RESENHA
________________________________________________________
Clara Emanuelle
Aluna do Curso de Educação Física da Universidade Metodista de Piracicaba, bolsista de
Iniciação Científica PIBIC/UNIMEP – Projeto: Dança na escola: realidade ou espaço de
preconceito em aulas de Educação Física.
Roberta Gaio
Doutora em Educação, professora de Ginástica e Ginástica Rítmica da PUC Campinas e
orientadora do Projeto de Iniciação Cientifica - PIBIC/UNIMEP - Dança na escola: realidade ou
espaço de preconceito em aulas de Educação Física.
Movimento & Percepção, Espírito Santo do Pinhal, SP, v. 7, n. 10, jan./jun. 2007– ISSN 1679-8678
295
que circunda a escola. Ela é relatada como sendo base do conhecimento, a estrutura
concreta em que o aluno possa se situar.
Apresentando uma prática pedagógica de ação crítica, criativa e
transformadora, ela deve sair do âmbito do conhecimento já contextualizado e
passado de ano para ano, para uma escola nova, reformulada, que reconstrua os
conhecimentos já existentes e crie condições aos alunos de incorporarem, nas
perspectivas social, cultural e política esses e novos conhecimentos. Propõe que a
escola dê subsídios para a abertura de comunicação e interação dos alunos com o
ambiente escolar, com os educadores e educandos, abrindo as portas para que a
comunicação externa participe da construção de uma possível nova escola e contribua
para esse processo.
Nessa nova escola, faz parte a improvisação em relação aos pensamentos e
atitudes; a composição ou construção de conhecimento; a apreciação desses
conhecimentos e valores que estão à sua volta; e o fruir ou usufruir desse
conhecimento.
O educador também tem seu papel fundamental nesse processo, cabe a ele a
conscientização do seu eu, estimulando o saber se relacionar com os alunos e,
também o saber perceber a hora de intervir ou deixar que os próprios alunos
construam, sozinhos, o conhecimento.
A autora, no seu olhar como licenciada em Dança, identifica alguns
obstáculos, em relação ao ensino da dança, como a não possibilidade dos licenciados
em dança ministrar essas aulas e ao mesmo tempo, se coloca como crítica a
participação dos licenciados em Educação Artística e Educação Física, habilitados à
isso, pois acredita que os mesmos não são aptos para tal ensino. Soluções para estes
problemas foram discutidas nos questionários respondidos pelos alunos que estavam
vivenciando a modalidade na prática, o que permitia um maior grau de compreensão.
Como professoras da área no Curso de Educação Física, cabe nesse momento,
discordarmos de Barreto, pois os alunos têm um embasamento sobre Dança, em
especial sobre essa temática como conteúdo da Educação Física Escolar. 1
Sem entrar no mérito da questão acima posta, continuando a relatar o show em
forma de pesquisa, o ensaio nos dá a possibilidade de fazermos os últimos ajustes
antes do grande final, isto é, a apresentação da sua dissertação, os resultados
coletados através de questionários e compreensão geral do fenômeno, através das
analises e interpretações das respostas, fechando essa primeira etapa da obra.
1
Ler mais sobre esse assunto no Livro Dança e Diversidade Humana da editora papirus/2006, especialmente no
capítulo de GAIO, R.; GOIS, A.A.
Movimento & Percepção, Espírito Santo do Pinhal, SP, v. 7, n. 10, jan./jun. 2007– ISSN 1679-8678
296
A dança posta pela autora é fruto de tudo o que foi apontado anteriormente, e
assim ela nos leva a olhar para esse conteúdo e discuti-lo na perspectiva da escola. A
dança é todo movimento de expressão, sentimento, emoção e comunicação. No
âmbito da escola, é possível utilizar esses movimentos para expansão de seu
conhecimento, aumentando o nível de comunicação e de percepção entre o que está a
sua volta e melhor reflexão dos problemas sociais, tendo atitude e postura crítica
diante das situações.
A arte, em seu conceito, é vista como criação, possibilidades, movimento
constante; expressão de sentimentos, do imaginário, sem julgamento real. O artista
interprete da arte, desenvolve a compreensão própria, mesmo que ocorra a
manipulação dos seus movimentos, é permitido que ocorra transformações e (re)
criações. A obra também deve ser compreendida, ter significância para quem está a
interpretando.
A arte, na sua formação histórica, é considerada uma manifestação cultural. As
pedagogias tradicionais, usadas até então, nas quais o dançarino era mero repetidor
de movimentos é algo do passado. Em meados do século XX, a tendência da “livre
expressão” foi apresentada, ampliando o processo de criação do aluno. Depois, com o
intuito de reorientar essa tendência, houve um questionamento sobre a arte, mas isso
não migrou da Europa para o Brasil. Na década seguinte a tendência de propor o
conhecimento através das vivências dos alunos, provocou uma transformação do
ensino em Arte.
A arte deve ser entendida como linguagem através de seus objetivos,
desenvolvendo os alunos em sua competência e estética, estimulando o relacionando
pessoal e grupal, incorporando períodos históricos e culturais. Os conteúdos
relacionados à formação de cidadãos seguem critérios de ensino como a produção, a
fruição e a reflexão.
Os conteúdos propostos para a área específica da dança na escola estão
relacionados com uma performance de criatividade, de expressão, que emana de cada
corpo, em comunhão com outros corpos, sem exigência de técnica específica, não
ocorrendo, assim, discriminação e exclusão, mas sim, possibilidades de formação de
um ser humano mais equilibrado em suas formas de pensar, agir e sentir.
O corpo foi visto como máquina por muitos anos, o que refletia no treinamento
físico e mecânico na Educação Física. Mas é a partir do momento que ele começa a ser
entendido como movimento e expressividade, é que se começa a estudar
efetivamente o corpo embasado na motricidade humana, que consiste no ser humano
que se movimenta intencionalmente.
Movimento & Percepção, Espírito Santo do Pinhal, SP, v. 7, n. 10, jan./jun. 2007– ISSN 1679-8678
297
Movimento & Percepção, Espírito Santo do Pinhal, SP, v. 7, n. 10, jan./jun. 2007– ISSN 1679-8678
298
claro que não devemos seguir pontualmente nem um nem outro método, mas sim
permitir possíveis reflexões e conclusões sobre o ensino da dança na escola.
Enfim vale dançar com a autora, seja na perspectiva de uma reflexão
profissional ou se vendo como dançarino, numa situação de co-participante da história
da dança, o importante é ler e reler a obra e tirar dela o essencial para conhecer,
criticar e construir um novo conhecimento na área.
Movimento & Percepção, Espírito Santo do Pinhal, SP, v. 7, n. 10, jan./jun. 2007– ISSN 1679-8678