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Cavalcante
Educação APLICADAS À EDUCA ÇÃO FÍSICA Mara Eli de Matos
FAEL
Gabarito | 277
Referências | 291
Carta ao Aluno
Prezado(a) aluno(a),
Tanto a Biologia quanto a Nutrição são importantes ciências
que oferecem diversos conhecimentos que ajudam o ser humano
a entender a si mesmo e a melhorar a sua qualidade de vida. A
Biologia, com enfoque no ser humano, fornece informações
sobre a estrutura e a função do corpo humano. Já a Nutrição for-
nece informações sobre como os nutrientes podem influenciar
a saúde humana. Sendo assim, os autores dessa obra discorrem
sobre alguns dos princípios básicos de cada uma dessas ciências,
sempre com foco no ser humano, buscando assim fornecer a
você, caro aluno, um conteúdo didático relevante para a com-
preensão do funcionamento adequado de seu próprio corpo e de
como este pode ser influenciado por fatores como a alimentação
e o exercício físico. Então vamos lá, boa leitura!
1
Noções básicas de
biologia celular
– 8 –
Noções básicas de biologia celular
a) Células de pele humana (núcleo em azul) coradas com corantes fluorescentes, vistas por
microscopia óptica de fluorescência; b) Células epiteliais humanas coradas com corante
hematoxilina-eosina, visualizadas em microscopia óptica comum.
Fonte: Shutterstock.com/Vshivkova/Komsan Loonprom
– 9 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
– 10 –
Noções básicas de biologia celular
– 11 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
– 12 –
Noções básicas de biologia celular
a) b)
c) d)
Neurônio (a), hepatócito (b), célula muscular (c) e espermatozoide e óvulo (d).
Fonte: Shutterstock.com/Yurchanka Siarhei/Jose Luis Calvo/Kateryna Kon
– 13 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
separadas por uma faixa central clara. Esta estrutura trilaminar é cha-
mada de unidade de membrana (SADAVA et al., 2009).
A membrana plasmática (figura 1.7), assim como todas as membranas
biológicas, é formadas por lipídios, proteínas e carboidratos. O modelo de
estrutura de membrana mais aceito é o modelo do mosaico fluido, segundo
o qual as membranas são formadas por uma bicamada fosfolipídica, na
qual proteínas se encontram inseridas. Os carboidratos encontram-se liga-
dos a moléculas de lipídios ou proteínas (ALBERTS et al., 2006).
Figura 1.7 – Esquema da estrutura da membrana plasmática, segundo o
modelo do mosaico fluido
Bicamada
lipídica
Proteína Proteína alfa-hélice
Colesterol Proteína
integral hidrofóbica
Canal de proteína periférica
(proteína transportadora)
Lado de dentro da membrana celular (citoplasma)
– 14 –
Noções básicas de biologia celular
Fosfolipídio
Cabeça hidrofílica
Cauda hidrofóbica
Fonte: Shutterstock.com/ellepigrafica
– 15 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Observe que na bicamada lipídica é possível encontrar inseridas tanto proteínas integrais unipasso
quanto multipasso, além de proteínas periféricas com ou sem a adesão a moléculas de lipídio.
Fonte: Shutterstock.com/Designua
– 16 –
Noções básicas de biologia celular
– 17 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
– 18 –
Noções básicas de biologia celular
Espaço extracelular
Receptor
Proteína transportadora
Glicose
Citoplasma
Fonte: Shutterstock.com/Designua
– 19 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Membrana semipermeável
Osmose
Moléculas Movimento
de açúcar da água
Fonte: Shutterstock.com/Designua/Achiichii
– 20 –
Noções básicas de biologia celular
Aminoácido
Membrana celular
Simporte
Proteína integral
de membrana
Citoplasma
Membrana celular
Antiporte
Proteína integral
de membrana
Citoplasma
– 21 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Fonte: Shutterstock.com/extender_01
– 22 –
Noções básicas de biologia celular
Glicose
Extracelular
Célula
Glicose
Extracelular
Célula
Glicose
– 23 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
1.5 Citoplasma
Delimitada pela membrana plasmática, a região intracelular é cha-
mada de citoplasma. O citoplasma não é uma região estática. Nas células
procariontes, em que não há a presença de núcleo definido, todo o interior
da célula é formado por citoplasma, onde está imerso o material genético
e também a organela ribossomo. Já nas células eucariontes, entende-se
como citoplasma a região entre a membrana plasmática e o núcleo celu-
lar. Nesse citoplasma, ficam dispersas as diversas organelas presentes nas
células eucariontes (DE ROBERTS; DE ROBERTS, 2001).
O citoplasma pode ser dividido em duas regiões, uma conhecida
como citosol e a outra conhecida como citoesqueleto. O citosol é uma
região semifluida, composta principalmente de água e de moléculas orgâ-
nicas e inorgânicas, sendo que é nessa região que acontecem as reações
metabólicas vitais para a sobrevivência da célula (ALBERTS et al., 2006).
Já o citoesqueleto (figura 1.15) é uma rede proteica que desempenha
funções como manutenção da forma celular, sustentação das organelas e
auxílio na movimentação das organelas e da própria célula. Estrutural-
mente, é formado pelo conjunto de três tipos de filamentos proteicos, que
são (CHANDAR, VISELLI, 2011):
Figura 1.15 – Esquema geral do citoesqueleto, mostrando os três tipos de filamentos
proteicos rearranjados em conjunto
Citoplasma
Microfilamento
Filamento
intermediário
Microtúbulo
Organelas
imobilizadas pela
malha do citoesqueleto
Fonte: Shutterstock.com/Blamb
– 24 –
Noções básicas de biologia celular
1.5.1 Microfilamentos
Entre os três tipos de filamentos proteicos que constituem o citoes-
queleto, os microfilamentos são os mais finos. São constituídos a partir
da união de várias proteínas actinas monoméricas (actina-G), que podem
formar microfilamentos (actina-F). As principais funções nas células são:
2 em células musculares, os filamentos de actina se unem com
outra proteína, a miosina, e são responsáveis pela contração
muscular (figura 1.16);
2 em células não musculares, alteram o formato das células, como
no surgimento de pseudópodes e no estrangulamento celular
durante a divisão celular;
2 sustentação das microvilosidades do intestino humano (SADAVA
et al., 2009).
Figura 1.16 – Esquema mostrando os microfilamentos
Músculo
Vasos
Fáscia Fibras sanguíneos
musculares
Sarcômero
Actina
Miofibrila Miosinas
Filamento Extremidade
Polimerização Final é polar
Actina pontiagudo farpada
Actina é uma
família de
proteínas globulares
multifuncionais Despolimerização
que formam
microfilamentos Actina-G Actina-F
globular filamentosa
Em (a) é mostrada a estrutura do músculo esquelético, que é formada por diversas células
musculares, as quais possuem em seu citoesqueleto filamentos de actina. Em (b) é possível
visualizar a polimerização das actinas-G, formando o filamento de actina-F.
Fonte: Shutterstock.com/Designua
– 25 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
1.5.3 Microtúbulos
Entre os três tipos de filamentos proteicos que constituem o citoes-
queleto, os microtúbulos são os mais grossos, sendo formados a partir de
uma estrutura conhecida como centro organizador de microtúbulos. São
cilindros ocos, formados por dímeros da proteína α-tubulina e β-tubulina.
Treze cadeias de dímeros de tubulina circundam a cavidade central do
microtúbulo (figura 1.17). Uma das funções dos microtúbulos é servir de
sustentação celular e, para isso, várias proteínas acessórias estão asso-
ciadas. Algumas dessas proteínas acessórias aumentam a estabilidade
dos microtúbulos por meio da formação de pontes entre as subunidades
de tubulina. Já outras proteínas acessórias, como as proteínas motoras,
podem mover estruturas no interior da célula usando os microtúbulos
como suporte. Fazendo uma analogia, é como se os microtúbulos fossem a
estrada e os carros as proteínas motoras. Um exemplo dessa função seria o
posicionamento dos cromossomos durante a divisão celular por proteínas
motoras, que se locomovem sobre os microtúbulos.
Outra função dos microtúbulos é fazer parte da constituição do fuso
mitótico, que é uma estrutura formada para “puxar” os cromossomos
– 26 –
Noções básicas de biologia celular
Microtúbulo
Fim (-)
Fim (+)
Fim (-)
Fim (+)
Os microtúbulos são estruturas dinâmicas, em que uma extremidade está sempre sendo desfeita
(-) enquanto a outra extremidade está sempre sendo construída (+).
Fonte: Shutterstock.com/Alila Medical Media
– 27 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
1.6 Ribossomos
Os ribossomos são organelas não membranosas, que podem ser
encontradas dispersas no citoplasma tanto em células procariontes quanto
em células eucariontes. Nas células eucariontes, os ribossomos também
podem ser encontrados aderidos a membranas de outra organela, chamada
retículo endoplasmático rugoso, assim como nas mitocôndrias e nos clo-
roplastos. Não são visíveis em microscopia óptica (DE ROBERTS; DE
ROBERTS, 2001).
Estruturalmente são formados por duas subunidades, uma maior e
outra menor, compostas de 60% de RNA ribossômico (rRNA), associado
a 40% de diversas proteínas. A função dos ribossomos é realizar a síntese
de proteínas a partir de um RNA mensageiro, em um processo conhecido
como tradução (figura 1.18) (SADAVA et al., 2009).
Figura 1.18 – Imagens da organela ribossomo
– 28 –
Noções básicas de biologia celular
Re�culo
Re�culo
endoplasmá�co rugoso
Célula
Re�culo Cisterna Envelope
endoplasmá�co nuclear
liso Núcleo
Poro
nuclear
Ribossomos
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Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
– 30 –
Noções básicas de biologia celular
Núcleo e re�culo
endoplasmá�co
Envelope nuclear
Nucléolo
Núcleo Croma�na
Poro nuclear
Re�culo
endoplasmá�co rugoso
Sinte�za proteínas e Re�culo
executa outras funções endoplasmá�co liso
Núcleo Sinte�za lipídios e
executa outras funções
Complexo de Golgi
Fagossomo Micróbio
Proteínas são empacotadas
em vesículas secretoras
para exocitose Vesícula se
torna lisossomo
Proteínas secretadas
Fonte: Shutterstock.com/Tefi
1.9 Mitocôndrias
As mitocôndrias (figura 1.21) são organelas citoplasmáticas estrutu-
ralmente formadas por:
2 membrana externa;
2 espaço intermembranoso;
2 membrana interna;
2 matriz mitocondrial.
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Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Mitocôndria
Matriz
1. DNA
2. Grânulos
3. Ribossomos
4. ATP sintase
Membrana Membrana
externa interna
Porinas
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Noções básicas de biologia celular
1.10 Lisossomos
Os lisossomos são organelas presentes somente em células animais,
formadas por uma única membrana, originadas a partir do complexo de
Golgi. O seu interior é levemente ácido, com pH em torno de 5, e con-
tém enzimas digestivas, conhecidas como hidrolases ácidas, que quebram
polímeros como proteínas e carboidratos em subunidades menores, cha-
madas de monômeros (SADAVA et al., 2009).
A principal função dos lisos- Figura 1.22 – Estrutura e função
somos dentro das células está rela- dos lisossomos
cionada com a digestão de materiais Membrana
Capada lipídica
dentro de vesículas, que penetram
nas células através de fagocitose.
Nesse processo, estas vesículas
se fundem aos lisossomos, colo- Proteínas
Mistura de
enzimas
hidrolíticas
cando em contato o material a ser transportadoras de
membrana glicosiladas
digerido e as enzimas digestivas.
Essa vesícula se destaca da mem-
brana plasmática para o interior da
célula, mais precisamente no cito-
plasma, e passa a ser chamada de
fagossomo. O fagossomo se funde
a um lisossomo primário, dando
origem a um lisossomo secundá-
rio. Dentro do lisossomo secundá-
rio, as hidrolases ácidas digerem o
material (SADAVA et al., 2009).
O material digerido pelos
lisossomos pode ser um nutriente,
À esquerda, a estrutura de um lisossomo.
um micro-organismo ou até mesmo À direita é mostrada a participação
um material da própria célula, do lisossomo no processo de digestão
como organelas velhas (figura intracelular de um patógeno, engolfado por
1.22). O processo de autodestrui- uma célula imunológica.
ção de material é conhecido como Fonte: Shutterstock.com/Timonina/Alila
autofagia (SADAVA et al., 2009). Medical Media
– 33 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
1.11 Peroxissomos
Os peroxissomos são organelas formadas por uma única membrana.
No interior dos peroxissomos há enzimas como a catalase, a qual converte
o peróxido de hidrogênio em água e gás oxigênio. Essas organelas possuem
a função de quebrar substâncias tóxicas, como o peróxido de hidrogênio,
em subprodutos menos tóxicos para o organismo (SADAVA et al., 2009).
1.12 Núcleo
O núcleo (figura 1.23) é uma organela que só existe nas células eucarió-
ticas. A maioria das células possui um único núcleo, porém no corpo humano
também são encontradas células com muitos núcleos, como as células mus-
culares, e células sem núcleo, como as hemácias após a sua maturação. Deli-
mitando o núcleo há duas membranas que formam o envoltório nuclear. O
envoltório nuclear não é uma estrutura fechada e contém diversas aberturas,
denominadas de poros nucleares. Cada poro possui no seu interior complexos
proteicos, chamados de complexos de poro, que margeiam as membranas do
envoltório nuclear e lembram uma “cesta de basquete” (figura 1.24). Molé-
culas pequenas têm trânsito livre pelos poros do envoltório nuclear, porém,
quando a molécula é maior, como uma proteína, o complexo de poro fica
responsável por controlar o que
entra ou sai do núcleo. Somente Figura 1.23 – Esquema mostrando a estrutura
proteínas com sequências de geral do núcleo celular
aminoácidos específicas, deno-
minadas de sinal de localização
nuclear, são identificadas pelas
proteínas importinas, e podem
ser importadas para dentro
do núcleo. Já para a saída do
núcleo, as proteínas precisam
ter em sua estrutura a sequên-
cia de exportação nuclear, que
será reconhecida pela proteína
exportina (ALBERTS et al.,
2006; SADAVA et al., 2009). Fonte: Shutterstock.com/ Timonina
– 34 –
Noções básicas de biologia celular
Membrana
nuclear interna
Observe que somente proteínas com sinal de localização nuclear são levadas para o interior do
núcleo pela importina, que é formada pelas subunidades α e β.
Fonte: Shutterstock.com/ellepigrafica
– 35 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Interfase
S
(crescimento e replicação
do DNA) G2
G1 (crescimento e
(crescimento) preparação final
Mitose para divisão)
se
Metáf se
ine
fa
ase
e
fas
se
c
e
etá
o
Anáfas
Cit
ófa
ó
Pr
m
Tel
Pro
– 36 –
Noções básicas de biologia celular
Ao fim da mitose,
ocorre o processo de cito-
cinese, que é a divisão Prófase
citoplasmática através Telófase e tardia
citocinese
do estrangulamento da
célula por anéis de actina,
gerando duas células-
-filhas geneticamente
idênticas à célula-mãe
Anáfase Metáfase
(ALBERTS et al., 2006;
SADAVA et al., 2009). Fonte: Shutterstock.com/ Emre Terim
– 37 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
(ALBERTS et al.,
2006; SADAVA et Grupo de
carboidrato
Fibronec�na
al., 2009).
A matriz extracelular
exerce diversas funções, Integrina
como suporte, sinalização
Bi sfol
fo
Filamentos de
química entre as células e
ca ip
m íd
citoesqueleto Citoplasma
ad ica
Cabeça
a
– 38 –
Noções básicas de biologia celular
Conclusão
A biologia celular estuda a unidade fundamental de todo ser vivo:
a célula. Entender sua estrutura, assim como o seu funcionamento, é de
suma importância para se entender os processos biológicos básicos que
ocorrem em todos os seres vivos. A compreensão das funções da mem-
brana plasmática, do citoesqueleto, das organelas e do núcleo, assim
como dos processos que acontecem dentro da célula, é relevante para se
conhecer o funcionamento do corpo humano. É importante destacar que
os conhecimentos de biologia celular servem como pré-requisito para se
entender outras disciplinas da área de ciências biológicas, como histolo-
gia, bioquímica, embriologia, fisiologia, genética, entre outras, pois sem
o entendimento dessa disciplina básica fica difícil a compreensão de dis-
ciplinas mais complexas na área biológica. Novas descobertas científicas
no ramo da biologia celular são constantemente feitas, contribuindo para
novos conhecimentos nessa área.
Atividades
1. O corpo humano é constituído mais de 10 trilhões de células.
Sabendo disso:
a) Descreva a estrutura básica de uma célula humana.
b) Cite exemplos de tipos celulares humanos e explique.
2. Com base na propriedade de anfipatia dos fosfolipídios, des-
creva como a membrana plasmática é formada.
3. A frase: “Quanto menos metabolicamente ativa a célula, mais
mitocôndrias ela terá” está correta? Explique.
4. Explique o ciclo celular.
– 39 –
2
Noções básicas de
histologia humana
– 42 –
Noções básicas de histologia humana
Junções
Constituição Função
intercelulares
Proteínas integrais da família das
caderinas presentes na membrana,
projetam-se parcialmente para
o meio extracelular, prendendo-
Junção ancoradoura
Zônulas de -se às extremidades das proteínas
que serve para adesão
adesão caderinas da membrana plasmá-
célula-célula.
tica da célula pareada. Do lado
citoplasmático de cada célula,
auxiliando na ancoragem, obser-
vam-se filamentos de actina.
Proteínas integrais da família das
caderinas, presentes na membrana,
projetam-se parcialmente para o
meio extracelular prendendo-se às
Junção ancoradoura
Desmos- extremidades das proteínas cade-
que serve para adesão
somos rinas da membrana plasmática da
célula-célula
célula pareada. Do lado citoplas-
mático de cada célula, auxiliando
na ancoragem, observam-se fila-
mentos intermediários.
Proteínas integrinas, presentes
na membrana, projetam-se par- Junção ancoradoura
Hemides-
cialmente para o meio extracelu- que serve para adesão
mossomo
lar prendendo-se na lâmina basal célula-célula.
adjacente.
Formadas por proteínas integrais São as junções mais
claudinas e ocludinas, localiza- apicais, em que ocorre
das nas membranas plasmáticas a obstrução do espaço
Zônulas de
de cada célula adjacente. Parte extracelular, impe-
oclusão
dessas proteínas é projetada para dindo o trânsito de
o meio extracelular, ligando uma substâncias por entre
célula à outra. as células em união.
– 43 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Junções
Constituição Função
intercelulares
Junção comunicante,
em que ocorre a sinali-
zação celular por meio
de íons ou por meio de
pequenos peptídeos
Proteínas conexinas ligam as sinalizadores que atra-
Junções gap
membranas de células vizinhas. vessam do citoplasma
de uma célula dire-
tamente para o cito-
plasma da célula vizi-
nha, sem passar pelo
meio extracelular.
Fonte: Lothhammer et al. (2009).
– 44 –
Noções básicas de histologia humana
Fonte: Shutterstock.com/logika600
– 45 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Microvilosidade
Complexo de Golgi
Centríolos
Lisossomo
Vesícula
Retículo Retículo
endoplasmático rugoso endoplasmático liso
Peroxissomo
Mitocôndria
– 46 –
Noções básicas de histologia humana
Epitélio
colunar simples
Epitélio
colunar estratificado
Epitélio
colunar pseudoestratificado
Fonte: Shutterstock.com/CLUSTERX
– 47 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Célula caliciforme
Microvilosidade
Vesículas
secretórias
com mucina
Retículo Complexo de Golgi
endoplasmático
rugoso
Núcleo
Mitocôndria
– 48 –
Noções básicas de histologia humana
Secreções
químicas
Superfície
da pele
Ducto
Porção
secretora
Glândula exócrina
Observe que a porção secretora produz a secreção que é liberada
(seta que aponta para cima) através do ducto.
Fonte: adaptada de Shutterstock.com/Tefi
– 49 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
– 50 –
Noções básicas de histologia humana
2 Glândulas endócrinas
As glândulas são chamadas de endócrinas quando a secre-
ção é liberada na corrente sanguínea. Normalmente essas
secreções são chamadas de hormônios. Diferentemente das
glândulas exócrinas, esse tipo de glândula não tem ductos
(Figura 2.9). A hipófise, a tireoide, os ovários e os testículos
são alguns exemplos de glândulas endócrinas encontradas
no corpo humano (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).
Figura 2.9 – Estrutura de uma glândula endócrina
Hormônios são
secretados para
o sangue
Glândula endócrina
Observar que esse tipo de glândula não tem ductos. Além disso, as células
dessa glândula produzem a secreção que é lançada na corrente sanguínea.
Fonte: Shutterstock.com/Tefi
– 51 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
2 Glândula mista
Além das glândulas exócrinas e endócrinas, existem as glându-
las mistas. Essas são formadas por uma porção endócrina e uma
porção exócrina. Como exemplo desse tipo de glândula, pode-
-se citar o pâncreas. Este possui uma porção exócrina, contendo
células acinosas que liberam enzimas digestivas para o duodeno,
e uma porção endócrina, contendo as Ilhotas de Langerhans, que
possuem células que liberam insulina ou glucagon para regular a
quantidade de glicose no sangue (Figura 2.10) (ALBERTS et al.,
2006; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).
Outro exemplo de glândula mista é o fígado. Esse órgão é a maior
glândula do corpo e é formado por células chamadas hepatóci-
tos. Os hepatócitos sintetizam a proteína IGF-1, que é liberada
na corrente sanguínea. Essa proteína tem um papel importante,
auxiliando no crescimento e no desenvolvimento da muscu-
latura. Já a função exócrina do fígado está relacionada com a
produção de bile, que é armazenada na vesícula biliar, para pos-
teriormente ser lançada na cavidade do intestino e atuar na emul-
sificação de gorduras (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).
Figura 2.10 – O pâncreas e as suas porções endócrinas e exócrinas
– 52 –
Noções básicas de histologia humana
Fonte: Wikimedia.
– 53 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Saiba mais
– 54 –
Noções básicas de histologia humana
Fibroblasto
Fibrilas de
colágeno
Matriz extracelular
Enzimas
Fator de crescimento
Elastina
Ácido hialurônico
Tecidos conjuntivos
Adipócito Melanócito
Fibras reticulares
Linfócito
Mastócito
Macrófago Fibras elásticas
– 55 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
a)
Colágeno
Tropocolágeno
Cadeias-α
Glicina
Sequência de
Prolina
aminoácidos
Hidroxiprolina
– 56 –
Noções básicas de histologia humana
b)
Espirais Aminoácidos
de
aminoácido
Microfibrila
Fibrila
Subfibrila
Fibras
Peritônio de
colágeno
Bainha
do
tendão
Em a) é possível observar uma cadeia polipeptídica formada pelos aminoácidos glicina, prolina
e hidroxiprolina. Três cadeias se enovelam para formar o tropocolágeno. Em b) esquema
mostrando a estrutura do colágeno, até a formação da fibra colágena.
Fonte: Shutterstock.com/Designua/Timonina
As fibras reticulares são formadas pela fibra de colágeno tipo III, que
não se dispõe paralelamente e sim em forma de rede. Já as fibras elásti-
cas são formadas pela proteína elastina e conferem elasticidade ao tecido
conjuntivo (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; MONTANARI, 2016). De
acordo com a composição de células e da matriz extracelular, o tecido
conjuntivo é classificado em:
– 57 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Fonte: Shutterstock.com/Choksawatdikorn
– 58 –
Noções básicas de histologia humana
– 59 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Adipócito
Citoplasma
Mitocôndria
Complexo de Golgi
Núcleo
Reservatório de gordura
Membrana
– 60 –
Noções básicas de histologia humana
Epiderme
Derme
Gordura
Fonte: Shutterstock.com/Designua
– 61 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
– 62 –
Noções básicas de histologia humana
– 63 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
As células osteogênicas são células que podem se diferenciar em qualquer célula da linhagem
osteogênica, ou seja, relacionada diretamente com a produção/regeneração do tecido ósseo.
Fonte: Shutterstock.com/VectorMine
– 64 –
Noções básicas de histologia humana
Osso compacto
exemplo, no esterno, no
Periósteo
Osso compacto
Cavidade medular
– 65 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Fonte: Shutterstock.com/Choksawatdikorn
– 66 –
Noções básicas de histologia humana
Fonte: Wikimedia.
– 67 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
– 68 –
Noções básicas de histologia humana
Perimísio
Epimísio Osso
Edomísio
Núcleo
Miofibrila
Fascículo
Sarcolema Vaso sanguíneo Tendão
Observar que a fibra muscular (célula multinucleada, contendo diversas miofibrilas no
citoplasma) é envolvida pelo tecido conjuntivo denominado de endomísio. Envolvendo um
conjunto de feixes de fibras, tem-se o perimísio, que é um tipo de tecido conjuntivo frouxo, por
onde penetram os vasos sanguíneos, para nutrição do músculo. O conjunto de feixe de fibras
mais o perimísio é chamado de fascículo. Envolvendo o músculo inteiro tem-se o epimísio.
Ligando o músculo ao osso, tem-se o tendão.
– 69 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
– 70 –
Noções básicas de histologia humana
– 71 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
– 72 –
Noções básicas de histologia humana
Filamentos intermediários
Filamento grosso
Corpos densos
Filamento fino
Núcleo
Relaxada Contraída
– 73 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Figura 2.30 – Sistema nervoso dividido em central, formado por encéfalo e medula
espinhal, e periférico, formado por nervos e gânglios
Cérebro
Medula espinhal
Sistema nervoso periférico
SNC
Sistema
nervoso
central
Fonte: Shutterstock.com/VectorMine
– 74 –
Noções básicas de histologia humana
ostase do corpo humano. Esse tecido apresenta dois tipos celulares básicos:
os neurônios e as células da glia (ou neuróglia). As células da glia são
formadas por um conjunto de células com função de apoio para os neurô-
nios e podem ser subdivididas em vários tipos celulares: os astrócitos, os
oligodendrócitos, as células de Schwann, as células microgliais e as células
ependimárias (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; MONTANARI, 2016).
2.4.1 Neurônios
O neurônio é uma célula excitável formada por um corpo celular, den-
dritos e axônio. No corpo celular fica localizado o núcleo, as organelas
dessa célula e os corpúsculos de Nissl, que são aglomerados de ribosso-
mos. Do corpo celular partem ramificações, chamadas de dendritos, que
recebem estímulos do meio. Também partindo do corpo celular sai um pro-
longamento chamado de axônio, que possui a parte final ramificada, cha-
mada de telodendro, que conduz impulsos nervosos para o meio, que pode
ser outro neurônio, células musculares, células glandulares, entre outros
(Figura 2.31) (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; MONTANARI, 2016).
Figura 2.31 – Estrutura dos neurônios
a)
– 75 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
b)
Em a) esquema mostrando a morfologia de um neurônio típico, subdividido em dendritos,
corpo celular e axônio; em b) imagem de corte histológico mostrando um grupo de neurônios,
observado em microscopia óptica.
Fonte: Shutterstock.com/Tefi/Kateryna Kon
– 76 –
Noções básicas de histologia humana
– 77 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Receptor
Matéria cinzenta
Neurônio Interneurônio
sensorial
Matéria
Secção transversal branca
através da medula
espinhal
Fibra nervosa motora
Efetor (músculo)
– 78 –
Noções básicas de histologia humana
2.4.2.1 Astrócitos
Essa célula possui um formato de estrela, com vários prolongamen-
tos. Sua principal função é auxiliar na sustentação e na nutrição dos neu-
rônios. Para isso, os prolongamentos dos astrócitos circundam os vasos
sanguíneos, formando “pés vasculares”, que retiram nutrientes do sangue
e levam para os neurônios (Figuras 2.34 e 2.35) (JUNQUEIRA; CAR-
NEIRO, 2013; MONTANARI, 2016).
Figura 2.34 – Astrócito nutrindo os neurônios
Núcleo
Astrócito
Vaso
Mielina sanguíneo
Axônio
Fonte: Shutterstock.com/Designua
– 79 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
2.4.2.2 Oligodendrócitos
São células com poucos prolongamentos com a função de produzir a
bainha de mielina nos axônios dos neurônios do sistema nervoso central.
A bainha de mielina possui a função de isolante elétrico.
É importante ressaltar que a bainha de mielina não é contínua, ocor-
rendo áreas sem mielina, chamadas de nódulos de Ranvier (Figura 2.35)
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013; MONTANARI, 2016) .
– 80 –
Noções básicas de histologia humana
Astrócito
Célula satélite
Sistema nervoso
Sistema nervoso central
periférico
Fonte: Shutterstock.com/Designua
Conclusão
Cada um dos quatro tipos básicos de tecidos celulares que compõe
o ser humano possui suas particularidades estruturais, que estão intima-
mente ligadas com a função que cada tecido exerce. O conhecimento sobre
estrutura e função dos tecidos epitelial, conjuntivo, muscular e nervoso é
de suma importância para a compreensão do terceiro nível de organização,
que são os órgãos. De maneira geral, os órgãos são formados por diferen-
tes tipos de tecidos que se interligam, e cada um faz o seu papel para que
o órgão desempenhe a sua função.
– 81 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Atividades
1. Observe os epitélios na figura a seguir. Classifique-os com base
na morfologia celular e no número de camadas.
Fonte: Shutterstock.com/WhiteDragon
– 82 –
3
Noções básicas de
embriologia humana
– 84 –
Noções básicas de embriologia humana
3.1.1 Meiose
A meiose é um processo de divisão celular no qual a célula-mãe
diploide origina quatro células-filhas com metade do número de cromos-
somos, ou seja, haploide. No caso da espécie humana, a célula-mãe tem
46 cromossomos e as células-filhas têm 23 cromossomos. Antes do pro-
cesso de meiose iniciar, as células germinativas primordiais, que estão em
interfase, duplicam os seus 46 cromossomos, assim, cada um dos cromos-
somos está duplicado em cromátides-irmãs (Figura 3.2). Após a etapa de
duplicação dos cromossomos, a célula entra no processo de divisão celular
propriamente dito. A meiose é dividida didaticamente em duas etapas: a
meiose I e a meiose II (MOORE et al., 2013; STRACHAN; READ, 2013).
Figura 3.2 – Esquema mostrando os cromossomos homólogos duplicados
Cromossomos Cromossomos
homólogos homólogos
Replicação
Centrômero
Cromátides-irmãs Cromátides-irmãs
Observe que, após o processo de duplicação, cada cromossomo possui agora duas cromátides-
irmãs ligadas pelo centrômero.
Fonte: Shutterstock.com/Fancy Tapis
– 85 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Cromossomos se tornam
Cromátides-irmãs Cromossomos homólogos se
menores e mais densos;
se tornam visíveis repelem; eles são mantidos
Quiasma é proeminente
Pareamento é finalizado juntos pelo quiasma
Começa a sinapse, Cromátides-irmãs
ou pareamento Quiasma
de cromossomos
homólogos
Bivalente
Primeiro os cromossomos
se tornam visíveis
Zigóteno
PRÓFASE I
(Pareamento e condensação de cromossomos; crossing-over)
Leptóteno
Observe na subetapa diplóteno a formação dos quiasmas, que são um indicativo de ocorrência
de crossing-over.
Fonte: Shutterstock.com/Emre Terim
– 86 –
Noções básicas de embriologia humana
Bivalente
Primeiro os cromossomos
se tornam visíveis
Cromossomos
homólogos
separados
Paquíteno tardio Diplóteno
Diacinese
Paquíteno inicial
Metáfase I
Zigóteno
PRÓFASE I
(Pareamento e condensação de cromossomos; crossing-over)
Leptóteno Anáfase I
Telófase II
Anáfase II Prófase I
Metáfase II
Centrômeros
divididos Alinhamento dos cromossomos
na placa metafásica
– 87 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Observe que uma célula com 46 cromossomos sofre as etapas de prófase I, metáfase I,
anáfase I e telófase I, gerando duas células-filhas com 23 cromossomos cada. É importante
observar que, na anáfase I, há a separação dos cromossomos homólogos para cada célula.
Cada uma dessas células sofre as etapas de prófase II, metáfase II, anáfase II e telófase II,
gerando duas células-filhas com 23 cromossomos cada. Na anáfase II, há a separação das
cromátides-irmãs do cromossomo.
Fonte: Shutterstock.com/Achiichiii
– 88 –
Noções básicas de embriologia humana
Espermatogênese
Túbulo seminífero (corte transversal)
Espermatogônia
Espermatócito secundário
MEIOSE II
Espermátide primária
Espermátide tardia
Espermatozoide
– 89 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
ESTRUTURA DO ESPERMATOZOIDE
Em (a) observe que o espermatócito I tem 46 cromossomos e sofre meiose I, gerando duas
células-filhas chamadas de espermatócitos II, que possuem 23 cromossomos cada. Cada
espermatócito II sofre meiose II, originando duas células-filhas, chamadas de espermátides, com
23 cromossomos cada. Em (b) observe o esquema mostrando a estrutura de um espermatozoide
maduro, com destaque no acrossoma presente na região da cabeça.
Fonte: Shutterstock.com/Ody_Stocker/SVETLANA VERBINSKAYA
– 90 –
Noções básicas de embriologia humana
– 91 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Desenvolvimento
Ovogênese do folículo
Ovogônio Folículo
Mitose primordial
Folículo
Ovócito secundário maduro
Corpúsculo polar
primário (morre)
Zigoto Corpo
Corpúsculo polar lúteo
a) secundário (morre)
– 92 –
Noções básicas de embriologia humana
Fase folicular
Ovulação
Fase lútea
FSH Ovulação
LH
Estrogênio
Progesterona
Endométrio
3.3 Fecundação
Milhares de espermatozoides tentam penetrar o ovócito II, que está
na tuba uterina, por meio da liberação de enzimas digestivas contidas no
acrossoma do espermatozoide, buscando perfurar a coroa radiata e a zona
pelúcida que circunda o ovócito (Figura 3.8). Assim que um espermato-
zoide consegue atravessar a barreira, ocorre uma despolarização na mem-
brana plasmática do ovócito II, não permitindo mais que outros esperma-
tozoides entrem. Após a penetração do espermatozoide, ocorre a união
do núcleo do ovócito II, com 23 cromossomos, com o núcleo do esper-
matozoide, com 23 cromossomos, em um processo chamado de carioga-
mia, formando a primeira célula do novo ser humano, chamada de zigoto
(GARCIA; FERNÁNDEZ, 2012, MOORE et al., 2013).
– 93 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
FERTILIZAÇÃO
Núcleo do
Acrossomo
Cabeça
Centríolo proximal
Mitocôndria
Peça
Citoplasma
do óvulo Células
foliculares
Fibras circunferenciais
Cauda
ESPERMATOZOIDE ÓVULO
– 94 –
Noções básicas de embriologia humana
Mórula
Fertilização
Blastocisto primário
Ovócito
secundário Trofoblasto
Ovulação Ovário
Implantação
Células foliculares Blastocisto Massa celular
tardio interna
– 95 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
BLASTOCISTO
Cavidade do blastocisto
(blastocele)
Trofoblasto
Fonte: Shutterstock.com/udaix/Designua
– 96 –
Noções básicas de embriologia humana
– 97 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
3.4.1.2 Gastrulação
Essa fase ocorre na terceira semana e, agora, o blastocisto é cha-
mado de gástrula. Aqui, ocorre a formação dos três folhetos embrionários
a partir do epiblasto: ectoderme, endoderme e mesoderma e, por isso, o
embrião é chamado de trilaminar.
Forma-se a linha primitiva sobre o embrião bilaminar, que definirá
o eixo anteroposterior do embrião. Na linha primitiva, que ocupa metade
do comprimento do embrião, bem no centro do embrião laminar, surge
o nó primitivo. Células do epiblasto migram pelo nó primitivo, dando
origem à endoderme. Uma segunda “onda” de células epiblásticas migra
pelo nó primitivo, posicionando-se em cima da endoderme, formando a
mesoderme (Figura 3.12). As células que sobrarem do epiblasto serão a
ectoderme (SADLER, 2019).
– 98 –
Noções básicas de embriologia humana
Figura 3.12 – Migração das células epiblásticas para a formação da endoderme e da mesoderme
– 99 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
3.4.1.3 Organogênese
É a fase que ocorre da 4ª à 8ª semana, e consiste na diferenciação
dos tecidos e órgãos, a partir dos três folhetos embrionários: ectoderme,
mesoderme e endoderme (Figura 3.14). Nessa fase, também ocorre o
dobramento do embrião, em que o disco trilaminar plano se transforma
em um embrião praticamente cilíndrico (GARCIA; FERNÁNDEZ, 2012,
MOORE et al., 2013).
Figura 3.14 – Tecidos e órgãos derivados da ectoderme, mesoderme e endoderme
ECTODERME ENDODERME
ECTODERME
MESODERME
ENDODERME
Zigoto
Blástula Gástrula
Fonte: Shutterstock.com/VectorMine
– 100 –
Noções básicas de embriologia humana
Endoderme Ectoderme
– 101 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Embrião
Cavidade amniótica
Saco vitelino
Placenta
Cordão umbilical
Cavidade uterina
– 102 –
Noções básicas de embriologia humana
– 103 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Placenta
Placenta
Vilosidades
Membrana
placentária
Cordão
umbilical
Espaço
interviloso
Vasos
Cordão umbilical Vasos sanguíneos
sanguíneos da mãe
do feto
Fonte: Shutterstock.com/udaix
– 104 –
Noções básicas de embriologia humana
Figura 3.19 – No período fetal, o feto, além do amadurecimento dos órgãos, ganha
peso e tamanho
DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO HUMANO
Semana de gestação
14 dias Crescimento
do embrião
7 dias
Saiba mais
– 105 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Espermatozoide
Óvulo
Zigoto
Saco amniótico
Fonte: Shutterstock.com/Designua
tas vezes, ficam receosas, com medo de prejudicar o seu bebê. Mas será
que as grávidas realmente não podem realizar uma atividade física? Essa
resposta não é simples e depende de vários fatores, que deverão ser ava-
liados. Um primeiro fator a ser considerado é o tipo de atividade física.
Recomenda-se que as grávidas evitem atividades físicas envolvendo
esportes de contato ou com alto risco de colisão, que possam causar trau-
mas diretos ao feto (LIMA; OLIVEIRA, 2005). Um segundo fator a ser
considerado é a intensidade da atividade física. Recomendam-se ativida-
des leves a moderadas, exceto quando a grávida for atleta. Vem sendo
demonstrado que exercícios com intensidade até moderada proporcionam
inúmeros benefícios para a saúde da mulher grávida, como redução da
intensidade das dores lombares e melhora na resistência e flexibilidade
muscular (Figura 3.21). As atividades de intensidade alta não são reco-
mendadas, pois podem criar um estado de hipóxia para o feto, aumentar
o risco de trauma abdominal e gerar hipertermia na gestante, acarretando
assim em riscos potenciais para o feto (LIMA; OLIVEIRA, 2005).
Figura 3.21 – Gestantes realizando atividades físicas
– 107 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Conclusão
O desenvolvimento embrionário humano é uma complexa sequência
de eventos que precisa acontecer de modo organizado para garantir que a
formação do novo ser humano ocorra de forma correta. Caso distúrbios
aconteçam nessa sequência de eventos, defeitos embriológicos podem
aparecer no feto. Dessa forma, o estudo da embriologia humana é impor-
tante, porque além de permitir a compreensão dos processos de desen-
volvimento normal do ser humano, também permite o estudo de causas
das doenças congênitas, assim como de medidas de prevenção para evitar
malformações no feto.
Atividades
1. Relacione o processo de divisão celular, conhecido como
meiose, com o processo de gametogênese.
– 108 –
4
Noções básicas de
genética humana
4.1.1 Cromossomos
Cada cromossomo é formado por uma molécula de DNA. As células
somáticas humanas (todas as células do corpo, com exceção das células
sexuais) possuem 46 cromossomos. Já as células sexuais (gametas: esper-
matozoide e ovócito) possuem 23 cromossomos (SADAVA et al., 2009).
Os cromossomos humanos são divididos em duas categorias:
2 cromossomos autossômicos – são aqueles que determinam
características não sexuais.
2 cromossomos sexuais – são aqueles que determinam se o indi-
víduo será do sexo masculino ou do sexo feminino. No caso
do sexo masculino, é o cromossomo Y que determina as carac-
terísticas masculinas. Todo homem possui os cromossomos
sexuais XY compondo a sua carga genética. Já no caso do sexo
feminino, é a ausência do cromossomo Y e a presença de dois
cromossomos XX que determinam as características femininas
(Figura 4.1) (SADAVA et al., 2009).
– 110 –
Noções básicas de genética humana
a) Cariótipo humano
Acrocêntrico Telocêntrico
Centrômero
– 111 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
– 112 –
Noções básicas de genética humana
Histona
Cromatina
Nucleossomo
Cromossomo
– 113 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Citosina
NUCLEOTÍDEO
Ácido BASE
fosfórico
Desoxirribose
FOSFATO
AÇÚCAR
Esqueleto açúcar-fosfato
– 114 –
Noções básicas de genética humana
Timina Adenina
Grupo fosfato
– 115 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Figura 4.5 – Molécula de DNA formada por duas fitas formadas de nucleotídeos
Nucleotídeo Nucleosídeo
Resíduo de
ácido fosfórico
– 116 –
Noções básicas de genética humana
ESQUERDA DIREITA
4.1.3 Genes
Para relembrar, cada cromossomo é formado por uma molécula de
DNA. A molécula de DNA carrega em sua estrutura os genes (Figura 4.7).
O DNA armazena a informação genética de um organismo por meio
das sequências de bases nitrogenadas, que se expressam como um fenó-
tipo. O genótipo é a composição genética de um indivíduo, ou seja, os
genes que a pessoa carrega. O fenótipo é a expressão visível de um genó-
tipo (PIMENTEL et al., 2017), como por exemplo a cor dos olhos, o tipo
de cabelo, a tonalidade da pele, o tipo sanguíneo etc. Além da influência do
genótipo, o fenótipo também pode ser influenciado pelo meio ambiente,
como por exemplo: imagine duas pessoas com o mesmo genótipo, mas
uma delas é constantemente exposta à luz solar. É bem provável que a
tonalidade de pele dessas duas pessoas não seja igual.
– 117 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Núcleo
Cromossomo
Braço P
Centrômero
Fonte: Shutterstock.com/Designua
DNA
Esqueleto
Braço Q açúcar-fosfato
Cromátides-irmã
Gene
Citosina
Guanina
Adenina
Timina
Na molécula de DNA são encontrados os genes. O gene pode ser definido como um fragmento
da molécula de DNA responsável por codificar, por exemplo, uma proteína.
– 118 –
Noções básicas de genética humana
Cor
dos olhos
Tipo
sanguíneo
Fonte: Shutterstock.com/joshya
Cor dos
cabelos
Crescimento
Observe que nesse esquema cada gene determina uma característica e possui dois alelos na mesma
posição do cromossomo. Esse local específico de um gene no filamento de DNA é chamado de locos.
– 119 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
– 120 –
Noções básicas de genética humana
Centrômero
Cromátides-irmãs Cromátides-irmãs
Os pesquisadores Meselson e Stahl, no ano de 1958, demonstraram
que a replicação do DNA é semiconservativa. Isso significa dizer que as
duas moléculas recém-formadas de DNA conservam uma das fitas da
molécula de DNA que está sendo copiada (Figura 4.11a). A outra fita de
DNA das moléculas de DNA recém-formadas é construída usando uma
fita de DNA como molde. Utilizando esse processo, as novas fitas são
complementares à fita conservada (Figura 4.11b) (SADAVA et al., 2009).
Figura 4.11 – Duplicação do DNA
a)
– 121 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
b)
– 122 –
Noções básicas de genética humana
– 123 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
DNA-polimerase
DNA parental
Filamento lento
Fonte: Shutterstock.com/Designua.
– 124 –
Noções básicas de genética humana
Proteína
4.3.1 Transcrição
Nesse processo, a partir de uma molécula de DNA será criada uma
molécula de RNA, ocorrendo dentro do núcleo da célula humana. A molé-
cula de RNA também é formada por nucleotídeos, porém, o açúcar usado
para a sua formação é a ribose. Outra diferença da molécula de DNA, é
que o RNA é uma fita simples de nucleotídeos, e não dupla (Figura 4.14)
(ROBINSON, 2015). É importante destacar que durante o processo de
transcrição a molécula de DNA é aberta, porém, somente uma das fitas
será usada para a transcrição. Nesse caso, a fita usada é a que está no sen-
tido 3’ para 5’, ou seja, a fita antisenso.
– 125 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Timina
Uracila
Citosina
Adenina
Guanina
Observe que, diferentemente da fita dupla de DNA, o RNA é formado por uma fita simples.
As bases nitrogenadas adenina, citosina e guanina são comuns tanto para o DNA quanto para o
RNA. A base nitrogenada timina é encontrada apenas no DNA. Já a base nitrogenada uracila é
encontrada apenas no RNA.
Fonte: Shutterstock.com/Designua
– 126 –
Noções básicas de genética humana
– 127 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
RNA-polimerase
Fita molde
de DNA
Fita não (transcrito)
molde de DNA
(não transcrito)
RNA
– 128 –
Noções básicas de genética humana
– 129 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Núcleo
Neste processo, os íntrons são removidos (fragmentos em verde) e os éxons são unidos para
formar o RNA mensageiro que será utilizado no processo de tradução.
4.3.1 Tradução
Nesse processo, a partir de uma molécula de RNA mensageiro será
criada uma proteína. Mas como isso ocorre? Para responder a essa per-
gunta, é preciso entender o código genético, que, de forma simplificada, é
a relação entre a informação de nucleotídeos no mRNA e os aminoácidos
das proteínas.
Esse código é lido em trincas, ou seja, cada três bases de nucleotídeos
correspondem a um aminoácido ou a uma sequência de parada. Esse con-
junto de três nucleotídeos localizados no RNA mensageiro, que correspon-
dem a um aminoácido, é chamado de códon. Observe a Figura 4.17: ela
mostra o código genético. Procure, por exemplo, a trinca UUA: na frente,
está escrito Leu, que é referente ao aminoácido leucina. A trinca UUG tam-
bém é leucina. Dessa forma, sempre que um RNA mensageiro tiver uma
dessas trincas na sua sequência, a cadeia polipeptídica terá o aminoácido
leucina em sua composição (PIMENTEL et al., 2017; ROBINSON, 2015).
– 130 –
Noções básicas de genética humana
Para Para
Para
Primeira letra
Terceira letra
Para fazer a leitura, procure a primeira letra da trinca desejada na região do quadro “primeira
letra”. Em seguida, procure nessa fileira a segunda letra da trinca na região do quadro
“segunda letra”. Por último, procure no quadrado a terceira letra da trinca na região do quadro
“terceira letra”.
– 131 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
RNA transportador
Fonte: Shutterstock.com/Zvitaliy
Aminoácido
– 132 –
Noções básicas de genética humana
Núcleo
A DNA
Controle
transcricional
Transcrito
B primário de
Controle de RNA
processamento
do RNA
mRNA
C
Transporte
de RNA no
citoplasma D
mRNA Controle de
E estabilidade
Controle
Fonte: Chandar eViselli (2011)
traducional
mRNA
Proteína inativo
Controle pós-
Proteína (i) traducional
nativa
Citoplasma
– 133 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
4.4 Mutação
Entende-se mutação como uma alteração no material genético. Essas
alterações são aleatórias e as consequências das mutações podem ser bené-
ficas, neutras ou prejudiciais, dependendo do local do material genético
que foi mutado. Os fatores que causam a mutação são chamados de agentes
mutagênicos, e podem ser de natureza física, como a radiação, de natureza
química, como agrotóxicos e a nicotina do cigarro, ou de natureza bioló-
gica, como alguns vírus (PIMENTEL et al., 2017; ROBINSON, 2015).
As mutações podem ser divididas em dois tipos:
2 mutação gênica –a alteração ocorre nas bases nitrogenadas, nor-
malmente de genes. Essa alteração pode fazer com que o gene
não funcione corretamente. A alteração pode ocorrer por diversos
mecanismos como: 1) substituição: uma base nitrogenada é substi-
tuída por outra; 2) inserção: um par de bases nitrogenadas é adicio-
nado à molécula de DNA; 3) deleção: um par de bases nitrogena-
das é removido da molécula de DNA; 4) inversão; 4) translocação;
ou 5) duplicação (Figura 4.20). Em qualquer um dos casos, depen-
dendo do códon que foi alterado, pode-se levar à produção de uma
proteína defeituosa (PIMENTEL et al., 2017; ROBINSON, 2015).
Figura 4.20 – Tipos de mutações gênicas
Deleção Inversão
– 134 –
Noções básicas de genética humana
a)
Síndrome de Down – Trissomia do 21
– 135 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
b)
Síndrome de Turner
– 136 –
Noções básicas de genética humana
Filho: aa
– 137 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Filho: aa
Usando esse mesmo exemplo, é possível observar mais a fundo a
primeira lei de Mendel, que diz que “um organismo de reprodução sexu-
ada possui genes que ocorrem aos pares e apenas um membro de cada
par é transmitido para a prole” (BORGES-OSÓRIO; ROBINSON, 2013).
Nesse exemplo, o pai produz espermatozoides tanto com alelo A quanto
com alelo a. A mãe também produz ovócitos tanto com alelo A quanto com
alelo a. Veja o quadro a seguir:
Saiba mais
– 138 –
Noções básicas de genética humana
Intersexo ou
Falecido ou
– 139 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Casal
Casal cosanguíneo
numeração das regações (vertical) I,II,III etc.
Numeração dos indivíduos na geração
1,2,3,4 etc.
(horizontal)
Casal sem filhos
Idade ao falecer ou
+60 60
Idade à época do exame 10a
1 2
Família / casal (o homem à esquerda) I
Irmandade II 1 2 3
– 140 –
Noções básicas de genética humana
– 141 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
– 142 –
Noções básicas de genética humana
– 143 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Conclusão
A genética está presente no dia a dia. Quem já não ouviu falar dos
organismos geneticamente modificados ou no melhoramento genético de
uma planta ou animal? Mais especificamente na genética humana, os exa-
mes de DNA para identificação de paternidade já são mais do que conheci-
dos e esses são apenas alguns exemplos. A compreensão da genética é fun-
damental para se entender as características dos organismos, assim como
ajudar a resolver diversas questões que afligem ao homem, como as doen-
ças genéticas humanas. Entender os conceitos básicos da ciência genética
facilita a compreensão de outras áreas das ciências biológicas e da saúde.
Atividades
1. Defina a estrutura da molécula de DNA.
2. Explique a frase: “a replicação do DNA é semiconservativa”.
3. Observe a seguir a sequência de bases nitrogenadas de uma das
fitas da molécula de DNA. A partir dela, qual seria a estrutura de
cadeia polipeptídica formada?
3’ TACGATCCGGGATTACGA 5’
4. Observe a situação hipotética: um casal pensa em ter uma
criança, porém, o marido está preocupado, pois seu pai tem
anemia falciforme, uma doença autossômica recessiva, e ele
tem medo que a criança também tenha. Tanto o marido quando
esposa não têm a doença.
a) Monte o herodograma;
b) Há razões para o marido se preocupar?
– 144 –
5
Conceitos gerais
de nutrição
– 146 –
Conceitos gerais de nutrição
Estômago
Intestino
Duodeno grosso
Intestino
delgado
Ceco
Cólon
Apêndice
Íleo Reto
Ânus
O alimento entra pela boca, onde é primeiramente digerido – tanto mecanicamente quanto pela
ação das enzimas salivares. Em seguida, o bolo alimentar passa pelo esôfago e cai no estômago,
onde, na presença de ácido clorídrico, a enzima pepsina degrada principalmente as proteínas.
Uma parte dos nutrientes é absorvida no estômago e o restante vai para o intestino delgado,
onde ocorre novamente a digestão de lipídios, proteínas e carboidratos e também a absorção dos
nutrientes obtidos após a digestão. O que não foi absorvido vai para o intestino grosso, onde,
após absorção de água, o que sobra são as fezes.
Fonte: Shutterstock.com/Designua
– 147 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
5.2 Nutrientes
Os nutrientes são classificados em macronutrientes e micronutrientes:
1. Macronutrientes (Figura 5.2)
a) São necessários em grandes quantidades;
b) São macromoléculas que precisam ser quebradas para
serem absorvidas pelo corpo;
c) Função – fornecimento de energia e participação na cons-
trução corporal;
d) São os carboidratos, as proteínas e as gorduras.
Figura 5.2 – Exemplos de alimentos ricos em cada macronutriente
Carb
oidratos Proteínas Gorduras
– 148 –
Conceitos gerais de nutrição
(Mn: manganês; K: potássio; Fe: ferro; Co: cobalto; Cu: cobre; Na: sódio; Li: lítio; F: Flúor; Si:
silício; Zn: zinco; Se: selênio; Ca: cálcio; Mg: magnésio; I: iodo; Mo: molibdênio).
Fonte: Shutterstock.com/Dima Oris
– 149 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
É possível observar que 187 gramas de pão integral possuem 31 calorias advindas de gorduras.
Já nas guloseimas, 60 gramas possuem 190 calorias de gordura.
Fonte: Shutterstock.com/Evan Lorne
– 150 –
Conceitos gerais de nutrição
– 152 –
Conceitos gerais de nutrição
– 153 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
a)
Guia para escolha dos alimentos
Dieta de 2000kcal
– 154 –
Conceitos gerais de nutrição
b)
moderação
2 porções 2 porções
3 porções 2 porções
6 porções
c)
moderação
3 a 4 porções 2 a 3 porções
4 a 5 porções 4 a 5 porções
6 a 11 porções
– 155 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
d)
moderação
3 porções 2 porções
3 porções 2 porções
6 porções
– 156 –
Conceitos gerais de nutrição
– 157 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
– 158 –
Conceitos gerais de nutrição
Gatilhos
Dores de cabeça
e ansiedade
Dor abdominal
Coceira e inchaço
Fonte: Shutterstock.com/Designua
– 159 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Figura 5.8 – Comparação entre a digestão da lactose quando a enzima lactase está presente
no intestino delgado e quando não há lactase no intestino, ocasionando acúmulo de água e
fabricação de gases e ácidos pelas bactérias
Fonte: Shutterstock.com/Designua
– 160 –
Conceitos gerais de nutrição
– 161 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Figura 5.9 – Comunicação de um neurônio com outro, por meio da liberação de vesículas
ricas em neurotransmissores, que caem na sinapse química
SINAPSE QUÍMICA
Vesículas Bomba de recaptação
Neurotransmissor
Receptor
Fenda
sináptica
Fonte: Shutterstock.com/Designua
– 162 –
Conceitos gerais de nutrição
Fonte: Shutterstock.com/NotionPic
– 163 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
– 164 –
Conceitos gerais de nutrição
Fonte: Shutterstock.com/Lightspring
– 165 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Conclusão
Escolher o que se come é fundamental para uma vida saudável. Optar
por alimentos mais naturais parece ser a chave para uma vida com menos
doenças. Além da nutrição, a prática da atividade física regular traz diver-
sos benefícios, agindo contra doenças como, por exemplo, a osteoporose
e o risco de infarto. Porém, infelizmente, no modelo de sociedade atual,
o consumo de alimentos industriais e o sedentarismo preponderam. São
necessários mais programas de incentivo e conscientização da população
brasileira e mundial, buscando alterar essa tendência.
Os educadores – em especial os professores de educação física, que
são os profissionais responsáveis por promover a prática de atividades
físicas em geral e ensinar os princípios e regras técnicas de atividades
esportivas – possuem um papel primordial no incentivo de uma sociedade
que se preocupe mais com uma alimentação equilibrada e a prática de
exercícios físicos regulares.
Atividades
1. Defina o termo nutrição em dois enfoques: a) associado à ali-
mentação; b) como ciência.
– 166 –
Conceitos gerais de nutrição
– 167 –
6
A função dos alimentos:
os macronutrientes –
carboidratos, proteínas,
lipídios e água
6.1 Carboidratos
Os carboidratos são importantes na alimentação e na sobrevivência
humana, possuindo grande valor na dieta dos indivíduos. Sua contribuição
calórica é de 4 kcal/g e seu estudo científico ganhou destaque considerá-
vel quando passou a ser necessário compreender a síntese e absorção de
nutrientes pelo corpo humano.
De acordo com Sardá e Giuntini (2013), carboidratos são um grupo
diversificado de substâncias com propriedades fisiológicas, físicas e quí-
micas bem características. Têm ação sobre o metabolismo energético, a
saciedade, a glicemia e a insulinemia do organismo, e sua fermentação
auxilia no funcionamento e na absorção de cálcio do intestino. Além disso,
apresentam propriedades que afetam a saúde em geral, como o controle do
peso corporal, o envelhecimento, o risco para diabetes, as doenças cardio-
vasculares, alguns tipos de câncer e as infecções intestinais.
– 170 –
A função dos alimentos: os macronutrientes – carboidratos, proteínas, lipídios e água
6.1.1.1 Monossacarídeos
São a glicose, a frutose, a galactose, o sorbitol e o manitol. Possuem
grau de polimerização 1, e normalmente são absorvidos no intestino del-
gado. A glicose tem uma resposta glicêmica muito rápida, e os açúcares
provenientes do álcool são pouco absorvidos. Trata-se de carboidratos
mais simples, com três a sete carbonos, ou então quatro ou mais, com
estruturas cíclicas. A glicose é o monossacarídeo mais comum na natu-
reza. De acordo com Cozzolino e Cominetti (2013), os monossacarídeos
são sólidos cristalinos, incolores e solúveis em água, mas insolúveis em
solventes não polares. A maioria tem sabor doce.
Figura 6.1 – Ilustração das estruturas cíclicas dos monossacarídeos: glicose, frutose
e galactose
Fonte: Shutterstock.com/Kicky_princess
– 171 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
6.1.1.2 Dissacarídeos
São a sacarose, a maltose, a lactose, o lacitol e o maltitol. Nas caracterís-
ticas fisiológicas, a sacarose e a maltose são hidrolisadas e absorvidas comple-
tamente, enquanto os outros são passíveis de fermentação (PANSANI, 2016).
Normalmente, todos os dissacarídeos são formados por duas estru-
turas de monossacarídeos, como a glicose e a frutose, que quando juntas,
formam a sacarose, por exemplo.
Quadro 6.1 – Ilustração das estruturas cíclicas dos dissacarídeos: sacarose, maltose
e lactose
SACAROSE
MALTOSE
LACTOSE
Fonte: Shutterstock.com/Kicky_princess
– 172 –
A função dos alimentos: os macronutrientes – carboidratos, proteínas, lipídios e água
6.1.1.3 Oligossacarídeos
São a rafinose, a estaquiose, os galactoligossacarídios, as maltodex-
trinas, as piodextrinas e a polidextrose. Com exceção da maltodextrina,
todos os demais são resistentes a hidrólise, passam diretamente ao cólon
e também são passíveis de fermentação. A maltrodextrina é hidrolisada e
tem uma rápida resposta glicêmica (PANSANI, 2016).
6.1.1.4 Polissacarídeos
Incluem amido (amilose e amilopectina), amidos modificados, polis-
sacarídeos não amidos, derivados da parede celular (celulose, hemicelu-
lose e pectinas), polímeros de armazenagem – como a insulina, gomas de
plantas e mucilagens de sementes (PANSANI, 2016).
Figura 6.2 – Ilustração das estruturas cíclicas do amido: amilose (apresenta cadeia
linear) e amilopectina (apresenta cadeia ramificada)
Fonte: Shutterstock.com/chromatos
– 173 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Carboidratos
Sobremesa Cereais Nozes Frutas Vegetais
Mel Arroz Castanha de caju Banana Batata
Fonte: Shutterstock.com/OlgaChernyak
– 174 –
A função dos alimentos: os macronutrientes – carboidratos, proteínas, lipídios e água
6.1.3.1 Digestão
No processo digestivo dos carboidratos, a hidrólise do amido é a
mais enfatizada. Ela já começa na boca, com a saliva. Por não perma-
necer muito tempo dentro da boca, não é de grande importância, mas
serve para realizar a quebra mecânica do alimento e esse processo con-
tinua quando o alimento chega ao estômago, ao entrar em contato com
a acidez gástrica.
Quando esse amido chega ao duodeno, entra em contato com um pH
de aproximadamente 7,0 e com a amilase liberada pelo pâncreas. Ele é
quebrado pelas enzimas e o produto dessa digestão será a dextrina-limite,
que vai sofrer clivagem com a enzima da glicoamilase para ser quebrada
ainda mais (PALERNO, 2014).
– 175 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
6.1.3.2 Fermentação
Todos os componentes que não são digeridos pelas enzimas (amilase,
lactase, sacarase ou protease) chegam intactos ao intestino grosso, onde
serão degradados pela fermentação colônica. Os principais substratos de
fermentação são compostos como frutanos, pectina, amido resistente e
alguns polifenóis (ou seja, carboidratos não disponíveis).
Essa fermentação pode ser feita de duas maneiras: proteolítica ou
sacarolítica. A microbiota colônica responsável pelo processo de fermen-
tação varia muito e é influenciada por fatores como alimentação, código
genético, meio em que a pessoa vive, uso de antibióticos, idade, estresse,
entre outros. É formada por micro-organismos benéficos, patogênicos e
neutros que vão produzir várias vitaminas e tirar o peso do fígado para
purificar as substâncias do intestino delgado.
6.1.3.3 Absorção
Existem duas famílias de transportadores de monossacarídeos no
corpo humano: os transportadores ativos de glicose e os transportadores
passivos de glicose; os ativos movem a glicose e o sódio para pontos de
concentração e cada um deles recebe uma propriedade de acordo com o
tecido do corpo em que atuam.
Os rins e o intestino são os principais órgãos que transportam
glicose de suas células para a corrente sanguínea. Nos rins, a glicose
é captada pelas células do túbulo proximal, é filtrada pelos gloméru-
los e depois transportada de volta ao sangue. No intestino, acontece a
captação de monossacarídeos provenientes da etapa de digestão (PAN-
SANI, 2016).
– 176 –
A função dos alimentos: os macronutrientes – carboidratos, proteínas, lipídios e água
6.1.3.4 Metabolismo
Depois da digestão dos carboidratos, sobra quase sempre glicose, fru-
tose e galactose, que são convertidas em glicose pelo fígado e, a partir de
então, utilizadas pelo corpo por meio do metabolismo.
A glicose pode ser empregada imediatamente para liberar energia, ou
então será armazenada na forma de glicogênio. Essa conversão vai permi-
tir que grandes quantidades de carboidrato sejam armazenadas sem alterar
a pressão do meio intracelular. Embora todas as células sejam capazes de
armazenar glicogênio, os músculos e o fígado realizam essa tarefa com
mais eficiência. A maneira mais importante de se liberar energia é pela
molécula da glicose.
Após todo o processo, a glicose vai ser convertida de ácido pirúvico
para acetilCoA (acetil coenzima A) para ser modificada mais uma vez
quando passar pelo Ciclo de Krebs (PANSANI, 2016).
Outra atividade do metabolismo para converter a glicose é a anaeró-
bia, que produz ácido lático para os músculos em atividade física. Pode ser
reciclado também, sendo transportado pelo sangue até o fígado, onde será
transformado em glicose mais uma vez (PANSANI, 2016).
A glicogênese por sua vez, é a formação da glicose a partir do lactato,
e costuma acontecer no fígado, nos rins e no intestino delgado, fornecendo
glicose para o uso do cérebro.
– 177 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
6.2 Lipídios
Os lipídios são diversos compostos químicos com uma caracterís-
tica em comum: são insolúveis em água. Com a diversidade que existe
dentro da categoria, é difícil classificá-la de uma maneira universal.
Segundo Cozzolino (2012), um dos métodos propostos é o de organizar
os lipídios de acordo com suas características estruturais. As classifica-
ções também estão sempre sujeitas a modificações, conforme o que é
priorizado no estudo.
– 178 –
A função dos alimentos: os macronutrientes – carboidratos, proteínas, lipídios e água
– 179 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
– 180 –
A função dos alimentos: os macronutrientes – carboidratos, proteínas, lipídios e água
Lipídios
Óleos Laticínios Nozes Carnes Peixes
Azeite de oliva Manteiga Pinhão Presunto Salmão
Fonte: Shutterstock.com/OlgaChernyak
– 181 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
– 182 –
A função dos alimentos: os macronutrientes – carboidratos, proteínas, lipídios e água
– 183 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
peso corporal de uma pessoa é composto por proteínas, que estão espalha-
das pelos tecidos e podem exercer os mais diversos tipos de função, sejam
eles estruturais, enzimáticos, hormonais, de transporte e de imunidade.
A biodisponibilidade dos aminoácidos depende de fatores como con-
formação estrutural, presença de compostos antinutricionais, efeitos de
condições de processamento e complexação, que podem ser feitos com
outros nutrientes.
Segundo Tirapegui, Castro e Rossi (2012, p. 132), quanto mais sim-
ples for a estrutura de uma proteína, mais fácil será o acesso para as
enzimas digestivas, facilitando o processo de absorção de aminoácidos
pelo organismo. A presença de fatores antinutricionais, como inibidores
de tripsina, quimiotripsina e lecitinas, interfere negativamente no pro-
cesso enzimático, diminuindo a digestibilidade e a qualidade nutricional
das proteínas.
Quando se analisa a qualidade nutricional da proteína, não se deve
considerar apenas os aminoácidos essenciais que estão presentes na molé-
cula da proteína, mas a capacidade de utilização deles pelo organismo.
Alguns aminoácidos essenciais são fornecidos pela dieta e sua ausência
pode alterar os processos bioquímicos e fisiológicos, além de atrapalhar na
síntese proteica. Vinte aminoácidos constituem as proteínas, e pelo menos
nove são essenciais ao corpo.
Nas crianças, a falta dos aminoácidos acarreta problemas de cresci-
mento. Em adultos, pode afetar órgãos vitais, como o cérebro e o coração.
Aminoácidos livres, por sua vez, estão em equilíbrio na célula e nos fluí-
dos biológicos, por meio do turnover proteico (renovação da proteína); o
tecido muscular e as vísceras cuidam desse equilíbrio e fazem a síntese de
várias proteínas sanguíneas na homeostase celular.
6.3.1 Aminoácidos
Aminoácidos – unidade básica das proteínas – são formados por uma
ligação entre o carbono, um átomo de hidrogênio, um grupamento amino,
um grupamento carboxila e um grupamento lateral (R, radical), conforme
Figura 6.5 (TIRAPEGUI; CASTRO; ROSSI, 2012, p.135).
– 184 –
A função dos alimentos: os macronutrientes – carboidratos, proteínas, lipídios e água
Aminoácidos
Grupo
Grupo amino carboxila
Cadeia
lateral
Fonte: Shutterstock.com/Bacsica
– 185 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
– 186 –
A função dos alimentos: os macronutrientes – carboidratos, proteínas, lipídios e água
– 187 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
6.3.2 Proteínas
São moléculas orgânicas formadas a partir da ligação peptídica entre
dois aminoácidos, e sua estrutura é formada entre as combinações de vinte
aminoácidos, criando, assim, moléculas com uma grande diversidade fun-
cional. Elas são separadas com base em três critérios – função, estrutura e
composição (TIRAPEGUI. CASTRO; ROSSI, 2012):
2 função – quando separadas por sua função, consideram-se os
atributos que forem adquiridos conforme a combinação feita
entre os aminoácidos que compõem a proteína. Podem ser os
hormônios (como a insulina), as enzimas (tripsina), as proteínas
contráteis (actina e miosina), as proteínas estruturais (colágeno),
as proteínas de reserva nutritiva (caseína) etc.
2 estrutura – em relação à estrutura, ou seja, sua configuração
espacial, elas podem ser divididas pelos níveis de complexidade
– se são simples (primárias) ou mais complexas (quaternárias).
2 composição – aqui, a classificação é realizada de acordo com o
resultado de sua hidrólise, ou seja, se é simples, com a liberação
de aminoácidos, ou composta, quando há liberação também de
componentes orgânicos ou inorgânicos.
A classificação também pode ser feita por meio da biodisponi-
bilidade, que avalia a concentração fisiologicamente disponível de
aminoácidos essenciais (em outras palavras, a capacidade de fornecer
aminoácidos e nitrogênio para cada organismo, de acordo com a neces-
sidade). Assim, as proteínas são consideradas completas, parcialmente
incompletas e totalmente incompletas. Exemplos de proteínas comple-
tas seriam aquelas derivadas de alimentos como carne, leite, ovos, pei-
xes e aves, que apresentam todos os aminoácidos essenciais ao homem
em quantidades adequadas a seu crescimento e manutenção. As pro-
teínas parcialmente incompletas seriam as que fornecem aminoácidos
em quantidade suficiente apenas para a manutenção orgânica, como
algumas proteínas provenientes de leguminosas, oleaginosas e cereais.
E, por fim, as proteínas totalmente incompletas, como a gelatinas e a
zeínas, que não fornecem aminoácidos essenciais em quantidade sufi-
– 188 –
A função dos alimentos: os macronutrientes – carboidratos, proteínas, lipídios e água
– 189 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
– 190 –
A função dos alimentos: os macronutrientes – carboidratos, proteínas, lipídios e água
Proteína contida
Proteína de EAR (g/
Idade em alimentação
boa qualidade kg/dia)
mista (g/kg/dia)
4-6 meses 1,85 - 2,50
7-9 meses 1,65 1,10 2,20
10-12 meses 1,50 1,10 2,00
1,1-2 anos 1,20 0,88 1,60
2,1-3 anos 1,15 0,88 1,55
3,1-5 anos 1,10 0,76 1,50
5,1-12 anos 1,00 0,76 1,35
Fonte: adaptada de Pansani (2016, p. 60).
– 191 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
– 192 –
A função dos alimentos: os macronutrientes – carboidratos, proteínas, lipídios e água
Proteínas
Feijões Sementes Laticínios Peixes Carnes
Soja Semente de abóbora Queijo duro Atum Frango
Fonte: Shutterstock.com/OlgaChernyak
– 193 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
6.3.2.5 Metabolismo
Em um corpo humano de 70 kg, pelos menos 12 kg são de
proteínas, e um valor entre 200 g e 230 g, de aminoácidos livres. O
músculo esquelético é pelo menos 45% da massa corporal e, dos
7% desse valor de proteínas, pelo menos 66% são proteínas contrá-
teis e 34% são não contráteis. No espaço intramuscular do corpo,
é possível encontrar 130 g de aminoácidos livres e apenas 5 g na circulação
sanguínea. No musculo esquelético, existem dois componentes importantes –
água e proteínas –, em uma escala de 4:1. Para cada 1 kg de massa deve haver
pelo menos 200 g de proteínas (ROGERO; CASTRO; TIRAPEGUI, 2012).
Aminoácidos livres intracelulares surgem das proteínas da alimen-
tação e das endógenas. Eles são de extrema importância para o controle
metabólico e nutricional das proteínas dentro de um organismo. No inte-
rior de todos os aminoácidos do corpo humano, o de maior concentração
é a glutamina.
Depois que a absorção intestinal é feita, os aminoácidos são levados
diretamente à área do fígado, que serve como órgão modulador da concen-
tração de aminoácidos plasmáticos. Pelo menos 20% desses aminoácidos
são liberados para a circulação sistêmica, os outros 50% viram ureia e 6%
proteínas plasmáticas. Os aminoácidos que forem para a corrente sanguí-
nea, por sua vez, são metabolizados pelos rins e outros tecidos. O fígado
realiza o catabolismo dos aminoácidos essenciais, e parte dos aminoácidos
que é usada na síntese acaba sendo secretada como enzimas necessárias
para as próprias células hepáticas.
– 194 –
A função dos alimentos: os macronutrientes – carboidratos, proteínas, lipídios e água
– 195 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
– 196 –
A função dos alimentos: os macronutrientes – carboidratos, proteínas, lipídios e água
água. Os íons dos eletrólitos interagem entre si e podem ser sais inorgâni-
cos de sódio, de potássio e de magnésio.
O sódio é o principal cátion (Na+ carga positiva) e o cloro é o princi-
pal aníon (Cl- carga negativa) do fluido extracelular, sendo que o cloreto
de sódio é a forma salina para os dois nutrientes. O sódio é essencial para
a manutenção do equilíbrio osmótico, transmissão de impulsos nervosos,
contração muscular e transporte ativo de molécula pela membrana celular.
Já o cloro ajuda a formar outra substância importante para o corpo: o ácido
clorídrico (PANSANI, 2016).
Três processos ajudam a entender como a água participa de vários
processos fisiológicos e químicos do corpo humano (PARTENEZ;
AQUINO, 2014):
2 Princípio de Unificação – o organismo apresenta um porcen-
tual grande de água, muito maior que qualquer outro elemento
bioquímico durante todas as fases da vida. Essa quantidade se
movimenta pelo corpo livremente. A água unifica os comparti-
mentos corporais e celulares do ser humano.
2 Princípio da compartimentalização – dentro do corpo humano há
os compartimentos intra e extracelulares. Dentro do intracelular,
a água responde por pelo menos 40% do peso corporal. No extra-
celular, o valor é de 20%, sendo pelo menos 5% de água dentro
das células e 15% de água nos vasos sanguíneos. O corpo humano
é feito de células eucariontes, cujos compartimentos intracelula-
res são separados por membrana. As estruturas dessas membranas
separam os compartimentos intracelular do extracelular e per-
mitem a movimentação entre eles. Essas células vão formar os
quatro tipos de tecidos corporais – epitelial, conjuntivo, muscular
e nervoso – que dão origem aos órgãos e aos sistemas. A água
presente em cada um dos compartimentos corporais é balanceada
por meio da homeostase e mantém o equilíbrio dentro do corpo.
2 Princípio das partículas em solução – a água que está no corpo é
uma solução, uma vez que diversas partículas estão presentes nela,
como íons, eletrólitos ou outras moléculas complexas. Elas vão
interagir com a água em diversas partes do corpo, modificando o
– 197 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
– 198 –
A função dos alimentos: os macronutrientes – carboidratos, proteínas, lipídios e água
Água
Vegetais Frutos Frutas Feijões Laticínios
Pepino Morango Melão Ervilha Leite
Fonte: Shutterstock.com/OlgaChernyak
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Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
– 200 –
A função dos alimentos: os macronutrientes – carboidratos, proteínas, lipídios e água
Vale frisar que o corpo não armazena água, e por isso sua perda deve
ser reposta durante todo o dia. A água chega ao corpo humano de três
maneiras diferentes, ou seja: por meio da ingestão de líquidos, pelo con-
sumo de alimentos e por metabolismo corporal.
– 201 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Conclusão
Os macronutrientes, carboidratos, lipídios (gorduras) e proteínas são
os nutrientes capazes de fornecer energia para o organismo dos seres huma-
nos e animais. Os carboidratos e lipídios, por terem combustão bioquímica
– 202 –
A função dos alimentos: os macronutrientes – carboidratos, proteínas, lipídios e água
– 203 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Atividades
1. Qual a classificação dos carboidratos? Dê exemplos dos quatro
tipos de carboidratos.
2. Quais são as quatro funções desempenhadas pelos lipídios nos
organismos e nos alimentos?
3. As proteínas são separadas com base em três critérios: função,
estrutura e composição. Explique cada um deles.
4. Quais são os fatores que podem atrapalhar a absorção de água
pelo corpo humano?
– 204 –
7
A função dos
alimentos: os
micronutrientes –
minerais e vitaminas
– 206 –
A função dos alimentos: os micronutrientes – minerais e vitaminas
7.1 Minerais
Os minerais são substâncias inorgânicas que têm a função de regular
determinadas funções do corpo. Eles podem ser eletrólitos, como potássio,
cloro e sódio; macrominerais, como cálcio, fósforo, magnésio e enxofre;
microminerais, como ferro, zinco, cobre, iodo, cromo, selênio, manga-
nês, molibdênio e níquel; e elementos-traço (estão presentes no organismo
em quantidade menor que os considerados microminerais), como flúor,
cobalto, silício, vanádio, estanho, chumbo, mercúrio, boro, lítio, estrôn-
cio, cadmio e arsênio (HERMIDA; DA SILVA; ZIEGLER, 2010, p. 180).
Figura 7.2 – Apresentação dos minerais com ilustração
dos alimentos que são suas fontes
Fonte: Shutterstock.com/OlgaChernyak
– 207 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
– 208 –
A função dos alimentos: os micronutrientes – minerais e vitaminas
– 209 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
– 210 –
A função dos alimentos: os micronutrientes – minerais e vitaminas
7.1.2.2 Ferro
O ferro participa do transporte de oxigênio e gás carbônico, por meio da
hemoglobina. É armazenado temporariamente na forma de ferritina nas célu-
las reticulares endoteliais do organismo e, então, é liberado para a circulação.
A ferritina é um complexo proteico e hidrossolúvel chamado de
macromolécula de ferro, formado por uma concha proteica externa, a apo-
ferrina, que apresenta unidades menores de um núcleo de hidrofosfato de
ferro, Fe(OH)3.
Quando o ferro não é utilizado, a taxa de absorção é diminuída. O
ácido ascórbico intensifica a absorção do ferro. O ferro nos alimentos
vegetais está na forma férrica (Fe3+), é menos absorvido que o dos ali-
mentos de origem animal, na forma ferrosa, Fe2+, porque o ferro ferroso é
significativamente mais solúvel a pH 7,0 e, portanto, aproveitável rapida-
mente no metabolismo, pelo nosso organismo (PALERNO, 2014).
Alimentos ricos em ferro são: carne vermelha; vegetais escuros como
brócolis, espinafre, acelga e couve; leguminosas, como grão-de-bico, len-
tilha, ervilha e feijão; tofu – queijo de soja; algas como kombu e wakame;
cereais integrais, como aveia e quinoa; castanha de caju; sementes de ger-
gelim e abóbora.
A carência de ferro na dieta causa anemia ferropriva, quando os gló-
bulos vermelhos se apresentam descorados e diminuídos em tamanho. O
indivíduo apresenta fraqueza, palidez, fadiga fácil e falta de ar.
Para evitar a anemia, na dieta deve haver: carnes, vísceras (fígado), gema
de ovo, leguminosas, acelga e espinafre. A necessidade diária recomendada
pela Anvisa, para dieta de 2.000 kcal, é de 8 a 18 mg. (PANSANI, 2016).
– 211 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
7.1.2.3 Sódio
O sódio regula a pressão sanguínea, do plasma e dos fluidos intercelu-
lares, além da manutenção do equilíbrio hídrico no interior do organismo,
impulsos nervosos, relaxamento e motilidade muscular. A deficiência se
dá principalmente por perda de líquidos, como em queimaduras e gas-
trenterite, causando fadiga, anorexia, hipotensão (pressão baixa), oligúria
(produção insuficiente de urina) e diarreia. (PALERNO, 2014).
Sódio em excesso pode causar elevação de pressão sanguínea, cau-
sando dor de cabeça, eritema (vermelhidão) de pele, hipertensão, delírio e
até parada respiratória. Lentilha, feijão, fígado, carne de boi, de frango, de
porco, leite e gema de ovo são excelentes fontes de sódio.
Uma média diária de 5 g de sódio ou 12 g de sal na dieta é conside-
rada suficiente em clima temperado, mas nos trópicos ou com trabalhos
pesados, a recomendação é de 2.400 mg por dia, pois no suor o indivíduo
perde até 1 g de sódio por dia. O excesso de NaCl aumenta a excreção de
cálcio em mulheres na pós-menopausa (PANSANI, 2016).
7.1.2.4 Potássio
O potássio atua em vários sistemas e órgãos, como na regulação
osmótica, manutenção do equilíbrio ácido-base, atividade dos músculos,
metabolismo dos glicídios, síntese proteica, no sangue como tampão pro-
tetor das hemácias, na transmissão nervosa, tenacidade muscular, função
renal e contração da musculatura cardíaca (PALERNO, 2014).
As melhores fontes de potássio são: café solúvel, levedo de cerveja,
chá preto, feijão, grão de bico, caldo de carne, amendoim, soja, avelã,
bacalhau, chocolate em pó, espinafre, batata, almeirão e banana.
A necessidade média diária recomendada de potássio para um adulto
é de 2.000 mg.
7.1.2.5 Cloro
O cloro combina-se com sódio e potássio no organismo. Regula a
pressão osmótica e o equilíbrio ácido-base para manutenção do pH dos
líquidos do corpo: água e sangue.
– 212 –
A função dos alimentos: os micronutrientes – minerais e vitaminas
7.1.2.6 Enxofre
O enxofre forma e regenera cabelos, unhas e pele. Está presente nos
aminoácidos sulfurados, metionina, cistina e cisteína e, portanto, na estru-
tura de todas as proteínas do organismo.
O enxofre auxilia o fígado na secreção biliar, trabalha em conjunto
com as vitaminas do complexo B, ajuda na produção de insulina, par-
ticipa da sintetização da queratina, está presente nos fios de cabelo e
unhas, ajuda na produção de colágeno, que é uma proteína que dá sus-
tentação às células, e favorece o transporte e equilíbrio de outros mine-
rais no organismo.
Alimentos ricos em enxofre: carnes, ovos, peixes, mostarda, alho,
couve, feijão, lentilha, soja e germe de trigo.
7.1.2.7 Magnésio
O magnésio está nos pigmentos verdes dos vegetais, permitindo a
utilização de energia solar e síntese das substâncias orgânicas indispensá-
veis à vida vegetal e animal. Cerca de 30 a 50% do magnésio proveniente
da alimentação é absorvido ao longo de todo o intestino, principalmente
no intestino delgado distal, na porção entre o duodeno distal e o íleo –
pode ocorrer por transporte passivo, quando da ingestão elevada (acima de
2mEq/L), no lúmen intestinal; e por absorção ativa, que ocorre no cólon,
jejuno e íleo, nas situações em que a ingestão de magnésio é baixa ou
adequada, sendo controlada pela absorção do íon sódio, seguida pela água.
(SEVERO et al., 2015).
– 213 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
7.1.2.8 Zinco
Participa das reações de síntese e degradação de carboidratos, prote-
ínas, lipídeos, e ácidos nucleicos. A recomendação desse mineral é de 12
a 15 mg/dia. É encontrado em carne bovina, peixe, aves, leite e derivados
(PANSANI, 2016).
Diversos aspectos do metabolismo celular são dependentes do
zinco. Aproximadamente 10 enzimas dependem do zinco para realizar
reações química vitais. O mineral tem papel importante, por exemplo,
no crescimento, na resposta do organismo, na função neurológica e na
reprodução. Além dessas funções, o zinco atua na estrutura das proteí-
nas e membranas celulares e também está envolvido na expressão dos
genes, na síntese de hormônios e na transmissão do impulso nervoso.
O zinco está presente em mais de 100 enzimas, intervém no funciona-
mento de determinados hormônios e é indispensável à síntese das prote-
ínas, à reprodução e ao funcionamento normal do sistema imunitário. É
encontrado em todos os órgãos, mas sua concentração é particularmente
elevada no pâncreas, no fígado, na pele e nos fâneros (são as estruturas
externas da pele, cabelo, pelos e unhas). No sangue, está ligado às pro-
teínas e aos aminoácidos.
– 214 –
A função dos alimentos: os micronutrientes – minerais e vitaminas
7.2 Vitaminas
Vitaminas são compostos orgânicos de grande importância para o
funcionamento do metabolismo do corpo. Ao contrário dos outros nutrien-
tes, o corpo precisa de pequenas quantidades de vitaminas, ainda que elas
sejam essenciais. Elas estão divididas em dois grupos: hidrossolúveis e
lipossolúveis.
A vitamina lipossolúvel é aquela que, conforme o nome indica, é
solúvel nos lipídios, o que significa que ela precisa de gordura para ser
absorvida. As vitaminas desse grupo são: A, D, E e K.
As vitaminas hidrossolúveis são rapidamente excretadas pela urina
e por isso, dificilmente se acumulam em concentrações tóxicas,
assim, precisamos delas em pequenas doses diárias (BRINQUES,
2015, p. 50).
– 215 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
7.2.1.1 Vitamina A
Vitamina A trabalha com impulsos nervosos, faz a síntese de algumas
glicoproteínas, produz muco e promove resistência a infecções. Ela é ainda
uma reguladora do crescimento e do processo de diferenciação celular.
A deficiência da vitamina A é uma grande questão pública, uma vez
que a falta dela pode causar cegueira em crianças de países de terceiro
mundo. Para se ter noção de seu destaque na saúde pública, sua deficiência
é a segunda maior causa de problemas nutricionais, inclusive em países
desenvolvidos, ficando apenas atrás do ferro (PANSANI, 2016).
Ao se dizer que uma pessoa faz ingestão de vitamina A, está se
dizendo que ela ingeriu todos os compostos presentes nela. Um desses
compostos é retinol, que aparece em alimentos de origem animal e em
algumas bactérias, é bem instável e não é encontrado em boa parte dos
alimentos (GALANTE; ARAÚJO, 2018).
Ela aparece na forma retinol e do ácido retinóico. A vitamina A
ainda pode ser encontrada em peixes de água doce e anfíbios na forma
de 3-deidrorretinol e carotenoides, que são importantes nutricionalmente
(YUYAMA et al., 2012, p. 298).
Pelo menos 70% a 90% do retinol de uma dieta é absorvido pelo
corpo, mas, vale lembrar que, por ser uma substância lipossolúvei, precisa
da ingestão de lipídeos para que seja absorvido completamente.
– 216 –
A função dos alimentos: os micronutrientes – minerais e vitaminas
7.2.1.2 Vitamina D
A vitamina D (calciferol) é um micronutriente essencial para o funciona-
mento do organismo. Existem dois tipos de vitaminas D: a D3 (colecalciferol)
e D2 (ergocalciferol). Ambos os tipos funcionam como vitaminas e ajudam a
prevenir os sintomas da deficiência de vitamina D. (SILVA; MURA, 2007).
A vitamina D3 é produzida nos seres humanos quando a radiação
ultravioleta (UVB) da luz do sol ou de fontes artificiais atinge suas célu-
las da pele. Dentro de poucas horas pós-exposição, 7-dehidrocolesterol,
a vitamina precursora presente na pele, isomeriza a pré-vitamina D3 e,
posteriormente, a vitamina D3. A vitamina D é transportada para o fígado
e convertida em 25-hidroxivitamina D3 (calcidiol). Seus níveis no sangue
variam de acordo com a exposição à radiação ultravioleta e com a ingestão
alimentar. Assim, o calcidiol é um indicador do status dos níveis de vita-
mina D. Conforme o necessário, a 25-hidroxivitamina D3 é convertida no
rim, em um processo bem controlado, ao seu ativo dihidroxivitamina 1,
25 – D3 (calcitriol). (COMINETTI, COZZOLINO, 2012, p. 343).
Essa vitamina é responsável pela expressão de genes que estão liga-
dos ao ciclo proteico e trabalham na diferenciação celular – uma pro-
– 217 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
7.2.1.3 Vitamina E
A vitamina E é o principal antioxidante da membrana celular, e pode
prevenir a propagação da peroxidação lipídica (degradação oxidativa dos
lipídeos). Ela é solúvel em lipídeos, e sua ausência cria falhas reproduti-
vas, danos hepáticos e renais (BORTOLI; COZZOLINO, 2012, p. 365). A
biodisponibilidade de vitamina E é maior em óleos vegetais ou em outros
alimentos que costumam ser fontes de lipídeos – isso inclusive facilita na
absorção do nutriente.
– 218 –
A função dos alimentos: os micronutrientes – minerais e vitaminas
7.2.1.4 Vitamina K
A vitamina K atua na coagulação sanguínea, já que, quando sinte-
tizada no fígado, produz várias proteínas envolvidas nesse processo. A
maior parte dos estudos sobre vitamina K aponta para uma relação da vita-
mina com a redução de doenças crônicas, como osteoporose, e doenças
cardiovasculares (MICHELAZZO, PIRES, COZZOLINO, 2012).
Ela se apresenta em fórmula dietética como fitoquinoma, em vege-
tais, e menaquinona, como bactéria da flora intestinal.
Entre suas funções biológicas, a de maior destaque é o papel que a
vitamina K tem na reação de carboxilação de resíduos específicos de ácido
glutâmico, isto é, atua como cofator essencial levando à formação do ácido
γ-carboxiglutâmico. A carboxilação capacita as proteínas de coagulação a
– 219 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
7.2.2.1 Vitamina B1
Conhecida como tiamina, a vitamina B1 pode ser encontrada de três
maneiras, de acordo com o autor Brinques (2015, p. 50):
– 220 –
A função dos alimentos: os micronutrientes – minerais e vitaminas
– 221 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
7.2.2.2 Vitamina B2
A vitamina B2, conhecida como riboflavina, está presente no corpo
principalmente como parte das coenzimas flavina adenina dinucleotídeo
(FAD) e flavina mononuclídeo (FMN). As formas fisiologicamente ati-
vas, FAD e FMN, têm papel vital no metabolismo como coenzimas para
uma grande variedade de flavoproteínas respiratórias, algumas das quais
contendo metais (como a xantina oxidase). A riboflavina atua como cofa-
tor redox no metabolismo gerador de energia, sendo essencial para a for-
mação dos eritrócitos, da neoglicogênese e na regulação das tireoidianas
(GALANTE; ARAÚJO, 2018).
A riboflavina é encontrada nos ovos, nas carnes, nos vegetais, no leite
e nos seus derivados. Com exceção de leites e ovos, que contêm grandes
quantidades de riboflavina livre, a maior parte da vitamina presente nos
alimentos encontra-se sob a forma de FMN e FAD ligada a proteínas. E
pelo suco gástrico, por meio de hidrólise, libera a riboflavina e a absorção
ocorre, principalmente, nas três porções do intestino delgado (duodeno,
jejum e íleo). Seu receptor é específico e seu transporte requer energia. Há
alguma absorção de riboflavina (principalmente sintetizada pela micro-
biota intestinal) no colón. (BRINQUES, 2015, p. 55) A maior parte dela
se concentra no fígado e é eliminada do corpo pela urina.
A falta desse nutriente costuma afetar mais as mulheres e crianças,
criando inflação na língua, lesão nos cantos da boca, dermatites e anemia.
Também pode atrapalhar o desenvolvimento das crianças.
7.2.2.3 Vitamina B3
A vitamina B3 recebe o nome de niacina, que é um termo genérico
que engloba o ácido nicotínico e a nicotinamida. A niacina “é a precursora
de coenzimas ou carreadora NAD (nicotinamida adenina dinucleotídeo)
e NADP (nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato) participantes do
– 222 –
A função dos alimentos: os micronutrientes – minerais e vitaminas
7.2.2.4 Vitamina B5
A vitamina B5 é conhecida como ácido pantotênico. O ácido pantotê-
nico é composto pelo ácido pantoico ligado a uma subunidade β-alanina,
por ligação peptídica. O ácido pantotênico é um componente da coenzima
A (CoA), assumindo um papel central nas reações no metabolismo dos car-
boidratos, ácidos graxos e aminoácidos. Os processos metabólicos do ácido
pantotênico iniciam-se com a digestão hidrolítica da coenzima A e da prote-
ína acil carreadora (ACP), presente nos alimentos ingeridos. Dessa digestão
resulta o composto 4-fosfopantetepina, que é fosforilado originando a pan-
teteína, que é convertida em ácido pantotênico livre, absorvido no intestino
delgado, após isso, a vitamina cai na corrente sanguínea, sendo transportada
– 223 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
7.2.2.5 Vitamina B6
A vitamina B6 é encontrada em três formas biológicas: piridoxina,
piridoxal e piridoxamina. Na forma de coenzima, piridoxal 5-fosfato
(PLP) e piridoxamina-5-fosfato, está envolvida em várias transformações
metabólicas de aminoácidos, nas etapas enzimáticas no metabolismo de
aminoácidos sulfurados e hidroxilados. A vitamina B6 participa na glico-
neogênese, convertendo o triptofano em niacina, na síntese de diversos neu-
rotransmissores, como histamina, dopamina, norepinefrina, e ácido ômega
aminobutírico (GABA), e na função imune na síntese de interleucina-2 e
proliferação de linfócitos. As transaminases dependentes de piridoxina são
importantes na ligação do oxigênio à hemoglobina, de forma que deficiên-
cias graves dessa vitamina resultam em anemia (SILVA; MURA, 2007).
Está presente em alimentos de origem vegetal, como cenoura, suco
de laranja, banana, batata, aveia e feijão verde, e pode ser encontrada
ainda em alimentos de origem animal, como carne de porco e vísceras
(principalmente o fígado).
Antes de ser absorvida pelo corpo, ela é digerida pelo estômago, uma
vez que a vitamina B6 está associada à proteína. Para ela ser liberada para
circulação no corpo, o processo de digestão vai fazer com que ela reaja
com albumina e hemoglobina, formando assim parte do plasma. É absor-
vida, bem como as demais vitaminas, no fígado, onde ocorre sua fosfori-
lação (PANSANI, 2016).
– 224 –
A função dos alimentos: os micronutrientes – minerais e vitaminas
7.2.2.6 Vitamina B7
A vitamina B7 recebe o nome de biotina e é mais uma das que fazem
parte do complexo B. Essa vitamina é uma coenzima das carboxilases,
que transporta gás carbônico ativado. A estrutura da biotina é formada
por dois anéis, sendo um com grupo ureído e o outro contendo cadeia
lateral formada por átomos de enxofre e ácido valérico na cadeia lateral.
No organismo, a maior parte da biotina encontra-se ligada a enzimas. A
biotina livre é gerada pela proteólise da enzima, liberando biocitina, que
sofre hidrólise pela biotidinase do suco pancreático e secreções da mucosa
intestinal. Costuma ser sintetizada no intestino grosso, pela flora intestinal
(SILVA; MURA, 2007).
A biotina atua no metabolismo de ácidos graxos, no catabolismo
de aminoácidos e nas reações da gliconeogênese, apresentando
papel importante como cofator para enzimas carboxilases.
(BRINQUES, 2015, p. 63).
7.2.2.7 Vitamina B9
A vitamina B9, conhecida como ácido pteroilglutâmico ou ácido
fólico, é a forma sintética da vitamina. O ácido fólico pode ser encontrado
em suplementos alimentares como maneira sintética da vitamina. Ele não
– 225 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
– 226 –
A função dos alimentos: os micronutrientes – minerais e vitaminas
7.2.2.9 Vitamina C
É também conhecida com ácido ascórbico, ácido hexônico, ácido
cevitâmico ou fator antiescorbútico. Ocorre na natureza principalmente
nos frutos e folhas. Entre os frutos, são particularmente ricos os frutos
cítricos, como: limão, laranja, tangerina, pomelo, manga, goiaba, abacaxi,
caju e tomate. Dos vegetais, as melhores fontes são: brócolis, couve, repo-
lho, couve-flor, vagem, espinafre, nabo, mostarda, ervilha, pimentão e
agrião (PANSANI, 2016).
A vitamina C exerce diversas funções no organismo. É conhecida por
aumentar a resistência as infecções, como na prevenção de gripes e res-
friados. Mas também previne o escorbuto, ajuda a absorver o ferro, cica-
triza feridas, sustenta as fibras do colágeno, evitando rugas e, em parceria
com o cálcio, fortalece os dentes, as gengivas e os capilares sanguíneos
(GALANTE; ARAÚJO, 2018).
Essa vitamina não é uma enzima, ainda que tenha a função de agente
em algumas reações químicas, como a hidroxilação do colágeno.
Como não sintetizamos a vitamina, para prevenir o escorbuto, a dose
diária recomendada é cerca de 10 mg/dia, mas em algumas condições, por
exemplo, na gravidez, lactação e após cirurgias, a dose diária recomen-
dada da vitamina aumenta (BRINQUE, 2015, p. 70).
A vitamina C é absorvida pelo intestino delgado e armazenada den-
tro das células, com pelo menos 20 dias de vida média em adultos. Caso
esteja presente em uma grande concentração no corpo, ela é eliminada
pela urina (GALANTE; ARAÚJO, 2018). A ação da vitamina C em altas
– 227 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Conclusão
O nosso corpo precisa dos micronutrientes em menor quantidade, se
comparado aos macronutrientes. A principal função dos micronutrientes é
facilitar as reações químicas que ocorrem no corpo, sendo fundamentais
para as reações metabólicas. Como micronutrientes, temos os minerais e
as vitaminas.
Os minerais, por exemplo, participam da composição de líquidos cor-
porais; da regulação do metabolismo enzimático, manutenção do equilíbrio
ácido-base e facilitação da transferência de compostos pela membrana celu-
lar. Quando temos excesso ou deficiência de algum mineral, ocorre a inter-
ferência no metabolismo um do outro. A reposição no nosso corpo é por via
alimentar, principalmente, ou por complementação, sempre que necessário.
Os minerais estão em diversos alimentos, como: leite e derivados,
ovos, pescados, leguminosas, hortaliças, carnes: bovina, frango e suína,
vísceras, frutas.
As vitaminas são uma classe de compostos orgânicos complexos
encontrada em pequenas quantidades na maioria dos alimentos. São
essenciais para o bom funcionamento de muitos processos fisiológicos e
metabólicos do corpo humano. Por não sintetizarmos as vitaminas, nossa
alimentação deve ser rica em alimentos que as contêm, como frutas, ver-
duras, cereais, carnes, pescados, óleos vegetais e animais.
As vitaminas podem ser classificadas em dois grupos, de acordo com a
sua solubilidade. Quando solúveis em gorduras, são agrupadas como vita-
minas lipossolúveis e sua absorção é feita junto à gordura. São as vitaminas
A, D, E e K, podendo acumularem-se no organismo alcançando níveis tóxi-
cos. As vitaminas solúveis em água são chamadas de hidrossolúveis, e con-
sistem nas vitaminas presentes no complexo B e na vitamina C. Essas não
são acumuladas em altas doses no organismo, sendo eliminadas pela urina,
portanto, se faz necessária sua ingestão quase que diária para reposição.
– 228 –
A função dos alimentos: os micronutrientes – minerais e vitaminas
Atividades
1. O que são micronutrientes e quais são eles?
2. O que são minerais e quais as suas funções no organismo?
3. O que são vitaminas lipossolúveis e quais vitaminas pertencem
a esse grupo?
4. O que são vitaminas hidrossolúveis e quais vitaminas pertencem
a esse grupo?
– 229 –
8
Os impactos da
nutrição na energia
e no metabolismo
8.1 Bioenergética
A bioenergética corresponde ao estudo das transformações de energia
que ocorrem nas células.
Com base na termodinâmica (que estuda as leis pelas quais os corpos
trocam trabalho e calor com o ambiente que os circunda), esclarece-se a
interconversão, ou seja, a interdependência dos seres vivos e da matéria
para a obtenção de energia, de acordo com o princípio da conservação de
energia (primeira lei da termodinâmica). Nos sistemas biológicos, o corpo
transforma a energia conforme os sistemas fisiológicos sofrem modifica-
ções contínuas (BOLES; CENGEL, 2013).
De acordo com a segunda lei da termodinâmica, toda energia potencial
de um sistema é degradada na forma de energia utilizável e calor. Essa lei tenta
relacionar os organismos vivos, os quais estão estruturalmente organizados
com a desordem apresentada pelo universo em todos os processos naturais,
isso é, o organismo vivo, ao sofrer um processo físico ou químico, interage
com o meio, que seria o universo da questão. Essa interação é necessária para
manter a temperatura corpórea, uma vez que somos isotérmicos (temperatura
constante), o que faz com que as reações bioquímicas aconteçam.
Como as células são formadas por compostos de natureza química,
cada transformação executada por elas, obedecendo aos princípios físico-
-químicos, segue as leis da termodinâmica, como: transformações de ener-
gia em átomos (como transferência de elétrons) e ligações químicas que
formam compostos mais complexos. Para estar viva, a célula deve obter
– 232 –
Os impactos da nutrição na energia e no metabolismo
Energia
Oxigênio
Dióxido de carbono
Açúcar
Água
Fonte: Shutterstock.com/BlueRingMedia
– 233 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
– 234 –
Os impactos da nutrição na energia e no metabolismo
– 235 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
ALIMENTO
(Fonte de energia)
Ingestão e
digestão
8.2 Metabolismo
O metabolismo é de grande importância, pois auxilia os seres vivos
na obtenção da energia para a sobrevivência, além de auxiliar na constante
renovação de suas estruturas.
– 236 –
Os impactos da nutrição na energia e no metabolismo
– 237 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
8.3.2 Catabolismo
O catabolismo é considerado a fase degradativa e libertadora de ener-
gia do metabolismo, isso é, nessa fase ocorre a quebra de macromoléculas
em unidade menores, como por exemplo, a quebra do glicogênio e a con-
sequente liberação de moléculas de glicose, as quais podem ser estimula-
das pelo hormônio glucagon ou pelos neurotransmissores adrenérgicos.
Quando esse tipo de reação ocorre, há liberação de energia, a qual é uti-
lizada para realizar o processo de redução de NAD+ em NADH+H+ e de
FAD+ em FADH2 (GAW et al., 2001).
– 238 –
Os impactos da nutrição na energia e no metabolismo
8.4.1 Glicólise
A molécula de glicose é considerada o principal substrato pelos seres
humanos para a obtenção de energia. O processo de oxidação da molé-
cula de glicose (quebra) é denominado glicólise. Esse tipo de metabolismo
pode ocorrer com ou sem a presença da molécula de oxigênio, varia de
acordo com o tipo de ser vivo em questão. A glicólise tem por finalidade
a obtenção ou produção de adenosina trifosfato (ATP) e redução da molé-
cula de nicotinamida adenina dinucleotídeo (NAD) e NADH, sendo que
essa etapa ocorre em meio intracelular.
Na glicólise, ocorre a formação de duas moléculas de piruvato (ácido
pirúvico, uma triose, que é um composto formado por três carbonos, mos-
trado na Figura 8.3).
– 239 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Glicose
2 ATP
Piruvato Ácidos Graxos
Amino ácidos
Acetil CoA
Ciclo de
Krebs
CO2
ATP GTP CO2
2H+ + 2e–
Fosfprilação oxidativa
11 ATP
(Cadeia Respiratória)
Fonte: elaborada pela autora.
– 240 –
Os impactos da nutrição na energia e no metabolismo
Glicose
Primeira etapa
Gasto de ATP
Trioses
Segunda etapa
Produção de NADH Produção de 2 ATP
Piruvato
Notar que na primeira etapa ocorre o gasto de ATP, para a síntese das duas trioses e, na segunda
etapa, ocorre a síntese de ATP (duas moléculas) e NADH.
Fonte: elaborada pela autora.
– 241 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Ciclo de
Krebs
AcetilCoA
Ciclo de
Krebs
Fonte: Shutterstock.com/VectorMine
– 242 –
Os impactos da nutrição na energia e no metabolismo
Mitocôndria
Citosol Dióxido
Glicose Piruvato de
carbono
1. Glicólise
Água
2. Ciclo 3. Transporte
de Krebs de elétrons
Comida
Oxigênio
– 243 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
– 244 –
Os impactos da nutrição na energia e no metabolismo
Fonte: Shutterstock.com/Designua
– 245 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Adenina
Trifosfato
Fósforo
Ribose
Energia absorvida
(da comida)
Energia liberada
Ciclo
(para célula)
ATP-ADP
Fosfato
Adenina Difosfato
Ribose
Fonte: Shutterstock.com/Designua
– 246 –
Os impactos da nutrição na energia e no metabolismo
Fonte: Shutterstock.com/chromatos
– 247 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
8.5 As enzimas
As enzimas são substâncias que tem como função acelerar as rea-
ções químicas, e por isso são conhecidas como catalisadores bioló-
gicos. A especificidade das enzimas está relacionada com o tipo de
ligação dos grupos ao substrato (Figura 8.10). As enzimas digestivas
possuem baixa especificidade para proporcionar aumento da digestibi-
lidade dos alimentos.
– 248 –
Os impactos da nutrição na energia e no metabolismo
Substrato
Enzima
Produtos
Complexo
enzima-produto
Fonte: Shutterstock.com/Designua
– 249 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
– 250 –
Os impactos da nutrição na energia e no metabolismo
Conclusão
Ao ingerirmos um alimento, estamos proporcionando ao nosso corpo
nutrientes para gerar energia, por meio de reações metabólicas, para que
possamos desempenhar trabalhos químicos, físicos e biológicos, como:
exercer um trabalho mecânico, uma contração muscular cardíaca, libera-
ção de hormônios, contração dos vasos sanguíneos e, ao mesmo tempo,
compartilhar com o meio o excesso de calor gerado durante a produção
de energia.
O metabolismo representa a soma de todas as transformações quími-
cas, ou seja, reações de síntese ou reações de decomposição que ocorrem
em uma célula ou organismo, para gerar energia para o crescimento e
funcionamento orgânico.
Nas reações metabólicas que ocorrem no nosso corpo, temos dois
tipos: reações anabólicas e reações catabólicas. O anabolismo é a fase
biossintética de energia do metabolismo e o catabolismo é a fase degrada-
tiva e liberadora de energia.
A energia corporal disponível para uso imediato é encontrada sob a
forma de adenosina trifosfato (ATP). A energia é armazenada nas ligações
entre os fosfatos e é liberada quando a molécula de ATP é hidrolisada, a
qual libera energia rapidamente a todos os processos fisiológicos.
Atividades
1. O que é metabolismo?
2. O que se entende por anabolismo e catabolismo?
– 251 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
– 252 –
9
Os suplementos
alimentares e os
alimentos funcionais
Fonte: Shutterstock/1989studio/Lightspring
– 254 –
Os suplementos alimentares e os alimentos funcionais
– 255 –
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Suplementos
Os mais utilizados
Alimentares
Albumina, Whey Protein, aminoácidos
Proteínas/Aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA), arginina,
lisina, ornitina, triptofano e aspartatos
Maltodextrina, dextrose, carboi-
Carboidratos
dratos em gel e sacarose
Ácidos graxos ômega-3 e trigli-
Gorduras
cerídeos de cadeia média
Antioxidantes, ácido pantotênico, tiamina
(vitamina B1), ácido fólico, riboflavina
Vitaminas
(vitamina 2), niacina (vitamina B12),
vitamina C, vitamina B6 e vitamina E
Cálcio, fósforo, cromo, selê-
Minerais
nio, ferro, zinco e magnésio
Extratos de plantas Fitoesteróis anabólicos e ginseng
Suplementos indus-
Beta hidroxi metilbutirato - HBM
trialmente formulados
Termogênicos L-carnitina e cafeína
Fonte: adaptado de Viegig e Nacif (2007).
– 256 –
Os suplementos alimentares e os alimentos funcionais
9.1.1 Creatina
A creatina é um composto nitrogenado sintetizado no fígado, no pân-
creas e nos rins, tendo como precursores os aminoácidos glicina, arginina
e metionina. Essa substância teve sua função discutida durante muitos
anos, porém, apenas no início deste século, a creatina deixou de ser con-
siderada um mero subproduto metabólico, passando a ser considerada um
importante fator no processo de contração muscular (MENDES, GOMES,
TIRAPEGUI apud VIEBIG, NACIF, 2007).
De acordo com sua intensidade e duração, existem três vias que forne-
cem energia durante o exercício. O sistema adenosina trifosfato-creatina fos-
fato (ATP-CP) é um mecanismo estimulado pela hidrólise de ATP no início do
exercício, principalmente os de maior intensidade. A quantidade de ATP arma-
zenada nas células musculares do organismo é extremamente pequena, a qual
permite apenas manter a contração muscular e a velocidade máxima nos primei-
ros três segundos de exercício. Para que este seja ressintetizado rapidamente, o
composto creatina fosfato (CP), que é rico em fosfatos de alta energia, transfere
um fosfato para reconstituir o ATP que foi hidrolisado em ADP+fosfato inor-
gânico (PI), em ATP novamente. Essa via é a única que possui a capacidade de
fornecer energia de forma imediata, porém esgota-se rapidamente, havendo a
necessidade do aumento gradual da participação das demais vias (MENDES,
GOMES, TIRAPEGUI apud VIEBIG, NACIF, 2007).
Figura 9.2 – Esquema ilustrativo do sistema adenosina trifosfato-creatina fosfato
(ATP-CP), mostrando o fornecimento de energia para a contração muscular
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Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
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Os suplementos alimentares e os alimentos funcionais
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Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
9.1.3 Carnitina
A carnitina é um composto sintetizado no organismo a partir de dois
aminoácidos essenciais: a lisina e a metionina. Além deles, ascorbato, nia-
cina e vitamina B, assim como ferro reduzido, são necessários para sua
síntese, que, em humanos, ocorre principalmente no fígado e no rim. A
carnitina tem sido muito utilizada por atletas, com o objetivo de melhorar
o desempenho, e por praticantes de atividades física, com o intuito de
redução da massa gorda (BACURAU, 2005).
Os triacilgliceróis, uma vez nos tecidos, serão estocados ou oxidados
para a geração de energia. No primeiro caso, são absorvidos pela célula
adiposa e armazenados. No segundo, são quebrados em ácidos graxos e
glicerol e lançados na corrente sanguínea. Os ácidos graxos são transpor-
tados pela albumina e captados pelas células que necessitam de energia
(MENDES, GOMES, TIRAPEGUI apud VIEBIG, NACIF, 2007).
É no citoplasma que ocorre a oxidação dos ácidos graxos (gordura
ou lipídio), o qual se liga à molécula de coenzima, formando acil-CoA,
que, na mitocôndria sofre a β-oxidação. A membrana da mitocôndria, no
entanto, é impermeável à coenzima A, fazendo-se necessário que o acil se
desligue da coenzima A e una-se à carnitina, formando um composto acil-
-carnitina, que atravessa a membrana (Figura 9.3).
Figura 9.3 – Esquema mostrando a acil-CoA unida à L-carnitina, formando o
composto acil-carnitina para atravessar a membrana da mitocôndria
Funções da L-carnitina
L-carnitina
Moléculas de gordura
Mitocôndria
Fonte: Shutterstock.com/Artemida-psy
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Os suplementos alimentares e os alimentos funcionais
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Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Fonte: Shutterstock.com/Maxx-Studio
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Os suplementos alimentares e os alimentos funcionais
Tipos de
Categorias Princípio ativo Ingredientes principais
produtos
Hiperca-
Aumento Maltodextrina e dextrose
lóricos Carboidratos
de massa Proteína de soro do leite,
muscular Hiperpro- Proteínas
albumina, caseína e/ou soja
teicos
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Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Tipos de
Categorias Princípio ativo Ingredientes principais
produtos
Fibras, proteí-
nas, carboidra- Fibras em geral, colá-
Shakes tos, vitaminas geno, gelatina, proteínas
para dieta e minerais de soja e maltodextrina
Emagre- Termo- Ômegas 3 e 6, Óleos de peixe e de
cedor gênicos catequina, cafe- sementes: linhaça, cár-
Supressores ína concentrada tamo e borragem
de apetite e guaranina Chá verde, cafeína
Óleos, fibras e pó de guaraná
e minerais
Licopeno isolado de tomate
Licopeno Óleo de peixe e semen-
Antioxidantes tes: linhaça, prímula,
Ômegas
Funcionais Ácidos graxos borragem e girassol
3e6
Fibras Psyllium, quitosona,
Fibras
fibras de casca de laranja,
beta glucana e inulina
Fonte: adaptado de Bacurau (2005).
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Os suplementos alimentares e os alimentos funcionais
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Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
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Os suplementos alimentares e os alimentos funcionais
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Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
9.2.2 Prebióticos
Os prebióticos são componentes alimentares não digeríveis que estimu-
lam seletivamente a proliferação ou a atividade de populações de bactérias
desejáveis no cólon, com finalidade de restabelecer o equilíbrio do meio,
beneficiando o indivíduo hospedeiro dessas bactérias (PALERNO, 2014).
Os melhores prebióticos são as fibras, pois o organismo humano não
tem enzimas para digerir as fibras no estômago. Elas serão digeridas por
bactérias no intestino, estimulando apenas a proliferação das bactérias
favoráveis ao metabolismo. Os critérios físicos, biológicos e químicos que
definem as fibras como prebióticos são: resistir à acidez gástrica e à absor-
ção no trato gastrointestinal superior, ser fermentada pela flora intestinal e
estimular o crescimento e a atividade das bactérias benéficas.
Alimentos ricos em prebióticos são aqueles que possuem fibras, como
alho-poró, chicória, aspargo, alcachofra, cebola, alho, trigo, aveia e soja.
9.2.3 Probióticos
Os probióticos são microrganismos vivos que, como as fibras,
quando ingeridos em determinada concentração, exercem efeito benéficos
para a saúde, melhorando o equilíbrio da flora intestinal, pelo aumento do
número de microrganismo benéficos e diminuição de bactérias nocivas
(PALERNO, 2014).
Os principais probióticos são as bactérias, que conseguem passar
intactas pelo meio ácido do estômago e, ao chegar ao intestino, colonizam
a mucosa intestinal e começam a dominar o meio, o que auxilia no com-
bate às bactérias patogênicas, reduzindo a incidência de doenças intesti-
nais e facilitando o metabolismo e a absorção dos nutrientes.
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Os suplementos alimentares e os alimentos funcionais
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Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
Ácido eicosapentaenoico
Ácido araquidônico
Fonte: Shutterstock.com/molekuul_be
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Os suplementos alimentares e os alimentos funcionais
9.2.5 Os fitosteróis
Os fitosteróis (ou fitoesteróis) são da classe dos esteróis e estanóis,
compostos bioativos de origem vegetal que apresentam estrutura química
similar à estrutura do colesterol encontrado em alimentos de origem ani-
mal. Os esteróis vegetais comumente encontrados nos alimentos são o
beta-sitosterol, o campesterol e o estigmasterol. Entre os estanóis vegetais,
temos o beta-sitostanol e o campestanol.
Os fitosteróis são utilizados para reduzir níveis de colesterol LDL
(colesterol da lipoproteína de baixa densidade).
Os alimentos ricos em fitosteróis são os óleos vegetais como o de
milho, girassol, soja e oliva, amêndoas, cereais como o gérmen e o farelo
de trigo, frutas como o maracujá e a laranja, hortaliças como a couve-flor
(PALERNO, 2014)
Alimentos considerados funcionais pela presença de fitoquímicos em
sua constituição, como o alho, o gengibre, a soja e a berinjela, são apresen-
tados a seguir (COLLI, SARDINHA, FILISETTI, 2005).
O alho (Allium sativum) é considerado protetor contra as doenças car-
diovasculares por reduzir a concentração de colesterol sérico e a pressão
sanguínea, inibir a agregação plaquetária, em situações de hiperlipidemia.
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Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
– 272 –
Os suplementos alimentares e os alimentos funcionais
Conclusão
Hoje, as pessoas, de um modo geral, têm se preocupado cada vez mais
com uma alimentação adequada em busca de saúde física e mental. Com
isso têm surgido, no mercado, pesquisas, produtos e alimentos que prometem
auxiliar de alguma forma para que isso aconteça. Em ambientes de academias
e de prática de esportes, os suplementos alimentares já são bastante difundi-
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Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
dos para auxiliar num bom desempenho, seja para ganhar massa muscular
ou para perder peso. Apesar de o suplemento ser usado como recurso ergo-
gênico, ele é, também, utilizado para pessoas que precisam suprir alguma
deficiência nutricional que, por meio de alimentação, não conseguem.
Os suplementos alimentares (conhecidos na área da saúde como
nutracêuticos) são produtos que contêm um ou mais ingredientes biolo-
gicamente ativos, como proteínas, aminoácidos, vitaminas, minerais, que
foram isolados ou purificados de alimentos e que são comercializados sob
a forma de preparações específicas, sendo utilizados para suplementar a
dieta. São encontrados sob a forma de cápsulas, comprimidos, pó e outros
tipos de preparações, não assumindo, no entanto, a forma de alimento.
Alimentos funcionais são todos os alimentos ou bebidas que, con-
sumidos na alimentação cotidiana, podem trazer benefícios fisiológicos
específicos, graças à presença de um ou mais compostos biologicamente
ativos, que afetam positivamente uma ou mais funções fisiológicas do
organismo, seja melhorando o estado de bem-estar físico e/ou psicológico,
seja reduzindo o risco de determinada doença.
Os alimentos funcionais devem demonstrar os seus efeitos fisiológi-
cos em quantidades normalmente consumidas pelas pessoas num padrão
alimentar normal como parte de uma dieta regular, variada e equilibrada.
Esses alimentos não são cápsulas, nem comprimidos, nem qualquer outra
forma de suplemento alimentar. Seus compostos fisiologicamente ativos
são designados de ingredientes funcionais. Exemplos de ingredientes fun-
cionais: fibras alimentares, minerais, esteróis vegetais, vitaminas, probió-
ticos, prebióticos, antioxidantes ...
Para saber a diferença entre alimento funcional e suplemento ali-
mentar, vejamos o seguinte exemplo: o tomate é um alimento funcional,
uma cápsula contendo licopeno, um componente extraído do tomate, é um
suplemento alimentar.
É muito importante nos conscientizarmos de que uma alimentação
saudável é uma alimentação equilibrada e variada, tendo sempre em vista
uma dieta com equilíbrio entre quantidade de calorias consumidas com
o gasto de energia, para não abusar dos suplementos alimentares e dos
alimentos funcionais.
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Os suplementos alimentares e os alimentos funcionais
Atividades
1. O que são suplementos alimentares?
2. Quais são as cinco categorias dos métodos ergogênicos?
3. O que são alimentos funcionais?
4. Quais são as condições para que um alimento seja classificado
como alimento funcional?
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Gabarito
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
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Gabarito
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Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
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Gabarito
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Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
1 2
II
1 2
III
1
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Gabarito
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Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
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Gabarito
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Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
– 286 –
Gabarito
mina B1, Vitamina B2, Vitamina B3, Vitamina B5, Vitamina B6,
Vitamina B7, Vitamina B9, Vitamina B12 e Vitamina C.7
8. Os impactos da nutrição na
energia e no metabolismo
1. Metabolismo é a soma de todas as modificações físicas e químicas
ocorridas no organismo, incluindo síntese e decomposição de matéria
para dar energia, continuar o crescimento e o funcionamento orgâ-
nico. Referente a “todos os processos físico-químicos realizados na
intimidade tecidual, dos quais dependem o crescimento orgânico e
a energia geradora do corpo que gera calor e assegura a atividade
muscular” (ALMEIDA, RIBAS FILHO, 2009, p. 166-167).
2.
Anabolismo
O anabolismo é considerado uma fase biossintética de energia
do metabolismo, isso é, nessa fase, ocorre a organização de com-
postos mais elaborados, como o glicogênio, o colesterol, as enzi-
mas, entre muitas outras a partir de unidades estruturais. Para
tanto, há necessidade de consumo de energia, como, por exem-
plo o processo de oxidação das moléculas de glicose.
Catabolismo
O catabolismo é considerado a fase degradativa e libertadora de ener-
gia do metabolismo, isso é, nessa fase, ocorre a quebra de macromo-
léculas em unidade menores, como por exemplo, a quebra do glico-
gênio e a consequente liberação de moléculas de glicose, as quais
podem ser estimuladas pelo hormônio glucagon ou pelos neurotrans-
missores adrenérgicos. Quando esse tipo de reação ocorre, haverá
liberação de energia, a qual é utilizada para realizar o processo de
redução de NAD+ em NADH+H+ e de FAD+ em FADH2.
3.
Glicólise
É a via de degradação da molécula de glicose (catabolismo)
para obtenção de energia, na forma de ATP (reserva energética)
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Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
9. Os suplementos alimentares e
os alimentos funcionais
1. Os suplementos nutrimentais são alimentos que servem para
complementar a dieta diária de pessoas saudáveis com certos
nutrientes e calorias, quando a dieta por si só não consegue
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Gabarito
L-carnitina
Moléculas de gordura
Mitocôndria
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Referências
Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
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Referências
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Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
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Referências
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Biologia e nutrição aplicadas à Educação Física
– 296 –
Referências
– 297 –
O corpo humano é o principal instrumento de trabalho do profissional de edu-
cação física. Dessa forma, compreender como é seu funcionamento, desde sua
constituição básica – como o surgimento da primeira célula –, até a formação
de um novo ser humano completo, dotado de sistemas complexos, é extrema-
mente necessário para o exercício da profissão.
O conhecimento do funcionamento normal do corpo humano permite o enten-
dimento de fatores que podem desregular os diversos mecanismos celulares,
genéticos e fisiológicos, podendo causar doenças que afligem o homem.
Esses mesmos conhecimentos permitem o esclarecimento de como a adoção
de uma alimentação saudável e a inclusão da atividade física no cotidiano po-
dem influenciar e modular o metabolismo corporal e proporcionar medidas de
prevenção contra doenças e promoção de saúde.
Essa obra tem como objetivo apresentar e esclarecer os principais fundamen-
tos das disciplinas básicas de biologia celular, histologia, genética, embriologia
e nutrição voltadas para o ser humano e, sempre que possível, aplicadas à
Educação Física, que servirão como base para a compreensão do funciona-
mento do corpo humano e para o entendimento de disciplinas mais complexas
na área de ciências biológicas e saúde.