• A psicomotricidade pode ser entendida como a

relação entre o pensamento e a

ação; engloba aspectos psíquicos, afetivos e sociais
dos indivíduos. Ela busca promover conexão entre os
aspectos cognitivos, emocionais e motores dos seres
humanos em diferentes etapas da vida.
• Qualquer alteração em uma dessas áreas pode
atrapalhar o funcionamento de outras, e a
psicomotricidade é uma ciência que entende o
sujeito como uma engrenagem que funciona de
forma unificada.
Homens e mulheres, para além de expressões
de sentimentos, motivações, desejos e
crenças, desenvolveram e desenvolvem uma
imensa tecnologia gestual, um conjunto de
ações: andar, correr, saltar, nadar, lançar,
aparar, rolar, girar, pedalar, deslizar, chutar,
rebater, dançar, representar. A todos e a cada
um desses gestos, atribuem-se múltiplos
sentidos e formas, o que vai muito além das
exigências meramente funcionais.
• Os discursos sobre os corpos que se exercitam
são muitos. Em nossa sociedade, as
interpretações sobre as representações dos
corpos constituem objeto relevante de
investigação nas diversas formas de expressão
do conhecimento. Do senso comum à filosofia,
passando pelo olhar científico, religioso,
artístico e político “o corpo atravessa os
discursos e metamorfoseia-se, mas não se
dissolve” (SILVA, 1999, p. 22 apud GAYA, 2008 ,
p. 41).
•Para que você compreenda melhor a
temática, iniciaremos tentando definir
corpo e corporeidade para, somente
após conhecer os diferentes
conceitos, estabelecer a relação entre
corpo, movimento e expressão.
O corpo não é só um amontoado de ossos,
músculos, tendões, órgãos e sistemas; é,
também, o reflexo dos pensamentos, das
sensações, dos sentimentos, dos adornos,
das crenças, enfim, é um conjunto de
inúmeras intervenções que nele se operam.
Chamamos de corpo, então, o movimento
que ele executa, as máquinas que nele se
hibridizam, as marcas do tempo que nele se
ressaltam, assim como a educação a que foi
submetido e que transparece em seus gestos.
• O homem é um ser que está em pleno processo
de evolução, em que nossos ancestrais eram
“homens macaco”, que andavam em “quatro
patas” e movimentavam-se basicamente para a
sua sobrevivência, na busca de alimentos e da sua
própria defesa. Sendo assim, no percurso histórico
da humanidade, o ser humano apresenta
inúmeras variações na concepção e no tratamento
de seu corpo, bem como nas formas de se
comportar corporalmente, que revelam as
relações do corpo com um determinado contexto
social.
• Conforme cada tempo histórico, a concepção e a
imagem do corpo sofreram transformações, tanto
que a cultura corporal do Oriente é diferente da do
Ocidente. A primeira concebe a experiência do
corpo como chave para a experiência do mundo e
para a consciência cósmica, advinda das tradições
místicas — há um respeito à sua corporalidade —,
enquanto a segunda (Ocidente), com suas raízes na
Antiguidade grega, tem uma visão dualista do
homem — corpo e espírito —, valorizando a razão
em detrimento do sentimento (GONÇALVES, 1994)
• Tentando definir as diferentes terminologias, é possível
afirmar que as palavras corpo e corporeidade estão
intimamente ligadas e são indissociáveis. Segundo
Prado (2017), o corpo humano integra as dimensões da
materialidade — ossos, músculos, hormônios, fezes,
sangue, etc. — e da imaterialidade — emoções,
criatividade, ludicidade, etc. Sendo assim, observa-se
que a corporeidade é o corpo vivo, vivenciado. É, então,
a mente e o corpo conectados, envolvendo dimensões
fisiológicas, afetivas e emocionais, ou seja, o conjunto
do corpo “físico”, suas emoções, seus sentimentos e
suas relações.
• De acordo com Gonçalves (1994), desde os primórdios, o
homem apresenta inúmeras formas de conceber e tratar
o corpo, considerando técnicas corporais relacionadas a:
• a) movimentos como andar, correr, nadar, pular, entre
outros;
• b) movimentos corporais expressivos, como expressões
faciais, posturas e gestos;
• c) a ética corporal que envolve ideias e sentimentos
sobre a aparência, como vergonha, pudor, ideias e
estereótipos de beleza;
• d) controle de estruturas dos impulsos e das
necessidades.
• E qual a relação entre corpo e movimento? É
praticamente impossível falar em corpo sem
relacionar com movimento. Quando pensamos
em movimento, tende a vir em nossa mente a
ação de deslocamento, ou seja, de mudança,
saída de um estado para outro, no caso, do
nosso corpo. Já o movimento para a criança nos
anos iniciais acontece por meio do corpo e por
ele que ela interage, experimenta, reconhece o
mundo em seu entorno.
• O bebê aprende a comunicar-se com os pais
pelos movimentos faciais, podendo ser
inicialmente um sorriso, ou choro, ou por
diferentes tipos de expressões de aceitação
ou negação. É nesse momento que o ser
humano já inicia o reconhecimento de seu
corpo, desenvolvendo a percepção dos mais
diferentes sentidos, dos aspectos
intelectual, espacial, afetivo, social, entre
outros.
• Na Psicomotricidade, especificamente, o
trabalho por meio do corpo, do
movimento e da expressão é
imprescindível. O indivíduo age no mundo
por meio de seu corpo, mais
especificamente por meio do movimento.
É o movimento corporal que possibilita às
pessoas se comunicarem, trabalharem,
aprenderem, sentirem o mundo e serem
sentidos
• A expressão corporal e a linguagem
corporal são uma forma de comunicação
não verbal, na qual o indivíduo se
expressa utilizando o seu corpo, por
expressões faciais, posturas corporais,
gestos e outras manifestações corporais.
• A expressão corporal e a linguagem corporal por
muitos momentos se confundem e estão tão
relacionadas que fica difícil distingui-las ou
defini-las de forma individualizada. A expressão
corporal trata-se de diferentes formas de
manifestações do corpo que são bastante
comuns nas atividades rítmicas, na dança, no
jogo, nos esportes e nas atividades físicas em
geral. Já a linguagem corporal pode demonstrar
alguns comportamentos e traços da
personalidade da pessoa.
• Como exemplo, podemos citar pessoas
que ficam movimentando com
frequência determinada parte do corpo
(como os pés, ao estar sentado) e esse
movimento pode estar relacionado ao
estado de ansiedade ou nervosismo da
pessoa no momento.
• Você vai identificar diferentes práticas corporais
que contemplam o universo de conteúdos da
psicomotricidade que podem compor os conteúdos
escolares nas mais diferentes ocasiões. A amplitude
de nosso país e a diversidade cultural que
herdamos dos diferentes povos que compõem a
nação brasileira tornam as psicomotricidade muito
ricas e diversificadas. Seguem exemplos de práticas
corporais e suas principais características
• Jogo: os jogos são riquíssimas práticas corporais
que podem ser trabalhas em diferentes momentos
educacionais e favorecem o reforço e o
desenvolvimento da cultura local, pois oportunizam
a criação e a adaptação de suas regras, podendo ser
adequadas a cada realidade, público e interesses
com a prática. Uma característica típica do jogo é a
possibilidade de as regras serem adequadas às
necessidades do público praticante. Exemplo:
bats/taco é jogo de taco que tem características
parecidas com o cricket, no qual o objetivo principal
é rebater uma bolinha o mais longe possível e, em
duplas, fazer uma troca de “bases” e pontuando.
• Brincadeiras: as brincadeiras, assim como os jogos, são
excelentes meios de resgate da cultura corporal. Podem
resgatar práticas de diferentes épocas e seus praticantes
podem vivenciar formas diversifi cadas e lúdicas de
manifestações físicas. Resgatam a criatividade, a
imaginação e o aspecto lúdico e cooperativo. As
brincadeiras são atividades lúdicas que não têm
necessariamente regras e trabalham bastante os aspectos
culturais, a criatividade e a imaginação dos participantes.
Podem ser desenvolvidas individualmente ou em grupos.
Um exemplo é a “amarelinha”, uma brincadeira em que os
praticantes pulam equilibrando-se em somente um pé, em
uma sequência de “quadros” desenhados de diferentes
formas no chão
• Esporte: os esportes estão diretamente ligados
manifestação de diferentes formas nos mais diversos
períodos históricos. As práticas esportivas proporcionam
aos seus praticantes o desenvolvimento físico, social,
comportamental e afetivo. Oportuniza a reafi rmação de
traços da personalidade humana quando tem
características e formas diversifi cadas de participação,
atendendo aos mais diferentes biótipos físicos e
interesses do ser humano. Uma característica dos
esportes são as regras, que são preestabelecidas e
regulamentadas por meio de órgãos como federações e
confederações e são seguidas de forma uniforme.
Exemplo: vôlei, basquete e futebol.
• Dança: a dança é uma das formas de
prática corporal que trabalha diferentes
aspectos do ser humano, desde a cultura e
o folclore até o autoconhecimento e o
equilíbrio corporal. Desenvolve a
imaginação, a expressão corporal, o ritmo,
a cooperação e o reforço à cultura e à arte.
Exemplo: danças folclóricas, ballet e hip
hop
• Ginástica: a ginástica pode ser considerada uma
das mais antigas práticas corporais. Está na
essência da educação física, que foi muito
difundida nas práticas da Grécia antiga e, após,
trabalhada com diferentes metodologias em
países da Europa, como Suécia, Alemanha,
Inglaterra e França. Difundiu-se no mundo todo e
apresenta um rol de possibilidades de práticas,
desde crianças iniciantes até o mais alto nível
competitivo. Exemplos: ginástica de academia,
ginástica artística e ginástica acrobática.
• Lutas: as lutas, assim como a ginástica, são
práticas corporais milenares que estão
“enraizadas” na história da educação física.
Trazem aspectos culturais e fi losófi cos muito
fortes, sendo que que são passados conceitos
que ultrapassam diferentes épocas e
momentos históricos. Exemplo: judô, capoeira
e taekwondo.
• Atividades expressivas e rítmicas: o ritmo e
a expressão corporal estão presentes em
diferentes práticas corporais e fazem parte
do universo de conteúdos da educação
física. Estão diretamente ligados com a
expressão corporal, com o desenvolvimento
da cultura e do folclore e com as
características históricas dos mais
diferentes povos. Exemplo: teatro,
fantoches e marionetes.
• Práticas corporais alternativas: além das
práticas e manifestações corporais já citadas
anteriormente, o mundo moderno
apresenta formas diversifi cadas de práticas
que surgem em diferentes momentos,
algumas com características totalmente
inovadoras e outras sendo recriadas de
outros momentos históricos e adaptadas às
características culturais e locais. Exemplos:
práticas na natureza e parkour
• Existe um universo de práticas corporais rico
em significações e simbolismos. Este universo
forma a expressão de nossa humanidade e
revela a cultura corporal do movimento. A
expressão "cultura corporal do movimento“
significa dizer que:
o corpo é percebido como local de encontro,
ponto de interações permanentes entre o
cultural, o social e o biológico, tanto no plano
das práticas como no das representações.
Ao longo da história, homens e mulheres têm produzido
conhecimentos e técnicas, visando a atender a seus interesses
e necessidades. Como produto de sua criação, na expressão
evidente de sua humanidade, fabricaram-se ferramentas para
o trabalho e armas para a defesa e para a caça; cultivou-se a
agricultura e desenvolveu-se a pecuária. Dos corpos, do
movimento, da expressão, da comunicação e da linguagem,
formaram-se distintos domínios culturais.
Esses domínios culturais configuram-se como construções de
sentidos humanos da vida, com modificações da sua forma de
expressão em concordância com a respectiva situação histórico-
social e na dependência da força criativa de pessoas e grupos.
• Os estudos sobre a corporalidade humana estão em um campo
transdisciplinar de conhecimentos, no qual se pode cercá-la com
todas as ferramentas intelectuais e experimentais,
simultaneamente e, em seguida, com base em seus resultados,
elucidar seus mecanismos, interpretar suas emoções e traduzir
sua significação biopsicossociocultural. Nestes estudos podemos
compreender que há a busca de compreensão em duas áreas
principais de conhecimentos. O biológico e o cultural.
Para melhor compreensão sobre a corporalidade humana, busca-se
o diálogo entre o biológico, aquilo que o corpo é capaz de realizar
de forma inata, e o cultural, as construções realizadas pelo
indivíduo na relação com o outro, dentro de seu grupo social.
O movimento humano é um fenômeno complexo que
recebe contribuições científicas de diferentes áreas de
conhecimento. Cada área contribui para desvendar e
contextualizar os usos e funções do corpo humano. Existe
grande relevância no olhar multidisciplinar, pois cada área
amplia as possibilidades de investigação do corpo em
movimento. De forma simplificada podemos apontar uma
coerência, ou elemento coincidente nos estudos da
corporalidade humana em todas as áreas. As intenções
presentes no movimento. Em todas as ações humanas há a
intenção que precede o próprio movimento. Todas as áreas
de estudo sobre o corpo reconhecem que a ação humana é
dotada de intenção e é esta relação entre mente e corpo,
intenção e execução a base da psicomotricidade.
• Os movimentos corporais são considerados
uma primeira forma de aprendizagem e
necessitam estar presentes nas creches, para
crianças com idades a partir dos seis meses
de vida. A exploração e a tentativa de
movimento podem estimular a ação motriz,
preparando a criança para a aquisição das
próximas etapas de desenvolvimento de
forma satisfatória.
 Praticas psicomotoras
Atividadesgrafomotoras
Esses exercícios procuram estabelecer na criança a
noção de movimentos motores na escrita e em
outros registros gráficos. No entanto, devemos
lembrar que essa prática deve acompanhar o
desenvolvimento da criança, ou seja, a faixa etária
em que ela se encontra. A grafomotricidade deve
ser aprendida a partir do nível sensorial,
perceptivo e integrativo.
Atividades de coordenação viso manual

• Essas tarefas são responsáveis por envolver

tanto a visão quanto a habilidade manual. Elas
ajudam muito no desenvolvimento da
coordenação motora fina. Geralmente,
aqueles trabalhinhos com massinhas,
construir bloquinhos e outros são muito
atrativos para os pequenos.
Atividades que utilizam prioritariamente a
visão
A psicomotricidade também conta com a visão para
potencializar as habilidades das crianças. Nesse caso, os
exercícios que apostam no fator visual são recomendáveis
para incutir nos pequenos a questão da coordenação
motora a partir da visão, ou seja, as crianças vão
acompanhar as etapas do processo pelo olhar para depois
praticar com as mãos. É um acompanhamento para
depois partir para a realização de fato.