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Com agradecimentos:
Por: Aos meus professores;
Segundo Damásio (2010), o self(eu) pode ser definido “como uma sensação de
presença num organismo vivo, ou num registro saliente que inclua a
personificação e a identidade do dono dessa mente. Ora nos apercebemos, ora
deixamos de nos aperceber, mas sentimo-lo sempre: é a melhor maneira de
descrever a situação”.
Educação Somática
Todos os somas são processos holísticos de estrutura e função, em constante
troca entre matéria e energia; somas tendem simultaneamente a
homeostase e equilíbrio enquanto tendem à mudança e desequilíbrio, num
paradoxo que caracteriza e produz a vida; todo processo somático acontece
em padrões rítmicos cíclicos de movimento interno alternante (por exemplo,
sístole/diástole, expansão/contração, parasimpático/simpático, sono/vigília);
na ecologia somática, o soma tende à autonomia e independência de seu
ambiente enquanto tende a desejar e depender dele – tanto social quanto
fisicamente; todos os somas crescem numa alternância entre funções
adaptativas analíticas e sintéticas rumo à diferenciação; somas coordenam
suas partes holisticamente, intencionando seu crescimento, diferenciação e
integração. (Hanna, 1976, p. 32).
Educação Somática
Portanto, o soma tem a capacidade de perceber suas próprias funções
individuais, via percepção interna e pode sentir estruturas externas e
situações objetivas, via observação, realizada pelo self das relações que
estabelece no ambiente em que vive. A partir desse contexto, a cultura passa
ser um elemento importante a ser lembrado, que colabora para essa rede de
mecanismos expressar suas decisões e posturas sociais.
Fortin (2010) utiliza os métodos somáticos com um viés emancipatório de si.
Para a autora, os métodos somáticos propõem outra relação consigo e com
os outros, pois aprender a sentir o que se faz e reconhecer o que se sente é
uma forma de criar a própria vida, percebendo os limites reproduzidos por
valores dominantes da cultura e os padrões impressos na forma como cada
um se move.
Educação Somática
Foucault (1987) apresenta que, tanto as práticas coercitivas quanto as
disciplinares constroem estruturas de autorregulação do corpo e de
controle, reproduzidas na micro e na macro esfera social.
“Forma-se, então, uma política das coerções que são um trabalho sobre o
corpo, uma manipulação calculada de seus elementos, de seus gestos, de
seus comportamentos” (FOUCAULT, 1987, p 164)
Ou seja, a ação dessas tecnologias molda nossa percepção do mundo e
imprime caminhos musculares que formatam um tipo de corpo.
Para Fortin (2010),a educação somática atua como mecanismo de
consciência crítica da dinâmica cultural impressas na carne. “Ao recuperarem
a capacidade de sentir e observar o que estava escapando de sua consciência
crítica, os indivíduos podem permitir-se uma resistência às tecnologias de
dominação” (FORTIN, 2010, p. 74).
Educação Somática
Como contexto, devemos entender que há quatro grupos principais de
“tecnologias”, cada um deles uma matriz de razão prática:
(1) tecnologias de produção, que permitem produzir, transformar ou
manipular as coisas;
(2) tecnologias dos sistemas de signos, que permitem utilizar signos,
sentidos, símbolos ou significação;
(3) tecnologias de poder, que determinam a conduta dos indivíduos e os
submetem a certos fins ou dominação, objetivando o sujeito;
(4) tecnologias de si, que permitem aos indivíduos efetuar, com seus
próprios meios ou com a ajuda de outros, um certo número de operações
em seus próprios corpos, almas, pensamentos, conduta e modo de ser,
de modo a transformá-los com o objetivo de alcançar um certo estado de
felicidade, pureza, sabedoria, perfeição ou imortalidade.(FOUCALT,
2004, p. 6)
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Para Thomas Hanna (1972),a consciência é atividade somática da percepção
que envolve o todo.
O sistema sensível do corpo estabelece um processo de captação do
ambiente interno e externo, estando permanentemente atento aos diversos
estímulos de temperatura, espaço, vibração, toque, etc. Hanna (1972, p. 60 e
61) ressalta que “cada milímetro da nossa superfície corporal está envolvido
no processo da percepção, e assim cada milímetro da nossa superfície
corporal é consciente.
Todo nosso corpo sensível é consciente e está constantemente “atento” ao
estímulo”, por isso, desde o nascimento, o corpo, enquanto organismo
(soma) vivo, vem encontrando maneiras de se adaptar ao ambiente e de
controlá-lo”.
O meio por onde estas ações ocorrem são os órgãos do sentido acessados
como forma de manutenção e proteção da vida.
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De maneira a sobreviver no ambiente terrestre, esse organismo indefeso,
introvertido e sonhador foi forçado a responder com todos os seus recursos às
ondas ameaçadoras de energia que colidiam com a sua superfície externa.
Da maneira mais apropriada, foi essa membrana exterior que começou pela
primeira vez a adaptar-se ao desafio do mundo; tornou-se mais e mais sensível
aos diferentes tipos de energia que a bombardeavam.
E o desenvolvimento desta sensibilidade foi simplesmente o desenvolvimento
gradual dos órgãos da sensibilidade. (HANNA, 1972, p. 60)