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FUNDAMENTOS

DE RÍTMICA
E DANÇA
PROF. DANIELLE FREITAS
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA

Prof. Danielle Freitas

FUNDAMENTOS
DE RITMICA
E DANÇA

Marília/SP
2022
Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior


A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma
ação integrada de suas atividades educacionais, visando à
geração, sistematização e disseminação do conhecimento,
para formar profissionais empreendedores que promovam
a transformação e o desenvolvimento social, econômico e
cultural da comunidade em que está inserida.

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emissão de conceitos.
FUNDAMENTOS DE
RÍTMICA E DANÇA
PROF. DANIELLE FREITAS

SUMÁRIO
CAPÍTULO 01 POR QUE DANÇAR? 06

CAPÍTULO 02 RITMO, MOVIMENTO, EXPRESSÃO E DANÇA 14

CAPÍTULO 03 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA DANÇA: DO 23


PRIMITIVO À CONTEMPORANEIDADE

CAPÍTULO 04 DIVERSIDADE CULTURAL E MANIFESTAÇÕES 32


FOLCLÓRICAS

CAPÍTULO 05 DANÇA – UMA VIAGEM AO REDOR DO MUNDO 41

CAPÍTULO 06 DANÇA – UMA VIAGEM PELO BRASIL 52

CAPÍTULO 07 BRASIL – O PAÍS DO SAMBA E CARNAVAL 63

CAPÍTULO 08 FUNDAMENTOS TÉCNICOS DA DANÇA 71

CAPÍTULO 09 FORMAÇÃO PROFISSIONAL PARA O ENSINO DA 79


DANÇA

CAPÍTULO 10 RITMO E DANÇA NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA 87

CAPÍTULO 11 A IMPORTÂNCIA DA APLICABILIDADE DAS 95


ATIVIDADES RÍTMICAS PARA AS CRIANÇAS

CAPÍTULO 12 PROPOSTA DE ATIVIDADES RÍTMICAS PARA 104


CRIANÇAS DE 0 A 6 ANOS

CAPÍTULO 13 PROPOSTA DE ATIVIDADES RÍTMICAS PARA 114


CRIANÇAS DE 7 A 14 ANOS

CAPÍTULO 14 PROPOSTA DE ATIVIDADES RÍTMICAS PARA 122


JOVENS, ADULTOS E PARA A MELHOR IDADE

CAPÍTULO 15 OFICINA DE INSTRUMENTOS DE SUCATA – 130


BANDA RÍTMICA

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CAPITULO 1
POR QUE DANÇAR?

Figura 1 - Dança
Fonte: https://7waves.me/mexa-se-7-beneficios-da-danca-para-sua-saude-fisica-e-mental/

Olá alunos e alunas, estamos iniciando agora uma disciplina que poderá deixar
marcas essenciais na vida de vocês, já que ela discute um assunto que envolve e
desperta nossa liberdade individual, provoca reações, paixões e sentimentos que muitas
vezes nem sabemos que moram dentro de nós, vamos falar sobre a dança.
Em primeiro lugar precisamos levar em consideração que a dança está envolvida
nos momentos mais animados do nosso dia a dia, dançamos desde muito pequenos
em festas de escola, em shows, em cerimônias. Quando adultos, algumas pessoas
desejam aprimorar os movimentos em cursos específicos ou simplesmente se mexem
por diversão.
Quem aqui nunca percebeu seu corpo dançando quase que involuntariamente em
algum momento da vida? Muitas vezes gostamos de uma música e começamos a
nos movimentar sob seu ritmo.
Se você ainda não viveu essa experiência, agora é uma boa hora. Coloque uma
música que você gosta para tocar e tente se mexer, da forma que conseguir, vai se
surpreender com o resultado!!!!

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A dança é uma forma de interpretar a arte e pode ser considerada um cuidado.


Através dela nós podemos cuidar do nosso corpo e mente de uma forma divertida e
prazerosa. Sabemos que a busca pela dança vem crescendo, e pode surgir de uma
simples procura por diversão até a formação específica para atuação em carreira
profissional.
O que nem sempre levamos em conta é a quantidade de benefícios que ela traz
para o corpo físico e para a saúde mental.
Estudos científicos trazem dados relacionados ao fato de que dançar não favorece
apenas o bem-estar físico e psicológico, mas também pode agir diretamente no
tratamento de doenças como o Mal de Parkinson.
No mundo contemporâneo, estamos vivendo sob um excesso de nervosismo,
estresse e até ansiedade, com isso nosso corpo apresenta reações físicas relacionadas
a produção excessiva de hormônios como adrenalina e cortisol, que agem diretamente
na aceleração cardíaca e rigidez muscular.
Mas então, por que dançar?
A dança, através de seus movimentos musculares e batimento cardíaco, consome
esses hormônios estressantes e proporciona relaxamento do corpo e da mente, e
esse processo ocorre ao mesmo tempo em que outros hormônios são produzidos,
os chamados hormônios da felicidade: endorfina, dopamina e serotonina. Isso explica
a sensação de prazer que o ato de dançar nos proporciona.
Algumas pessoas relacionam a dança com atividade física, mas eu diria que a ação
de dançar ultrapassa essa definição, já que ela promove um momento de expressão
corporal, e, como poderemos observar no decorrer da disciplina, através da dança
podemos exteriorizar sentimentos, isso explica a ação positiva da dança ao estado
psíquico e na concentração. Pela dança o corpo fala.
Além disso a dança proporciona benefícios que devem ser percebidos:
Interação: pois quando dançamos com alguém colocamos em prática o trabalho
em equipe, já que dependemos do(s) parceiro(s) para realizar os próximos passos,
isso causa inúmeros benefícios que envolvem o ato de se inteirar.
Os benefícios relacionados ao humor e a autoestima: porque a concentração que
a dança exige proporciona o estímulo das interações com espaço e pessoas.
O estímulo da criatividade: porque a dança nos força a prática da comunicação,
afinal a dança dispensa palavras e os movimentos conversam com uma linguagem
espontânea.
Estimulo cerebral: a dança estimula várias partes do corpo ao mesmo tempo
e diversas sinapses são formadas a cada novo passo, esse processo favorece a
criatividade e o raciocínio dos praticantes.

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Aperfeiçoamento da memória: imaginem vocês o quanto a memória precisa se


exercitar para que uma sequência de movimentos de determinada dança seja “decorada”.
É perceptível que a dança é uma das maiores aliadas ao exercício da memória.
Sistema sensitivo: o ato de dançar se relaciona diretamente com nossas sensações,
quando dançamos nos emocionamos, lembramos de momentos das nossas vidas
que nosso cérebro selecionou como os que nos causaram maior impacto emocional,
durante a dança essas emoções emergem e somos capazes de senti-las novamente.
Desenvolvimento da região cerebral denominada hipocampo: a dança corrobora
potentemente com as funções que essa região domina, como a de memorização,
visão de espaço e aprendizagem.
Benefícios para o corpo físico: além dos inúmeros benefícios psicológicos, a dança
age diretamente no corpo dos praticantes, como a força física, coordenação motora,
lateralidade, função cardiorrespiratória, prevenção da obesidade, flexibilidade entre
outras.
Existem diversas modalidades que envolvem a dança, desde as mais tradicionais
como o balé, sapateado, danças de salão até as mais contemporâneas como a zumba,
jazz, dança de rua e forró. Diante de inúmeras opções, e inúmeros benefícios é indicado
que todos procurem praticar essa atividade para experimentação.
Dança da infância a melhor idade
Vamos voltar nosso olhar para a influência da dança nas diversas fases da vida do
indivíduo. Todo mundo já sabe que dançar é divertido e faz bem, mas então vamos
contextualizar sobre sua positividade no desenvolvimento das crianças e na qualidade
de vida dos nossos velhinhos.

Importância da dança na infância

Figura 2: Dança na infância


Fonte: https://smartschool.com.br/conteudos/danca-na-educacao-infantil/

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É notório que as crianças dançam antes de dar os primeiros passos. Isso ocorre
porque os bebês se expressam primeiro pelo corpo para depois dominarem a linguagem,
o que é surpreendente é que o ato de estimular a dança oferece diversos benefícios
para o desenvolvimento de habilidades necessárias na infância.
Autoconfiança: A consciência corporal é desenvolvida pelos movimentos e posturas
da dança, e quem dança está em contato constante com o próprio corpo, quando
oferecemos para uma criança a oportunidade de “se conhecerem” estamos contribuindo
com um crescimento mais seguro com relação a própria percepção de si, a própria
aparência e consequentemente para a organização dos próprios sentimentos.
Expressão: Vamos reforçar diversas vezes no decorrer da disciplina que a dança é uma
forma de expressão do corpo, esse estímulo age beneficamente no desenvolvimento de
crianças, inclusive nas crianças deficientes e com distúrbios psicológicos e emocionais
significativos, que aproveitam esse momento para transmitir mensagens com o corpo.
Socialização: A dança é uma ótima aliada ao processo de interação entre as crianças.
Sabemos que para o desenvolvimento infantil é necessário o estimulo das relações
interpessoais que são habituais nos momentos que as crianças dançam.
Desenvolvimento motor: A exploração do próprio corpo, a sensação dos movimentos,
a utilização do equilíbrio e o descobrimento de novas possibilidades são fatores
estimulados através dos passos de uma dança.
Melhora da saúde: Não podemos deixar de relacionar a dança com um exercício físico,
e como qualquer outra modalidade ele trabalha efetivamente no sistema cardiovascular
das crianças, o que nessa idade é primordial já que auxilia no desenvolvimento da
capacidade respiratória, ritmo cardíaco e combate ao sedentarismo.

Importância da dança na adolescência

Figura 3: Dança na pré-adolescencia


Fonte: https://www.zumba.com/pt-BR/party/classes/class-kids

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Importância da dança na adolescência

Figura 4: Dança na juventude


Fonte: https://salaodomovimento.art.br/danca-para-adolescentes/

Para essa idade de transição entre a infância e a vida adulta o estimulo da dança pode
ser um forte aliado na formação psicológica dos envolvidos. Muitas vezes eles estão com
dificuldade de organizar sua relação intrapessoal (relação consigo mesmo), e a dança
oferece oportunidade de expressão, onde poderão, através dos movimentos, transmitir
mensagens que gostariam de falar, mas não conseguem por meio de palavras.
Descoberta de um hobbie: Com o estímulo da dança, ficará evidente aqueles que tem
mais habilidade com os movimentos, mais senso de ritmo e controle corporal. Essa idade
pode se tornar um ponto inicial para que essa atividade se torne um hobbie, fazendo com
que os jovens passem a se dedicar mais aos ensaios de coreografias e desenvolvam sua
capacidade de dançarinos.
Autoconfiança e coragem: dançar é expressão de sentimentos, dançar para um público
é superação individual, pois não é fácil se expor e ser destaque de uma situação. Quando
o adolescente se dá conta de que não há problema nenhum em dançar e que vai ser
aplaudido por isso, eles passam a confiar em si mesmos. Esse sentimento é uma peça
importante no desenvolvimento da personalidade dessa faixa etária. Um adolescente
que ultrapassa os limites da vergonha e apresentam uma coreografia para um público,
certamente vai ser uma pessoa mais segura e capaz de superar muitas coisas.

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Importância da dança para a melhor idade

Figura 5: Dança na terceira idade


Fonte: https://www.wreducacional.com.br/curso-de-danca-na-terceira-idade

É de conhecimento de todos que com a chegada da idade ganhamos de brinde o


aumento de peso, pois ocorre a diminuição dos níveis de estrógeno, testosterona e do
hormônio do crescimento, que acarretam na perda de massa muscular e consequente
menor queima calórica.
Tudo isso justifica a importância dos idosos praticarem exercícios físicos, pois
movimentar-se pode amenizar essas consequências, e os benefícios podem ser ainda
maiores quando a movimentação acontece ao ritmo de alguma canção. Vamos conhece-
los?
Melhor condicionamento físico: Muitos idosos não gostam de praticar exercícios físicos
com frequência, mas a recomendação médica é que eles realizem atividades moderadas
diariamente, já que as condições físicas da idade são negativas nessa fase da vida. A dança,
por muito tempo, foi considerada uma atividade de lazer, mas atualmente é reconhecida
como uma atividade física de excelência.
Melhor condicionamento mental: Como dissemos no início da aula, decorar os passos
de uma música exercita o cérebro, além disso ele permanece em constante atividade
enquanto os indivíduos estão desenvolvendo os movimentos, esse processo auxilia o
aprimoramento da coordenação motora e da concentração. Também não podemos deixar
de levar em consideração o fato de que a música é capaz de nos trazer lembranças do
passado, fato que, na terceira idade, é extremamente importante no exercício cerebral. Todos
os estímulos causados pela dança aumentam as conexões neuronais e levam circulação
sanguínea para áreas cerebrais adormecidas, proporcionando ao idoso, habilidades no
aprendizado, memória e raciocínio.

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Elevar a autoestima: Vocês devem ser capazes de imaginar a alegria dos idosos em
participar dos momentos de baile comuns da juventude que viveram. Naquela época
eles escolhiam as melhores roupas, sapatos, acessórios e perfumes e se dirigiam aos
salões na esperança de encontrar um par ideal para dançar a noite toda. As damas se
sentavam e aguardavam os cavalheiros. As danças eram circulares, em pares e abrangiam
ritmos de toda cultura brasileira. Se naquela época a autoestima era elevada nesses
momentos, fica fácil de imaginar que quando um senhor ou uma senhora vivenciam o
mesmo processo para participarem dos bailes da terceira idade, as boas sensações são
retomadas e revividas, fator que potencializa o amor próprio.
Afastar a depressão: A sensação de impotência, de incapacidade física, de estar se
tornando um “peso” para família, entre outros sintomas, são comuns nessa fase da vida.
Erick Ericson, psicanalista norte-americano, afirmava que a vida era composta por oito
ciclos, o último ciclo ele denominava Integridade x desespero. Segundo o autor essa
fase poderia ser experimentada de forma serena ou carregada de ansiedade, e dependia
crucialmente da forma como foram vividas as fases anteriores, sendo comum aos idosos
apresentarem sensação de profundo medo de doenças, de sofrimento e da morte. A dança
pode ser a atividade que fará com que os idosos perpassem por essa fase de forma mais
agradável, dentre os inúmeros benefícios já apresentados da aula, aqui especificamente
podemos citar a liberação dos hormônios da felicidade (serotonina e endorfina) que agem
de forma significativa no aumento da energia e vontade de viver.
Autoconfiança: Os praticantes de dança dessa idade passam por uma mudança
significativa de comportamento, pois observando outras pessoas dançando, percebem
que é possível realizar os movimentos e se encorajam a se aventurarem. Os idosos que
ficam muito tempo ociosos dentro de casa acabam perdendo a coragem de se movimentar,
o que piora o quadro de incapacidade física comum da idade, já quando se exercitam,
percebem que são capazes de diversas coisas, ocasionando o aumento da autoconfiança
e autoestima.

Figura 6: Autoestima causada pela dança


Fonte: https://www.shoppingbalneario.com.br/conheca-os-beneficios-que-a-danca-pode-trazer-para-a-sua-vida/

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Encerrando nossa aula, concluímos que a dança é uma atividade física completa, pois
trabalha o corpo, a mente e a alma. Ela age positivamente nos nossos relacionamentos
intrapessoais e interpessoais, já que decorar coreografias, nos mover no ritmo da
música, controlar a respiração, exercitar o corpo, perder a vergonha da exposição,
lidar com as limitações e diferenças e a superação de limites são fatores constantes
nos momentos em que dançamos.

ISTO ESTÁ NA REDE

“[...] quando surgimos no espaço e nele nos movimentamos, temos que dar passos.
A escola de dança é a escola do caminhar. O fluxo contínuo da corrente do tempo
recebe através do contato do pé um compasso. Através dos passos determinamos
uma medida de tempo e ao mesmo tempo uma medida no espaço. O passo torna
mensurável, de acordo com a música, o ato da dança no espaço e no tempo,
vivenciável e possível de ser repetido. O nosso pensamento aprende com o pé a
acertar o passo, e assim construímos uma coluna entre o céu e a terra”. (WOSIEN,
2000, p. 40)
As danças circulares sagradas, também conhecidas como danças de roda,
foram criadas por Bernhard Wosien e sintetizam danças de diferentes culturas
pesquisadas por ele. A dança circular sagrada, ou dança de roda, é uma prática
que reúne vários tipos de danças tradicionais ou folclóricas de diferentes locais do
planeta.
Conheça mais sobre as danças circulares sagradas através do vídeo: Danças
Circulares - Aquarela do Brasil, disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=tS7Mcz-i-_E, acesso em 8 de abril de 2022.

Acredito que diante de tantos benefícios, respondemos à questão primeira


apresentada nessa aula: por que dançar?
Obrigada pela atenção de todos, bons estudos e até a próxima aula.

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CAPITULO 2
RITMO, MOVIMENTO,
EXPRESSÃO E DANÇA

Olá alunos e alunas, sejam bem-vindos a mais um importante momento de nossa


disciplina.
Hoje vamos conhecer melhor acerca de quatro conceitos importantes relacionados
à dança na educação. São conceitos que carregam particularidades que devem ser
valorizadas para que sejamos capazes de identificar os benefícios causados por cada
um deles.
Em primeiro lugar é importante dizer que no decorrer da nossa disciplina vocês
irão perceber que não é necessário ser especialista em dança para trabalhar seus
elementos no ambiente escolar, e, é possível desenvolve-los sem se quer nunca ter
dançado.
Mas antes de apresentar as possibilidades de atividades, vamos dedicar um tempo
para conhecer afundo esses conceitos.

Ritmo

Figura 1: Ritmo cardíaco


Fonte: https://medium.com/insightsaltaperformance/musicaeritmo-7ee4d6233f2c

O significado da palavra ritmo é “aquilo que flui”, em outras palavras podemos


afirmar que ritmo se relaciona a tudo que se move. Todo ser humano possui um
ritmo, e cada um o manifesta de forma individual. Sendo assim, não existe um ritmo
comum a todas as pessoas.

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Os ritmos dos seres humanos podem ser subdivididos em alguns tipos, como segue:
• Ritmo vital – ritmo biológico que rege a vida
• Ritmo Ultradiano – cérebro, coração, pulmões
• Ritmo Circadiano – metabolismo, sono, fome, temperatura, sede
• Ritmo Infradiano – modificações que ocorrem no organismo
• Ritmo psicológico – atenção para mover o corpo conscientemente como
instrumento de ritmo

No desenvolvimento humano, se pensarmos nas crianças, o ritmo ajuda na auto


percepção, que envolve o fato de se conhecer e conhecer seu próprio corpo, assim
conhecerá seus limites, estabilizará seu esquema corporal, perceberá melhoras
significativas na linguagem e no manejo de formas de se mover e de se expressar,
pois o ritmo auxilia na compreensão do próprio movimento.
Já a falta de habilidades rítmicas pode causar dificuldades sérias como problemas
com aquisição da leitura (entonação, pontuação), e na grafia, pois as crianças podem
escrever palavras unidas já que não percebem as pausas entre elas.
No dicionário encontramos a definição de ritmo como uma sucessão de tempos
fortes e fracos que se alternam com intervalos regulares. Portanto devemos levar em
consideração que estamos em contato com o ritmo desde o ventre de nossas mães,
já que passamos meses ouvindo o ritmo de seu batimento cardíaco.
Comumente convivemos com o ritmo quando entramos em contato com a música,
no momento que percebemos uma combinação de sons e vozes com harmonia,
com pausas, silêncios e cortes que agradam nossos sentidos. Os técnicos dessa
área consideram ritmo a organização dos compassos, das cadências, das batidas,
sendo que tudo isso irá determinar a forma como o ouvinte irá captar o som e toda
estrutura musical.
O ritmo pode ser forte, fraco, curto, longo, lento, rápido... tudo que se movimenta
constantemente e simetricamente é considerado um ritmo. Podemos utilizar ritmo
para recitar uma poesia, fazer uma oração, o ritmo pode tornar uma leitura mais
agradável e emocionante.

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Movimento

Figura 2: movimento
Fonte: https://nxtcomunicacao.com.br/index.php/2017/10/30/como-obter-fotos-com-movimento-congelado-ou-borrado/

Movimento é o nome dado ao efeito de se mover, ou seja, deixar um lugar e ocupar um


outro. Também pode estar relacionado a “agitação” de um corpo, ou ao fato de tirar algo
da inércia, podendo ser um objeto, uma pessoa ou uma situação. Veja agora algumas
frases em que podemos utilizar o conceito de movimento em diversas situações:
• Estado de corpos
“Apesar do transito, estamos percebendo um movimento crescente dos veículos”.
“Aquele atleta realiza movimentos muito rápidos”.
“O movimento daquele jogador despistou dois adversários”.
• Divulgação de uma tendência ou doutrina
“Vamos organizar um movimento contra isso. ”

Figura 3: Movimento Estudantil


Fonte: https://www.brasildefato.com.br/2019/09/04/governo-mira-movimento-estudantil-e-propoe-acabar-com-carteirinha-da-une-ubes-e-apg

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• Agitação
“Estou percebendo um movimento na rua de casa e estou com medo de ir ver o
que é”.
• Física
Se referem aos movimentos da dinâmica (estudo do movimento e das causas desse
movimento) e cinemática (estuda como o movimento se comporta, independente das
causas). Os movimentos também podem ser definidos utilizando unidades de medidas
como os quilômetros (Km), utilizados pelos automóveis.
• Movimento de imagens
Percebemos esse tipo de movimento nos vídeos, que são produzidos a partir de
uma sucessão de fotos.

ISTO ESTÁ NA REDE

“Parada ou em movimento? Uma imagem com ilusão de ótica publicada no Twitter


está intrigando os usuários. Diferente do que aconteceu com outros “mistérios da
Internet”, desta vez, não são as cores da foto que causam a dúvida, mas, sim, tentar
entender: trata-se de uma foto ou vídeo? Na figura, a coluna central composta por
formas geométricas amarelas em um fundo roxo parece se mover de um lado
para o outro. O post original, feito pela professora de Neurociência cognitiva da
Universidade de Milão, Alice Proverbio, já conta com mais de 17 mil curtidas e 7,7
mil retweets.”. Visualize a imagem no endereço:
https://www.techtudo.com.br/noticias/2018/10/foto-ou-video-imagem-com-ilusao-
de-otica-intriga-usuarios-no-twitter.ghtml, acesso em 12 de abril de 2022.

• Música
O movimento musical se refere ao contraste de tempo entre a velocidade de um
compasso, ou aos fragmentos de uma sinfonia.
• Dança
Na dança os movimentos são extremamente importantes para a montagem de uma
coreografia e consequentemente para gerar a expressão da música escolhida. Também
é por meio do movimento que podemos distinguir os estilos de dança, afinal, somos
capazes de reconhecer um ritmo ou o estilo de uma dança apenas pela observação
dos movimentos.
Rudolf Laban (1879-1958), classificou os movimentos em duas categorias:

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Movimentos funcionais – são os que realizamos no dia a dia, como andar, subir
escadas, amarrar o tênis.
Movimentos expressivos – utilizamos para nos expressar, transmite uma ideia ou
uma sensação, como sorrir, dançar, gesticular.

Expressão

Figura 4: Expressão
Fonte:https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/nossas-conviccoes/liberdade-de-expressao-4pusb0uaks2uav8dwp6kc4w7o/

Expressão é o nome dado ao fato de declararmos algo permitindo que os outros


compreendam. Para se expressar nem sempre precisamos utilizar as palavras. Podemos
nos expressar com locução, com gestos e com movimentos corporais.
A expressão é capaz de transmitir uma ideia, um sentimento e até uma mensagem.

PENSE NISSO

“Quando o ato de expressar transcende a intimidade do sujeito, converte-se numa


mensagem transmitida do emissor a um receptor”. Equipe editorial de Conceito.de.
(12 de fevereiro de 2013). Conceito de expressão. Conceito.de. https://conceito.de/
expressao. Acesso em 11 de abril de 2022.

As expressões mais comuns são as orais (falas) e as escritas (palavras ou textos


escritos), em uma conversa entre duas pessoas, ambas estão se expressando

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oralmente, e percebemos que existe diferença entre as duas. Quando lemos um aviso
ou observamos um outdoor estamos diante de uma expressão escrita.
Nosso corpo se expressa constantemente, intencionalmente ou espontaneamente,
seja por meio de uma junção de movimentos do corpo ou com uma simples expressão
facial.
A expressão facial é capaz de transmitir a ideia de sentimentos como tristeza,
felicidade, desatenção, raiva, nojo, confusão e etc., esse tipo de ação é imprescindível
na vida dos seres humanos, pois é através dela que somos capazes de demonstrar
alguns sentimentos e de compreender os momentos que o outro está passando.

Figura 5: Expressão facial


Fonte: https://br.pinterest.com/pin/395683517253298584/

Podemos identificar diferentes expressões no mundo artístico, nas chamadas artes


cênicas, como nas obras literárias, nas expressões poéticas e teatrais.
A música é uma das melhores maneiras das pessoas se expressarem, chamamos
esse processo de expressão musical. Pela música podemos demonstrar nossos
sentimentos e ideias, portanto a música proporciona um momento de relacionamento.

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Figura 6: Expressão Musical


Fonte: https://www.meloteca.com/expressao-musical-na-pre-escola/

Vamos refletir:
Pense em uma música que transmite a ideia de descontentamento com as questões
sociais.
Você tem uma música que se identifica? Aquela que parece que o compositor se
espelhou na sua história para escreve-la?
É evidente que a música reflete nossa vida. Ao som de uma música, fechamos os
olhos e imaginamos coisas, relembramos momentos, nos emocionamos, choramos,
cantamos alto, e tudo isso remete a formas de expressão.
O conceito de expressão também se relaciona ao fato de demonstrar algo, presentear
alguém é uma demonstração de afeto e demonstramos insatisfação quando algo nos
desagrada.
A dança é uma expressão baseada no movimento do corpo, pode ser artística
(quando acontece em palcos) e social (quando acontece no dia a dia). Desde os
primórdios os homens dançavam para adorar seus deuses, e podemos afirmar que
naquela época já utilizavam a dança para se comunicar com o corpo.

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Dança

Figura 7: Dança
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Dan%C3%A7a

A dança pode ser conceituada como a arte de se movimentar em um determinado


ritmo, pode conter movimentos previamente estabelecidos (quando se trata de uma
coreografia) e de movimentos improvisados (quando se trata de dança livre).
A dança pode ser analisada por vários aspectos:
Do ponto de vista corporal, pode ser conceituada como uma atividade física, como
forma de integração, como forma de expressão individual ou coletiva.
Os benefícios da dança observados por esse viés são: a melhora da atenção, o
exercício da percepção e o desenvolvimento de aspectos físicos como coordenação
motora, flexibilidade e força muscular.
Do ponto de vista social a dança é uma excelente aliada da interação entre as
pessoas, já que promove momentos de coletividade, de colaboração e de respeito às
individualidades, o que corrobora diretamente com a formação da consciência social.
Em se falando do aspecto psicológico, a dança tem grande influência na construção
da imagem do próprio corpo, fator fundamental para a maturidade e o crescimento
do indivíduo.
É importante dizer que a dança é uma ação que permite expressar sentimentos, e
além disso implica na interação de diversos elementos, como corpo, mente e emoção.
O que a dança pode demonstrar:
Você sabia que dançando podemos revelar suas características mais intimas?
Dançando podemos nos expressar demonstrando alegria, prazeres, gratidão, respeito,
amor, temor, poder. E essas mesmas sensações podem ser percebidas por quem
assiste a uma apresentação.
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Vamos encerrar nossa aula reiterando que, por mais que possuam conceitos
diferentes, esses quatro elementos não se separam, não há como falarmos de ritmo sem
pensarmos em movimento e sem imaginarmos a expressão que eles proporcionam. E
nada melhor do que a dança para envolver todas essas características com maestria.

ISTO ESTÁ NA REDE

A escola ETEC Jacinto Ferreira de Sá de Ourinhos-SP é idealizadora do Festival de


Danças da ETEC Ourinhos, um festival de danças que acontece desde 2009. Os
alunos são estimulados a desenvolver coreografias e depois se apresentam no
teatro municipal da cidade. Conheçam um pouco desse trabalho através do link:
https://www.youtube.com/watch?v=37sevkqvLDo, acesso em 12 de abril de 2022.

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CAPITULO 3
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA
DANÇA: DO PRIMITIVO À
CONTEMPORANEIDADE

Olá alunos e alunas, sejam bem-vindos a mais uma aula dessa disciplina considerada
extremamente importante para a formação do professor.
Para essa aula, trouxe para vocês uma evolução da história da dança, considerando
que ela existe desde os tempos primitivos e se desenvolveu extraordinariamente até
a contemporaneidade.
Sabemos que é importante estudar a história do passado de um fenômeno para
que o presente seja compreendido e para nos ajudar a construir o futuro.
Vocês, futuros profissionais, a partir da compreensão de como a dança se desenvolveu,
ao final dessa aula serão capazes de se sentirem mais seguros para trabalhar atividades
relacionadas com esse tema em sala de aula.
Então lápis e papel na mão para anotarem o que acharem necessário.
Bora lá...
Vimos que a dança é uma arte desenvolvida com a movimentação do corpo, quem
dança pode demonstrar diversos elementos, entre eles os valores de sua cultura. Além
disso encontramos na dança entretenimento, atividade física e interação social, que
são elementos necessários para uma vida saudável.
Existem rastros de dança na pré-história, imagina-se que ela era uma das formas
de comunicação entre os homens da caverna.

Figura 1: Pinturas rupestres


Fonte: https://wikidanca.net/wiki/index.php/Dan%C3%A7as_Primitivas

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Registros foram observados, do período Neolítico, conectando a dança a rituais e


oferendas relacionadas a colheitas, rituais de passagem e preparação para a guerra.
Naquela época dançava-se pela vida, pela sobrevivência, os gestos eram carregados de
traços místicos. Portanto podemos afirmar que a dança surgiu de uma associação às
magias praticadas pelo homem, que dançavam pelos alimentos, por agradecimentos
e pela água.
A dança era uma prática instintiva, e esses momentos eram registrados nas paredes
das cavernas por meio de desenhos que hoje são conhecidos como arte rupestre.
A dança também já foi considerada uma prática de caráter sagrado, quando
era utilizada para celebrar, honrar e cultuar deuses das culturas gregas, egípcias e
mesopotâmicas. Inclusive na Grécia a dança ajudava na busca pelo corpo perfeito
e consequentemente na boa prática dos homens nas guerras. Eram as chamadas
danças milenares.
No Egito as danças eram ritualísticas, e dançava-se para deuses, em casamentos
e em funerais.

Figura 2: Danças Egípcias


Fonte: https://www.significados.com.br/danca/

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Os gregos consideravam a dança uma prática com poderes mágicos, e os deuses


eram cultuados através dela de maneiras diferentes e particulares.

Figura 3: Danças Gregas


Fonte:https://historiadaartegrecia.blogspot.com/2017/04/a-arte-da-danca-grega-e-omovimento.html

Em contrapartida, com a ascensão do cristianismo na idade média, a dança passou


a ser considerada pecaminosa e profana, perdendo seu caráter sagrado. Nessa época
algumas danças permaneceram fortes, como a tarantela italiana, e o motivo maior
foi a precária situação de vida daquele povo, que via na dança uma única forma de
festejo nas celebrações.
Saltando para os séculos XVI e XVII, no período renascentista, encontramos os
primeiros traços de reconhecimento da dança como arte, ela passou a ser admirada
pela nobreza e adquiriu um aspecto social relevante, o que ocasionou a necessidade
de formação profissional mais específica, com o objetivo de estudar melhor esse tipo
de manifestação. Nessa época podemos dizer que surgiu o tão conhecido Balleto,
hoje chamado de Balé.
O significado de Balleto é conjunto de ritmos e passos.
Até então a dança era algo improvisado, e foi o Renascimento que a transformou
em algo lúdico, divertido e com maior disciplina, com isso passou a ser formulada
com movimentos mais estilizados.
O Balleto era praticado pela corte, na Itália, e as primeiras coreografias, figurinos se
desenvolveram com o apoio do rei Luís XIV. Inclusive esse rei recebeu o apelido de Rei

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Sol, pois em uma apresentação no Ballet de La Nuit, ele vestiu uma roupa brilhante e
chamativa, que lembrava bastante o sol.
No século XVII surgiu o chamado drama-balé-pantomina, que passou a ser executado
nos palcos dos teatros por profissionais de ambos os sexos, nessa época a dança
atingiu o pico de seu glamour e esplendor sendo enriquecida com ricos e belos cenários
e figurinos.
No final do século XVIII, identificamos o surgimento da tão conhecida valsa, na
Áustria e no Império Alemão. Essa dança é praticada até hoje em grandes eventos
tradicionais, como casamentos e festas de debutantes.
No Romantismo o ballet se tornou uma das manifestações com expressões artísticas
mais utilizadas da época e definitivamente saiu dos salões para os grandes palcos
para as apresentações. O termo relacionado à época foi interiorizado pela dança,
que passou de retratar histórias de bruxas, feiticeiras e fadas para apresentar uma
tentativa de recuperação da harmonia entre o homem e o mundo.
A revolução do Balé se completou no século XVIII, quando os bailarinos passaram
a usar sapatilhas.

Figura 4: Balé
Fonte: https://www.junioroliveiraluz.com/blog/2011/11/11/breve-historia-do-balle/

Um nome importante que deve ser lembrado é Isadora Duncan, que renovou os
estilos de dança apresentando uma provocação com danças mais livres, soltas e
ligadas a vida real.
Estávamos diante da chamada dança moderna.
Esse estilo de dança vaio negar a formalidade do balé. Nela os bailarinos trabalhavam
mais livres, mas ainda sem cortar totalmente os laços com o antigo formato. Os
movimentos corporais passaram a ser mais explorados e os estudos da dança se
voltaram para as possibilidades motoras do corpo humano. Nessa época se tornaram
comuns os solos de improvisação nos palcos.

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ANOTE ISSO

“Martha Grahan e Nijinski são os grandes revolucionários da dança dessa época.


Surge Pavlovitch Diaglhilev, ou Nijinski, russo, mesmo não sendo um dançarino,
criou condições míticas para a dança. Marta Grahan nos Estados Unidos na
década de cinquenta criou uma nova maneira de dançar independente da música,
baseando-se principalmente nos sentimentos que qualquer som pode provocar,
abrindo espaço para todas as possibilidades da dança”. Fonte: Portal eletrônico Dia
a dia educação. História da dança. Disponível em: http://www.arte.seed.pr.gov.br/
modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=102, acesso em 13 de abril de 2022.

E a dança contemporânea? Por que é tão difícil de compreendê-la?


Toda arte contemporânea é de difícil compreensão, pois ela não é previsível, mas
sim, remete ao novo, à ruptura com aquilo que nos apresentaram como arte.
Na dança não é diferente, na contemporaneidade fica evidente que ela trocou sua
estrutura clara e estética e passou a transmitir ideias, conceitos e sentimentos.
As primeiras evidências da chegada dessa fase surgiram em 1960 com uma
dança num formato de protesto ou rompimento com a chamada cultura clássica. A
partir daí surgiram diversos experimentos e diversas inovações, que muitas vezes se
aproximaram da desconstrução da arte.
Em 1980 finalmente a dança contemporânea se estruturou, e dentre diversas
mudanças relacionadas a linguagem e movimentos ficou evidente a modificação do
espaço, que nesse momento não tinha somente o palco como local de prática e
apresentação.
A dança contemporânea é uma explosão de movimento e criação, com dançarinos
escrevendo no tempo e no espaço, à medida que ideias e emoções emergem e
ressurgem.
Os temas refletem a sociedade e a cultura em que vivem, e já que vivemos em uma
sociedade em mudança, os passos são diversos, abertos, e pressupõem um diálogo
entre os bailarinos e o público na interação entre os sujeitos da comunicação.

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Figura 5: Dança Contemporânea


Fonte: https://garagemdadanca.com.br/danca-contemporanea-esteticas-e-tecnicas-variadas/

O corpo é mais livre porque lhe é dada maior autonomia. A dança moderna é um
ciclo de energia: ora estoura, ora se concentra. Temos nela a respiração, a alternância
de tensão e o relaxamento, o corpo em desequilíbrio e o jogo da gravidade, ela põe
em jogo o diálogo da pele e do espaço, retornando às origens do movimento. A dança
contemporânea não possui uma técnica estabelecida, isso permite que ela possa ser
praticada por todos os tipos de pessoas.

E o que ficou marcado na história da dança do Brasil?


O brasil é um país com uma rica diversidade cultural, por isso discutir a história da
dança brasileira pode gerar uma quantidade variada de origens. O que é certo, é que
toda essa diversidade cultural foi se misturando ao longo do tempo, resultando nas
maravilhas hoje conhecidas e praticadas pelo mundo todo: a dança brasileira.
Entre as danças brasileiras mais conhecidas vale citar o samba, o baião, o maxixe,
o xaxado, a gafieira e o frevo. Podemos afirmar com veemência que independente do
estilo de dança, as maiores influências foram indígenas, africanas e europeias.
Com relação as danças clássicas, o Brasil vivenciou os primeiros espetáculos de
balé, em 1913, no Rio de Janeiro. E em 1930 recebemos, por meio de bailarinos
europeus, a instalação das primeiras escolas desse estilo. Além desse estilo, outras
danças internacionais são perceptíveis na nossa história, como o famoso funk tão
praticado na atualidade. Mas antes desse contexto muita coisa aconteceu, vamos
conhecer agora um pouco da evolução histórica da dança brasileira.

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Figura 6: Danças indígenas


Fonte: https://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=53516

Com a colonização, os jesuítas, no século XVI relatavam que ensinavam os


indígenas a dançarem em celebrações religiosas e em acontecimentos importantes
nas comunidades. Apesar dessa informação, fica muito claro que a própria cultura
indígena, independente da colonização, realizava movimentos corporais ritmados em
diversos rituais relacionados a sua crença e costume.
Não podemos falar de dança brasileira sem pensar nas danças indígenas. Elas
eram e ainda são realizadas em grupo ou individualmente e são acompanhadas ao
som de diversos instrumentos musicais e figurino próprio (mascaras, amuletos e etc.).
Com a chegada dos negros africanos recebemos um presente cultural denominado
cultura africana. Quem aí não gosta de um bom samba de roda?

Figura 7: Samba de Roda


Fonte: https://escolaeducacao.com.br/samba-de-roda/

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E quem não se rende a dar uma olhadinha em uma roda de capoeira se apresentando?
Sem contar a quantidade de turistas que admiram o Maracatu. E você conhece a
Congada?
Realmente essa cultura se instalou no nosso país e temos muito prazer em dizer
isso.
Toda dança africana contém implícito um conteúdo forte relacionado a emoção, a
arte, e em muitos casos a conotação espiritual.

Figura 8: Roda de Capoeira


Fonte: https://emtodolugar.facha.edu.br/2021/08/02/capoeira-de-crime-a-marco-da-cultura-no-brasil/

Observem a letra dessa música e vejam o poder de emoção que ela consegue trazer:
Que navio é esse que chegou agora?
É o navio negreiro com os escravos de Angola.
Vem gente de Cambinda Benguela e Luanda, eles vinham acorrentados para trabalhar
nessas bandas.
Que navio é esse que chegou agora?
É o navio negreiro com os escravos de Angola.
Aqui chegando não perderam a sua fé criaram o samba a capoeira e o candomblé.
Que navio é esse que chegou agora?
É o navio negreiro com os escravos de Angola.
Acorrentados no porão do navio muitos morreram de banzo e de frio.
Castro Alves (1869), disponível em: https://www.letras.mus.br/abada-
capoeira/72937/, acesso em 14 de abril de 2022.

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ISTO ACONTECE NA PRÁTICA

Escute a música mencionada acessando o link:


Navio Negreiro que chegou agora
https://www.youtube.com/watch?v=SbQZOcX89c4, acesso em 14 de abril de 2022.

No século XIX, no Brasil vivenciamos a chegada do samba. Enquanto o tango se


tornou a novidade da Argentina e do Uruguai.
A partir do século XX diversos estilos de dança passaram a marcar gerações e isso
acontece até os dias atuais. Dentre os estilos que ficaram mais conhecidos podemos
citar: dança de rua, sapateado, salsa, zumba e funk.
Encerrando nossa aula, reiteramos que cada novo estilo de dança que surge carrega
traços de uma cultura, alguns representam a cultura de um país e outros se referem
a combinação de povos e culturas, como exemplo podemos citar o samba brasileiro
que é um misto da cultura africana com a brasileira.
Nas próximas aulas vamos explorar detalhadamente diversos estilos de música
do Brasil e do Mundo.
Boa leitura e bons estudos.
Obrigada.

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CAPÍTULO 4
DIVERSIDADE CULTURAL E
MANIFESTAÇÕES FOLCLÓRICAS

Figura 1: Colonização do Brasil


Fonte:https://beduka.com/blog/materias/historia/a-colonizacao-portuguesa-no-brasil/

Olá alunos e alunas, vamos dar continuidade ao nosso conteúdo conhecendo a


influência da diversidade cultural nos aspectos relacionados a dança.
Aristóteles já dizia que nenhum conhecimento é virgem, todos precedem a um
outro pré-existente. Essa recriação está relacionada as conexões que estabelecemos
durante a vida, portanto quanto mais diversificadas as trocas de experiências, maior
a capacidade de construir e renovar nossos conhecimentos.
A educação está totalmente conectada a diversidade cultural, pois cada comunidade
vive uma singularidade de estilo de vida. Mas então o que é diversidade cultural?
Já nos tempos remotos, as comunidades apresentavam formas individuais de
ensinar, através de ritos que inseriam os jovens na vida adulta. Ali percebíamos indícios

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de ações pedagógicas que foram se modificando e ganhando formas diferenciadas


e consequentemente evoluindo. Portanto, podemos conceituar diversidade cultural
como o conjunto de aspectos que representam as particularidades de uma cultura,
como a linguagem, as tradições, a culinária, os costumes, o modelo de organização
familiar, a política, a religião entre outras.
As múltiplas culturas existentes no mundo formam a chamada identidade cultural
de uma sociedade, que seria uma personalização dos membros que ali estão inseridos.
A palavra diversidade é sinônimo de diferenciação, variedade e pluralidade, conceitos
opostos a homogeneidade, e atualmente, embora estejamos vivendo a miscigenação
cultural, podemos identificar os “pedacinhos” das tradições e costumes de várias
culturas diferentes. Preservar a riqueza da diversidade é uma das tarefas da educação,
já que é importante que os alunos compreendam as múltiplas culturas como uma
herança comum da humanidade.
Dentre essas particularidades culturais podemos encontrar, nas tradições de uma
comunidade, as atividades que envolvem a música e a dança. Aí está um ótimo recurso
para trabalhar diversidade cultural na escola.

Diversidade cultural no Brasil

Figura 2: Diversidade cultural do Brasil


Fonte: https://ctb.org.br/noticias/cultura-a-midia/diversidade-da-cultura-brasileira-sera-mostrada-aos-estrangeiros/

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Devido a extensão territorial e pluralidade de colonização que o Brasil sofreu ao


longo da história, nosso país é incrivelmente rico em diversidade cultural. Além disso,
as diferenças são bem visíveis entre as distintas regiões do país: norte, nordeste,
centro-oeste, sudeste e sul. Com relação a música e a dança, vamos dedicar um
capítulo de nossa disciplina para apresentarmos detalhadamente o conteúdo, agora
vamos apenas conhecer aspectos importantes das tradições regionais do nosso pais.
Norte e Nordeste
Nessas regiões a predominância é das tradições africanas e indígenas, mescladas
com costumes dos povos europeus que colonizaram o país.
Centro-oeste
Região do Pantanal, ainda com grande presença da diversidade cultural indígena
e com forte influência da culinária paulista e mineira.
Sudeste e Sul
Influência dos costumes europeus, com a presença de colônias portuguesas,
germânicas, espanholas e italianas, que garantem a cultura típica de seus países de
origem.

E quais foram as influências culturais trazidas pelos nossos colonizadores?


Influencia Portuguesa
Já sabemos que durante a colonização os portugueses precisaram se relacionar com
os índios nativos, esse relacionamento provocou mutações na cultura e nos próprios
colonizadores. A cultura portuguesa é responsabilizada por grandes movimentos
artísticos brasileiros, dentre eles podemos citar o renascimento, o maneirismo, o
barroco, o racocó e o neoclassicismo.
Mas a principal herança lusitana para nossa cultura foi a língua portuguesa, que
ainda é nossa língua oficial e disciplina obrigatória em todos os níveis da educação
básica.
Em se tratando de religião, os portugueses nos apresentaram o catolicismo e o
calendário religioso, além das festas e procissões.
Na culinária, muitos pratos típicos são resultados da adaptação de pratos portugueses.

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Influência Indígena

Figura 3: Influência indígena na cultura brasileira


Fonte: https://www.pensamentoverde.com.br/meio-ambiente/influencias-indigenas-presentes-cultura-brasileira/

Antes do processo de colonização, nossos nativos eram dotados de língua própria,


costumes e hábitos particulares. Inclusive algumas práticas culturais indígenas
provocaram reações assustadoras aos colonizadores, como o canibalismo, o incesto
e o infanticídio neonatal.
As práticas indígenas nos deixadas como herança, são as atividades que utilizavam
para a sobrevivência, como a caça, a pesca e a lavoura. Além disso meios que
empregavam para organizar o local em que viviam, hoje são vistos como objetos e
peças artesanais valiosas: os cestos de palha, esteiras e redes, os potes e panelas de
cerâmica, as penas e peles de animais para confecção de roupas e enfeites, o arco e
flecha, as sementes e ervas para medicamentos e temperos.

Influência Africana
Essa cultura chegou até nós por meio dos escravos trazidos ao país durante o
período do tráfico negreiro transatlântico.
Com eles nos deparamos com as religiões afro-brasileiras e atualmente percebemos
forte influência dessa cultura nos estados da Bahia, Maranhão, Pernambuco, alagoas,
Minas Gerais, rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul.
Além da forte influência religiosa como a difusão do candomblé e da umbanda, a
culinária foi um aspecto cultural potente trazido pelos africanos. Dentre os principais
pratos podemos citar o vatapá, o cururu e o acarajé, e, vale dizer que o azeite-de-dendê
é extraído de uma palmeira africana.

Influência Francesa
Mesmo não sendo a principal potência colonizadora do Brasil, a Franca é
responsabilizada por difundir uma forte cultura e influência de comportamento no
nosso país. Primeiramente influenciou o comportamento da elite, trazendo um modelo

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de vida com referências intelectuais, da filosofia à moda, além da gastronomia e da


literatura.
Os produtos industrializados foram trazidos por eles, juntamente com ideias,
costumes e hábitos.

Influência Holandesa
A literatura de cordel é advinda do processo de colonização dos holandeses, além
das blasfêmias no folclore do açúcar, da confeitaria e dos laticínios. Também são
responsáveis por melhoras urbanas através da arquitetura não religiosa, pinturas e
desenhos refletindo a paisagem, retratos, figuras humanas, animais e natureza morta.

Manifestações Folclóricas brasileiras

Figura 4: Manifestações folclóricas nas regiões do Brasil


Fonte: https://www.institutoclaro.org.br/educacao/para-ensinar/planos-de-aula/cultura-popular-porque-folclore-e-coisa-seria/

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Vamos discutir agora acerca das principais manifestações do folclore do nosso


país. Esse tema está totalmente relacionado a nossa disciplina, já que é por meio da
educação que nossos alunos são apresentados a diversos momentos relacionados
a cultura brasileira.
É importante definir que folclore é um conjunto das crenças populares formadas
por elementos que vão desde as lendas, mitos e danças até às histórias sobrenaturais.
Podemos identificar o folclore em diversos países, e algumas histórias são conhecidas
mundialmente, inclusive são divulgadas em músicas, jogos e filmes. Outras histórias
podem ter origem em outros países e foram importadas passando por modificações.
Vamos apresentar agora algumas lendas curiosas que são conhecidas mundialmente:
Pé Grande: Uma criatura de dois metros de altura que caminha como uma pessoa,
mas se parece com um macaco, aparece para algumas pessoas a noite.
Loira do banheiro: Uma loira chamada de Mary foi envenenada e abandonada
dentro de um banheiro, a lenda diz que ela aparece para pessoas que cometem algum
tipo de injustiça.
Já ouviu falar dessas histórias? Assustadores né?
No Brasil conhecemos como folclore um conjunto de realizações que fazem parte de
nossa cultura popular. Vimos durante a aula que nossa cultura é influenciada por vários
países que deixaram marcas observadas até hoje no nosso dia a dia, portanto, nosso
folclore também sofreu influencias desses países. Dentro dessa definição incluímos as
lendas, os mitos, os contos, as canções, as festas, os jogos e brincadeiras, a literatura,
os jargões e também as canções, os ritmos, as músicas e a dança.
Personagens como o Saci-pererê, Curupira, Boitatá, Iara e outros tantos provam a
riqueza do nosso folclore, o que remete a diversidade cultural aqui existente. Transmitido
de geração para geração o folclore é um dos principais elementos que formam nossa
identidade social.
Vamos encerrar nossa aula apresentando algumas manifestações populares e
Personagens do folclore do nosso país:
Maracatu: considerada uma dança representada por um bloco de pessoas que
utilizam uma fantasia e tocam instrumentos como tambores, gonguê e chocalhos.
Origem: afro-brasileira.
Capoeira: conceituada como esporte, jogo, luta e dança, a capoeira trabalha
movimentos com musicalidade, pratica-se em um círculo onde as pessoas se
movimentam ao som de berimbau, pandeiro e atabaque. Origem: afro-brasileira.

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Bumba-meu-boi: São pessoas que conduzem uma fantasia de boi, se tornou uma
festa turística em diversas cidades. Origem: Maranhão.
Festa Junina: Festividade que acontece em todas as regiões do país, no mês de
junho, trazida pelos Portugueses. Inicialmente possua conotação religiosa em que
homenageava os santos: São João e Santo Antônio. Durante a festa são realizadas
danças típicas, como a quadrilha, e há produção gastronômica à base de milho,
amendoim e bebidas como quentão e vinho quente. As roupas utilizadas nas festas
remetem ao povo caipira.
Folia de Reis: Manifestação religiosa, cultural e festiva, se caracteriza por lembrar
no nascimento de Jesus (os três reis magos). Nas festas encontramos elementos
musicais com diversos instrumentos, e os participantes visitam casas, tocando e
cantando, lembrando a viagem dos reis levando presentes ao menino jesus.
Carnaval: É caracterizada por ser uma festa em que as pessoas se permitem perder
sua individualidade cotidiana e experimentam outro sentido social, por meio das
máscaras e fantasias. É de origem católica pois ocorre antes do período da quaresma.
Nessa festa os participantes abusavam do consumo de carne e álcool, pois entrariam
em liturgia logo em seguida.

Figura 5: Carnaval
Fonte: https://www.contabeis.com.br/noticias/50504/carnaval-entenda-quem-pode-folgar-e-se-o-seu-salario-pode-ser-descontado/

Samba de roda: Uma das danças folclóricas brasileiras mais conhecidas, influenciada
por africanos com ritmos portugueses cujo objetivo maior era o culto a orixás e caboclos.

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Maracatu: Celebração religiosa conduzida por um ritmo africano, é uma das


manifestações mais antigas do Brasil. É uma dança que utiliza vestes e coreografias
para prestar homenagens.
Catira: Dança caracterizada pela batida de mãos e pés, de origem portuguesa,
europeia, africana e indígena é uma das manifestações mais famosas da cultura
brasileira.
Baião: Utiliza instrumentos musicais como viola caipira, triângulo, sanfona, flauta
doce e acordeão que são intercalados ao canto com a temática do cotidiano dos
sertanejos.
Frevo: Dança caracterizada pelo ritmo acelerado, fantasia característica, com
influência da capoeira muito praticado nas festas de carnaval para promover animação
aos participantes.
Literatura de cordel: Gênero literário que utiliza relatos orais de forma rimada e
impressa em folhetos.
Saci-Pererê: Representado por um menino negro com poderes mágicos, brincalhão,
com uma perna só, usa um capuz vermelho e um cachimbo. A lenda diz que ele adora
travessuras.
Boitatá: É uma serpente de fogo que protege as matas.
Curupira: Causava medo nos indígenas, um ser baixinho de cabelos vermelhos e
pés ao contrário e muito forte que protegia a floresta.
Boto cor-de-rosa: A lenda fala de um boto que se transforma em um homem
sedutor e muito bonito que seduz mulheres para engravida-las.
Mula sem cabeça: A lenda diz que essa mula que não tem cabeça era uma mulher
que foi amaldiçoada por namorar um padre.
Cabe dizer que existem outras tantas manifestações e danças folclóricas no Brasil,
e que vale a pena vocês conhecerem um pouco delas para o trabalho desse conteúdo
na escola, além das apresentadas citamos: marajuda, Reisado, Cavalo Piancó, Torém,
Caninha Verde, Coco, Maneiro-pau, Bambaê de Caixa, Cacuriá, Tambor de Criola, dança
do caroço, Cavalo Marinho, Caboclinhos, Manulengo, Espontão, Vilão, Tambor, siriri,
curucu, boi-a-serra, dança de São Gonçalo, engenho do maromba, polca de carão,
chupim, dança do tamanduá, jongo e etc.
No mundo, encontramos a Cúmbia (Colômbia), Kathakali (India), Hopak (Ucrânia),
Adumu (Quênia) e etc.

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VOCÊ SABIA

“Patrimônio Imaterial é um conceito adotado em muitos países e fóruns


internacionais como complementar ao conceito de patrimônio material na
formulação e condução de políticas de proteção e salvaguarda dos patrimônios
culturais, sob a perspectiva antropológica e relativista de cultura. Usa-se, também,
patrimônio intangível como termo sinônimo para designar as referências simbólicas
dos processos e dinâmicas socioculturais de invenção, transmissão e prática
contínua de tradições fundamentais para as identidades de grupos, segmentos
sociais, comunidades, povos e nações. ”
Letícia C. R. Vianna, Patrimônio imaterial. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/
dicionarioPatrimonioCultural/detalhes/85/patrimonio-imaterial, acesso em 11 de
abril de 2022.

Encerramos aqui nossa aula, espero que tenham compreendido o conteúdo e que
a partir de hoje sejam capazes de analisar com outras lentes a riqueza cultural do
nosso país.
Obrigada e até a próxima aula.

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CAPITULO 5
DANÇA – UMA VIAGEM
AO REDOR DO MUNDO

Olá alunos e alunas, nesta aula convido vocês a embarcarem comigo nessa
sensacional viagem ao redor do mundo pegando carona na diversidade dessa maravilha
que é a dança.
Veremos no decorrer da aula, a vasta e magnífica possibilidade de danças existentes
no planeta. Infelizmente é impraticável abranger o assunto na totalidade, portanto,
selecionamos alguns estilos para apresentarmos a vocês.
Já vimos nas primeiras aulas que a dança é expressão de sentimentos através do
corpo, e isso é algo comum em todas as culturas. Todos os países desenvolveram danças
em suas comunidades, desde vilas, tribos e templos como forma de comunicação,
celebração e culto.
Quando discutimos a história da dança, vimos que essa manifestação diz muito
sobre a história de um povo, pois além de retratar seu cotidiano, reforça suas crenças
e apresenta seus desejos.
Isso justifica a importância de viajarmos nessa imensidão de culturas, para que
além de adquirirmos conhecimento, aprendamos a respeita-las e valorizadas para
posteriormente trabalharmos em sala de aula com domínio e segurança.

Adumu – Quênia e Tanzânia

Figura 1: Adumu
Fonte: https://www.pinterest.pt/pin/95138610851427832/?amp_client_id=CLIENT_ID(_)&mweb_unauth_id={{default.session}}&amp_url=https%3A%2F%2Fwww.
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Consiste em uma dança com pulos. A ideia central era medir qual homem pula mais
alto. Essa dança também faz parte de um rito de passagem para a vida adulta, já que
os jovens reproduziam sons de batuque com a boca e saltavam até conseguirem os
melhores pulos, assim já estavam prontos para os casamentos.

Bharatanatyam – Índia

Figura 2: Bharatanatyam
Fonte: https://stringfixer.com/pt/Bharat_Natyam

Essa é uma dança clássica indiana que se desenvolve em linhas geométricas


perfeitas, onde os participantes dão voltas e saltos batendo os pés marcando ritmos.
Além disso faz parte da técnica as expressões faciais, gestos e posturas corporais.

Cumbia – Colômbia

Figura 3: Cumbia
Fonte:http://gshow.globo.com/TV-Gazeta-ES/Em-Movimento/noticia/2016/08/conheca-cumbia-ritmo-que-agita-os-latinos-em-vitoria.html

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RÍTMICA E DANÇA
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Essa dança é muito importante para o folclore colombiano, seus elementos misturam
as raízes africanas e indígenas. A prática é realizada com tambores e flautas.

Dança do Dragão – China

Essa dança existe desde a dinastia Han. Os chineses têm diversos festivais simbólicos
e um deles é a festa do Dragão. Atualmente essa festa é considerada um espetáculo
muito admirado por turistas.
O dragão tem aproximadamente três metros, no seu interior possuem varas de
bambu que o conduzem na dança. É uma dança que exige força física dos participantes.
A cabeça do dragão deve se movimentar o tempo todo para mostrar poder.

Figura 4: Dança do Dragão


Fonte: ttps://chinavistos.com.br/a-tradicional-danca-do-dragao/

Dança do Ventre – Oriente Médio

A dança da feminilidade surgiu no antigo Egito. As mulheres dançavam para


homenagear as deusas nos cultos e rituais religiosos. É uma dança com movimentos
de abdome, gestos e olhares sensuais.

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Figura 5: Dança do Ventre


Fonte: https://www.dancastipicas.com/dancas/danca-do-ventre-origem-beneficios/

Dança Folclórica Suíça – Suíça


As principais danças folclóricas da Suiça são:
Weggis-Tanz - Essa dança é parecida com a valsa, praticada por casais que usam
tamancos fazendo barulho no chão.
Já o Landler: Também é parecida com valsa.

Figura 6: Dança Folclórica Suiça


Fonte: https://pt.dreamstime.com/foto-de-stock-dan%C3%A7a-su%C3%AD%C3%A7a-tradicional-image32662090

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Dança Paraguaia – Paraguai

Fazem parte das danças folclóricas Paraguaias a yuki, pericón, a polca paraguaia
e chiperita, dentre outras. A polca é uma dança bastante popular, consiste em uma
dança de casal, com giros. As mulheres usam vestidos rodados e os homens fazem
barulhos com o sapato.

Figura 7: Dança Paraguaia


Fonte: https://www.douradosagora.com.br/2011/05/13/camara-homenageia-colonia-paraguaia/

Flamenco – Espanha

Figura 8: Flamenco
Fonte: https://revistafrontal.com/saude-bem-estar/corpo-e-alma-a-arte-do-flamenco/

O flamenco consiste em uma dança carregada de graciosidade, sensualidade e


intensidade. Engloba movimentos, voz e instrumentos.

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Footwork – EUA

Originou-se em 1990 em Chicago, o Footwork é uma dança no estilo de “dança


de rua”. Pode ser praticada em formato de batalhas entre grupos de dançarinos que
realizam movimentos rápidos com os pés.

Figura 9 - Footwork
Fonte: https://oglobo.globo.com/cultura/footwork-misto-de-danca-estilo-musical-ganha-compilacao-3509654

Frevo – Brasil

O Frevo teve sua origem em Recife no século XIX, iniciou-se com a rivalidade entre
bandas formadas por militares e escravos livres. A palavra frevo vem de “frenético”,
porque seus movimentos são muito acelerados.

Figura 10: Frevo


Fonte: https://www.todamateria.com.br/frevo/

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Hopak – Ucrânia

A dança Ucraniana Hopak tem esse nome pois remete ao verbo “hopati”, que significa
“saltar”. A dança consiste em um grupo de bailarinos homens que saltam e realizam
acrobacias.

Figura 11: Hopak


Fonte: https://pt.dreamstime.com/hopak-dan%C3%A7a-ucraniana-tradicional-image127622364

Kabuki – Japão

Em formato de espetáculo artístico, essa dança se baseia no teatro popular. A


palavra Kabuki significa canto, dança e habilidade.

Figura 12: kabuki


Fonte: https://cacadoresdelendas.com.br/japao/kabuki/

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Kathakali – Índia

Também chamada de Teatro sagrado, essa dança combina movimentos corporais


ritmados com o teatro e reúne personagens mitológicos da religião indiana.

Figura 13: Kathakali


Fonte: https://www.acervosvirtuais.com.br/layout/kathakali/midia.php

Ula Ula – Polinésia Francesa


Uma dança onde as meninas permanecem na primeira fileira seguidas pelas senhoras
de meia idade e assim sucessivamente. Com movimentos com braços e giros, é uma
dança carregada de estilo e entonação vocal.

Figura 14: Ula Ula


Fonte:https://boaviagem.org/dancas-tipicas-em-maupiti-na-polinesia-francesa/#:~:text=O%20Ula%20Ula%20da%20Polin%C3%A9sia%20Francesa&text=As%20
meninas%20na%20frente%2C%20as,cordas%20vocais%20de%20cada%20participante.

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RÍTMICA E DANÇA
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Salsa – Cuba
Nasceu na ilha de Cuba, em Havana, é uma dança que envolve vários estilos musicais,
incluindo o samba brasileiro. É inspirado pelo merengue da Republica dominicana e
pelo calipso de Trinidad e Tobago, além de outros estilos.

Figura 15: Salsa


Fonte: https://www.infoescola.com/danca/salsa/

Tango – Argentina

O tango é uma dança de pares, com coreografia complexa que necessita de uma
certa carga dramática, expressividade, expressão de sentimentos e capacidade de
improvisação.

Figura 16: Tango


Fonte: https://www.cabanamontefusco.com.br/como-surgiu-o-tango/

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Valsa vienense – Áustria

Muito parecida com a valsa que conhecemos atualmente, é uma dança composta
de movimentos circulares pelo salão.

Figura 17: Valsa


Fonte:https://www.cabanamontefusco.com.br/como-surgiu-o-tango/https://pt.wikipedia.org/wiki/Valsa

Zaouli – Costa do Marfim

A dança tradicional do povo Guru, é realizada por pessoas usando uma máscara
inspirada em uma menina chamada “Djela Lou Zaouli. Essa dança é uma manifestação
comum em celebrações e funerais.

Figura 18: Zaouli


Fonte: https://stringfixer.com/pt/Zaouli

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Como foi dito no início da aula, esse assunto é extremamente amplo, existem
diversos estilos de danças que retratam culturas de países e regiões que merecem
ser conhecidas, por isso convido vocês a ampliarem suas pesquisas para aumentarem
seu repertorio de conhecimento acerca do assunto.
Na próxima aula vamos realizar um passeio pelo nosso país.
Obrigada pela atenção de todos, até mais.

ISTO ESTÁ NA REDE

Vimos nessa aula que a música é uma linguagem universal. Através dela podemos
conhecer um pouco sobre a cultura de um país, ao ouvirmos uma música, é
como se estivéssemos conhecendo mais de perto seu país de origem, e quando
assistimos uma dança típica, essa emoção aumenta potencialmente.
Esse vídeo apresenta algumas danças que não discutimos nessa aula, mas que
merecem sua atenção.
Vídeo: Os estilos musicais mais tradicionais ao redor do mundo. Disponível em:
https://www.skill.com.br/noticias/musica/os-estilos-musicais-mais-tradicionais-ao-
redor-do-mundo, acesso em 18 de abril de 2022.

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CAPITULO 6
DANÇA – UMA
VIAGEM PELO BRASIL

Olá pessoal, tudo bem com vocês? Espero que estejam dispostos a embarcar em
mais essa aventura no mundo da dança. Conforme combinamos na aula anterior,
agora partiremos para uma nova viagem, dessa vez no aconchego do nosso país
tropical. O objetivo dessa aula é proporcionar muito conhecimento acerca de nossa
própria cultura, que muitas vezes é pouco valorizada, mas sempre deve ser respeitada.
Aproveitem nossa aula para pensarem em estratégias e métodos que os auxiliem
no desenvolvimento de atividades que trabalhem a questão cultural de nosso país. A
partir desse conteúdo aprendido você se sentirá seguro em planejar eventos e projetos
riquíssimos para sua escola.
Prontos para chacoalhar o corpo?
Sejam bem-vindos às danças brasileiras!!!
As danças no Brasil são algumas de nossas maiores riquezas culturais, pois por
meio de ritmos e movimentos nossa cultura é expressada conseguindo contar parte
de nossa história.
A literatura separa as manifestações de danças do Brasil por regiões, pois elas
realmente marcam seus estados de origem, e acabam se tornando símbolos populares
que muitas vezes são peças chave para a movimentação do turismo.
Você já participou de alguma grande festa tradicional no Brasil?
O Brasil carrega a fama de ser um território carregado de pessoas que gostam de
festa, então não se assustem se suas perninhas sentirem vontade de balançar quando
começarmos a discutir os ritmos envolventes de nosso país.
Os pandeiros estão para os cariocas assim como as cores do frevo estão para os
pernambucanos, independentemente do local do país, as representações das danças
populares possuem grande relevância na formação do povo.
É muito importante que nossos alunos sejam formados com a mentalidade de que
a dança sobressai ao lazer e a descontração, pois ela oferece uma ferramenta de fácil
acesso para a compreensão do passado de um povo, e do processo de miscigenação
que marca a identidade de todo brasileiro.
Cada instrumento carrega uma história, cada movimento foi construído e modificado
por uma condição de vida. Muitas de nossas danças trazem herança do sofrimento
dos negros e de uma cultura indígena que não pode ser esquecida.

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Nas aulas anteriores discutimos um pouco sobre a colonização do Brasil, e depois


de refletirmos sobre a diversidade de culturas que dominaram nosso país, fica mais
fácil de compreender a riqueza de ritmos e danças aqui existentes.
É preciso que fique claro que as primeiras manifestações de danças no Brasil
foram as indígenas, que posteriormente sofreram influência da cultura europeia e em
seguida da cultura africana.
Quanto aos africanos, é preciso ressaltar a grande contribuição desse povo à música
brasileira, já que trouxeram uma diversidade de instrumentos utilizados em seus rituais.
E quais as principais danças do nosso país?
Lendo esse texto temos uma diversidade de pessoas de todo país, por isso, as
respostas para essa questão podem ser diferentes, afinal, cada região vive um tipo
de cultura específica.
Alguns ritmos são reconhecidos no mundo inteiro como ritmo brasileiro, e se
ouvirmos as primeiras notas já conseguimos relacionar com a música. Mas para
essa aula não vamos nos prender somente nos ritmos conhecidos por todos, e sim
tentar fazer emergir as profundas raízes regionais que precisam ser lembradas por
nós e por nossos alunos para que nosso folclore, bem como nossa identidade cultural
não fiquem adormecidos.

Baião

Figura 1: Baião
Fonte: https://www.visiteobrasil.com.br/nordeste/pernambuco/folclore/conheca/baiao

Dança popular da região Nordeste do Brasil, utiliza instrumentos musicais como


viola caipira, flauta doce, acordeão (sanfona) e triângulo. Os movimentos são em
pares, chamados de: balanceios, passos de calcanhar, rodopios e passos de ajoelhar.
As mulheres usam vestidos de chita com babados, com bastante decote.

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Bumba-meu-boi

Figura 2: Bumba-meu-boi
Fonte: https://escolaeducacao.com.br/cultura-popular/

Dança de origem na região Norte e Nordeste. Na verdade, o nome remete a uma


festa que acontece em junho e encena uma narrativa popular denominado auto do
boi. Essa festividade é considerada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
Essa dança surgiu no século XVIII, quando o gado era importante na economia local.

ANOTE ISSO

Essas festas que homenageiam um boi são inspiradas em um conto que dizia o
seguinte:
“Mãe Catirina e Pai Francisco é um casal de escravizados que vive em uma fazenda no
sertão. Grávida, Catirina sente o desejo de comer a língua do boi mais bonito do dono da
fazenda. Para satisfazer o desejo de sua mulher, Pai Francisco rouba o boi preferido do
dono da fazenda, mata o animal e retira a língua para que sua esposa possa comê-la.
O vaqueiro fica sabendo do roubo e da morte do boi e avisa seu patrão. Enfurecido,
o dono das terras jura vingança e parte em busca do casal. No fim do auto, os
personagens conseguem ressuscitar o boi, e, como agradecimento, o dono da fazenda
promove uma festa.
O auto do boi retrata as diferentes visões sobre o boi e a sua imponência. Para os
escravizados e trabalhadores rurais, o animal era companheiro de trabalho e sinônimo
de força. Para os proprietários de fazendas, investimento seguro e uma fonte de renda.”
Veja mais em: https://brasilescola.uol.com.br/folclore/bumbameuboi.htm, acesso em 19
de abril de 2022.

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Carimbó

Figura 3: Carimbó
Fonte: https://vermelho.org.br/2014/09/11/carimbo-paraense-torna-se-patrimonio-cultural-imaterial-do-brasil/

Essa dança tem origem na região Norte, especialmente no Pará e se baseia nas danças
indígenas. Uma curiosidade é que o nome da dança é inspirado em um instrumento
musical dos índios parecido com um tambor artesanal utilizado nas representações
religiosas e artísticas. O significado da palavra é: pau que produz som.
A dança é giratória, e as mulheres usam diversos acessórios, saias floridas e rodadas,
já as blusas possuem uma única cor, o que causa um efeito bonito durante a dança. Os
homens utilizam calças curtas, claras, com a barra enrolada. A coreografia é composta
por movimentos iniciados pelos homens que convidam suas esposas para dançar
batendo palmas, as mulheres giram as saias tentando escondê-los.

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Cateretê ou Catira

Figura 4: Catira
Fonte: https://br.pinterest.com/pin/164099980159139672/

Ritmo da região Sudeste e Centro-Oeste, caracterizada por batidas de pés e mãos.


Dança muito famosa no folclore brasileiro com um mesclado das culturas portuguesa,
europeia, africana, espanhola e indígena.
Dança popular no universo sertanejo, é composta por uma média de oito dançarinos
e dois violeiros que realizam um passo chamado “rasqueado”.
É importante dizer que essa dança tem muita semelhança com o sapateado e o
fandando, que são danças internacionais e também se parecem com estilos nacionais
como o racha-pé e o bate-pé.

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Coco

Figura 5: Coco
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Coco_(dan%C3%A7a)

Dança popular afro-indígena envolve um misto de música, dança e poesia. Sua


origem é nordestina, e também é chamada de coco de roda. Acredita-se que a dança
se baseia no ritmo originado da quebra de cocos para a retirada da amêndoa. Essa
dança é privilegiada na transmissão do conhecimento e tradição popular.

Forró

Figura 6: Forró
Fonte: https://www.acritica.net/editorias/geral/iphan-declara-o-forro-como-patrimonio-cultural-do-brasil/567914/

A palavra forró vem do baile Forrobodó, do século XIX com Luiz Gonzaga. Esses
bailes fizeram sucesso e se espalharam por todo o Nordeste e depois todo país. O
forró, por mais difundido que tenha sido, não diz respeito ao mesmo tipo de música.

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Durante décadas esse estilo foi se transformando e deixou de ser somente regional
(tocado por uma sanfona, zabumba e triângulo) e passou a acompanhar a tecnologia
e modernidade incorporando elementos do axé, do tecnobrega e do pop.
A partir de 1975, músicos populares da época como Alceu Valença, Zé Ramalho,
Geraldo Azevedo e Elba Ramalho adaptaram o forró à época e criaram o forró
Universitário, pois esse nome agradava o público jovem.
Quanto a dança, acredito que não seja novidade para ninguém, normalmente
acontece em pares que realizam passos e giros.

ANOTE ISSO

“Pesquisadores do tema costumam dividir o estilo em três grandes fases: Forró


tradicional (também chamado de pé-de-serra), Forró Universitário e Forró Eletrônico.
Elas são marcadas pela urbanização, incrementação técnica e adaptação do estilo
ao mercado em diferentes épocas.”
Fonte: Daniel Buarque, Conheça as origens e a evolução do forró, o ritmo da festa
de São João, Disponível em: https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2011/06/
conheca-origens-e-evolucao-do-forro-o-ritmo-da-festa-de-sao-joao.html, acesso em
19 de abril de 2022.

Frevo

Figura 7: Frevo
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/webstories/cultura/2020/09/a-historia-do-frevo/

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A dança de Recife, em Pernambuco, surgiu da rivalidade entre bandas militares e


escravos livres. A palavra vem de “frenético”, pois é realizada com movimentos rápidos
e saltos acelerados que misturam marcha e maxixe. Considerada Patrimônio Cultural
Imaterial da Humanidade, era uma dança praticada na época do carnaval e remetia a
expressão das classes populares. Os dançarinos usam roupas coloridas e calça justa
e as mulheres shorts e saias. Além disso todos os dançarinos seguram sobrinhas e
bandeiras do grupo que correspondem.
O frevo se subdivide em três tipos:
Frevo de rua: instrumental e acelerado, sem letra de música, acontece em ladeiras
e rua.
Frevo de bloco: executado por orquestra, de forma mais lenta, poética e com tom
saudosista.
Frevo de Canção: Música com letra cantada, parecido com as famosas marchinhas,
contém uma poesia nostálgica com contexto atual.

ISTO ESTÁ NA REDE

O GALO DA MADRUGADA
“Vários blocos de frevo saem pelas ruas de Pernambuco na época do carnaval,
com concentração maior em Recife e Olinda. Um dos blocos carnavalescos mais
expressivos e conhecidos é o Galo da Madrugada, com 41 anos de existência. O
bloco saiu às ruas da cidade pernambucana pela primeira vez em 4 de fevereiro
de 1978, com 75 pessoas fantasiadas, acompanhadas por uma orquestra com
22 músicos. Nos anos seguintes, o bloco foi ficando famoso e ganhando adesão
de milhares de foliões a cada carnaval. Em 1994, o Galo da Madrugada viu o
reconhecimento internacional: o Guiness Book consagrou a agremiação como
“o maior bloco de carnaval do planeta”, quando 1,5 milhão de foliões desfilaram
pelas ruas do centro da cidade. Já em 2018, o desfile arrastou um público médio
de 2,3 milhões pessoas às ruas do centro do Recife. ” Fonte: FREVO, PATRIMÔNIO
CULTURAL IMATERIAL DA HUMANINDADE, disponível em: https://www.neoenergia.
com/pt-br/te-interessa/cultura/Paginas/frevo.aspx, acesso em 19 de abril de 2022.

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Jongo

Figura 8: Jongo
Fonte: https://br.pinterest.com/claudiaiaracamp/jongo/

Ritmo afrodescendente formado pela junção do Maxixe e do Lundú. Sua origem


vem do povo Bantu e a dança é representada por um ritmo quente e envolvente bem
parecido com a dança de umbigada. Consiste em um círculo, e um casal entra na
roda e realiza os movimentos. Normalmente os participantes dançam a noite toda
até o nascer do sol.

Maracatu

Figura 9: Maracatu
Fonte: https://www.itu.com.br/eventos/noticia/festival-de-artes-leva-cortejo-do-maracatu-ao-eixo-historico-de-itu-20150706

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De origem africana, essa dança é típica do folclore brasileiro. Surgiu em meados do


século XVIII em Pernambuco, e se tornou atração turística, pois suas apresentações
ocorrem anualmente em Nazaré da Mata (a Terra do maracatu). Em Olinda e Recife
também é comum vermos o maracatu, principalmente no carnaval.
A dança segue uma tradição de ser conduzida por três calungas, que são bonecas
negras, de madeira, com roupas enfeitadas. Essas bonecas são carregadas pelas
baianas e representam os orixás Lansã, xangô e Oxum, fator que demonstra o forte
apelo pela religião do candomblé.
As apresentações do Maracatu seguem um ritual composto por melodias e
instrumentos. Além disso, a manifestação conta com personagens como o rei, a
rainha, a dama de honra da rainha e a do rei, o príncipe, a princesa, a dama de honra
do ministro, o ministro, a dama de honra do embaixador e o embaixador, além de
outros. Portanto, a corte e a realeza do maracatu participam do desfile.
As apresentações se iniciam em ritmo compassado e depois vão acelerando. O
maracatu se divide em Maracatu rural (homenageia a luta dos trabalhadores rurais)
e Maracatu nação (cortejo real).

Xote

Figura 10: Xote


Fonte: https://www.reporterriograndense.com.br/2019/04/historia-e-carateristicas-do-xote.html

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Consideramos essa dança brasileira, porque, apesar do ritmo original ter vindo
da Alemanha, tornou-se muito apreciado pela elite brasileira no período do Segundo
Reinado. Com isso, muitas transformações aconteceram nos movimentos, e o
Schottisch caiu no gosto popular passando a ser chamado de “xótis”, e com o tempo
“xote”. Os gingados dos escravos modelaram os passos da música e terminaram de
abrasileirar o estilo musical. Os instrumentos que embalam o xote são a sanfona, a
zabumba, o triângulo, o ganzá e o agogô, fator que torna o ritmo muito parecido com
o forró, inclusive nos movimentos da dança.
Vamos encerrar nossa aula sabendo que você leitor deve estar se perguntando:
Onde está o carnaval?
Onde está o samba?
Pois é queridos alunos... o país do futebol também é o país do samba e do carnaval!!!
Mas isso pede uma aula especial somente para esse tema!!!
Nos encontraremos em breve... até lá!

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CAPÍTULO 7
BRASIL – O PAÍS DO
SAMBA E CARNAVAL

Figura 1 - Carnaval
Fonte: https://www.contabeis.com.br/noticias/50504/carnaval-entenda-quem-pode-folgar-e-se-o-seu-salario-pode-ser-descontado/

“Ô abre-alas, que eu quero passar” (Chiquinha Gonzaga)


Olá alunos e alunas, vamos dar continuidade ao nosso conteúdo!
Conforme o combinado, dedicarei essa aula especialmente para mergulharmos nos
ritmos brasileiros disseminados pelo mundo todo: o samba e o carnaval.
Você sabia que mesmo o mundo todo relacionando o Brasil ao carnaval, esse ritmo
musical não nasceu no Brasil?
Pois é, o carnaval é uma herança europeia que existe desde o período colonial.
Por volta do século XVII, os portugueses trouxeram para o Brasil um ritmo dançante
que era considerado uma celebração pagã, pois marcava o início da Quaresma, fator
que incorporou a data comemorativa ao calendário da Igreja Católica. No século XIX
essa celebração, que antes era exclusivamente de rua, ganhou espaço nos salões de
baile, marcando a criação das tão famosas marchinhas de carnaval.

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Figura 2: Marchinhas de carnaval


Fonte: https://es.slideshare.net/bianca19/carnaval-32458349?smtNoRedir=1

O presidente Getúlio Vargas transformou o Carnaval em uma instituição nacional, pois


aproximou sua política das manifestações carnavalescas organizando e financiando
os desfiles das escolas de samba.
Daí em diante o ritmo se fixou no nosso país, contagiando muita gente. A festa
atualmente dura quatro dias, que normalmente fazem o Brasil parar. É comum ouvirmos
o ditado:
“O ano só começa após o carnaval!!!”
Como afirmamos nas aulas anteriores, o Brasil é uma nação composta por pessoas
alegres, criativas e animadas, portanto, o Carnaval é a festa que melhor traduz a alma
do brasileiro.

Figura 3: carnaval de rua


Fonte: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2022/02/10/estados-mudam-determinacao-sobre-feriado-e-ponto-facultativo-no-carnaval.htm

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Apesar do nosso país ser considerado um país musical pela multiplicidade de estilos
e ritmos, o carnaval veio com a força da convivência plural das raças soltando uma
voz que celebra a vida, as tradições e a memória dos envolvidos.

ANOTE ISSO

A origem e o sentido etimológico, também objeto de controvérsias, viria do latim


“carnis levale”, ou seja, o adeus à carne que inauguraria o grande período de jejum
e abstinência, que se incorporou ao legado da Igreja Católica, como a nossa hoje
conhecida Quaresma. Ou seja, antes de um longo período de reflexão e expurgo
de pecados e excessos, a entrega radical aos prazeres da carne e a manifestações
lúdicas.
Fonte: Marcus Pestana. Carnaval, retrato da alma brasileira. Disponível em: https://congressoemfoco.uol.com.br/blogs-e-opiniao/colunistas/carnaval-
retrato-da-alma-brasileira/, acesso em 25 de abril de 2022.

Com o passar dos anos, a voz do povo passou a fazer parte das melodias
carnavalescas que incorporaram um caráter irônico carregado de críticas sociais.
Esse desabafo coletivo perdura até hoje desde os desfiles das escolas de Samba do
Rio de Janeiro e São Paulo até os bonecos de Olinda ou os abadás de Salvador.
Veja só um exemplo de um trecho de enredo de escola de samba que utilizou
como temática críticas às reformas trabalhistas e da Previdência propostas pelo ex-
presidente Michel Temer:
“ (...) Lá vai em cada isopor
O sonho, o suor, feijão e arroz do camelô
Que tá cansado de vender
Pra quem não cansa de comprar
E camelô representa todo mundo que não vai se aposentar
A gente é o rato que roeu a roupa do rei de Roma
Supremo é ter o povo no poder
Dá cá o nosso, se não der a gente toma (...)”
Alisson Martins, Belle Lopes, Bil-Rait “Buchecha’, Guilherme Sá, Letícia, LG, Nina
Rosa, Tiago Sales e Thiago Kobe. Cadê o futuro que estava aqui? (2018).
Portanto, por meio do carnaval o povo mostra toda sua vibração, e num momento
de alegria ao Brasil grita implorando por mudança. Hoje, podemos afirmar que temos
uma indústria do Carnaval, e que ela movimenta milhões de reais, emprega centenas
de pessoas e é um dos cartões postais do Brasil. Visitantes vindos de todo o mundo
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chegam ao nosso país para assistir aos desfiles, sair atrás de algum trio elétrico ou
simplesmente acompanhar um bloco de rua. Ainda que não tenhamos inventado o
Carnaval, usamos esse momento de folia para ser um refrigério para o povo brasileiro,
que adotou o Carnaval e colocou o seu tempero.

Escolas de Samba do Carnaval brasileiro

Figura 4: Escolas de Samba


Fonte: https://www.cartacapital.com.br/cartaexpressa/desfiles-de-escolas-de-samba-sao-adiados-para-abril-em-sao-paulo-e-no-rio-de-janeiro/

As chamadas “escolas de samba” surgiram em 1920 quando o samba se popularizou


no Rio de janeiro. Com elas originou-se os tradicionais desfiles que foram se aprimorando
a cada ano até se tornarem a beleza que observamos atualmente.
A primeira escola de samba do nosso país, era do Rio de Janeiro e se chamava
“Deixa falar”. Em 1930 os desfiles se transformaram em um campeonato que foi se
aprimorando e atualmente os seguintes critérios são julgados:
Bateria, Samba-Enredo, Evolução, Enredo, Alegorias e Adereços, Fantasia, Comissão
de frente e Mestre-Sala e Porta-Bandeira.
As escolas se preparam durante todo ano para o grande evento, todas as escolas
se apresentam e a festa vira a madrugada.
Ao traçar um breve histórico das escolas de samba brasileiras, podemos considerar
que sua formação e criação se basearam nos elementos dos “zé pereiras” (introdução

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de instrumentos de percussão), dos “ranchos carnavalescos” (desfiles públicos simples),


das “associações carnavalescas” das “procissões religiosas” e do “corso” (que era um
desfile de carros onde as pessoas jogavam confetes e serpentinas nos foliões que
estavam na rua).
Os maiores desfiles de escola de samba do Brasil acontecem no Rio de Janeiro e em
São Paulo, onde diversas escolas passam pela Sapucaí (RJ) e pelo Sambódromo do
Anhembi (SP). As escolas mais famosas são: Portela, Mangueira, Beija-Flor, Salgueiro,
Mocidade, Unidos da Tijuca, Rosas de Ouro, Gaviões da Fiel, Império da Casa Verde
entre outras.
Já os Carnavalescos que precisamos evidenciar são Joaosinho Trinta, Fernando
Pamplona, Arlindo Rodrigues e Fernando Pinto.

Figura 5: Joãozinho trinta


Fonte: https://oglobo.globo.com/cultura/30-historias-curiosas-de-joaosinho-trinta-14491640

Vamos deixar aqui um samba enredo da escola Imperatriz Leopoldinense, de 1989,


que merece destaque na história do Carnaval brasileiro:

ISTO ESTÁ NA REDE

Liberdade! Liberdade! Abre as Asas Sobre Nós. Dominguinhos do Estácio, 1989.


Disponível em: https://youtu.be/ekln07krQtI, acesso em 25 de abril de 2022.

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A origem do Samba
(...) Mas pra fazer um samba com beleza
É preciso um bocado de tristeza
É preciso um bocado de tristeza
Senão, não se faz um samba não (...)
Vinicius de Moraes – Samba da benção (1988)
Já discutimos nas aulas anteriores sobre a influência africana nos instrumentos
musicais que levam o samba. Os batuques chegaram ao Brasil com os africanos, e
estavam intimamente relacionados com o viés religioso na comunicação dos negros
com rituais que utilizavam dança, percussão e música.
Esses batuques foram aos poucos se misturando com ritmos europeus como a
valsa e a polca e aos poucos nosso samba foi se formando.
A literatura considera o samba um gênero musical tipicamente brasileiro, e realmente
podemos afirmar que sua história é um misto de tradições que atravessam a história
do nosso país.
Apesar de alguns historiadores considerarem que o samba nasceu na Bahia, o Rio
de Janeiro é considerado a capital do Samba. No século XIX essa cidade passou a
receber uma grande quantidade de negros que vinham de todo país, e com isso eles
começaram a se aglomerar principalmente na região da Praça Onze, para os rituais
religiosos chamados Iorubás. Estávamos diante das primeiras rodas de samba no
Brasil.
O samba daquela época possuía um caráter coletivo, contendo em sua letra
improvisos e versos cantados em grupo. Não demorou muito para o estilo musical se
popularizar nos subúrbios e posteriormente nos morros cariocas. Entre os sambistas
famosos da época estão João da Baiana (1887-1974) que gravou o samba “Batuque
na cozinha” e Joaquim Maria dos Santos (1890-1974), que registrou o primeiro samba
em uma gravadora, chamado “Pelo telefone”.

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Tipos de Samba no Brasil

Figura 6: instrumentos musicais do samba


Fonte: https://br.pinterest.com/pin/317855686200561894/

Samba-Canção – é considerado um samba feito fora de época, e sua principal


característica é ser mais lento que o samba moderno, trazendo letras que dizem
respeito ao amor ou a solidão.
Samba de Breque – esse samba é caracterizado por possuir uma pausa nos
instrumentos (os chamados breques), para que o intérprete realize sua intervenção.
Samba de Gafieira – samba elegante, considerado uma dança de salão com forte
influência africana, carregado de refrãos e versos.
Samba de Partido Alto – também chamado de partido-alto moderno, se trata de
um samba cantado em forma de duelo entre mais de um intérprete.
Samba de Roda – um samba predominantemente feminino dançado em roda. O
chamado passo “miudinho” é o mais utilizado, e é caracterizado por um sapateado
leve, andando para a frente e para trás quebrando os quadros. Os homens ficam
responsáveis pelos instrumentos.

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Figura 7: Samba de roda


Fonte: https://culturalmenteversados.wordpress.com/2016/10/01/samba-de-roda/

Samba-Enredo – originado do samba do partido alto, é o samba das escolas de


samba, onde as coreografias são ensaiadas previamente e são realizadas por alas
que apresentam o trabalho ao público.
Samba Exaltação – esse samba carrega esse nome por exaltar a pátria e a beleza
natural do país. Uma música bastante conhecida desse tipo de samba é a Aquarela
do Brasil de Ary Barroso (1939).
Sambalanço - se trata de um samba mais sofisticado, com instrumentos eletrônicos
e percussores, é uma mistura do samba com jazz e com ritmos caribenhos.
Pagode – as diferenças desse estilo musical para o samba é o andamento mais
agressivo e ligeiro, com instrumentos específicos como o cavaquinho, o tantã e o
repique de mãos.
Finalizamos aqui nossa aula e espero que vocês tenham curtido essa viagem pelos
ritmos tradicionalmente brasileiros que merecem destaque no conhecimento dos
futuros profissionais da educação.
Façam uma boa leitura, aprimorem o conhecimento através dos links sugeridos e
nos encontramos na próxima aula.
Até mais.

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CAPÍTULO 8
FUNDAMENTOS
TÉCNICOS DA DANÇA

Figura 1 – Espetáculo de Dança


Fonte: https://jornalboavista.com.br/espetaculo-de-danca-imaginarium-no-25-de-julho/

Olá alunos e alunas, a partir de agora vamos direcionar nosso conteúdo para vocês,
futuros professores.
Até agora conhecemos pontos importantes da dança, principalmente no contexto
cultural do nosso país. Além disso, fomos apresentados aos diversos estilos de dança
do Brasil e do mundo para compreendermos melhor sua origem e respeitarmos a
história do povo que a criou.
A partir daqui vamos elucidar maneiras de se trabalhar com dança na sala de aula,
pois esse é nosso maior objetivo com essa disciplina.

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Você sabia que para trabalhar o ensino de ritmos e danças no ambiente escolar
não é preciso saber dançar?
Pois é, acreditem que as possibilidades de trabalho são diversas.
Fiquem tranquilos, porque algumas de nossas aulas serão dedicadas especialmente
no preparo de planos de aula para que vocês futuros professores possam utilizar no
dia a dia em sala de aula.
Primeiramente vamos partir do princípio de que, embora a dança possa acontecer de
forma livre e solta e sem técnica alguma, existem alguns artifícios que foram criados
por especialistas e que embasam a formação de uma coreografia.
Para cada estilo de dança existe um tipo de movimentação típica, que respeita sua
origem (movimentos, figurino e etc.). Mas em qualquer situação, alguns elementos
são comuns na criação, montagem e desenvolvimento de uma coreografia, esses
elementos são:
• Espaço
• Tempo
• Forma
• Movimento

Quando dançamos precisamos tomar consciência dos movimentos que iremos


realizar, e para isso precisamos compreende-lo, percebe-lo, conhece-lo e incorpora-lo.
Essa relação de percepção e interiorização dos próprios movimentos é chamada de
esquema corporal.
Portanto, esquema corporal é a conscientização do corpo como comunicação com
o meio e consigo mesmo, e isso justifica sua importância como elemento necessário
na formação da personalidade dos seres humanos.
Conforme a criança vai desenvolvendo o esquema corporal ela vai passando por
uma construção mental gradual sobre o uso de seu corpo como meio de comunicação.
Vamos conhecer agora detalhes acerca dos elementos necessários para a preparação
e montagem de uma coreografia completa:

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ESPAÇO DO MOVIMENTO DA DANÇA

Figura 2: Espaço da dança


Fonte: https://culturdanca.com/2012/10/30/o-espaco-na-danca/

O espaço do movimento onde a dança se processa precisa ser analisado com


bastante cuidado e importância, ele pode estar relacionado ao local (comprimento,
largura e altura) e também ao espaço que os movimentos irão alcançar.
Alguns fatores fazem parte desse elemento, são eles:
• Deslocamentos corporais: uma coreografia pode conter ou não esse elemento.
Uma coreografia sem deslocamentos corporais consiste em fazer movimentos
que utilizam os membros do corpo sem sair do lugar. Já as coreografias com
deslocamentos corporais permitem que o corpo transite pelo espaço.
• Espaço aéreo: são coreografias que utilizam saltos e suspensões.
• Espaço no solo: são coreografias que utilizam quedas e rolamentos.

Figura 3: Dança no solo


Fonte: https://tribunadonorte.com.br/noticia/passo-para-a-dana-a-potiguar/314759

Existem outras nomenclaturas bastante técnicas utilizadas pelos coreógrafos que


dizem respeito ao elemento espaço:

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• Níveis: diz respeito a altura que um movimento pode alcançar:


Nível Alto: movimentos em pé ou saltando

Figura 4: Dança com salto


Fonte: https://petitedanse.com.br/dicas-para-melhorar-os-saltos/

Nível médio: movimentos com joelhos ou flexionando o tronco


Nível baixo: movimentos de cócoras, sentados, ajoelhados ou até deitados
• Direção: diz respeito aos caminhos a seguir, indica o rumo que será seguido
pelos dançarinos:
Desviado: quando o movimento está seguindo em uma direção e de repente muda
de rota.
Distância: serve para medir todo o espaço que a coreografia irá utilizar.
Planos: pode ser frontal, sagital ou horizontal.

TEMPO DA DANÇA

Figura 5: Tempo da dança


Fonte: https://www.dancaempauta.com.br/o-tempo-da-danca-e-a-danca-do-tempo/

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O tempo é um elemento imprescindível na preparação de uma dança. Sem o tempo


(ritmo) que já discutimos nas aulas anteriores, os dançarinos não teriam um “marco”
a seguir.
O ritmo de uma dança serve para a memorização das sequencias dos movimentos,
para marcar a intensidade de alguns e acima de tudo para atuar na concentração
dos envolvidos.
Alguns conceitos são importantes para pensarmos no ritmo de uma dança, são eles:
Velocidade: um ritmo pode ser lento, médio ou rápido, diz respeito a velocidade
com que os dançarinos irão executar os movimentos.
Intensidade: um movimento pode ser fraco ou forte, diz respeito a energia liberada
na ação.
Intervalo: é o que marca a transição de um movimento para outro.
Duração: o tempo que o dançarino fica em um movimento antes de mudar para
outro.
Acento: É a parte mais forte de um movimento.
Pulso: diz respeito às características que o movimento que expressar, ele pode ser
alegre, triste, lento, moderado, vivo, sóbrio e etc.
Vamos diferenciar os termos tempo, ritmo e compasso.
Já vimos que ritmo é tudo, não precisa estar inserido necessariamente no mundo
da música e da dança.
E tempo e compasso estão inseridos no ritmo!
Parece um pouco confuso, mas vamos compreender:
Ritmo significa movimento constante, e esse movimento pode conter som ou não.
Fazem parte das características do ritmo:
• Som ou silêncio
• Forte ou fraco
• Regular ou irregular
A combinação desses elementos em uma música dá origem a um padrão rítmico
que baseiam um estilo musical. Cada estilo de música tem um padrão rítmico.
O tempo na música é a pulsação que ela determina, algo bem parecido com nossa
pulsação cardíaca. Exemplo:
Se nosso coração faz: tu...tu...tu...tu...
Quando transformamos nosso batimento cardíaco em música ele se tornaria:
1...2...3...4...

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Portanto tempo é uma unidade na música. Existem músicas com 2 tempos e


músicas com até 12 tempos.
O compasso de uma música é o agrupamento dos tempos musicais. Elemento
muito útil na montagem de uma coreografia, pois uma música de 12 tempos pode
ser agrupada em 3 compassos de 4 tempos e em cada compasso o coreografo pode
trabalhar com movimentos diferentes, ou repeti-los. Exemplo:
1 23 4 / 1 2 3 4 / 1 2 3 4
Portanto, o tempo de uma dança varia de acordo com seu ritmo. E o compasso da
música varia de acordo com quantos tempos ela tem.

FORMA DA DANÇA

Figura 6: Formas da dança


Fonte: https://www.tribunadonorte.com.br/noticia/danca-para-a-alma/275877

A forma da dança diz respeito a “arquitetura” que ela apresenta, se pudéssemos


observar de cima, seria o desenho que a ação corporal forma no espaço.
Essa forma tem como objetivo refletir uma intenção, percebemos bastante esse
elemento nos grandes eventos artísticos, como nas aberturas dos jogos olímpicos
que as coreografias formam desenhos pelo espaço.

Figura 7: Dança da chama Olímpica de Londres (2012)


Fonte: https://www.correiodopovo.com.br/esportes/olimp%C3%ADada/chama-ol%C3%ADmpica-de-londres-2012-%C3%A9-acesa-na-gr%C3%A9cia-1.91369

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MOVIMENTO DA DANÇA
Esse elemento se refere aos movimentos básicos que o corpo pode realizar, são
as chamadas translações e rotações e todas as combinações que isso pode gerar.
Esse elemento pode ser subdividido:
Movimento potencial: se referem ao tempo que o corpo não se movimenta, seria
a pausa nos movimentos.
Movimento liberado: se referem a todos os movimentos que o corpo é capaz de
realizar no espaço. Passos frontais, laterais, para trás, giros, movimentos com braços,
cabeça, mãos e etc.
Família de movimentos: são as combinações que diferentes movimentos podem
gerar: transferências, locomoções, saltos, voltas, quedas e elevações.
OUTROS ELEMENTOS IMPORTANTES QUE FAZEM PARTE DA DANÇA
É importante dizer que, embora a dança seja carregada de técnicas, existem fatores
extremamente importantes para sua realização:
Criatividade: em uma dança a criatividade é essencial, seja na criação e formação
da coreografia ou na ousadia de novos movimentos.
Improvisação: como em tudo na vida, na dança também podem ocorrer falhas,
e a improvisação do dançarino é capaz de tornar esses momentos imperceptíveis.
Sentimentos e expressões faciais: eu diria que esse é o elemento mais importante
em uma dança. Você já reparou nos programas televisivos de auditório que as
dançarinas sempre estão com um sorriso estampado no rosto? Isso ocorre porque
as expressões faciais transmitem sentimentos enquanto um dançarino realiza seus
movimentos. Essas expressões faciais não deixam de ser movimentos complexos,
afinal, são produzidos a partir da contração da musculatura facial, voluntariamente,
transmitindo ao público a veracidade de informações que aquela dança pretende passar.

Figura 8: Expressão Facial no palco


Fonte: https://www.centraldancadoventre.com.br/publicacoes/artigos/26/a-boa-expressao-facial/643

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Portanto, se conseguirmos fazer uma análise de todos esses pontos, teremos mais
segurança para realizar a tentativa da montagem de uma coreografia com nossos
alunos. Mesmo que os professores não sejam especialistas em dança, essa proposta
de atividade é um desafio muito bem aceito no ambiente escolar, e é bem provável
que os alunos se envolvam e auxiliem a construção de danças muito bem elaboradas.
Existe uma proposta interessante que pontua o passo a passo de uma montagem
de coreografia de dança, acessem ao link e façam suas anotações para logo colocarem
em prática.

ISTO ESTÁ NA REDE

Como fazer uma coreografia de dança em 27 etapas. Disponível em: https://


pt.wikihow.com/Fazer-uma-Coreografia-de-Dan%C3%A7a, acesso em 26 de abril de
2022.

Finalizamos aqui nossa aula, e espero que tenham se sentido estimulados o suficiente
para tentarem experimentar essa proposta futuramente.
Obrigada a todos.
Até a próxima aula.

Figura 9: Coreografia no ensino fundamental


Fonte: https://www.cesumar.br/imprensa/noticia.php?idNoticia=323

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CAPITULO 9
FORMAÇÃO PROFISSIONAL
PARA O ENSINO DA DANÇA

Figura 1: Arte
Fonte: https://comunidadeculturaearte.com/a-arte-como-meio-de-comunicacao/

Olá alunos e alunas vamos iniciar nossos estudos pensando em um ponto importante
para a educação brasileira.
Nas aulas anteriores, pontuei que os professores podem se sentir inseguros em
trabalhar assuntos relacionados com a música no ambiente escolar. Isso ocorre
porque a formação do professor pode não oferecer subsídios suficientes para garantir
a formulação de um planejamento que contemple esse conteúdo.
É importante mencionar que a Lei n° 11.769/2008 tornou o ensino da música uma
disciplina obrigatória nas instituições de ensino de educação básica do Brasil. Em
contrapartida, a porcentagem de escolas que atende essa norma é bem baixa, e a
justificativa está na baixa quantidade de professores especialistas na modalidade.
Atualmente, os professores da disciplina de Arte ficaram “responsáveis” por introduzir
esse tema na escola, mesmo assim fica claro a dificuldade que possuem para cumprir
essa orientação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

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Figura 2: O ensino da Arte na escola


Fonte: https://fce.edu.br/blog/o-professor-de-arte-e-o-ensino-na-escola/

Sabemos que o ensino da arte em sala de aula corresponde a uma área necessária
para a formação humana, e a disciplina “Arte” está relacionada a diversas vertentes,
dentre elas, a disseminação de valores da linguagem visual e corporal.

Figura 3: Linguagem visual nas escolas


Fonte: https://fce.edu.br/blog/professor-de-arte-entre-os-saberes-sabores-e-dissabores/

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A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) – nº 9.394/96 estabelece,


em seu artigo 26, parágrafo segundo, a Arte como conteúdo obrigatório na educação
básica e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), que é o instrumento norteador
para elaboração de projetos educativos e planejamento de aulas, passou a analisar o
material didático referente a Arte, e, segundo o documento, a Arte exerce uma função
extremamente importante no processo de ensino e aprendizagem, tanto quanto as
demais disciplinas. Além disso, reiteram que a escola inclua no currículo conteúdos
de Arte que abranjam diferentes linguagens, entre elas o Teatro, as Artes Visuais, a
Música e a Dança.

Figura 4: Diferentes linguagens da Arte


Fonte: https://portals1.com.br/cearte-inicia-matriculas-para-cursos-de-arte-em-joao-pessoa/

Então por que será que as Artes Visuais predominam nas escolas?
As leis que regem a educação brasileira determinam alguns fatores importantes
que respondem essa questão, de acordo com Strazzacappa (2011):
“1) A formação da maioria dos professores de arte que não abrangeu as demais
linguagens artísticas (licenciados na então denominada Educação Artística);
2) O fato de que a maioria das escolas não estava equipada para acolher outras
formas de ensino-aprendizagem a não ser a convencional, isto é, em sala de aula
com carteiras e lousa;
3) A ausência de concursos públicos para professor especialista que permitisse a
inscrição de licenciados em dança. ” (STRAZZACAPPA, 2011a, p. 28)
Portanto, a predominância das Artes Visuais ainda é percebida nas escolas e, diante
disso, se torna necessário a oferta de cursos universitários mais específicos para os
futuros professores, voltados para diferentes linguagens artísticas, e isso acarretaria
não somente no cumprimento das determinações das leis, mas também garantiria
um ensino mais abrangente.

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Figura 5: Artes visuais


Fonte: https://www.asfoc.fiocruz.br/portal/content/lei-inclui-artes-visuais-danca-musica-e-teatro-no-curriculo-da-educacao-basica

Para que isso aconteça, os professores precisam perceber o problema, realizar


pesquisas e propostas de inovação, já que somente com uma formação profissional
mais ampla iria garantir a segurança do docente ao trabalhar com aulas de dança,
teatro e música, contemplando a totalidade das Linguagens da Arte na educação básica.
Você, futuro professor, lembra de alguma atividade relacionada a música e a dança na
época de escola? Se sim, essa atividade foi aplicada pelo professor de qual componente
curricular?
Ainda é percebido nas escolas esse tipo de atividades incluídas nos currículos da
disciplina de Educação Física. Isso acontece porque, como já dissemos anteriormente,
o ritmo e a dança tem total relação com o corpo.
A dança proporciona benefícios físicos como:
• Fortalecimento muscular
• Melhora da postura
• Aumento da Flexibilidade
• Resistencia a fadiga
Além de benefícios psicológicos como:
• Melhora do convívio social
• Melhora do excesso de timidez
• Melhora do relaxamento (prevenção da ansiedade e estresse)
• Proporciona uma forma de divertimento
Portanto a dança atua diretamente nos movimentos do corpo humano, e
consequentemente em seu sistema. E por essa razão, acaba ficando também sob
responsabilidade do professor de Educação física a promoção de atividades que
envolvam ritmo e dança.

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Figura 6: Dança na Educação Física


Fonte: https://guiadoestudante.abril.com.br/orientacao-profissional/posso-entrar-na-area-de-danca-fazendo-o-curso-de-educacao-fisica/

Além disso, nas Universidades de Educação física, é comum a oferta de alguma


disciplina relacionada a ritmo e dança (como essa que vocês estão cursando), a ideia
é que os professores relacionem os benefícios físicos e psicológicos proporcionados
por esse tipo de atividade com o desenvolvimento dessa vertente da Arte.
Na BNCC, por exemplo, houve uma grande mudança na disciplina Educação Física,
pois essa ela foi anexada ao componente denominado “área de Linguagem” e passou
a ser tratada para além do âmbito esportivo, sendo incluída no âmbito da cultura.
Isso reafirma, que além dos próprios movimentos a serem trabalhados em
determinada prática que já era desenvolvida pela Educação física, agora as expressões
culturais também passam a ser objeto de conhecimento da área.
Além da Arte e da Educação Física, a música e a dança podem fazer parte de um
grande projeto interdisciplinar, com o envolvimento de diversas disciplinas, por exemplo:
Ao estudar o estilo musical “tango” os alunos podem se envolver com uma gama
imensa de aprendizado, como a tabela apresenta:
DISCIPLINA CONTEÚDO CONHECIMENTO
Educação física Vivencia da dança Passos e movimentos característicos
Estudo das marcas linguísticas de uma região
Língua Portuguesa Dialetos
ou comunidade
Estudo da origem do tango, da história do país
História História da dança
que a originou e do povo que a pratica
Confecção de painéis decorativos sobre a
Arte Imagens e acessórios
dança
Estudo do relevo do país, do PIB e da
Geografia Geografia do país de origem
economia
Sociologia Questão de gênero Uso do tema para tratar da diversidade
Tabela 1: Proposta de atividade interdisciplinar envolvendo dança
Fonte: própria autora

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A proposta desse tipo de projeto é que os alunos, ao conhecerem a origem histórica


das danças, interiorizem o significado social das práticas corporais e as relações de
poder que a desenvolveram.
Além do que foi apresentado até aqui, o componente curricular Educação Física na
BNCC, deve abordar a chamada expressão corporal com os alunos, e nesse exercício
estão incluídas as experiências sociais, estéticas, lúdicas e emotivas (primordiais na
formação do aluno).
As práticas corporais possuem três pontos fundamentais que precisam ser
considerados: movimento do corpo, organização interna e o produto cultural, e para
alcançar esse objetivo elas se subdividem em seis eixos tecnológicos aos quais o
aluno deve ter contato durante todo ensino. São eles:
Jogos e Brincadeiras: são aquelas atividades com fins de recreação e lazer. Nelas
os grupos jogam ou brincam seguindo regras determinadas. Esse tipo de atividade
ensina sobre convivência em grupo, entre diversas outras coisas.
Esportes: são as práticas corporais caracterizadas pela competição entre indivíduos
ou grupos. Vencem os que apresentarem melhor desempenho.
Ginásticas: essas atividades exploram a capacidade dos alunos se expressarem e
interagirem socialmente. Fisicamente, essas atividades aprimoram o condicionamento
e permitem maior consciência corporal.
Danças: são as práticas corporais que dependem de um ritmo musical, formam
coreografias e permitem que o corpo se expresse individualmente ou de forma coletiva.
Lutas: são as disputas corporais. Ocorrem entre adversários (duplas) e os movimentos
obedecem a regras específicas e estratégias de defesa e ataque. Essas atividades
normalmente respeitam um histórico milenar que deve ser bem compreendido pelos
alunos.
Aventuras: são as atividades corporais que são realizadas em um ambiente
desafiador, normalmente em contato com a natureza. (Correr, pular, escorregar, saltar
e outras atividades arriscadas).
Vocês perceberam pelo que foi exposto até aqui, que a dança também faz parte
da Educação Física, e se analisarmos as competências e habilidades dessa disciplina
na BNCC também encontramos diversos elementos que se relacionam com música
e dança, vejam só:
“1) Compreender a origem da cultura corporal de movimento e seus vínculos com
a organização da vida coletiva e individual.

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2) Planejar e empregar estratégias para resolver desafios e aumentar as possibilidades


de aprendizagem das práticas corporais, além de se envolver no processo de ampliação
do acervo cultural nesse campo.
3) Refletir, criticamente, sobre as relações entre a realização das práticas corporais
e os processos de saúde/doença, inclusive no contexto das atividades laborais.
4) Identificar a multiplicidade de padrões de desempenho, saúde, beleza e estética
corporal, analisando, criticamente, os modelos disseminados na mídia e discutir
posturas consumistas e preconceituosas.
5) Identificar as formas de produção dos preconceitos, compreender seus efeitos
e combater posicionamentos discriminatórios em relação às práticas corporais e aos
seus participantes.
6) Interpretar e recriar os valores, os sentidos e os significados atribuídos às diferentes
práticas corporais, bem como aos sujeitos que delas participam.
7) Reconhecer as práticas corporais como elementos constitutivos da identidade
cultural dos povos e grupos.
8) Usufruir das práticas corporais de forma autônoma para potencializar o
envolvimento em contextos de lazer e ampliar as redes de sociabilidade e a promoção
da saúde.
9) Reconhecer o acesso às práticas corporais como direito do cidadão, propondo
e produzindo alternativas para sua realização no contexto comunitário.
10) Experimentar, desfrutar, apreciar e criar diferentes brincadeiras, jogos, danças,
ginásticas, esportes, lutas e práticas corporais de aventura, valorizando o trabalho
coletivo e o protagonismo. ” (Brasil. Ministério da Educação. Base Nacional Comum
Curricular, 2022)
Percebam que o termo “praticas corporais” aparecem em todas as competências que
devem ser seguidas pelos professores de Educação Física, portanto nossa formação,
em outras palavras, exige que os docentes se arrisquem no planejamento de conteúdos
que abranjam esses eixos citados acima, o que inclui o trabalho com a Dança.
Como já mencionei, algumas de nossas aulas serão destinadas à exemplos de
planos de aula que atendam essas expectativas nos três níveis da educação básica,
portanto fiquem tranquilos que o objetivo de nossa disciplina é oferecer a vocês,
ferramentas que possibilitem a prática desse conteúdo com maestria.
Bons estudos e até a próxima aula.

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ISTO ESTÁ NA REDE

Como dissemos em nossa aula, o ensino de música nas escolas brasileiras é uma
política pública regulamentada por lei, embora ainda não tenha “pegado” de todo.
Leia o texto de Roberto de Oliveira: ENSINO DE MÚSICA: É LEI, MAS AINDA NÃO
“PEGOU” Publicado em 30/08/2018, no portal eletrônico da União Brasileira de
Compositores. Disponível em:
http://www.ubc.org.br/publicacoes/noticia/10482/ensino-de-musica-e-lei-mas-
ainda-nao-pegou#:~:text=O%20ensino%20de%20m%C3%BAsica%20nas,pela%20
ent%C3%A3o%20presidenta%20Dilma%20Rousseff.
Acesso em 02 de maio de 2022.

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CAPÍTULO 10
RITMO E DANÇA NA
EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Figura 1: Música na Educação Inclusiva


Fonte: https://todospelaeducacao.org.br/noticias/conheca-o-historico-da-legislacao-sobre-educacao-inclusiva/

Olá alunos e alunas, sejam bem-vindos a mais um momento importante de nossa


disciplina. Essa aula tem como objetivo mostrar as possibilidades de trabalhar com
música e dança na educação inclusiva.
Vamos iniciar a aula enfatizando que existe uma diferença entre educação especial
e educação inclusiva. Vamos conhece-la.
Em resumo a educação inclusiva é uma metodologia que relaciona alguns aspectos
da educação com a chamada “educação especial”. O objetivo maior dessa metodologia
é a promoção da integração entre todas as crianças de uma sala de aula.
Todas as crianças com deficiência ou dificuldade de aprendizagem tem direito ao
que a educação escolar oferece, mas suas diferenças precisam ser respeitadas e
valorizadas.
Já a educação especial, é responsável por desenvolver as habilidades das pessoas
com deficiência.

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A diferença dos termos está na palavra “inclusiva”, pois na educação especial, o


ensino é estritamente voltado para quem tem uma deficiência, e na educação inclusiva,
a ideia é incluir essas pessoas no ambiente fazendo com que todos os alunos (com
e sem deficiência) aprendam juntos.
Existe uma palavra que unifica esses dois termos: a inclusão
A inclusão ultrapassa a ideia de garantir que alunos com deficiência entrem na
escola, o objetivo é que não haja obstáculos limitantes na aprendizagem efetiva desses
alunos.

Figura 2: Educação Inclusiva


Fonte: https://gestaoescolar.org.br/conteudo/2021/educacao-inclusiva-o-que-e-e-como-fazer-direito-e-bem-feito

O objetivo da educação especial e da educação convencional são exatamente os


mesmos, a única diferença é a forma utilizada pela instituição para conquistar os
resultados, já que cada aluno possui necessidades bem particulares, e alguns precisam
de maior atenção e atendimento individualizado.
O termo “diversidade” também está envolvido nesse contexto, mas ele não caracteriza
exatamente uma “Educação Inclusiva”, já que uma escola pode contar com estratégias
para o acolhimento de crianças com diferentes realidades e vivencias (diversidade),
mas só poderemos considerar a escola Inclusiva se ela possuir um projeto que objetive
a sensação de pertencimento pelos próprios alunos.
Em síntese a escola inclusiva no Brasil é toda escola que recebe a todos independente
das diferenças. Mas a maioria das escolas não está preparada para atender alunos

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com deficiência, já que a formação dos professores nem sempre garante a segurança
necessária para a atuação em sala de aula.
A infraestrutura muitas vezes não está de acordo com as necessidades dos alunos,
as barreiras arquitetônicas, urbanísticas, de transporte, da comunicação e tecnológicas
atrapalham potencialmente o processo do ensino inclusivo, vejam os exemplos:
Barreiras arquitetônicas: portas estreitas e banheiros não adaptados.
Barreiras urbanísticas: calçada sem nível correto, falta de piso tátil, sinais sonoros
ou semáforos.
Barreiras no transporte: ausência de rampas e corrimão.
Barreiras na comunicação: falta de conhecimento dos professores e funcionários
sobre Libras, falta de legendas ou textos alternativos.
Barreiras tecnológicas: empecilhos ao acesso à tecnologia

Figura 3: Inclusão na prática


Fonte: https://revistaeducacao.com.br/2016/04/04/inclusao-na-pratica/

Além dessas barreiras, existe uma importantíssima que merece atenção.


Qual seria sua reação, enquanto professor, se um aluno entrasse em sua sala em
uma cadeira de rodas?
Sabemos que a sensação de insegurança será inevitável. Talvez você seja tomado
por um sentimento de incapacidade e de medo. Como vou leva-lo para a quadra?
Como ele vai realizar as práticas corporais? Como vou deixar a sala toda para dar
atenção somente a ele?
Sabemos que não é fácil para o educador, principalmente por todas as barreiras
citadas acima. Mas é preciso que uma situação seja veementemente evitada, são as
barreiras atitudinais.
Barreiras atitudinais se referem aos preconceitos e as atitudes contrárias a presença
e inclusão de pessoas com deficiência em um determinado lugar.

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Por mais que exista a insegurança de trabalhar nesse contexto, os professores são
os grandes responsáveis por quebrar essas barreiras, pois uma criança não pode se
quer imaginar que está sendo um estorvo ao ambiente escolar, e que atrapalham o
processo de ensino dos outros estudantes.
Portanto, no âmbito educacional precisa existir o acolhimento das diferenças
humanas, pois isso irá desconstruir o argumento:
“A escola está de portas abertas para atender alunos com deficiência, desde que
ele se adapte ao modelo que a escola trabalha. ”

ANOTE ISSO

Escolas especiais são centros de recursos especializados para receber alunos com
deficiência, com professores especialistas e materiais pedagógicos. A Associação
de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) é uma instituição sem fins lucrativos que
oferece atendimento educacional especializado, portanto é considerada uma escola
especial.
Fonte: a própria autora

Diante disso, precisamos reconhecer que o acesso à educação é uma garantia


constitucional universal, portanto o Estado e a família têm o dever de garantir essa
possibilidade, e nós, professores, temos o dever de lutar por isso.

INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA - DANÇA

Figura 4: Dança na Educação Inclusiva


Fonte: https://petitedanse.com.br/como-danca-pode-ajudar-as-pessoas-com-deficiencia/

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Vimos anteriormente que a dança é uma linguagem da arte considerada um conteúdo


da Educação Física. Ela contribui para a ampliação da aprendizagem, para a qualidade
de vida e para a formação humana.
A dança desenvolve vários estímulos nos praticantes:
Tátil: os dançarinos sentem os movimentos e sentem seu corpo se movimentando
Visual: os movimentos se transformam em cenas, em desenhos
Auditivo: a música tem um ritmo
Afetivo: a dança proporciona emoções e sentimentos
Cognitivo: dançar exige raciocínio e coordenação
Motor: a dança fornece diversos benefícios para o corpo, inclusive a melhora do
esquema corporal.
Agora imaginem vocês os benefícios desses estímulos quando direcionados às
pessoas com deficiência.
A dança desenvolve criatividade, musicalidade, socialização, consciência corporal,
bem-estar, comunicação e etc. todos esses benefícios são de extrema importância
para o desenvolvimento da criança/adolescente, e se falamos de educação inclusiva,
precisamos encontrar formas de trabalhar a dança adaptada.
O ensino da dança para pessoas cujo corpo apresentam algum tipo de deficiência
tem que acontecer de forma diferenciada: o professor deve despertar e orientar o aluno
quanto aos movimentos, mas deve deixa-lo livre para realiza-lo da forma que consegue.
Os benefícios da dança diretamente ligados às pessoas com deficiência são:
• Melhora da saúde
• Desenvolvimento da Aptidão Física
• Autoconfiança
• Equilíbrio emocional
• Integração Social
Portanto esse método de trabalho não deve se preocupar com a técnica, mas sim,
o professor deve propor que os alunos se adaptem aos movimentos, conquistando
assim a sensação de liberdade.
Quando um aluno com deficiência participa de uma prática corporal que envolva
dança, ele vai estar adquirindo uma melhora no desenvolvimento motor, cognitivo e
afetivo, pois, conseguir participar da atividade descobrindo novos movimentos irá
gerar alegria e motivação, fatores essenciais na formação para a vida dentro e fora
dos limites da escola.

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ISSO ACONTECE NA PRÁTICA

Assista ao vídeo e conheça o projeto Solidariedança, que promove a inclusão de


pessoas com deficiência através da dança:
Dança com cadeira de rodas - Revista da Cidade (24/10/2017), disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=R9pLU7ZtHUo, acesso em 28 de maio de 2022.

INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA – RITMO

Figura 5: Música na educação inclusiva


Fonte: https://novaescola.org.br/conteudo/1446/cada-um-no-seu-ritmo

Vimos que a música nos influencia no âmbito cultural e social, mas você sabia que
ela era tão importante para nossa saúde?
A música está totalmente envolvida com nossas estruturas psicofísicas.
O que ocorre é que quando nos envolvemos com a música, acontece uma interação
das funções do nosso corpo, o que resulta em um desenvolvimento emocional, físico
e na melhora das interações sociais.
É nítido que a música proporciona momentos de lazer, pois em qualquer encontro,
comemoração ou evento a música está presente, mas nas pessoas com deficiência,
acima disso, a música exerce outras influencias, pois ela pode ser usada como
instrumento auxiliar da medicina.
Segundo a organização mundial da saúde (OMS), a música estimula a expansão
cognitiva, psicomotora, afetiva e educacional. Inclusive a musicoterapia está incluída
na lista das terapias alternativas reconhecidas pela OMS.
Nosso sensorial é ativado quando ouvimos uma música, pois ela permite que além
de ouvi-la, possamos senti-la. E quando associamos movimentos à música (dança),

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ainda podemos desenvolver os tônus muscular e a coordenação psicomotora, fator


essencial para os deficientes.
Particularmente, no caso das pessoas com deficiência auditiva, a música permite a
extração de diversos benefícios, pois ela gera sons e vibrações que podem ser sentidos
por eles, desenvolvendo sua capacidade intelectual e, consequentemente, a linguagem.
A música também é responsável pelo estimulo e desenvolvimento da memória
e pelo aprimoramento do lado afetivo das pessoas, o que favorece diretamente as
pessoas com deficiências como a Síndrome de Down e o autismo.

Figura 6: A música como terapia


Fonte: https://www.prosaude.org.br/noticias/profissionais-do-hospital-de-campanha-do-hangar-usam-a-musicoterapia-para-levar-conforto-aos-pacientes/

Portanto a música promove comunicação, expressão, organização, prazer,


relaxamento, motivação, superação, interação e outros benefícios primordiais para a
progressão dos aspectos físicos e mentais das pessoas, inclusive as com deficiência.
E como trabalhar música em sala de aula?
Trabalhar música pode estar vinculado ao simples fato de escuta-la ou senti-la, mas
também podemos pensar em propostas de interação, como o manejo de instrumentos
musicais ou o trabalho com canto.
A tecnologia está a favor desse processo, atualmente existem instrumentos musicais
adaptados para pessoas com deficiência motora, como teclados com teclas maiores,
que permitem que o indivíduo toque uma música até mesmo com as mãos fechadas.
Finalizando nossa aula, concluímos que precisamos quebrar paradigmas da
insegurança e do preconceito e pensar em uma formação docente capaz de incluir
pessoas, para isso, os conteúdos curriculares tem que atender a todos, o que torna
extremamente necessário para o professor, possuir um rol diversificado de atividades
alternativas e inclusivas.

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Diante do exposto, para nós, professores de Educação Física, o trabalho com


música e dança será efetivo na capacidade de proporcionar benefícios que irão além
da inclusão, pois também serve como auxílio para a saúde física e psicológica das
pessoas que necessitam.

ISSO ACONTECE NA PRÁTICA

Conheça o sensacional trabalho artístico de Gaelynn Lea e veja as possibilidades de


práticas musicais para os deficientes:
Gaelynn Lea – The Last Three Feet – 11/02/2017 – Paste Studios, New York, NY,
disponível em https://youtu.be/TAkpPx9B6aM, acesso em 02 de maio de 2022.

Finalizamos aqui nossa aula reiterando que em breve apresentaremos planos de


aulas específicos para o trabalho de ritmo e dança na sala de aula, incluindo opções
para os alunos com deficiência.
Bons estudos, obrigada pela atenção e até a próxima aula.

Figura 7: O ritmo na inclusão de deficientes


Fonte: https://razoesparaacreditar.com/a-musica-como-ferramenta-de-inclusao-social-de-deficientes-e-tema-de-exposicao-em-sp/

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CAPITULO 11
A IMPORTÂNCIA DA
APLICABILIDADE DAS
ATIVIDADES RÍTMICAS
PARA AS CRIANÇAS

Figura 1: música na educação infantil


Fonte: https://www.plannetaeducacao.com.br/portal/habilidades-e-competencias/a/444/musica-na-educacao-infantil-por-que-voce-deve-utilizar

Olá alunos e alunas, sejam bem-vindos a mais um momento importante da nossa


disciplina.
Até agora apresentamos a dança e o ritmo observados por diversas lentes, desde
as históricas e culturais até seus benefícios no trabalho com deficientes. Também já
falamos da formação dos professores para trabalhar com esse tema. Para essa aula
iremos tratar dos benefícios do desenvolvimento dessas práticas para alunos que
frequentam as séries iniciais da educação básica do Brasil.
Independente do trabalho da dança estar vinculado à escola ou a outros ambientes
que desenvolvam essas atividades, é importante para o professor conectar seu projeto
de trabalho ao que está sendo desenvolvido nas crianças nessa faixa etária, por isso,
nada melhor do que um trabalho em conjunto com a família e a educação.

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Em primeiro lugar vamos focar na alfabetização, já que ensinar o aluno a ler e a


escrever é um dos principais objetivos dos professores no ensino infantil e principalmente
nas primeiras séries do ensino fundamental.
Será que as atividades rítmicas podem auxiliar nesse processo?
Vamos pontuar durante a aula algumas razões que respondem afirmativamente
a essa questão.
Já dissemos que as crianças aprendem a dançar antes de aprenderem a andar, já
que balançam o corpinho quando escutam alguma música. E é comum que os bebês
também balbuciem palavras de cantigas infantis antes mesmo de dominarem a fala.
Por isso, é nítido que as músicas encorajam o processo da fala nas crianças, pois os
expõe abertamente aos padrões de linguagem.

Figura 2: a importância das aulas de ritmo na educação infantil


Fonte: https://crechejardimoceanico.com.br/a-importancia-das-aulas-de-musica-na-educacao-infantil/

Com o passar do tempo, a música age diretamente na formulação de discurso, pois


todas as letras envolvem rimas, que influenciam na aptidão para a escrita de sequencias
textuais e até de uma redação. Portanto, podemos afirmar que, com relação a leitura
e escrita, as atividades musicais atuam nos seguintes aspectos:
• Conceitos básicos de ortografia
• Vocabulário

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• Habilidades com rimas


• Formulação de frases
• Elaboração de discursos
• Extensão de conhecimentos diversos
• Senso de sequência textual
Outro ponto importante desenvolvido pela música no processo de aprendizagem é
a melhora da atenção e consequentemente da memória dos alunos. Essas habilidades
são potencialmente estimuladas quando:
• A criança entra em contato com a confecção de instrumentos musicais de sucata
• Quando aprende a manusear um instrumento musical de verdade
• Quando precisam ouvir atentamente uma música
• Quando decoram uma letra musical
• Quando ensaiam uma coreografia e aprendem os passos
Um terceiro aspecto que merece ser reconhecido como benefício da música na
educação é a criação de uma atitude positiva entre o aluno e a aprendizagem de
novos conceitos. Um local criativo, seguro e alegre, é capaz de causar boas sensações
a todos. E a música proporciona exatamente isso. Não é à toa que se utiliza sons
ambientes em locais como consultórios odontológicos, clinicas médicas, restaurantes
e até em alguns banheiros públicos.
Na escola não é diferente, o trabalho com música em sala de aula vai proporcionar
um ambiente favorável ao estimulo do desenvolvimento de novas aprendizagens, pois
essas aulas irão transmitir sensação de acolhimento e segurança. Afinal, as crianças
não se dedicam efetivamente às atividades que não lhes chamam a atenção. O trabalho
com música pelos educadores, favorece uma aprendizagem divertida e envolvente.

Figura 3: musicalização na alfabetização das crianças


Fonte: https://blog.academia.com.br/alfabetizacao-de-criancas/

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Outro ponto que deve ser discutido é com relação ao pensamento abstrato. Você
sabe o que é pensamento abstrato?
Pensamento abstrato, em resumo, é a capacidade de pensar em coisas que não
podemos ver. Como podemos pensar no amor ou no futuro se não podemos toca-los?
Quando o pensamento abstrato é desenvolvido, concomitantemente desenvolvemos
nossa imaginação, e assim vamos criando a habilidade de prever e planejar. A música
age nesse aspecto com bastante eficácia, pois quando a criança entra em contato
com esse estímulo diversas partes do cérebro são envolvidas, e o raciocínio espaço-
temporal é consequentemente melhorado.

Figura 4: musicalização infantil na aprendizagem


Fonte: https://educacaoinfantil.aix.com.br/atividades-de-musicalizacao-infantil-no-aprendizado/

ANOTE ISSO
Efeito Mozart é uma teoria de que tocar tipos específicos de música aumenta a
inteligência das crianças.
Fonte: a própria autora

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O envolvimento da criança com a música vai proporcionar o desenvolvimento das


chamadas habilidades cognitivas de nível superior, e isso ocorre pelos seguintes fatores:
• Valorização das Artes: devido a participação e criação de situações musicais
artísticas.
• Uso da imaginação: pois não há como participar dessas atividades sem exercitar
esse aspecto
• Tolerar a ambiguidade: segundo Sigmund Freud, “a incapacidade de tolerar a
ambiguidade é a raiz de todas as neuroses”. Isso quer dizer que o envolvimento
das crianças com a música vai favorecer a formação de uma personalidade
mais tolerante, que aceita diferentes opiniões sem discriminação ou preconceito.
• Inscrever ideias por meio de representação: inscrever diz respeito a fazer menção
a alguma coisa. Já discutimos aqui a capacidade de o corpo falar pela música,
por ela podemos nos expressar por meio de letras e representações.
• Formar e diferenciar conceitos: a música, com todas as suas características,
apresenta um leque de possibilidades que influenciam a formação da
personalidade humana.

Figura 5 : musicalização infantil


Fonte: https://www.papodaprofessoradenise.com.br/musicalizacao-infantil-x-recreacao-musical-voce-sabe-a-diferenca/

Existe um outro fator importante referente a alfabetização que pode ser bastante
explorado com a música, é a chamada consciência fonológica. A consciência fonológica
é um conjunto de habilidades que vão desde a capacidade que a criança tem de perceber

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o tamanho de uma palavra e do o reconhecimento de semelhanças fonológicas entre


palavras até a separação e manipulação de sílabas e fonemas. Em outras palavras
essa habilidade se refere a manipulações de sons pela nossa língua.
Exemplo 1:
Essa habilidade está sendo estimulada quando o professor apresenta uma figura
para uma criança e pede que ela encontra outras figuras que comece com o mesmo
som: Bolo/Bola, Cachorro/Cadeira. As crianças são capazes de realizar esses exercícios
antes de aprenderem efetivamente a escrever.
Exemplo 2:
Agora vamos dar um exemplo do trabalho de consciência fonológica na música:
O professor canta com as crianças a música:
“Borboletinha, Tá na cozinha, Fazendo chocolate, Para madrinha, Poti Poti, Perna
de pau, olho de vidro e nariz de pica pau. ”
Depois que os alunos aprendem a música o professor pede para transformar o
diminutivo em aumentativo (na linguagem infantil, transformar o inho em ão):
“Borboletão, tá no fogão, fazendo chocolate, para o leão, Poti Poti, perna de cão,
olho de vidro e nariz de macarrão. ”
Vejam que nessa atividade, os alunos estarão trabalhando as pausas entre as frases,
a percepção do diminutivo e do aumentativo e o raciocínio ao encontrarem palavras
que “encaixem” na proposta do professor.
Além do que foi exposto até aqui, não podemos deixar de comentar a importância
do lúdico na aprendizagem, e quando pensamos em ludicidade dificilmente não
relacionamos às atividades que envolvem ritmo.

Figura 6: A importância do lúdico na educação


Fonte: https://maraba.pa.gov.br/nei-ensino-ludico/

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Diversas brincadeiras auxiliam a criança no desenvolvimento do ritmo, e as


brincadeiras com música trazem diversos benefícios, pois fazem com a criança se
mova no tempo certo.
As atividades com rimas, canto, marcha, dança, pulos ajudam o processo de
alfabetização, pois divisões de palavras ou sílabas são enfatizadas.
É preciso sabermos que o lúdico, não é apenas um momento de diversão, já que as
atividades são capazes de promover a aprendizagem e de favorecer o desenvolvimento
físico intelectual e social da criança, ou seja, possibilita um desenvolvimento real,
completo e prazeroso.
“A atividade lúdica é muito viva e caracteriza-se sempre pelas transformações, e
não pela preservação, de objetos, papéis ou ações do passado das sociedades [...].
Como uma atividade dinâmica, o brincar modifica-se de um contexto para outro, de
um grupo para outro. Por isso, a sua riqueza. Essa qualidade de transformação dos
contextos das brincadeiras não pode ser ignorada”. (FRIEDMANN, 2006, p. 43).
Para que o lúdico auxilie na construção do conhecimento é necessário que o
professor reconheça sua importância fazendo a mediação da atividade aplicada por
ele, estabelecendo os objetivos para que a brincadeira tenha um caráter pedagógico
promovendo assim a interação social e o desenvolvimento intelectual.
Para o professor de Educação Física, é importante que haja a consciência da
relevância dessas atividades na aprendizagem da criança, e que ele se comunique
com o professor da sala. Assim, ele poderá apresentar suas propostas e auxiliar os
alunos, por meio das brincadeiras, na fixação dos assuntos que estão sendo trabalhados
em classe.
“O lúdico como método pedagógico prioriza a liberdade de expressão e criação. Por
meio dessa ferramenta, a criança aprende de uma forma menos rígida, mais tranquila
e prazerosa, possibilitando o alcance dos mais diversos níveis do desenvolvimento.
Cabe assim, uma estimulação por parte do adulto/professor para a criação de ambiente
que favoreça a propagação do desenvolvimento infantil, por intermédio da ludicidade”
(RIBEIRO 2013, p.1).
O professor que trabalha com a ludicidade, tem em mãos uma ferramenta muito
importante para a formação e aprendizagem das crianças, pois é através desses
momentos que a criança desenvolve seu saber, seu conhecimento e sua compreensão
de mundo.

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Portanto concluímos que a utilização da música, bem como o uso de outros meios
artísticos, está disponível para incentivar a participação, a cooperação, socialização dos
alunos, e assim, contribuir no rompimento das barreiras que atrasam o desenvolvimento
curricular do ensino.
Para que isso aconteça, é importante que haja revisão de métodos e das bases que
orientam atitudes didático-pedagógicas dos conteúdos disciplinares.

Figura 7: O lúdico na sala de aula


Fonte: https://casinhadeleitura.wordpress.com/2010/03/12/o-ludico-na-sala-de-aula/

Como falamos nas aulas anteriores, a interdisciplinaridade, apesar de ainda não


se apresentar com muita visibilidade em nossa educação, seria um dos pontos
impulsionadores da utilização desses instrumentos (ludicidade e ritmo) na sala de aula.
Concluímos então, que quando a criança participa de uma atividade que contenha
uma música, essa ação vem carregada de conteúdo, pois com isso ela:
• Aprende uma canção
• Brinca de roda
• Participa de brincadeiras rítmicas ou de jogos de mãos
• Recebe estímulos que despertam o gosto musical (o despertar que floresce o
gosto pelo som, ritmo, movimento).

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Portanto as atividades rítmicas introduzem, no processo de formação da


personalidade da criança, um elemento fundamental do próprio ser humano, fator
que favorece o desenvolvimento do seu gosto estético e com isso, aumentando e
melhorando sua visão de mundo.
Existem muita influência da música na alfabetização, bem como no desenvolvimento
literário das crianças, mas reiteramos que a educação musical vai muito além disso,
pois é um elemento vital que acompanha os indivíduos por toda a vida.
Uma proposta de atividade escolar com música pode aproximar e envolver até os
alunos mais distantes, isso justifica a importância de incluir esse tema no planejamento
curricular do professor.
Encerramos aqui nossa aula lembrando que os próximos conteúdos serão dedicados
para apresentação de propostas práticas para serem desenvolvidas no ambiente de
aula.
Preparem seu bloco de notas para arquivarem o maior número de opções de aulas
possível.
Até a próxima aula.

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CAPITULO 12
PROPOSTA DE ATIVIDADES
RÍTMICAS PARA CRIANÇAS
DE 0 A 6 ANOS

Figura 1 – Balé infantil


Fonte: https://escolainfantilaquarela.com.br/services/ballet/

Olá alunos e alunas, conforme o prometido vamos passar as últimas aulas da nossa
disciplina discutindo propostas de atividades rítmicas para todas as idades.
Estamos entrando em um momento importante para a vida profissional de vocês,
portanto eu aconselho que tentem registrar o maior número de informações possível,
pois essas dicas poderão servir de ferramenta de trabalho logo, logo.
Lápis e papel na mão e bora lá!
Na aula anterior pontuamos a influência da música e do ritmo na aprendizagem
das crianças, detalhamos alguns aspectos que relacionam o trabalho da música

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com a alfabetização. O profissional de Educação Física carrega, em partes, essa


responsabilidade, pois são nessas aulas que os alunos se preparam para as brincadeiras
e se envolvem efetivamente com o conteúdo.
Lembramos que na Educação Infantil, os professores já utilizam a ludicidade em
grande parte do seu currículo, pois essa é a maneira mais eficaz de garantir a atenção
das crianças nas aulas, por isso, o professor de Educação Física ou o professor de
dança, podem planejar suas aulas em parceria com o professor da sala, assim poderão
auxilia-lo na conquista do que foi planejado.
Vimos que a música é peça fundamental no movimento e desenvolvimento das
crianças, e o estimulo de atividades musicais promovem o desenvolvimento da noção
de ritmo, além de que é importante lembrar que o ritmo exerce forte influência em
diversos aspectos da vida dos seres humanos.
Nas aulas de educação física ou nas aulas de dança para essa faixa etária, o
professor deve realizar atividades que auxiliem no processo de desenvolvimento, e
também no processo da aprendizagem escolar.
Independentemente do local que as atividades rítmicas serão trabalhadas, o professor
pode fazer uso de alguns acessórios para otimizar seu conteúdo.

Dicas para aulas de dança para crianças:


Aulas de dança no colo dos pais:
Essa é uma ideia para as escolinhas de dança. Os pais levam os bebês nos chamados
“cangurus” e dançam livremente pelo salão seguindo os passos propostos pelo professor.

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Figura 2: Dança de pais e filhos


Fonte: https://www.hypeness.com.br/2018/01/esta-escola-de-danca-aposta-na-musica-e-na-ginga-para-pais-se-conectarem-com-os-filhos/

Livros musicais:
Os livros que contém sons e músicas permitem que a criança cante suas músicas
favoritas enquanto imagina a história através das imagens. A cada página o professor pode
estimular que o aluno dance aquela cantiga imitando o personagem. Figurinos podem ser
criados para potencializar a imaginação dos pequenos. Essa atividade pode ser realizada
na escola, nas aulas de dança ou em casa com os pais.
Outro benefício desse tipo de atividade é que novas palavras estão sendo aprendidas,
e com isso, o vocabulário da criança está sendo enriquecido enquanto ela canta e dança.

Figura 3: a importância da dança na infância


Fonte: https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/especialistas-explicam-como-a-danca-estimula-o-desenvolvimento-dos-bebes/

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Vídeos musicais
Da mesma forma que o livro com imagens prende a atenção das crianças, os vídeos
infantis, atualmente, são os grandes companheiros desse público.
Caso vocês tenham uma criança em casa, já devem ter vivenciado a experiência
de encontra-lo dançando diante da TV. Por mais que alguns pediatras condenem essa
atitude quando realizada de forma exagerada, muitos benefícios trabalhados nesses
vídeos podem ser pontuados.
Alguns yotubers mirins ensinam normas de convivência, higiene pessoal, boa
alimentação, alfabeto, números, cores, regras do transito e etc. E além dessas cantigas
serem bastante didáticas, estimulam a criança a se mexer dançando enquanto assistem.
Essa atividade é considerada multissensorial.
Nessa fase do desenvolvimento da criança, estão começando a desenvolver a
lateralidade, os vídeos auxiliam bastante nessa questão, até na noção espacial como:
abaixar, levantar, passos para o lado e etc.
O esquema corporal também é bastante desenvolvido pelos vídeos, já que muitas
músicas incentivam gestos como: mãos no nariz, mãos no joelho e etc.

Figura 4: Galinha pintadinha


Fonte: https://www.uol.com.br/splash/noticias/2022/04/04/galinha-pintadinha-renova-contrato-com-a-netflix-saiba-ate-quando.htm

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Composição de playlist da turma


É importante que o professor conheça os gostos de seus alunos, assim eles se
sentirão mais à vontade nas aulas. A partir de definida a plauylist da turminha, o
professor pode estimular que os “donos” das músicas ensinem os passos para os
colegas. Essa atividade trabalha, entre outras coisas a autonomia.
Montar a trilha sonora de uma história
Nessa atividade o professor, junto com os alunos, escolhe uma história infantil.
Depois que todos conhecem bem a história a turma deve escolher uma música para
cada situação. A atividade se encerra com a dança dessas músicas. Essa atividade
desenvolve potencialmente a criatividade e imaginação.
Criação de ritmo e sons de uma história
Essa atividade é uma variação da anterior, nela os alunos podem fazer os sons de
cada trecho da história. Exemplo:
O professor narra:
-O lobo chega e assopra a casa de palha de um dos três porquinhos.
Os alunos devem produzir o som do assopro.
Se a turma estiver engajada, as histórias podem ser enriquecidas com instrumentos
musicais.
Rotina da aula

Figura 5: Cantiga de roda


Fonte: https://www.educmunicipal.indaiatuba.sp.gov.br/shared/upload/z_outros/files/nucleo_de_formacao/slides_1_encontro/jogos_cantados,_m%C3%9Asica_e_
dan%C3%87a_na_educa%C3%87%C3%83o_infantil.pdf

É importante para o professor dessa faixa etária estabelecer uma rotina com os
pequenos. O fato de cantarem sempre a mesma música ao chegarem pode parecer
enjoativo, mas para eles é estimulante perceberem que aprenderam.

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Com essa atitude o professor usa o ritmo, o canto e o movimento de algumas


danças para estabelecer códigos com a sala. Códigos esses que, em muitos casos,
não serão esquecidos.
Uma questão importante é que os pais conheçam esses “códigos”, e aprendam as
canções e movimentos, pois podem estimular as crianças em casa.
Estímulo de movimentos:
O professor dessa turminha deve compreender que no momento da aula ele é o centro
de todas as atenções, e é um ser admirado pelos alunos. Por isso, o professor deve
abusar dos gestos, expressões e movimentos para estimular os alunos a realizarem
as atividades com confiança.
É perceptível que alguns alunos vão se movimentar de forma mais tímida, erguendo
pouco os braços ou dando passinhos pequenos no deslocamento de uma dança. O
professor precisa voltar seu olhar para esses casos e incentivar (discretamente) que
o aluno se sinta confiante em se soltar.
Brincadeiras cantadas

Figura 6: Atividades cantadas


Fonte: https://educacrianca.com.br/canais-com-atividades-cantadas/

Independente se as atividades rítmicas acontecem na escola ou nas aulas de dança,


as brincadeiras são fortes aliadas na preparação do conteúdo de trabalho do professor.
As cantigas de roda e as parlendas são exemplos de sucesso:
• Cantigas de roda
As cantigas de roda são ensinadas oralmente no Brasil com muita frequência. Elas
têm a força das lendas folclóricas, com rimas e composições simples. São produções
anônimas com movimentos divertidos geralmente realizados em círculo.

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Algumas pessoas conhecem as cantigas de roda como “cirandas” ou até


“cancioneiros”. Normalmente seu tema gira em torno de animais, amor e amizade.
Muitas vezes encontramos nas cantigas a chamada “personificação”, que seria
transformar um animalzinho em um ser humano, como acontece na conhecida música
“o sapo não lava o pé”.
Todas as cantigas poder ser coreografadas pelo professor, e pela facilidade da letra,
serão muito bem aceita pelas crianças dessa faixa etária.
O fato das brincadeiras dançantes acontecerem em círculo, estimula a socialização
entre as crianças e com isso o trabalho coletivo.

ANOTE ISSO

Vamos enriquecer nosso portfólio de opções com as cantigas de roda mais


conhecidas no Brasil:
• Ciranda, cirandinha/ Vamos todos cirandar/ Vamos dar a meia volta/ Volta e meia
vamos dar/ O anel que tu me deste/ Era vidro e se quebrou. / O amor que tu me
tinhas/ Era pouco e se acabou.

• A barata diz que tem sete saias de filó/ É mentira da barata, ela tem é uma só/
Ah ra ra, iá ro ró, ela tem é uma só. A Barata diz que tem um sapato de veludo/
É mentira da barata, o pé dela é peludo/ Ah ra ra, Iu ru ru, o pé dela é peludo!
A Barata diz que tem uma cama de marfim/ É mentira da barata, ela tem é de
capim/ Ah ra ra, rim rim rim, ela tem é de capim....

• A canoa virou/ Por deixá-la virar, foi por causa da Maria/ Que não soube remar.
Siriri pra cá, Siriri pra lá, Maria é velha/ E quer casar. Se eu fosse um peixinho/ E
soubesse nadar, eu tirava a Maria/ Lá do fundo do mar....

• Alecrim, alecrim dourado/ Que nasceu no campo/ Sem ser semeado. Oi, meu
amor, Quem te disse assim, Que a flor do campo/ É o alecrim? Alecrim, alecrim
aos molhos, Por causa de ti/ Choram os meus olhos. Alecrim do meu coração/
Que nasceu no campo/ Com esta canção....

• Atirei o pau no gato tô tô/ Mas o gato tô tô/ Não morreu reu reu/ Dona Chica cá/
Admirou-se se/ Do berro, do berro que o gato deu/ Miau!...
Fonte: própria autora.

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• Parlendas
As parlendas são textos recitados com algum ritmo, e isso faz com que a
memorização seja mais eficiente e que o conteúdo seja melhor absorvido pelo leitor.
São as parlendas que deixam conteúdos mais atrativos, por isso muitos professores
utilizam essa ferramenta nas fórmulas das disciplinas, principalmente nos cursos
preparatórios para o vestibular.
Como características principais, as parlendas devem conter textos curtos, ser
divertidas e conter rimas. Exemplos:
“Quem cochicha o rabo espicha, como pão com lagartixa”.
“Corre cotia, na casa da tia. Corre cipó, na casa da avó. Lencinho na mão, caiu no
chão. Moça bonita do meu coração”.
“Batatinha quando nasce, espalha a rama pelo chão, mamãezinha quando dorme,
põe a mão no coração”.
As parlendas também oferecem diversas possibilidades de brincadeiras rítmicas.
Por exemplo, a parlenda “corre cotia”, pode se transformar na brincadeira em que, as
crianças sentam em círculo e fecham os olhos, uma criança gira em torno do círculo
e durante a cantiga deixa um lencinho atrás de um colega. Quando acaba a cantiga
todos olham para trás, e o “escolhido” é o próximo a correr na roda.
Teatro musical
Uma atividade em que os alunos provavelmente vão se envolver potencialmente é
o teatro com música, ou com fantoches. Nessa atividade os alunos devem “encenar”
as situações das músicas produzindo um grande estimulo de expressão corporal.
A faixa etária que estamos trabalhando nessa aula vive uma fase de grande
intimidade com bonecos, por isso a opção de transformar os bonecos em bailarinos
é bastante benvinda.
Percussão Corporal
Parece estranho propor esse tipo de atividade para crianças tão pequenas, mas
acreditem que o simples fato deles baterem palmas nas festas de aniversário no ritmo
dos “parabéns” exerce forte influência na consciência rítmica e musical de cada um.
Movimentos com as mãos e pés nos ritmos das músicas são importantes para
que esse aspecto seja estimulado. Exemplo de atividade:
O professor propõe uma música e estipula um momento para a palma:
Um dois (palma), feijão com arroz (palma). Três, quatro (palma), feijão no prato
(palma).

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Colocar as crianças em contato com acessórios e instrumentos musicais


Conhecem aquela saia de dança árabe cheia de moedas que fazem barulho ao se
mexer?
Esse tipo de acessório, utilizado nas aulas de dança, vai potencializar a participação
dos alunos.
Os instrumentos musicais também são muito bem aceitos, claro que será uma
barulheira, mas é uma barulheira do bem!!!
Bebês amam chocalhos, e existe uma série de brinquedos que imitam instrumentos
musicais, além dos feito de sucata (spoiler: nossa última aula será uma oficina de
instrumentos).
Existe um brinquedo didático que se chama “Bandinha do Barulho” e pode ser usado
tanto em escolas quanto, nas aulas de dança, ou até em casa. São 10 instrumentos
musicais com tamanho adaptado para crianças: 1 prato, 1 afuche, 1 corneta, 1
castanhola, 1 coco, 1 pandeiro, 1 blac-blac, 1 maraca, 1 reco-reco e 1 triângulo.

Figura 7: Bandinha do Barulho


Fonte: https://cosmos.bluesoft.com.br/produtos/7898558063034-bandinha-do-barulho-conjunto-10-instrumentos-brinquedo-musical-infantil-cbr8-1363

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Mudar o andamento das músicas


Essa atividade consiste em cantar e dançar as músicas infantis de forma mais
lenta e mais rápida, para que os alunos percebam a influência do ritmo no movimento.
Relaxamento antes de ir embora
É importante que os alunos conheçam esse benefício que a música nos traz. Uma
dança relaxante é possível de ser trabalhada e fará com que as crianças se acalmem
antes de voltar para casa.

Figura 8: Relaxamento para crianças


Fonte: https://www.saocarlos.usp.br/creche/2015/03/momento-de-relaxar-massagens/

Bom pessoal, finalizamos aqui nossa aula, espero que o conteúdo seja de grande
valia para a elaboração das futuras atividades que irão preparar na vida profissional.
Nas próximas aulas vamos dar continuidade aos exemplos, desenvolvendo propostas
para as demais idades.
Obrigada pela atenção de todos.
Até a próxima aula.

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CAPITULO 13
PROPOSTA DE ATIVIDADES
RÍTMICAS PARA CRIANÇAS
DE 7 A 14 ANOS

Figura 1: Aula de ritmo para pré-adolescentes


Fonte: https://www.udesc.br/cead/noticia/udesc_oferece_curso_online_e_gratuito_para_professores_de_musica_do_ensino_fundamental

Olá alunos e alunas, vamos dar continuidade às propostas de atividades rítmicas,


agora focando nas crianças um pouco maiores e nos pré-adolescentes.
Como já foi dito nas aulas anteriores, é importante para o professor que trabalha
com crianças, independente da faixa etária, que haja uma conexão com o professor
da instituição escolar. Pois alguns aspectos do desenvolvimento infantil podem ser
potencializados se forem estimulados em ambientes para além da sala de aula, como
nas escolinhas de atividades infantis e até mesmo na própria casa.
Nesta aula estamos nos referindo às crianças que frequentam o ensino fundamental,
é preciso que as particularidades dessa etapa da infância sejam bastante conhecidas
para que o planejamento de atividades seja bem direcionado.
As crianças a que nos referimos aqui, estão vivenciando no ambiente escolar o
processo de alfabetização (aprimoramento da linguagem), e estão passando pela
transição do ensino infantil para o ensino fundamental (fator que pode gerar alguma
insegurança e desconforto). Muitos deles também podem ter vivido uma “troca de
escola”, situação que precisa ser compreendida pelos professores.

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No aspecto psicológico, as crianças passam a ter uma visão maior do mundo e da


complexidade de diversos assuntos e por isso, adquirem diferentes olhares sobre a
realidade, e com diferentes perspectivas. Outra questão interessante é o surgimento
das primeiras habilidades de se colocar no lugar do outro, o que gera a busca por
regras sociais e pela justiça. Até porque essa questão torna-se, em muitas situações,
uma necessidade.
Também faz parte de nossa discussão os pré-adolescentes, que no ambiente escolar
estão frequentando as séries finais do ensino fundamental (de 6° ao 9° ano).

Figura 2: Ritmo na infância


Fonte: https://www.educacaoconquista.com.br/nao-categorizado/como-trabalhar-musica-em-sala-de-aula/

Nesse momento os professores devem se atentar a alguns aspectos importantes,


como a mudança escolar do professor polivalente para os professores especialistas,
situação que ocorre na passagem do 5° para o 9° ano.
Mas esse é apenas um dos desafios. No Ensino Fundamental, o aluno entra ainda
criança e sai adolescente, e a adolescência precisa ser tratada com cuidado. No geral,
os adolescentes possuem uma variabilidade de humor muito grande, uma preocupação
excessiva com a aparência e um constante conflito com os pais. Para que haja uma
afirmação da sua personalidade o adolescente deve passar por uma fase de oposição
e negativismo às sugestões e ordens vindas dos familiares e professores.

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Não vamos nos aprofundar nesse assunto, já que algumas disciplinas são
direcionadas exatamente para esse assunto, mas é bom que esse conhecimento
venha à tona antes de pensarmos nas propostas de atividades para esse público,
pois caso contrário, na prática, os professores podem se sentir confusos e desafiados
pelas atitudes e personalidades dos alunos.

Figura 3: Dança para adolescentes


Fonte: https://gestosballet.com.br/modalidades/street-jazz/

Antes de apresentarmos algumas práticas para vocês, futuros professores, é bom


lembrarmos que nessa fase algumas crianças passam a se interessar por determinadas
atividades, alguns pelo esporte, outros por cursos de línguas e alguns pelas aulas
de dança. Nesse caso, as habilidades dos mais interessados serão perceptíveis, da
mesma forma que o desinteresse dos alunos que julgam não gostar de dança também
pode ser percebido.
Sugestão de atividades rítmicas
O lúdico não pode ser esquecido
Como dissemos anteriormente, as crianças dessa faixa etária estão passando por
transições relacionadas ao final do ensino infantil e ao início do ensino fundamental.
Como no ensino infantil a principal ferramenta de trabalho do professor é a ludicidade,
os próximos professores não devem paralisar essa ação radicalmente. É preciso que
as formas de trabalho sejam mescladas para que haja maior aceitação da turma.
Por isso, independente das aulas de ritmo acontecerem na escola ou em outros
ambientes, as brincadeiras musicais deverão estar presentes.
Estátua
É provável que muitos de vocês conheçam essa brincadeira, já devem ter inclusive
experimentado. O desenvolvimento está em deixar uma música tocando enquanto

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todos dançam livremente. Quando o professor para a música ele grita: “estátua”, e
todos devem ficar paralisados na exata posição que estavam no momento que a
música parou, sem poder se mexer, nem rir. Após a fiscalização do professor para ver
se ninguém se mexe, a música é retomada e todos voltam a dançar.
Dança da cadeira
A dança da cadeira é outra brincadeira bastante conhecida, e que é bem recebida
por todas as idades. Consiste em organizar um círculo de cadeiras e cada aluno fica
em pé ao lado de uma. Deve existir um participante a mais do que a quantidade de
cadeiras. Quando começa a música os alunos devem dançar em volta delas, e quando
o professor parar a música todos devem se sentar. Um dos alunos não terá cadeira
disponível, portanto ele não se senta e perde essa rodada, retirando uma cadeira e
saindo da brincadeira. A atividade continua até reste um único aluno no jogo, e ele
será o campeão.
Dança dos animais
Essa brincadeira consiste em dançar imitando os animais que o professor propuser.
Exempli: se o professor fala que todos devem imitar um sapo, todos os alunos dançam
as músicas imitando os movimentos dos animais. Dentre todos os benefícios que os
movimentos corporais desenvolvem, essa brincadeira favorece a imaginação.
Dança da bexiga
Essa atividade estimula o trabalho em equipe de forma lúdica.
Os alunos, em duplas, devem segurar uma bexiga entre determinadas partes do
corpo. Exemplo: o professor fala: cabeça. Os alunos devem dançar segurando uma
bexiga com as cabeças.
A brincadeira segue mudando as partes do corpo: mãos, coxas, bumbum, braços,
costas e etc.
Dançar seguindo o ritmo
Essa atividade é uma proposta sem música, onde o professor emite um som, que
pode ser em um tambor (balde) ou até mesmo com palmas.
Os alunos devem se mexer seguindo a batida, que vai se alternando (rápida, devagar,
com pausas).
Uma variação é mudar o tipo de movimento. Exemplo: os alunos seguem a batida:
• Batendo palmas
• Batendo o pé no chão
• Realizando movimentos com os braços

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• Rodando o quadril
Essa brincadeira vai auxiliar a execução de atividades que exigem a percussão
corporal.
Coreografias

Figura 4: Aula de dança para jovens


Fonte: https://www.atados.com.br/vaga/aula-de-danca-para-jovens-1

A criação de coreografias para crianças pode ser um desafio para os professores,


afinal, devido à idade, os alunos ainda não conseguem se concentrar por bastante
tempo.
Mas se arriscar nessa tentativa pode trazer resultados impressionantes. Afinal,
muitas danças não precisam de técnicas específicas para se tornarem graciosas.
As próprias crianças podem auxiliar na escolha da música e na criação dos passos,
e esse envolvimento no processo de criação certamente vai prender a atenção dos
envolvidos.
Músicas conhecidas por eles, e com letras em português serão mais fáceis de
serem desenvolvidas pelos alunos dessa faixa etária, já que eles vão desenvolver
gestos que correspondem ao que está sendo dito pelo cantor.
Uma forma de estimular a criação de coreografias, é a proposta de apresentação
do resultado, que pode ser para os próprios pais, para a escola, para colegas de outras
turmas e etc.

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Participação em eventos da comunidade

Figura 5: Apresentação de dança


Fonte: https://www.pmvc.ba.gov.br/alunos-de-escola-municipal-apresentam-espetaculo-de-danca-em-shopping/

Quem resiste às apresentações de dança das criancinhas?


O coração derrete com tanta beleza. E isso passa longe de avaliar a perfeição dos
movimentos.
Dando continuidade ao tópico anterior, as preparações de coreografias podem ser
temáticas, de acordo com o evento cultural de sua escola, comunidade ou região. É
bastante comum a apresentação de danças infantis características, como acontece
com as quadrilhas em festas juninas, com danças do dia das mães e dos pais, nas
festas de Natal ou Páscoa e etc.
Quando a preparação de uma coreografia e os ensaios tem um propósito maior (o
evento), percebemos maior dedicação dos alunos e maior colaboração da família, que
pode auxiliar nos ensaios extras na própria casa e na preparação do figurino das crianças.
Para essa faixa etária os professores podem abusar da criatividade, pois,
pincipalmente os menores, ainda não desenvolveram aquela timidez que é comum
na adolescência.
Atividades rítmicas - Escravos de Jó

Figura 6: Escravos de Jó
Fonte: https://prezi.com/ueyodsaqzgiv/escravos-de-jo/

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Já que também estamos falando de ritmo, esses jogos cantados são muito bem
recebidos por essa faixa etária, porque eles acabam se tornando um desafio, já que
se alguém errar, o jogo é paralisado e deve ser recomeçado.
Essa atividade será melhor sucedida se for aplicada para os mais velhos, porque
exige bastante senso de ritmo e coordenação motora. Pode ser realizada com objetos
e com o próprio corpo.
A cantiga de roda “Escravos de Jó”, é bastante conhecida, pode acontecer com o
manuseio de pedras, copos e com o próprio corpo:
Escravos de Jó
Jogavam Caxangá
Tira,
Põe
Deixa ficar
Guerreiros com guerreiros fazem
Zigue-zigue-zá
A opção de trabalhar a música com o corpo consiste em dispor todos os alunos
em círculo, onde brincam cantando, saltando e rodando: quando os alunos cantam
a palavra “tira”, os alunos se retiram do círculo, e quando dizem a palavra “põe” os
alunos retornam para o círculo. Quando cantam “zigue-zigue-zá” realizam saltos para
a direita e para a esquerda.

ISTO ESTÁ NA REDE

Uma variação dessa atividade é o “bate lata” com uma música chamada “Fome
come”. Conheçam essa proposta assistindo ao vídeo: Palavra Cantada | Fome
Come, disponível em: https://youtu.be/RWEp0UD21NU, acesso em 10 de maio de
2022.

Percussão corporal
Continuando a discussão sobre ritmos, essa atividade é excelente para que as
crianças desenvolvam a noção de ritmo, além do trabalho em equipe e do esquema
corporal.
Sugestão:
• Divida a turma em grupos

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• Cada grupo faz um movimento com o corpo (palma, estalar de dedos, batidas
dos pés no chão, batidas das mãos nas partes do corpo)
• O professor define um ritmo para cada grupo
• Todos devem realizar os movimentos juntos regidos pelo professor
Banda de sucata
Seguindo a ideia da atividade anterior, os grupos podem potencializar o resultado
fazendo uso de objetos que produzem som, como: copos, panelas, colheres, latas,
baldes.
Essa atividade parece uma bagunça, mas leva a resultados muito positivos, pois
trabalha, além do ritmo, o cuidado com o meio ambiente (reciclagem), a arte e a
coordenação motora fina dos alunos.
Finalizamos aqui nossa aula lembrando que as opções são diversas. Reiteramos
que não é necessário que o professor seja especialista em dança para se arriscar
nessas propostas de atividade. Todas as práticas serão bem aceitas pelos alunos e
certamente haverá um grande envolvimento da turma.
Nossa próxima aula será uma continuidade do assunto, com propostas de aulas
de dança para jovens, adultos, dança adaptada e dança para a melhor idade.
Até a próxima aula.

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CAPITULO 14
PROPOSTA DE
ATIVIDADES RÍTMICAS
PARA JOVENS, ADULTOS
E PARA A MELHOR IDADE

Figura 1: Dança para jovens


Fonte: https://semmais.pt/2020/07/31/danca-para-jovens-no-bairro-da-bela-vista/

Olá alunos e alunas, nessa aula daremos continuidade às nossas propostas de


atividades objetivando auxilia-los na composição de planos de aula que atendam as
diversas demandas existentes.
Quando falamos da juventude, estamos nos referindo a etapa da vida mais conflituosa
de um ser humano. É a fase dos questionamentos e da rebeldia, aspectos que surgem
pela influência hormonal da maturação do corpo e pela influência social exercida pela
pressão que eles vivem, pois precisam decidir pontos cruciais que refletirão por toda
a vida.
Em se tratando das atividades que envolvem ritmo e dança, nessa faixa etária
alguns jovens já se identificam com a prática, e participam de atividades simplesmente
porque gostam, frequentando aulas de dança e/ou de música. Outros estão à procura
de alguma atividade que se identifiquem, para relaxar, desestressar, ou para praticarem
uma atividade extra.
Não podemos deixar de considerar que alguns jovens estão vivenciando um forte
conflito com seu próprio corpo (fator potencializado pelo padrão de beleza imposto

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pela mídia e sociedade), por isso sentem vergonha de utiliza-lo como instrumento de
expressão, o que pode dificultar a aplicação de certas propostas de atividade.
Para vocês, futuros profissionais, ao iniciarem o trabalho com essa faixa etária, é
necessário que primeiramente realizem uma sondagem dos reais interesses de cada
um, pois, nada impede de que um aluno com mais habilidade auxilie os iniciantes nas
práticas corporais, essa atitude será bastante benéfica na obtenção de resultados,
pois os jovens gostam de se sentir uteis e necessários e também gostam de aprender
com quem é mais experiente. Essa é uma boa dica para unir o útil ao agradável.

Figura 2: Festival de danças


Fonte: https://www.fortaleza.ce.gov.br/noticias/alunos-do-grupo-de-danca-do-cuca-mondubim-se-preparam-para-mostra-artistica-na-finlandia

Uma característica especial desse público é a AUTONOMIA. Dessa vez o professor


lança a proposta e conduz o desenvolvimento, mas tudo é organizado, planejado e
desenvolvido pelos próprios alunos.
No ambiente escolar, os jovens que frequentam o ensino médio, já possuem gostos
característicos por músicas, e aí está outra ferramenta bastante útil para o trabalho
dos professores.
Diante do que foi exposto acima, vou expor nessa aula a forma que eu trabalho
ritmo e dança com o público jovem há bastante tempo:

Proposta de atividades para jovens – um relato de experiência:

Figura 3: Apresentação de dança


Fonte: https://www.ubatuba.sp.gov.br/noticias/16o-festival-de-danca-em-ubatuba-comeca-amanha/

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Nesse trecho da aula vou me dirigir aos professores que trabalham nas escolas,
mas claro que muitas dicas serão valiosas para os profissionais de outros espaços
que envolvam dança.
Vale dizer que, nas práticas escolares, muitos alunos vão ficar receosos com esse
tipo de proposta, mas normalmente eles se rendem à essa aventura conforme vão
percebendo que o que parecia impossível está ao alcance de todos.
Como parte do currículo de Educação Física, a proposta é que os alunos pesquisem
e apresentem em forma de seminários, rodas de conversas e atividades práticas,
diversos temas relacionados a ritmos e a dança.
Vejamos alguns exemplos:
Temas que envolvem a dança
• História da dança no Brasil
• História da dança no mundo
• Elementos técnicos da dança
• Benefícios da dança para a saúde

Temas que envolvem o ritmo


• Retomada das brincadeiras de roda (criadas pelos próprios alunos)
• Formação de banda rítmica (nessa fase com maior elaboração)
• Apresentação de percussão corporal (criada por eles)

A partir disso, a próxima ideia é a criação de uma coreografia.


Essa parte da atividade deve ser realizada com bastante cuidado, porque, devido às
características dessa faixa etária, existe por parte dos alunos um envolvimento muito
maior quando eles se sentem livres para criar passos de músicas escolhidas por eles.
Existem tentativas de projetos que não deram certo simplesmente pelo fato do
professor conduzir as atividades de forma arbitrária e irredutível, definindo um tema
de danças que não agrada os alunos dessa idade.
Para a criação das coreografias os alunos devem formar grupos e seguir alguns
passos instruídos pelos professores:
• Ouvir a música diversas vezes
• Encontrar o que chamamos de “tempo” da música
• Dividir a música em trechos
• Criar movimentos para o primeiro trecho

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• Após o grupo todo aprender os movimentos iniciam a preparação dos próximos


trechos, até que a música se complete.

O nível de complexidade das coreografias vai variar de acordo com a habilidade


dos participantes, as coreografias vão das mais simples às mais complexas.
A apresentação desse trabalho finalizado deve ocorrer seguindo a seguinte ordem:
• Apresentação para o professor (que opina e sugere caso seja necessário)
• Apresentação para a sala de aula
• Apresentação para toda a escola

A última fase desse projeto, quando diversas salas de envolvem, é a ideia da criação
de um festival, que pode ocorrer no pátio ou anfiteatro da própria escola, na praça do
bairro ou até no teatro do município.
Para concretizar esse evento algumas questões devem ser bem pensadas, como:
• Reserva de data
• Organização de alguns meses de ensaio e aperfeiçoamento
• Organização de Figurino
• Organização do local – cuidados com quantidade máxima de pessoas, saída
de emergência, segurança e etc.
• Divulgação do evento e convites
• Organização de uma comissão para auxiliar no projeto

Lembramos que esse projeto pode ser organizado para todas as faixas etárias, o
que muda é que no caso dos jovens a autonomia age a favor do professor, que ao
invés de alunos, passa a ter parceiros trabalhando com o mesmo objetivo.

ISSO ACONTECE NA PRÁTICA

Essa é uma das danças que foi apresentada no Festival de Danças da ETEC Jacinto
Ferreira de Sá de Ourinhos. Vale dizer que, antes da organização desse projeto,
nenhum dos alunos que se apresentaram nessa música haviam sequer vivenciado
uma aula de dança. Por isso percebam que não há profissionalismo, e sim,
envolvimento e muita dedicação.
Problem Dance Cover, disponível em:
https://youtu.be/Dr2kpmRGVwg, acesso em 06 de maio de 2022.

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Proposta de atividades rítmicas para os adultos

Figura 4: Dança para adultos


Fonte: https://www.parizarteemdanca.com.br/

Essa faixa etária pode aproveitar bastante as aulas de dança como uma forma de
realizar a prática de exercícios físicos, pois a dança é uma excelente atividade que
beneficia não só a saúde física, mas a saúde mental e espiritual, além disso, através
das práticas corporais, os adultos se reconectam com o próprio corpo, muitas vezes
esquecido pela correria do dia a dia.
A procura por essa atividade nas academias e outros espaços, está em crescimento
no Brasil, um dos exemplos são as famosas aulas da dança latina Zumba, que foram
muito bem aceitas pelo público adulto, já que o que vale nessa atividade é soltar o
corpo e se mexer, sem exigência técnica específica.

ISTO ACONTECE NA PRÁTICA

Quer conhecer a dança Zumba? Então se prepare e se arrisque na tentativa dos


primeiros passos acompanhando o vídeo: Aula de ZUMBA para INICIANTES,
disponível em: https://youtu.be/JSGICjSPtsk, acesso em 10 de maio de 2022.

Outro aspecto importante que deve ser lembrado, é que a dança para adultos é
capaz desenvolver autoconhecimento, equilíbrio e bem-estar.
Além disso, os movimentos da dança são peças chave na ativação da memória,
na melhora do tônus muscular, no aprimoramento das habilidades físicas e no
desenvolvimento da função cardiovascular.
Vimos nas primeiras aulas da disciplina os benefícios da dança na vida de todos,
e o quanto ela é capaz de trazer alegria, estimular a criatividade e a relação com o

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próprio corpo. Para os adultos que possuem uma rotina intensa de trabalho e cuidados
com a casa, podemos afirmar que a dança é uma ótima opção para rejuvenescer a
alma e o espírito.
Outros benefícios da prática da dança que devem ser lembrados são:
• Prevenção de diversas doenças
• Contribuição com o bem-estar da mente
• Estimulo da socialização

Com relação às atividades que podem ser trabalhadas com o público adulto,
é evidente que o professor deverá dedicar um tempo maior para preparação das
coreografias, pois ele poderá estar diante de alunos que possuem algum envolvimento
anterior com essa prática corporal. Uma proposta é a dança em formato de exercícios
aeróbicos, onde toda turma segue os passos do professor. Além disso, o professor
pode mesclar os diversos gêneros musicais, como Balé, dança contemporânea, jazz,
sapateado, danças urbanas, danças de salão, e etc.
Ademais, outras brincadeiras rítmicas que sugerimos nas aulas anteriores serão
bem aceitas, uma prova disso é a utilização dessa ferramenta (praticas corporais)
em momentos de recreação e socialização oferecidos por empresas, nas palestras
ou em outros eventos.

Proposta de atividades rítmicas para a melhor idade

Figura 5: Dança sênior


Fonte: https://prefeitura.pbh.gov.br/noticias/danca-senior-e-uma-das-atracoes-do-programa-vida-ativa

Erick Erikson (1976), quando mapeou os estágios psicossociais do desenvolvimento,


sugeriu que a personalidade das pessoas se desenvolvia por meio da solução de
tensões das etapas que vivenciamos ao longo da vida.
Ele dividiu esses estágios em oito etapas, sugiro que leiam sobre isso, mas agora
vamos nos atentar na oitava etapa definida por Erikson:
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Integridade x desespero: entre 60 anos e o resto da vida:


Segundo Erickson (1976), a velhice é a fase em que a pessoa faz um “balanço” de
toda sua vida. A pessoa passa a refletir sobre tudo que viveu e a forma que agiu, para
poder avaliar seu legado.
A pessoa pode se tornar mais doce (pode ser por gratidão ou por arrependimento),
ou mais amarga (pode ser por revolta ou indiferença).
Em resumo, quando não existe o sentimento de realização, a tendência ao desespero
com a chegada do fim da vida é bastante provável.
A partir desse conceito, enquanto futuros docentes, vamos passar a olhar para os
idosos com mais empatia e compreensão.
Já discutimos no início da disciplina os benefícios da dança para a terceira idade,
agora vamos pontuar propostas de atividades que sejam capazes de elevar a autoestima
e autoconfiança desse público, que, na maioria das vezes, é sedento por momentos
de alegria e descontração.
Relembrando alguns benefícios das práticas corporais:
• Melhora do equilíbrio e agilidade
• Manutenção muscular
• Melhora da coordenação motora
• Melhora do convívio social
• Melhora da autoestima
• Promoção de bem-estar emocional
• Estímulo da memória

ANOTE ISSO

Sabia que você pode proporcionar a prática da dança até para os idosos que
utilizam andador?
Esse acessório vai garantir segurança e confiança no idoso com mobilidade
reduzida.
A proposta é que ele se levante ao som de uma música e que se movimente
da maneira que quiser. Um companheiro pode realizar movimentos ao redor,
transmitindo a impressão de uma dança de casal.
Fonte: a própria autora

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Proposta de atividades:
O público da terceira idade aceita muito bem qualquer uma das propostas das fases
anteriores. Eles podem participar de brincadeiras infantis até festivais de dança. Além
disso é bastante comum os clubes da terceira idade apresentarem coreografias em
eventos da comunidade, como exemplo temos as quadrilhas de festas junina.
• Zumba - é uma dança divertida que vai proporcionar momentos de leveza e
bem-estar aos idosos.
• Balé adaptado – movimentos básicos do balé são ótimas alternativas para o
fortalecimento dos músculos.
• Dança de salão – com certeza é a queridinha dos “velhinhos”, como já dissemos
no início da disciplina, essa atividade relembra os tempos de baile da época da
juventude dos participantes.
• Diversos gêneros musicais – desenvolver vivencias com gêneros como o jazz,
o tango, a valsa vai gerar bastante envolvimento do público.

Vale dizer que atualmente existe uma modalidade chamada “Dança sênior”, que é
uma dança desenvolvida especialmente para esse grupo. Essa dança mistura diversos
gêneros além de exercícios físicos e de interação social.

Figura 6: Dança para idosos


Fonte: https://longevivermelhor.com.br/bem-estar/danca-senior-beneficios-que-vao-muito-alem-da-diversao/

Vamos finalizar aqui nossa aula lembrando que apresentamos algumas possibilidades
de atividades, mas existe uma diversidade de opções para cada faixa etária. O mais
importante é que o professor se sinta seguro em se arriscar, pois o erro é um elemento
necessário de uma tentativa, e somente com ele iremos aprender na prática a solução
de diversas situações.
Na próxima aula iremos apresentar diversas opções de confecção de instrumentos
de sucata que serão bastante úteis nas aulas de ritmo e musicalização.

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CAPÍTULO 15
OFICINA DE INSTRUMENTOS
DE SUCATA – BANDA RÍTMICA

Olá alunos e alunas, chegamos ao fim de nossa disciplina. E é com imenso prazer
que encerro nossas discussões trazendo ideias de confecção de instrumentos musicais
que podem ser muito bem aproveitados nas aulas de dança, independente da faixa
etária.
Para essa atividade, os materiais necessários são de fácil acesso, por isso a ideia é
que o professor coloque seus alunos para o desenvolvimento na prática, afinal, além
do trabalho com ritmo, estarão desenvolvendo a consciência ecológica, a coordenação
motora fina, o artesanato e a criatividade dos envolvidos.
Então lápis e papel na mão e bora lá!!!!
Para o desenvolvimento das propostas desta aula vocês vão precisar de:
• Arame (20cm)
• Garrafas pet
• Tampinhas de garrafa pet
• Tampinhas de garrafa de vidro
• Grãos
• 5 Vidros iguais
• Agua
• Colher de pau
• Lata
• Bexiga
• Caneta
• Fita adesiva
• Corante
• Funil

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Instrumento: Tambor

Figura 1: Instrumento musical Tambor


Fonte: https://br.depositphotos.com/stock-photos/tambor.html

Para fazer um Tambor de sucata você vai precisar de latas de alumínio e bexiga,
basta envolver a “boca” da lata com uma bexiga cortada e prender com um elástico
ou com fita adesiva.
O resultado vai proporcionar um som bem parecido com o tambor original, e você
pode bater com um cabo de colher de pau.
O tambor de sucata ficará como na imagem abaixo:

Figura 2: Instrumento musical Tambor de sucata


https://www.fragmaq.com.br/blog/confira-passo-passo-instrumentos-musicais-reciclados/

Instrumento: Guizo

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Figura 3: Instrumento musical Guizo


Fonte: https://br.depositphotos.com/stock-photos/tambor.html

O guizo de sucata poderá ser feito com arame, tubo de caneta e tampinhas de
garrafa. Você irá precisar furar todas as tampinhas e passar pelo arame, que deverá
ser preso formando um semicírculo. O tubo de caneta serve para apoio da mão.
Na imagem abaixo a confecção está mais elaborada, pois foi fixado um cabo de
madeira nas extremidades do arame.
O som do instrumento pode variar de acordo com o tipo de material que você usar
como “guizo”, pois poderá ser utilizado por exemplo, tampas de plástico e de metal.

Figura 4: Instrumento musical Guizo de sucata


Fonte: https://soloinfantil.com/brinquedos/instrumentos-musicais-reciclados/

Instrumento musical: Xilofone

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Figura 5: Instrumento musical Xilofone


Fonte: https://shopee.com.br/Xilofone-De-Madeira-Infantil-Com-15-Teclas-Em-Metal-Instrumento-Musical-Brinquedo-Infantil-Com-Mallet-De-
Madeira-i.397797927.9243067455

Uma proposta de xilofone de sucata é confecciona-lo com garrafas de vidro.


Você vai precisar de:
• Pelo menos 5 garrafas de vidro do mesmo formato e tamanho. (É importante que
elas sejam iguais para a proposta dar certo);
• uma varetinha e uma colher;
• Água;
• um funil;
• Anilina de cores diferentes, uma para cada garrafinha. Se você não tiver anilina em
casa, pode substituir por um pouquinho de tinta guache e até pó de gelatina.
Passo a passo:
1) coloque as garrafas uma do lado da outra e encha a primeira delas com água até
o gargalo.
2) na segunda, coloque 2 dedos a menos de água. Faça o mesmo com as outras,
colocando cada vez menos água em cada uma delas.
3) feito isso, pingue algumas gotas de anilina de cor diferente em cada garrafinha.
Misture bem com a ajuda de uma colher ou dê uma sacudida tampando o bocal para
a água não escapar.
4) pronto! Agora bata de leve em cada garrafa com a varetinha e veja como elas

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produzem sons diferentes, uns mais graves e outros mais agudos.


Por que isso acontece?
Todos os instrumentos musicais são produzidos pela vibração do ar. Seja uma
guitarra, uma flauta, ou as cordas vocais no momento do canto, tudo funciona devido
a passagem de ar que dá origem ao som. O som se propaga nos meios sólidos,
líquidos e gasosos.
Quando enchemos os vidros com água, e batemos no vidro ele vibra e transmite essa
vibração e produz som. Quando o volume de água é diferente o som pode mudar, o
que pode representar a escala musical Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si.

Figura 6: Instrumento musical Xilofone de sucata.


Fonte: https://m.facebook.com/educa.sim.com.2014/posts/1438947539581256

Figura 7: Instrumento Musical Xilofone de Garrafas de vidro.


Fonte: https://www.fragmaq.com.br/blog/confira-passo-passo-instrumentos-musicais-reciclados/

É importante dizer que as crianças, e até os idosos, gostam de trabalhar com arte
e decorações em geral, e esse tipo de atividade pode proporcionar momentos
prazerosos dessas atividades. Uma sugestão é pintar as garrafas, colar tecidos
nas latas, colar rendas e assim transformar os instrumentos em belas produções
artísticas.

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Figura 8: Garrafas Pet decoradas.


Fonte: https://condominiomusical.wordpress.com/instrumentos-de-sucata/

Instrumento: Reco Reco


Esse instrumento originalmente produz som ao “rasparmos” um objeto sobre linhas
marcadas transversalmente.
No caso do Reco Reco de Garrafa pet (figura 10), a única semelhança é o som
produzido. Uma alternativa mais parecida com o original é utilizar o espiral de
cadernos e agendas e um lápis para “raspar”, ou realizar os movimentos nas próprias
marcas das latas de alumínio.

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Figura 9: Instrumento musical Reco Reco

Figura 10 – Instrumento musical Reco Reco de sucata


Fonte: https://br.pinterest.com/pin/351773420868530282/

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Instrumento: Chocalho

Figura 11: Instrumento musical Chocalho


Fonte: https://plazajpn.com/instrumento-musical-do-chocalho-de-madeira-do-beb-7339?page=12

O chocalho é o instrumento mais fácil de ser confeccionado, e também é um dos


mais utilizados pelos professores que trabalham as bandas rítmicas em suas aulas.
Duas latas, o fundo de duas garrafas pet, uma garrafa com tampa, entre outras
opções, são materiais suficientes para que o som do chocalho seja desenvolvido.
O que manda são os grãos que iremos colocar dentro do instrumento, que pode
proporcionar um som mais grave ou mais agudo.

Figura 12: Instrumento Musical Chocalho de Sucata


Fonte: https://www.justrealmoms.com.br/construir-brinquedos-de-sucata-para-as-criancas/chocalho/

ISTO ESTÁ NA REDE

Quer saber como transformar uma garrafa de cerveja em flauta? Leia esse artigo
que explica o passo a passo e o que ocorre para que haja mudança no tom
produzido.
Transformando uma garrafa de cerveja em flauta. Disponível em:
https://ciensacao.org/experimento_mao_na_massa/e5089p_beerBottleFlute.html,
acesso em 10 de maio de 2022.

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