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SOBRE O USO DA DANÇA CIRCULAR COMO FERRAMENTA DE PROMOÇÃO DA

INTERAÇÃO E LINGUAGEM EM CRIANÇAS AUTISTAS E OUTROS ATRASOS DE


DESENVOLVIMENTO.
Cristina Santana
Vivemos hoje numa nova era, a Pós modernidade ou modernidade liquida. Sim o termo tem origem na
propriedade física das fluidos: que diz que eles não podem suportar uma força tangencial ou deformante
quando imóveis e por isto sofrem constante mudança de forma quando submetidos a tal tensão. Os fluidos
não fixam o espaço nem prendem o tempo, como os sólidos que resistem efetivamente ao fluxo do tempo.
Os fluidos não se atem muito a qualquer forma e estão constantemente prontos, propensos a mudá-la,
preenchem o espaço apenas por um momento. Fluidos se movem facilmente, contornam obstáculos,
dissolvem outros e não são facilmente contidos.
Logo, a escolha do termo fluidez ou liquidez como metáfora para o estágio presente da era moderna. Isto
pode ser observado na política, na economia, na ordem das classes sociais, no conceito de família, na
definição de gêneros, etc. A velocidade do movimento através do espaço chegou no limite da
“instantaneidade”. A instantaneidade está presente nas relações interpessoais, e apesar de ser
essencialmente social, o homem moderno se sente desconectado. A comunicação é instantânea, porém
superficial.
É imprescindível entender estes conceitos quando lidamos, educamos, cuidamos de crianças e
adolescentes, eles são filhos da Pós-modernidade, nasceram neste mundo “fluido”, chegam a desconhecer
o que era sólido na “nossa era”.
Olhando para estes conceitos conseguimos entender melhor a grande incidência de encaminhamentos
para a saúde mental tratar crianças e adolescentes:
As dificuldades escolares e o Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade batem o recorde de
incidência, e agora temos o vício tecnológico como mais nova categoria diagnóstica. Os filhos da
modernidade líquida “preenchem o espaço das carteiras escolares apenas por um tempo”, logo querem se
levantar. Eles não se atem às formas ou “fôrmas” e estão sempre propensos a mudá-las, e eles não são
facilmente contidos, o que tem enlouquecido os professores.
A escola tem a mesma “fôrma”, é o mesmo sólido desde que nossos avós foram alfabetizados. E os filhos
da modernidade Líquida têm o pensamento fluido, processam as informações no ritmo da transmissão
tecnológica, com uma passada de olho na tela, dão notícia do que está acontecendo pelo mundo.
Não é diferente com as CRIANÇAS ditas ESPECIAIS, elas estão também “antenadas” e dominam a
tecnologia nos primeiros anos de vida. Não é fácil ser pais, professores e terapeutas neste cenário de
liquidez, uma vez que crescemos e nos formamos sob os pilares sólidos desta era passada chamada
Modernidade.
Dentro desde cenário, é preciso, sem dúvida, reinventar a clínica todos os dias. A cada novo indivíduo
que chega, com sua singularidade, nível de desenvolvimento, grau de acesso a estímulos adequados,
dinâmica familiar.
Foi dentro deste “cenário fluido, de movimento frenético de informações e de uma hiperatividade de
atendimentos” que me deparei com o uso da música e da dança como ferramenta de trabalho. Uma
ferramenta de movimento do corpo, que “balanceia” as pessoas e alguns paradigmas.

DANÇA E PSICANALISE:

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Apontamentos sobre o corpo contemporâneo:
“ Pelos caminhos da psicanálise, é sempre o outro que constitui a mim mesmo como pessoa. E isso
acontece nos primórdios, muito cedo, por meio das experiências do corpo.
O dançar, que fique claro isso, como movimento espontâneo e não cheio de tecnicismos, “põe em jogo” a
vida em relação ao corpo. O prazer do gesto, não colonizado pela meticulosidade do treinamento ritual
(aquele que nem sequer interrogamos no cotidiano).
Somos corpos reais, e não extraordinários. O corpo dói, adoece, se afeta, quer repousar e se mover na
hora errada. Tem ciclos e morre. Enquanto isso os relógios ditam resultados que possam ser verificados
quantitativamente…
Walter Benjamin foi um daqueles que mais bem observaram as trágicas transformações nos modos de
viver, que deslocaram o lugar do corpo neste mundo. Num ambiente moderno de caminhos retificados,
ambientes homogeneizados, os movimentos passam a ser também controlados. O corpo passa a ser objeto
interiorizado de consumo. Entidade bidimensional, fechada. Impedem-se fluxos, contaminações e
espontâneas proximidades.
Eis que numa roda de dança cria-se de repente o coletivo. Ao brincar, estando mais solto e inteiro na
ação, sem autocrítica, experimento minha existência entre outros. Sem submissão. As partes do meu
corpo podem ser vividas como reais, animadas pela minha presença. Estou vivo!”
( Trecho do texto: “Encontro entre corpos: um estudo sobre o corpo por meio do diálogo entre a dança contato
improvisação e a psicanálise winnicottiana’, de 2012 de Pedro Rodrigo Sanches. )

Mas o que é e porque a Dança Circular?


A dança é uma das mais antigas formas de manifestação humana, é a expressão através do corpo que
transcende o poder das palavras e da mímica. (algo que muitas vezes falta ao autista).
A DC é um movimento da dança contemporânea que surgiu na década de 60, com Bernhard Wosie um
bailarino clássico alemão que foi dirigindo seu olhar para as danças populares, principalmente do sudeste
europeu, onde as danças de roda ainda se mantinham vivas.
Bernhard Wosie conviveu com Rudolph Laban, grande estudioso da linguagem do movimento e do papel
da dança na educação.
Bernhard Wosie desenvolveu de 1965 a 1986 um trabalho utilizando as danças circulares como
instrumento de “pedagogia de grupo”, juntamente com pedagogos e psiquiatras na Clínica Herkscher em
Munique e no Departamento de Pedagogia para Excepcionais, da Philips Universitat em Marburg,
Alemanha. Nesta experiência ele descobriu que a dança tinha um efeito terapêutico, apesar de este não ser
seu objetivo.
“ As Danças Circulares são conduzidas por uma pessoa chamada de focalizador, geralmente alguém que
estudou ou adquiriu alguma formação. O papel de focalizador é o de ajudar as pessoas a interagir, a
conviver em grupo, a vivenciar as danças numa roda ou círculo, ensinando alguns passos que serão
dançados coletivamente”. (Andrea Paula dos Santos).
“A Dança circular é uma reunião de pessoas em círculo com o objetivo de dançar. Não tem nenhum
cunho religioso ou objetivo espiritual. Nas Danças Circulares o que importa é que o grupo vivencie as
danças, sejam estas meditativas, folclóricas e/ou contemporâneas, respeitando a forma como cada um
coloca seu corpo em movimento e em diálogo com a presença das outras pessoas, buscando uma
experiência de integração, em que emerge uma prática coletiva na qual as individualidades também têm
seu espaço e seu papel. Algumas pessoas encontram nas Danças Circulares mais do que a possibilidade
de aprender sobre uma arte, sobre outras culturas ou apenas para movimentar o corpo, pois podem
conquistar igualmente uma experiência de autoconhecimento”... (Andrea Paula dos Santos)

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Eis alguns exemplos de pessoas que tem experiências terapêuticas com o uso da DC :
1. Ana Lúcia B. Costa - atualmente trabalha como professora universitaria na Universidadde de
Bolton, Inglaterra; há 14 anos atrás trabalhou com reabilitação social de adultos com sequelas cerebrais
em Manchester. Introduziu as dancas circulares no curriculum de TO na USP e Sorocaba. Atualmente
continua focalizando as dancas em grupos comunitarios e um em saude mental (um grupo comunitario e
independente). Terminou seu doutorado em danças Circulares em Novembro 2014: An investigation into
circle dance as a medium to promote occupational well-being.
2. Luiz Carlos Nogueira – Coordena o projeto “Dançando para viver” que atende 150 crianças e
adolescentes de áreas de risco no RJ.
3. Maria Cristina F. Bonetti – Desenvolve uma proposta de “Danças Circulares e Saúde Mental” no
hospital psiquiátrico Casa de Eurípedes em Goiânia.
4. Renata C. L. Ramos – Integrante do Centro de Educação Transdisciplinar da Escola do Futuro –
CETRANS* da USP, é focalizadora e autora. (*Movimento voltado para um novo paradigma na
Educação).
5. Nadir Mercedes Tiveron – Focaliza grupos de “Danças Circulares para a Melhor Idade” na
universidade Anhembi-Morumbi.
6. Céline Lorthiois – Criou o “Núcleo de estudos e fazer pedagógico” e desenvolve um trabalho
pedagógico pioneiro utilizando as DCs em Cotia – SP
7. Andrés Rey Fermandois – Psicólogo, desenvolve um trabalho com DCs numa Escola Especial em
Ciudad de Concepción – Chile.
Abaixo, tabela do CONASS que inclui a DANÇA CIRCULAR como um dos procedimentos do
SUS:
PORTARIA Nº 404, DE 15 DE ABRIL DE 2016
Inclui, altera e exclui procedimentos da Tabela de Procedimentos, Medicamentos, Órteses, Próteses e
Materiais Especiais do SUS.
O Secretário de Atenção à Saúde, no uso de suas atribuições, Considerando a Portaria nº 2.848/GM/MS,
de 6 de novembro de 2007, que aprova a estrutura e o detalhamento dos procedimentos da Tabela de
Procedimentos, Medicamentos, Órteses, Próteses e Materiais Especiais do Sistema Único de Saúde (SUS)
e suas atualizações;
Considerando a necessidade de acompanhamento e atualização da Tabela de Procedimentos,
Medicamentos, Órteses, Próteses e Materiais Especiais do Sistema Único de Saúde (SUS), resolve:
Art. 1º Ficam incluídos na Tabela de Procedimentos, Medicamentos, Órteses, Próteses e Materiais
Especiais do SUS os procedimentos abaixo:

Procedimento: 01.01.01.006-0 DANÇA CIRCULAR/ BIODANÇA


PRÁTICAS REALIZADAS EM GRUPO QUE UTILIZAM ABORDAGENS
Descrição: ESPECÍFICAS COM MOVIMENTOS CORPORAIS E MÚSICA NA ATUAÇÃO
TERAPÊUTICA
Complexidade: Atenção Básica
Modalidade: 01 Ambulatorial
Instrumento
02 BPA individualizado
deRegistro:
Tipo de 01 Atenção Básica (PAB)

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Financiamento:
Valor
R$ 0,00
Ambulatorial SA:
Valor
R$ 0,00
AmbulatorialTotal:
Sexo: Ambos
Idade Mínima: 0 meses
Idade Máxima: 130 anos
223505 Enfermeiro223530 Enfermeiro do trabalho223545 Enfermeiro obstétrico223555
Enfermeiro puericultor e pediátrico223560 Enfermeiro sanitarista223565 Enfermeiro da
estratégia de saúde da família2231F8 Médico em medicina preventiva e social2231F9
Médico residente225124 Médico pediatra225125 Médico clínico225130 Médico de
família e comunidade225139 Médico sanitarista225142 Médico da estratégia de saúde da
família225170 Médico generalista221205 Biomédico2231F8 Médico em medicina
preventiva e social223293 – Cirurgião-dentista da estratégia de saúde dafamília322430 –
Auxiliar em saúde bucal da estratégia de saúdeda família322425 – Técnico em saúde
bucal da estratégia de saúdeda família223208 Cirurgião dentista – clínico geral223405
Farmacêutico223425 Farmacêutico práticas integrativas e352210 Agente de saúde
CBO: pública223810 Fonoaudiólogo223905 Terapeuta ocupacional225105 Médico
acupunturista251510 Psicólogo clínico251555 Psicólogo Acupunturista223405
Farmacêutico223605 Fisioterapeuta geral223650 Fisioterapeuta acupunturista223660
Fisioterapeuta do trabalho223710 Nutricionista223810 Fonoaudiólogo2241E1
Profissional de educação física na saúde234410 Professor de educação física no ensino
superior251510 Psicólogo clínico251540 Psicólogo do trabalho251555 Psicólogo
Acupunturista251605 Assistente social322205 Técnico de enfermagem322210 Técnico de
enfermagem de terapia intensiva322230 Auxiliar de enfermagem322245 Técnico de
enfermagem da estratégia de saúde dafamília322250 Auxiliar de enfermagem da
estratégia de saúde dafamília515105 Agente comunitário de saúde515110 Atendente de
enfermagem515120 Visitador sanitário516220 Cuidador em saúde

Simbologia do círculo : Círculos são ancestrais, combinam de forma harmônica o antigo e o novo, muito
além de uma representação geométrica, são uma forma de estabelecer conexão, igualdade e inclusão.
Proporcionam foco e uma liderança compartilhada. No Brasil, assim como em outros países os círculos
vêm sendo usados como ferramentas de suma importância para as práticas restaurativas em várias áreas
(escolas, empresas, serviço social e judiciário). (PASSOS, C. 2010).
O modelo dos círculos descende dos tradicionais “círculos de diálogo” comuns aos indígenas da américa
do Norte, faz parte das raízes tribais da maioria dos povos e ainda são cultivadas entre os povos indígenas
do mundo. (2)
O círculo é um símbolo universal com significado amplo. Círculos não tem começo nem fim.
Círculos sugerem comunidade, integridade, onde todos estão no mesmo nível. O destaque do círculo é o
centro, onde existe um pouco da energia de todos os membros. No Círculo você olha e é visto por todos.
Círculos protegem, eles restringem. Limitam o que está dentro e mantém as coisas fora. Eles oferecem
segurança e conexão.
Abaixo, um paralelo entre as características do autismo e as possibilidades do trabalho em círculo:
Dificuldade e/ou desinteresse pela interação social. (o encontro semanal com o grupo vai aumentando o
contato com outras crianças, o “dar as mãos” acontece aos poucos e com naturalidade, quando eles
desejam entrar no círculo).

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Ausência ou atraso da linguagem oral. (Usamos músicas onde podemos explorar e ampliar o vocabulário
infantil)
Dificuldade de contato visual (quando estamos no círculo, vemos e somos vistos por todos)
Alterações sensoriais. ( durante a dança estamos integrando os estímulos táteis, auditivos, visuais,
sinestésicos e de equilíbrio).
Dificuldade de coordenação motora e consciência corporal. (é maravilhoso quando uma criança autista
começa a observar os movimentos do outro e tentar imitar, é o momento em que vemos como ele quer
interagir).
Dificuldades comportamentais. (O trabalho em grupo é um palco para manejar e orientar a família na
condução destas dificuldades, e trabalhar com os pais para suportá-las socialmente).
Dinâmica do grupo:

No convívio diário com autistas o desafio do improviso sempre está presente. Pois na minha convicção, a
singularidade de cada um deles nos exige mais do que um "método, uma técnica ou um material específico”.
Aprendi com meus pacientes a  reinventar várias vezes num mesmo dia. 
Porém, a música foi algo que percebi ser uma ferramenta poderosa para fazer contato com a maioria deles. 
De início, eu costumava cantar, depois usava sistematicamente o aparelho de som, depois percebi que ouvir a
música em grupo era mais divertido.  Passamos a ficar em círculo e fazer rodas às vezes. 
Após a minha formação em DANÇA CIRCULAR  fui fazer um levantamento bibliográfico do uso da mesma na
saúde da mente e do corpo. Uma das minhas referências foi o livro O Poder Terapêutico e Integrativo das  Danças
Circulares  (Deborah Dubner), Há também bibliografias no site Cielo sobre o uso das Danças Circulares no SUS do
estado de São Paulo.
Então aliei mais esta ferramenta ao meu trabalho,  como Fonoaudióloga, de promoção da relação interpessoal e do
desenvolvimento da linguagem. 
E desde então, os resultados tem sido bem interessantes. E os atendimentos bem alegres para as crianças e suas
famílias.

No caso do grupo de Autismo realizado com a participação dos pais, utilizamos a Dança Circular como ferramenta
de promoção da interação social, precursora do desenvolvimento da linguagem. 
No desenvolvimento ontogenético da linguagem, a criança começa a interagir com seu meio já nos primeiros dias de
vida (Contato visual , Sorriso social, linguagem gestual {apontar, dar tchau, chamar}, até chegar às primeiras
palavras). No autismo, este processo se dá com atraso, porém, a grande maioria segue estes passos de
desenvolvimento, de acordo com o grau de comprometimento de cada um.

O trabalho foi iniciado com encontros semanais com os pais sem a presença das crianças. Foi discutido o nível de
desenvolvimento de linguagem de cada um dos pacientes envolvidos e explicado o objetivo do uso da música e do
círculo. Os pais vivenciaram a Dança circular ao final de cada encontro durante 3 semanas. A partir da quarta
semana começamos a introduzir as crianças no grupo duas a duas, até completar o grupo. A roda sempre é iniciada
com os adultos, que são orientados a ficar em silêncio e acolher as crianças que voluntariamente vem pra o círculo a
qualquer momento, assim como a soltar as mãos de quem quiser sair e dar às mãos a quem estiver ao lado,
mantendo o círculo.

Normalmente após a primeira música a maioria das crianças já vem voluntariamente para a roda. Normalmente
usamos 2 músicas para harmonização do grupo e duas músicas para estimulação de linguagem, estas últimas têm
suas letras ilustradas e as imagens são colocadas no centro do círculo. Dançamos a música, depois a ouvimos
novamente mostrando as imagens, uma vez que isto auxilia na abstração da linguagem e depois abrimos a roda para
“quem quer falar”, pois a maioria está na fase de “primeiras palavras” e agora alguns entraram na emissão de “frases
de 2 a 3 palavras”, ou seja, seguindo o curso normal do desenvolvimento da linguagem. A fala de um tem sido um
incentivo ao outro e não um fator inibitório (como poderia se imaginar no autismo), e o uso do microfone tem
motivado inclusive as crianças que ainda não falam a verbalizar para ouvirem a própria voz.

Outros casos também vão para o grupo: Caio, tem diagnóstico de síndrome de Asperger, porém, ao contato com ele
a maioria das pessoas não lhe atribuiria nenhum diagnóstico. Tem uma fala pragmática, é afetivo, ótimo contato

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conosco. Eu estava prestes a lhe dar alta quando entrei em contato com a escola e ouvi relatos de dificuldades de
interação entre os pares que pareciam se referir a outra criança. Desde então, Caio está no grupo e na fala do pai: “eu
percebo ele mais feliz quando vem aqui”. Não apresenta dificuldades de interação no círculo como ainda acontece
na escola.

O grupo é usado também para complementar algumas avaliações da equipe. Como por exemplo, um caso recém-
chegado para a psiquiatria onde uma mãe estava supermedicando uma criança com síndrome de Down a ponto de
ficarmos com medo de a mesma vir a óbito, além da mudança da medicação, das orientações explícitas dadas pela
psiquiatria, à criança foi encaminhada ao grupo para observarmos e trabalharmos o vínculo parental. A mesma ainda
não compareceu.

Resultados:
Nos primeiros meses de trabalho, temos vistos evolução na socialização escolar de duas crianças de 4 e 7
anos de idade, aumento do número de emissão de palavras isoladas em três crianças de 3 a 4 anos,
evolução para frases na linguagem de uma criança de 5 anos, melhora na compreensão de metáforas em
uma criança de 11 anos e uma melhor interação entre todo o grupo.
Usamos uma lista de sinais e sintomas baseadas na ADI-R* para facilitar a respostas dos pais ao
questionário. Esta avaliação é aplicada a todas às crianças que chegam com suspeita de TEA e repetida de
6 a 8 meses após o início do tratamento.
Com o objetivo de mandar um relatório para a escola, reavaliamos um dos integrantes do grupo esta
semana, e de 24 itens marcados em março de 2015, a mãe marcou apenas 07 deles em dezembro de 2015.
Reavaliaremos todos os integrantes do grupo após 6 meses do início deste trabalho.
A tese de doutorada de Anna Maria Fernandes traz os resultados de seu trabalho com Dança e Autismo
realizada na França durante 7 anos. Atualmente estou cursando a disciplina “Dança e necessidades
especiais” com esta profissional que leciona na UFMG. A tese está citada na bibliografia abaixo. (9)
Bases teóricas:
1. BAUMAN, Zygmunt – Modernidade Líquida – Rio de Janeiro, 2001
2. Borges Da Costa, Ana Lucia (2014) An investigation into circle dance as a medium to
promote occupational well-being. PhD thesis, University of Bolton.
3. COSTA, Ana Lúcia Borges da – The experiencie of meaning in circle dance. Journal of
Occupational Science, 2016- Vol.23, No 2, 196-207
4. DUBNER, Deborah – O poder Terapêutico e Integrativo da dança Circular. Ed. Ottoni, 2015
5. FRANZOI, Mariana André Honorato; SANTOS JLG; BACKES VMS; RAMOS FRS –
Intervenção Musical como estratégia de cuidado de enfermagem a crianças com transtorno
do espectro do autismo em um centro de atenção psicossocial. Texto contexto enfermagem,
2016 – 25(1). http://dx.doi.org/10.1590/0104-070720160001020015 - UFCS
http://ubir.bolton.ac.uk/679/
6. MALLMANN, Maria de Lourdes Cardoso; BARRETO SJ – A dança e seus efeitos no
desenvolvimento das inteligências múltiplas da criança – Instituto catarinense de Pós –
graduação.
7. PRANIS, Kay – Processos Circulares – Teoria e Prática – São Paulo Ed. Palas Athena, 2010
8. SANCHES, Pedro Rodrigo - Encontro entre corpos: um estudo sobre o corpo por meio do
diálogo entre a dança contato improvisação e a psicanálise Winncottiana, 2012.
9. VIANA, Anamaria Fernandes – Dança e autismo, espaços de encontro. Tese de doutorado
Unicamp, 2015.

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