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FELIPE NASCIMENTO

TÉCNICAS DE ZOUK
Técnicas de Zouk Prof. Felipe Nascimento

Índice

Conexão..................................................................................................02
Condução e condutibilidade....................................................................07
Pressão contra...............................................................................08
Estrutura dos Conduzidos..............................................................10
Pontos de Condução......................................................................11
Diferença entre Pressão Abrangente x Pressão Pontual...............11
Ativação de Sistemas.....................................................................12
Vetores de Aplicação de Pressão..................................................14
Cinesiologia aplicada ao Zouk........................................................15
Condução pelo Corpo.....................................................................17
Condução por Objetos e Roupas...................................................17
Condução por Expectativa.............................................................18
Movimentação da Pele – Massagem.............................................18
Transferência de Peso............................................................................20
Energia....................................................................................................21
Estruturas de Giro...................................................................................22
Marcação................................................................................................23
Criação de Movimentos..........................................................................25
Referências.............................................................................................27

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Conexão
Tipos de Conexão*:
• No abraço: A conexão no abraço é constituída por uma
série de encaixes entre o Condutor (Leader) e o Conduzido
(Follower). É atingida através das adaptações entre tronco
e membros superiores de ambos.
• No corpo: É obtido pelos ajustes entre os dançarinos com
relação aos pontos de contato entre os corpos. Para tal, é
necessário que tenha definido a INTENÇÃO do toque por
parte dos participantes. A intenção passada no toque
definirá se a conexão nesse aspecto será atingida ou não.
• Na condução e condutibilidade: Ocorre quando ambos
os participantes encontram pressões de toque em comum.
Sendo assim, há uma facilidade para realização de figuras
(movimentações). Quase não há delay entre a condução e
a resposta.
• No campo sensorial e energético: Esse tipo de conexão
acontece quando as energias dos participantes estão
sintonizadas. O corpo possui frequências³, como ondas de
rádio, e quando essas frequências se sintonizam a de
outro, há uma conexão no campo sensorial, impalpável.
*Pode haver mais de um tipo de conexão.

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Formas de atingir a conexão:


➢ Espontânea:
Esta ocorre sem a intenção de ambos os participantes,
ela simplesmente acontece.

➢ Provocada.

*Atingindo a conexão de forma provocada*

Existem formas de atingir a conexão caso ela não ocorra de


maneira espontânea, a primeira é pela Respiração6.
Quando saímos da função autonômica da respiração, ganhamos
consciência da nossa respiração, com isso podemos conectar corpo e
psíquico2.
A variação da respiração pode trazer consequências no estado da
pessoa, podendo deixar ela mais acelerada (ativação maior do
sistema simpático) ou mais calma (menor ativação do simpático e
mais do parassimpático)2.
Cada estado emocional corresponde um ritmo respiratório. Uma
cadência profunda e ritmada demonstra satisfação, segurança e
serenidade. A respiração curta e rápida denota ansiedade,
insegurança ou medo. Aprendendo a manipular o ritmo respiratório
conseguiremos modificar e sutilizar as emoções, o que irá interferir
positivamente nas relações afetivas, na dança e na qualidade de vida.
Porém, os respiratórios do vão muito além, pois através deles
tomamos consciência de que a energia vital que compõe nosso corpo

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é a mesma que configura e movimenta o Universo, mostrando-nos


outra dimensão de nós mesmos.
Pode-se atingir o domínio da bioenergia utilizando técnicas
respiratórias. Esse domínio não se faz no sentido de limitar a
respiração, mas de expandi-la, a fim de conseguir juntamente com
isso a elevação da consciência. Uma vez que a respiração esteja
perfeitamente regulada, poderemos facilmente controlar os processos
conscientes, já que respiração, mente e emoções interagem
mutuamente.
O domínio e a expansão de Prana* no corpo do praticante começa
pela execução de determinados exercícios que consistem em dar à
respiração um ritmo diferente daquele que caracteriza o estado de
vigília, visando a fazer com que ela flua ora de forma lenta e
profunda, ora acelerada e vigorosa, de acordo com o efeito desejado.
A razão disso é que existe uma relação muito estreita entre ritmo
respiratório e estados de consciência.
*Prana provém das raízes que denotam constância, intensidade e
movimento. De onde se conclui que prana é uma força em constante
movimento ou vibração.
Para se atingir a conexão por meio da respiração, é necessário
respirar e perceber a respiração do parceiro.

Respiração Respirar Perceber a respiração do outro


1. Com isso, há duas formas de lidar com a respiração depois da
percepção:

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➢ Conectar com a respiração do outro: Após a percepção,


há uma tentativa de sincronizar e fazer com que as
respirações dos dois se tornem uma só. Dessa forma,
há conexão por meio da respiração, sempre ficando
atento às mudanças de respiração que o outro possa
ter.
➢ Controle da respiração do outro: Nesse caso, há uma
conexão proposta por um condutor (não
necessariamente o Condutor controlará a respiração,
podendo partir de ambos os lados). O controle da
respiração pode ocorrer de duas maneiras:
- Respiração como primária;
- Condução como primária.
Respiração como primária:
Após perceber sua respiração e a do outro, o condutor da respiração
tenta fazer com que a respiração do par se torne a mesma, sendo o
condutor igualando a dele à outra, o condutor fazendo que a do
conduzido se iguale a ele ou que haja uma percepção mútua.

Condução como primária:


Neste caso, o tronco será uma peça chave para controlar a
respiração. Como os pulmões ficam situados no tronco, o controle da
respiração voluntária está diretamente relacionado aos movimentos
que o tronco fará. A retração (aproximação) das escápulas fará com
que o peito da pessoa abra, permitindo que haja mais espaço para os
pulmões encherem de ar. A protrusão (afastamento) das escápulas

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fechará o tronco, diminuindo o espaço que os pulmões tinham para


expandir, e facilitando o esvaziamento do ar nele contido. Para tal:

ABERTURA DO TRONCO FECHAMENTO DO TRONCO


(Retração escapular) (Protrusão escapular)

INSPIRAÇÃO EXPIRAÇÃO

A condução da retração e protrusão das escápulas pode ser feita


de vários lugares, entretanto há dois bons lugares para tal:

Local para aplicação de pressões para retração e protrusão das


escápulas.
Local de aplicação de pressão (leve) e linha do chákra Pléxo
Solar*
*Ponto de entrada e saída de energia segundo a filosofia iogue.

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O controle da respiração pode ser feito nessas áreas, podendo ser


reguladas pela intensidade do toque. A intensidade do toque pode
controlar a respiração, sendo outra forma de condução2.

Afetando outras pessoas


A conexão pode ser tão forte que transcende a dança dos dois e
chega nas pessoas de fora, sendo, às vezes, tão forte que faz com que
as pessoas tenham vontade de entrar na dança do par, sem a intenção
de substituir o lugar de quem já estava dançando.

Condução e Condutibilidade
Definição de condução: É o Condutor fazer com que o Conduzido
tenha vontade de fazer o que o Condutor propôs.
Definição de condutibilidade: É a capacidade de alguém ou de algo
de ser conduzido.
Em Danças de Salão Modernas, sempre executadas a condução,
totalmente a cargo do Condutor, é feita através do contato constante
com o corpo do par. Esse contato é assegurado pelo tônus permanente
do antebraço do Conduzido mantendo a Pressão Contra com o
Condutor. Modificando de acordo com a posição requerida pelas figuras.
Em Danças Latino-Americanas, a condução é feita basicamente de duas
formas: através do contato físico seja do corpo e/ou mão, sendo esta
forma identificada como Condução Física; ou através de Shapes
(formas) utilizadas pelo Condutor, de forma a tornar óbvio o movimento
ao Conduzido, que pode ser definida por Condução por Indução 12.

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Pressão Contra (PC)


A PC é uma ação bilateral, ou seja, ocorre por ambos os lados,
tanto do Condutor quanto do Conduzido.
Consiste em:
➢ Manter os pontos de contato: Qualquer ponto de contato
existente entre o par deve ser mantido, não é restrito só
às mãos e membros superiores. Tronco, pernas, onde
estiver havendo contato.
Melhora em:
➢ Auxilia na condução e na condutibilidade: ao manter os
pontos de contato, não há necessidade de grips
(pegadas) e a resposta do Conduzido é mais rápida pois
a mensagem transmitida pelo Condutor chega direto no
ponto desejado, sem que haja quebra no meio do
caminho.
➢ Melhora a conexão: a conexão é estabilizada quando
não há quebras durante os pontos de contato, facilitando
atingir a conexão provocada.

Aplicação A PC não ocorre somente nas mãos, ela se


estende para todos os pontos de contato existentes entre o Condutor e o
Conduzido, para que não haja quebra de contato e perda de conexão.
Se houver contato entre o braço do Condutor e o ombro do
Conduzido, o contato ali deve ser mantido, de forma que possa ser
trabalhada as intensidades de pressão*.

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*A intensidade de pressão é um artifício do Condutor usado na


condução. Ao variar a intensidade de pressão, ele varia as informações
passadas para o Conduzido.
Para facilitar, a PC pode ser analisada em termos matemáticos:

Níveis de Pressão (NP)

2 Leve

6 Média

9 Pesada

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Tabela 1: Níveis de Pressão

= Direção.
Supondo que o Condutor e o Conduzido possuam um NP 3 em
comum:
Condutor NP 3 Conduzido NP 3
= Sem Movimento.

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Condutor NP 4 Conduzido NP 3
= Movimento a favor do
Condutor.

Condutor NP 2 Conduzido NP 3
= Movimento a favor do
Conduzido.

É aconselhável que o Conduzido não aumente o NP em detrimento


do aumento do Condutor, pois a tendência é o Condutor aumentar a NP
para manter um Status Cuo da pressão contra. Se houver o aumento
dos dois, o aumento será somente progressivo a um ponto no qual será
inconcebível manter a pressão contra.
***Não há necessidade de segurar (prender) a parte em contato, só
a pressão contra é suficiente para realização das movimentações.
Prender a parte em contato pode ser perigoso, pois algumas
movimentações exigem rotação das articulações, e se algum dos dois
prende o outro, ele pode impedir que a articulação gire livremente, o que
pode ocasionar em lesões.***

Estrutura de Conduzidos
Existem estruturas que são fundamentais para o bom
desenvolvimento da dança e evitar lesões. A contração do abdômen, o
encaixe dos ombros, a contração na coxa, a pressão nos pés, o tônus
mínimo para realização das movimentações11. Todas essas são

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estruturas que, além de facilitarem as conduções, irão facilitar o


entendimento do Conduzido e diminuir a chance de lesão.
Pontos de condução
Pode ser chamado de pontos de aplicação de pressão. É o local no
qual será aplicada a pressão para condução. O objetivo de aplicar a
pressão em um determinado lugar é movimentar um ou mais sistemas,
sendo que o ponto de condução pode ser Abrangente ou Pontual.

Diferença entre Pressão Abrangente x Pressão Pontual


- Abrangente: atinge vários sistemas de uma vez. Ela não passa
por vários sistemas até chegar no objetivo de condução final, ela já parte
direto para o sistema que ela pretende ativar. Exemplo: Para realizar
uma movimentação de cabeça conduzindo pelo tronco, pescoço ou
ombros. São sistemas diretamente ligados.
- Pontual: atinge um sistema de cada vez até chegar no objetivo
final de condução. Exemplo: Para realizar uma movimentação de
cabeça é colocada uma pressão x no punho, que atinge o antebraço, em
seguida o cotovelo que atinge o braço, que atinge o tronco e por último a
cabeça. Em forma de organograma:

Punho - Antebraço Cotovelo - Braço Tronco - Cabeça

A diferença entre um e outro é a velocidade de resposta que a


informação chega no destino. A pressão abrangente é mais rápida, pois
afeta o sistema desejado diretamente, enquanto a pressão pontual

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atinge sistema por sistema. Por outro lado, a condução de uma


movimentação pode ser mudada quando a pressão pontual é utilizada,
pois, enquanto o sistema desejado não for atingido, o Condutor tem
liberdade para definir as mudanças que ele desejar, podendo propor, a
princípio, uma movimentação de cabeça e no decorrer da condução
optar por um giro, já a abrangente não, porque atinge diretamente o
sistema, afetando diretamente a capacidade de mudança de
movimentação. Então a escolha das pressões depende do que se
pretende alcançar e do tempo em que se pretende alcançar.
Ativação dos Sistemas
Cada segmento terá uma ou mais articulações agindo nele, esse
conjunto de segmento mais articulações chamaremos de Sistemas.
Exemplo:
Membros superiores e tronco:
Sistema 1: Mão (segmento) + Punho (articulação regente);
Sistema 2: Antebraço (segmento) + Cotovelo (articulação regente)
[Sistema 1 por consequência];
Sistema 3: Braço (segmento) + Ombro (articulação regente)
[Sistema 1 e Sistema 2 por consequência];
Sistema 4: Tronco (segmento) + Cintura Escapular (articulações
regentes)
[Sistemas 1, Sistema 2 e Sistema 3 por consequência];

Sistema 5: Cabeça (segmento)* + Pescoço (articulação regente)

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*Os movimentos de tronco influenciam diretamente os


movimentos de cabeça. Entretanto, há como isolar os
movimentos de cabeça de forma que eles não ajam no
tronco.
Membros inferiores:
Sistema 6: Coxa e Pelve (segmentos) + Quadril (articulação
regente);
Sistema 7: Perna (segmento) + Joelho* (articulação regente)
*A angulação do joelho regerá a mobilidade do quadril em
relação aos movimentos de anteversão e retroversão.

Retroversão Pélvica Anteversão Pélvica

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Vetores de Aplicação de Pressão


Antes de qualquer coisa, é preciso que se entenda que vetores são
segmentos de retas orientadas, ou seja, que possuem um sentido, que é
considerado positivo e que é indicado pela presença de uma seta.
A direção na qual será aplicada a pressão vai influenciar
diretamente na resposta do Conduzido, podendo fazer com que a
resposta dele seja diferente, mesmo se o ponto de condução for o
mesmo, mudando apenas a direção na qual está sendo aplicada a
pressão. Em outras palavras, é possível conduzir coisas diferentes pelo
mesmo ponto de aplicação de pressão. A pressão aplicada agora será
dada em algum sentido, mudando diretamente a movimentação a ser
realizada.
Exemplo:

Ponto de Aplicação de Pressão

Direção da Pressão

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Se adequado o Nível de Pressão Contra, cada um desses vetores


irá resultar numa ação diferente do Conduzido.
Resultado dos Vetores citados:
O Conduzido tem a tendência a abrir o tronco
fazendo a retração das escápulas. Serve como preparação para
descidas ou controle de respiração.
O Conduzido irá andar para frente em caminhada.

O Conduzido irá fazer o movimento de descida.

Portanto é preciso estar atento às direções nas quais serão


aplicadas as pressões. Além de facilitar o entendimento das conduções,
trará mais possibilidades de movimentações.
Cinesiologia8 aplicada ao Zouk
Movimentos das articulações

Fonte: http://fisio-sempre.blogspot.com.br/

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1) Flexão - quando um segmento corporal é movido para


frente do corpo*

(com exceção do joelho. O joelho é a única articulação que


flexão vai para trás do corpo e a extensão vai para frente)

2) Extensão - é o contrário da Flexão. É quando o segmento


vai para trás do corpo.

3) Abdução - é o movimento de um segmento corporal para


longe (afastando-o) da linha central do corpo (linha mediana).

4) Adução - é o contrário. Parte-se de uma abdução,


retornando à posição anatômica, ou mesmo, ultrapassando, se isto
for possível.

5) Rotação Medial - ocorre quando a face anterior do


segmento volta-se para o plano mediano do corpo.

6) Rotação Lateral - é o contrário. A face anterior do


segmento volta-se para o plano lateral do corpo.

7) Circundução - é o movimento realizado entre a cabeça do


osso e uma cavidade articular quando um osso faz um
movimento em forma de cone no espaço, sendo a base do
cone a parte distal do membro e o ápice do cone a
articulação. Os melhores exemplos são o ombro e o quadril.

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Saber os movimentos realizados por cada segmento é


essencial para segurança nas movimentações.
Ainda ajuda no processo de criação de novas
movimentações, pois você saberá o limite de cada segmento para
determinada ação.

Condução pelo Corpo


A Condução pelo Corpo é voltada para uma menor utilização dos
braços e membros superiores para conduzir. É fazer com que o
movimento dos membros superiores sejam consequência do movimento
de tronco e pernas.
Há a condução sem utilizar os membros superiores, porém é
necessário um domínio da Pressão Contra para melhor entendimento
por ambas as partes9.
Lembrando que não é errado conduzir somente pelos membros
superiores, a técnica de conduzir pelo corpo é mais uma forma de
conduzir. Os membros superiores (MS) ficam atrelados ao tronco, logo
movimentos de tronco afetam a posição dos MS, influenciando assim
em sua estrutura.

Condução por Objetos e Roupas


Esse tipo de condução é mais para criatividade do que técnica
propriamente dita. Funciona utilizando as peças de roupas que a pessoa
está utilizando. Conduzir um giro simples puxando levemente a blusa,
ou a alça que encaixa o cinto. Traz possibilidades de novas conduções e
tira a dança de um platô de movimentações.

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Condução por Expectativa


Essa técnica traz um novo conceito, é a condução pelo que o
Conduzido acha que o Condutor vai conduzir sem ele ter conduzido. A
diferença entre isso e o Conduzido se conduzir sozinho é que o
Condutor está proporcionando o espaço para que isso aconteça,
diferente de quando um Conduzido toma o controle e se auto-conduz.
Criar tal campo é o processo mais difícil. Projetar a sua intenção de
condução sem ela ter acontecido efetivamente. É preciso muita técnica
do Condutor e do Conduzido para que tal processo ocorra com sucesso.
A energia é lançada, mas não há o movimento mecânico. Assim, a
intenção chega a outro sem a condução ter sido mecanicamente
realizada.
Se bem executado, o Condutor criará uma expectativa no
Conduzido para que ele faça tal movimento, com isso, tal movimento
será feito somente por meio de intenção, sem o acesso mecânico da
condução.

A Movimentação pela Pele


A movimentação pela pele ocorre quando tentamos atingir o
movimento articular (ou não) infligindo apenas na pele. Ou seja,
arrastamos a pele, com isso o tecido que fica preso nos músculos fazem
com que eles encurtem ou alonguem, trazendo consigo o movimento.
Uma das camadas na qual podemos manter a pressão é a Derme,
parte mais interna das camadas da pele. Podendo variar de derme para
epiderme e vice-versa.

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A intenção desse conceito é trazer uma proposta mais íntima aos


participantes, no qual a percepção um com o outro deve ser constante e
muito mais forte. A condução pela pele também trará artifícios para
realizar certas movimentações sem forçar o movimento articular, para
que haja mais conforto durante a dança.
Exemplo:
Para conduzir o sistema cotovelo + antebraço, faça fricção na pele
de cima para baixo, tentando atingir a camada da derme.

OBS: Se o condutor travar o movimento da articulação, a condução


passará para outra parte do corpo, cabendo ao condutor decidir para
onde, tronco, quadril, pernas etc.
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Transferência de Peso
A importância da transferência de peso se dá por ser a base para a
dança acontecer. Ela vai ditar as direções e o equilíbrio dos envolvidos.
Quando as transferências de peso são bem definidas há um
aumento na estabilidade, o que gera consequências positivas para a
dança, tais como o aumento da segurança entre os dançarinos, o que
acarreta em uma maior chance de estabelecer conexão e facilita as
conduções e o entendimento delas.
Para uma boa execução de movimentações, é necessário um bom
controle das transferências. Isso se deve por conta dos movimentos que
dependem da transferência para terem suas direções bem definidas.
*As movimentações podem ocorrer para os dois lados, só
dependem da transferência de peso*
Lados: O peso deve estar no lado oposto ao qual vai ser a
movimentação, ou seja, se a movimentação for para a esquerda, o peso
da perna de apoio deve estar na direita.

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Energia
Do ponto de vista da física: capacidade que um corpo, uma
substância ou um sistema físico têm de realizar trabalho 4.
Do ponto de vista do esoterismo: energia cósmica é a energia vital
e psíquica. É energia que dá vida à vida. A energia cósmica tem um
papel decisivo em tudo o que fazemos ao estabelecer o equilíbrio
orgânico e espiritual se devidamente absorvida, acumulada e guiada
pela mente.
Trazendo os dois conceitos para a dança, podemos trabalhar no
que transmitimos dançando.
Podemos trabalhar com as duas formas de interpretação de
energia.
Trazendo para o ponto de vista mais da física, energia será fazer
com que o trabalho (movimento) que parte do seu corpo chegue na
outra pessoa fazendo com que haja trabalho lá também.
Sendo assim, o movimento que parte do corpo do condutor flui até
chegar no conduzido e assim há movimento.
Partindo para uma visão mais esotérica, a energia, ou bioenergia,
que estamos lidando é sentida, remete à sentimentos e sensações.
Sentimentos como Alegria, Calma, Ansiedade, Desânimo, Prazer,
Tristeza, Ódio etc podem ser transmitidos pela dança.
Então em termos gerais:
Energia (Física) – Movimentação
Energia (Esotérica) – Como é realizada a movimentação (intenção)

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Logo, não é como se fosse para escolher um dos dois tipos. É a


tomada de consciência de que esse tipo de trabalho existe e é exercido
pelo dançarino.

Esse tipo de trabalho já é feito pela maioria dos dançarinos, por


isso existem dias ruins, dias bons, e danças tão diferentes dependendo
de como estamos, energeticamente falando. Entretanto muitas vezes o
dançarino não sabe que está fazendo isso, por isso a consciência de
que tais técnicas existem é o primeiro passo para dominá-las e não
deixar com que os sentimentos influenciem o dançarino, e sim, sejam
um instrumento para o que o dançarino desejar passar para a dança,
para o parceiro e até mesmo para quem está de fora.
O ato de passar a energia de condução para movimentação se dá
em deixar a energia fluir de um corpo para outro. A trava de energia irá
resultar em um movimento truncado ou até mesmo na ausência de
movimento por parte do conduzido. Conduções fortes tendem a não
deixar a energia fluir.
Trabalhar com dissociação dos movimentos é outra forma de
trabalhar com a energia, sabendo diferenciar quando passar a intenção
de condução/proposta e quando não passar, para não sujar alguma
movimentação quando houver footwork, charme ou algo do tipo.

Estruturas de giro
Ao girarmos procurar manter o alinhamento da coluna vertebral:
ombros para trás (sem exagero), ouvidos sobre os ombros, o queixo ao
nível do chão (sem olhar para cima ou para baixo) e manter o corpo

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rígido, apertando os músculos abdominais. As mãos são mantidas 15


cm abaixo do umbigo e os joelhos estão ligeiramente flexionados ao
girar. Se mantivermos este alinhamento, podemos aplicar a mesma
força para virar vai nos tirar do eixo.

O giro no eixo, é um giro em 360° mantendo o mesmo eixo.


Também utilizado para girar mais rápido a cabeça do que corpo para
evitar ficar tonto. Esta técnica é essencial para todos os que querem
fazer vários giros sem ficar tonto.
Para saber como girar no mesmo eixo sem se deslocar, um
exercício muito simples é estar diante de um espelho e olhar para um
ponto (daí o nome Spot). Mantendo vista naquele ponto, começamos a
virar lentamente o corpo dando pequenos passos no mesmo lugar até
que o pescoço está virado ao máximo, e depois se virou para ver a
referência novamente o mais rápido possível, enquanto o resto o corpo
está girando lentamente para realinhar. Os conduzidos devem ser
capazes de girar completamente sozinhos, seja em um único giro ou
múltiplos. Nós damos o início do giro aguardamos a sua posição e
tempo para continuar a dançar quando o conduzido terminar de girar,
mas o giro não é conduzido por inteiro13.

Marcação
A marcação consiste na contagem do tempo da música com
relação a pisada realizada. Traduzindo, é dançar no tempo da música
marcando pelos pés11. É de extrema importância, principalmente para
quem está começando, porque facilita a contagem do tempo da música

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e coloca os dois dançarinos em sincronia com relação a direção a qual


estão indo. Quando a marcação não é propriamente executada, o peso
de um indicará movimentação para um lado e o peso do outro indicará
movimentação para outro lado, o que pode gerar acidentes, podendo
haver até mesmo lesões.
Com a prática, é possível manter uma marcação mental, sem a
pisada propriamente dita, mas sabendo qual é a perna que deveria estar
o peso em cada momento.
No Zouk, a marcação consiste no passo em que vai acontecer o
deslocamento ser o tempo 1 da música. Enquanto que os outros 2
passos menores sem deslocamento acontecem entre o tempo 2 e 3 da
música, finalizando no tempo 3 e utilizando o tempo 4 para preparação
para sair no tempo 1 novamente. Confira o organograma abaixo:

Tempo 1 Tempo 2 Tempo 3 Tempo 4

Passo grande - Passo Passo Sem pisada –


Deslocamento pequeno*– pequeno*– Preparação
Sem Sem para o passo
deslocamento deslocamento grande

*Não necessariamente a pisada vai acontecer junto ao tempo, ela


acontece entre o início do tempo 2 e ao final do tempo 3, podendo
utilizar os contratempos encontrados entre um tempo e outro.
Pela contagem de passos acontecer em número ímpar, uma hora a
passada grande irá acontecer com a perna esquerda e a próxima
passada grande acontecerá com a direita. Isso vale tanto para condutor
quanto para o conduzido quando se trata de deslocamento.

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Criação de Movimentos
É um processo construído mutuamente, não sendo somente papel
do Condutor de criar, e sim, do casal. Conforme Souza (2008, p. 100)12
bem observou, quando o Condutor se aproxima do Conduzido,
geralmente ele inicia a dança a partir de uma percepção/sensação da
corporeidade de seu par e, nesse diálogo corporal, os dois constroem
juntos uma dança de par.
A criação de movimentos parte de uma combinação de vários
tópicos dessa apostila, tais são:
• Condução e Condutibilidade
o Seus subtópicos;
• Marcação;
• Transferência de Peso;
• Estruturas de Giro*.
*Este só é necessário se houver giro envolvido na criação da
movimentação.
Alguns passos para começar a criação de movimentações;
• Direção
o Para qual direção começará o movimento é um dos
principais passos. Saber a direção influenciará
diretamente na perna de apoio e perna de direção de
giro.
• Transferência de Peso

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o Depois de definida a direção, o peso será ajustado para


aquela configuração de saída.
• Cinesiologia Aplicada
o É preciso saber o membro superior, parte do tronco ou
perna que vai ser movimentada. E disso partimos para a
direção na qual ela será movimentada. E por fim vemos
as limitações de movimento para evitar lesão.
• Tônus e Pressão Contra
o É preciso manter a estrutura base do Conduzido no
processo de criação.
• O Tipo de Pressão
o Que tipo de Pressão será utilizada, Abrangente ou
Pontual. Para qual lado será a pressão e o nível dela.

Juntando todos esses fundamentos, a Criação de Movimento se


torna possível, dependendo somente do processo criativo de cada um.

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Referências
1 - ABREU, Fernanda Ferreira de. O par como unidade criativa:
reflexões sobre criação e técnica na dança de salão. Textos escolhidos
de cultura e arte populares, Rio de Janeiro, v.10, n.1, p. 101- 112, mai.
2013.
2 - ALVES, M. J. “A IMPROVISAÇÃO NO ENSINO DA DANÇA”-
LIVRO DE ATAS do Seminário Internacional Descobrir a Dança /
Descobrindo através da Dança 10 -13 Novembro 2011, FMH. Editores
Elisabete Monteiro Maria João Alves. Faculdade de Motricidade Humana
Serviço de Edições. https://ceapfmh.files.wordpress.com/2012/12/atas-
sidd-2011-final.pdf
3 - ANFLOR, Carla Tatiana Mota. ESTUDO DA
TRANSMISSIBILIDADE DA VIBRAÇÃO NO CORPO HUMANO NA
DIREÇÃO VERTICAL E DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO
BIODINÂMICO DE QUATRO GRAUS DE LIBERDADE. 22.03.2003 f.
Tese (Mestrado em Engenharia) – Universidade Federal do Rio Grande
do Sul. Escola de Engenharia. Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Mecânica. 2003
4 - BUCUSSI, Alessandro A. INTRODUÇÃO AO CONCEITO DE
ENERGIA / Alessandro A. Bucussi. – Porto Alegre : UFRGS, Instituto de
Física, Programa de Pós-Graduação em Ensino de Física, 2007. 32p. :
il. (Textos de apoio ao professor de física / Marco Antonio Moreira,
Eliane Angela Veit, ISSN 1807-2763; v. 17, n. 3)
5 – MCCLAFFERTY, H. MEDICAL YOGA THERAPY. MDPI
Journal, Department of Pediatrics, University of Virginia Medical Center,
Charlottesville, VA 22903, USA; 10 February 2017

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Técnicas de Zouk Prof. Felipe Nascimento

6 - MCKENNON S, Levitt SE and Bulaj G (2017) COMMENTARY:


A BREATHING - BASED MEDITATION INTERVENTION FOR
PATIENTS WITH MAJOR DEPRESSIVE DISORDER FOLLOWING
INADEQUATE RESPONSE TO ANTIDEPRESSANTS: A RANDOMIZED
PILOT STUDY. Front. Med. 4:37.doi: 10.3389/fmed.2017.
7 - MONTEIRO, E. “EXPERIÊNCIAS CRIATIVAS DO
MOVIMENTO: INFINITA CURIOSIDADE” in Moura, Margarida e
Monteiro, Elisabete “ Dança em Contextos Educativos”, Cruz -
Quebrada, Edições FMH. (pp.184-185)
8 - MOURA, Margarida e Monteiro, Elisabete “DANÇA EM
CONTEXTOS EDUCATIVOS”, Cruz - Quebrada, Edições FMH. (pp 107-
121)
9 - RASCH, Philip I. CINESIOLOGIA E ANATOMIA APLICADA. 7.
ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991.
10 - R. BHARGAVA, M. G. Gogate, J. F. Mascarenhas.
AUTONOMIC RESPONSES TO BREATH HOLDING AND ITS
VARIATIONS FOLLOWING PRANAYAMA. Department of Physiology,
Goa Medical College, Bombolim. Goa - 403 005. October-December
1988.
11 - ROSADO, M. C. AS DANÇAS SOCIAIS NO CONTEXTO
ESCOLAR E NÃO ESCOLAR – DETEÇÃO DE ERROS NA FASE DE
APRENDIZAGEM. Tese de Mestrado não publicada. U.T.L. – F.M.H.
Portugal. (p.100).
12 - SOUZA, Maria Inês Galvão. As novas configurações dos
espaços de lazer de dança de salão da cidade do Rio de Janeiro: uma
análise das performances do palco da vida. In: MELO, V. A.; ALVES

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Técnicas de Zouk Prof. Felipe Nascimento

JÚNIOR, E. D; BRETAS, A. (Org.). Lazer e cidade: reflexões sobre o Rio


de Janeiro. Rio de Janeiro: Shape/Faperj, 2008. p. 89-103.
13 - TÉCNICA DE GIRO EN LA SALSA. Disponível em:
https://bailadolid.wordpress.com/2008/01/24/tecnica-de-giro-en-la-salsa/
Acesso em 25 de Janeiro de 2017

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