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HUMANA APLICADA
À EDUCAÇÃO FÍSICA
PROFESSORA
Dra. Carmem Patrícia Barbosa
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor
Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio
Ferdinandi.
Coordenador(a) de Conteúdo Mara Cecília Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração
Humberto Garcia da Silva, Designer Educacional Rossana Costa Giani, Revisão Textual Silvia Caroline
Gonçalves, Ariane Andrade Fabreti, Ilustração Bruno Pardinho, Fotos Shutterstock.
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Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10
com princípios éticos e profissionalismo, não maiores grupos educacionais do Brasil.
somente para oferecer uma educação de qualidade, A rapidez do mundo moderno exige dos educadores
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão soluções inteligentes para as necessidades de todos.
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- Para continuar relevante, a instituição de educação
nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional precisa ter pelo menos três virtudes: inovação,
e espiritual. coragem e compromisso com a qualidade. Por
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia,
graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor
estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro do ensino presencial e a distância.
campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, promover a educação de qualidade nas diferentes áreas
com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. do conhecimento, formando profissionais cidadãos
Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais que contribuam para o desenvolvimento de uma
de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos sociedade justa e solidária.
pelo MEC como uma instituição de excelência, com Vamos juntos!
boas-vindas
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível e construção do conhecimento deve ser apenas
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
autora
A Anatomia Humana (que do grego significa “cortar Ao se comparar diferentes pessoas, no entanto, po-
em partes”) estuda a constituição e o desenvolvimento de-se observar que existem várias diferenças entre
do ser humano. O seu desenvolvimento esteve dire- elas. Quando estas não prejudicam a função da es-
tamente relacionado ao ato de dissecar, por meio do trutura, diz-se que são apenas “variações anatômi-
qual o corpo é metodicamente exposto por incisões cas”. No entanto quando atrapalham a função, são
cirúrgicas, mantendo a sua organização natural e pos- ditas “anomalias” e, inclusive, podem ser chamadas
sibilitando a associação entre forma e função. O surgi- de “monstruosidades” se impedirem que o indivíduo
mento do microscópio favoreceu estudos específicos permaneça vivo (WATANABE, 2000). Os diferentes
e desenvolveu a embriologia, a citologia e a histologia tons de pele são variações anatômicas, um olho míope
(ramos da Anatomia). é uma anomalia e gêmeos siameses (xifópagos) repre-
Embora o estudo anatômico fosse, inicialmente, feito sentam uma monstruosidade. Fatores como idade,
por comparação com animais (Anatomia Compa- sexo, grupo étnico e biótipo podem gerar variações
rativa), na atualidade, ele é realizado em cadáveres corpóreas. É normal, por exemplo, que um japonês
humanos considerados “normais”, uma vez que as tenha cabelos lisos e pele clara, mas não são normais
doenças são estudadas pela patologia e outras ciências. tais características em uma pessoa negra; é normal que
O conceito de normalidade em Anatomia deve con- um bebê não tenha dentes, mas não é normal que isto
siderar variações anatômicas individuais e diferenças ocorra em um adulto.
morfológicas em decorrência da passagem do estado Uma das maiores dificuldades encontradas no estudo
vivo ao cadavérico. Assim, é necessário considerar os da Anatomia Humana é a nomenclatura anatômica.
conceitos idealístico e estatístico. Enquanto o primeiro Isto porque cientistas e profissionais da área da saúde
considera normal aquilo que é melhor para o desem- usam uma linguagem própria ao se referirem às estru-
penho da função da estrutura anatômica, o segundo turas do corpo humano e à forma como a dissecção
afirma ser normal aquilo que ocorre com a maioria das é feita. Essa nomenclatura engloba termos normal-
pessoas (WATANABE, 2000). Por exemplo, conside- mente originados do grego, do latim e de outras lín-
ra-se normal ter cinco dedos em cada mão para que a guas e, em conjunto, recebe o nome de Terminologia
função de pinça fina seja possível (conceito idealístico) Anatômica. O seu objetivo é padronizar os nomes
e porque quase todos têm esta quantidade de dedos dados às estruturas do corpo nos diversos centros
na mão (conceito estatístico). de estudos e pesquisas no mundo (DI DIO, 2002).
Ela consta de mais de 6 mil termos esporadicamente revistos e atualizados, os
quais podem ser abreviados para facilitar o seu uso prático e que são traduzidos
pelas sociedades de Anatomia de cada país. No Brasil, a terminologia é traduzida
pela Comissão de Terminologia Anatômica da Sociedade Brasileira de Anatomia
(SBA) (CFTA, 2001). Os termos relacionam-se à forma da estrutura (músculo
deltoide, por exemplo), à sua situação (artéria vertebral), à sua função (glândula
lacrimal) e outras peculiaridades (FREITAS, 2004; TORTORA et al., 2010).
A fim de evitar erros em relação à nomenclatura e ao posicionamento do corpo,
a posição anatômica de descrição, ou posição de referência, foi instituída. Nela,
supõe-se que o cadáver está em posição ortostática (em pé), com a cabeça em
nível horizontal, olhos para frente, pés apoiados no chão e voltados à frente,
membros superiores ao lado do corpo com as palmas voltadas para frente (MO-
ORE et al., 2014).
As várias regiões do corpo são denominadas como cabeça, pescoço, tronco, mem-
bros superiores e inferiores. A cabeça apresenta o crânio facial (viscerocrânio) e
o crânio neural (neurocrânio). Enquanto o facial é anterior, menor, constituído
por 14 ossos e cujas funções incluem abrigar e proteger os órgãos dos sentidos e
possibilitar a fonação e a mastigação, o crânio neural é posterior, maior, constituído
por oito ossos, os quais se relacionam à proteção do sistema nervoso (TORTORA
et al., 2010). A parte posterior do pescoço é chamada de nuca, e o tronco é subdi-
vidido em tórax (superiormente ao músculo diafragma), abdome (entre o músculo
diafragma e a abertura superior da pelve) e pelve (entre os ossos do quadril). Os
membros superiores e inferiores subdividem-se em cíngulo (região conectada
ao tronco) e parte livre. O cíngulo do membro superior é a cintura escapular e a
sua parte livre inclui braço, antebraço e mão (sendo palma a sua parte anterior,
e dorso, a posterior). O cíngulo do membro inferior é a cintura pélvica e a sua
parte livre inclui coxa, perna e pé (sendo o dorso a sua parte superior, e planta, a
inferior) (FREITAS, 2004).
A partir da posição anatômica de descrição, supõe-se a existência de planos imagi-
nários que tocam externamente o corpo (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014). Os
planos superior (cranial), inferior (podálico), laterais (direito e esquerdo), anterior
(ventral) e posterior (dorsal) auxiliam a denominar estruturas. Por exemplo, as
clavículas são estruturas superiores ao joelho, pois se localizam mais próximas ao
plano superior; o osso occipital é posterior em relação ao osso frontal, uma vez
que está mais próximo ao plano posterior. Complementarmente, planos de secção
(sagital, transversal e coronal) foram adotados (FREITAS, 2004). Enquanto o pla-
no sagital divide estruturas em porções direita e esquerda (antímeros), o coronal
divide em porção anterior e posterior (paquímeros), e o transversal divide em
porção superior e inferior (metâmeros).
Termos anatômicos como flexão, extensão, abdução, adução, rotação medial
e lateral, supinação e pronação descrevem movimentos (MOORE et al., 2014;
TORTORA et al., 2010). Tais movimentos ocorrem em um plano (sagital, coronal
ou transversal) e por meio de linhas imaginárias denominadas eixos, as quais são
perpendiculares aos planos. A flexão e a extensão, por exemplo, ocorrem no plano
sagital e no eixo coronal; a abdução e a adução ocorrem no plano coronal e no
eixo sagital; as rotações medial e lateral ocorrem no plano transversal e no eixo
longitudinal (GRABINER et al., 1991).
Embora a Anatomia possa ser estudada do ponto de vista radiológico, antropo-
lógico, de imagem, artístico, regional, clínico e outros, neste livro, estudaremos a
Anatomia sistêmica (de cada sistema do corpo) e a Anatomia voltada ao movimento.
Em cada unidade, será apresentada uma introdução (apresentando inicialmente
o tema), um desenvolvimento (em que o conteúdo programático será abordado),
considerações finais (que resumirão os estudos teóricos e práticos do tema) e ati-
vidades de estudo (para reforço e memorização do conteúdo apresentado).
Desejo que você se apaixone pela Anatomia Humana e que tenha a consciência
de que é impossível ser um bom profissional de Educação Física sem conhecê-la
profundamente. Esta ciência está diretamente relacionada à constituição e ao fun-
cionamento do corpo humano. De igual modo, desejo que você descubra que é
possível gerar modificações benéficas no corpo e minimizar as maléficas a partir dele.
Bom estudo!
sum ário
UNIDADE I UNIDADE IV
APARELHO CARDIORRESPIRATÓRIO APARELHO LOCOMOTOR
16 Sistema Circulatório 122 Sistema Esquelético
28 Sistema Circulatório Linfático 134 Sistema Articular
36 Sistema Respiratório 140 Sistema Muscular
45 Considerações finais 157 Considerações finais
51 Referências 162 Referências
52 Gabarito 163 Gabarito
UNIDADE II UNIDADE V
SISTEMAS DIGESTÓRIO E ENDÓCRINO NEUROANATOMIA APLICADA AO MOVIMENTO
58 Sistema Digestório 168 Tecido Nervoso
70 Sistema Endócrino 172 Sistema Nervoso Central
78 Considerações finais 182 Sistema Nervoso Periférico
83 Referências 190 Sistema Nervoso Autônomo
84 Gabarito 195 Considerações finais
200 Referências
UNIDADE III 201 Gabarito
APARELHO UROGENITAL
90 Sistema Urinário 202 Conclusão geral
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Sistema circulatório
• Sistema linfático
• Sistema respiratório
Objetivos de Aprendizagem
• Estudar os principais aspectos morfológicos e funcionais
dos componentes do sistema circulatório: sangue, coração
e vasos sanguíneos.
• Entender os principais aspectos morfológicos e funcionais
dos componentes do sistema linfático: linfa, capilares,
vasos, ductos e troncos linfáticos, linfonodos, baço, timo e
tonsilas.
• Descrever os principais aspectos morfológicos e funcionais
dos componentes do sistema respiratório: nariz, faringe,
laringe, traqueia, brônquios/árvore brônquica, pulmões/
alvéolos pulmonares, pleuras, divisões do sistema
respiratório, cavidade torácica e mediastino.
unidade
I
INTRODUÇÃO
A
vida, de fato, é um milagre, e a sua continuidade depende da manutenção
das células em perfeito equilíbrio. Assim, para que a homeostasia corpó-
rea seja possível, todos os sistemas do corpo agem em conjunto, desem-
penhando funções específicas e coordenadas. Neste contexto, o aparelho
cardiorrespiratório e o sistema nervoso se destacam, pois permitem que nutrientes e
oxigênio sejam encaminhados às células ao mesmo tempo em que delas são retirados
materiais residuais produzidos pelo metabolismo normal (como metabólitos e gás
carbônico), mantendo o meio intracelular constante.
Para tanto, o sistema nervoso controla as condições intracelulares e possibilita
adaptações no aparelho cardiorrespiratório. Coração, vasos sanguíneos e pulmões
agem em conjunto, enviando sangue oxigenado ao corpo e reoxigenando o sangue
vindo do corpo por meio da hematose que ocorre no pulmão.
O objetivo desta unidade é estudar detalhadamente as estruturas anatômicas
que compõem o aparelho cardiorrespiratório, pormenorizando as suas funções.
Este conhecimento preparará você para compreender as alterações desencadea-
das pela prática de exercícios físicos, ou seja, entender conceitos específicos que
você verá posteriormente na Fisiologia do Exercício.
De maneira geral, o aparelho cardiorrespiratório é composto pelos sistemas
circulatório e respiratório. No entanto o sistema circulatório é subdividido em
sistema circulatório sanguífero (destinado à circulação do sangue e composto
pelo sangue, pelo coração e pelos vasos sanguíneos) e sistema vascular lin-
fático (destinado à circulação da linfa e composto pela linfa, pelos órgãos
linfoides e vasos linfáticos).
Nosso objetivo é que você se conscientize de que o(a) professor(a) de
Educação Física precisa ter amplo conhecimento sobre esses sistemas,
uma vez que a contração muscular efetiva e, consequentemente, a rea-
lização de movimentos harmônicos e precisos necessários à prática do
exercício físico dependem integralmente da atuação de tais sistemas.
Portanto, aproveite bem os conhecimentos aqui oferecidos, dedique-se
e tenha um ótimo estudo.
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
Sistema Circulatório
Caro(a) aluno(a), o sistema circulatório possibilita a las. Além disso, o sangue contribui para o controle da
circulação dos líquidos, também chamados humo- temperatura corpórea, relaciona-se à defesa imunoló-
res corpóreos. Assim, quando o líquido é represen- gica (por meio das células brancas), à coagulação san-
tado pelo sangue, denomina-se sistema circulatório guínea (pelas plaquetas), à distribuição de hormônios
sanguíneo; quando o líquido é representado pela pelo corpo e à administração de medicações endove-
linfa, denomina-se sistema circulatório linfático. nosas (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).
FUNÇÕES COMPONENTES
Sangue
O sistema circulatório sanguíneo está relacionado a O sangue apresenta uma coloração avermelhada
diversas funções, como nutrição, oxigenação e dre- devido, principalmente, à hemoglobina presente
nagem de substâncias tóxicas produzidas pelas célu- em uma de suas células, as hemácias. Assim, ele é
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EDUCAÇÃO FÍSICA
Coração
Embora saibamos que a função de controle geral
do corpo é de responsabilidade do cérebro, mui-
tas pessoas ainda cometem o equívoco de atribuir
ao coração funções relacionadas às emoções (como
amor, ódio e perdão). Na verdade, este órgão estu-
dado pela cardiologia desempenha apenas a função
de atuar como uma “bolsa” ou um “saco” capaz de se
dilatar para se encher de sangue e de se contrair para
mandar o sangue contido em seu interior a regiões Figura 1 - Posição e forma do coração
específicas.
É um órgão ímpar, localizado no centro da cavi- O coração apresenta três camadas: endocárdio (in-
dade torácica, entre os dois pulmões (em uma região ternamente), pericárdio (externamente) e mio-
chamada mediastino). Ele fica posterior ao osso es- cárdio (entre as anteriores). O endocárdio forra as
terno e às cartilagens costais, anterior às vértebras cavidades e as válvulas do coração. O pericárdio,
torácicas e superior ao músculo diafragma. constituído por tecido conjuntivo fibroso e subdivi-
A sua constituição é predominantemente mus- dido em pericárdio fibroso e seroso, tem por função
cular e ele é oco. Apresenta 12 cm de comprimento, fixar e proteger o coração. O miocárdio é o tecido
9 de largura e 6 de espessura, e pesa 250 gramas nas muscular estriado cardíaco e a sua espessura varia
mulheres e 300 gramas nos homens. Tem forma de de acordo com a câmara cardíaca avaliada. Assim, é
uma pirâmide, com o ápice apontando para baixo mais fino nos átrios e mais espesso nos ventrículos.
e para a esquerda, e a base apontando para cima e Dele emergem os septos cardíacos, os músculos pec-
para a direita. Os principais vasos sanguíneos que tíneos e os músculos papilares pelos quais as cordas
chegam e saem do coração o fazem pela base do ór- tendíneas se prendem (TORTORA; DERRICKSON;
gão (DI DIO, 2002). WERNECK, 2010).
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ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
Os septos cardíacos dividem o coração em qua- O sangue circula entre as câmaras cardíacas, passan-
tro câmaras cardíacas. Os átrios são superiores e do por orifícios chamados óstios, os quais apresen-
menores; os ventrículos são inferiores e maiores. Na tam dispositivos orientadores da corrente sanguínea,
face anterior dos átrios estão localizadas as aurícu- chamados valvas cardíacas. As principais são as val-
las, cuja função é aumentar ligeiramente a capacida- vas atrioventricular direita, atrioventricular esquer-
de de armazenamento de sangue do órgão. da, valva do tronco pulmonar e valva da aorta. Tais
O septo atrioventricular é horizontal e divide o estruturas, por sua vez, são constituídas por lâminas
coração em parte superior e inferior. Os septos in- de tecido conjuntivo chamadas válvulas, folhetos ou
teratrial e interventricular são verticais e dividem, cúspides. Elas impedem o refluxo de sangue e se não
respectivamente, os átrios e os ventrículos direitos e estiverem em perfeito funcionamento, podem de-
esquerdos. A face externa do coração apresenta uma sencadear sopro cardíaco (WATANABE, 2000).
quantidade variável de gordura e de sulcos que mar-
Valva átrioventricular Valva átrioventricular
cam o limite externo entre estas câmaras cardíacas. direita esquerda
É importante destacar que o treinamento físi-
co pode modificar a espessura do miocárdio, assim
como as doenças podem alterar a sua estrutura exi-
gindo, inclusive, transplante cardíaco (DÂNGELO;
FATTINI, 2011).
Músculos papilares
Septo interventricular
Cordas tendíneas
Figura 3 – Valvas cardíacas, músculos papilares e cordas tendíneas
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
A inervação do coração é diferente daquela em ou- camada de células que possibilitam o deslizamento
tros órgãos do corpo, uma vez que ela se dá por duas do sangue (FREITAS, 2004).
maneiras: pela inervação extrínseca e pela inervação Os vasos sanguíneos apresentam particularidades
intrínseca. A inervação extrínseca é realizada pelo estruturais diretamente relacionadas às funções que
sistema nervoso autônomo (SNA) por meio de seus desempenham na mecânica circulatória. Grande par-
componentes simpáticos (que lhe causam taquicar- te destas diferenças se devem ao fato de que o sangue
dia) e parassimpáticos (que lhe causam bradicardia). que circula pelas artérias transita com maior pressão
Essa inervação é necessária às demandas do dia a do que o sangue que circula no sistema venoso. As
dia, pois, por ela, o SNA possibilita ao coração adap- veias, por exemplo, têm paredes mais finas e maior luz
tações e reações conforme ocorrem modificações do (ou seja, o espaço para o sangue circular é maior) por
ambiente (WATANABE, 2000). que por elas deve retornar ao coração o mesmo volu-
A inervação intrínseca (sistema de condução do me de sangue que saiu pelas artérias. Na circulação
coração ou complexo estimulante do coração) não é venosa, todavia, a pressão é praticamente irrelevante,
feita por elementos nervosos, e sim, por fibras mus- e o retorno venoso ocorre de modo passivo, ou seja,
culares cardíacas especiais que formam o tecido no- sem um órgão análogo ao coração para mandá-lo de
dal capaz de gerar impulsos eletroquímicos que, por volta para bombeá-lo contra a ação da gravidade.
sua vez, se propagam pelo coração, causando a con- As artérias são tubos cilíndricos, elásticos, de
tração deste. Esta inervação é considerada o marca- direção centrífuga (pois levam sangue para fora do
-passo do coração. coração) e responsáveis por transportar sangue rico
É interessante salientar que a atividade elétrica do em O2 e nutrientes para as células. Todavia as artérias
coração gera uma corrente elétrica que pode ser de- pulmonares representam uma exceção, pois condu-
tectada na superfície do corpo e registrada pelo ele- zem sangue venoso aos pulmões (DI DIO, 2002).
trocardiograma (ECG). Alterações neste exame po- São menos numerosas do que as veias, têm pul-
dem diagnosticar doenças cardíacas. Estas doenças sação, normalmente são mais profundas para fica-
também podem ser previamente identificadas por rem protegidas e evitar que uma ruptura cause um
meio da aplicação de um teste de esforço, avaliando, fluxo ininterrupto de sangue ou uma hemorragia.
assim, a resposta do coração ao exercício físico. No entanto podem apresentar parte do seu trajeto
superficialmente (como a artéria radial).
Vasos sanguíneos Podem ser acompanhadas por veias satélites, se
As artérias, as veias e os capilares possibilitam o comunicar entre si por anastomoses e se ramificar
transporte de sangue pelo corpo e, por isto, cons- emitindo ramos terminais (quando a artéria deixa
tituem os vasos sanguíneos. Artérias e veias têm de existir) ou ramos colaterais (quando a artéria
suas paredes formadas por três camadas sobrepos- continua a existir, mas emite um ramo com direção
tas. A mais externa, chamada de túnica adventícia, oblíqua ou a 90º; quando o ramo forma um ângulo
dá resistência ao vaso; a média apresenta músculo obtuso, é chamado de ramo recorrente). Assim, as
liso, possibilitando vasoconstrição e vasodilatação; artérias, geralmente, começam de grande calibre e
a túnica íntima (ou endotélio) é formada por uma diminuem de diâmetro à medida que se ramificam.
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EDUCAÇÃO FÍSICA
Os capilares sanguíneos têm diâmetro microscó- xo do sangue e o leito venoso é praticamente o do-
pico e ligam as arteríolas às vênulas. As suas paredes bro do leito arterial. Vale lembrar que veias, artérias
são muito delgadas e, por isso, permitem a passagem e nervos se unem formando feixes vásculo-nervosos
de substâncias através de suas paredes, ou seja, per- (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).
mitem trocas entre sangue e tecido por meio do lí-
quido intersticial (microcirculação), sendo, por isso,
conhecidos como vasos de troca.
Os capilares apresentam vasomotricidade, ou
seja, fazem vasodilatação e vasoconstrição de ma-
neira influenciada por substâncias químicas libe-
radas pelas células endoteliais (óxido nítrico, por
exemplo). São considerados os vasos mais numero-
sos do corpo, mas dependendo da atividade meta-
bólica do tecido, pode haver mais deles ou menos.
Assim, nos músculos, no fígado, nos rins e no SNC,
os quais têm alta atividade metabólica, há mais ca-
Figura 5 – Diferenças entre artérias e veias
pilares do que nos tendões e ligamentos. Ademais,
eles podem apresentar poros (sendo chamados de
SAIBA MAIS
fenestrados), podem ter interrupções em suas pare-
des (sendo chamados de sinusoides) ou podem ter
parede sem poros ou interrupções (sendo chamados O sangue não se distribui igualmente a todos
de contínuos) (TORTORA; DERRICKSON; WER- os órgãos do corpo, pois o fluxo sanguíneo
depende da demanda funcional. Desta for-
NECK, 2010). ma, em repouso, a maior parte do volume de
As veias conduzem o sangue em direção centrí- sangue (64%) permanece nas veias e vênulas
peta, ou seja, por elas o sangue chega ao coração. Ex- sistêmicas. As artérias sistêmicas têm 13%, os
capilares sanguíneos têm 7%, os vasos pulmo-
ceto pelas veias pulmonares, que conduzem sangue nares, 9% e o coração, 7%. Todavia este estado
arterial para o coração, as demais fazem a drenagem pode ser totalmente alterado em condições
(ou retorno venoso) coletando sangue rico em CO2 específicas, como exercício físico e estresse.
Como visto, veias e vênulas sistêmicas atuam
e metabólitos dos tecidos. como reservatório de sangue a partir do qual
Estes vasos não têm pulsação, normalmente são este sangue pode ser rapidamente redirecio-
menos espessos do que as artérias e, por isso, não re- nado em casos, por exemplo, de hemorragia
ou de atividade muscular intensa. Para tanto,
sistem a pressões muito altas e tendem a colabar (as ocorre venoconstrição para ajudar a contraba-
suas finas paredes ficam aderidas). As veias podem lancear a queda na pressão arterial. As prin-
ser superficiais ou profundas, as quais se comunicam cipais veias e vênulas do corpo que realizam
tal função são as do fígado, do baço e da pele.
por meio das veias comunicantes ou perfurantes. O
calibre das veias pode aumentar gradativamente, Fonte: Moore et al. (2014).
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ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
Principais vasos sanguíneos do corpo via direita. As artérias carótida comum esquerda
Coração e subclávia esquerda surgem do próprio arco da
De maneira geral, o coração é irrigado pelas artérias aorta. As artérias carótidas comuns se bifurcam em
coronárias, ramos da parte ascendente da artéria artéria carótida interna (que entra no crânio irri-
aorta. Geralmente, a coronária esquerda é mais ca- gando estruturas como a retina e o encéfalo) e arté-
librosa e tem maior área de distribuição de sangue. ria carótida externa (que irriga estruturas da face e
A drenagem do coração é feita por várias veias do couro cabeludo). A região posterior do encéfalo
cardíacas que se abrem no seio coronário (a prin- é irrigada pelas artérias vertebrais (ramos das arté-
cipal veia do coração), o qual desemboca no átrio rias subclávias).
direito (WATANABE, 2000). O retorno venoso da cabeça e do pescoço depen-
de dos seios venosos da dura-máter e de veias su-
Cabeça e pescoço perficiais que desembocam na veia jugular interna.
A vascularização da cabeça e do pescoço depende Esta veia se une à veia subclávia, formando a veia
das artérias carótidas comuns e subclávias, as quais braquiocefálica. As veias braquiocefálicas direita e
se originam do arco da aorta. O tronco braquio- esquerda se anastomosam formando a veia cava su-
cefálico (localizado à direita desse arco) emite a perior que, por sua vez, desemboca no átrio direito
artéria carótida comum direita e a artéria subclá- do coração (DANGELO; FATTINI, 2011).
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EDUCAÇÃO FÍSICA
Abdome
A irrigação do abdome é feita pela parte abdominal prarrenais médias, renais, gonadais e ilíacas comuns.
da artéria aorta que emite ramos viscerais e parietais, Estas últimas se ramificam em artérias ilíacas externas
como as artérias epigástrica superficial, epigástrica in- (que vão aos membros inferiores) e ilíacas internas
ferior, musculofrênica, 10ª e 11ª artérias intercostais (que irrigam bexiga urinária, útero e próstata).
posteriores, subcostal, circunflexa ilíaca profunda, cir- A drenagem venosa das vísceras abdominais é
cunflexa ilíaca superficial, frênicas inferiores, tronco feita, principalmente, pela veia porta e pela veia cava
celíaco, mesentérica superior, mesentérica inferior, su- inferior (DI DIO, 2002).
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ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
Pelve
A parede e vísceras da pelve são irrigadas pela arté- Veias profundas e superficiais drenam o membro
ria ilíaca interna. As principais artérias da pelve são superior. Por exemplo, as veias cefálica, basílica, ra-
umbilical, obturatória, sacral mediana, retal supe- dial e ulnar. Por fim, e como já visto anteriormente,
rior, gonadal, do ducto deferente, ramos prostáticos, as veias subclávias se unem às jugulares formando as
vesical superior e inferior e uterina. veias braquiocefálicas, as quais se unem formando
Os plexos venosos pélvicos são formados por a veia cava superior (TORTORA; DERRICKSON;
veias que circundam as vísceras pélvicas (plexo re- WERNECK, 2010).
tal, vesical, prostático, uterino, vaginal). As veias
iliolombares, sacral mediana e sacrais laterais tam- Membro inferior
bém são importantes nesta drenagem. Em última Os membros inferiores são irrigados pelas artérias
instância, as veias ilíacas interna e externa se unem ilíacas externas, as quais atravessam o ligamento
na pelve para formar a veia ilíaca comum. As veias inguinal e passam a ser chamadas de artérias femo-
ilíacas comuns direita e esquerda se anastomosam rais. Estas passam à região poplítea (posterior ao
formando a veia cava inferior, que recebe outras joelho) e recebem o nome de artérias poplíteas, as
tributárias e desemboca no átrio direito do coração quais se bifurcam em artérias tibial anterior, tibial
(FREITAS, 2004). posterior e fibular.
Veias profundas e superficiais drenam o membro
Membro superior inferior, como as veias tibial anterior, tibial poste-
Os membros superiores são irrigados pelas arté- rior, fibular, safena magna e safena parva. Em última
rias subclávias, as quais, na região axilar, passam a instância, drenam para a veia femoral, atravessam o
ser chamadas de artérias axilares, e no braço, são ligamento inguinal e passam a ser chamadas de veias
chamadas de artérias braquiais. As braquiais se ilíacas externas. Estas se unem às veias ilíacas inter-
ramificam em artérias ulnar e radial (na altura da nas formando as veias ilíacas comuns, as quais se
fossa cubital). unem formando a veia cava inferior (DI DIO, 2002).
24
EDUCAÇÃO FÍSICA
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ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
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EDUCAÇÃO FÍSICA
CURIOSIDADES
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ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
Sistema Circulatório
Linfático
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EDUCAÇÃO FÍSICA
DEFINIÇÃO
FUNÇÕES
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ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
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EDUCAÇÃO FÍSICA
Tonsila
faríngea
Tonsila
palatina
Tonsila
lingual
Figura 15 – Tonsilas
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ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
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EDUCAÇÃO FÍSICA
Membros inferiores
Você sabia que o envelhecimento pode al-
Os principais linfonodos dos membros inferiores terar o funcionamento do sistema linfático?
são os poplíteos, os inguinais superficiais e profun- É comum, por exemplo, que a produção de
dos (DANGELO; FATTINI, 2011). células imunológicas diminua e que a produ-
ção de anticorpos contra o próprio organismo
aumente, fazendo com que haja, respectiva-
DISSEMINAÇÃO DO CÂNCER mente, debilidade imunológica e maior índice
de doenças autoimunes.
35
ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
Sistema Respiratório
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
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EDUCAÇÃO FÍSICA
Dentro da cavidade nasal existem as conchas nasais, de timpânica da orelha média. Esta comunicação
que delimitam espaços chamados meatos. Toda esta serve para igualar a pressão do ar atmosférico à
região é muito vascularizada e nela, a ruptura de va- pressão do ar de dentro da cavidade timpânica.
sos pode causar sangramento nasal, também conhe- Também serve para drenar muco e perilinfa dos ca-
cido como epistaxe. nais semicirculares (TORTORA; DERRICKSON;
Os seios paranasais, ou seios da face, desem- WERNECK, 2010).
bocam nos meatos, lançando neles as suas secre-
ções. Esses seios são cavidades que alguns ossos do
crânio (frontal, maxila, esfenoide, etmoide) apre-
sentam e, por isto, são chamados de pneumáticos.
Cada osso pneumático apresenta o seu próprio
seio (seio frontal, seio maxilar, seio esfenoidal e
seio ou células etmoidais). Eles tornam a cabeça
mais leve, estão relacionados à ampliação da voz
e ajudam a aquecer e a umidificar o ar. Os seios
contêm ar e são recobertos por mucosa respirató-
ria (DI DIO, 2002).
Faringe
É uma estrutura músculo-membranácea que se
inicia na base do crânio e termina ao nível da 6ª
vértebra cervical, onde continua com o esôfago e
mantém contato com a coluna vertebral. Como a
faringe fica localizada posteriormente à cavidade
nasal, à cavidade oral e à laringe, ela apresenta três
partes sem limites precisos entre elas: a parte nasal
(que se comunica com a cavidade nasal), a parte
oral (que se comunica com a cavidade oral) e a par-
te laríngea (que se comunica com a laringe). Assim,
a faringe se associa aos sistemas respiratório e di-
gestório, sendo um canal comum à passagem de ar
e alimento. Inclusive, os músculos da faringe apre-
sentam movimentos peristálticos, possibilitando a
deglutição dos alimentos.
Na porção nasal da faringe existe uma aber-
tura chamada óstio faríngeo da tuba auditiva, que
comunica a parte nasal da faringe com a cavida- Figura 19 – Faringe e seus principais acidentes anatômicos
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ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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ANATOMIA HUMANA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
MECÂNICA RESPIRATÓRIA
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considerações finais
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atividades de estudo
46
atividades de estudo
III - A principal veia que drena a cabeça e o V - O ducto linfático direito e o ducto torácico
pescoço é a veia subclávia. drenam a linfa para as principais artérias
que chegam ao coração. Assim, o sistema
IV - Os átrios são as maiores câmaras cardí- linfático auxilia a irrigação que o sistema
acas. A sua função é ejetar sangue para arterial realiza.
fora do coração e, por isso, são chamados
de câmaras de ejeção. É correto o que se afirma em:
b) I e IV, apenas.
c) II e III, apenas.
d) II e V, apenas.
e) III e IV, apenas.
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atividades de estudo
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LEITURA
COMPLEMENTAR
Leia o artigo a seguir que trata da influência do exercício físico sobre os parâmetros respi-
ratórios de pacientes submetidos à hemodiálise.
RESUMO
Modelo do estudo: Estudo experimental. Introdução: A Doença Renal Crônica (DRC) refere-se
a um diagnóstico sindrômico de perda progressiva e irreversível da função renal. O paciente
submetido à hemodiálise pode apresentar limitações na capacidade funcional, função pulmo-
nar e força muscular respiratória, com consequentes prejuízos na qualidade de vida.
Objetivo: Avaliar os efeitos de um programa de exercício físico sobre a função pulmonar,
capacidade funcional, qualidade de vida e dor, em pacientes que realizam hemodiálise.
Metodologia: Participaram do estudo 28 pacientes de ambos os sexos, com idade entre 40
e 60 anos, em programa de hemodiálise no Instituto do Rim da Santa Casa de Misericórdia
de Presidente Prudente-SP. A força muscular respiratória foi avaliada pela manovacuometria,
a capacidade funcional, pelo TC6’, a qualidade de vida, pelo questionário KDQOLSF, a função
pulmonar, pela espirometria e a dor, pela EVA. Após as avaliações, os pacientes iniciaram o
programa de exercícios, que foi desenvolvido três vezes por semana, durante 40 minutos
em hemodiálise, por oito semanas. Ao final do programa, os pacientes foram reavaliados.
Resultados: Não houve diferença significativa dos valores da CVF e VEF1 pré e pós-programa
de exercícios, assim como do Índice de Tiffenau. O valor da PImax pós-programa foi signifi-
cativamente maior que o obtido na avaliação pré-programa. Para a variável PEmax, não foi
encontrada diferença significativa. As avaliações da capacidade funcional inicial e final não
apresentaram diferenças significativas (p>0,05). A avaliação da qualidade de vida, quanto aos
domínios das áreas específicas da DRC, mostrou que houve significância estatística, ao com-
parar a lista de sintomas e problemas com a sobrecarga da DRC e papel profissional. Os indi-
cadores relativos à dor foram reduzidos, após o programa (p<0,05).
Discussão: O DRC enfrenta situações complexas de dependência física, social e financeira.
Apesar de não apresentar resultados estatisticamente significativos em todas as variáveis
avaliadas, este estudo, corroborando outros encontrados na literatura, sugere um programa
de exercício físico, com aspectos positivos para essa população.
Conclusão: Embora a capacidade pulmonar e a capacidade funcional (TC6’) não tenham apre-
sentado alterações ao final do experimento, os níveis reduzidos de dor, cansaço e dispneia
sugerem melhora do desempenho funcional, após programas de exercício físico para DRC.
Palavras-chave: Hemodiálise. Atividade Física. Espirometria. Qualidade de Vida.
Boa leitura!
49
material complementar
50
referências
51
gabarito
1. C.
2. D.
3. A.
4. C.
5. A.
52
UNIDADE
II
SISTEMAS DIGESTÓRIO E ENDÓCRINO
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Sistema digestório
• Sistema endócrino
Objetivos de Aprendizagem
• Estudar os principais aspectos morfológicos e funcionais
dos componentes do sistema digestório: boca/cavidade
oral, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado,
intestino grosso, órgãos anexos do sistema digestório,
divisões do sistema digestório, cavidade abdominal e
peritônio.
• Estudar os principais aspectos morfológicos e funcionais
dos componentes do sistema endócrino: glândula hipófise,
glândula tireoide, glândulas paratireoides, glândula pineal,
glândula suprarrenal, pâncreas, função endócrina do
testículo e do ovário, controle do sistema endócrino.
unidade
II
INTRODUÇÃO
C
ertamente você já se perguntou sobre os detalhes de como ocorrem os pro-
cessos de digestão e de liberação hormonal. Isto porque tanto a metaboliza-
ção do que comemos quanto a forma como o nosso corpo se comunica por
meio dos hormônios são assuntos relevantes que influenciam diretamente
a nossa qualidade de vida.
Como o ser humano não é capaz de produzir os seus próprios alimentos (é he-
terótrofo), para se manter vivo, ele necessita receber constante suprimento de ma-
terial nutritivo. Para que tais nutrientes se tornem utilizáveis pelo corpo, deve haver
um adequado processo digestivo, ou seja, ocorrem inúmeras modificações químicas
realizadas por enzimas específicas. Assim, os alimentos ingeridos devem percorrer
as estruturas do canal alimentar, permanecendo nelas o tempo suficiente para se-
rem submetidos às secreções que tais estruturas produzem. Várias transformações
físicas e químicas transformam os alimentos em pequenas porções, que são ab-
sorvidas (caem na corrente sanguínea) e levadas às células para serem utilizadas
durante o metabolismo celular normal. Este complexo mecanismo dependente
do controle feito pelos sistemas endócrino e nervoso, os quais regulam glândulas
localizadas em diversos locais do corpo e cujas secreções são lançadas na cor-
rente sanguínea (sendo, por isso, chamadas de hormônios).
Por isso, esta unidade tem por objetivo realizar um estudo específico dos
sistemas digestório e endócrino, direcionando a sua atenção para as modifi-
cações relacionadas aos exercícios físicos e a disfunções como anorexia, bu-
limia, hiper ou hipossecreção hormonal. Assim, serão descritos os aspectos
mais relevantes dos sistemas digestório e endócrino, bem como as suas inte-
rações com os outros sistemas do corpo, principalmente o muscular.
Neste contexto, é importante que você não se esqueça de que o(a) pro-
fessor(a) de Educação Física precisa ter amplo conhecimento sobre esses
sistemas, uma vez que sem o perfeito funcionamento desses, nem mesmo
a contração muscular é possível. Portanto, aproveite bem os conheci-
mentos transmitidos e tenha um ótimo período de estudo!
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
Sistema Digestório
58
EDUCAÇÃO FÍSICA
FUNÇÃO
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ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
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EDUCAÇÃO FÍSICA
(MADEIRA, 2001).
Língua
A língua é um órgão importante para a mastigação e
a deglutição, e atua como órgão gustativo e fonador.
Localiza-se parcialmente na cavidade oral e parcial-
mente na faringe, mantendo-se presa à cartilagem
epiglótica.
É muscular e revestida por mucosa. Os seus mús-
culos podem ser intrínsecos (os quais lhe dão forma)
ou extrínsecos (os quais lhe permitem movimento).
A sua mucosa apresenta receptores gustativos cha-
mados de papilas linguais (circunvaladas, folhadas,
filiformes e fungiformes), as quais lhe dão um aspec-
to rugoso, além de serem relacionadas à percepção
sensitiva da língua (inclusive dos sabores).
A extremidade anterior da língua é chamada de
ápice, as suas regiões laterais são as margens laterais,
a sua região inferior é a face inferior, e a sua face
Figura 4 – Palato duro e mole superior é chamada de dorso da língua. O dorso é
61
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
Figura 7 – Gengiva
Dentes
Os dentes ficam implantados em cavidades (cha-
madas alvéolos dentais) da maxila e da mandíbula.
São rígidos, esbranquiçados, muito vascularizados e
inervados. Apresentam três partes: raiz (implantada
no alvéolo), coroa (parte mais evidente) e colo (re-
gião entre a raiz e a coroa, circundada pela gengiva).
Enquanto a criança apresenta 20 dentes (oito
incisivos, quatro caninos e oito molares), o adulto
apresenta 32 (oito incisivos, quatro caninos, oito
pré-molares e 12 molares). A substituição da denti-
ção primária (da criança) pela dentição permanente
(do adulto) começa a partir dos seis ou sete anos e
pode durar até os 25 anos de idade.
Eles servem para triturar os alimentos, dei-
xando-os acessíveis às enzimas digestivas. Para
tanto, cada dente tem uma função específica na
mecânica da mastigação. Enquanto os incisi-
vos cortam o alimento e os caninos o rasgam, os
pré-molares e os molares fazem a sua trituração
Figura 6 – Língua (MADEIRA et al., 2014).
62
EDUCAÇÃO FÍSICA
FARINGE
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ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
O esôfago é um tubo fibromuscular que dá continu- Você já ouviu falar de refluxo gastroesofágico?
ação à faringe e desemboca no estômago. Assim, ele O texto que segue é parte do artigo intitu-
atravessa o músculo diafragma (pelo hiato esofági- lado “Doença do refluxo gastroesofágico:
co) e apresenta uma parte cervical, uma parte torá- uma afecção crônica”, do autor Ethel Zim-
berg Chehter, disponível na revista Arquivos
cica e uma parte abdominal. Médicos do ABC, de 2004.
Com 25 cm de comprimento e 2 cm de diâme- “A doença do refluxo gastroesofágico
tro, ele não apresenta função digestiva, produzin- (DRGE) pode ser definida como uma afecção
crônica decorrente do refluxo retrógrado de
do apenas muco para garantir que o bolo alimentar parte do conteúdo gastroduodenal para o
passe por meio de suas contrações (movimentos esôfago ou órgãos adjacentes a ele, acar-
peristálticos, peristaltismo ou peristalse), inde- retando um espectro variável de sintomas
e/ou sinais esofagianos e/ou extra-esofa-
pendentemente da ação da gravidade (MOORE et
gianos, associados ou não a lesões teci-
al., 2014). duais”. Para saber mais, acesse: <https://
www.portalnepas.org.br/amabc/article/
view/313/294>.
ESTÔMAGO
64
EDUCAÇÃO FÍSICA
65
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
pâncreas. O jejuno mede 2,5 metros, e o íleo, 3,5 É subdividido em ceco, colo ascendente, colo
metros. Não há nítida divisão anatômica entre transverso, colo descendente, colo sigmoide, reto e
estas duas porções, podendo, assim, serem cha- canal anal. Do ceco destaca-se o apêndice vermifor-
madas, em conjunto, de jejuno-íleo (DANGELO; me, um prolongamento cilindroide alongado com
FATTINI, 2011). cerca de 6 a 10 cm de comprimento, formado no
ponto de encontro das tênias. O apêndice é rico em
folículos linfáticos.
O reto tem 15 cm de comprimento e possui uma
parte dilatada (ampola do reto) que armazena tem-
porariamente as fezes. O canal anal é uma parte es-
treita que se abre para o meio externo por meio do
ânus (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).
SAIBA MAIS
Fonte: a autora.
66
EDUCAÇÃO FÍSICA
ÓRGÃOS ANEXOS
Fígado
O fígado se localiza abaixo do diafragma e fica uni-
do à parede abdominal anterior, ao estômago e ao
duodeno. Ele é considerado a maior glândula do
corpo e, depois da pele, é considerado o maior ór-
gão, pesando 1,5 kg.
Este órgão atua no metabolismo de carboidrato,
de gordura e de proteína. Além disso, armazena gli-
cogênio, sintetiza vários compostos orgânicos, meta-
boliza e excreta substâncias tóxicas (medicamentos e
alimentos, por exemplo), participa dos mecanismos
de defesa do corpo e secreta a bile.
A bile é um líquido produzido pelo fígado e ar-
mazenado na vesícula biliar. De cor esverdeada e
de gosto amargo, tem ação detergente sobre gor-
duras e favorece a absorção de ácidos e vitaminas
lipossolúveis (sem bile, cerca de 40% da gordura se-
ria excretada pelas fezes, assim como as vitaminas
A, D, E e K).
O fígado apresenta uma face diafragmática (que
mantém contato com o músculo diafragma) e uma
Figura 14 – Peritônio e cavidade peritoneal face visceral (que mantém contato com as vísceras
67
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
Sistema Endócrino
O sistema endócrino será abordado nesta unidade canais excretores, mas lançam os seus produtos
apresentando as suas generalidades, as principais (hormônios) na corrente sanguínea, fazendo com
glândulas e os seus hormônios, assim como as prin- que eles sejam distribuídos ao corpo todo para agir
cipais disfunções advindas de seu mau funciona- em células-alvo de vários órgãos. Estas glândulas
mento. Também será realizada uma correlação entre de secreção interna diferem das glândulas exócri-
o seu funcionamento e a prática de exercícios físicos. nas, uma vez que estas últimas secretam para fora
da corrente sanguínea (como as glândulas lacrimais,
GENERALIDADES salivares, sudoríparas, sebáceas e mamárias).
O sistema endócrino apresenta como principais
Os hormônios são essenciais ao funcionamento do glândulas a hipófise, a tireoide, as paratireoides, as
corpo, e se as suas concentrações estiverem altera- suprarrenais, a pineal e as porções endócrinas do
das, disfunções severas podem aparecer. Para que pâncreas e das gônadas. Todavia alguns órgãos po-
isto seja evitado, o sistema endócrino apresenta vá- dem apresentar função endócrina, como é o caso da
rias glândulas macroscópicas, as quais não possuem placenta, do timo, do coração, dos rins, do duodeno
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
Outro fato que merece destaque é que a ausência do corpo. A glândula hipófise controla tal secreção
de iodo faz com que a glândula tireoide fique ede- conforme a concentração de cálcio nos fluidos cor-
maciada (inchada), formando um “papo” na região porais (a diminuição dessa concentração aumenta a
anterior do pescoço (esta condição é chamada de secreção de PTH, e o contrário é verdadeiro).
bócio). Tal fato ocorre com maior incidência em lo- Quando o PTH é liberado, ele ativa os osteoclas-
cais onde o solo é pobre em iodo (em locais longe do tos, os quais retiram cálcio dos ossos aumentando a
mar, por exemplo). sua concentração no plasma sanguíneo e diminuin-
Desde 1955 iniciaram-se programas de adição do a sua excreção na urina. Além disso, a síntese de
de iodo no sal de cozinha no Brasil por recomenda- vitamina D pelos rins é aumentada, melhorando a
ção da Organização Mundial de Saúde (OMS). No absorção de cálcio no trato gastrointestinal.
entanto iodo em excesso pode causar hipertireoidis- Enquanto o PTH retira cálcio dos ossos aumen-
mo induzido por iodo (principalmente em idosos) e tando a sua concentração no plasma, a calcitonina
a elevação do número de pessoas com doenças au- age antagonicamente levando cálcio do plasma para
toimunes da glândula tireoide (WATANABE, 2000). os ossos. Assim, o hiperparatireoidismo faz com que
haja excesso de PTH no sangue, causando descalcifi-
cação óssea, fraturas, deformidades, osteoroporose e
calcificação de tecidos moles. Ao contrário, a defici-
ência de PTH diminui o cálcio do sangue e aumenta
a excitabilidade do sistema nervoso, causando câim-
bras e espasmos (MOORE et al., 2014).
Glândulas paratireoides
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
Pâncreas Gônadas
O pâncreas atua como uma glândula mista, uma vez Os testículos e os ovários são, respectivamente, as
que ele é responsável pela secreção de hormônios (in- gônadas dos sistemas genitais masculino e feminino.
sulina e glucagon) e do suco pancreático (lançado como Tais órgãos, além de produzirem gametas, são tam-
secreção exócrina no duodeno). Este órgão se localiza bém responsáveis pela síntese de hormônios sexuais
atrás do estômago, interposto ao baço e ao duodeno. testosterona, estrógenos e progestinas (o estrógeno
Enquanto as suas células alfa produzem gluca- mais importante é o estradiol, e a progestina mais
gon e as células beta produzem insulina, as células importante é a progesterona).
delta produzem uma substância chamada somatos- A testosterona é responsável pelas características
tatina, que atua como um neurotransmissor inibitó- sexuais secundárias masculinas, como a formação
rio da liberação dos dois hormônios anteriores. de pelos dispersos pelo corpo, o aumento da laringe,
A insulina é liberada em estado alimentado e a sua a espessura da pele e os desenvolvimentos ósseo e
função é estimular o transporte de glicose do sangue muscular. De igual modo, ela atua na formação do
para as células a fim de que esta seja utilizada e arma- pênis, da bolsa escrotal, da próstata, das glândulas
zenada em forma de glicogênio. A glicose exceden- seminais, dos ductos genitais masculinos e participa
te é convertida em gordura e armazenada no tecido da descida dos testículos para a bolsa escrotal. A sua
adiposo. Adicionalmente, a insulina reduz o uso de atuação é bastante importante na puberdade, pois
gorduras e de proteínas e estimula a síntese proteica. aumenta o tamanho do pênis, da bolsa escrotal e dos
O glucagon age antagonicamente à insulina, testículos.
uma vez que diminui a quebra da glicose, promove Os estrógenos (ou também conhecidos como
a hiperglicemia, estimula a degradação do glicogê- estrogênios) são responsáveis pelo crescimento dos
nio hepático e a liberação de glicose para a corrente órgãos sexuais. Estimulam a síntese de colágeno e a
sanguínea (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014). renovação da pele, das mucosas e dos tecidos con-
juntivos de suporte. Têm a sua produção reduzida
após a menopausa, fazendo com que a renovação
dos tecidos e a síntese de colágeno sejam diminuí-
das. Assim, sinais de envelhecimento (como perda
do vigor da pele, da massa muscular e óssea etc.)
passam a ser facilmente identificáveis. Ademais, fu-
mar diminui a produção estrogênica e, desta forma,
antecipa, prolonga e agrava os sinais característicos
da menopausa.
A progesterona prepara o útero para a implanta-
ção do blastocisto, estimula o desenvolvimento das
mamas e aumenta a secreção mucosa das tubas ute-
rinas, ajudando na nutrição do ovo em desenvolvi-
Figura 24 - Pâncreas mento (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).
76
EDUCAÇÃO FÍSICA
SAIBA MAIS
Fonte: a autora.
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considerações finais
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
Considere os seus estudos sobre o tema e anali- vez que ela já apresenta idade avançada,
se as proposições a seguir: está na menopausa há 20 anos e nun-
I - Se a senhora apresentar hipertireoidismo, ca fez reposição hormonal. Dentre tais
a concentração de hormônio tireoidiano hormônios, pode-se citar o hormônio de
calcitonina poderá estar alta, predispon- crescimento (GH), o luteinizante (LH), o fo-
do a descalcificação óssea. Isto pode ser lículo estimulante (FSH) e os androgênios
dito considerando o fato de que esse hor- (produzidos pela glândula suprarrenal).
mônio ativa os osteoclastos e aumenta a Tal diminuição se relaciona a disfunções,
calcemia a fim de manter a concentração como aumento na pressão arterial, insô-
fisiológica de cálcio para os neurônios, o nia, dificuldade na coagulação sanguínea
miocárdio e o diafragma. Consequente- e instabilidade emocional.
mente, é bastante provável que essa se- É correto o que se afirma em:
nhora apresente ou venha a apresentar
a) I e IV, apenas.
severa osteoporose.
b) II e V, apenas.
II - Se essa senhora apresentasse disfunção
das glândulas suprarrenais, seria possível c) III e IV, apenas.
que esta tivesse um aumento na dosagem
d) III e V, apenas.
do cortisol e da adrenalina. Neste caso, é
certo que haveria contínua reabsorção e) IV e V, apenas.
óssea, uma vez que o hormônio cortico-
trófico (ACTH) produzido pela glândula 5. As glândulas endócrinas são glândulas especia-
hipófise estaria aumentado. lizadas na secreção dos hormônios na corrente
sanguínea, sendo as principais: pineal, hipófise,
III - Se de fato essa senhora apresentasse dis-
tireoide, paratireoide e suprarrenais. Há glându-
função das glândulas suprarrenais, seria
las mistas que possuem uma parte endócrina e
possível que esta tivesse sinais e sintomas
outra exócrina, como o pâncreas e as gônadas,
relacionados ao sistema circulatório, uma
vez que o excesso dos hormônios produ- ou seja, os ovários e os testículos. Sobre esse sis-
zidos por essas glândulas (como o cortisol tema, assinale a alternativa correta:
e a adrenalina) poderiam causar sobrecar- a) São hormônios da adeno-hipófise o hor-
ga cardíaca e hipertensão arterial. Tal fato mônio antidiurético (ADH) e a ocitocina.
é preocupante se você prescrever para b) São hormônios da glândula tireoide o pa-
a senhora exercícios aeróbios, os quais ratormônio e a melatonina.
tendem a aumentar o funcionamento do
aparelho cardiorrespiratório. c) São hormônios da glândula suprarrenal o
hormônio do crescimento e a prolactina.
IV - Se o paratormônio ou hormônio parati-
reoidiano (PTH) estiver aumentado, pode- d) A melatonina é produzida pela glândula
rá haver aumento da calcemia, da reab- pineal.
sorção óssea e dentária. Isto porque, em e) O hormônio do crescimento é produzido
casos de hiperparatireoidismo, os osteo- pela glândula tireoide.
clastos são ativados.
V - É bem provável que alguns hormônios
dessa senhora estejam em concentra-
ções abaixo dos níveis fisiológicos, uma
80
LEITURA
COMPLEMENTAR
INTRODUÇÃO
Todas as funções do corpo humano e dos vertebrados mônios funcionam como intermediários entre a elabo-
de uma maneira geral são permanentemente controla- ração da resposta pelo sistema nervoso e a efetuação
das em estado fisiológico por dois grandes sistemas que desta resposta pelo órgão-alvo. Por isso, considera-se o
atuam de forma integrada: o sistema nervoso e o siste- sistema hormonal o outro controlador das funções cor-
ma hormonal (Guyton & Hall, 1997). porais (Guyton & Hall, 1997; Wilson & Foster, 1988).
O sistema nervoso é responsável basicamente pela ob- Para entendermos melhor o funcionamento desse sis-
tenção de informações a partir do meio externo e pelo tema e o conceito de órgão-alvo, torna-se importante
controle das atividades corporais, além de realizar a o conhecimento do que é um hormônio. Um hormônio
integração entre essas funções e o armazenamento de é uma substância química secretada por células espe-
informações de memória. A resposta aos estímulos (ou cializadas ou glândulas endócrinas para o sangue, para
informações provenientes do meio externo ou mesmo o próprio órgão ou para a linfa em quantidades nor-
do meio interno) é controlada de três maneiras, a sa- malmente pequenas e que provocam uma resposta
ber: 1) contração dos músculos esqueléticos de todo fisiológica típica em outras células específicas. Os hor-
o corpo; 2) contração da musculatura lisa dos órgãos mônios são reguladores fisiológicos - eles aceleram ou
internos e 3) secreção de hormônios pelas glândulas diminuem a velocidade de reações e funções biológicas
exócrinas e endócrinas em todo o corpo (Berne & Levy, que acontecem mesmo na sua ausência, mas em ritmos
1996; Guyton & Hall, 1997). diferentes, e essas mudanças de velocidades são funda-
Diferentemente dos músculos, que são os efetores finais mentais no funcionamento do corpo humano (Schotte-
de cada ação determinada pelo sistema nervoso, os hor- lius & Schottelius, 1978).
81
material complementar
To the Bone
Ano: 2017
Sinopse: uma jovem está lidando com um problema que afeta muitos outros no
mundo, ou seja, a anorexia. Sem perspectivas de se livrar da doença e ter uma
vida feliz e saudável, a moça passa os dias sem esperança. Porém, quando ela
encontra um médico não convencional que a desafia a enfrentar a sua condição e
a abraçar a vida, tudo pode mudar.
Comentário: é um filme que todo profissional de Educação Física deveria assistir.
Ele trata de uma das desordens mais agressivas que têm acometido muitos ado-
lescentes e jovens atualmente, os quais, inclusive, optam pela prática desenfreada
e abusiva de exercícios físicos. Você deve assistir!
82
referências
83
gabarito
1. B.
2. C.
3. D.
4. C.
5. D.
84
UNIDADE
III
APARELHO UROGENITAL
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Sistema urinário
• Sistema genital masculino
• Sistema genital feminino
Objetivos de Aprendizagem
• Estudar os principais aspectos morfológicos e funcionais
dos componentes dos sistema urinário: rim, ureter, bexiga
urinária e uretra.
• Entender os principais aspectos morfológicos e funcionais
dos componentes do sistema genital masculino: testículos,
epidídimos, ductos deferentes, glândulas seminais,
ducto ejaculatório, próstata, pênis, uretra, glândulas
bulbouretrais e bolsa escrotal.
• Abordar os principais aspectos morfológicos e funcionais
dos componentes do sistema genital feminino: ovário, tuba
uterina, útero, vagina, estruturas do pudendo feminino:
monte do púbis, lábio maior do pudendo, lábio menor do
pudendo, vestíbulo da vagina, bulbo do vestíbulo, óstio da
vagina, glândula vestibular maior e glândulas vestibulares
menores. Cavidade pélvica e peritônio, períneo e mamas.
unidade
III
INTRODUÇÃO
O
aparelho urogenital é constituído pelos sistemas urinário, genital mascu-
lino e genital feminino. Enquanto os sistemas genitais agem em conjunto
para possibilitar a continuidade da vida humana, o sistema urinário ga-
rante a manutenção da homeostasia dos líquidos corpóreos.
O sistema urinário, por exemplo, garante que produtos residuais gerados pelo
metabolismo corpóreo sejam eliminados para o meio externo evitando danos ce-
lulares como alterações de pH e mesmo morte celular. Ele é constituído pelos rins,
ureteres, bexiga urinária e uretra. Os rins são considerados órgãos uropoiéticos, pois
produzem a urina a partir da filtragem do plasma. Os ureteres e a uretra são chama-
dos de órgãos urocondutores pelo fato de conduzirem a urina. Já a bexiga urinária é
um órgão uroarmazenador, pois dela depende a estocagem da urina até o momento
da micção ou diurese (ou seja, o ato de urinar).
Os sistemas genitais possuem estruturas anatômicas específicas que podem ser
agrupadas em órgãos gametógenos ou gônadas (os quais produzem gametas e hor-
mônios sexuais), órgãos gametóforos ou vias espermáticas (os quais permitem o
deslocamento dos gametas), órgãos de cópula (os quais entram em contato duran-
te a cópula ou coito, ou seja, o ato sexual propriamente dito), estruturas eréteis (as
quais aumentam de volume em decorrência da retenção de sangue e melhoram,
assim, o acoplamento entre eles durante a cópula), glândulas anexas (as quais
produzem secreções que facilitam o coito ou a progressão dos gametas nas vias
genitais) e órgãos externos (os quais são visíveis à superfície do corpo). Além
disso, apenas no sistema genital feminino há um órgão que abriga o novo ser
em formação até que o período gestacional seja cumprido (o útero) .
O objetivo desta unidade é descrever os aspectos mais relevantes dos
sistemas urinário e genitais, bem como apresentar as suas inter-relações
e dependência com os outros sistemas do corpo. Não se esqueça que o
profissional de Educação Física precisa ter conhecimento sobre esses sis-
temas, pois ele será solicitado a responder questões sobre o corpo hu-
mano. Assim, aproveite a oportunidade de entendê-los e bom estudo!
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
Sistema Urinário
90
EDUCAÇÃO FÍSICA
FUNÇÕES
91
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
COMPONENTES
Rim
O rim é o principal órgão do sistema urinário, pois
é ele que filtra o plasma sanguíneo e forma a urina
(realiza a uropoiese). Além disso, é responsável pela
síntese da forma ativa da vitamina D, de glicose em
casos de jejum prolongado, de eritropoetina (gli-
coproteína que atua na medula óssea estimulando
a produção de hemácias) e de renina (uma enzima Figura 2 – Rim
92
EDUCAÇÃO FÍSICA
Ureter
O ureter é um tubo muscular estreito e longo (de
25 a 30 cm de comprimento) que apresenta ca-
pacidade contrátil (movimentos peristálticos).
Como a sua função é conduzir a urina produzida
no rim até a bexiga urinária, ele tem origem no
hilo renal e deixa de existir ao desembocar na be-
xiga urinária.
Em seu trajeto do rim à bexiga, ele se justapõe
às paredes abdominal e pélvica, passando atrás do
peritônio. Assim, apresenta uma parte abdominal,
uma parte pélvica e uma parte intramural (quando
adentra a parede da bexiga urinária).
Os ureteres atravessam a parede muscular da
bexiga urinária de maneira oblíqua, formando
uma válvula unidirecional que impede o refluxo da
urina em direção ao ureter. Além disso, a pressão
interna que o enchimento da bexiga causa e as suas
contrações atuam como um esfíncter, impedindo,
assim, tal refluxo (WATANABE, 2000).
Figura 3 – Néfron
93
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
A bexiga urinária é um órgão ímpar que se loca- A uretra é um tubo muscular ímpar e mediano
liza na cavidade abdominal (no feto e no recém- que conduz a urina até o meio externo. Este ór-
-nascido) ou na cavidade pélvica (após a puberda- gão difere em relação aos sexos. Assim, enquanto
de). Ela é constituída por músculo liso capaz de se a uretra feminina é curta (cerca de 4 cm) e desti-
distender e possibilitar a sua função de armazena- na-se apenas à passagem de urina, a masculina é
mento de urina (pode armazenar de 350 a 1.500 longa (cerca de 20 cm) e destina-se à passagem de
ml de urina). Por isto é um órgão oco (MOORE urina e de sêmen durante a ejaculação. Desta for-
et al., 2014). ma, a uretra masculina pertence tanto ao sistema
A idade, o sexo e as fases de vacuidade (se está urinário quanto ao sistema genital masculino.
cheia ou vazia) podem influenciar a sua forma, o seu A uretra se abre para o meio externo por meio
tamanho e a sua relação com órgãos vizinhos. No adul- do óstio externo da uretra, um pequeno orifício
to, por exemplo, quando vazia, ela fica achatada contra que, na mulher, se localiza entre os lábios meno-
a sínfise púbica e, quando cheia, fica ovóide e se salien- res do pudendo (próximo ao clitóris e ao óstio da
ta na cavidade abdominal. No homem, ela localiza-se vagina), e no homem, se localiza na região central
à frente do reto, e na mulher, o útero fica interposto da glande.
entre essa bexiga urinária e o reto (FREITAS, 2004). No homem, ela é sinuosa e dividida em quatro
partes: uretra pré-prostática ou intramural, uretra
prostática, uretra membranácea e uretra esponjosa.
A uretra prostática é completamente circundada
pela próstata, a qual nela lança a sua secreção. A
uretra membranácea penetra a membrana do pe-
ríneo e termina ao entrar no pênis. As glândulas
bulbouretrais pertencentes ao sistema genital mas-
culino se localizam próximas a esta parte da uretra.
A uretra esponjosa é longa, envolta pelo corpo es-
ponjoso do pênis e nela as glândulas bulbouretrais
Figura 5 – Bexiga urinária se abrem (DI DIO, 2002).
94
EDUCAÇÃO FÍSICA
SAIBA MAIS
Você certamente já ouviu falar e se preocupou com o câncer de próstata. Mas você sabia que, no Brasil,
esse câncer é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não-melano-
ma)? Para saber mais, acesse: <http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/
prostata/definicao>.
Fonte: a autora.
95
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
96
EDUCAÇÃO FÍSICA
Neste tópico, serão apresentadas as funções, a divi- do escroto. Esta migração obrigatoriamente deve se
são e os componentes anatômicos do sistema genital completar antes da puberdade para que a sua fun-
masculino. Para cada componente, serão destacados ção na produção de gametas possa ser viável. Isto
a localização, as principais características morfoló- porque a temperatura intra-abdominal (36 a 37 °C)
gicas e os aspectos funcionais mais relevantes. é maior do que a ideal para a espermatogênese (que
deve ficar em torno de 35 °C). Inclusive, quando o
FUNÇÕES testículo não migra para a bolsa escrotal (criptor-
quidia) é necessária uma intervenção cirúrgica. Vale
O sistema genital masculino atua junto com o femi- lembrar que, além da função de produção contínua
nino, possibilitando a manutenção do número de de gametas a partir da maturidade sexual, os testí-
indivíduos da espécie humana. O masculino é res- culos também produzem hormônios sexuais como
ponsável pela formação de gametas, pela passagem a testosterona.
destes pelos genitais, pelo encontro deles (por meio Os testículos esquerdo e direito são separados
da cópula) e pela produção de hormônios (especial- por um septo de tecido conjuntivo (septo do es-
mente a testosterona) que garantem as característi- croto) visível externamente como uma espécie de
cas sexuais secundárias. “costura” mais escura no escroto (rafe do escroto).
Esta região é extremamente inervada e, portanto,
DIVISÃO muito sensível.
Internamente, a superfície do testículo é re-
O sistema genital masculino apresenta órgãos ge- vestida por uma cápsula muito resistente de tecido
nitais externos e internos. Os externos são visíveis conjuntivo (túnica albugínea) e por um saco seroso
à superfície do corpo e incluem pênis e escroto. Os (túnica vaginal) que emite septos para o seu interior,
internos não são visíveis à superfície do corpo e, na dividindo-o em lóbulos. Nos lóbulos, os espermato-
maioria da vezes, ficam dentro da cavidade pélvica e zoides são formados e deles tais gametas saem em
incluem testículo, epidídimo, ducto deferente, glân- direção à cabeça do epidídimo.
dula seminal, ducto ejaculatório, próstata, uretra e Como o testículo fica externo à parede da pelve
glândula bulbouretral (MIRANDA NETO; CHO- e os outros órgãos do sistema genital masculino es-
PARD, 2014). tão em seu interior, várias estruturas entram e saem
da bolsa escrotal, formando o funículo espermático.
COMPONENTES Este funículo percorre o canal inguinal, uma espé-
Testículo cie de túnel através da parede do abdome, o qual
Os testículos são órgãos pares, de forma oval e acha- pode apresentar hérnias inguinais. Dentre as estru-
tados no sentido látero-lateral. Eles se desenvolvem turas que percorrem o canal inguinal, destacam-se
dentro do abdome (perto aos rins), mas à medida as veias testiculares, as quais podem apresentar va-
que a gestação da mãe avança, os testículos do bebê rizes (varicocele), levando ao acúmulo de sangue no
de sexo masculino descem e se posicionam dentro testículo e diminuindo a espermatogênese. Assim,
97
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
Epidídimo
O epidídimo é um órgão par que se estende da borda
posterior do testículo até o ducto deferente. Apresen-
ta a forma de tubo enovelado e se divide em cabeça
(região dilatada que fica na extremidade superior do
testículo), cauda (parte inferior, contínua ao ducto
deferente) e corpo (entre as outras duas partes). A
sua função é armazenar temporariamente os esper- Figura 9 – Ducto deferente
Fonte: a autora.
Figura 8 – Epidídimo
98
EDUCAÇÃO FÍSICA
Próstata
A próstata é a maior glândula acessória do sistema
genital masculino (tem aproximadamente 3 cm de
comprimento, 4 de largura e 2 de profundidade).
Todavia o seu tamanho varia de acordo com a idade. Figura 11 – Próstata
99
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
Fonte: a autora.
Ducto ejaculatório
O ducto ejaculatório tem aproximadamente 2 cm de
comprimento (é o menor segmento das vias esper-
máticas). Este órgão ímpar se forma pela união do
ducto da glândula seminal com o ducto deferente,
atravessa a próstata e desemboca na parte prostática
da uretra (FREITAS, 2004).
Uretra
A uretra masculina é um tubo sinuoso, mediano e
longo (cerca de 20 cm de comprimento), constitu-
ído por tecido conjuntivo, músculo liso e mucosa.
Apresenta uma parte pré-prostática (ou intramu-
ral), uma parte prostática, uma parte membranácea
e uma parte esponjosa. No homem, esta estrutura
anatômica é comum tanto ao sistema urinário quan-
Figura 12 – Ducto ejaculatório to ao sistema genital masculino.
100
EDUCAÇÃO FÍSICA
A uretra prostática se localiza na próstata e dela O pênis apresenta três regiões principais. A raiz
recebe secreção prostática e sêmen. A uretra mem- é a sua porção fixa, que representa onde esse órgão
branácea penetra a membrana do períneo e termina se origina. O corpo é a sua parte livre e móvel onde
ao entrar no pênis. A uretra esponjosa começa na os corpos cavernosos e o corpo esponjoso estão. A
extremidade distal da uretra membranácea, termina glande é a sua extremidade distal dilatada onde o ós-
no óstio externo da uretra, é longa e se localiza den- tio externo da uretra se abre.
tro do corpo esponjoso do pênis. Nela se abrem as A glande é coberta por uma pele fina (chama-
glândulas bulbouretrais (MOORE et al., 2014). da prepúcio) que forma uma prega retrátil e cuja
mobilidade é limitada pelo frênulo do prepúcio
(localizado inferiormente). Nela existem glândulas
prepuciais produtoras de esmegma (uma secreção
sebácea de odor característico que lubrifica a glan-
de). Se a abertura do prepúcio for estreita a ponto de
impedir a exposição da glande (fimose), ocorre des-
conforto durante o coito e a higienização do pênis
fica comprometida. Tal fato é maléfico, pois devido
à glande apresentar inúmeras glândulas sebáceas e
prepuciais, as secreções podem se acumular, fazen-
do com que haja proliferação de microrganismos e,
provavelmente, infecção (aparece odor desagradável
e prurido/coceira) (WATANABE, 2000).
Pênis
O pênis é um órgão ímpar cuja principal função é
penetrar o sistema genital feminino (por meio da
vagina) e assim permitir o coito para que os esper-
matozoides possam ter contato com os gametas fe-
mininos.
É constituído por três longas massas cilíndricas
de tecido erétil (dois corpos cavernosos e um corpo
esponjoso), os quais apresentam pequenos espaços
onde o sangue fica retido, possibilitando a ereção.
Além desses corpos, o pênis também apresenta mui-
tos vasos sanguíneos e linfáticos, e é revestido por
uma pele fina, sensível, elástica e lisa. Figura 15 – Pênis
101
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
EREÇÃO E EJACULAÇÃO
102
EDUCAÇÃO FÍSICA
103
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
104
EDUCAÇÃO FÍSICA
De igual modo ao sistema genital masculino, o sis- órgão par e de forma oval apresenta consistência
tema genital feminino será apresentado nesta aula firme (inclusive, esta aumenta com a idade) e a sua
com destaque para as suas funções gerais, a sua di- função é produzir gametas femininos (ovócitos) e
visão e os seus componentes. Para cada estrutura hormônios (estrógeno e progesterona) a partir da
anatômica que o forma, serão pontuados localização puberdade.
anatômica, principais características morfológicas e O ovário é envolto por uma cápsula de tecido
aspectos funcionais mais relevantes. conjuntivo chamada túnica albugínea. Nas mulheres
pré-púberes, a sua superfície externa é lisa e rosada,
FUNÇÕES porém as sucessivas ovulações lhe causam fibrose e
distorções por cicatrizes, além de lhe conferir um
O sistema genital feminino atua junto ao masculino, aspecto branco/acinzentado e rugoso (DANGELO;
possibilitando a manutenção do número de indiví- FATTINI, 2011).
duos da espécie humana. O feminino é responsável
pela formação de gametas, pela passagem destes
pelos genitais, pelo encontro deles (por meio da có-
pula) e pela produção de hormônios (especialmente
estrógeno e progesterona) que garantem as caracte-
rísticas sexuais secundárias. Complementarmente, o
sistema genital feminino possibilita o período gesta-
cional e o trabalho de parto.
DIVISÃO
105
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
estreita, de parede espessa e que penetra o útero. A com a idade, com o estado gestacional e a vacuidade
parte uterina atravessa a parede do útero e se abre na da bexiga e do reto.
cavidade uterina. Este órgão cavitário é eminentemente muscular
Internamente, a tuba apresenta pregas longitudi- e apresenta aproximadamente 7 cm de comprimen-
nais (pregas tubárias) que lhe dão um aspecto labi- to, 5 de largura e 90 g de peso. Embora de dimen-
ríntico útil para a captação e o transporte do ovócito sões pequenas, ele pode aumentar o seu tamanho
e do espermatozoide por meio de seu comprimento. para abrigar o feto, inclusive gêmeos, trigêmeos etc.
Assim, a sua principal função é transportar os ovóci- Assim, as suas principais funções são alojar o em-
tos e os espermatozoides (FREITAS, 2004). brião para que este se desenvolva durante o período
gestacional e, por meio de fortes contrações de suas
paredes musculares, possibilite o parto natural ou
normal (via vaginal).
O útero apresenta corpo (a sua parte principal,
em cujo interior está a cavidade uterina) e colo (que
inferiormente se projeta para a vagina). Estas partes
são separadas pelo istmo do útero.
Perimétrio, miométrio e endométrio são as três
camadas da parede do corpo do útero. Enquanto o
perimétrio é externo, o miométrio forma a maior
Figura 18 – Tuba uterina (externa e internamente) parte de sua parede (constituído de músculo liso),
e o endométrio é sua camada mucosa interna que
SAIBA MAIS
participa do ciclo menstrual. Mensalmente, o endo-
métrio se prepara para receber o zigoto, tornando-
A laqueadura é um procedimento voluntário -se espesso e rico em capilares. Se a fecundação não
de esterilização definitiva da mulher. Esta téc- ocorrer, este espessamento se descama, fazendo com
nica promove a obstrução das tubas uterinas,
impedindo o processo de fecundação. Para que o sangue seja eliminado pelo óstio da vagina
saber mais, acesse: <https://minutosaudavel. (menstruação).
com.br/laqueadura/>. O útero e a vagina formam entre si um ângulo de
Fonte: a autora. cerca 90º, e ele se flete anteriormente em relação ao
seu próprio colo. Este posicionamento é importante
para possibilitar o período gestacional sem inter-
corrências, e é mantido por ligamentos. Todavia o
Útero envelhecimento e a menopausa podem tornar esses
O útero tem a forma de uma pera invertida, se lo- ligamentos menos resistentes e mais flácidos (devi-
caliza na pequena pelve (entre a bexiga urinária e o do a menor produção de estrógeno e à redução na
reto), onde é envolto pelo ligamento largo do útero. síntese de colágeno), fazendo com que haja prolapso
A sua forma, o seu tamanho e a sua posição variam uterino e/ou vesical (ou seja, útero e bexiga urinária
106
EDUCAÇÃO FÍSICA
podem sair de suas posições e migrarem a favor da A vagina é constituída por uma túnica externa
gravidade). Em alguns casos, cirurgias corretivas são de tecido conjuntivo, uma média de músculo liso e,
necessárias (DI DIO, 2002). internamente, por uma mucosa. A camada mucosa
é resistente, elástica, apresenta glândulas produto-
ras de muco e nela existem células que, sob a ação
do estrógeno, sintetizam glicogênio e partículas de
gorduras que são utilizados por lactobacilos da flora
vaginal para a produção de ácido lático. Este ácido
baixa o pH da vagina protegendo-a contra microrga-
nismos e paralisando os espermatozoides. Além dis-
so, na mucosa existem rugas vaginais que melhoram
a adesão ao pênis durante o coito. Todavia tais rugas
tendem a desaparecer com o envelhecimento e com
a fraqueza do músculo liso que forma a sua camada
Figura 19 – Útero e vagina média (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).
107
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
108
EDUCAÇÃO FÍSICA
MAMAS
As mamas não pertencem ao sistema genital femi- com que as aréolas se tornem pedunculadas devido
nino, e sim, ao sistema tegumentar (que estuda es- à perda de elasticidade das estruturas de sustenta-
truturas como pele e unha). Todavia as mamas se ção, causando ptose mamária.
desenvolvem junto com os órgãos do sistema genital Embora os homens apresentem mamas, elas ten-
feminino, influenciadas pelos hormônios sexuais dem a ser pouco desenvolvidas em condições nor-
femininos e tendo o seu desenvolvimento mais ex- mais. Todavia, em caso patológico, a ginecomastia
pressivo durante a puberdade. faz com que as mamas se desenvolvam, o que neces-
Assim, as mamas são anexos de pele situados à sita, por vezes, de cirurgia reparadora. É importante
frente dos músculos da região peitoral. São consti- pontuar que o termo “seios” não deve ser usado para
tuídas por glândulas mamárias, tecido conjuntivo se referir às mamas.
(inclusive tecido adiposo) e pele. As suas glândulas
são especializadas na produção de leite após a ges-
tação. O tecido conjuntivo dá sustentação à mama
e o tecido adiposo está diretamente relacionado ao
tamanho e à forma dela. A sua pele é fina e apre-
senta glândulas sebáceas e sudoríparas (TORTORA;
DERRICKSON; WERNECK, 2010).
Anatomicamente, elas apresentam dois aci-
dentes anatômicos principais, a papila e a aréola.
A papila mamária é uma projeção composta prin-
cipalmente de fibras musculares lisas onde desem-
bocam os ductos lactíferos. Ela é muito inervada
e pode se tornar rija em decorrência da contração
de seus músculos. A aréola da mama é uma região
bastante pigmentada que fica ao redor da papila e
contém grande número de glândulas sudoríparas e
sebáceas. Nela existem pequenas saliências visíveis
e palpáveis (chamadas tubérculos) que marcam
o ponto onde os ductos lactíferos desembocam
(MOORE et al., 2014).
Durante a gravidez, é comum que a aréola fique
mais escura e que o volume da mama triplique em
função dos hormônios liberados neste período (pro-
lactina e ocitocina, por exemplo). Sucessivas gesta-
ções e amamentações e o envelhecimento fazem Figura 21 – Mama (vista anterior e lateral)
109
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
PERÍNEO
Figura 22 – Períneo
110
considerações finais
111
atividades de estudo
112
atividades de estudo
c) Clitóris, óstio externo da uretra e óstio da 5. Ainda em referência ao sistema genital masculi-
vagina são estruturas da vulva ou puden- no, faça a associação correta entre as colunas a
do feminino. Em ordem, se posicionam seguir:
sequencialmente no sentido ântero-pos- I - Parte prostática da uretra.
terior.
II - Ducto deferente.
d) Estrógeno (ou estrogênio) e a progeste-
rona são os principais hormônios sexuais III - Parte esponjosa da uretra.
femininos, pois determinam vários acon- IV - Glândula seminal.
tecimentos dos ciclos femininos, além das
características sexuais secundárias. A pro- V - Glândula bulbouretral.
dução desses hormônios é realizada pelo ( ) Produz uma secreção liberada previamente
útero. à ejaculação a fim de limpar a uretra de resíduos
e) A produção dos hormônios sexuais femini- de urina e ajustar o pH deste canal.
nos é realizada pela tuba uterina. ( ) Recebe as secreções prostáticas que consti-
tuirão o sêmen.
4. Ainda em referência aos sistemas genitais mas-
culino e feminino, assinale a alternativa correta: ( ) Conduz os espermatozoides em direção ao
ducto ejaculatório.
a) O monte do púbis, os lábios maiores e os
lábios menores do pudendo são constituí- ( ) Recebe as secreções das glândulas bulbou-
dos principalmente por tecido ósseo. retrais.
b) A manutenção do pH vaginal básico é im- ( ) Produz grande quantidade do líquido elimi-
portante, pois evita a proliferação de mi- nado durante a ejaculação.
crorganismos patogênicos.
A sequência correta para a resposta da questão é:
c) Durante o parto natural, é necessário que
a) I, II, III, IV e V.
o bebê passe pelo ovário, pela tuba uteri-
na, pelo útero e, posteriormente, pela va- b) V, I, II, III e IV.
gina. c) II, I, IV, V e III.
d) A produção de esmegma é realizada pelas d) V, II, I, IV e III.
glândulas prepuciais. Tal secreção é impor-
tante, pois possibilita a adequada lubrifica- e) IV, I, II, III e V.
ção da glande.
e) O bulbo do vestíbulo e o clitóris não apre-
sentam ereção.
113
LEITURA
COMPLEMENTAR
Leia o artigo indicado que aborda como a prática regular e bem orientada de exercícios físi-
cos pode beneficiar doentes renais submetidos ao tratamento de hemodiálise em relação
ao controle da hipertensão arterial, da capacidade funcional, da função cardíaca, da força
muscular e, consequentemente, da qualidade de vida.
Pacientes portadores de doença renal crônica (DRC) submetidos a tratamento dialítico apre-
sentam alterações físicas e psicológicas que predispõem ao sedentarismo. Nesta população, a
prescrição rotineira de exercícios físicos não é uma prática frequente, especialmente no nosso
país. No entanto, alguns autores têm demonstrado que um programa de exercícios para estes
pacientes contribui para o melhor controle da hipertensão arterial, da capacidade funcional,
da função cardíaca, da força muscular e, consequentemente, da qualidade de vida. Além dos
benefícios relacionados ao sistema cardiovascular, a realização do exercício traz benefícios se-
cundários, pois quebra a monotonia do procedimento, melhora aderência e pode aumentar a
eficácia da diálise. Na presente revisão, os autores discutem aspectos da realização de exercí-
cios físicos em pacientes portadores de DRC em diálise e apresentam dados iniciais de sua ex-
periência com a aplicação de exercícios supervisionados durante as sessões de hemodiálise.
O número de pacientes com doença renal crônica (DRC) em todo o mundo tem aumenta-
do em proporções alarmantes, ocasionando um importante problema de saúde pública. No
Brasil, de 1994 a 2005, o número de pacientes em hemodiálise (HD) e diálise peritoneal ele-
vou-se de 24.000 para 65.121. Como conseqüência, do número crescente de doentes renais
crônicos, os gastos do Ministério da saúde com a terapia renal substitutiva são de aproxima-
damente 1,4 bilhão de reais por ano, quantia esta correspondente a cerca de 10% do orça-
mento global desse ministério.
Nessa população, as doenças cardiovasculares (DCV) representam a principal causa de morbi-
dade e de mortalidade. Além disso, contribuem sobremaneira para a diminuição da capacidade
funcional, para a baixa tolerância ao exercício e, conseqüentemente, para a dificuldade de rea-
lização das atividades da vida diária. Além das DCV, também contribuem para a diminuição da
capacidade funcional em pacientes renais crônicos, a uremia, a anemia, a fraqueza muscular,
o sedentarismo, a desnutrição, entre outros. Utilizando o consumo máximo de oxigênio (VO2
máx) para avaliação da capacidade funcional, Painter et al. verificaram que pacientes em HD
possuem um valor médio de 64% do VO2 máx da média de indivíduos sadios, sedentários e da
mesma faixa etária. Outros autores demonstraram que o índice de mortalidade nestes pacien-
tes aumenta quando o VO2 máx atinge valores menores do que 17,5mL/kg/min(4).
114
material complementar
O link do vídeo apresenta o processo de ovulação, de fecundação e as primeiras divisões mitóticas res-
ponsáveis pela formação do embrião. De igual modo, apresenta o processo de implantação do embrião
no endométrio uterino. É um filme curto (tem menos de dois minutos de duração), porém muito didático,
pois retrata visualmente o milagre da concepção e do início do desenvolvimento da vida. Espero que você
assista e goste! Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=AvYFm3MXpQM>.
115
referências
DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia Humana REBOREDO, M. M.; HENRIQUE, D. M. N.; BAS-
sistêmica e segmentar. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2011. TOS, M. G.; PAULA, R. B. Exercício físico em pa-
DI DIO, L. J. A. Tratado de anatomia sistêmica apli- cientes dialisados. Rev. Bras. Med. Esporte, v. 13, n.
cada - princípios básicos e sistêmicos: esquelético, arti- 6, p. 427-430, nov./dez. 2007. Disponível em: <http://
cular e muscular. 2. ed. v. 1. São Paulo: Atheneu, 2002. www.scielo.br/pdf/rbme/v13n6/14.pdf>. Acesso em:
FREITAS, V. Anatomia: conceitos e fundamentos. 20 nov. 2018.
Porto Alegre: Artmed, 2004. TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B.; WERNECK,
MIRANDA NETO, M. H.; CHOPARD, R. P. Ana- A. L. Princípios de anatomia e fisiologia. 12. ed. Rio
tomia humana: aprendizagem dinâmica. Maringá: de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
Clichetec, 2014. WATANABE, L. Erhart: elementos de anatomia hu-
MOORE, K. L.; DALLEY, A. F.; AGUR, A. M. R.; mana. 9. ed. São Paulo: Atheneu, 2000.
ARAÚJO, C. L. C. Anatomia orientada para a clíni-
ca. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
gabarito
1. B.
2. A.
3. C.
4. D.
5. B
116
UNIDADE
IV
APARELHO LOCOMOTOR
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Sistema esquelético
• Sistema articular
• Sistema muscular
Objetivos de Aprendizagem
• Estudar os principais aspectos morfológicos e funcionais dos componentes do
sistema esquelético: generalidades dos ossos, funções do esqueleto, divisões
do esqueleto, tipos de ossos quanto à forma, à constituição e à arquitetura dos
ossos, crescimento ósseo, nutrição e inervação óssea, processo de ossificação,
fratura e reparo ósseo, acidentes anatômicos dos ossos e principais ossos do
corpo humano.
• Entender os principais aspectos morfológicos e funcionais dos componentes
do sistema articular: definição, funções e classificação das articulações, tipos
e movimentos das articulações sinoviais, vascularização e inervação das
articulações, fatores que afetam o contato e a amplitude de movimento das
articulações sinoviais e envelhecimento articular.
• Elucidar os principais aspectos morfológicos e funcionais dos componentes
do sistema muscular: funções musculares, tipos de músculos com ênfase
no músculo estriado esquelético (MEE), tipos de contração e classificação
funcional do MEE, vascularização e inervação muscular, generalidades do
sistema muscular, órgãos anexos do sistema muscular e principais músculos
do corpo humano.
unidade
IV
INTRODUÇÃO
O
s sistemas esquelético, articular e muscular constituem o cha-
mado aparelho locomotor. Eles agem de maneira coordenada
e dependente do sistema nervoso para possibilitar os movi-
mentos voluntários e involuntários, as correções posturais e o
equilíbrio do corpo.
Ossos e cartilagens formam o sistema esquelético, o qual é estudado
pela osteologia. Por sua vez, o sistema articular é formado pelas articula-
ções (ou junturas), as quais são estruturas que fazem a conexão entre duas
ou mais partes rígidas do esqueleto (como ossos, cartilagens e dentes),
sendo este sistema estudado pela artrologia. Por fim, o sistema muscular
é constituído pelos músculos do corpo e os seus órgãos anexos (fáscias de
revestimento, bolsas sinoviais, bainhas fibrosas e sinoviais que revestem
os tendões dos músculos) e é estudado pela miologia. Os movimentos do
corpo humano são estudados pela cinesiologia.
Quando ocorre a adequada atuação desses três sistemas, é possível
que ossos, articulações e músculos se complementem a fim de que o de-
sempenho funcional seja garantido. Adicionalmente, os ossos suportam
e dão forma ao corpo, protegem os órgãos internos, são movimentados
pelos músculos que neles se inserem, armazenam íons (como cálcio e fos-
fato), fabricam células do sangue (por meio da medula óssea) e absorvem
toxinas (evitando danos hepáticos e renais, por exemplo). A maioria das
articulações relaciona-se aos movimentos. Já os músculos (que consti-
tuem quase metade do peso corporal do indivíduo), além de gerarem ati-
vamente movimentos por meio da tração óssea exercida nas articulações,
atuam na coordenação motora, no tônus muscular, no peristaltismo e na
produção de calor pelo corpo.
Nesta unidade, abordaremos os principais aspectos dos sistemas for-
madores do aparelho locomotor relacionando-os à prática do exercício
físico. Assim, fique atento(a) ao conteúdo programático e aproveite. Bom
estudo!
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
Sistema Esquelético
122
EDUCAÇÃO FÍSICA
Os ossos, em conjunto, pesam 12 kg no homem (crânio), pescoço (osso hioide e vértebras cervicais)
adulto, em média. Eles têm formatos variados, e em- e tronco (osso esterno, costelas, vértebras e sacro).
bora rígidos, os ossos são plásticos (se adaptam a es- O esqueleto apendicular é formado por ossos
truturas vizinhas). A sua quantidade varia conforme localizados nas extremidades do corpo (membros
a idade. Na criança, por exemplo, existem 350 ossos, superiores e inferiores), incluindo os ossos dos cín-
os quais se fundem com o tempo, fazendo com que o gulos (escápula, clavícula e ossos do quadril) (MO-
adulto apresente apenas 206. Exemplo dessa junção ORE et al., 2014).
ocorre no sacro, no osso do quadril e no osso fron-
tal. No entanto pode haver variações se o indivíduo
tiver dedos ou costelas a mais ou a menos e se os
critérios de contagem forem diferenciados.
Além dos ossos convencionais existem alguns
ossos especiais, por exemplo, os suturais, que se po-
sicionam entre as suturas do crânio, e os ossos hete-
rotópicos, que se formam em meio a tecidos moles,
como os músculos (MOORE et al., 2014).
FUNÇÕES DO ESQUELETO
123
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
Considerando o comprimento, a largura e a espes- ou seios paranasais, pois drenam o seu conteúdo
sura dos ossos, eles podem ser classificados como mucoso para a cavidade nasal (WATANABE, 2000).
longos (tubulares), curtos (cuboides), laminares
(planos), irregulares, sesamoides ou pneumáticos.
Os longos têm o comprimento maior em rela-
ção à largura e à espessura, para abrigar a medula
óssea, têm uma cavidade central chamada cavidade
medular e apresentam uma parte central chamada
diáfise e duas extremidades chamadas epífises. A
epífise proximal fica próxima ao cíngulo do mem-
bro, e a distal se localiza longe deste. Entre as epífises
e a diáfise está a metáfise. Fêmur, rádio, ulna, tíbia e
fíbula são alguns exemplos deste tipo de osso. Vale
destacar que ossos cujo comprimento predomina,
mas que não têm cavidade medular, são chamados
de alongados.
Ossos curtos têm os diâmetros equivalentes. É
o que ocorre, por exemplo, com os ossos carpais e
tarsais. Por outro lado, os ossos laminares são largos
e finos, e geralmente têm função protetora como al-
guns ossos do crânio (parietal, por exemplo).
Os irregulares têm formatos variados e nenhum
diâmetro predomina. É o caso das vértebras e de al-
Figura 2 – Comparação entre os tipos de ossos: a) exemplo de osso irre-
guns ossos da face. Já os sesamoides (também cha- gular b) exemplo de osso sesamoide c) exemplo de osso longo
mados intratendíneos ou periarticulares) são encon-
trados onde os tendões cruzam as extremidades dos
ossos longos a fim de protegê-los contra desgastes, CONSTITUIÇÃO E ARQUITETURA DOS
podendo, inclusive, mudar o seu ângulo de inserção OSSOS
(a patela é um exemplo característico, mas algumas
pessoas podem apresentar outros ossos sesamoides Os ossos são vivos, dinâmicos e têm um metabolis-
nas mãos e nos pés como variação anatômica). mo muito ativo. Na verdade, eles se renovam, em
Os ossos pneumáticos localizam-se no crânio média, a cada dois anos. Assim, podemos inferir que
(frontal, maxila, esfenoide e etmoide), apresentam o fêmur que te sustenta hoje não é o mesmo que te
cavidades (seios) revestidas por mucosa e contendo sustentava há dois anos nem será o mesmo que te
ar. Esses seios podem ser chamados de seios da face sustentará daqui a dois anos.
124
EDUCAÇÃO FÍSICA
O tecido ósseo é constituído por três componen- e não resistam à tensão e à tração que os músculos
tes principais: água, matriz óssea orgânica e matriz lhes impõem. A matriz inorgânica (cerca de 50% da
óssea inorgânica. A proporção de água é maior em estrutura óssea) é constituída por minerais como
recém-nascidos e crianças e diminui à medida que fosfato de cálcio e carbonato de cálcio, os quais dão
ocorre o envelhecimento, de forma que equivale a resistência à compressão. Assim, a deficiência dessa
25% no adulto (esta é uma das causas de os ossos matriz poderá fragilizá-los.
serem mais frágeis em idosos). A matriz orgânica As trabéculas ósseas podem se dispor bem próxi-
(também 25%) é rica em proteínas (proteoglicanas mas ou mais distantes umas das outras. No primeiro
e colágeno). Ela dá resistência à tensão e à tração às caso, forma-se o tecido ósseo compacto ou cortical,
quais os ossos estão sujeitos, ou seja, é responsável que é bem resistente e, por isto, tem alta capacidade
pela maleabilidade destes. Se não estiver presente, de sustentação de peso. No segundo caso, forma-se o
doenças como a dos ossos de vidro podem surgir, tecido ósseo esponjoso ou trabecular, que é altamen-
fazendo com que os ossos sejam frágeis, quebradiços te poroso e adaptado à absorção de impacto.
125
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
A distribuição de substância óssea compacta e es- As principais células ósseas são os osteoblastos, os
ponjosa não é uniforme para todos os ossos, pois osteócitos e os osteoclastos. Os osteoblastos são cé-
depende das solicitações biomecânicas, ou seja, lulas jovens que sintetizam e secretam fibras colá-
varia com a função do osso, com a tração e com a genas e outros componentes orgânicos necessários
pressão a que está sujeito. Assim, embora os ossos à matriz extracelular. Tais células iniciam a calcifi-
tenham uma fina camada externa de tecido compac- cação e, à medida que são recobertas por matriz, fi-
to e uma massa central de tecido esponjoso, ossos cam presas em suas secreções e se transformam em
longos que suportam peso têm maior quantidade de osteócitos. Os osteócitos são células maduras que
tecido compacto próximo à parte média da diáfise, mantêm o tecido ósseo. Osteoclastos são células re-
onde tendem a se curvar (diferentemente do que sultantes da fusão de até 50 monócitos, os quais libe-
acontece em outros ossos longos que não recebem ram enzimas e dissolvem as matrizes ósseas, estan-
grandes descargas de peso, ou nos ossos carpais e do, por isto, diretamente relacionadas à renovação
tarsais). Tal fato deve ser considerado ao prescrever óssea. A sua ação excessiva pode causar osteopenia e
exercícios físicos para pessoas tetraplégicas que per- osteoporose (MOORE et al., 2014).
deram a capacidade de manter o ortostatismo. Por
outro lado, atletas têm estrutura óssea diferenciada
em relação a indivíduos sedentários, pois são cons-
tantemente submetidos à descarga de peso e à tração
óssea (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).
Vale destacar que os ossos planos do crânio têm
a sua arquitetura adaptada à proteção do encéfalo
alojado em seu interior. Assim, entre as duas lâmi-
nas de substância óssea compacta que esses ossos
apresentam, existe uma camada de substância óssea
esponjosa interposta (chamada díploe) para absor-
ver impactos. Na díploe, estão presentes a medula
óssea vermelha e os vasos sanguíneos (DANGELO;
FATTINI, 2011).
126
EDUCAÇÃO FÍSICA
SAIBA MAIS
Figura 6 – Tipos de medula óssea
127
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
CRESCIMENTO ÓSSEO
ACIDENTES ANATÔMICOS
128
EDUCAÇÃO FÍSICA
A parte superior do crânio é chamada de calvá- Todos os ossos do crânio se articulam entre si por
ria, e o seu assoalho é chamado de base. Ele apresen- meio de suturas (exceto a mandíbula e o osso tempo-
ta 22 ossos, os quais apenas a mandíbula é móvel. ral, que formam a articulação temporomandibular).
Dentro dos ossos temporais, localizam-se os três os- Tais suturas não estão presentes desde o nascimento,
sículos da audição (martelo, bigorna e estribo). mas surgem com o desenvolvimento, uma vez que
A maioria dos ossos do crânio (14 deles) for- existe, no crânio fetal, entre os ossos, um tecido con-
mam o crânio facial ou visceral: mandíbula, vômer, juntivo fibroso, o qual forma espaços popularmente
nasais, palatinos, maxilas, zigomáticos, lacrimais e chamados de “moleiras” e anatomicamente nomi-
conchas nasais inferiores. O restante (oito ossos) nados de fontículos. Os fontículos permitem que o
forma o crânio neural: osso frontal, occipital, esfe- crânio fetal cresça sem compressão e, após o cresci-
noide, etmoide, parietais e temporais. De forma ge- mento cessar, o tecido conjuntivo sofre ossificação
ral, o crânio apresenta muitos forames pelos quais (DI DIO, 2002).
vasos e nervos passam. A maxila e a mandíbula se
destacam por apresentar estruturas (os processos
alveolares) para a sustentação dos dentes (DANGE-
LO; FATTINI, 2011).
129
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
130
EDUCAÇÃO FÍSICA
SAIBA MAIS
131
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
Sistema Articular
134
EDUCAÇÃO FÍSICA
O sistema articular será trabalhado nesta unidade de A classificação estrutural se baseia nas caracte-
forma a contemplar a sua definição, funções e clas- rísticas anatômicas da articulação. Por exemplo, a
sificações, assim como os seus tipos. Também será presença ou a ausência de um espaço (cavidade arti-
realizados um detalhamento em relação às articula- cular) entre os ossos da articulação e no tipo de te-
ções sinoviais (pois são estas as mais móveis do cor- cido que une os ossos. Assim, as articulações podem
po) e uma abordagem em relação aos movimentos ser do tipo fibrosa, cartilagínea ou sinovial (GRABI-
do corpo humano. NER; GREGOR; VASCONCELOS, 1991).
A articulação fibrosa permite apenas pequenos
DEFINIÇÃO deslocamentos e movimentos vibratórios, não têm
cavidade articular entre os ossos e alguns destes são
As articulações ou junturas são definidas como o unidos por tecido conjuntivo fibroso. A articulação
conjunto de estruturas anatômicas que conectam cartilagínea tem ossos unidos por cartilagem hiali-
duas ou mais peças do esqueleto. Se a articulação na ou fibrocartilagem, também permite apenas pe-
ocorrer entre apenas dois ossos, ela é chamada de quenos deslocamentos e movimentos vibratórios e
simples, e se acontecer entre mais de dois ossos, ela é também não tem cavidade articular entre os ossos.
chamada de composta (WATANABE, 2000). Já a articulação sinovial permite vários tipos de mo-
vimentos, tem cavidade articular, os seus ossos são
FUNÇÕES unidos por tecido conjuntivo em forma de cápsula
articular e apresenta elementos característicos e ou-
A função da maioria das articulações é possibilitar tros especiais.
os movimentos, uma vez que os ossos se movem As articulações fibrosas podem ser do tipo sutu-
tracionados pelos músculos ao redor dos pontos de ra, sindesmose ou gonfose. As suturas são funcional-
junturas entre eles. Todavia algumas articulações mente classificadas como sinartroses, existem entre
dão estabilidade às zonas de união entre os vários os ossos do crânio e podem ser planas (quando os
segmentos do esqueleto, ou seja, estão mais rela- ossos se encaixam de forma retilínea, como no caso
cionadas à postura e ao equilíbrio (MOORE et al., da sutura internasal), serrilhada (quando os ossos se
2014). encaixam um no outro, como na sutura sagital) ou
escamosa (quando os ossos se sobrepõem um ao ou-
CLASSIFICAÇÃO tro, como ocorre entre o parietal e temporal). A ossi-
ficação das suturas se inicia, geralmente, na segunda
Segundo a classificação funcional, deve-se conside- década de vida e termina após os 80 anos, recebendo
rar o grau e o tipo de movimento que a articulação o nome de sinostose.
permite. Assim, as articulações podem ser chama- A sindesmose é classificada funcionalmen-
das de sinartrose (quando a articulação é fixa, sem te como anfiartrose. Ela apresenta uma distância
movimento), anfiartrose (a articulação permite maior entre os ossos, os quais são unidos por mais
pouco movimento) ou diartrose (a articulação é tecido conjuntivo fibroso interposto entre eles. É o
muito móvel). caso, por exemplo, da membrana interóssea da per-
135
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
na (sindesmose tibiofibular) e do antebraço (sindes- na, fibrosa e bem resistente, tem a função de fazer a
mose radioulnar). coaptação articular, ou seja, unir os ossos. Já a sua
A gonfose é classificada funcionalmente como membrana interna é chamada de sinovial, pois faz a
sinartrose. Ocorre na junção das raízes dos dentes síntese do líquido sinovial.
com os processos alveolares da maxila e da man- Este líquido é constituído principalmente por
díbula. Apresenta movimentos discretos de rebai- ácido hialurônico, proteoglinas e glicosaminoglica-
xamentos ao sofrer fortes compressões (durante a nas. A sua consistência é viscosa e de cor amarelo-
mastigação), suavizando impactos e evitando que os -clara. A sua função é reduzir o atrito por meio da
dentes se partam. lubrificação da articulação, absorver os impactos
As articulações cartilagíneas podem ser do tipo mantendo os ossos levemente afastados e eliminar
sincondrose ou sínfise. A sincondrose é classificada o calor produzido nas articulações durante os mo-
funcionalmente como sinartrose e tem cartilagem vimentos. Além disso, ele nutre e oxigena a carti-
hialina entre os ossos. Algumas dessas articulações lagem articular e dela remove o CO2 e os resíduos
podem ser temporárias, uma vez que sofrem ossifi- metabólicos. É importante destacar que esse líquido
cação no decorrer da vida (sincondrose esfenoccip- é produzido quando ocorre movimento articular e,
tal e lâmina epifisial são exemplos). Outras podem por isto, a imobilização torna-o escasso. Se for pro-
ser permanentes (articulações entre o osso esterno e duzido em excesso (durante uma inflamação, por
as 10 primeiras cartilagens costais). exemplo), causa dor e deve ser aspirado para que a
A sínfise é classificada funcionalmente como an- pressão intra-articular diminua (FREITAS, 2004).
fiartroses. É uma articulação onde os ossos são uni- Os lábios são estruturas de fibrocartilagem que
dos por um disco de fibrocartilagem (como ocorre ampliam a cavidade e conferem maior estabilidade
nas sínfises púbica, manubrioesternal e interverte- à articulação. Os discos articulares e os meniscos
bral). também são de fibrocartilagem e estão presentes em
As articulações sinoviais têm elementos caracte- articulações muito requisitadas, como a temporo-
rísticos (como superfície articular, cartilagem articu- mandibular e o joelho. Os discos e os meniscos dão
lar, cápsula articular e líquido sinovial) e elementos estabilidade, melhoram a coaptação articular, dimi-
especiais (como lábios, discos articulares, meniscos, nuem o atrito e os danos por impactos e distribuem
ligamentos acessórios, bolsas e bainhas tendíneas). o líquido sinovial.
A superfície articular é a porção óssea que faz Os ligamentos acessórios podem ser extracap-
parte da articulação. Ela é coberta por uma fina car- sulares quando presentes fora da cavidade articular
tilagem articular do tipo avascular, lisa e escorrega- (ligamentos colaterais do joelho) ou intracapsulares
dia. Assim, ela é capaz de reduzir o atrito entre os quando dentro da cápsula, mas fora da cavidade ar-
ossos e absorver impactos. Essa cartilagem é nutrida ticular (ligamento cruzado anterior do joelho). Eles
pelo líquido sinovial. aumentam a coaptação articular.
A cápsula articular é uma dupla membrana de As bolsas se localizam entre a pele e o osso, entre
tecido conjuntivo muito vascularizada e inervada o tendão e o osso, entre o músculo e o osso ou entre
e que reveste a articulação. A sua membrana exter- o ligamento e o osso. Elas reduzem o atrito em arti-
136
EDUCAÇÃO FÍSICA
137
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
Os movimentos são pares de opostos e apresentam ex- (exceto o do polegar). Na articulação radiocarpal, a
trema relevância ao profissional de Educação Física. abdução também recebe o nome de desvio radial, e
Eles ocorrem em um dos planos (sagital, coronal ou a adução, de desvio ulnar.
transversal) e por meio de linhas imaginárias denomi- Na circundução, ocorre um movimento de cír-
nadas eixos, as quais são perpendiculares aos planos culo quando se observa a extremidade distal do
(GRABINER; GREGOR; VASCONCELOS, 1991). segmento corpóreo que se move. Representa o re-
Alguns fatores afetam a amplitude de movimen- sultado de uma sequência de movimentos: flexão,
to articular. É o que ocorre, por exemplo, com a for- extensão, abdução e adução.
ma dos ossos, a resistência das estruturas articulares, Na rotação, o osso gira em torno do seu próprio
a tensão muscular, o contato de partes moles próxi- eixo longitudinal. Na rotação medial, a face anterior
mas, a ação de alguns hormônios e o próprio desuso do segmento é girada em direção à linha mediana
(GRABINER; GREGOR; VASCONCELOS, 1991). do corpo. Na rotação lateral, esta face é girada para
As articulações sinoviais podem apresentar movi- longe da linha mediana.
mento de deslizamento, dos tipos angular e de rotação, Alguns movimentos são chamados de especiais.
ou ainda, movimentos especiais. No deslizamento, as fa- Na elevação, por exemplo, uma parte do corpo se
ces planas dos ossos se movimentam sem alterar signi- move para cima, e no abaixamento, para baixo (ocor-
ficativamente o ângulo entre eles, sendo a amplitude de re na mandíbula, nas costelas, nos ombros, no osso
movimento limitada. Nos movimentos angulares (fle- hioide etc.). Na protração (ou protrusão), há o mo-
xão, extensão, flexão lateral, abdução, adução e circun- vimento anterior de uma parte do corpo no plano
dução), o ângulo entre os ossos da articulação é alterado transversal, e na retração (ou retrusão), ocorre o mo-
(GRABINER; GREGOR; VASCONCELOS, 1991). vimento de retorno (possível na mandíbula, na claví-
Na flexão, o ângulo entre os ossos é reduzido, e cula etc.). Inversão e eversão ocorrem nas articulações
na extensão, aumentado. Ambos ocorrem no plano intertarsais de forma que, na inversão, as plantas se
sagital por meio do eixo coronal (exceto o do po- movimentam medialmente, e na eversão, lateralmen-
legar). Alguns autores consideram a continuação te. Na flexão dorsal (ou dorsiflexão), o dorso do pé se
da extensão para além da posição anatômica como move em direção à face anterior da perna, e na flexão
hiperextensão. Na flexão lateral (que ocorre, por plantar (ou plantiflexão), a planta se move em direção
exemplo, no tronco), o segmento corpóreo se des- à face posterior da perna. A supinação e a pronação
loca em direção ao plano lateral. Ocorre no plano ocorrem nas articulações radioulnar proximal e dis-
coronal por meio do eixo sagital. tal. Na supinação, a palma é girada anteriormente, e
Na abdução, o segmento corpóreo se move para na pronação, a palma gira posteriormente. Oposição
longe da linha mediana do corpo enquanto que, na é o movimento do polegar na articulação carpometa-
adução, ele retorna em direção a esta linha. Ambos carpal para tocar as falanges dos dedos no movimento
ocorrem no plano coronal por meio do eixo sagital de pinça. Reposição é o movimento oposto.
138
EDUCAÇÃO FÍSICA
As articulações são muito inervadas e vasculariza- sentam meniscos e discos em decorrência do fato
das. Recebem sangue dos ramos das artérias que de receberem descarga de peso e de serem constan-
passam ao redor da cápsula articular e são drenadas temente requisitadas. Por outro lado, embora não
por veias que acompanham as artérias. A maioria sejam adaptadas à descarga de peso, as articulações
dos nervos articulares deriva de nervos que suprem do tórax são aptas à realização dos constantes movi-
os músculos ao redor das articulações. A cápsula e mentos respiratórios.
os ligamentos articulares têm vários tipos de sensi- Como anteriormente mencionado, todas as
bilidade, como a dolorosa e a proprioceptiva (MI- articulações se movem ao redor de eixos de mo-
RANDA NETO; CHOPARD, 2014). vimento, os quais são linhas imaginárias que atra-
vessam as articulações de maneira perpendicular
ENVELHECIMENTO ARTICULAR ao plano realizado pelo movimento. Assim, quanto
mais móvel for a articulação, mais eixos de movi-
O envelhecimento pode afetar as articulações de mento passarão por ela e mais movimentos essa
maneira individual e, principalmente, pela heredita- articulação realizará em diferentes planos. As arti-
riedade e pelo uso. É comum, por exemplo, o enve- culações do quadril e do ombro, por exemplo, são
lhecimento desencadear menor produção de líquido extremamente móveis, pois realizam movimentos
sinovial, fragilidade na cartilagem articular, perda em três planos e por meio de três eixos, ou seja,
de flexibilidade ligamentar, aumento do peso corpo- são triaxiais. As articulações do joelho e do coto-
ral e tendência a deformidades corpóreas (principal- velo são menos móveis, pois são monoaxiais (ou
mente na coluna vertebral e nos joelhos) (GRABI- seja, realizam movimento em apenas um plano, e
NER; GREGOR; VASCONCELOS, 2001). por elas passa apenas um eixo de movimento). Já as
É importante, no entanto, enfatizar que os efei- articulações do punho e do tornozelo são biaxiais
tos do envelhecimento podem ser atenuados pela e intermediárias em relação aos movimentos que
prática regular e supervisionada de exercícios físicos elas realizam quando comparadas às articulações
e por meio de cuidados alimentares, como as inges- tri e monoaxiais.
tões proteica e hídrica adequadas. Normalmente, os movimentos de flexão e exten-
são ocorrem no plano sagital por meio do eixo coro-
PARTICULARIDADES DE ALGUMAS ARTI- nal. Já os movimentos de abdução e adução ocorrem
CULAÇÕES DO CORPO no plano coronal por meio do eixo sagital. As rota-
ções ocorrem no plano transversal por meio do eixo
Algumas articulações apresentam características longitudinal (GRABINER; GREGOR; VASCONCE-
anatômicas diferenciadas, as quais são influencia- LOS, 2001).
das pelas demandas funcionais. As articulações do
joelho e a temporomandibular, por exemplo, apre-
139
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
Sistema Muscular
140
EDUCAÇÃO FÍSICA
Nesta aula, você será direcionado(a) ao estudo da conforme a vontade do indivíduo ou involuntário
miologia no que se refere às funções dos músculos, se a sua contração ocorrer de maneira indepen-
aos seus tipos e aspectos anatômicos (como iner- dente deste controle. O músculo pode apresentar
vação e vascularização). Um enfoque especial será estrias transversais e ser classificado como estria-
dado aos músculos estriados esqueléticos. do ou não apresentá-las e ser dito liso. Por fim, o
músculo pode se localizar na parede do corpo ou
FUNÇÕES nos membros e ser chamado de somático ou pode
se localizar nos órgãos ocos e nos vasos sanguíneos
A partir da contração muscular, o músculo pode e ser dito visceral.
realizar várias funções, como manter a postura Assim, de maneira geral, os músculos podem
e o tônus muscular, possibilitar a respiração, os ser: estriado esquelético, estriado cardíaco ou liso.
movimentos cardíacos e peristálticos. Adicional- Enquanto o estriado esquelético move ou estabiliza
mente, os músculos dão forma ao corpo, produ- ossos e estruturas como os olhos, o estriado cardíaco
zem calor e permitem movimentos voluntários forma a maior parte das paredes do coração e dos
(MOORE et al., 2014). grandes vasos, e o liso forma a parede da maioria
dos vasos sanguíneos e dos órgãos ocos. O primeiro
TIPOS DE MÚSCULOS é somático e voluntário, e os outros dois são visce-
rais e involuntários.
Os diferentes tipos de músculos do corpo apresen- O músculo diafragma é um caso especial, pois
tam variações em relação ao controle voluntário, à embora ele seja involuntário, pode ter a sua con-
presença de estrias em suas fibras (quando vistas ao tração influenciada voluntariamente, permitindo,
microscópio) e à localização. Por exemplo, o mús- assim, alterações na frequência e na intensidade da
culo pode ser voluntário se a sua contração ocorrer respiração (FREITAS, 2004).
141
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
Os músculos estriados esqueléticos, além de extre- e inserção, sendo a origem a extremidade proximal
midades que servem para fixá-los, apresentam uma que permanece fixa durante a contração muscular, e
parte central carnosa, avermelhada e contrátil cha- a inserção, a extremidade distal que se move durante
mada de cabeça ou ventre muscular. Tais extremi- a contração muscular.
dades são compostas principalmente por colágeno, A maioria dos músculos estriados esqueléti-
têm coloração esbranquiçada, não são contráteis e cos está fixada a ossos, cartilagens, ligamentos ou
são chamadas de tendões ou aponeuroses conforme fáscias, mas alguns deles podem se fixar a órgãos
o seu aspecto morfológico (enquanto os tendões são (como os olhos), à pele (como os músculos da
finos e longos, as aponeuroses têm aspecto laminar). face) ou à mucosa (como os músculos intrínsecos
Tais fixações costumam ser descritas como origem da língua).
142
EDUCAÇÃO FÍSICA
O músculo é envolto por uma membrana de tecido cular é envolta por outra membrana de tecido con-
conjuntivo chamada epimísio. Desta, septos (peri- juntivo chamada endomísio e, por fora, o músculo
mísio) penetram o interior do músculo envolvendo como um todo é revestido por mais uma camada de
pequenos grupos de células musculares. As células tecido conjuntivo, a fáscia muscular. Todos estes re-
do músculo são chamadas de fibras musculares e o vestimentos se prolongam para além das fibras mus-
seu conjunto forma os fascículos. Cada fibra mus- culares e formam as extremidades dos músculos.
A fáscia sustenta o músculo, assim como os seus vasos cessos inflamatórios ou traumáticos), fazendo com
e nervos, também preserva a sua anatomia funcional, que os músculos tenham o seu poder de contração
permite o deslizamento de músculos próximos e for- diminuídos. Por isso, atualmente, a liberação miofas-
ma septos intermusculares que compartimentalizam cial tem sido prescrita em casos de extremo encur-
grupos musculares adjacentes. A aderência da fáscia tamento muscular ou em casos de treinamento de
pode ocorrer devido a diversos fatores (como pro- hipertrofia (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).
143
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
A contração fásica ou ativa dos músculos pode ser tecido muscular, bem como a drenagem do gás car-
isométrica ou isotônica (GRABINER; GREGOR; bônico e dos produtos residuais produzidos durante
VASCONCELOS, 1991). Na contração isométrica, o próprio metabolismo deste tecido. Ademais, por
embora o músculo se contraia, o comprimento dele meio dos nervos ocorrem a contração e os estímulos
não é alterado (não há movimento visível), mas é sensitivos dos músculos, sendo os estímulos doloro-
importante para a manutenção da postura. Na con- sos e proprioceptivos os mais importantes (MOORE
tração isotônica, o músculo produz movimento e, et al., 2014).
por isto, o seu comprimento é alterado.
A contração isotônica pode ser concêntrica ou CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DO MÚS-
excêntrica. No primeiro caso, o movimento gera CULO ESTRIADO ESQUELÉTICO
encurtamento do músculo (por exemplo, ao con-
trair os músculos flexores do cotovelo para levar Os músculos podem ser classificados como ago-
até a boca um copo d’água que se encontra apoiado nista, antagonista, sinergista ou fixador. Agonista
em uma mesa); no segundo caso, o movimento está ou motor primário é o mais importante músculo
associado ao alongado do músculo (por exemplo, na realização de um movimento (como o músculo
fazer o caminho inverso do movimento anterior, reto femoral na extensão do joelho). Antagonista é
ou seja, levar o copo d’água da boca para a mesa o músculo que atua de maneira contrária à ação de
pela contração dos mesmos músculos flexores do outro músculo (como o músculo bíceps femoral na
cotovelo). extensão do joelho).
O tipo de contração que o músculo exercerá de- Sinergista é o músculo que ajuda o agonista na
pende da influência da gravidade. Por isto, o profis- realização de um determinado movimento (como
sional de Educação Física precisar analisar biomeca- o músculo vasto medial na extensão do joelho). Ele
nicamente como a gravidade é capaz de influenciar também pode estabilizar uma articulação interme-
cada músculo durante a execução de um determina- diária para que o agonista aja de maneira eficaz.
do movimento. Fixador ou postural é o músculo que estabiliza
as partes proximais de um membro por meio de
VASCULARIZAÇÃO E INERVAÇÃO MUS- contrações isométricas enquanto ocorrem movi-
CULAR mentos nas partes distais desse membro. O mús-
culo deltoide, por exemplo, fixa a articulação do
Tanto a vascularização quanto a inervação dos mús- ombro em abdução enquanto o movimento das
culos são abundantes. Por meio dos vasos sanguíne- mãos pode ser realizado (GRABINER; GREGOR;
os ocorrem as adequadas nutrição e oxigenação do VASCONCELOS, 1991).
144
EDUCAÇÃO FÍSICA
145
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
direção de suas fibras, a localização que apresentam, oblíquas (glúteo máximo, por exemplo) têm mui-
o número de pontos de origem, de inserção e de ven- ta força, mas pouca amplitude de movimento e
tres musculares que possuem. podem ser do tipo unipenados (extensor longo
Quanto à função, os músculos podem ser fle- dos dedos), bipenados (reto da coxa) ou multipe-
xores, extensores, abdutores, rotadores etc. Quan- nados (deltoide).
to à direção das fibras, eles podem ser de fibras Alguns músculos (como o peitoral maior) têm
paralelas ou oblíquas. Normalmente, músculos fibras que convergem de uma larga faixa de origem
de fibras paralelas (sartório, por exemplo) têm para um estreito e único tendão de inserção, fazendo
bastante amplitude de movimento articular, mas com que o músculo tenha um arranjo em forma de
pouca força. Ao contrário, músculos de fibras leque ou apresente um aspecto triangular.
Figura 24 – Músculos de fibras paralelas e oblíquas, músculos longos, curtos, planos e fusiformes
146
EDUCAÇÃO FÍSICA
Quando a aparência é considerada, os músculos na derme, sendo, desta forma, chamados de múscu-
podem ser curtos (como os da mão), longos (como o los dérmicos, como os da expressão facial) ou pro-
sartório, que apresenta forma de fita), planos/chatos fundos (se não tiverem inserções na derme, como é
(localizados, normalmente, no abdome ou no dorso; o caso dos músculos profundos do antebraço).
o trapézio é um deles), fusiformes (como o bíceps Bíceps, tríceps e quadríceps são classificados
braquial, que tem uma região central de maior di- quando à nomenclatura considera o número de
âmetro do que as suas extremidades) ou circulares/ pontos de origem. Se o número de pontos de inser-
esfincterianos (como o orbicular do olho, que cir- ção for o critério, os músculos são chamados de bi-
cunda uma abertura ou um orifício do corpo). caudado ou policaudado. Por fim, se o número de
Se a localização for o critério de classificação, ventres musculares for o fator em questão, os mús-
eles podem ser superficiais (se ficarem logo abaixo culos são chamados de digástrico (biventre) ou poli-
da pele e tiverem, pelo menos, uma de suas inserções gástrico (poliventre).
147
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
148
EDUCAÇÃO FÍSICA
149
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
A coluna vertebral apresenta músculos pré, para e O dorso apresenta músculos fortes que se fixam às
pós-vertebrais conforme as suas localizações. Os vértebras. Eles podem movimentar os membros su-
pré-vertebrais se posicionam anteriormente à coluna periores (trapézio, latíssimo do dorso, levantador da
e estão relacionados à flexão da cabeça e do pescoço. escápula e romboides, por exemplo), participar dos
São eles: os músculos longos da cabeça e do pescoço, movimentos respiratórios (serrátil posterior supe-
reto anterior da cabeça e reto lateral da cabeça. rior e serrátil posterior inferior), sustentar a postura
Os paravertebrais localizam-se lateralmente à ou mover a coluna (como os esplênios da cabeça e
coluna e realizam a flexão lateral (inclinação lateral) do pescoço, o eretor da espinha, o seminespinal, os
da cabeça e do pescoço. São eles: os escalenos ante- multífidos e os rotadores) (DI DIO, 2002).
rior, médio e posterior.
Os pós-vertebrais ficam posteriormente à coluna
e fazem a extensão da cabeça e do pescoço. Incluem
os músculos esplênio da cabeça, esplênio do pesco-
ço, semiespinal da cabeça, semiespinal do pescoço,
multífidos e suboccipitais (músculos reto posterior
maior da cabeça, reto posterior menor da cabeça,
oblíquo superior da cabeça e oblíquo inferior da ca-
beça). Músculos multífidos também fazem rotação
da coluna vertebral (FREITAS, 2004).
150
EDUCAÇÃO FÍSICA
O diafragma separa o tórax do abdome e é o ma, movem o tronco, ajudam a manter a postura e
principal músculo da inspiração. A sua parte central atuam em diversas atividades diárias, como tossir,
é aponeurótica e chamada de centro tendíneo; a sua espirrar, vomitar, assoar o nariz, defecar e reali-
parte muscular é dividida em parte esternal, costal e zar um parto normal (MIRANDA NETO; CHO-
lombar, de acordo com as suas fixações. O diafrag- PARD, 2014).
ma é atravessado pela veia cava inferior, pelo esôfago Na parede abdominal posterior do abdome es-
e pela artéria aorta, os quais passam, respectivamen- tão os músculos psoas maior, psoas menor, ilíaco
te, pelo forame da veia cava, pelo hiato esofágico e e quadrado do lombo. O psoas maior fica lateral
pelo hiato aórtico (WATANABE, 2000). à coluna vertebral e parte de suas fibras se juntam
ao tendão do ilíaco, formando o músculo iliopsoas,
considerado o principal flexor do quadril. Ademais,
ele é flexor lateral do tronco e ajuda a manter a lor-
dose lombar.
O psoas menor é uma variação anatômica, pois
ele pode não existir. O ilíaco estabiliza a articulação
do quadril, e o quadrado do lombo faz a flexão late-
ral e a extensão do tronco.
151
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
152
EDUCAÇÃO FÍSICA
153
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
femoral, vasto lateral, vasto medial e vasto intermé- sua vez, extensora desta articulação. O grácil cru-
dio, os quais se unem formando um tendão único za as articulações do quadril e joelho e se une aos
(tendão do músculo quadríceps femoral), cuja con- músculos sartório e semitendíneo para formar uma
tinuação é o ligamento da patela que se prende à tu- inserção tendínea conhecida como “pata de ganso”.
berosidade da tíbia. Ele dá estabilidade ao joelho estendido e é flexor do
O reto femoral é biarticular (percorre as articu- joelho e rotador medial da perna quando o joelho
lações do quadril e joelho), sendo mais eficiente em está flexionado. Por fim, o obturador externo faz a
movimentos que associam a flexão do quadril e a rotação lateral do quadril (DI DIO, 2002).
extensão de joelho a partir da hiperextensão do qua- Na região glútea estão os músculos glúteo máxi-
dril e da flexão do joelho (como ao cobrar um pênal- mo, glúteo médio, glúteo mínimo, tensor da fáscia
ti no futebol). O quadríceps femoral como um todo lata, piriforme, obturador interno, gêmeo superior
faz a extensão do joelho e, individualmente, ajuda os e inferior e quadrado femoral. O glúteo máximo é
vastos medial e lateral a manterem a patela alinhada. extensor e rotador lateral do quadril e a sua paralisia
O articular do joelho é um músculo pequeno, deri- não afeta a marcha em superfície plana, mas a afeta
vado do vasto intermédio que, por sua vez, traciona em aclive (principalmente ao subir escadas). Os glú-
a membrana sinovial na extensão da perna. teos médio e mínimo estabilizam a pelve, aduzem e
rodam medialmente o quadril.
O tensor da fáscia lata, além de flexor do quadril,
tensiona a fáscia lata. Piriforme, obturador interno,
gêmeo superior, gêmeo inferior e quadrado femoral
estabilizam a articulação do quadril e a rodam late-
ralmente.
154
EDUCAÇÃO FÍSICA
Na região posterior da coxa localizam-se os mús- O gastrocnêmio apresenta cabeça lateral e medial, as
culos semitendíneo, semimembranáceo e bíceps fe- quais se unem no tendão do calcâneo (o mais forte e
moral. Todos são extensores do quadril e flexores do espesso tendão do corpo). Este músculo é muito for-
joelho, exceto a cabeça curta do bíceps femoral, que te, forma a parte mais proeminente da panturrilha e
não passa pela articulação do quadril e, por isto, age é biarticular. Assim, embora ele faça flexão do joe-
apenas na flexão do joelho. lho e plantiflexão do tornozelo, ele não pode exercer
toda a sua força concomitantemente nas duas arti-
culações, sendo mais eficaz com o joelho estendido
e, principalmente, quando a extensão do joelho é
associada à dorsiflexão.
O sóleo fica abaixo do gastrocnêmio e é o prin-
cipal músculo da flexão plantar do tornozelo. Isto
se deve ao fato de ele ser monoarticular, podendo
atuar intensamente apenas na articulação do tor-
nozelo. Além disso, é um músculo antigravitacio-
nal importante para manter a postura ortostática e
o equilíbrio, além de possibilitar a marcha. Embora
ele seja de contração lenta, é forte e capaz de se con-
trair por bastante tempo. O sóleo se une às cabeças
do gastrocnêmio, formando o tríceps sural. As dife-
renças morfofuncionais entre gastrocnêmio e sóleo
Figura 40 – Músculos da região posterior da coxa permitem afirmar que “se passeia com o sóleo, mas
se ganha o salto à distância com o gastrocnêmio”
Os músculos tibial anterior, extensor longo dos de- (MOORE et al., 2014).
dos, extensor longo do hálux e fibular terceiro situ- O plantar é um músculo pequeno, de ventre cur-
am-se na região anterior da perna. O tibial anterior to e tendão longo, que é ausente em cerca de 10% das
é dorsiflexor do tornozelo e inversor do pé. O exten- pessoas. É sinergista do gastrocnêmio e, adicional-
sor longo dos dedos estende os quatro dedos laterais mente, é considerado um órgão de propriocepção,
e faz dorsiflexão do tornozelo. O extensor longo do devido aos seus muitos fusos neuromusculares. O
hálux estende esse hálux e faz dorsiflexão do torno- seu tendão pode ser usado em cirurgias de enxertia
zelo. O fibular terceiro faz dorsiflexão do tornozelo e (para reconstrução dos tendões da mão, por exem-
auxilia na eversão do pé. plo) e a sua retirada não causa incapacidade.
Na região lateral da perna estão os músculos fibu- Durante a flexão do joelho, o poplíteo ajuda a
lar longo e fibular curto, os quais são eversores do pé. tracionar o menisco lateral posteriormente. Além
Na região posterior da perna estão os músculos disso, quando em pé e com o joelho parcialmente
gastrocnêmio, sóleo, plantar, poplíteo, flexor longo flexionado, ele se contrai para ajudar o ligamento
dos dedos, flexor longo do hálux e tibial posterior. cruzado posterior, prevenindo o deslocamento an-
155
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
156
considerações finais
157
atividades de estudo
1. Leia atentamente o texto a seguir sobre o siste- c) Estrutura média é a que se posiciona en-
ma esquelético e analise as afirmativas. tre uma estrutura lateral e outra estrutura
O sistema esquelético envolve os ossos e carti- medial.
lagens que compõem o corpo humano. Ele faz a
d) Estrutura intermédia é aquela entre uma
sustentação e auxilia na forma do corpo, além de
estrutura lateral e outra estrutura medial.
proteger os órgãos internos. Permitir que o cor-
po se movimente é a sua principal função e, ainda e) Estrutura intermédia é a que se posiciona
assim, também produz células sanguíneas e atua sob o plano sagital mediano.
como reserva de minerais (por exemplo, do cálcio).
3. O estudo anatômico se preocupa em elucidar a
a) O crânio é constituído por 22 ossos. Estes morfologia (constituição), a localização e as fun-
se articulam por meio das suturas e da ar- ções desempenhadas pelas diversas estruturas
ticulação temporomandibular. A maioria
que compõem o corpo humano. Ele considera o
deles tem grande mobilidade e forma o
fato de que cada indivíduo pode apresentar pe-
crânio neural.
quenas variações anatômicas, as quais podem
b) Todos os ossos dos membros superiores ser causadas por diversos fatores. Sobre este
são classificados como longos, exceto os tema, analise as afirmativas a seguir:
ossos carpais, que são curtos.
I - A sinostose do crânio é exemplo de varia-
c) Todos os ossos dos membros inferiores ção anatômica causada pela idade.
são classificados como longos, exceto os
II - O biótipo e a etnia são fatores causado-
ossos tarsais, que são curtos.
res de variação anatômica. Enquanto in-
d) Todos os ossos dos membros superiores divíduos longilíneos apresentam tórax
e inferiores são classificados como longos, arredondado, membros curtos em rela-
exceto ossos carpais, escápula, clavícula, ção ao tronco e baixa estatura corpórea,
ossos tarsais e patela, que são, respecti- indivíduos brevilíneos têm tórax alongado,
vamente, curtos, plano, alongado, curtos e membros longos em relação ao tronco
sesamoides. e maior estatura corpórea. Em relação à
e) A escápula e a clavícula pertencem ao es- etnia, é importante salientar que as dife-
queleto axial, pois se localizam no tronco. renças anatômicas entre grupos raciais
são apenas externas (cor de pele, cor de
2. O estudo dos planos de secção e tangenciamen- olhos, aspecto do cabelo, do nariz etc.),
to do corpo humano é essencial à Anatomia Hu- nunca internas.
mana uma vez que auxilia no corte anatômico e III - A variação anatômica também pode ser
na nomenclatura das estruturas estudadas. So- causada pelas diferenças em relação ao
bre este tema, está correta a seguinte alternativa: sexo. O crânio masculino, por exemplo,
a) Estrutura mediana é a que está próxima do apresenta a fronte mais inclinada, tem aci-
plano sagital mediano, mas não exatamen- dentes anatômicos mais salientes (devido
te sob o mesmo. a maior força muscular) e a pelve desen-
volvida no sentido longitudinal.
b) Estrutura mediana é aquela mais próxima
ao plano anterior.
158
atividades de estudo
159
LEITURA
COMPLEMENTAR
160
material complementar
Por meio deste documentário, é possível entender um pouco sobre a realidade das pessoas que nas-
cem com osteogênese imperfeita, a doença dos ossos de vidro, bem como a vida de seus cuidadores.
Etiologia, tratamentos e vida diária são abordados por especialistas e familiares. De igual modo, são
valorizados os sonhos e as perspectivas daqueles que precisam sobreviver com esta rara doença. É um
filme curto que retrata sobre a realidade de portadores de osteogênese imperfeita e os seus familiares.
Grande lição de vida! Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=2YiYMJRNeJM>.
161
referências
162
gabarito
1. C.
2. D.
3. B.
4. E.
5. D.
163
NEUROANATOMIA APLICADA
AO MOVIMENTO
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Tecido nervoso
• Sistema nervoso central
• Sistema nervoso periférico
• Sistema nervoso autônomo
Objetivos de Aprendizagem
• Compreender a constituição do tecido nervoso.
• Estudar as principais correlações do sistema nervoso
central com o movimento humano: medula espinal, tronco
encefálico, cerebelo, diencéfalo, telencéfalo, meninges,
ventrículos encefálicos e líquido cerebrospinal.
• Descrever as principais correlações do sistema nervoso
periférico com o movimento humano: nervos espinais,
nervos cranianos, plexos nervosos, terminações nervosas e
gânglios nervosos, lesões nervosas.
• Entender as principais correlações do sistema nervoso
autônomo (SNA) com o movimento humano: apresentar
a função geral do SNA. Estudar, do ponto de vista
morfológico e funcional, o SNA simpático e o SNA
parassimpático em função do movimento.
unidade
V
INTRODUÇÃO
Q
uando movemos qualquer parte do nosso corpo, devemos ter
em mente que este movimento começou bem longe de onde ele
de fato ocorreu. Assim, um atleta que executa um arremesso
ou um chute preciso deve entender que este ato motor pode ser
aperfeiçoado ainda mais, pois depende do planejamento, da atuação, da
correção e do refinamento do sistema nervoso que o desencadeou. Isto
explica por que os atletas repetem tantas vezes os mesmos movimentos
que já praticam há tempos .
Uma das áreas estudadas pelas neurociências enfoca detalhes acer-
ca de como o movimento humano é planejado, executado, corrigido e
aperfeiçoado. Assim, a neuroanatomia que será descrita aqui intencio-
nará aplicar o conhecimento da anatomia e da fisiologia do sistema ner-
voso à prática do movimento corpóreo. Para tanto, serão abordadas as
diversas estruturas formadoras desse tão precioso sistema no sentido de
relacioná-las ao tema. A medula espinal, o tronco encefálico (composto
pelo bulbo, pela ponte e pelo mesencéfalo), o cerebelo, o diencéfalo e o
telencéfalo serão abordados anatômica e fisiologicamente, objetivando
entender em profundidade o desenrolar do movimento.
Temas básicos que substanciam o entendimento desse complexo sis-
tema deverão ser previamente trabalhados a fim de prepará-los para o
pleno aproveitamento desta temática. Desta forma, serão apresentadas
as células formadoras do sistema nervoso (os neurônios e as células da
glia), os mecanismos de comunicação entre o sistema nervoso e o corpo
(por meio das sinapses) e a constituição estrutural básica desse sistema.
Considerando que o controle das funções orgânicas, a realização
de funções voluntárias (como fonação e deambulação) e involuntárias
(como salivação e respiração) dependem diretamente da atuação do sis-
tema nervoso, o qual controla e coordena as funções dos demais sistemas
do organismo e permite que o corpo reaja a modificações do ambiente
interno e externo a fim de manter a homeostasia, justifica-se a sua rele-
vância e a importância de seu estudo. No contexto profissional de atuação
do profissional de Educação Física, onde o movimento, a coordenação
motora, o equilíbrio, o tônus muscular, a aprendizagem motora e outras
aptidões são essenciais, este estudo é fundamental. Portanto, aproveite
para entendê-lo e dedique-se ao seu estudo!
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
Tecido Nervoso
168
EDUCAÇÃO FÍSICA
Caro(a) aluno(a), o movimento humano depende Os neurônios são constituídos por partes caracte-
da atuação precisa e coordenada das estruturas que rísticas com funções específicas. Os dendritos, por
compõem o sistema nervoso (SN). Assim, as estru- exemplo, são vários pequenos prolongamentos que
turas formadoras do sistema nervoso central (SNC), surgem do corpo do neurônio e que servem para re-
do sistema nervoso periférico (SNP) e do sistema ceber o estímulo e enviá-lo a esse corpo.
nervoso autônomo (SNA) atuam em conjunto para No corpo está localizado o núcleo do neurônio,
que a mobilidade seja garantida de maneira harmô- ou seja, é onde o seu material genético está armaze-
nica. Além disso, todas as células que constituem o nado. Por isto, o corpo é considerado o “centro me-
tecido nervoso devem desempenhar as suas funções tabólico” do neurônio, já que representa uma região
de modo preciso e coordenado para que nada ocorra de grande importância funcional. Inclusive, uma le-
de maneira indesejada. Neste contexto, esta unidade são na região do núcleo normalmente causa a morte
abordará, além das células do tecido nervoso, cada desse neurônio.
porção do SNC, do SNP e do SNA. Do corpo (mais especificamente de uma região
Como anteriormente mencionado, as funções chamada cone de implantação) emerge um prolon-
do SN estão diretamente relacionadas às células que gamento maior e único denominado axônio, em cuja
constituem o próprio tecido nervoso, ou seja, os extremidade final ocorre uma extensa ramificação
neurônios e as células gliais. chamada terminação axônica. A função do axônio é
Os neurônios são as principais células nervosas, conduzir o impulso nervoso até a terminação axôni-
haja vista serem eles os responsáveis pela comunica- ca para que este seja passado a outra célula durante
ção intercelular, conhecida como sinapse (do grego a sinapse. Nos neurônios mielinizados, o axônio é
synapsis, que significa conexão). Existem vários ti- envolto pela bainha de mielina, a qual é constituída
pos morfologicamente diferentes de neurônios. por gordura, proteínas e vitamina B12. Ela é formada
por células especiais chamadas células de Schwann
(no SNP) e oligodendrócitos (no SNC). A bainha de
mielina é interrompida esporadicamente, deixando
pequenos espaços denominados nódulos de Ran-
vier, onde essa bainha não existe. Por isso, ela serve
para aumentar a velocidade de condução dos impul-
sos nervosos, haja vista que a gordura atua como um
isolante elétrico e obriga o impulso a “saltar” pelos
nódulos de Ranvier. Assim, ao invés de o impulso
ter que percorrer toda a extensão do axônio, ele sal-
ta de nódulo em nódulo, acelerando, assim, a trans-
Figura 1 - Diferentes tipos de neurônios presentes no corpo humano missão elétrica.
169
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
As sinapses podem ser entendidas como ordens ou Uma disfunção grave chamada epilepsia pode
comandos que ocorrem entre os neurônios, ou entre ocorrer quando a sinapse é, de alguma maneira,
um neurônio e uma célula efetora (que pode ser, por perturbada. Em grande parte das vezes, a pessoa
exemplo, um músculo ou uma glândula). Em verte- em crise de epilepsia apresenta, dentre vários aco-
brados, esses comandos dependem da liberação de metimentos, alterações motoras. É comum, por
uma substância química chamada neurotransmis- exemplo, haver espasticidade (contração muscular
sor, que fica armazenada em vesículas (as vesículas exacerbada) durante a crise, seguida de hipotonia
sinápticas) localizadas no neurônio pré-sináptico. (relaxamento muscular exagerado) após o episó-
Assim, para que o impulso seja propagado, o neu- dio epilético.
rotransmissor deve ser liberado na fenda sináptica Depois de compreender como são e como atuam
(um espaço existente entre as células que realizam a os neurônios, é de igual importância entender como
sinapse). Para isso, o íon cálcio adentra o neurônio as células da glia agem. Estas células também podem
pré-sináptico e sinaliza às vesículas sinápticas para ser chamadas de neuroglia, células neurogliais ou
que ocorra a exocitose do neurotransmisor. neurogliócitos. Embora cinco vezes mais abundan-
Dependendo de alguns fatores (por exemplo, o tes do que os neurônios, as células da glia não são
tipo de neurotransmissor liberado na fenda sináp- excitáveis, ou seja, não fazem sinapses. Todavia elas
tica), as sinapses podem ser excitatórias ou inibitó- desempenham funções importantes como sustenta-
rias. Vale ressaltar que a sinapse entre um neurônio ção, isolamento e nutrição dos neurônios.
170
EDUCAÇÃO FÍSICA
Existem quatro tipos de células da glia no SNC (as- posta é total e, se você considerar que as funções dos
trócitos, micróglia, células ependimárias e oligoden- astrócitos, da micróglia e das células satélites são
drócitos) e dois tipos no SNP (células de Schwann essenciais à sobrevivência dos neurônios, fica ainda
e células satélites ou anfícitos). Os astrócitos con- mais fácil concordar com isso. Complementarmente,
trolam a nutrição dos neurônios. A micróglia é res- os oligodendrócitos e as células de Schwann garan-
ponsável pela defesa imunológica desses neurônios, tem a rápida comunicação nas sinapses por meio da
uma vez que ela é um fagócito. As células ependimá- bainha de mielina. Por isso, doenças desmielinizan-
rias produzem líquido cerebrospinal. Os oligoden- tes (como a esclerose lateral amiotrófica, a adreno-
drócitos produzem a bainha de mielina no SNC, e as leucodistrofia e tantas outras) são tão incapacitantes
células de Schwann a produzem no SNP. As células e maléficas. Além disso, se as células ependimárias
satélites protegem os neurônios. produzirem líquido cerebrospinal demais ou de me-
Você pode estar se perguntando qual é a corre- nos, a pressão intracraniana pode ser afetada, e os
lação entre as células da glia e o movimento. A res- movimentos, comprometidos.
171
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
172
EDUCAÇÃO FÍSICA
É considerado sistema nervoso central (SNC) o tecido De maneira geral, o SNC recebe, analisa e integra
nervoso localizado na região central do corpo, ou seja, informações advindas do meio ambiente (meio ex-
na cabeça e no tronco (o próprio termo SNC enfatiza a terno) e do meio interno (o próprio corpo do indiví-
sua localização). Assim, o SNC é constituído pela me- duo). Assim, ele representa o local onde os estímu-
dula espinal (abrigada no canal medular formado pelas los chegam e são interpretados, bem como o local
vértebras) e encéfalo (abrigado na cavidade craniana). onde as decisões ocorrem, desencadeando ordens à
A maioria das pessoas chama o encéfalo de cére- periferia do corpo. No entanto é importante ressal-
bro. Este termo está incorreto, pois o cérebro é ape- tar que o SNC age em conjunto e de maneira depen-
nas uma parte do encéfalo. Isto porque o encéfalo dente à ação do SNP (MOORE et al., 2014).
apresenta várias partes: tronco encefálico (formado
pelo bulbo, pela ponte e pelo mesencéfalo), cerebelo, CONSTITUIÇÃO DO SISTEMA NERVOSO
diencéfalo e telencéfalo. O cérebro nada mais é do CENTRAL
que o diencéfalo e o telencéfalo juntos. Desta forma,
se você disser que o cérebro é o que está localizado na Tanto o encéfalo quanto a medula espinal apresen-
cavidade craniana, você está negligenciando a exis- tam corpos celulares e fibras nervosas (axônios). O
tência das outras partes do encéfalo, ou seja, o tronco aglomerado de corpos celulares origina a substân-
encefálico (bulbo, ponte e mesencéfalo) e o cerebelo. cia cinzenta, e a junção das fibras nervosas origina a
O objetivo desta unidade é abordar a relação en- substância branca. As células da glia estão presentes
tre cada uma destas estruturas formadoras do SNC tanto na substância cinzenta quanto na branca.
com o ato motor. Adicionalmente, temas como as Na medula espinal, a substância cinzenta fica lo-
meninges, os ventrículos encefálicos e o líquido ce- calizada por dentro da substância branca e se parece
rebrospinal serão abordados devido à importância com uma borboleta ou com a letra H. No encéfalo,
funcional que apresentam. essa substância fica localizada predominantemente
por fora da substância branca, constituindo, assim,
o córtex cerebral. A substância branca do encéfalo é
chamada de centro branco medular do cérebro. Vale
ressaltar que parte da substância cinzenta do encé-
falo se localiza em meio à substância branca, cons-
tituindo os núcleos da base (MIRANDA NETO;
CHOPARD, 2014).
Embora os núcleos da base também tenham
funções não motoras (cognitiva, emocional, de mo-
tivação e seleção de informações sensitivas para o
Figura 5 - Sistema nervoso central e sistema nervoso periférico controle motor), eles atuam principalmente no con-
173
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
trole do movimento. Por isto, as suas lesões podem O seu calibre não é uniforme, pois ela é mais ca-
causar vários distúrbios motores, como coréia, ate- librosa onde as raízes nervosas que formam os ple-
tose, balismo, distonia, tiques, síndrome de Tourette xos braquial e lombossacral fazem conexão. Estes
(tiques motores e vocais) e distúrbios hipocinéticos plexos são aglomerados de nervos (neurônios) que
(como o Parkinsonismo). inervam os membros superiores e inferiores.
Dentre tais núcleos, pode-se citar o caudado, o A ME se comunica superiormente com o bul-
lentiforme (putame e glóbulo pálido), o claustro, o bo (ao nível do forame magno do osso occipital) e,
corpo amigdaloide (parte do sistema límbico, é um inferiormente, ela termina afilando-se para formar
importante centro regulador do comportamento se- o cone medular, o qual continua com um delgado
xual e da agressividade), o núcleo basal de Meynert filamento meníngeo, o filamento terminal, ao nível
e o núcleo accumbens. da segunda vértebra lombar. Assim, no adulto, a me-
dula não ocupa todo o canal vertebral, tendo 45 cm
no homem e 42 cm na mulher.
Tal fato tem importância clínica, pois, abaixo
da segunda vértebra lombar, o canal vertebral não
tem mais ME, todavia, contém apenas as meninges
e as raízes nervosas dos últimos nervos espinais que
formam a cauda equina. Isto porque ME e vértebras
crescem em ritmos diferentes.
MEDULA ESPINAL
174
EDUCAÇÃO FÍSICA
ENCÉFALO
A ME apresenta sulcos longitudinais onde se conec- Como vimos anteriormente, o encéfalo é composto
tam os filamentos radiculares que formam as raízes por tronco encefálico (bulbo, ponte e mesencéfalo),
dos nervos espinais. Estes nervos trazem à medula cerebelo, diencéfalo e telencéfalo. Estudaremos a
informações sensitivas da periferia do corpo para partir de agora cada uma destas porções, relacionan-
serem conduzidas ao encéfalo, e levam as ordens do do-as ao movimento sempre que possível.
encéfalo à periferia do corpo. Isto explica porque
uma lesão na ME pode causar perdas sensitivas e/ Tronco encefálico
ou motoras. O tronco encefálico fica acima da ME, abaixo do
Para dar maior proteção à ME, membranas fi- diencéfalo e à frente do cerebelo. Ele é composto
brosas chamadas meninges fazem o revestimento pelo bulbo (inferiormente), mesencéfalo (supe-
externo. A dura-máter é a mais externa das menin- riormente) e ponte (entre o bulbo e o mesencéfa-
ges, a mais espessa e a mais resistente. A pia-máter lo). A sua grande importância é, em parte, atribu-
é a mais delicada e interna, e adere intimamente ao ída ao fato de 10 dos 12 pares de nervos cranianos
tecido nervoso. Já a aracnoide-máter se dispõe entre estarem conectados a ele. Por isto, lesões bulbares
as outras duas, formando um emaranhado de trabé- podem ser muito graves e com sintomas bastante
culas aracnóideas. variados. Todo o texto que segue foi escrito a partir
das considerações de Afifi e Bergman (2007), Ma-
chado e Haertel (2014) e outros autores importan-
tes da área.
175
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
Bulbo Ponte
O bulbo fica abaixo da ponte e acima da ME (acima A ponte fica entre o mesencéfalo e o bulbo e à frente
do forame magno). A sua superfície também apre- do cerebelo. Em relação às suas funções, ela ajuda a
senta sulcos longitudinais como a medula espinal. formar o IV ventrículo e apresenta amplas conexões
De cada lado do bulbo existe uma eminência com o cerebelo, o que é essencial para a execução e o
alongada chamada pirâmide, que é formada por um refinamento do movimento.
feixe de fibras nervosas, as quais, por sua vez, des-
cem das áreas motoras do cérebro até os neurônios Mesencéfalo
motores localizados na ME. Assim, as pirâmides do O mesencéfalo fica entre a ponte e o diencéfalo. Ele é
bulbo são essenciais ao movimento e nelas ocorre atravessado em toda a sua extensão por um estreito
um cruzamento parcial dessas fibras, formando a canal chamado aqueduto do mesencéfalo, que une o
decussação das pirâmides. Isto explica o fato de uma III ao IV ventrículo, permitindo, assim, a drenagem
lesão do lado direito do encéfalo causar perda mo- do líquido cerebrospinal.
tora do lado esquerdo do corpo (ou seja, o déficit Além disso, o mesencéfalo apresenta uma área
motor é contralateral à lesão). escura chamada substância negra, onde existem
Complementarmente, o bulbo tem diversas ou- neurônios ricos em melanina e diretamente relacio-
tras funções. Ele é considerado um importante cen- nados ao movimento. Ele também participa das vias
tro nervoso, pois se relaciona às funções respiratória da audição e da visão.
e cardiovascular, à tosse, ao vômito, à deglutição e ao
bocejo. Além disso, ele ajuda a formar o IV ventrícu- CEREBELO
lo, e em sua área posterior estão os fascículos grácil
e cuneiforme, os quais são constituídos por fibras O cerebelo situa-se atrás do bulbo e da ponte e re-
nervosas ascendentes. pousa sobre o osso occipital. Ele se conecta à ME, ao
bulbo, à ponte e ao mesencéfalo.
A sua porção mediana e ímpar é chamada de
verme, e as suas massas laterais são os hemisférios
cerebelares. Tanto o verme quanto os hemisférios
apresentam sulcos transversais que delimitam finas
lâminas, estas chamadas de folhas. Os sulcos mais
profundos são chamados de fissuras.
À semelhança do cérebro, o cerebelo é constitu-
ído por um centro de substância branca (corpo me-
dular do cerebelo) e revestido por uma fina camada
de substância cinzenta (córtex cerebelar). Dentro do
corpo medular existem quatro pares de núcleos de
substância cinzenta (os núcleos centrais do cerebe-
Figura 10 - Bulbo, ponte e mesencéfalo lo): denteado, emboliforme, globoso e fastigial.
176
EDUCAÇÃO FÍSICA
177
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
O epitálamo fica acima do sulco hipotalâmico. Ele possui duas cavidades chamadas ventrícu-
A glândula pineal é o seu elemento mais evidente, los laterais onde o líquido cerebrospinal se aloja.
atuando, portanto, no controle do ritmo circadiano Também apresenta três pontos projetados (polos
e na função gonadal. Por isto, uma lesão nesta região frontal, occipital e temporal), cinco lobos (frontal,
pode retardar ou adiantar a puberdade, ou mesmo parietal, temporal, occipital e da ínsula) e três faces
alterar o ritmo circadiano. (superolateral, medial e inferior ou base do cére-
O subtálamo, que fica abaixo do tálamo, é bem bro). Estudaremos os principais aspectos de cada
importante ao profissional de Educação Física, pois uma destas regiões.
o seu elemento mais evidente é o núcleo subtalâmi-
co, cuja função é controlar e modular o movimento
voluntário. Por isto, quando esse núcleo é lesionado,
pode haver hemibalismo (uma doença cujos movi-
mentos violentos e involuntários ocorrem na meta-
de do corpo contralateral ao subtálamo lesado).
Telencéfalo
O telencéfalo compreende os dois hemisférios cere-
brais e uma pequena parte mediana situada na por-
ção anterior do III ventrículo. Tais hemisférios são
parcialmente separados pela fissura longitudinal do Figura 14 - Polos, lobos e faces
178
EDUCAÇÃO FÍSICA
Os dois sulcos mais importantes são o lateral e Admite-se que o menor encéfalo compatível com a
o central. O lateral separa os lobos frontal e parietal inteligência normal deve pesar cerca de 900 g.
do lobo temporal. O sulco central separa os lobos
frontal e parietal e é ladeado por dois giros paralelos, Aspectos funcionais das principais áreas en-
o giro pré-central (anterior ao sulco) e o pós-central cefálicas
(posterior a ele). Estes giros relacionam-se, respecti- Algumas áreas encefálicas têm funções especiais.
vamente, à motricidade e à sensibilidade do corpo. Mencionaremos a seguir as mais importantes.
Os giros frontal superior e frontal médio rela-
cionam-se à cognição, ao raciocínio lógico e mate-
mático, e à memória recente. O giro frontal inferior
do lado esquerdo do cérebro é chamado de giro de
Broca e é onde se localiza o centro da palavra falada.
Enquanto no giro pré-central se localiza a área
motora primária do cérebro, no giro pós-central se
localiza a área sensitiva deste.
No giro temporal superior está a área de Werni-
cke, envolvida na compreensão da linguagem fala-
Figura 15 - Sulco lateral e central, giro pré e pós-central da. O giro temporal inferior está envolvido na per-
cepção visual de cor e de forma. No giro temporal
Dos cinco lobos cerebrais, quatro recebem a sua de- transverso anterior se localiza o centro cortical da
nominação de acordo com os ossos do crânio com audição (área acústica primária).
os quais se relacionam: frontal, temporal, parietal O lóbulo parietal superior está envolvido na in-
e occipital. Todavia o quinto lobo situa-se profun- teração do indivíduo com o seu meio e, por isto, a
damente, não se relacionando diretamente com os presença de lesões, principalmente no hemisfério
ossos do crânio, sendo chamado de lobo da ínsula. não dominante, causam negligência em relação a
Este lobo associa-se a funções autônomas. partes do corpo. Nele existem os giros supramargi-
É importante ressaltar que o peso do encéfalo nal e angular, os quais estão envolvidos na integração
depende do peso corporal do indivíduo, da comple- de diversas informações sensoriais quanto à fala e à
xidade do encéfalo (coeficiente de encefalização; K) percepção. Assim, lesões, principalmente no hemis-
e não tem relação com os estados cultural ou de in- fério dominante, causam distúrbio na compreensão
teligência do indivíduo (o encéfalo de Einstein, por da linguagem e no reconhecimento de objetos.
exemplo, pesava 1.230 g). O K é quatro vezes maior O corpo caloso une áreas simétricas do córtex
no ser humano do que em um chimpanzé. cerebral de cada hemisfério. O giro do cíngulo faz
No homem adulto brasileiro normal, o encéfalo parte do sistema límbico e, por isto, afeta o funcio-
pesa cerca de 1.300 g (1.200 g na mulher). O maior namento visceral, as emoções e o comportamento.
encéfalo humano registrado até hoje pesou 2.850 g No lobo occipital está localizada a área visual primá-
e o seu dono tinha um nível normal de inteligência. ria, e o giro reto está relacionado ao olfato.
179
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
180
EDUCAÇÃO FÍSICA
A irrigação do encéfalo depende dos ramos das camente desprovidas de músculos. Os sistemas venosos
artérias carótida interna e subclávia. As suas veias não superficial e profundo se comunicam e desembocam
acompanham as artérias, são maiores, mais calibrosas, na veia jugular interna, a qual desemboca na veia sub-
têm paredes muito finas, não têm válvulas e são prati- clávia e, posteriormente, no átrio direito do coração.
Círculo arterial
do encéfalo
SAIBA MAIS
Você já ouviu falar de neuroplasticidade? Você sabia que a prática de atividades motoras (exercícios
físicos específicos) estimulam o nosso cérebro de maneira fantástica, causando, inclusive, mudanças
estruturais? Para saber mais, acesse: <http://www.revistaneurociencias.com.br/edicoes/2009/RN%20
17%2002/14.pdf>.
Fonte: a autora.
181
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
182
EDUCAÇÃO FÍSICA
183
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
Dentre os receptores gerais encapsulados destacam- no tecido subcutâneo das mãos e dos pés, nos septos
-se o órgão tendinoso de Golgi (OTG), o fuso neu- intermusculares e no periósteo).
romuscular (FNM) e os corpúsculos sensitivos da O FNM e o OTG são muito importantes para
pele. Os corpúsculos sensitivos incluem o corpúscu- a contração e o alongamento muscular e, por isto,
lo de Meissner (receptor de tato e pressão, localizado devem ser bem compreendidos por você, en-
principalmente na pele espessa das mãos e dos pés), quanto diretamente relacionados ao movimento.
de Ruffini (receptor de tato e pressão, presente prin- O FNM é um receptor proprioceptivo composto
cipalmente na pele espessa das mãos e dos pés e na por feixes de fibras musculares modificadas cha-
parte pilosa do corpo) e de Vater-Paccini (receptor madas fibras intrafusais, uma vez que ficam loca-
de sensibilidade vibratória, presente principalmente lizadas dentro de uma cápsula de tecido conjun-
184
EDUCAÇÃO FÍSICA
tivo fibroso. Ele fica paralelo às fibras musculares e os seus impulsos podem ser conscientes ou in-
extrafusais e se liga ao tendão do músculo. É ati- conscientes.
vado quando o comprimento das fibras muscu- Por fim, a terminação nervosa motora pode ser
lares varia (o que ocorre, por exemplo, durante somática ou visceral. A somática estimula o mús-
a contração e o alongamento muscular). Assim, culo estriado esquelético, formando a placa motora
é importante para a manutenção do tônus mus- onde há liberação do neurotransmissor acetilcolina.
cular e para o reflexo miotático (por exemplo, o As viscerais terminam no músculo liso, no estriado
reflexo patelar). cardíaco ou nas glândulas, pertencem ao sistema
O OTG também é um receptor proprioceptivo nervoso autônomo e o seu neurotransmissor pode
que se localiza na junção da fibra muscular com o ser a acetilcolina ou a noradrenalina.
tendão do músculo esquelético. Ele permite ao SNC
avaliar a força do músculo e é muito sensível à alte- Gânglios
ração na tensão deste (ao contrário do FNM, que é Os gânglios são aglomerados de corpos de neurô-
mais sensível à alteração do comprimento muscular). nios localizados fora do sistema nervoso central, os
De maneira geral, os receptores podem ser quais são protegidos pelas células satélites. Existem
classificados de acordo com o tipo de estímulo que gânglios espinais e autônomos.
os ativa. Quimiorreceptores, por exemplo, são ati- Os espinais são formados por neurônios sensiti-
vados por estímulos químicos como os do olfato, vos e estão ligados à raiz dorsal do nervo espinal. Os
da gustação e da artéria carótida; osmorreceptores autônomos pertencem ao sistema nervoso autônomo
detectam variações na pressão osmótica; fotor- e podem ser constituídos por corpos de neurônios
receptores são ativados pela luz (bastonetes e co- simpáticos (gânglios simpáticos) ou parassimpáticos
nes da retina); termorreceptores são ativados por (gânglios parassimpáticos). Enquanto os gânglios
estímulos térmicos (terminações nervosas livres); simpáticos estão localizados predominantemente
nociceptores são ativados por estímulos nocivos nas cavidades torácica e abdominal, os gânglios pa-
(terminações nervosas livres); mecanorreceptores rassimpáticos estão localizados principalmente no
são ativados por estímulos mecânicos (audição, interior dos órgãos (gânglios intramurais).
equilíbrio, tato, pressão, vibração, barorreceptores
da carótida, OTG e FNM).
Além disso, os receptores também podem ser
classificados de acordo com o local onde estão.
Ínteroceptores ou vísceroceptores estão nas vísce-
ras e vasos, e permitem sensações viscerais pouco
localizadas, como fome, prazer sexual, sede e dor
visceral. Exteroceptores estão na superfície exter-
na do corpo e são ativados por calor, frio, tato,
pressão, luz e som. Proprioceptores estão nos mús-
culos, tendões, ligamentos e cápsulas articulares, Figura 19 - Gânglios
185
ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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ANATOMIA APLICADA À EDUCAÇÃO FÍSICA
LESÃO NERVOSA
Uma lesão nervosa pode ocorrer por diversas causas
(trauma, facada, tiro etc.) e pode gerar graves danos,
principalmente aos movimentos e à sensibilidade,
pois quando uma lesão ocorre, é comum que o axô-
nio se degenere.
Em casos específicos, todavia, pode haver a re-
generação dos axônios e a reversão dos sintomas.
Um fator que pode contribuir para a regeneração do
neurônio é a presença de uma glicoproteína chama-
da laminina, produzida pelas células de Schwann no
SNP (no SNC, a laminina não é produzida). Ela atua
como um fator neurotrófico que estimula o cresci-
mento neuronal.
É possível, no entanto, que essa regeneração não
ocorra espontaneamente, podendo, inclusive, ocor-
rer formação de neuroma (um crescimento desorde-
nado dos axônios, formando uma estrutura sensível,
comum após amputações). Neste caso, uma inter-
venção cirúrgica pode ser necessária.
Figura 23 - Plexos
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Fonte: a autora.
194
considerações finais
195
atividades de estudo
1. As diferentes estruturas do sistema nervoso, em- ( ) Nervo misto cuja função é complementada
bora ajam em conjunto, desempenham funções pelo VII par de nervo craniano, uma vez que au-
específicas. Considere os seus conhecimentos xilia na inervação sensitiva da face. Além disso, é
sobre o tema e faça a associação correta entre responsável pela inervação motora dos músculos
estrutura nervosa e função. mastigatórios.
a) Medula espinal ( ) Nervo motor responsável pela inervação dos
músculos esternocleidomastoideo e trapézio.
b) Hipotálamo
( ) Inerva importantes órgãos do corpo, como o
c) Corpo caloso
coração e os intestinos.
d) Bulbo
( ) Nervo misto que dá parte da inervação sen-
e) Cerebelo sitiva à face e a inervação motora dos músculos
mímicos (da expressão facial).
( ) Une partes semelhantes do telencéfalo.
A sequência correta para a resposta da questão é:
( ) Contém o segundo neurônio da via motora.
a) III, I, IV, II.
( ) É responsável pelo equilíbrio, pela coordenação e
b) IV, III, II, I.
aprendizagem motoras e pelo tônus muscular.
c) II, III, I, IV.
( ) Relaciona-se ao controle endócrino.
d) I, II, III, IV.
( ) Nele se localizam importantes centros nervosos,
como o da respiração e o vasomotor. e) III, IV, II, I.
A sequência correta para a resposta da questão 3. A imagem a seguir mostra um fragmento do te-
é: cido nervoso com algumas de suas células. Con-
a) c, a, e, b, d. siderando que neurônios e células da glia coe-
xistem tanto no sistema nervoso central (SNC)
b) a, c, e, b, d.
quanto no sistema nervoso periférico (SNP), e
c) b, d, e, c, a. que desempenham funções específicas, preen-
d) d, b, e, a, c. cha o quadro com as funções específicas das cé-
lulas da glia:
e) e, c, a, b, d.
196
atividades de estudo
4. Anos de pesquisa em neurologia têm mostrado 5. Enquanto o sistema nervoso somático cuida da
que cada área do encéfalo desempenha funções relação do indivíduo com o meio, o sistema ner-
específicas, o que explica o fato de que sintomas voso visceral é responsável pelo funcionamento
diferentes podem aparecer em indivíduos que dos órgãos. Considerando que o sistema nervo-
sofreram traumatismo crânio encefálico (TCE) so autônomo (SNA) representa a parte eferente
em diferentes regiões. Alguns importantes pes- ou motora do sistema nervoso visceral, assinale
quisadores, como Paul Pierre Broca, Karl Werni- a alternativa correta:
cke e Brodmann, identificaram alguns dos vários a) O SNA simpático causa a diminuição do di-
centros nervosos atualmente conhecidos. Preen- âmetro da pupila.
cha a tabela a seguir com os nomes das áreas en-
b) O SNA parassimpático causa taquicardia.
cefálicas numeradas de 1 a 5 e explique as suas
principais funções: c) O SNA simpático e parassimpático agem
em concordância para possibilitar a home-
ostasia corpórea.
d) Durante o período que antecede e prepara
o organismo para o sono, o SNA simpático
age de maneira expressiva.
e) O exercício físico ativa principalmente o
SNA parassimpático.
197
LEITURA
COMPLEMENTAR
Leia o artigo indicado a seguir que trata de como o exer- No repouso prevalece a atividade vagal (parassimpáti-
cício físico pode modificar o funcionamento do SNA. Nes- ca), que é progressivamente inibida com o aumento do
te estudo, os autores apresentam avaliações dos níveis exercício onde passa a prevalecer a atividade simpática.
de atividade do sistema nervoso autônomo simpático e Imediatamente após o exercício o que se encontra ainda
parassimpático em atletas de alta performance pratican- é uma prevalência de atividade simpática e uma inibição
tes de atletismo. A avaliação dos atletas do estudo foi parassimpática.
feita considerando a análise de variabilidade da frequ- O treinamento esportivo utilizado neste estudo foi o
ência cardíaca. A leitura vale a pena. Apaixone-se pela treino metabólico, que se caracteriza por um estresse
neurologia! ao metabolismo energético de forma geral e/ou sistema
cardiorespiratório. Exemplo, trabalhos que estimulem a
COMPORTAMENTO DO SISTEMA NERVOSO geração de energia via sistemas aeróbicos ou anaeróbi-
198
material complementar
199
referências
200
gabarito
1. A.
2. E.
3. Astrócitos: controlam a nutrição neuronal e o influxo de eletrólitos aos
neurônios.
Micróglia: são células fagocíticas envolvidas na defesa do sistema nervo-
so central e na eliminação de invasores (vírus, bactérias etc.).
Células ependimárias: estão relacionadas à produção do líquido cere-
brospinal.
Células de Schwann: sintetizam a bainha de mielina no sistema nervoso
periférico.
4.
1 - Giro pré-central: Nesta área, localiza-se a área primária do movimento.
Uma lesão pode causar plegia ou paralisia.
2 - Giro pós-central: nesta área, localiza-se a área somestésica responsável
pela sensibilidade do corpo. Uma lesão pode causar alterações sensitivas.
3 - Giro frontal inferior (área de Broca): nesta área, localiza-se a área mo-
tora da fala (do lado esquerdo do cérebro). Uma lesão pode causar afasia
motora.
4 - Giro temporal superior (área de Wernicke): nesta região, localiza-se a
área da compreensão da linguagem. A sua lesão causa afasia sensitiva,
cujo indivíduo ouve, mas não compreende o significado da mensagem.
5 - Lobo occipital: neste lobo, localiza-se a área primária da visão. A sua
lesão pode causar danos à acuidade visual.
5. C.
201
conclusão geral
Neste momento, eu espero que você esteja feliz e sa- sabe como o movimento humano é planejado, exe-
tisfeito(a) consigo mesmo(a), afinal, você acabou de cutado, corrigido e otimizado. Parabéns! Sinta-se
conhecer os principais aspectos anatômicos e fun- orgulhoso(a)!
cionais de todos os sistemas que constituem o corpo Desejo que você bem utilize todas as descobertas
humano. Também acredito que, depois de adquirir feitas sobre o corpo humano em sua vida profissio-
todo este conhecimento tão específico, você já esteja nal e, muito mais do que isso, que você as transmita
concordando comigo quando eu afirmo que a cons- àqueles que não puderam desfrutar dos mesmos pri-
tituição e o funcionamento do nosso corpo é perfei- vilégios em relação às oportunidades de aprendiza-
to. De fato, um milagre! do. Isto é, estenda o seu conhecimento!
Hoje você é capaz de entender como os siste- Ademais, espero sinceramente que você seja pro-
mas circulatório e respiratório agem em conjun- fissionalmente muito bem-sucedido(a). A meu ver,
to para possibilitar que as nossas células recebam o segredo para isto é nunca perder de vista que o
sangue oxigenado e rico em nutrientes, ao mesmo ser humano, embora muito complexo, deve ser vis-
tempo em que delas retiram os seus produtos re- to com base em sua constituição e funcionabilidade.
siduais. Com o seu conhecimento adquirido, você Para isto, a sua dedicação e o seu estudo em relação à
pode compreender como ocorre o processo de di- sua “matéria-prima” nunca deve parar. Nunca sabe-
gestão e como o sistema endócrino atua em con- remos tudo. Nunca poderemos parar de estudar e de
cordância com o sistema nervoso para coordenar nos dedicarmos integralmente ao que fazemos. As-
todas as funções do corpo. De igual modo, você é sim, certamente exerceremos a nossa profissão com
capaz de entender a interação e as particularidades excelência e de maneira grandiosa.
entre os sistemas urinário e genital. E o melhor de
tudo: você pode afirmar, sem medo de errar, que Grande abraço!