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MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA
ALUNO: _____________________________________________________________________
1 MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA
A microbiologia é uma ciência que deriva da biologia. Ela vem se desenvolvendo nos
últimos tempos, devido à contribuição dos profissionais da área e demais estudiosos que se
dedicam a conhecer um mundo invisível, aparentemente, como afirmam Silva; Souza (2013).
A microbiologia tem como fim estudar os aspectos relativos ao mundo microbiano,
constituído por bactérias, fungos, protozoários, vírus e algas microscópicas, como ilustra a
Figura 1 a seguir.
De acordo com estudos de Lins (2010), esta área do conhecimento teve seu início
com os relatos de Robert Hooke e Antony van Leeuwenhoek, que desenvolveram
microscópios que possibilitaram as primeiras observações de bactérias e outros
microrganismos, além de diversos espécimes biológicos. Apesar de van Leeuwenhoek ser
considerado o "pai" da microbiologia, os relatos de Hooke, descrevendo a estrutura de um
bolor, foram publicados anteriormente aos de Leeuwenhoek. Na verdade, estes dois
pesquisadores devem ser considerados como pioneiros nesta ciência.
Este estranho fenômeno levou-o a descobrir que o fungo ali instalado, o Penicillium
notatum, liberava uma substância que inibia o crescimento dos outros micro-organismos.
Surgia, então, a penicilina. Outros cientistas haviam anteriormente identificado e produzido
substâncias com ação antibiótica, porém a descoberta de Fleming foi um grande avanço,
pois a produção da penicilina tornou-se rapidamente viável a partir de um organismo
simples, como um tipo de bolor. Muitas doenças de origem bacteriana puderam ser
combatidas eficientemente com a nova substância.
Os avanços ocorridos nos anos posteriores, nas mais diversas áreas da ciência,
encontraram nos micro-organismos um grande aliado para a fabricação de medicamentos,
melhoria na produção da indústria alimentícia, mediante técnicas utilizando transgênicos,
além de fornecer importantes informações sobre o funcionamento de organismos mais
complexos.
A microbiologia tem grande importância, seja como ciência básica, voltada aos
estudos fisiológicos, bioquímicos e moleculares, ou aplicada, voltada para os processos
industriais, o controle de pragas, a produção de alimentos, etc. A microbiologia abrange
várias áreas de estudo, tais como:
De acordo com Lins (2010), um dos aspectos mais negligenciados quando se estuda
a microbiologia refere-se às profundas mudanças que ocorreram no curso das civilizações,
decorrentes das doenças infecciosas. Durante as guerras, de forma geral, as doenças
provocavam um abatimento físico e moral da população e das tropas, muitas vezes
influenciando no desenrolar e no resultado de um conflito. A mobilização de tropas,
provocando aglomerações, muitas vezes longas, de soldados, em ambientes onde as
condições de higiene e de alimentação eram geralmente inadequadas, também colaborava
na disseminação de doenças infecciosas, para as quais não existiam recursos terapêuticos.
Até a década de 30, ainda e acordo com Lins (2010), o quadro era este. Foi quando
Alexander Fleming, incidentalmente, por assim dizer, descobriu a penicilina, como já descrito
anteriormente. Além destas epidemias, vale ressaltar a importância das diferentes
epidemias de gripe que assolaram o mundo e que continuam a manifestar-se de forma
bastante intensa até hoje, como a H1N1, e o Ebola, que vem fazendo vítimas a cada dia nos
países do continente africano.
Bactérias:
Fungos:
Vírus:
Os vírus são seres muito simples e pequenos, que medem menos de 0,2 µm,
formados basicamente por uma cápsula proteica, envolvendo o material genético, que,
dependendo do seu tipo, pode ser o DNA, RNA ou os dois juntos (citomegalovírus). Por ser
um parasita intracelular obrigatório, os vírus não são considerados organismos vivos, pois
quando estes estão fora de uma célula hospedeira não conseguem realizar nenhuma de suas
funções.
Parede celular:
A parede celular, pela sua rigidez, forma um estojo que garante a estabillidade da
forma característica da bactéria, protegendo-a de agressões externas e das variações de
pressão osmótica. Esta estrutura de base da parede das bactérias é específica de cada
espécie bacteriana. A composição e a estrutura da parede celular determinam o
comportamento da célula em face de um dos métodos de coloração bacteriológicos: a
coloração de Gram. Este método de coloração foi desenvolvido pelo médico dinamarquês,
Hans Christian Joachim Gram, em 1884. Trata-se de um tratamento suscessivo de um
esfregaço basteriano, fixado pelo calor, com os reagentes: cristal violeta, lugol, etanol-
acetona e fucsina básica. Esta técnica possibilita a separação de amostras bacterianas em
Gram-positivas e negativas, bem como a determinacao da morfologia e do tamanho das
amostras analisadas.
Cápsula:
Membrana plasmática:
Citoplasma:
Genoma:
Figura 2 - Flagelos
Estreptococos
Cocos e diplococos
Estafilococos Espirilo
Bacilo
Vibrião
Reprodução sexuada:
Transformação:
Transdução:
Conjugação:
Para Larissay; Marques; Oyie (2012), quando o indivíduo nasce, as mucosas da boca
e da faringe quase sempre são estéreis, e podem ser contaminadas durante a passagem pelo
canal de parto. Nas primeiras 4 a 12 horas de vida, os Streptococcus viridans colonizam, e se
tornam os membros mais importantes da microbiota residente, permanecendo por toda
vida. No início da vida, aparecem também os estafilococos aeróbios e anaeróbios, os
diplococos gram (-) e lactobacilos.
Larissay; Marques; Oyie (2012) afirma que uretra anterior, de ambos os sexos,
contém pequeno número de microrganismos provenientes da pele. Estes aparecem
regularmente na urina normal eliminada. A microbiota normal da vagina funciona da
seguinte forma: após o nascimento, aparecem lactobacilos aeróbios que persistem enquanto
o pH estiver ácido (várias semanas). Quando, então, o pH se torna neutro (até a puberdade),
aparece uma flora mista composta de cocos e bacilos. Na puberdade, os lactobacilos
aeróbios e anaeróbios reaparecem em grande quantidade, contribuindo, assim, para a
manutenção do pH ácido. Quando os lactobacilos são suprimidos por algum agente
antimicrobiano, as leveduras ou bactérias aumentam em número, causando inflamação e
irritação local. Após a menopausa, os lactobacilos diminuem em número, e reaparece uma
flora mista.
Tuberculose:
Hanseníase (lepra):
Tétano:
Leptospirose:
Na zona urbana, principalmente dos grandes centros, durante a época das chuvas,
as inundações se constituem no principal fator de risco para a ocorrência de surtos
epidêmicos de leptospirose humana. Localidades com más condições de saneamento básico
são as principalmente acometidas de surtos devido à presença de esgoto a céu aberto e
lixões, proximidade com córregos, os quais propiciam o contato direto com as águas
contaminadas com urina de roedores (ratos e camundongos) (GENOVEZ, 2009).
Gonorreia ou blenorragia:
De acordo com a autora, é possível ter gonorreia, sem que haja qualquer sintoma
evidente. Entretanto, quando há sintomas, normalmente eles aparecem entre 2 e 10 dias
após a infecção, podendo incluir:
a) sensação de queimação ou dor ao urinar;
b) vontade frequente de urinar;
c) corrimento turvo e denso do pênis;
d) corrimento vaginal turvo, amarelo com odor desagradável;
e) as mulheres podem sentir dores estomacais;
f) pode ocorrer sangramento menstrual anormal;
g) ânus ou reto inflamados, após haver relação sexual anal;
h) inflamação de garganta, após haver relação sexual oral; e,
i) dor no escroto ou testículos.
Sífilis:
Como publicado pela Revista Bahia (2010), a lesão primária apresenta-se como um
úlcera, (semelhante a uma afta), não dolorosa nos órgãos genitais, que surge 2 semanas
após o contato sexual. Nas mulheres pode passar despercebida, visto que é indolor e
costuma ficar escondida entre os pelos pubianos e a vulva. Esta úlcera é chamada de cancro
duro. Sua particularidade é que, após 3 a 6 semanas, ela desaparece, mesmo se não houver
tratamento, causando a falsa impressão de cura espontânea. Semanas ou até meses após o
desaparecimento do cancro duro, a doença, então retorna, desta vez disseminada pelo
organismo, tornando-se a sífilis secundária e terciaria. Neste estágio, a sífilis se manifesta
com erupções na pele, normalmente nas palmas das mãos e solas dos pés, podendo ocorrer
também em quaisquer outros locais do corpo, com febre, mal-estar, perda do apetite e
aumento dos gânglios pelo corpo.
Meningite meningocócica:
De acordo com Araguaia (2010), a doença chega a matar em cerca de 10% dos casos
e atinge 50% quando a infecção alcança a corrente sanguínea, sendo este um dos motivos da
importância do tratamento médico. Os principais sintomas são: febre alta, fortes dores de
cabeça, vômitos, rigidez no pescoço, moleza, irritação, fraqueza e manchas vermelhas na
pele (que são inicialmente semelhantes a picadas de mosquitos, mas rapidamente
aumentam de número e de tamanho, sendo indício de que há uma grande quantidade de
bactérias circulando pelo sangue).
Cólera:
Como afirmam Pedro; Castiñeiras; Martins (2008), a cólera é uma doença causada
pela bactéria Vibrio cholerae, o vibrião colérico. É uma bactéria capaz de produzir uma
enterotoxina que causa diarreia.
De acordo com Araújo (2012), muitas doenças bacterianas e fúngicas podem ser
evitadas com medidas simples, como uma boa higiene pessoal e do ambiente, com o
cozimento apropriado dos alimentos, bem como com a sua devida conservação em local,
com embalagens apropriadas, refrigeradas, na maioria das vezes. No entanto, alguns micro-
organismos exigem cuidados especiais, sobretudo se relacionados a práticas hospitalares e
intervenções cirúrgicas. A esterilização de objetos pelo calor, irradiação ou processo
químico, e a assepsia corporal, a partir de uma série de compostos químicos especiais,
podem garantir ao agente de saúde, bem como ao paciente, maior segurança, minimizando
e até eliminando a contaminação. De acordo com a autora, a vacinação também é um modo
profilático de grande ajuda, dado que diminui as taxas de muitas doenças bacterianas e
virais, chegando até a sua erradicação. Araújo (2012) afirma ainda que outro modo de
profilaxia está ligado aos micro-organismos causadores de Doenças Sexualmente
Transmissíveis (DSTs), cujos cuidados estão na prática de sexo seguro, mediante uso de
preservativos.
No que diz respeito ao tratamento, existe uma gama imensa de medicamentos que
atuam no combate aos micro-organismos que, por sua vez, já estejam infectando o
organismo, como preconiza a autora. De modo geral, as drogas antibacterianas, antivirais e
antifúngicas agem interferindo no metabolismo do micro-organismo ou em sua reprodução,
enquanto que outros, por sua vez, destroem estruturas da parede ou membrana das
bactérias. Entretanto, o tratamento, tal como a profilaxia, vai depender da especificidade do
medicamento e do agente causador da doença. Isto serve de alerta aos riscos da
automedicação, pois, por exemplo, o uso inadequado de um antibiótico geralmente acarreta
na seleção de bactérias resistentes, necessitando cada vez mais de dosagens maiores e de
antibióticos mais fortes.
Calor:
Uma vez submetida ao calor, uma população microbiana tem a redução do número
de indivíduos viáveis ocorrendo de forma exponencial. O que significa dizer que quanto mais
tempo se passar exposta ao calor, menor será a quantidade de micro-organismos em
determinado meio.
Radiação:
De acordo com Gonçalves (2010), a radiação pode ser ionizante ou não ionizante,
dependendo do comprimento de onda, da intensidade, da duração e da distância da fonte
que será esterilizada.
a) ionizantes: este é um método que utiliza radiações gama, mas tem um custo
elevado. Formam radicais superativos e destroem o DNA. É um método
comumente utilizado para esterilizar produtos cirúrgicos que podem ser
submetidos ao calor.
b) não ionizantes: neste tipo de radiação a mais empregada é a luz ultravioleta, que
altera o DNA mediante a formação de dímeros.
6.1.14 Micologia
Há fungos que são estudados no campo médico, pela Micologia médica. A Micologia
médica humana, de acordo com Oliveira (1999), surgiu com as observações dos
pesquisadores Schoenlein, Langenbeck e Gruby sobre as micoses superficiais a partir dos
anos de 1839. Em 1842 já começaram a surgir só primeiros estudos sobre micetoma e nos
anos de 1856 iniciaram-se os estudos sobre aspergiloses. A partir do início do século XX, a
micologia dermatológica estava inaugurada. Estes estudos, além daqueles sobre
coccidioidomicose e histoplasmose, deram origem ao conceito de micose doença e micose
infecção.
De acordo com o autor, e meados dos anos de 1950 surgiu o interesse pelo campo
das infecções micóticas ocasionais, as micoses oriundas por fungos oportunistas. Micose é o
nome genérico dado a várias infecções causadas por fungos. Existem cerca de 230 mil tipos
de fungos, mas apenas 100 tipos aproximadamente que causam infecção.
De acordo com Mello (2012), nesse tipo de micose, os fungos se localizam na parte
externa da pele, ao redor dos pelos ou nas unhas, e se alimentam de uma proteína chamada
queratina. Dentre as micoses superficiais mais conhecidas está Tinea pedis, popularmente
chamada por frieira ou pé-de-atleta. Ela atinge a pele entre os dedos, comumente dos pés.
Ela pode vir acompanhada de uma infecção bacteriana. Em alguns casos a cura pode
demorar vários meses, como nas infecções das unhas. Segundo a autora, dá-se o nome de
onicomicose a infecção fúngica da unha, muito frequente na população adulta, em particular
as unhas dos pés. Uma vez que o fungo não está apto a invadir o corpo, as tinea, ou frieiras,
não são consideradas perigosas.
As micoses denominadas Tinea podem ser de vários tipos, além da tinea pedis,
conforme descrito a seguir:
a) tinea corporis: afeta a pele, é a que possui mais incidência, causada pelos fungos
M. canis ou T.mentagrophytes;
b) tinea cruris: caracterizada por lesões eritemato-escamosas (vermelhas) em nível
das regiões inguinais (zona dos genitais);
c) tinea unguium: tinha das unhas, pode ser causada por quase todas as espécies
de dermatófitos e as lesões apresentam um aspecto variável, desde simples
manchas esbranquiçadas a espessamentos com destruição da lâmina externa da
unha e hiperqueratose subungueal (unha amarela grossa);
d) tinea barbae: é causada por agentes dermatófitos zoofílicos (de animais). A sua
incidência, além de baixa, é quase exclusiva de meios rurais. As lesões são
localizadas na face, na zona com barba e podem ser superficiais (anulares com
bordos vesiculo-pustulosos) ou profundas (massas nodulares infiltradas de cor
vermelho-arroxeada);
e) tinea capitis: a tinha favosa ou favo tem como agente etiológico T. schoenleinii
surge em qualquer idade e é caracterizada pelo aparecimento de placas escamo-
crostosas de cor amarelada, em forma de favo e com o "cheiro a rato". Leva à
queda do cabelo e pelada definitiva.
Candidíase:
De um modo geral, mas formas mais comuns de contágio das micoses superficiais
são:
6.1.15 Virologia
De acordo com Andris (2012), a virologia é o estudo dos vírus e suas propriedades.
Por essência, os vírus são “ácido nucléico envolvido por um pacote protéico”, inertes no
ambiente extracelular, somente sendo capazes de reprodução dentro da célula hospedeira,
por isso são frequentemente classificados como "parasitas intracelulares obrigatórios",
podendo causar inúmeras doenças no homem.
As formas de organismos dos vírus são bastante diferencias. Em comum, todos
possuem uma cápsula feita de proteína, onde fica o material genético destes seres. Tal
material genético sofre modificações com freqüência, levando ao surgimento de variedades
(subtipos) de um mesmo vírus, o que dificulta o seu combate e compromete a eficiência de
várias vacinas, que são preparadas para combater tipos específicos de microorganismo,
como afirma Andris (2012). Um das características que os vírus têm em comum com os seres
vivos é justamente a capacidade de sofrer mutações genéticas.
Praticamente, todos os tecidos e órgãos humanos são afetados por alguma infecção
viral. A palavra vírus tem origem latina e significa "veneno", de acordo com a autora citada
acima. Provavelmente este nome foi dado devido às viroses, que são doenças causadas por
vírus. O corpo humano tem defesas naturais, os anticorpos, que são proteínas produzidas
por células especiais do sangue, que agem contra os agentes causadores de doenças. A
febre, por exemplo, é um mecanismo de combate às infecções, visto que o aumento da
temperatura ativa o metabolismo e acelera a reação dos glóbulos brancos. No entanto, se a
temperatura axilar ultrapassar 37,5o Celsius, deve ser imediatamente tratada pelo médico.
De modo geral, as viroses provocam mal-estar, dores e febre, mas cada virose tem
seus sintomas próprios e pode ser mais ou menos grave.
a) resfriado comum;
b) Gripe A (H1N1);
c) caxumba;
d) raiva;
e) rubéola;
f) sarampo;
g) hepatites;
h) dengue;
i) poliomielite;
j) febre amarela;
k) varicela ou catapora;
l) varíola;
m)meningite viral;
n) mononucleose infecciosa;
o) herpes;
p) condiloma;
q) hantavirose;
r) Aids.
Para Neves; De Melo; Linardi (2005), o relacionamento entre os seres vivos tem
como objetivos fundamentais a obtenção de alimento e/ou a proteção. Na natureza, os
seres vivos se inter-relacionam desde a colaboração mútua (simbiose) até o predatismo e
canibalismo. O parasitismo ocorreu, no decorrer da evolução, de uma dessas associações,
quando um organismo menor se sentiu beneficiado, quer pela proteção, quer pela obtenção
de alimento. O parasitismo consiste na associação de organismos de espécies distintas, na
qual apenas um organismo é beneficiado. Este é chamado parasita, e associação é
obrigatória para sua sobrevivência. Chama-se hospedeiro o organismo que aloja, “hospeda”
o parasita. É interessante observar que a predominância das forças de agressão do parasita
tem como consequência o desenvolvimento de sintomas e patologias, podendo levar o
hospedeiro à morte. Quando as forças de defesa do hospedeiro são mais eficazes, o agressor
é quem morre. No entanto, na maioria das vezes, dá-se um equilíbrio de forças entre
parasita e hospedeiro, o que permite a sobrevivência dos dois. Os hospedeiros podem ser
classificados como:
Vetor é o “veículo” que transmite o parasita entre dois hospedeiros. Pode ser
biológico ou mecânico. Em relação ao número de hospedeiros, há duas modalidades: a)
monóxenos, que são os parasitas que realizam seu ciclo evolutivo em um único hospedeiro;
e b) heteróxenos, que são os parasitas que só completam seu ciclo evolutivo passando em
dois hospedeiros, pelo menos. Quanto à relação ao tempo de permanência do hospedeiro,
esta pode ser permanente (no caso dos hospedeiros definitivos) ou acidental (para os
hospedeiros intermediários). Em relação à especificidade parasitária, os organismos que
parasitam espécies de vertebrados muito próximos são os chamados estenoxenos, enquanto
que aqueles que parasitam espécies de vertebrados muito diferentes denominam-se
eurixenos (NEVES; DE MELO; LINARDI, 2005).
Ainda de acordo com os autores acima citados, atingindo o homem e agindo como
corpo estranho que se instala e cresce nos tecidos humanos, o parasita começa a alimentar-
se à custa do hospedeiro, metabolizando suas reservas nutritivas para cobrir as próprias
necessidades metabólicas. O grau de intensidade da doença parasitária depende de vários
fatores, tais como: o número de formas infectantes, sua virulência (severidade e rapidez
para provocar infecções), a idade e o estado nutricional do hospedeiro, os órgãos atingidos,
a associação de um parasita com outras espécies e o grau de resposta imune ou inflamatória
desencadeada. Dito isto, percebe-se que a ação dos parasitas é muito variável, se
apresentando das seguintes formas:
6.2.1 Protozoários
6.2.2 Amebíase
A amebíase é uma doença causada pelo parasita Entamoeba histolytica. Ele pode
afetar qualquer pessoa, embora seja mais comum naquelas que vivem em áreas tropicais
com condições sanitárias precárias. O diagnóstico pode ser difícil, porque outros parasitas
podem parecer muito parecidos quando visto sob um microscópio. As manifestações clínicas
da amebíase são variáveis decorrentes da ação direta do parasita. As pessoas infectadas
nem sempre se tornam doentes (forma assintomática). As formas sintomáticas envolvem
infecções intestinais (colite desintérica, colite necrotizante, ameboma, colite não
desintérica) e extraintestinais (amebíase hepática, pulmonar, cutânea e outras localizações).
Por causa da proteção conferida por suas paredes, os cistos podem sobreviver a
dias ou semanas no ambiente externo e são responsáveis pela transmissão. Os trofozoítos
nas fezes são rapidamente destruídos quando fora do corpo, e, se ingeridos, não
sobreviveriam à exposição ao ambiente gástrico.
6.2.3 Giardíase
6.2.4 Tricomoníase
Estudos publicados em CDD (2013c) dão conta de que a inflamação genital causada
por T. vaginalis pode aumentar a susceptibilidade da mulher à infecção pelo HIV, se ela for
exposta ao vírus. Mulheres grávidas com tricomoníase podem dar à luz um bebê prematuro
e com baixo peso ao nascer. De um modo geral, a tricomoníase pode ser curada com
medicamentos prescritos, metronidazol ou tinidazol, administrados por via oral em dose
única. Os sintomas da tricomoníase em homens infectados podem desaparecer dentro de
algumas semanas sem tratamento. No entanto, um homem infectado, mesmo um homem
que nunca teve sintomas ou que os sintomas tenham padao, pode continuar a infectar ou
reinfectar a parceira, até que ele tenha sido tratado. Portanto, ambos os parceiros devem
ser tratados ao mesmo tempo para eliminar o parasita. Pessoas em tratamento para
tricomoníase devem evitar sexo até que eles e seus parceiros sexuais recebam o tratamento
completo e não apresentem mais os sintomas. O metronidazol pode ser utilizado por
mulheres grávidas.
A doença de Chagas foi nomeada pelo médico brasileiro Carlos Chagas, que
descobriu a doença em 1909. É causada pelo parasita Trypanosoma cruzi, transmitida para
animais e pessoas por insetos vetores que são encontrados somente nas Américas
(principalmente, nas zonas rurais da América Latina, onde a pobreza é generalizada). Doença
de Chagas (infecção por T. cruzi) é também referida como a tripanossomíase americana.
A doença de Chagas tem uma fase aguda e uma crônica. Se não for tratada, a
infecção ocorre ao longo da vida. A fase aguda ocorre imediatamente após a infecção e pode
durar até algumas semanas ou meses, e os parasitas podem ser encontrados no sangue
circulante. A infecção pode ser leve ou assintomática. Pode haver febre ou inchaço ao redor
do local da inoculação (onde o parasita entrou na pele ou mucosas). Raramente, a infecção
aguda pode resultar em uma grave inflamação do músculo do coração ou do cérebro e
membranas que envolvem o cérebro (CDC, 2013d).
Após a fase aguda, a maioria das pessoas infectadas entra em uma forma
prolongada assintomática da doença (chamada "crônica indeterminada"), durante a qual os
parasitas poucos ou nenhuns são encontrados no sangue. Neste período, a maioria das
pessoas não tem conhecimento de sua infecção. Muitas pessoas podem permanecer
assintomáticas por toda a vida e nunca desenvolver sintomas relacionados à doença. No
entanto, uma estimativa de 20 - 30% das pessoas infectadas desenvolverão os sintomas,
acarretando sérios problemas ao longo da vida, com o risco de vir a óbito.
6.2.7 Toxoplasmose
De acordo com Fialho; Teixeira; Araújo (2009), a patogenia e sinais clínicos são bem
variados. Ocorrem alguns casos benignos, apresentando febre e discreto aumento
ganglionar e também ocorrem os casos graves, compromentendo o sistema nervoso central,
alterações oculares, provocando cegueira ou aborto.
A transmissão por alimentos ocorre por: ingestão de comida mal cozida, de carne
contaminada (especialmente carne de porco e cordeiro), ingestão acidental de carne mal
cozida contaminada depois de manuseá-la e não lavar bem as mãos (toxoplasma não pode
ser absorvido pela pele intacta), comer o alimento que foi contaminado por facas, utensílios,
tábuas de corte, ou outros alimentos que tiveram contato com matérias-primas, de carne
contaminada.
A mulher pode não ter sintomas, mas pode haver consequências graves para o feto,
tais como doenças do sistema nervoso e os olhos; raros casos de transmissão (receptores de
transplantes de órgãos podem ser infectados por receber um órgão de um doador
Toxoplasma positivo). Raramente, as pessoas também podem ser infectados por receber
sangue infectado por meio de transfusão. Laboratório de trabalhadores que lidam com
sangue infectado também pode adquirir a infecção por inoculação acidental.
6.2.8 Ascaridíase
De acordo com estudos publicados por Cromptom e Keiser e Utzinger (1999, 2009
apud SOUZA, 2010) estima-se que aproximadamente 1,2 bilhões de pessoas estejam
infectadas por Ascaris lumbricoides em todo mundo. Embora estes parasitos tenham
preferência por locais mais quentes e úmidos, se pode dizer que eles têm uma distribuição
cosmopolita, encontrando-se dispersos em praticamente todas as partes do globo terrestre.
A intensidade da infecção é um fator-chave na sintomatologia e gravidade da doença
causada por estes parasitos, quando estabelecida, donde se pode concluir que a maior parte
da população é portadora assintomática da infecção, segundo os autores.
As pessoas infectadas com Ascaris muitas vezes não apresentam sintomas. Quando
ocorrem sintomas podem ser leves e incluem desconforto abdominal. Infecções pesadas
podem causar obstrução intestinal e prejudicar o crescimento em crianças. Outros sintomas,
como tosse, é devido à migração dos vermes pelo corpo. A Ascaridíase é tratável com
medicação prescrita pelo médico. A Figura 11 a seguir apresena o ciclo de vida da
ascaridíase.
Como se observa na Figura acima ilustrada, os vermes adultos (1) vivem no lúmen
do intestino delgado. Uma fêmea pode produzir cerca de 200 mil ovos por dia, que são
passados junto com as fezes (2). Os ovos não fertilizados podem ser ingeridos, mas não são
infectantes. Os ovos férteis e embrionados tornam-se infectantes após 18 dias a várias
semanas (3), dependendo das condições ambientais (terra úmida, quente e sombreado).
Depois que os ovos infectantes são ingeridos (4), as larvas invadem a mucosa intestinal, e
são carreadas pela circulação sistêmica para os pulmões . As larvas maduras ainda nos
pulmões (10 a 14 dias) penetram pelas paredes dos alvéolos, sobem a árvore brônquica até
a garganta, e são engolidos (7). Ao chegar ao intestino delgado, que se transformam em
vermes adultos (1). Entre 2 e 3 meses são necessários a partir da ingestão dos ovos
infectantes para ovoposição por fêmea adulta. Os vermes adultos podem viver 1-2 anos.
Os vermes adultos podem sair pelo nariz, boca ou ânus. A melhor maneira de
prevenir a ascaridíase é evitando a ingestão de alimentos que venham de solo que podem
estar contaminados com fezes humanas, quando a matéria fecal humana ("esterco") ou de
águas residuais é utilizada para fertilizar as plantações; lavar as mãos com água morna e
sabão antes de manipular alimentos; ensinar as crianças a importância de lavar as mãos para
evitar infecção; lavar, descascar ou cozinhar todos os vegetais crus e frutas antes de comer,
principalmente aquelas que foram cultivadas em solo que foi adubado com esterco.
6.2.9 Malária
A malária é uma doença grave, e por vezes fatal, causada por um parasita que
acomete mais comumente um determinado tipo de mosquito que se alimenta de sangue
humano. Pessoas que contraem malária apresentam febre alta, calafrios, e síndrome gripal.
Embora possa ser uma doença mortal, a malária geralmente pode ser prevenida.
Geralmente, nas regiões mais quentes, mais perto do equador, a transmissão é mais
intensa e a malária é transmitida durante todo o ano. A maior transmissão é encontrada na
África ao Sul do Saara e em partes da Oceania, como Papua Nova Guiné. Em regiões mais
frias, a transmissão é menos intensa e mais sazonal. Lá, P. vivax pode ser mais prevalente,
pois é mais tolerante e com menor temperatura ambiente.
A forma clássica da malária dura de 6 a 10 horas. É consttuída por uma fase fria
(sensação de frio, tremores), uma fase quente (febre, dores de cabeça, vômitos, convulsões
em crianças pequenas) e, finalmente, uma fase de sudorese (suor, volta à temperatura
normal, cansaço). Classicamente, mas raramente observada, os ataques ocorrem a cada dois
dias com a "febre terçã" parasitas (P. falciparum, P. vivax e P. ovale) e a cada três dias com o
"quartã" parasita (P. malariae).
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