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1. RESUMO:
O presente artigo tem por objetivo problematizar a Psicomotricidade como
recurso de aprendizagem e desenvolvimento para crianças da Educação
infantil. A Psicomotricidade define-se como a ciência que estuda o homem
por meio do seu movimento, integrando funções motoras e psíquicas na
relação entre o mundo externo e interno. Esse estudo irá definir a
Psicomotricidade, demonstrando a sua importância no desenvolvimento de
crianças na educação básica, bem como identificando atividades que
estimulam o desenvolvimento integral dos alunos. A referida pesquisa se
justifica pela necessidade de capacitação docente que atende a educação
infantil na atualidade, trabalhando as dificuldades de aprendizagem,
proporcionado o atendimento de crianças que necessitam de atividades
psicomotoras para o seu desenvolvimento cognitivo, físico e neurológico. A
Psicomotricidade promove no ambiente escolar um ambiente de inclusão e
possibilita o desenvolvimento do conhecimento de forma construtiva,
trabalhando com as crianças o seu desenvolvimento integral dentro do
processo de aprendizagem.
2. INTRODUÇÃO
Em uma sociedade composta pela diversidade e pluralidade, a
Psicomotricidade é uma técnica que tem como estudo o corpo em movimento,
desenvolvendo aspectos cognitivos e motores, desenvolvendo o processo de
aprendizagem de forma contínua e globalizada, centralizando o seu objetivo
em resolver problemas relacionados a disfunções, patologias, educação,
aprendizagem e outros.
Para reforçar sua opinião, cita Vayer (Apud OLIVEIRA, 2000, p.34):
Trata-se de uma educação global que, associando os potenciais
intelectuais, afetivos, sociais, motores e psicomotores da criança, lhe
dá segurança, equilíbrio e permite o seu desenvolvimento,
organizando corretamente as suas relações com os diferentes meios
nos quais tem de evoluir.
De Fontaine (Apud OLIVEIRA, 2000, p.35) declara que só poderemos
entender a Psicomotricidade através de uma triangulação corpo, espaço e
tempo. A Psicomotricidade é um caminho, é o desejo de fazer, de querer fazer
e de poder fazer, e que o homem não é exclusivamente um ser motor ou vir a
ser, o homem não é exclusivamente um ser psíquico ou um querer fazer. O
homem é psicomotor, é a articulação do ter, do ser, do querer, do poder ser e
fazer.
O corpo é a referência que o ser humano possui para conhecer e interagir com
o mundo. Assim, servirá de base para o desenvolvimento cognitivo, para a
aprendizagem de conceitos necessários à alfabetização. A criança necessita
viver os conceitos através de seu corpo para depois visualizá-los no objeto.
Toda a ação torna-se possível porque houve uma ação coordenada que
ligou os movimentos em função de um objetivo, ou seja, o gesto
mecânico produz uma ação com objetivo, e só é possível porque houve
a coordenação, que nada mais é que o saber corporal. A essa ligação
entre o saber e a ação denomina-se psicomotricidade (FREIRE, 1989,
p. 122).
O estímulo motor é tão importante que quando ocorrem falhas nesse estímulo
podem acarretar falhas no aprendizado, essas falhas podem ser dificuldades
de leitura e compreensão, que pode acarretar em problemas graves no
processo de alfabetização da criança.
Por esse motivo, alguns psicólogos acreditam que quanto mais cedo começar
o aprendizado das crianças, melhor será o seu desenvolvimento, isto porque
na infância a crianças passa por diversas mudanças físicas, cognitivas e
afetivas que podem ser usadas como experiências no aprendizado. Quanto
mais rápido for estimulado a Psicomotricidade da criança, melhor será o seu
aprendizado. Vygotsky (apud DAVIS; OLIVEIRA, 1994, p. 56) “[...] postula que
o desenvolvimento da aprendizagem é processo que se influenciam
reciprocamente de modo que, quanto mais aprendizagem, mais
desenvolvimento”.
Conforme Fonseca (1995a, p.72) “o enfoque das DA está no indivíduo que não
rende ao nível do que se poderia supor e esperar a partir do seu potencial
intelectual, e por motivo dessa especificidade cognitiva na aprendizagem, ele
tende a revelar fracassos inesperados”.
“A educação psicomotora deve ser considerada como uma educação de base
na escola primária. Ela condiciona os aprendizados pré-escolares e escolares;
leva a criança a tomar consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no
espaço, há dominar o tempo, a adquirir habilmente a coordenação de seus
gestos e movimentos. A educação psicomotora deve ser praticada desde a
mais tenra idade; conduzida com perseverança, permite prevenir
inadaptações, difíceis de corrigir quando já estruturadas...”. Baseado na obra
L’ L’éducation par Le mouvement 1966, um decreto ministerial em 1969
introduziu a educação psicomotora como prática semanal de seis horas na
escola primária.
6. REFERÊNCIAS
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Vozes.
Assim, a inteligência e qualquer Ciência que ela venha a produzir, só podem ser
avaliadas em função de sua relação com a vida. Os corpos ficam mais felizes? Suas
possibilidades de sobrevivência como indivíduos e como espécie aumenta? (Alves,
s/d, p. 21).
A Educação Psicomotora para nós está incluída num projeto mais amplo de
educação que considera o conhecimento em relação à vida e que proporciona tanto
a descoberta do mundo exterior, das coisas, do mundo objetivo, quanto a
descoberta do mundo interno, o auto-conhecimento, a auto-organização; sendo
ambos preciosos para o desenvolvimento. Dirige-se à personalidade, à sua
expressão e organização através das atividades humanas de relação, realização e
criação. Compreende aspectos motores (agir), emocionais (sentir) e intelectuais
(pensar) numa dialética interna que se fundamenta nos níveis orgânicos, sociais e
psicológicos do ser humano, em toda sua complexidade.
Sob tal perspectiva, compreendemos que a Educação Psicomotora deve visar, antes
de tudo, as funções comunicativas-afetivas-sociais (motricidade de relação) dos
movimentos de seus sujeitos, ou seja, privilegiar a interação educador-educando e
educando-educando em nível psicomotor, através de gestos, atitudes e posturas
que instauram um verdadeiro diálogo corporal apreendido nas formas sensório-
motoras e intuitivo-emocionais.
Os primeiros gestos que lhe são úteis são, deste modo, gestos de expressão, não
sendo ainda os seus atos susceptíveis de lhe oferecer diretamente alguma das
coisas indispensáveis. Aliás, isso é um modo de expressão que permanece
completamente afetivo, mas cujas variações podem, finalmente, responder a toda a
gama de emoções e, por seu intermédio, a situações variadas das quais a criança
toma assim uma consciência talvez confusa e global, mas veemente (Wallon, 1975,
p. 77).
Esta função do movimento, afetiva, que garante o elo, o vínculo social, ocorre
também em idade posterior, por exemplo, quando a criança imita os gestos de
outras crianças. A atitude imitativa assegura o elo com os iguais, facilitando a
identificação com parceiros. Esta atitude, inicialmente intuitiva, apenas segue o
fluxo rítmico dos movimentos do outro, que porém, logo transbordarão para níveis
de cognição mais elevados, ampliando sua aprendizagem. A imitação, a princípio
vinculante-afetiva propicia a passagem ao cognitivo. Ela é um instrumento de
aprendizagem social. Fonseca (1987) entende a imitação, conjunto de gesto e
símbolo, como um ato pelo qual a criança se integra ativamente aos modelos
sociais. A função vinculante da psicomotricidade, ou como a denominamos,
motricidade de relação, é prioritária no trabalho de Educação Psicomotora; irá
facilitar a inserção da criança no mundo, tanto nos níveis afetivos como cognitivos.
Em primeiro plano, desperta-se a confiança de que suas necessidades serão
atendidas, de que é compreendido e, no segundo, o sentido da pertinência, filiação,
desafios ditados pelo outro que irão aguçar e apelar para o desenvolvimento
cognitivo, para a inteligência.
Referências
CABRAL, S.; LANZA, A.; TEJERA, M. Educar vivendo: o corpo e o grupo na escola.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1988. [ Links ]
DANTAS, P. Para conhecer Wallon: uma psicologia dialética. São Paulo: Brasiliense,
1983. [ Links ]
FONSECA, V.; MENDES, N. Escola, escola. Quem és tu? Porto Alegre: Artes
Médicas, 1987. [ Links ]
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Mestre em Psicologia Clínica (PUCCAMP). Professora do Depto. de Psicologia da
Universidade Federal do Ceará (UFC).
Alfabetização e Psicomotricidade: uma
aliança pelo pleno desenvolvimento da
criança
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O desenvolvimento infantil
O amadurecimento das crianças é tratado com muita ansiedade por parte dos
pais contemporâneos, que já sabem cada fase do desenvolvimento, o que
acontecerá em cada idade, e este talvez não seja o caminho mais adequado,
conforme explicita Barbosa (2017, p. 55):
O desenvolvimento humano, que inicia ainda na fase fetal, deve ser visto pela
óptica de Haywood e Getchel (2014, apud Oliveira, 2015, p. 31):
Fase 2: Primeira infância, vai do nascimento aos dois anos de idade, aproximadamente,
caracterizando-se por um crescimento incremental, que se inicia no nascimento e
estende-se até um mínimo marco inicial da fase seguinte.
Fase 4: Adolescência, fase final de crescimento, que se estende mais ou menos dos dez
aos vinte anos de idade. O crescimento inicialmente se acelera, até atingir um máximo
em torno dos quinze anos e, depois, declina rapidamente até os 20 anos.
A alfabetização, por mais que muitas vezes seja compreendida para acontecer na
escola, começa muito antes disso. As leituras de mundo que a criança faz nas relações
que estabelece no contexto em que vive, constituem conhecimentos, sentidos e
significados próprios (Todero, 2017, p. 22).
A fase pictórica, também conhecida como a fase das garatujas, onde a criança
inicia a escrita com rabiscos, geralmente essa fase se inicia bem cedo. Na fase
do grafismo primitivo, a criança utiliza-se de números, letras e símbolos para
representar sua escrita. Já na fase pré-silábica, a criança começa a entender a
diferença entre números, letras e símbolos, começa a compreender que a
formação de palavras acontece através das junções das letras. Na fase silábica, a
criança inicia a escrita utilizando letras, como as vogais, que são muito utilizadas
nos valores sonoros para a formação das palavras. Na fase silábica alfabética, a
criança já consegue realizar a escrita e a formação de palavras já faz sentido. Na
fase alfabética, a criança consegue ler e escrever foneticamente. É nesse
momento que o professor deverá direcionar o processo de alfabetização para a
ortografia e gramática.
A Psicomotricidade na escola
A Psicomotricidade é uma tendência pedagógica que surgiu no Brasil na década
de 1970, sendo a primeira a se contrapor às tendências anteriores (Brasil, 1998).
Aos dois anos: a criança chuta a bola, explora intensamente os brinquedos, faz
traços horizontais, utiliza frases de, pelo menos, quatro palavras, consegue se
vestir e se despir, consegue juntar brinquedos de encaixe, imita movimentos
verticais e horizontais.
a postura bípede deve submeter-se às leis do equilíbrio; para isso, inumeráveis reflexos
posturais de origem filogenética devem intervir assim que o deslocamento e a
flutuação do centro de gravidade se observam, exatamente para provocar mudanças
posturais corretivas, desencadeadas pela ação dos receptores labirínticos, visuais e
somaestésicos.
Aos quatro anos: a criança desenvolve atividades que exigem segurar o lápis;
demonstra afetividade com seus pares; caminha sobre degraus; conhece o
próprio nome completo, seu gênero sexual, idade e endereço; na maioria das
vezes, consegue aguardar a vez.
A criança deve viver o seu corpo através de uma motricidade não condicionada, em
que os grandes grupos musculares participem e preparem os pequenos músculos,
responsáveis por tarefas mais precisas e ajustadas. Antes de pegar num lápis, a criança
já deve ter, em termos históricos, uma grande utilização da sua mão em contato com
inúmeros objetos (Fonseca, 1993, p. 89).
Vale destacar que, para o desenvolvimento psicomotor de crianças entre os
quatro e seis anos de idade, deve ser valorizado o processo de aprendizagem,
pois é nessa fase que a criança desenvolve várias habilidades.
Elementos de Psicomotricidade
A Psicomotricidade e seus elementos são fundamentais para o processo de
aprendizagem dos indivíduos em processo de desenvolvimento. Estes
elementos nos ajudam a entender melhor este estudo:
Metodologia
Com o intuito de resgatar os estudos de teóricos da área da Psicomotricidade,
do Desenvolvimento Infantil e da Alfabetização e Letramento, este estudo lança
mão da pesquisa de natureza qualitativa, intencionando uma revisão
bibliográfica, pois, segundo Fonseca (2002, apud Gerhardt; Silveira, 2009, p. 37):
Contudo, se faz necessário observar o disposto em Silva et al. (2019, p. 13), que
mencionam a pesquisa de revisão bibliográfica como “um processo contínuo,
isto é, durante a construção da pesquisa, autores devem sempre buscar novas
fontes de dados para que isso torne o estudo mais embasado”, ou seja,
pesquisas desta natureza requerem constantes atualizações e significativo
embasamento para se tornarem válidas.
Considerações finais
Diante do acervo disposto neste estudo e da união de ideias em prol do
desenvolvimento da temática em questão, é possível inferir que a
Psicomotricidade desempenha papel fundamental para o desenvolvimento
infantil e para a alfabetização de escolares em séries iniciais.
Referências
ABP – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOMOTRICIDADE. O que é
Psicomotricidade. Disponível em: https://psicomotricidade.com.br/sobre/o-que-
e-psicomotricidade/. Acesso em: 16 jun. 2020.
SILVA, Robson José de Moura; SANTOS, Luciano dos; ALVES, Yara; QUEIROZ,
Jacqueline Fonseca de; LIMA, Iraí Lopes Cabral; GONZAGA, Waldirene Costa
Florêncio; LIMA, Sônia Maria de. O paradoxo da educação brasileira em tempos
líquidos. Revista Científica Semana Acadêmica, Fortaleza, nº 166, 20 de maio de
2019. Disponível em: https://semanaacademica.org.br/node/7686. Acesso em:
16 jun. 2020.