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Microbiologia e Parasitologia

2022 - 2023
Microbiologia e Parasitologia

Equipa pedagógica:

Lurdes Clemente (maria.clemente@esel.pt)


Ana Filomena Amaro (anaamaro@esel.pt)
Inês Bártolo (ibartolo@esel.pt)

No ano letivo de 2022/2023 estão previstas um total de 40 horas distribuídas ao longo do


semestre
➢ 36 horas de aulas teóricas e 4 horas de seminários
➢ 3 ECTS
➢ Embora a presença nas aulas teóricas não seja obrigatória, aconselha-se os alunos a
estarem sempre presentes
➢ A presença nos seminários é obrigatória
➢ Os sumários e os slides respeitantes a cada uma das aulas serão disponibilizados na
secretaria virtual no dia anterior à aula
➢ A avaliação será feita através de um exame final escrito (0 a 20), a realizar no final do
semestre sobre todo o programa teórico, incluindo os conteúdos abordados nos
seminários

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Microbiologia e Parasitologia

➢ As aulas teóricas serão baseadas num método expositivo, com apresentação


resumida e ilustrativa em PowerPoint.

1. A importância do estudo da Microbiologia e Parasitologia?


1.1. Relevância na saúde (Doenças infeciosas e infeto-contagiosas, produção de
antibióticos e outros fármacos, etc.)
1.2. Relevância na agricultura (Fitopatogénicos)
1.3. Relevância biotecnológica (Indústria alimentar, enzimas, etc.)
1.4. Relevância ecológica (Ciclo do carbono, ciclo do azoto, etc.)

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Microbiologia e Parasitologia

2. Conteúdo programático
2.1. Diferenciar organismos procariotas e eucariotas e conhecer as principais características
e diferenças.
2.2. Conhecer as características gerais das bactérias, fungos, protozoários, helmintas e vírus
(com destaque para a sua morfologia, metabolismo, crescimento e patogenicidade).
2.3. Conhecer os principais tipos de interação entre os agentes microbianos, o meio
ambiente e os seus hospedeiros (incluindo o Homem).
2.4. Conhecer o ciclo infeccioso dos agentes microbianos clinicamente mais relevantes.
2.5. Conhecer os principais métodos utilizados para o diagnóstico e controlo de
microrganismos infecciosos.
2.6. Conhecer os biocidas usados na profilaxia e controlo de agentes microbianos e
parasitários.
2.7 Reconhecer o impacto das boas práticas no controlo das infeções nosocomiais.

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Microbiologia e Parasitologia

A Microbiologia é a área da Biologia que se dedica ao estudo dos microrganismos, ou seja, das

formas de vida que só podem ser vistas com a ajuda dum microscópio, como bactérias, vírus,

fungos, algas e protozoários. Alguns grupos podem ser visíveis a olho nu, quando se encontram

agrupados em forma de colónias da mesma espécie, como os fungos e as bactérias. Constitui uma

especialidade da Biomedicina que estuda também os microrganismos patogénicos, ou seja,

aqueles que são suscetíveis de causar doenças infecciosas e engloba as seguintes áreas:

• Bacteriologia,

• Virologia e

• Micologia

A Parasitologia é a área da Biologia que se dedica ao estudo dos parasitas, os seus hospedeiros

e as relações entre eles. Engloba protozoários, os nemátodes, os anelídeos, os platelmintes e os

artrópodes. Os protozoários são unicelulares, enquanto os nemátodes, anelídeos, platelmintes e

artrópodes são organismos pluricelulares.

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Importância da Microbiologia

Só 5% dos microrganismos existentes no planeta são conhecidos e estão estudados,


e destes só uma % muito pequena pode ser cultivada em laboratório em meios
sintéticos ou em culturas celulares

❑ Apenas uma minoria das espécies está envolvida em processos patológicos. A maioria
dos microrganismos desempenha funções vitais para a manutenção da vida no planeta
sendo os agentes primários de processos biogeoquímicos nos ciclos do carbono,
nitrogènio, fósforo, enxofre, ferro e outros minerais, processos críticos para a
sustentação da vida na Terra.

❑ Bactérias presentes no rúmen dos herbívoros são importantes para a digestão e a


bioconversão da celulose.

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Importância da Microbiologia

❑ A microbiota intestinal do homem e dos animais representa um benefício para o


hospedeiro, pois permite a recuperação de energia a partir da fermentação dos
hidratos de carbono não digeridos e a absorção de ácidos gordos de cadeia curta. As
bactérias intestinais, também desempenham um papel importante na síntese das
vitaminas B e K, bem como dos ácidos biliares.

❑ Os microrganismos são essenciais para a produção de alimentos como queijo,


iogurte, requeijão, pão, cerveja, vinho e outros alimentos e bebidas.

❑ Os microrganismos são importantes agentes de decomposição e reciclagem de


matéria orgânica; são importantes na agricultura tanto na formação do solo como na
manutenção de associações simbióticas com plantas e realização da fixação do
nitrogénio atmosférico.

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Marcos Importantes na Microbiologia

• 1665 – Robert Hook: primeira observação das células

• 1673 – Van Leeuwenhoek: primeiras observações de microrganismos vivos

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Marcos Importantes na Microbiologia

1796 – Edward Jenner: Primeira vacina contra a varíola humana a partir de material
infeccioso proveniente de lesões de varíola bovina (mais benigna) e aplicada com uma
agulha bifurcada. A palavra vacina provém de Variolae vaccinae – Varíola Bovina

1861 – Pasteur: Iniciou a teoria da Biogénese,


provando a existência de microrganismos
1864 – Pasteur: Pasteurização (tratamento pelo calor
causando eliminação de microrganismos), evitando a
acidificação de bebidas (vinho e cerveja)
1871 – Pasteur: obrigatoriedade de fervura dos
instrumentos cirúrgicos
1885 – Pasteur: Primeira vacina da Raiva
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Marcos Importantes na Microbiologia
• 1876 – Robert Koch: Teoria do germe da doença

• 1881 – Robert Koch: Crescimento de bactérias em meios de cultura sólidos

• 1882 – Robert Koch: Estabelecimento dos postulados de Koch

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Postulados moleculares de Koch

Criados na década de 1980 para introduzir os novos conceitos de genética na

identificação de organismos patogénicos:

• Um gene ou o seu produto de virulência devem ser expressos durante o processo

infeccioso

• O gene deve ser identificado no agente causal da doença

• Estirpes avirulentas não devem apresentar esse gene

• A deleção do gene deve atenuar a virulência da estirpe e a sua re-inserção deve

retorná-la

• O produto genético deve ser capaz de ativar a resposta imunológica

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Marcos Importantes na Microbiologia

1884 – Christian Gram: Desenvolvido método de coloração de Gram bacteriana, permitindo a


visualização das bactérias ao microscópio e classificação em Gram positivas e Gram negativas

1887 – Julius Petri: Inventada a placa de Petri

1928 – Alexander Fleming: Descoberta da Penicilina

1944 – Avery, MacLeod & McCartey: DNA é o material genético - o DNA das bactérias mortas seria o
responsável pela transmissão da virulência para as bactérias vivas

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Marcos Importantes na Microbiologia

1953 – Watson e Crick: Descobriram a estrutura do DNA

1983 – Kary Mullis: Invenção da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR)

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Evolução e Origem da Vida na Terra

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Historial da classificação geral dos seres vivos

1866: Ernst Haeckel – Mapeou uma árvore genealógica que relaciona todas as formas de
Vida. Três Reinos: Animalia, Plantae, Protista (organismos simples: bactérias, protozoários,
fungos e algas)

Eucariontes
1969: Robert Whittaker – Estabeleceu 4
reinos:
- Animalia
Procariontes

- Plantae
- Fungi
- Protista

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Historial da classificação geral dos seres vivos
Domínios: Eukaria, Bacteria, Archaea

Eucariontes
Procariontes

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Domínios: Eukaria, Bacteria, Archaea

❑ Procariontes ou Procariotas
1. Archaea
Também designadas de arqueobactérias diferenciam-se das bactérias por:
- paredes celulares constituídas de polissacarídeos, glicoproteínas ou proteínas, não
apresentando peptidoglicanos, substâncias presentes na constituição das paredes das bactérias;
- os lipídos que constituem as membranas celulares também são diferentes das membranas dos
demais seres vivos;
- a estrutura do RNA assemelha-se mais ao dos organismos eucariontes que das bactérias;
- a maioria das Archae são autotróficas quimiossintetizantes, enquanto as bactérias podem
apresentar diversos tipos de vida. Esta característica permite que elas vivam em locais
extremos, onde muitos outros organismos não sobreviveriam. Geralmente esses organismos
apresentam características que não só os permitem sobreviver nesses ambientes extremos.
Dividem-se em:
a) Halófilos extremos
b) Termófilos extremos
c) Metanogénicos Microbiologia e Parasitologia | 1ºAno | 1ºSemestre| 2022-2023
Domínios: Eukaria, Bacteria, Archaea

❑ Procariontes ou Procariotas
2. Bacteria

São organismos unicelulares que se


distinguem dos organismos eucariontes por:
- Ausência de reprodução sexuada
- Possuem apenas 1 cromossoma
- Ausência de: núcleo, retículo
endoplasmático, mitocôndrias e aparelho
de Golgi
- Material genético disperso no citoplasma Morfologia

- Membrana celular constituída por D-


aminoácidos, ácido diaminopimélico e
ácido murâmico (exceção clamídias e
mycoplasmas)
- Autotróficas ou heterotróficas

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Domínios: Eukaria, Bacteria, Archaea

❑ Eucariontes ou Eucariotas

- Estruturas celulares mais complexas


que as células procariontes. Do grego
“Eukarya”, significa “núcleo perfeito ou
verdadeiro”
- Maioritariamente pluricelulares
- Engloba 4 Reinos:
Protista, Fungi, Plantae e Animalia
- Citoplasma, membrana citoplasmática e núcleo bem definido
- Organelas celulares: mitocôndrias, retículo endoplasmático liso e rugoso, aparelho de Golgi,
vacúolos
- Nos organismos pluricelulares, as células eucariontes originam tecidos e órgãos, com
funcionalidades diferenciadas e complementares

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Células Eucariotas e Procariotas

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Reinos - Eukaria
Protista, Fungi, Plantae e Animalia

Animalia Fungi

Protista Animalia

Plantae Protista

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E então os vírus e os priões?
PRIÕES VÍRUS
São proteínas patogénicas (letais), que se • Formas biológicas acelulares que não

encontram normalmente no sistema apresentam nenhuma atividade

nervoso central, capazes de se replicarem metabólica nem se replicam, não ser

no hospedeiro forçando as proteínas que parasitem uma célula hospedeira –

normais, do mesmo tipo, a adotarem a parasitas intracelulares obrigatórios;

conformação aberrante (infecciosa). • São constituídos por DNA ou RNA.


1m = 0,000001 m
Microscopia como ferramenta para observação de
microrganismos e outras estruturas celulares

Microscópio ótico
Bactérias

Fungos

Células
sanguíneas

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Microscopia como ferramenta para observação de
microrganismos e outras estruturas celulares

Microscópio eletrónico Vírus

Bactérias

Células do sangue

Fungos

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Estrutura bacteriana

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Estrutura Bacteriana – Parede Celular
Parede Celular

❑ PRESENTE NA MAIORIA DAS BACTÉRIAS E DAS ARQUEAS


Exceções: Mycoplasma (bactérias); Thermoplasma (arqueas)

❑ FUNÇÕES
- Rigidez (Forma das células)
- Impedir lise osmótica
- Facor de patogenicidade
- Proteção contra substâncias tóxicas

❑ COMPOSIÇÃO:
- Bactérias: peptidoglicano; gram+/gram-
(Algumas exceções: Planctomycetes e Chlamydiales (glicoproteínas);
Micobactérias (Peptidoglicano+ácidos micólicos+arabinogalactano)
- Árqueas: heteropolissacáridos, (glico)proteínas
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Estrutura Bacteriana

Parede Celular
GRAM-NEGATIVAS
GRAM-POSITIVAS

Camada fina (<5nm) de Camada espessa


Peptidoglicano + Membrana (20-100nm) de
exterior Peptidoglicano c/
(≠ membrana plasmática) ácidos teicóicos

Exemplo: Escherichia coli Exemplo: Staphylococcus aureus


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Coloração de GRAM

Gram negativo Gram positivo

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Morfologia Bacteriana

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Estrutura Bacteriana

Cápsula
❑ FUNÇÕES:
- Resistência à secura (dissecação)
- Aderência a superfícies (biofilmes) ou a outras células (p.e. tecido animal)
- Evita a fagocitose (factor de patogenicidade)
- Impede a ação de substâncias tóxicas e vírus
❑ CAMADA VISCOSA
❑ COMPOSIÇÃO: Polissacáridos (e.g. Streptococcus, Azotobacter, Escherichia, Pseudomonas);
Polipeptidos (e.g. Bacillus)

Cápsula de Acinetobacter Cápsula de


Colónias mucosas de
Bacillus anthracis coloração contraste tinta- Streptococcus pneumoniae
Bacillus anthracis
(coloração Gram) da-china
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Estrutura Bacteriana

Membrana Plasmática
❑ FUNÇÕES:
- Fronteira do citoplasma (integridade celular)
- Transferência de massa (transporte de solutos)
- Metabolismo (cadeias de transporte electrões: resp./fotoss.)
- Receptores (quimiotactismo)

❑ COMPOSIÇÃO: Lípidos + Proteínas (Transporte nutrientes/receptores celulares)

Hopanoide em vez de
colesterol, excepto
Mycoplasma

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Estrutura Microbiana

Ácidos nucleicos – RNA e DNA

Dois tipos de ácidos nucleicos:


• ácido desoxirribonucleico – DNA
• ácido ribonucleico – RNA

Possuem três constituintes fundamentais:

❑ Ácido fosfórico: confere aos ácidos nucleicos


as suas características ácidas. Faz as
ligações entre nucleotídeos de uma mesma
cadeia. Está presente no DNA e no RNA.

❑ Pentoses: açúcares formados por cinco


carbonos. Dois tipos: a desoxiribose (DNA) e
a ribose (RNA).

❑ Bases nitrogenadas: cinco bases azotadas


diferentes, divididas em dois grupos:
• Bases púricas: adenina (A) e guanina (G);
• Bases pirimidicas- timina (T), citosina (C) e
uracilo (U).
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Estrutura Microbiana

Ácidos nucleicos – Estrutura básica – DNA e RNA

Bases púricas/pirimídicas

Fosfato

Pentoses (Ribose/Desoxiribose)

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Estrutura Microbiana

Ácidos nucleicos – Estrutura básica - Nucleotidos

Ligação glicosídica

Nucleotidos estão ligados através de


ligação covalente por grupos fosfato
entre o carbono 3’ de um açúcar e o
carbono 5’ do açúcar seguinte

In Madigan et al.
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Estrutura Microbiana

Ácidos nucleicos – DNA


In Madigan et al.
DNA é em dupla cadeia

Emparelhamento específico e
complementar entre as bases
púricas e pirimídicas (A – T e G – C)
assegura a complementaridade
entreque as 2 cadeias

Cada cromossoma consiste de 2 duplas


cadeias de DNA, em que cada cadeia
contém centenas de milhar a milhões de
nucleótidos ligados por ligações
fosfodiéster. Microbiologia e Parasitologia | 1ºAno | 1ºSemestre| 2022-2023
Estrutura Microbiana
Ácidos nucleicos – RNA
RNA - envolvido na síntese das proteínas.

Constituintes: nucleótidos compostos de


• grupo fosfato,
• ribose
• base nitrogenada (uracil, adenina, guanina ou
citosina)
• formato de uma fita hélice (raramente duas)

Diferencia-se em
• RNA mensageiro (RNAm) – responsável pela
transferência de informação genética contida no
DNA (de como deve ser a sequência da proteína)
para os ribossomas, utilizando a sequência das
bases A-T-G-C.
• RNA de transporte (RNAt) – leva os AA
necessários ao ribossoma
• RNA ribossomal (RNAr) – parte constituinte onde
se realiza a síntese proteica, possuindo uma
atividade catalítica na ligação dos aminoácidos
• Pequenas moléculas de RNA que regulam a
produção e a atividade de outras proteínas ou
outros RNAs.
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Código genético
Código genético é a relação entre a sequência de bases no DNA e a sequência correspondente de
aminoácidos na proteína. É nele que está contida toda a informação que rege a sequência dos
aminoácidos codificada pelo encadeamento de nucleótidos.

Códões de RNAm que podem ser formados e os correspondentes aminoácidos

Codões de paragem (stop)


UAA UAG UGA

Codões de iniciação
AUG - Metionina

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Caraterísticas Gerais dos Microrganismos
Crescimento Bacteriano – Divisão celular
❑ A reprodução das bactérias ocorre principalmente de forma assexuada, em que uma
única bactéria é capaz de dar origem a duas, recebendo o nome de divisão binária ou
cissiparidade

❑ Neste tipo de reprodução, ocorre a duplicação do material genético e posterior divisão de


uma bactéria em duas. Para que ocorra a divisão, há a formação de um septo na região
equatorial e duas células-filhas, também chamadas de clones. Em algumas espécies, esse
processo dura, em média, 20 minutos, sendo esse período chamado de tempo de
geração.

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Curva de Crescimento das Bactérias

❑ As bactérias reproduzem-se por divisão binária, em que uma célula parental divide-se,
originando duas células-filhas. O tempo de duplicação (geração) das bactérias varia de 20
minutos, como no caso de Escherichia coli, a mais de 24 horas, no caso de Mycobacterium
tuberculosis.

❑ O crescimento exponencial e o tempo curto de duplicação de alguns organismos resultam


na rápida geração de grande número de bactérias. Assim, uma célula bacteriana produzirá
16 novas células filhas após 4 gerações e 256 novas células após 8 gerações.
Por exemplo, E. coli originará uma descendência superior a 1000 bactérias em
aproximadamente três horas, e acima de um 1.000.000 em cerca de sete horas. O tempo
de duplicação varia não somente em relação à espécie, mas também de acordo com a
quantidade de nutrientes, temperatura, pH e outros fatores ambientais.

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Curva de Crescimento das Bactérias

Exemplos de tempos de duplicação

Microrganismo Td
Saccharomyces cerevisiae 2 h (30 ºC)
Escherichia coli 20-30 min (40 ºC)
Mycobacterium tuberculosis 12 h (37 ºC)
Euglena gracilis 11 h (25 ºC)
Paramecium caudatum 10 h (26 ºC)

Giardia lamblia 18 h (37 ºC)


Prescott et al. (1999)

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Curva de Crescimento das Bactérias
.

❑ FASE lag: é uma fase de intensa atividade metabólica principalmente síntese de enzimas e de
moléculas variadas e as células não se dividem; pode durar de alguns minutos a muitas horas.

❑ FASE log (logarítmica): As células iniciam seu processo de divisão entrando no período de
crescimento. Durante esta fase, a reprodução celular encontra-se extremamente ativa, e o
tempo de geração atinge um valor constante, constituindo o período de maior atividade
metabólica da célula.

❑ FASE ESTACIONÁRIA: Fase em que a velocidade de crescimento diminui, o número de células


mortas é equivalente ao número de células novas, e a população estaciona. A atividade
metabólica de cada célula também decresce, pois há poucos nutrientes e acumulação de
produtos de degradação.

❑ FASE DE MORTE : Corresponde à fase final, caracterizando-se por um declínio no número de


células bacterianas viáveis

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Crescimento exponencial do número de células bacterianas

N0
td

2N0 2td
3td
22N0
ntd

23N0

2nN0

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Utilização de Meios de Cultura

Meios de Cultura são preparados químicos utilizados em laboratório para a realização de diversos
tipos de análises laboratoriais e em cuja composição participam vários nutrientes que permitem o
crescimento dos microrganismos em condições artificiais.
O meio de cultura deverá conter os nutrientes, ou
seja deve ser adaptado às necessidades, dos
diferentes tipos de microrganismos.
O que se pretende?
• Diagnóstico clínico
• Propagar os microrganismos, pois por vezes,
Meios sólidos Meios líquidos
ocorrem em número reduzido na amostra
• Caraterizar e diferenciar os microrganismos
através da observação morfológica das suas
colónias e pela capacidade de produzirem
alterações químicas nos diferentes meios de
Meios de cultura em Meios de cultura em cultura.
Placas de Petri tubo

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Constituintes dos Meios de Cultura

Água Substâncias
Fonte de O2 e H2
inibidoras
destilada, bi-destilada, Mesmos compostos
desionizada usados como fonte de Corantes,
carbono e energia antimicrobianos, sais
biliares

Agentes
Fonte de Carbono Fonte de Azoto
gelificantes
autotróficos N2 atmosférico, Conferem consistência
heterotróficos compostos inorgânicos aos meios de cultura:
Comercial - peptonas agar

Elementos Tampões
Fonte de Energia
essenciais
fototróficos micronutrientes Soluções químicas que
impedem a variação de
quimiotróficos aminoácidos, vitaminas, pH
purinas e pirimidinas

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Constituintes de alguns Meios de Cultura

AGAR SANGUE AGAR MAC CONKEY

COMPOSIÇÃO COMPOSIÇÃO
Peptona de caseína (bovina) ........................................... 15g Peptona de caseína………………………………..... 15, g/L
Peptona de soja..................................................................5g Peptona de carne………………………………….. …1,5 g/L
Cloreto de sódio .................................................................5g Peptona de gelatina……………………………….....17,0 g/L
Agar ................................................................................. 15g Sais biliares (mistura)…………………………………1,5 g/L
Sangue (carneiro)...........................................................50 ml Lactose………………………………………………. 10,0 g/L
Água destilada.................................................................... 1L Cloreto de sódio……………………………………… 5,0 g/L
pH 7,3 Vermelho neutro…………………………………….. 0,03 g/L
Cristal Violeta………………………………………. 0,001 g/L
Ágar…………………………………………………… 13,5 g/L
BRAIN HEART INFUSION BROTH Água destilada………………………………………… q.s.p.
pH final 7,1 ± 0.20

COMPOSIÇÃO
Infusão cérebro-coração………………………………. 17,5 g/L
Peptona…………………………………………………...10,0g/L
Dextrose …………………………………………………..2,0 g/L
Cloreto de sódio…………………………………………. 5,0 g/L
Fosfato dissódico …………………………………………2,5 g/L
Água Destilada …………………………………………….q.s.p.
pH final 7,4 ± 0,2

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Tipos de Meios de Cultura (Constituição)

❑ Meio de Enriquecimento: meio de cultura normalmente


líquido e que promove o aumento do número de bactérias.
Exemplos: caldo nutritivo, caldo soro, Brain Heart Infusion
Broth

❑ Meio de Transporte: meios de cultura que não possuem


nutrientes, apenas um agente redutor e são utilizados para
transporte de amostras. Previne desidratação e oxidação
enzimática dos patógenos presentes. Exemplo: meio de
transporte de Stuart

❑ Meio Seletivo: meio de cultura utilizado para selecionar


alguns microrganismos e impedir o crescimento de outros.
Exemplos: Agar Manitol com sal (Staphylococcus)

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Tipos de Meios de Cultura (Constituição)
EMB agar

❑ Meio Diferencial: meio de cultura cujos constituintes


que promovem uma mudança na coloração das
colónias, possibilitando a distinção de vários géneros e
espécies de microrganismos. Exemplos: agar
MacConkey para diferenciação de Enterobactérias,
agar
Agar MacConkey
EMB (eosina e azul de metileno) N/fermentadora lactose Fermentadora lactose

❑ Meio Indicador: meio de cultura que possibilita a


análise das características bioquímicas dos
microrganismos, facilitando sua identificação.
Exemplo: Triple sugar iron (TSI)

TSI inoculado com várias culturas

TSI por inocular Microbiologia e Parasitologia | 1ºAno | 1ºSemestre| 2022-2023


Tipos de Meios de Cultura (Constituição)
Agar sangue ou Agar Columbia com sangue são meios de cultura diferenciais e não
seletivos, ricos em nutrientes, utilizados para isolamento de microrganismos não fastidiosos,
para a prova de satelitismo (Haemophylus) e verificação de hemólise de Streptococcus spp.
e Staphylococcus spp. em cultura primária.
Por ser um meio rico, o crescimento a partir de materiais biológicos é em geral abundante.

1 2

3
1- Agar sangue n/inoculado
2- Staphylococcus aureus
(hemólise +)
3 – Staphylococcus spp
(hemólise -) Haemophylus - satelitismo
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Tipos de Meios de Cultura (Consistência)

Meios líquidos
a) Sem agar
b) Não permitem separar colónias
c) São utilizados como meios de
enriquecimento, para repicagens, para
provas bioquímicas

Meios semi-sólidos
a) 0,8% a 0,5% agar
b) Utilizados para verificação da mobilidade
dos microrganismos e como meios de
conservação

Meios sólidos
a) 1 a 2% de agar
b) Utilizados para isolamento primário de
culturas, bem como para separar colónias

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Inoculação (Sementeira) da amostra em Meios de Cultura

Meios de Cultura Sólidos em Placa de Petri

❑ Estria ❑ Incorporação

❑ Superfície

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Inoculação (Sementeira) da amostra em Meios de Cultura

Meios de Cultura Sólidos em Tubo Meios de Cultura Líquidos em Tubo

❑ Em picada ❑ Rampa

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Atmosfera gasosa para o Crescimento Microbiano
Condições de incubação – Concentração de O2

Caixas de anaerobiose/microaerofilia Estufa de incubação


temperatura controlada

Anaerobiose
O2 ≤0,1%
CO2 >15%

Microaerofilia
O2 (6% a 12%)
CO2 (5% a 8%)
Placas em incubação em atmosfera normal

O2
Jarras de anaerobiose/microaerofilia

Anaerobiose
O2 ≤0,1%
CO2 >15%

Microaerofilia
O2 (6% a 12%)
CO2 (5% a 8%) Microbiologia e Parasitologia | 1ºAno | 1ºSemestre| 2022-2023
Atmosfera gasosa para o Crescimento Microbiano
Condições de incubação – Concentração de CO2

CONCENTRAÇÃO DE DIÓXIDO DE CARBONO

A maioria das bactérias, bolores e leveduras são inibidas, mas não são destruídos em
atmosfera com 5 a 50 % de CO2 (v/v). Uma concentração de 10%, reduz até 50% as
contagens totais de microrganismos. No entanto há algumas bactérias que necessitam de
CO2 para o seu crescimento. Exemplo: Brucella abortus (agente causal da Brucelose Bovina)

CONCENTRAÇÃO DE OXIGÉNIO

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Crescimento Microbiano

TEMPERATURA

PERFIS CRESCIMENTO: ORGANISMOS PSICRÓFILOS, MESÓFILOS, TERMÓFILOS, HIPERTERMÓFILOS


TAXA MULTIPLIC.

(P >> 1 atm)

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Crescimento Bacteriano nos Meios de Cultura

❑ Meios sólidos

• As bactérias em meios sólidos crescem sob a forma de colónias

• Uma colónia é composta por um grande número de células bacterianas que crescem à
superfície ou em profundidade, possibilitando a sua visualização a olho nú

• Uma colónia inicia-se a partir duma ou mais células que depois se multiplicam
exponencialmente

• As características das colónias (cor,


textura, tamanho) variam consoante os
microrganismos e o tipo de meio de
cultura.

• As colónias crescem até ao


esgotamento de nutrientes do meio de
cultura.

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Controlo do crescimento dos Microrganismos
Controlo do Crescimento dos Microrganismos

Conceitos fundamentais

Microbicida: morte do microrganismo


(p.e. bactericida, virucida, fungicida)

Germicida: agente químico capazMICROBICIDA


de matar os microrganismos;
= GERMICIDA os esporos
poderão sobreviver

Microbiostático: inibição do crescimento, podendo em condições normais os


microrganismos voltarem a crescer
(p.e. bacteriostático, virustático, fungistático)

Esporicida: Germicida capaz de matar os esporos bacterianos

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Controlo do Crescimento dos Microrganismos
Conceitos fundamentais
Esterilização
Utilização de substâncias físicas ou químicas com vista à destruição ou remoção de todas as
formas de vida, incluindo os esporos, patogénicas ou não, presentes no material, utensílios ou meio
de cultura que se pretende esterilizar

Desinfeção
Utilização de substâncias físicas ou químicas com vista à remoção parcial ou total de agentes
patogénicos potenciais em objetos ou superfícies. Os esporos bacterianos e alguns
microrganismos resistentes (Mycobacterium tuberculosis, vírus e fungos) poderão permanecer
viáveis
Antisépsia
Utilização de substâncias químicas com vista à inibição ou eliminação parcial de agentes
patogénicos na pele ou em tecidos vivos

No controlo do crescimento dos microrganismos podem ser usados


processos FÍSICOS e/ou QUÍMICOS
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CONTROLO DO CRESCIMENTO MICROBIANO

MÉTODOS FÍSICOS
Esterilização pelo calor

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Controlo do Crescimento dos Microrganismos

❑ Métodos físicos (continuação):

• Água em ebulição:

É o vapor de água livre (100ºC/20 min.). Destrói as formas vegetativas e alguns endósporos
(dependendo da temperatura e da espécie de microrganismo). A maioria dos endósporos e
alguns vírus, como o do Hepatite podem sobreviver até 30 minutos na fervura. Não é um
método de esterilização apenas permite o controle do crescimento microbiano.

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Controlo do Crescimento dos Microrganismos
❑ Métodos físicos
São utilizados para descontaminação, desinfeção e esterilização. Os mais utilizados são:
a) CALOR
• O calor seco elimina os microrganismos por oxidação e é muito utilizado para esterilizar vidraria
de laboratório. Este processo de esterilização não é tão eficiente como o calor húmido e requer:

- 180ºC durante 30 minutos

- 171ºC durante 1 hora A monitorização da eficácia de esterilização é monitorizada


com uma cultura de Bacillus subtilis (esporos muito
- 160ºC durante 2 horas
resistentes ao calor seco)
- 121ºC durante 6 horas

Incinerador hospitalar Estufa esterilização Esterilizador a seco

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Controlo do Crescimento dos Microrganismos

PROCESSOS DE ESTERILIZAÇÃO
Processos físicos: Calor seco
(Elimina os microrganismos p.e. por oxidação dos constituintes celulares)

Reguladores de temperatura/tempo

Estufa de esterilização
(Câmara p.e. a 160 ºC durante 2 horas, usada p.e. para esterilizar material de vidro)
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Controlo do Crescimento dos Microrganismos
❑ Métodos físicos

• O calor húmido sob a forma de vapor com pressão tem um maior poder de penetração que o
calor seco e prevê a eliminação das formas vegetativas dos organismos procariotas, vírus e
fungos e seus esporos. A elevada temperatura causa desnaturação proteica. A morte dos
microrganismos é rápida, mas é influenciada:

a) temperatura

b) duração da autoclavagem

c) tamanho do autoclave

d) fluxo de vapor

e) densidade da carga e colocação no autoclave.

A temperatura que normalmente se utiliza na


esterilização do material é de 121ºC a 132ªC
durante 15 a 20 minutos, ou por um período de Autoclaves verticais
tempo mais longo.

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Controlo do Crescimento dos Microrganismos

Autoclaves horizontais

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Controlo do Crescimento dos Microrganismos

PROCESSOS DE ESTERILIZAÇÃO

Processos físicos: Calor húmido


(Elimina os microrganismos p.e. por desnaturação e coagulação de proteínas)

Autoclave
Câmara estanque saturada em vapor de água e normalmente a 121ºC/1 ATM, usada para esterilizar
meios de cultura, materiais e descontaminação de materiais contaminados
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Controlo do Crescimento dos Microrganismos

❑ Métodos físicos

A eficácia da esterilização pelo calor húmido é medida utilizando uma ampola de


cultura de Bacillus stearotermophilus, colocada no centro da carga. Após
esterilização a ampola é colocada em estufa de incubação (37ºC/24-48H),
seguida de observação da mudança ou não da cor:

• amarela: esterilização não eficiente Bioindicadores

• púrpura: esterilização eficiente

Os esporos de Bacillus stearotermophilus

são muito resistentes ao calor húmido

Bacillus stearotermophilus

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Controlo do Crescimento dos Microrganismos

Utilização de fita adesiva

Fitas com indicador químico que têm como finalidade evidenciar externamente a
exposição das embalagens à esterilização, permitindo a identificação visual daquelas
que já passaram pelo processo de esterilização.
Características:
• Resistentes às temperaturas de autoclavagem (até 134 °C)
• é indicada para uso hospitalar para fechar embalagens que vão ser submetidas ao
processo de esterilização a vapor.

Não esterilizado

Esterilizado

Não esterilizado
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Controlo do Crescimento dos Microrganismos

Rolos de manga mista

Colocação dos instrumentos na manga


mista e selagem das embalagens

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Controlo do Crescimento dos Microrganismos
❑ Métodos físicos (continuação):
Pasteurização:

• Processo térmico de redução do número de microrganismos pela exposição mais ou menos breve a uma
temperatura relativamente alta. Tem como objetivo principal a destruição de microrganismos patogénicos
associados ao alimento, aumentando o período de vida do alimento, reduzindo as alterações
microbiológicas e enzimáticas. Existem três tipos:

- Pasteurização a uma temperatura ultra-elevada: 140 a 150ºC durante 1 a 2 segundos, seguido de


arrefecimento rápido a 32ºC. Exemplo: leite UHT

- Pasteurização a alta temperatura: 72ºC durante 15 segundos

- Pasteurização a baixa temperatura: 63ºC durante 30 minutos

Métodos muito utilizados na indústria de alimentos que só podem ser submetidos ao calor em condições
controlados para não desnaturar os nutrientes.

Pasteurizador de cervejas Pasteurizador de leite

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Resistência ao calor por ordem decrescente

1 2 3

Priões Bactérias esporuladas Esporos Fungos

4 5 6

Myc. tuberculosis Leveduras Bactérias n/esporuladas

7 8 9 10
7

Fungos Vírus Protozoários Algas

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Controlo do Crescimento dos Microrganismos

❑ Métodos físicos (continuação):


b) RADIAÇÕES
• Ionizante (Raios X e Raios Gama)
Alto poder de penetração e esterilizante. Causam mutações no DNA ou outras
macromoléculas. Apenas Raios Gama () são utilizados em materiais sensíveis
ao calor e já embalados.
• Não ionizante (Raios UV)
Pouco poder de penetração. Causam alteração do DNA. Raios UV são utilizadas
para a manutenção de ambientes assépticos (p.e. blocos operatórios)

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Controlo do Crescimento dos Microrganismos

❑ Métodos físicos (continuação):


b) RADIAÇÕES

• Ionizante (Raios Gamma) – é um tipo de radiação eletromagnética de alta


frequência com elevado poder de penetração e geralmente produzida por
elementos radioativos. Devido à elevada energia, os raios gama podem
causar danos às moléculas de DNA dos seres vivos e outras
macromoléculas. Podem retirar eletrões do átomo (ionizantes)

- É utilizada na radioterapia no tratamento de enfermidades como o cancro

- Podem ser usados para esterilizar equipamentos médicos e alimentos

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Controlo do Crescimento dos Microrganismos

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Resistência à radiação ionizante por ordem decrescente

1 2 3

Priões Vírus Bactérias esporuladas


7

4 5 6

Leveduras Fungos
Bactérias n/esporuladas

Bactérias Gram negativas são as mais sensíveis


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Controlo do Crescimento dos Microrganismos

• Não ionizante - Raios UV

São um tipo de radiação de baixa frequência e insuficiente para ionizar átomos ou


moléculas. Têm pouco poder de penetração, tendo uma ação direta.

O espetro de radiação UV entre 240-280 nm tem atividade microbicida devido à


sua absorção por diferentes componentes celulares, sendo os alvos principais os
ácidos nucleicos.

Câmara fluxo laminar c/ lâmpada UV

Símbolo de radiação
não ionizante

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Resistência à radiação UV por ordem decrescente

1 2 3

Priões 7 Esporos Fungos Bactérias esporuladas

4 5 6

Vírus Leveduras Bactérias n/esporuladas

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Controlo do Crescimento dos Microrganismos

c) FILTRAÇÃO
Utilizada para realizar a esterilização de materiais sensíveis ao calor, como por
exemplo soro, soluções químicas, água, etc
Filtros HEPA (High Efficiency Particulate Air)
Membranas Filtrantes (0,22µm – 0,45µm)

Membranas Filtrantes Sistema de Filtração Câmara fluxo laminar c/ filtro HEPA

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Controlo do Crescimento dos Microrganismos

c) FILTRAÇÃO (continuação)

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Controlo do Crescimento dos Microrganismos
Tratamento de águas

Sistema de Ultrafiltração

Sistema de osmose reversa

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Controlo do Crescimento dos Microrganismos

❑ Métodos físicos (continuação):


d) OZONO (O3)

Forma reativa do oxigénio frequentemente utilizado para substituir o cloro na desinfeção da


água. Apresenta a vantagem de ser microbicida embora seja mais caro que o cloro e não tem
atividade residual.

É produzido naturalmente através do oxigénio ou artificialmente por tecnologia eletroquímica.


No estado gasoso é facilmente solúvel em água e oxidativo. Esta característica, combinada
com a sua solubilidade, faz dele um excelente agente esterilizante. O O3 é utilizado:
- terapia em diversos tipos de doenças e sob diferentes formas de aplicações, tópicas e
sistêmicas;
- antimicrobiano no tratamento, armazenamento e
processamento de alimentos;
- purificação ou tratamento de água e esgotos;
- esterilização de recipientes para engarrafamento de
água;
- descontaminação de ambientes: hospitais, quartos de
hotéis. Microbiologia e Parasitologia | 1ºAno | 1ºSemestre| 2022-2023
Controlo do Crescimento dos Microrganismos

e) ULTRASONS
São sons de frequência superior àquela que o ouvido humano pode escutar,
aproximadamente 20000Hz. O procedimento de limpeza opera-se por meio de
um processo denominado de cavitação, o qual consiste na formação de bolhas
microscópicas geradas pelo contacto entre a água, o uso da solução
desinfetante adequada e a frequência do ultrassom. Para além da imagiologia,
os ultrassons são muito utilizados na esterilização de equipamentos e
instrumentos cirúrgicos vários. Promove a remoção de partículas em locais de
difícil acesso e evita o desgaste dos utensílios

Banho de ultrasons

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CONTROLO DO CRESCIMENTO MICROBIANO

MÉTODOS QUÍMICOS
Controlo do Crescimento dos Microrganismos

❑ Métodos químicos
São utilizadas substâncias químicas de origem natural ou sintética, para eliminar ou inibir o
crescimento dos microrganismos. A resposta dos microrganismos aos agentes químicos

❑ varia em relação a fatores tais como: pH,

❑ temperatura,

❑ presença de matéria orgânica,

❑ fase de multiplicação

❑ a presença de outros agentes químicos.

De acordo com seu efeito nos microrganismos podem apresentar:

Efeito bacteriostático, fungistático ou virustático em que há inibição do crescimento. Em


condições normais os microrganismos voltam a crescer.

Efeito bactericida, fungicida, virucida – morte do microrganismo.

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Controlo do Crescimento dos Microrganismos
❑ Métodos químicos
Os agentes químicos podem ser usados para descontaminação, desinfeção ou
esterilização. Têm um efeito maior nas células vegetativas por estas terem metabolismo
ativo.

Desinfetantes: Compostos químicos que podem matar ou inibir o crescimento dos


microrganismos e são utilizados em utensílios, superfícies e bancadas, paredes e chão de
laboratórios, hospitais e instalações industriais (indústria alimentar, indústria farmacêutica).

Exemplos: hipoclorito de sódio (lixívia), soluções alcoólicas diluídas (p.e. etanol 70%),
detergentes

Antiséticos: substâncias que podem degradar ou inibir o crescimento dos microrganismos


(não destrói esporos) e são usados na superfície da pele e mucosas

Exemplos: soluções alcoólicas diluídas, detergentes, compostos fenólicos, soluções iodadas,


peróxido de hidrogénio (água oxigenada)

Preservativos usados em alimentos: prevenção ou retardamento da autodecomposição do


alimento
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Controlo do Crescimento dos Microrganismos

DESINFETANTES

Desinfetantes de superfície e
instrumentos cirúrgicos

Remoção da
matéria orgânica
antes da desinfeção

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Controlo do Crescimento dos Microrganismos

Agentes desinfetantes / antiséticos


• Fenóis (germicidas). Muito ativos sobre micobactérias (M. tuberculosis) devido à composição
muito rica em lípidos da parede celular

Ex: hexaclorofeno (ação sobre microrganismos Gram+)

Alteram a permeabilidade da membrana citoplasmática


• Halogéneos. Microbicida para a maioria dos microrganismos, incluindo bactérias formadoras
de esporos e micobactérias. Os compostos à base de iodo atuam mais rapidamente , mas em
presença de matéria orgânica (sangue, soro, sangue, urina), a sua atividade reduz.

Ex: Compostos que contêm iodo ou cloro


Provocam precipitação proteica
• Álcoois. São microbicidas para bactérias (apenas formas vegetativas – não esporos), alguns
fungos, micobactérias e vírus com envelope lipídico. Os mais eficazes são o etanol e o
isopropanol. A sua atividade aumenta em presença da água e por isso se usa álcool a 70%
para a desinfeção de superfícies. Muito utilizado na desinfeção de termómetros.
Desnaturam as proteínas e são solventes dos lípidos
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Controlo do Crescimento dos Microrganismos

Agentes desinfetantes / antiséticos

• Peróxido de hidrogénio: é um composto oxidante bactericida que mata a grande parte dos
microrganismos a uma concentração entre 3 e 6% e os esporos a uma concentração entre 10 e
25%. É utilizado para desinfetar próteses cirúrgicas, implantes plásticos e lentes de contacto.
Atuam sobre o DNA e lípidos

• Compostos de amónio quaternário: são compostos formados por 4 grupos orgânicos


ligados por pontes de azoto. São bacteriostáticos a baixas concentrações e bactericidas a mais
elevadas concentrações. Não são ativos sobre Pseudomonas, Mycobacterium e Trichophytum.
Causam desnaturação da membrana celular

• Clorohexidina: têm uma amplo espetro de ação embora iniba os microrganismos mais
lentamente que os álcoois. É utilizado como agente antisséptico local e na composição de
sabonetes, desodorizantes e pastas de dentes
Alteram a seletividade/permeabilidade da membrana citoplasmática

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Controlo do Crescimento dos Microrganismos

ANTISÉTICOS

Antiséticos mãos e mucosas


• Líquidos
• Gel
• Toalhetes húmidos

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Controlo do Crescimento dos Microrganismos

PRESERVATIVOS USADOS EM ALIMENTOS


Aditivos que impedem ou retardam as alterações provocadas por microrganismos.
A ação antimicrobiana dos conservantes baseia-se em efeitos sobre
• DNA
• Membrana plasmática
• Parede celular
• Síntese proteica
• Atividade enzimática

Ácido fosfórico: bebidas refrigerantes (reduzir o pH)


Ácido acético: maionese
Ácidos orgânicos fracos (lático, benzóico, propiónico): inibição de bolores, leveduras,
alguma atividade contra bactérias
Nitritos e nitratos: obtenção de cor, sabor e textura; antioxidante
Cloreto de sódio

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Controlo do Crescimento dos Microrganismos

PROCESSOS DE ESTERILIZAÇÃO

Compostos químicos que eliminam completamente os microrganismos e são utilizados na


esterilização de material ou utensílios que não suportam temperaturas elevadas (p.e. placas,
frascos, pipetas e outros consumíveis de plástico)

Exemplos de agentes esterilizantes

Formaldeído e glutaraldeído: pertencem ao grupo dos aldeídos e podem ser utilizados como
desinfetantes potentes ou agentes esterilizantes. O formaldeído é um gás e dissolvido em
água (37%) origina a formalina. O seu efeito é aumentado pela combinação (20% formalina +
70% álcool).
Atenção efeito tóxico do formaldeído (pele, membranas mucosas) e glutaraldeído (embora
menos tóxico para os tecidos), mas tóxico para a pele.

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Controlo do Crescimento dos Microrganismos

Óxido de etileno: É um gás solúvel em água e solventes orgânicos e que se utiliza na


esterilização de materiais sensíveis ao calor e à radiação. É um gás inflamável e para ser
utilizado é misturado com gases inertes, tornando-o não-inflamável e não-explosivo.
É um processo de esterilização lento e influenciado por:
• Concentração do gás
• Humidade relativa e o grau de humidade do item a esterilizar. Humidade relativa ideal
aproximadamente 30%
• Tempo e temperatura de exposição
Devido à toxicidade do gás nos tecidos, o material esterilizado deverá ser ventilado pelo
menos 24 a 48h antes de ser utilizado.
É utilizado na esterilização de produtos médico-hospitalares: instrumentos de uso intravenoso
e de uso cardiopulmonar em anestesiologia, aparelhos de monitorização invasiva,
broncoscópios, etc. Com este tipo de esterilização certos produtos de uso único podem ser
esterilizados e reutilizados.

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Controlo do Crescimento dos Microrganismos

Óxido de etileno
A esterilização é feita em autoclave própria e deve ser manuseado com material de proteção
devido à toxicidade do gás

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Controlo do Crescimento dos Microrganismos

MÉTODO IDEAL DE ESTERILIZAÇÃO

• Elevada atividade antimicrobiana

• Compatível com o material a esterilizar

• Não deixar resíduos tóxicos

• Ser seguro para o operador

• Facilmente controlável/mensurável

• Tempo de duração relativamente curto

• Baixo custo

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Controlo do Crescimento dos Microrganismos

ETAPAS DE DESCONTAMINAÇÃO, DESINFEÇÃO E ESTERILIZAÇÃO

OBJETIVO

Destruição dos microrganismos de objetos, roupas, equipamentos e outros materiais médicos


que entram em contato direto ou indireto com os doentes, evitando assim a contaminação em
procedimentos cirúrgicos, curativos, ou qualquer outro procedimento, e a transmissão de
microrganismos potencialmente patogénicos.

1ª etapa: Limpeza rigorosa dos instrumentos cirúrgicos e que constitui uma das etapas
mais importantes do processo de esterilização. Nesta etapa toda a sujidade deve ser bem
removida, porque a contaminação microbiana forma uma barreira protegendo os
microrganismos e impedindo a penetração dos agentes esterilizantes

2ª etapa: Imersão em água potável morna com detergente apropriado, mantendo a


solução em contato com os instrumentos pelo menos três minutos, ou conforme a orientação
do fabricante.
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Controlo do Crescimento dos Microrganismos
ETAPAS DE DESCONTAMINAÇÃO, DESINFEÇÃO E ESTERILIZAÇÃO

3ª etapa: Esfregar os instrumentos com uma esponja e escova até a eliminação da


sujidade visível.
4ª etapa: Enxaguar com água sob pressão
5ª etapa: Secagem dos instrumentos com pano limpo e preferencialmente de cor branca
para visualizar eventuais sujidades. Também pode ser utilizado ar comprimido em tubos e
cavidades de difícil acesso e, ainda álcool ou éter
6ª etapa: Verificação da eficácia da lavagem e eventual repetição da mesma em caso de
necessidade
7ª etapa: Embalagem do material
8ª etapa: Colocação de indicadores para verificação da eficácia de esterilização
9ª etapa: Esterilização adequada ao tipo de material
10ª etapa: Armazenamento em local apropriado

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Controlo do Crescimento dos Microrganismos

Avaliação da contaminação microbiana ambiental

• Exposição de placas com meio de cultura durante


±15 minutos, seguida de incubação a 37ªC
(bactérias) e à temperatura ambiente (bolores e
leveduras)
• Equipamentos para amostragem do ar

Bactérias Bolores e leveduras

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Controlo do Crescimento dos Microrganismos

Avaliação da contaminação microbiana de superfícies, instrumentos e outros utensílios

• Zaragatoas de superfícies e inoculação de placas


com meio de cultura, seguida de incubação a 37ªC
(bactérias) e à temperatura ambiente (bolores e
leveduras)

Inoculação em meios de cultura Bactérias Bolores e leveduras

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INTRODUÇÃO AO DIAGNÓSTICO MICROBIOLÓGICO IN VITRO

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INTRODUÇÃO AO DIAGNÓSTICO MICROBIOLÓGICO IN VITRO

BIOSEGURANÇA
BIOSEGURANÇA

Conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de


riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino e desenvolvimento
tecnológico e prestação de serviços, visando a SAÚDE DO HOMEM e dos
ANIMAIS, a preservação do meio ambiente e a qualidade do trabalho
desenvolvido.

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Boas Práticas Laboratoriais

Os Microrganismos podem ser classificados de acordo com o nível de risco

❑ Poder patogénico/Virulência
❑ Modo de transmissão
❑ Frequência de ocorrência de casos numa determinada região/país
❑ Existência ou não de tratamento preventivo e ou curativo

Níveis de Risco dos Agentes Biológicos


✓ Nível 1
✓ Nível 2
✓ Nível 3
✓ Nível 4

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Boas Práticas Laboratoriais

https://ehs.virginia.edu/Biosafety-Riskgroups.html

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Boas Práticas Laboratoriais
✓ Microrganismos grupo de risco - Nível 1
Microrganismos cujo risco individual e para a comunidade é ausente ou muito baixo,
ou seja, microrganismos que têm uma baixa probabilidade de causar infeções no
homem ou em animais e não constituem risco para o meio ambiente.
Exemplos: Bacillus subtilis, Bacillus stearothermophilus, Saccharomyces cerevisae,
Lactobacillus bulgaricus.
Nível 1 de contenção laboratorial

Não é exigida nenhuma característica


estrutural especial para além dum espaço
com área adequada, água e mobiliário de
fácil limpeza e desinfeção. As janelas
deverão permanecer fechadas

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Boas Práticas Laboratoriais

✓ Microrganismos grupo de risco - Nível 2


Microrganismos com risco individual moderado e comunitário limitado, e geralmente não
representam perigo para os manipuladores. No entanto, podem provocar infecções graves no
homem ou nos animais com risco reduzido de propagação; possuem tratamento preventivo e
curativo. Não representam perigo grave para o pessoal de laboratório, para a comunidade, os
animais e o ambiente.
Exemplos: Staphylococcus aureus, Escherichia coli, Enterococcus spp., Mycobacterium
avium; Vírus influenza.

Nível 2 de contenção laboratorial


Aplica-se a laboratórios de diagnóstico clínico, de
pesquisa e hospitalares, em que é necessário para além
de boas práticas, a utilização de Câmaras de Segurança
Biológica e equipamentos de proteção individual, para
além de uma estrutura física e bem organizada

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Boas Práticas Laboratoriais

✓ Microrganismos grupo de risco - Nível 3


Microrganismos de risco individual elevado e comunitário limitado. São patogénicos
e habitualmente causam doença grave no homem ou no animal, mas não se
propaga facilmente. Existem tratamentos e medidas de prevenção eficazes.

Exemplos: Bacillus anthracis, Mycobacterium tuberculosis, Vírus Imunodeficiência


Humana, Brucella melitensis
Nível 3 de contenção laboratorial
A estrutura física deste tipo de instalações é muito específica e
obedece a condições estruturais rigorosas no sentido de minimizar as
possibilidades de libertação de material perigoso para o ambiente e
conferir proteção aumentada aos trabalhadores.
Divisão em áreas de preparação do pessoal, áreas de trabalho,
circulação de ar, nomeadamente pressão negativa, exaustão de ar
através de filtros HEPA, etc. O pessoal deverá seguir as regras com
rigor e ao qual deve ser dado treino apropriado
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https://www.who.int/activities/safeguarding-biosafety-and-biosecurity-in-laboratories -
publicado em 7/09/2021
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https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/lab/lab-biosafety-guidelines.html

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Boas Práticas Laboratoriais

✓ Microrganismos grupo de risco - Nível 4


Microrganismos de risco elevado individual e coletivo e que normalmente causam infeção
grave no homem ou no animal, e que se pode propagar facilmente homem a homem. Nem
sempre existem tratamentos e medidas de prevenção eficazes.

Este nível de biossegurança aplica-se somente a vírus incluindo os agentes de febres


hemorrágicas.
Exemplos: Vírus Ébola; Vírus da Febre Hemorrágica da Crimeia; Vírus da Varíola; Vírus
influenza A H5N1

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Boas Práticas Laboratoriais

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Boas Práticas Laboratoriais

Legislação Nacional
Decreto-Lei n.º 55/2015, de 17 de abril: Aprova o regime de utilização confinada de
microrganismos geneticamente modificados (MGM) e de organismos geneticamente
modificados (OGM), tendo em vista a proteção da saúde humana e do ambiente, transpondo
para a ordem jurídica interna a Diretiva n.º 2009/41/CE, do Parlamento Europeu e do
Conselho, de 6 de maio de 2009, relativa à utilização confinada de microrganismos
geneticamente modificados.

Decreto-Lei nº 2/2001, de 4 de janeiro: Regula a utilização confinada de microrganismos


geneticamente modificados, tendo em vista a proteção da saúde humana e do ambiente.

Portaria nº 1036/98, de 15 de dezembro: Altera a Lista dos agentes biológicos classificados,


constante do anexo à Portaria nº 405/98, de 11 de julho.

Portaria nº 405/98, de 11 de julho: Aprova a classificação dos agentes biológicos.

Decreto-Lei nº 84/97, de 16 de abril: Estabelece as prescrições mínimas de proteção da


segurança e da saúde dos trabalhadores contra os riscos da exposição a agentes biológicos
no trabalho.

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Legislação Nacional

Portaria nº. 1036/98 de 15 de Dezembro

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Legislação Nacional

Portaria nº. 1036/98 de 15 de Dezembro

...

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Legislação Nacional

Portaria nº. 1036/98 de 15 de Dezembro

...

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Legislação Nacional

Portaria nº. 1036/98 de 15 de Dezembro

...

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Legislação Nacional

Portaria nº. 1036/98 de 15 de Dezembro

...

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Boas práticas laboratoriais

Bibliografia aconselhada

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Boas Práticas Laboratoriais
Boas práticas laboratoriais

Bibliografia aconselhada
WHO Laboratory Biosafety Manual

https://www.phe.gov/s3/BioriskManagement/biosafety/Pages/Risk-Groups.aspx
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TIPOS DE RESÍDUOS

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TRATAMENTO DE RESÍDUOS

❑ Resíduos do Grupo I são equiparados a resíduos urbanos (resíduos


administrativos, lixo comum) – são descartados em Saco preto

❑ Resíduos do Grupo II são resíduos hospitalares não perigosos, equiparados a


urbanos – são descartados em Saco preto (invólucros de pipetas, papeis etc.).

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TRATAMENTO DE RESÍDUOS

❑ Resíduos do Grupo III – são resíduos de risco biológico e que deverão ser
autoclavados. São essencialmente constituídos por material reutilizável que
após lavagem e preparação são novamente esterilizados na zona limpa para
posterior utilização. São recolhidos em Saco branco com símbolo de risco
biológico

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TRATAMENTO DE RESÍDUOS

• Resíduos do Grupo IV são constituídos por resíduos específicos que deverão


ser incinerados. Deverão ser descartados em Saco vermelho (produtos químicos
e material perfurante (contentores rígidos), meios de cultura potencialmente
tóxicos).

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TRATAMENTO DE RESÍDUOS
Resíduos do Grupo IV

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Relação entre os grupos de risco com níveis de segurança biológica,
práticas e equipamento

*CSB – Câmaras de segurança biológica; BTM – Boas Técnicas de Microbiologia

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Fonte: https://www.who.int/csr/resources/publications/biosafety/BisLabManual3rdwebport.pdf
MANIPULAÇÃO DE MICRORGANISMOS

REGRAS DE SEGURANÇA EM LABORATÓRIOS

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Algumas considerações sobre a manipulação de amostras para análise
microbiológica
• Qualquer microrganismo, mesmo inócuo, interage com o meio e com as formas de vida que
nele se encontram.

• Embora um microrganismo possa não estar associado a doença humana ou animal, pode em
determinadas situações como por exemplo imunodeficiência ou doenças crónicas debilitantes
ser lesivo. Assim, deveremos partir sempre do princípio que a amostra ou a cultura poderá ser
perigosa.

• Na manipulação de microrganismos deverão ser adotadas técnicas que impeçam a


contaminação do operador, do meio ambiente e das próprias amostras/culturas em estudo.

AEROSSÓIS ➜ principal via de contaminação do


operador e do ambiente.
DERRAMES ➜ outra via de contaminação

• Possibilidade de contaminação da cultura em estudo sempre presente ➜ necessário destruir


ou remover todas as outras formas de microrganismos ➜ trabalhar em condições de
ASSÉPSIA.
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Procedimentos gerais na manipulação de agentes biológicos

• Uso indispensável de bata limpa e usar os cabelos compridos apanhados.

• Pessoas com cortes, arranhões ou lesões da pele não devem trabalhar


com microrganismos sem a devida proteção.

• Lavagem de mãos antes e após completar as operações na bancada e


sempre que se saia do laboratório.

• As mãos devem ser enxugadas com toalhetes de papel descartáveis.

• Manter a área de trabalho estéril. As bancadas devem ser desinfetadas


com álcool a 70% antes e após manipulação.

• Trabalhar em câmara de fluxo laminar, para que exista apenas ar


esterilizado na área de trabalho. Em alternativa, trabalhar sempre

à chama do bico de Bunsen.

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AMOSTRA

ANÁLISE RESULTADOS

COLHEITA E TRANSPORTE DE AMOSTRAS BIOLÓGICAS

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Amostras biológicas para análise microbiológica

Colheita de amostras biológicas para isolamento de microrganismos

❖ Produto a recolher depende do tipo de infecção


(infecção urinária: urina; infecção respiratória: secreções; diarreia: fezes; meningite:
líquido cefaloraquidiano; lesões cutâneas ou mucosas: exsudado de vesículas, raspagem
do fundo das úlceras, raspagem da lesão; etc.)

❖ Produto a recolher pode depender do tempo de infecção


[p.e. o agente da febre tifóide (Salmonella typhi) é facilmente isolado a partir de
sangue na primeira semana de infeção, enquanto que a cultura de fezes ou urina
poderão ser positivas durante a segunda e terceira semanas]

❖ Colheita deve ser feita antes do início da terapêutica


(p.e. administração de antibióticos antes da colheita da amostra pode inibir o
crescimento dos microrganismos no produto recolhido)

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Amostras biológicas para análise microbiológica

Material para recolha de amostras

Zaragatoa

Seringa Frascos recolha urina

Tubos recolha LCR

Meio de transporte para amostras c/ suspeita


Vírus/Clamídia/Mycoplasma
Cânula para biópsia
Bisturis

Frasco amostra de fezes


Tubos recolha de sangue Microbiologia e Parasitologia | 1ºAno | 1ºSemestre| 2019-2020
AMOSTRAS IMPORTANTES DE VÁRIOS LOCAIS ORGÂNICOS E TIPOS DE INFEÇÃO

Tipo de amostra
Local da infeção
Outras
Fluido Tecido Zaragatoa
amostras
Ap. Urinário
urina Biópsia renal
(bexiga)
Ap. Digestivo
Lavagens, Bílis, Pus Biópsia de fígado
(intestino, fígado, Zaragatoa retal fezes
Aspirado peritoneal ou do intestino
abdómen)
Ap. Respiratório
(Olhos, orofaringe, Lavagens, expetoração, Zaragatoa nasal ou
garganta, pulmões, fluido pleural, lavagem Biópsia pulmonar perinasal, garganta,
brônquios, espaço broncoalveolar auricular, ocular
pleural)
Sistema Nervoso
Central Líquido
(meninges, encefalite, cerebroraquidiano, Biópsia cerebral
outros processos pus
cerebrais)

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AMOSTRAS IMPORTANTES DE VÁRIOS LOCAIS ORGÂNICOS E TIPOS DE INFEÇÃO

Tipo de amostra
Local da infeção
Outras
Fluido Tecido Zaragatoa
amostras
Aparelho urogenital Biópsia testicular, Uretral, cervical, Microscopia
masculino/feminino próstata,endométrio vaginal direta

Pele e tecidos moles Fluido Zaragatoa da pele


Biópsia da pele, raspagens
(pele, feridas) vesicular, pus ou da ferida

Pus, líquido
Ossos e articulações Ossos recolhidos no ato
sinovial
(osteomielite, artrite) cirúrgico
(articular)

Sepsis Esfregaços
Febre de origem sanguíneos para
Sangue Válvula cardíaca recolhida
desconhecida parasitas da
no ato cirúrgico
Endocardite malária

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Qualidade das amostras biológicas para análise microbiológica

• A colheita de amostras para análise microbiológica deverá ser feita respeitando as regras
de ASSÉPSIA, para evitar a contaminação com microrganismos externos. Uso de
material esterilizado preferencialmente de uso único, material de proteção individual,
antisséticos e desinfetantes
• O paciente deve estar elucidado sobre as instruções de colheita (ex. urina, expetoração)
• A colheita das amostras deverá ser feita com cuidado evitando desconforto ao paciente
• As amostras deverão ser de boa qualidade e quantidade adequada
• Sempre que possível as amostras deverão ser recolhidas antes da aplicação de
terapêutica, nomeadamente terapêutica antimicrobiana
• As amostras deverão ser acompanhadas de um formulário com os dados completos do
paciente (letra legível) e as análises requeridas pelo clínico

TODAS AS AMOSTRAS CLÍNICAS DEVEM SER CONSIDERADAS POTENCIALMENTE


INFECCIOSAS

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Transporte das amostras biológicas para análise microbiológica

AS AMOSTRAS DEVERÃO SER TRANSPORTADAS AO LABORATÓRIO NO MAIS CURTO


ESPAÇO DE TEMPO, porque certo tipo de amostras (urina, sangue, expetoração) constituem
um excelente meio de cultura para a maioria dos microrganismos (bactérias e fungos),
permitindo a sua multiplicação.
• Refrigeração (mala térmica com placa refrigeradora) e com etiqueta de perigo biológico
• Utilização de meios de cultura de transporte para preservação da amostra: meio de
transporte de Stuart, caldo tioglicolato, meio de transporte para vírus/clamídias
• Quando o clínico suspeita de infeção causada por anaeróbios, a amostra deverá ser
aspirada com uma seringa, a agulha removida e a seringa protegida com o próprio invólucro
da agulha, para reduzir ao mínimo a entrada de O2
• Identificação correta da amostra com os dados referentes ao paciente, suspeita clínica
• Amostras biológicas a serem transportadas via aérea, deverão ser bem embaladas em
embalagem apropriada e com símbolo UN3373 (classificação dada pela ONU
para uma substância biológica de categoria B – Amostra para diagnóstico)

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https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/lab/lab-biosafety-guidelines.html

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Transporte de amostras biológicas para análise microbiológica

Mala térmica c/ display


de temperatura

Substância biológica cat. B


Amostra para diagnóstico

Mala térmica c/ símbolo


de perigo biológico Acondicionamento amostras

Perigo biológico

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