna Kon /
Shutterstock.com

Por serem endoparasitas, e muitos deles de seres humanos, os helmintos tem uma
importância médica muito grande, sendo assim a maior parte das pesquisas relacionadas à
helmintos é focada em medidas profiláticas (de prevenção), e em formas de tratamentos
às infecções e doenças causadas por esses animais.

As doenças mais comuns causadas por helmintos são a ascaridíase (causada pelo Ascaris lumbricoides),
a ancilostomose (Ancylostoma duodenale  e Necator americanus), filariose (Wuchereria

bancrofti), oxiurose (Enterobius vermiculares), fasciolose (Fasciola
hepatica), esquistossomose (Schistossoma mansoni) teníase e cisticercose (ambos causados

por Taenia solium e Taenia saginata). Dentre essas doenças citadas, as quatro primeiras são causadas
por nematelmintos e as quatro seguintes por platelmintos.

A maioria das doenças causadas por helmintos decorrem de problemas de saneamento e


baixo cuidado com higiene. Sendo assim, atitudes simples como lavar bem os alimentos, lavar
bem as mãos ao usar o banheiro, não beber água de poças paradas e sempre bebê-la filtrada ou
fervida, cozer bem os alimentos são fatores que auxiliam a prevenir a contaminação por
helmintos.
4.2. Classificação dos helmintos

Helmintologia:
– Ramo da parasitologia que estuda os helmintos.
• São classificados em três filos:
– Platyhelminthes
– Nematoda
– Acanthocephala

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