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GINÁSTICA

PROFESSORES
Dr. Antonio Carlos Monteiro de Miranda
Me. Fernanda Soares Nakashima
GINÁSTICA

NEAD
Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4
Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância;


MIRANDA, Antonio Carlos Monteiro de; NAKASHIMA, Fernanda Soares.
Ginástica. Antonio Carlos Monteiro de Miranda. Fernanda Soares
Nakashima.
Maringá - PR.:UniCesumar, 2018 (Reimpressão).
250 p.
“Graduação em Educação Física - EaD”.
1. Ginástica. 2. Elementos Corporais. 3. Educação Física. I. Título.
ISBN 978-85-459-0483-0
CDD - 22ª Ed. 613.7
CIP - NBR 12899 - AACR/2

DIREÇÃO UNICESUMAR

Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Diretoria Executiva de Ensino Janes Fidélis Tomelin Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho,
Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha, Direção de Operações Chrystiano Mincoff,
Direção de Polos Próprios James Prestes, Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida, Direção
de Relacionamento Alessandra Baron, Gerência de projetos especiais Daniel F. Hey, Supervisão do
Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Coordenador(a) de Conteúdo Mara
Cecilia Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Humberto Garcia da Silva,
Designer Educacional Ana Claudia Salvadego, Qualidade Textual Hellyery Agda, Revisão Textual
Danielle Loddi e Daniela Ferreira dos Santos, Ilustração Bruno Pardinho, Fotos Shutterstock.

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Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar

Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10
com princípios éticos e profissionalismo, não maiores grupos educacionais do Brasil.
somente para oferecer uma educação de qualidade, A rapidez do mundo moderno exige dos educadores
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão soluções inteligentes para as necessidades de todos.
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- Para continuar relevante, a instituição de educação
nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional precisa ter pelo menos três virtudes: inovação,
e espiritual. coragem e compromisso com a qualidade. Por
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia,
graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor
estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro do ensino presencial e a distância.
campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, promover a educação de qualidade nas diferentes áreas
com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. do conhecimento, formando profissionais cidadãos
Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais que contribuam para o desenvolvimento de uma
de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos sociedade justa e solidária.
pelo MEC como uma instituição de excelência, com Vamos juntos!
boas-vindas

Willian V. K. de Matos Silva


Pró-Reitor da Unicesumar EaD

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à A apropriação dessa nova forma de conhecer


Comunidade do Conhecimento. transformou-se hoje em um dos principais fatores de
Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar agregação de valor, de superação das desigualdades,
tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
e pela nossa sociedade. Porém, é importante Logo, como agente social, convido você a saber cada
destacar aqui que não estamos falando mais daquele vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a
conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas tecnologia que temos e que está disponível.
de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
atemporal, global, democratizado, transformado pelas modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
tecnologias digitais e virtuais. as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
De fato, as tecnologias de informação e comunicação equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o
informações, da educação por meio da conectividade conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância
via internet, do acesso wireless em diferentes lugares (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes
e da mobilidade dos celulares. cativantes, ricos em informações e interatividade. É
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá
a informação e a produção do conhecimento, que não as portas para melhores oportunidades. Como já disse
reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”.
segundos. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
boas-vindas

Janes Fidélis Tomelin


Diretoria Executiva de Ensino

Kátia Solange Coelho


Diretoria Operacional de Ensino

Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível e construção do conhecimento deve ser apenas
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
autores

Professor Doutor
Antonio Carlos Monteiro de Miranda
Doutor e Mestre em Educação Física pelo Programa de pós-graduação em Educação Física
UEM/UEL na área de Concentração de Práticas Sociais em Educação Física. Graduação em
Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá. É professor adjunto da Universi-
dade Estadual de Maringá na área da Ginástica, atuando nos cursos de Educação Física e
Artes Cênicas. Pesquisador nas áreas de ginástica, escola, teatro, atividades circenses e
cultura. Autor do livro “Clown e corpo sensível: diálogos com a Educação Física”, lançado
em 2016 pela editora Appris.

Professora Mestre
Fernanda Soares Nakashima
Mestre em Educação Física pelo Programa de pós-graduação associado UEM/UEL na
linha Fatores Psicossociais e Comportamentais Relacionados ao Exercício Físico e ao
Esporte. Graduada em Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá (2004),
especialização em ginástica rítmica pela Universidade do Norte do Paraná (2006). Tem
experiência na área de Educação Física, atuando principalmente nos seguintes temas:
iniciação desportiva, ginástica geral, ginástica rítmica e tecido acrobático. Professora do
Departamento de Educação Física do Unicesumar na disciplina Estágio Supervisionado.
Atuou como professora assistente do Departamento de Educação Física na Universidade
Estadual de Maringá nas disciplinas: Ginástica, Ginástica Escolar e Fundamentos de Rítmica
e Dança e, no curso de Artes Cênicas, na disciplina Técnicas Circenses.
apresentação do material

Ginástica

Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)! Preparamos esse material com o intuito de levar
a ginástica até você. Talvez nesse momento você conheça ou se lembre apenas das gi-
násticas de academia ou daquelas que passam na televisão nas competições de jogos
olímpicos ou eventos nacionais ou internacionais. Isso já é um começo, porém a partir
dos estudos sobre essa modalidade você perceberá que existem muitas outras formas
de ginástica e muitas características específicas em cada uma delas. Nosso papel é levar
você a aprender sobre essa área de conhecimento para que depois possa compartilhar
toda essa aprendizagem com seus futuros alunos.
Veja que interessante, você terá a possibilidade de ensinar algo novo para seus alunos
e ainda transformar suas vidas, fazendo com que eles se desenvolvam como sujeitos,
aprendam a trabalhar coletivamente, respeitem as diferenças e, acima de tudo, conhe-
çam e valorizem o seu trabalho como professor(a). Vamos encarar esse desafio juntos?
Para isso é importante que você observe ao máximo todo conhecimento que adquirimos
com nossas experiências e estamos dividindo com você. Aproveite esse momento de
formação para aprender o quanto pode e, depois, seu papel será passar isso adiante.
Muito bem! Recados dados, vamos falar sobre como esse livro está dividido. Para
facilitar a sua aprendizagem, ele contém cinco unidades: A unidade I, intitulada “Gi-
nástica: da sua origem ao cenário atual”, retrata o trajeto histórico da ginástica desde
sua origem, seus altos e baixos até os dias de hoje; na unidade II, “Elementos corpo-
rais da ginástica”, aprenderemos os princípios básicos da ginástica, os mais simples,
além de informações sobre como desenvolver as aulas práticas junto aos seus alunos
nos diferentes espaços de atuação; depois disso, vamos para a unidade III, na qual
estudaremos as ginásticas que são competitivas e olímpicas, seus aspectos históricos
e suas características; na unidade IV, conheceremos a ginástica acrobática, que se
caracteriza por ser competitiva e não olímpica, e aprenderemos como fazer e como
ensinar as diferentes acrobacias existentes na ginástica. É nessa unidade que vamos
aprender a fazer estrelinha (roda) e a cambalhota (rolamento). E, por fim, mas não
menos importante, temos a unidade V, na qual vamos estudar sobre a “Ginástica para
Todos, as Atividades Circenses e a construção de materiais alternativos”.
Ufa! Vê quanta coisa vamos aprender juntos? Por isso, prepare-se e vamos a uma
viagem no universo da ginástica.
Um grande abraço e um ótimo curso!
sum ário

UNIDADE I UNIDADE IV
GINÁSTICA: DA SUA ORIGEM A GINÁSTICA ACROBÁTICA E OS ELEMENTOS TÉCNICOS
AO CENÁRIO ATUAL E PEDAGÓGICOS DOS MOVIMENTOS GÍMNICOS
14 Abordagens Históricas e Culturais da Ginástica 170 Ginástica Acrobática: Evolução Histórica
25 O Universo da Ginástica e os Campos de 173 Características da Ginástica Acrobática
Atuação
180 Elementos Técnicos e Pedagógicos dos Movi-
30 A Organização da Ginástica na Atualidade mentos Gímnicos

UNIDADE II UNIDADE V
ELEMENTOS CORPORAIS GINÁSTICA PARA TODOS;
DA GINÁSTICA ATIVIDADES CIRCENSES E MATERIAIS ALTERNATIVOS
46 Princípios Básicos Para a Realização das Aulas 202 Características e Princípios Filosóficos da
de Ginástica Ginástica para Todos
55 Elementos Constitutivos da Ginástica 208 Aspectos Históricos Sobre o Circo Como Man-
ifestação Artística
57 Elementos Corporais com Deslocamento
213 os conteúdos de circo e sua aplicação nos
69 Elementos Corporais sem Deslocamento
diferentes contextos
225 Possibilidades de Confecção de Materiais Al-
UNIDADE III ternativos na Ginástica e Atividades Circenses
GINÁSTICAS COMPETITIVAS
(OLÍMPICAS)
86 Evolução Histórica da Ginástica Artística
90 Características da Ginástica Artística 250 Conclusão Geral
91 Aparelhos da Ginástica Artística
100 Evolução Histórica da Ginástica Rítmica
106 Características da Ginástica Rítmica
109 Elementos Corporais e Manejo de Aparelhos
da Ginástica Rítmica
GINÁSTICA: DA SUA ORIGEM AO
CENÁRIO ATUAL

Prof. Dr. Antonio Carlos Monteiro de Miranda


Prof.ª Me. Fernanda Soares Nakashima

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Abordagens históricas e culturais da Ginástica
• A sistematização da Ginástica: Escolas Francesa, Alemã,
Inglesa e Nórdica (ou Sueca)
• O Universo da Ginástica e os campos de atuação
• A organização da Ginástica na atualidade

Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer a história da Ginástica por meio de um resgate
às origens do exercício físico.
• Compreender a evolução desta manifestação de acordo
com as diferentes culturas e sociedades, da Pré-história ao
Renascimento.
• Identificar a sistematização da Ginástica a partir do século
XIX por meio das Escolas Ginásticas europeias.
• Localizar o Universo da Ginástica e seus diferentes campos
de atuação na atualidade.
• Descrever a organização da Ginástica por meio das
diferentes instituições internacionais e nacionais que a
regulamentam.
unidade

I
INTRODUÇÃO

O
lá, seja bem-vindo(a)! Quando falamos de Ginástica o que vem em
sua mente? As atividades que vemos nas academias, como a Ginás-
tica Localizada, a Musculação, o Step o Jumping? Ou então, pode
ser que você se lembre de modalidades olímpicas, como a Ginástica
Artística ou a Rítmica. Pode ser até que você pense em Pilates ou Yoga. Você não
estaria errado em relacionar qualquer uma dessas atividades com ginástica, mas
já refletiu sobre como surgiram essas práticas? Como elas passaram a acontecer
com mais frequência em diferentes espaços? Será que estas atividades sempre
tiveram as características e objetivos que apresentam hoje? Você conseguirá res-
ponder a estas questões ao final desta unidade, constituída de 4 tópicos.
No primeiro tópico, vamos conhecer a origem da ginástica e sua evolução,
considerando os aspectos culturais que permearam esta manifestação corporal
e que a fizeram se desenvolver. No segundo tópico, vamos compreender o pro-
cesso de sistematização da Ginástica a partir das chamadas Escolas Ginásticas do
século XIX, que foram precursoras das diversas modalidades e atividades que
conhecemos atualmente. No terceiro tópico, vamos identificar o universo da
ginástica e seus diferentes campos de atuação na atualidade, com o intuito de
perceber quais são os espaços nos quais as práticas ginásticas acontecem. No
quarto tópico, vamos identificar a sistematização da Ginástica pelas diferentes
instituições internacionais e nacionais, almejando compreender como a mes-
ma é organizada mundialmente.
Os assuntos abordados nesta unidade permitirão uma aproximação
com o contexto ginástico, no sentido de proporcionar a você, futuro(a)
professor(a), uma aprendizagem que lhe dê subsídios para trabalhar este
conteúdo nos diferentes espaços com consistência e capacidade crítica,
de forma que esta manifestação da cultura corporal de movimento faça
parte das suas aulas não apenas como uma atividade prática sem refle-
xão, ou nos inícios das aulas como alongamento, mas sim como um co-
nhecimento construído historicamente pelo homem que merece fazer
parte da formação de seus alunos.
GINÁSTICA

Abordagens Históricas
e Culturais da Ginástica
Neste tópico, vamos examinar o contexto histó- a sobrevivência por meio da caça, da capacidade de
rico da Ginástica, compreendendo sua evolução fugir dos predadores, o seu nomadismo por entre as
por meio dos exercícios físicos da Pré-História florestas, causavam a necessidade de se movimentar
até o Renascimento. de diversas formas, fazendo com que estes se desen-
Se entendermos a Ginástica como uma ativida- volvessem corporalmente. Conforme afirmam Lan-
de em que o homem se movimenta realizando dife- glade e Langlade (1970) e também Souza (1997), por
rentes ações como correr, saltar, agachar-se, levan- meio de jogos, rituais e festividades pré-históricas,
tar-se, arremessar, pendurar-se, rolar, entre outras, acontecia a transmissão deste repertório motor de
poderemos perceber que desde os primórdios da uma geração a outra que, mesmo rudimentar, tinha
humanidade esta atividade física acompanha o vi- caráter utilitário.
ver do ser humano. No caso dos nossos ancestrais,

Figura 1 - Registros das atividades físicas do homem primitivo

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EDUCAÇÃO FÍSICA

Dessa forma, ao longo da história, veremos que a


Ginástica, aqui entendida como todo e qualquer
exercício físico praticado pelo homem, assume dife-
rentes formas de ser realizada e desenvolve caracte-
rísticas de acordo com os objetivos do homem e da
sociedade na qual este estava inserido.
Segundo Ramos (1982), na Antiguidade pode-
mos observar que, no oriente, os exercícios físicos se
manifestavam por meio de diferentes atividades. Os
egípcios praticavam a luta livre, o boxe, esgrima, na-
tação e remo; os assírios e babilônicos desenvolviam
práticas de caráter utilitário focadas em força, agili-
dade e resistência. Ainda de acordo com o mesmo
autor, os hititas priorizavam o treinamento hípico,
tornando-se exímios cavaleiros. As atividades físicas
como meio de preparação para a vida e de cunho
ritualístico eram priorizadas na Pérsia, Índia, Chi-
na e no Japão. Jogos, cultos, recreação e preparação
guerreira eram as práticas corporais dos indígenas
do novo mundo. Figura 3 - Indígenas e o exercício físico

Figura 2 - Registros - exercício físico no Egito Antigo Fonte: Wikimedia (2014, on-line)1.

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GINÁSTICA

Ainda na Antiguidade, no período Clássico da ci- importantes para a preparação militar, objetivando
vilização ocidental, na Grécia, o exercício físico se a defesa e conquista de territórios no período mo-
estabelecia em práticas esportivas, com a realização nárquico. As práticas de atividades desportivas (cor-
dos Jogos Olímpicos, com grande influência mitoló- ridas de bigas e combates de gladiadores) e higiêni-
gica e do ideal de beleza. Neste contexto destacam- cas eram também valorizadas. No tempo do Império
-se duas vertentes: Atenas e Esparta. Confome afir- houve uma decadência do caráter bélico, fazendo
ma Ramos (1982), em Atenas os exercícios físicos com que os combates de gladiadores e corridas de
buscavam a formação do cidadão integral, dotado biga emergissem juntamente com os espetáculos cir-
de educação corporal, composta pela eficiência edu- censes, como forma de entretenimento.
cacional, fisiológica, moral e estética. Já em Esparta
focavam a preparação militar, disciplina cívica, en-
durecimento do corpo, energia física e espiritual.

Figura 5 - Corridas de biga - Roma Antiga

Na Idade Média, com o domínio da Igreja, a pre-


paração militar tinha como foco as Cruzadas.
Práticas como esgrima, equitação, manejo de arco
e flecha, luta, escalada, marcha, corrida e salto fa-
ziam parte do repertório de treinamento dos sol-
dados. Os nobres participavam de competições
de esgrima e equitação nos torneios e justas, bus-
Figura 4 - Exercícios físicos na Grécia cando “enobrecer o homem e fazê-lo forte e apto”
(RAMOS, 1982, p. 23). Exercícios naturais, como
Ainda de acordo com Ramos (1982) e também de jogos simples e de caça e pesca, também eram
Souza (1997), em Roma o espírito prático e utilitário praticados nesse período.
fundamentava os exercícios corporais, sendo estes

16
EDUCAÇÃO FÍSICA

res relatam que as escolas renascentistas fizeram


surgir uma nova tendência para a educação física,
considerando-a como parte da educação, incluin-
do nos seus programas atividades como equitação,
corridas, saltos, esgrimas, jogos com bola entre
outros, as quais eram praticadas todos os dias pe-
los alunos ao ar livre.
Os renascentistas foram influenciados pelos ide-
ais gregos. Na Grécia Antiga, todas as formas de exe-
cício físico eram chamadas de Ginástica.
Na Idade Moderna, então, o exercício físico se
afirma como componente da educação. Tal cenário é
evidenciado por Souza (1997), ao tratar que:

O exercício físico na Idade Moderna, conside-


rada simbolicamente a partir de 1453, quando
da tomada de Constantinopla pelos turcos, pas-
sou a ser altamente valorizado como agente de
educação. Vários estudiosos da época, entre eles
inúmeros pedagogos, contribuíram para a evo-
lução do conhecimento da Educação Física com
a publicação de obras relacionadas à pedagogia,
à fisiologia e à técnica (SOUZA, 1997, p. 22).

Mas quando foi então que a Ginástica passou a ter as


características que a tornaram tal qual a conhecemos
hoje? Para entender esse processo, remetemos-nos
ao século XIX, o qual será abordado no tópico dois.

Figura 6 - Idade média - preparação para as Cruzadas REFLITA

Conforme afirmam Langlade e Langlade (1970),


Vimos que ao longo da história a ginástica e
o período do Renascimento foi marcado por uma os exercícios físicos foram praticados com
nova forma de pensar os exercícios físicos, fazen- diferentes objetivos. E hoje? O que você pensa
do ascender uma nova filosofia com respeito ao ser o fator motivador dos praticantes?

corpo e seus cuidados. Ainda, os mesmos auto-

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GINÁSTICA

A Sistematização
da Ginástica:
Escolas Francesa, Alemã,
Inglesa e Nórdica (ou Sueca)
Olá, prezado(a) aluno(a)! Esperamos que, por meio Afirmam Langlade e Langlade (1970) e também
do primeiro tópico, você tenha conhecido um pouco Soares (2002) que é por meio das Escolas Alemã,
sobre como a Ginástica se desenvolveu em diferen- Francesa e Nórdica que podemos entender a siste-
tes momentos históricos da humanidade. Neste se- matização da ginástica, as quais serão tratadas a se-
gundo tópico, trabalharemos com a sistematização guir. De acordo com Soares (2002), este movimento
da Ginástica a partir do século XIX por meio das tinha como princípios instituir ordem e disciplina, e
Escolas Ginásticas Europeias, as quais nos ajudarão contribuiu para afirmar a Ginástica como parte da
a entender como a Ginástica que conhecemos hoje educação dos indivíduos, sendo esta baseada na ci-
se constituiu. ência, técnica e condições políticas que se consolida-
Langlade & Langlade (1970) relatam que o iní- vam na Europa do século XIX.
cio do século XIX é o período considerado como
data da origem da atual Ginástica. De 1800 a 1900 A ESCOLA ALEMÃ
surge o Movimento Ginástico Europeu, compos-
to por quatro Escolas: Inglesa, Alemã, Francesa e Soares (2007) destaca que, por volta do ano de
Nórdica (ou Sueca). Os mesmos autores descrevem 1800, a Alemanha vivia um momento de busca pela
que o método ou escola inglesa, também denomina- união de seu território, e é nesse contexto político
do de movimento esportivo inglês, pelo seu caráter que surge a Escola Ginástica Alemã, inspirada nas
competitivo, é um dos métodos mais conhecidos e ideias de Johann Bernard Basedow (1723-1790) e
difundidos mundialmente. Ele não tem influência outros pedagogos como Johann Heinrich Pestalo-
direta no campo da ginástica, mas apresenta con- zzi (1746-1827) e Jean-Jacques Rousseau (1712-
tribuições, sobretudo, quanto à universalização de 1778). Soares (2007) ressalta que, a partir do qua-
conceitos e na promoção da ginástica como esporte dro instaurado, a ideologia presente era a de que a
olímpico. Suas bases estão assentadas nos jogos, na unicidade territorial e a defesa da pátria só seriam
atividade atlética e no esporte. garantidas a partir da criação de indivíduos de

18
EDUCAÇÃO FÍSICA

espírito nacionalista, ou seja, homens e mulheres


fortes, saudáveis e vigorosos. É nesse território de
intensas lutas políticas carregadas de sentimento
nacional que os pedagogos da Educação Física do
século XIX viveram, em especial: Johann Christoph
Friedrich Guts Muths (1759-1839), Friedrich Lu-
dwig Jahn (1778-1852) e Adolf Spiess (1810-1858).
O autor aponta também que, além de contribuírem
para a formação de um Estado alemão, as lutas po-
líticas, sociais e econômicas da Alemanha influen-
ciaram para que também deixassem uma herança
para o mundo da Educação Física, por meio de
suas formas especiais de exercitação.

Figura 7 - O Turner - a ginástica alemã Figura 8 - Praticantes de ginástica natural


Fonte: Wikipedia (2008, on-line)2. Fonte: Wikimedia (2014, on-line)3.

Basedow, ao criar seu Philanthropinum em 1774, es- Sendo assim, sob a influência de Guts Muths (1759-
cola fundada nas ideias de Rousseau, criou o primei- 1839), o “pai da ginástica pedagógica”, surge no iní-
ro programa moderno de Educação Física a partir cio do século XIX a Escola Alemã, a qual marca,
de exercícios de corrida, marcha, jogos, bola, pete- até os dias de hoje, importantes transformações na
ca, natação, arco e flecha etc. Em 1874, surge uma área da Educação Física e contribuições no campo
outra escola semelhante a essa, na qual Guts Muths da Ginástica.
assume aulas de ginástica, desenvolvendo, conforme Soares (2007) afirma que, para Guths Muths, a
afirma Betti (1991), um novo método conhecido por importância da fisiologia e da prática voltada à cons-
“ginástica natural” ou “método natural”. tituição de cada indivíduo era um fator fundamental

19
GINÁSTICA

na constituição da Ginástica na Alemanha. De acor- SAIBA MAIS


do com Tesche (2001), o trabalho de Guts Muths no
ensino da Educação Física e da Ginástica fez dele um Além do turnkunst, Jahn criou outros termos
nome importante para a área. Seu conhecimento na como: turnen (praticar ginástica), turner (prati-
área da filosofia, artes e ciências, além de suas habili- cante de ginástica ou ginasta), turnplatz (local
de prática de ginástica), voltigieren (balançar,
dades em trabalhos manuais e em ginástica, fez com voltear), torner (lutar, brigar) e turntag (dia
que ele percebesse a importância e a necessidade da da ginástica).
educação física ser praticada de acordo com as leis Fonte: os autores, baseados em Publio (2005).
fisiológicas e conhecimentos de anatomia.
O pedagogo Friederich Ludwing Jahn, conside-
rado como a figura mais representativa da Escola
Alemã, trouxe contribuições significativas. Afirmam
os autores Marinho (1958) e Ramos (1982) que sua
atividade política expressiva e seu destaque no con-
texto social e educacional fizeram com que o siste-
ma de Jahn se tornasse o preferido por mais de cem
anos na Alemanha e em países influenciados por sua
cultura. Nascido em Lanz, ele fundou uma ginástica
patriótica, que tinha objetivo político nacionalista.
De acordo com Soares (2007), a ginástica de Jahn
ultrapassava o caráter da saúde e da moral, sendo o
caráter militar bastante reforçado. Esta ginástica pre-
conizava a preparação dos jovens para guerra e tam-
bém carregava fortemente a ideologia higienista. Du-
rante os exercícios físicos, Jahn utilizava obstáculos,
Figura 9 - Ilustração da prática ginástica proposta por Jahn
os quais mais tarde foram chamados de “aparelhos de Fonte: Wikimedia (2015, on-line)4 e 5.

ginástica”. Com intuito de reforçar o patriotismo, Jahn


substituiu a palavra gymnastik (ginástica) pela palavra De acordo com Ramos (1982) e Borrmann (1980),
alemã turnkunst, que significa “a arte da ginástica”. o Turnkunst foi considerado, mais tarde, como pe-
O turnkunst era praticado em local aberto e ar- rigoso ao Estado, devido à atitude revolucionária
borizado chamado Volkspark Hasenheide (parque do dos praticantes, sendo assim, interditado na Prús-
povo). O lugar contava com instalações para a prática sia e em outros países alemães, constituindo o que
dos exercícios e uma praça que servia de local para ficou conhecido como “bloqueio ginástico”. Jahn
reuniões. Afirma Ramos (1982) que esse tipo de orga- foi condenado à prisão em 1819, e quando absolvi-
nização foi construído em outros pontos do país, com do teve de viver confinado em casa, sem poder es-
intuito de incutir nos jovens o amor à Pátria, e sua tabelecer-se em nenhuma cidade universitária. Só
preparação para o dissabor de uma possível guerra. mais tarde foi libertado e honrado pela atuação pa-

20
EDUCAÇÃO FÍSICA

ESCOLA NÓRDICA/SUECA

triótica. A interdição do método alemão aconteceu A Escola Nórdica/Sueca abrange um estudo das ati-
entre 1820-1942, contudo sua prática ainda acon- vidades físicas na Suécia, Dinamarca, Finlândia,
tecia de forma clandestina, em espaços fechados, Noruega, Islândia e Estônia-Letônia. O proponente
permitindo que novos aparelhos e técnicas surgis- desse método é Pehr Henrik Ling (1776-1839), que
sem, contribuindo para a constituição da atual Gi- desenvolveu uma ginástica impregnada de naciona-
nástica Artística. lismo e destinada a regenerar o povo, tornando os ho-
Outro nome importante de ser citado em se tra- mens capazes de preservar a paz na Suécia. Esta havia
tando da Escola Alemã é o de Adolf Spiess que estu- sido arrasada pelo imperialismo russo e guerras na-
dou em uma escola influenciado por Pestalozzi e lá poleônicas, além de ter sofrido com a tuberculose e
entrou em contato com o sistema ginástico de Guts raquitismo. Afirmam os autores Langlade e Langlade
Muths. Afirma Ramos (1982) que ele foi considera- (1970) e Ramos (1982) que se buscava por meio da
do um continuador da obra de Muths e denominado Ginástica extirpar os vícios da sociedade, dentre os
“pai da ginástica escolar alemã”. quais o alcoolismo, a fim de criar indivíduos fortes e
Marinho (1958) destaca que Spiess foi considera- saudáveis, necessários à produção da pátria.
do um inovador e suas ideias trouxeram novos ares
para a escola da época, sem falar do interesse dos es-
tudantes pela prática da Educação Física. Os apare-
lhos nas praças trouxeram um colorido para as esco-
las da época, garantindo um lugar de destaque entre
os educadores como um dos líderes da pedagogia na
Educação Física por meio do ensino da Ginástica.
Exaltou a ginástica de exibição, como importante re-
curso no despertar pela prática pelos leigos e na aten-
ção das autoridades. O autor ainda aponta que Spiess
lutou pelo emprego de professores especialistas em
número suficiente para as turmas, criando cursos
destinados à formação de professores.
No Brasil, o método alemão de ginástica foi
considerado oficial do exército brasileiro de 1860
até 1912, quando foi substituído pelo método da Figura 10 - Aula de ginástica sueca
Escola Francesa. Fonte: Gymnastik (MALMO, on-line)6.

21
GINÁSTICA

Sendo assim, conforme afirma Ramos (1982), o Segundo Ramos (1982):


método de Ling se baseava na ciência, a partir de
uma análise anatômica do corpo, e a prática da Gi- Em 1808, sob a influência de Ling, deu a Suécia
os primeiros passos para o estabelecimento da gi-
nástica deveria ser dividida em 4 partes: Ginástica nástica escolar. O regulamento da época determi-
Pedagógica ou Educativa; Ginástica Militar; Gi- nou que em todos os centros de educação, fossem
nástica Médica e Ortopédica; e Ginástica Estética, criadas condições favoráveis para a prática de
tornado evidente o caráter médico-higiênico e a exercícios de escalada, saltos, acrobacias, natação
e etc., sob a direção de um monitor e durante as
anatomofisiológico.
horas de liberdade (RAMOS, 1982, p. 198).
Como princípios fundamentais da proposta de
Ling, podemos especificar: A partir daí, a Ginástica tornou-se obrigatória nas
1. Os movimentos ginásticos devem se base- escolas, e o jovem somente poderia ser dispensado
ar nas necessidades e nas leis do organismo caso este demonstrasse ser inapto para a prática de
humano, escolhendo as formas mais eficazes, atividades físicas.
segundo certas regras, sem esquecer as exi-
gências da beleza.
2. A ginástica deve desenvolver harmonica-
mente o corpo, atuando sobre as suas dife-
rentes partes, dentro das possibilidades de
cada praticante.
3. Para efeito de controle, todo movimento ne-
cessita ter uma forma determinada, isto é,
uma posição de partida, certo desenvolvi-
mento e uma posição final.
4. Os exercícios empregados na ginástica peda-
gógica devem ser convenientemente selecio-
nados, tendo em vista exercer o efeito corre-
tivo sobre a atitude. Além do mais, precisam Figura 11 - Apresentação de ginástica sueca
ser simples e atraentes. Fonte: Wikimedia (2014, on-line)7.

5. A ginástica deve desenvolver gradualmente o


corpo por meio de exercícios de intensidade Ling buscava, por meio dos seus princípios, criar
e dificuldade crescentes, levando em conta a diferentes exercícios concebendo-os dentro de uma
capacidade do praticante.
base anatômica e fisiológica. Sua proposta preco-
6. A ginástica visa tanto ao corpo como ao espí-
nizava ordem militar, cantos alegres e disciplina,
rito, de tal maneira que sua prática seja sem-
priorizando exercícios livres, sem aparelhos, cuja
pre acompanhada de prazer.
execução era em conjunto de maneira fácil e esté-
7. A ginástica precisa sempre combinar a teoria
com a prática. tica que permitia uma prática generalizada. Afirma
8. A saúde é necessária aos dois sexos, possivel- Ramos (1982) que alguns exercícios mais dinâmicos
mente mais à mulher, porque sua vida dará também foram desenvolvidos, como natação, jogos
origem à outra. ginásticos, patinação e esgrima.

22
EDUCAÇÃO FÍSICA

De acordo com Langlade e Langlade (1970) e mergulhar, escorregar, patinar, esgrimar, dançar,
Soares (2007), no Brasil este método foi divulgado utilizar o cavalo, praticar o tiro, jogar bola, boxear
por Rui Barbosa (1849-1923), por se relacionar com com os punhos e com os pés, entre outros movimen-
a medicina e com a ciência. tos. Ramos (1982) afirma que a forma de desenvol-
vimento destas atividades tinha semelhança com o
A ESCOLA FRANCESA atual Circuit training.

Na França a Ginástica integra a ideia de uma edu-


cação voltada para o desenvolvimento social, sen-
do necessários homens completos, sendo orientada
tanto para militares quanto para toda a população
no intuito de criar o “homem universal”.
Desenvolvida na metade do século XIX, a Ginás-
tica Francesa, baseada nas ideias dos alemães Jahn
e Guts Muths, tinha forte traço moral e patriótico,
preocupando-se com o corpo anatomofisiológico.
Seu fundador foi o espanhol Francisco de Amorós
y Ondeano (1770-1848), e para ele a Ginástica de-
Figura 12 - Livro escrito por Amóros - Ginástica e moral
senvolveria homens mais corajosos, intrépidos, in- Fonte: Wikipedia (2014, on-line)8.
teligentes, sensíveis, fortes, habilidosos, adestrados,
velozes, flexíveis e ágeis, características necessárias A figura do pedagogo e cientista Georges Demenÿ
para enfrentar todas as dificuldades assinaladas pelo (1850-1917) é de destaque quando se trata da Edu-
Estado e pela sociedade. Para isso, Amorós criou um cação Física que primava pela ciência e não pelo em-
método de ginástica próximo ao de Ling, na Suécia pirismo. Para ele, a Educação Física era o conjunto
(1776-1839). de meios voltados a ensinar o homem a executar
O método de Amorós, a partir de 1850, integra qualquer trabalho físico com o máximo de econo-
todas as escolas da França. Por valorizar o caráter mia de esforço no emprego de força. Afirmam os
científico, seu trabalho auxiliou no desenvolvimento autores Langlade e Langlade (1970), Ramos (1982)
de estudos no ramo da biologia, fisiologia e médicos e Soares (2007) que Demenÿ preocupou-se com os
envolvidos com discussões sobre os exercícios físi- exercícios destinados à mulher, desenvolvendo estu-
cos. De acordo com Ramos, este método “admitia dos sobre movimento arredondado, contínuo e com
três tipos de ginástica: civil, militar e médica (RA- ritmo, e que foi a influência da dança que o levou a
MOS, 1982, p. 219). trabalhar com a ginástica feminina.
A ginástica amorosiana era composta por um Outro precursor da Escola Francesa foi Georges
conjunto de dezessete séries: exercícios de marchar, Hébert (1875-1957), oficial da Marinha que criou
trepar (inclusive trabalho no trapézio), equilibrar, o chamado Método Natural que foi desenvolvido a
saltar, levantar e transportar, correr, lançar, nadar, partir das viagens feitas por Hébert a lugares pouco

23
GINÁSTICA

civilizados, principalmente na região de Orenoco e metodologia de educação musical por meio dos
nos mares do Sul (Oceania). Por meio de observação movimentos corporais, que desenvolvia o ritmo, os
dos nativos, Hébert percebeu que estes desfrutavam sentidos e a expressividade. Seu método sempre se
de excelente saúde, postura e elevado grau de robus- relacionou com os procedimento técnicos-metodo-
tês. Além disso, ao estudar civilizações primitivas, lógicos da cultura rítmico-musical e influenciou o
verificou que a vida ao ar livre e a relação com a na- surgimento da chamada ginástica moderna, voltada
tureza proporcionavam ao homem perfeitas condi- para as mulheres, criada por Rudolf Bode (1881-
ções físicas mediante as constantes atividades na luta 1970), com contribuições de Jean Georges Noverre
pela existência. De acordo com Ramos (1982), os (1727-1810) e François Delsarte (1811-1881).
exercícios naturais propostos por Hébert baseavam- Conforme afirmam Langlade e Langlade (1970),
-se em marchar, correr, saltar, quadrupedar, trepar, o movimento do norte é composto pela Escola Sueca
equilibrar, levantar, lançar, defender-se e nadar. (ou Nórdica) e se deu no período de 1914 a 1918,
momento que começa a ter como foco as ideias de
MOVIMENTOS DO SÉCULO XX Ling a partir de outras perspectivas. De maneira ge-
ral, as contribuições ao campo prático se referiam
Cem anos depois do advento das Escolas Ginás- mais à técnica de construção e execução dos movi-
ticas, ou seja, a partir do século XX, surgem três mentos em si do que desenvolvê-los em uma pers-
grandes movimentos como resposta a um fenô- pectiva doutrinária. Os mesmos autores ressaltam
meno social e uma urgente necessidade de modi- que o movimento do oeste teve características seme-
ficações e significações das primeiras formas gi- lhantes ao do norte, manifestando-se nos campos da
násticas, em especial das Escolas Alemã, Sueca e ciência e no foco técnico-pedagógico.
Francesa. Conforme afirmam Langlade e Langlade Esses movimentos, ao geraram um repensar so-
(1970), esses movimentos são: bre os conceitos das Escolas europeias, foram im-
portantes para a evolução e aparecimento das dife-
Quadro 01 - Sistematização dos movimentos do Sé- rentes manifestações gímnicas que se constituem na
culo XX atualidade. A partir destes é que foram surgindo as
primeiras regulamentações das ginásticas e subdivi-
Movimento do Movimento do Movimento do
Centro Norte Oeste sões das diferentes modalidades.
Escola Alemã Escola Sueca Escola Francesa Hoje, assistimos à excelência da Ginástica nos
Manifestação Manifestação Manifestação campeonatos nacionais e internacionais e, quando
artístico-rítmi- científica e téc- científica e téc- fazemos uma retrospectiva dessa manifestação, con-
co-pedagógica nico-pedagógica nico-pedagógica seguimos perceber como as mudanças sociais, cultu-
Fonte: adaptado de Langlade e Langlade (1970). rais e históricas ao longo dos tempos têm contribuído
para que esta adquirisse significado na história do
O Movimento do Centro teve uma grande influên- homem. É nesse sentido que as reflexões devem se
cia de Émile Jaques Dalcroze (1865-1950), que criou encaminhar, para que se entenda de forma dialética a
em seu conservatório musical, em Genebra, uma ação do homem sobre seu meio e sua transformação.

24
EDUCAÇÃO FÍSICA

O Universo da Ginástica
e os Campos de Atuação

Prezado(a) aluno(a), neste tópico iremos esclarecer como o Universo da Ginás-


tica e seus diferentes campos de atuação se estruturam na atualidade. Por isso,
perguntamos a você: caso tenha que classificar as diferentes ginásticas que já viu,
seja na televisão, na academia, na escola, em centros de treinamento ou até em
espaços públicos, que elementos você levaria em consideração para realizar esta
tarefa? Saberia reconhecer nas manifestações gímnicas aspectos que pudessem
estabelecer classes distintas?
Pensando sobre isto, Souza (1997) estabeleceu uma organização para as áreas
de atuação da Ginástica, sistematizando-as em cinco campos, conforme mostra a
Figura 14.

Figura 14: Campos de atuação da Ginástica

GINÁSTICA

DE CONDICIONAMENTO DE CONSCIENTIZAÇÃO
DE COMPETIÇÃO FISIOTERÁPICAS DE DEMONSTRAÇÃO
FÍSICO CORPORAL

Musculação Eutonia Ginástica Artística Redução Postural


Localizada Feldenkrais (Masculina e Feminina) Global (RPG)
Aeróbica Yoga Ginástica Rítmica Cinesioterapia Ginástica para todos
Treinamento funcional Bioenergética Ginástica Aeróbica Isostretching
Step Anti-ginástica Ginástica Acrobática etc.
Zumba Tai Chi Chuan Trampolim
etc. etc. Roda Ginástica
Tumbling
Rope Skipping
etc.

Fonte: Adaptado de: Souza (1997).

25
GINÁSTICA

Conforme afirma Souza (1997), as ginásticas de con-


dicionamento físico são as modalidades mais conheci-
das. São vistas normalmente nas academias por meio
das atividades que visam ao desenvolvimento das di-
ferentes capacidades físicas (força, flexibilidade, resis-
tência e velocidade). Sendo assim, estão relacionadas à
manutenção da boa forma e do bom desempenho das
funções orgânicas. Abrangem todas as modalidades
que têm por objetivo a aquisição ou a manutenção da
aptidão física do indivíduo normal e/ou atleta. Como
exemplo podemos citar a localizada, aeróbica, body
pump, body combat, musculação, step entre outras.

26
EDUCAÇÃO FÍSICA

As ginásticas de competição reúnem todas as mo-


dalidades competitivas, as quais vemos em eventos
pela televisão, em campeonatos como os jogos pa-
namericanos e jogos olímpicos, como a artística, a
rítmica, a acrobática, a aeróbica, a de trampolim,
entre outras. Estas sofreram influências das Escolas
Ginásticas, surgidas no continente Europeu no sé-
culo XIX, e sistematizaram-se de formas diferentes,
como vimos nos tópicos anteriores.

27
GINÁSTICA

As ginásticas fisioterápicas são as responsáveis pela uti-


lização do exercício físico na prevenção ou tratamento
de doenças. Dentre elas, podemos citar isostretching, re-
educação postural global, cinesioterapia, entre outras.
Essas modalidades possuem grande vínculo com
o caráter médico que a ginástica ganhou a partir do
século XIX. Para alguns autores como Fiorin (2002),
as ginásticas fisioterápicas possuem vínculo com as
técnicas orientais. Mesmo que nos séculos XIX e XX
a Europa tenha servido como grande influência na
ginástica, não podemos negar a forte aproximação
existente entre esse tipo de ginástica e o oriente.
De acordo com Souza (1992), as ginásticas de
conscientização corporal reúnem as novas propostas
de abordagem do corpo, também conhecidas por téc-
nicas alternativas, ou ginásticas suaves. A grande maio-
ria desses trabalhos teve origem na busca da solução de
problemas físicos e posturais. Afirma Barbosa-Rinaldi
(2010) que a chegada desse tipo de ginástica no Brasil
é recente, por volta da década de 1970, inspirada em
práticas milenares como yoga e tai-chi-chuan. Como
exemplos temos a eutonia, o método feldenkrais, a
bioenergética e a antiginástica - essa última se opõe
ao corpo belo das ginásticas de academia, buscando a
liberação dos padrões estabelecidos pela sociedade e
priorizando a saúde relacionada ao bem-estar.

SAIBA MAIS

O pilates poderia se enquadrar tanto como


uma ginástica fisioterápica quanto de cons-
cientização corporal, pois sua prática tem
objetivos relacionados aos fins destes dois
segmentos. Hoje, o pilates é uma área comum
de atuação de fisioterapeutas e profissionais
da educação física, cada um atuando de acor-
do com as especificidades da sua formação.
Fonte: os autores.

28
EDUCAÇÃO FÍSICA

Já a ginástica de demonstração tem como represen- seus aspectos motor, cognitivo, afetivo e social. A
tante a Ginástica Para Todos (GPT), antiga Ginásti- GPT engloba todas as modalidades gímnicas, desde
ca Geral (GG), cuja principal característica é a não que tenha somente caráter demonstrativo. A GPT
competitividade, tendo como função a interação é a única modalidade não competitiva reconhecida
social, isto é, a formação integral do indivíduo nos pela Federação Internacional de Ginástica (FIG).

Fonte: Maringá News (2015, on-line)9.

A Ginástica para Todos (GPT), segundo Barbosa- criativo, pode ser desenvolvida tanto na educação
-Rinaldi e Paoliello (2008), é um elemento da cul- formal como na informal, abrindo possibilidade de
tura corporal de movimento, podendo participar novas e enriquecedoras experiências de movimento
do processo de formação de indivíduos críticos e e expressão para aqueles que a ela tem acesso.
assumindo sua função educacional. A GPT é uma Mediante essas classificações gímnicas apresenta-
atividade gímnica inclusiva, da qual as pessoas po- das e seus diferentes campos de atuação, é possível per-
dem participar independentemente de idade, gêne- ceber o quanto é rico e amplo esse universo da ginástica
ro, condição física ou técnica. Engloba várias mani- na atualidade. Todavia, o mais importante é promover
festações da ginástica, assim como outras formas de que esses conhecimentos cheguem até os alunos e que
expressão corporal, como o teatro, o circo, a dan- desafios sejam postos, viabilizando novas abordagens
ça etc. Sua prática, de caráter participativo, livre e gímnicas nos mais diversos espaços de intervenção.

29
GINÁSTICA

A Organização
da Ginástica
na Atualidade

Olá, aluno(a)! Chegamos ao último tópico dessa Em português, a Federação Internacional de


primeira unidade, e nele iremos descrever a or- Ginástica (FIG) tem como objetivo orientar, regu-
ganização da Ginástica por meio das diferentes lamentar, controlar, difundir e promover eventos
instituições internacionais e nacionais que a re- na área. Segundo Souza (1997, p. 29), a FIG tem
gulamentam. “[...] sua origem nas Federações Europeias de Gi-
Se você já assistiu a uma ginástica de competição, nástica (Fédérations Européennes de Gymnastique
seja ao vivo ou pela televisão, deve ter percebido que - FEG), estabelecidas em 23 de julho de 1881 em
os atletas recebem notas pelo seu desempenho. Estas Bruxelas - Bélgica, com a participação da França,
notas são dadas pelos árbitros que, baseados em um re- Bélgica e Holanda”. Em 1921 outros países passam
gulamento, atribuem valores aos exercícios apresenta- a fazer parte da FEG, que passou então a se cha-
dos pelos ginastas. Mas quem, então, é responsável por mar FIG, com a participação de dezesseis federa-
formular estas regras que são válidas no mundo todo? ções (países).
Assim como em outros esportes, por exemplo, Atualmente, a FIG regulamenta 6 modalidades
o futebol, que possui a Fédération Internacionale de competitivas (Ginástica Artística Masculina, Ginás-
Football Association, mais conhecida por FIFA, ou o tica Artística Feminina, Ginástica Rítmica, Ginástica
voleibol, que tem a Fédération Internacionale de Vol- Aeróbica, Ginástica Acrobática e Trampolim, e uma
leyball, a FIVB, a área da Ginástica possui também modalidade não competitiva, somente demonstrati-
uma organização denominada Fédération Interna- va, que é a Ginástica Para Todos (antiga Ginástica
cionale de Gymnastique, ou FIG. Geral), conforme mostrado na Figura 14.

30
EDUCAÇÃO FÍSICA

ESTRUTURA DA FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE GINÁSTICA

Competitivas Demonstrativa

Ginástica Artística Ginástica Artística


Masculina Feminina Ginástica para
todos
Ginástica Acrobática Ginástica Rítmica
Trampolim Ginástica Aeróbica
Figura 14: Estrutura da Federação Internacional de Ginástica
Fonte: Figura estruturada a partir do site da Federação Internacional de Ginástica (FIG, on-line)10.

Dentre as modalidades competitivas, apenas qua- mericana de Ginástica, a União Europeia de Ginásti-
tro são olímpicas: a Ginástica Artística Masculina, ca e a União Africana de Ginástica. Estas Federações
a Ginástica Artística Feminina, a Ginástica Rítmica facilitam as relações entre as Confederações de cada
e o Trampolim. Para que uma modalidade seja in- país, a exemplo da Confederação Brasileira de Ginás-
cluída nos Jogos Olímpicos deve haver aprovação do tica (CBG), responsável pela organização de competi-
Comitê Olímpico Internacional (COI), que analisa ções e eventos da ginástica no nosso país. Além disso,
determinados requisitos para tal fim. cada estado brasileiro possui a sua Federação, que se
Para controle da Ginástica em âmbito continental, torna responsável pelo desenvolvimento das modali-
existem a União Asiática de Ginástica, a União Pana- dades gímnicas dentro da sua área de abrangência.

31
considerações finais

N
esta unidade, estudamos a origem da Ginástica, que surgiu atre-
lada à história dos exercícios físicos. Vimos que, a cada momento
histórico e em determinadas sociedades, a prática corporal estava
relacionada ao contexto vivido pelos diferentes povos, possuindo
assim objetivos distintos. No percurso de estudo fomos da Pré-história ao Re-
nascimento para então chegarmos ao período do século XIX em que a ginástica
é sistematizada pelas Escolas Europeias, as quais permitiram e contribuíram para
que esta evoluísse e chegasse às modalidades que conhecemos hoje.
A fim de compreender como os campos de atuação da área da Ginástica se
apresentam hoje, tratamos sobre o Universo da Ginástica, que define 5 campos
distintos, os quais foram brevemente descritos. Para complementar o entendi-
mento de como a Ginástica se organiza na atualidade, falamos sobre a Federação
Internacional de Ginástica (FIG), órgão máximo responsável pela área e as de-
mais instituições continentais, nacionais e estaduais, bem como cada um desses
elementos regulamentam e organizam a Ginástica de acordo com o seu contexto.
Os tópicos abordados permitiram uma aproximação com o contexto da Gi-
nástica de forma a possibilitar uma visualização abrangente desta área de conhe-
cimento no sentido de que esses elementos sirvam como base para que você, fu-
turo(a) professor(a), possa compartillhar com seus alunos o conteúdo discutido
nesta unidade.
Por meio dos temas desenvolvidos, você poderá organizar atividades que le-
vem seus alunos a conhecerem o contexto histórico da Ginástica, para que eles
compreendam como as modalidades de hoje receberam influências de diferentes
momentos históricos, fazendo com que essas tenham características próprias a
partir da influência e das características que receberam. Além disso, você poderá
apresentar quais os campos de atuação da Ginástica e como essa modalidade se
organiza mundialmente, temas que possibilitarão fazer com que conheçam a Gi-
nástica para além daquela vinculada pela mídia.

32
atividades de estudo

1. Mediante os seguintes trechos: III. A preparação militar tinha como foco as Cru-
I. Nos primórdios da humanidade o homem zadas. Práticas como esgrima, equitação, ma-
praticava exercícios físicos com o objetivo de nejo de arco e flecha, luta, escalada, marcha,
tornar-se mais forte e com o corpo belo. corrida e salto faziam parte do repertório de
treinamento dos soldados.
II. O homem da pré-história, mesmo com seus
movimentos rudimentares, transmitia suas IV. Na Grécia o exercício físico se estabelecia em
habilidades de uma geração a outra e essas práticas esportivas, com a realização dos jo-
práticas corporais eram bastante utilitárias. gos olímpicos, com grande influência mitológi-
ca e do ideal de beleza.
III. Na Antiguidade, os egípcios praticavam a luta
livre, o boxe, esgrima, natação e remo, e os
( ) Antiguidade.
assírios e babilônios desenvolviam práticas de
caráter utilitário que focavam força, agilidade ( ) Idade Média.
e resistência. ( ) Idade Moderna.
IV. Na Antiguidade, no período clássico da civiliza- ( ) Renascimento.
ção ocidental, os gregos praticavam atividade
física com o objetivo de divertimento e liberda- A sequência correta é:
de, focando o simples prazer destas práticas. a. C - A - D - B.
b. A - C - B - D.
Assinale o que for correto:
c. D - B - A - C.
a. Somente as alternativas I, II e III estão corretas.
d. B - A - C - D.
b. Somente as alternativas I, III e IV estão corretas.
e. D - C - B - A.
c. Somente as alternativas I e II estão corretas.
d. Somente as alternativas II e III estão corretas. 3. O início do século XIX é o período considera-
e. Nenhuma das alternativas estão corretas. do como data da origem da atual Ginástica.
De 1800 a 1900 surge o Movimento Ginástico
Europeu composto por quatro Escolas: Inglesa,
2. Relacione os períodos históricos e as práticas
Alemã, Francesa e Nórdica (ou Sueca). Sobre
corporais daquele momento.
esse assunto, relacione as colunas.
I. Nova forma de pensar os exercícios físicos,
fazendo ascender uma nova filosofia com res- I. A interdição desse método aconteceu entre
peito ao corpo e seus cuidados. 1820-1942, contudo sua prática ainda acon-
tecia de forma clandestina, constituindo o que
II. O exercício físico se afirma como componen-
ficou conhecido de “bloqueio ginástico”. Em
te da educação. Vários estudiosos da época,
contrapartida, novos aparelhos e técnicas re-
entre eles inúmeros pedagogos, contribuíram
quintadas surgiram, como a ginástica de sala,
para a evolução do conhecimento da Educa-
a qual com o tempo veio constituir a atual gi-
ção Física com a publicação de obras relacio-
nástica artística.
nadas à pedagogia, à fisiologia e à técnica.

33
atividades de estudo

II. Pelo seu caráter competitivo, é um dos mé- A sequência correta é:


todos mais conhecidos e difundidos mun- a. B - A - D - C.
dialmente. Ele não tem influência direta no
b. D - C - A - B.
campo da ginástica, mas apresenta contribui-
ções, sobretudo, quanto à universalização de c. A - C - B - D.
conceitos e na promoção da ginástica como
d. A - B - C - D.
esporte olímpico.
e. B - D - A - C.
III. Baseava-se na ciência, a partir de uma análise
anatômica do corpo, e a prática da Ginástica
4. Relacione os campos de atuação com as moda-
deveria ser dividida em 4 partes: ginástica pe-
lidades ginásticas.
dagógica ou educativa; ginástica militar; ginás-
tica médica e ortopédica; e ginástica estética, I. Ginástica Para Todos.
tornado evidente o caráter médico-higiênico e II. Rpg, Cinesioterapia, Isostretching…
a anatomofisiológico.
III. Ginástica Artística, Ginástica Rítmica, Ginástica
IV. Essa Escola Ginástica integra a ideia de uma Aeróbica, Ginástica Acrobática…
educação voltada para o desenvolvimento so-
cial, sendo necessários homens completos, IV. Musculação, Localizada, Aeróbica, Treinamen-
orientada tanto para militares quanto para to Funcional, Step, Zumba…
toda a população no intuito de criar o “ho- V. Eutonia, Yoga, Bioenergética, Tai Chi Chuan…
mem universal”.
( ) De Condicionamento Físico.
( ) Escola Inglesa. ( ) De Conscientização Corporal.
( ) Escola Alemã. ( ) De Competição.
( ) Escola Francesa. ( ) Fisioterápicas.
( ) Escola Nórdica ou Sueca. ( ) De Demonstração.

34
atividades de estudo

A sequência correta é: b. Somente as alternativas II, III e IV estão corretas.


a. I - II - IV - V - III. c. Somente as alternativas I e II estão corretas.
b. II - IV - V - III - I. d. Somente as alternativas I, III e IV estão corretas.
c. IV - V - III - II - I. e. Todas as alternativas estão corretas.
d. IV - V - I - II - III.
6. Mundialmente existem diferentes órgãos res-
e. V - IV - II - I - III.
ponsáveis pela ginástica. Escolha a opção cor-
reta que organiza o quadro a seguir, de forma
5. Sobre as modalidades ginásticas:
que o primeiro nome seja o mais representati-
I. As ginásticas Artística, Acrobática e Localizada vo mundialmente e assim por diante.
são ginásticas competitivas.
I. Confederações (nacionais).
II. As ginásticas de condicionamento físico são
II. Uniões (continentes).
aquelas presentes nas academias e na prepa-
ração de atletas. III. Federações (estaduais).

III. A Roda Ginástica, o Tumbling e o Rope Ski- IV. FIG.


pping são modalidades competitivas, mas
não fazem parte da FIG. A ordem correta é:
IV. As ginásticas Artística Masculina, Artística Fe- a. II - III - IV - I.
minina, Rítmica, Aeróbica, Acrobática e Tram- b. IV - I - II - III.
polim são as modalidades competitivas regu-
c. IV - II - I - III.
lamentadas pela FIG.
d. IV - III - II - I.
Assinale o que for correto: e. III - I - II - IV.
a. Somente as alternativas I, II e III estão corretas.

35
LEITURA
COMPLEMENTAR

Leia o excerto do artigo a seguir que trata sobre o corpo


no século XIX.

O movimento humano decomposto leva sua mecânica a metade do século XVIII, os dedos ágeis que ocupam uma
concorrer com uma mecânica mais ampla; o esforço é se- parte do quadro para acentuar a habilidade dos gestos,
parado da habilidade para ser submetido a muitos outros apagam-se na Encyclopédie moderne (Enciclopédia mo-
empreendimentos: “Esta vantagem pode ir muito além derna) de Courtin, em 1823. O trabalho mecânico come-
nos grandes estabelecimentos [...] onde é necessário for- ça a prevalecer em relação ao trabalho de habilidade.
necer uma atenção escrupulosa no cálculo da duração de A física prevalece em relação à agilidade, a medida ao
cada tipo de ocupação, para proporcioná-los ao número tato. O conjunto dos registros corporais oscila, favore-
determinado de operários que lhe são destinados, nin- cendo movimentos geométricos explicitamente orques-
guém jamais permanece ocioso e o conjunto atinge o má- trados, rigorosamente medidos e precisos. O programa
ximo de velocidade” (DUPIN, 1826, p. 128-129). da ginástica dos anos de 1820 compreende, em paralelo,
A ginástica concorre com esse projeto explícito, desenvol- tanto conteúdos militares ou medicinais, quanto uma “gi-
vendo a “destreza” por meio de uma “disposição precisa nástica civil e industrial” (AMOROS, 1834, p. 10).
das forças” (CLIAS, 1843, p. 14). Esse fato é percebido logo
Fonte: Vigarello (2003, p. 14-15).
no início do século por Pestalozzi, ao propor a aprendiza-
gem de “movimentos simples” para favorecer “a aptidão
ao trabalho” (apud SOÉTARD, 1987, p. 70), chegando mes- Por meio deste trecho do texto, podemos observar que

mo a pensar em até “1.000 exercícios diferentes para os a prática de exercícios físicos/ginásticos não estavam

braços” (LATY, p. 209). Impõem-se igualmente a esse pro- voltados apenas para objetivos ligados ao prazer, prepa-

jeto explícito as comparações, sempre mais frequentes, ração do corpo para guerra ou práticas esportivas das

entre a eficácia dos movimentos orgânicos e a eficácia mais diversas. Ela também tinha uma forte influência na

dos movimentos maquínicos: por exemplo, a considera- busca de um corpo preparado para o trabalho, que cada

ção paralela e a hierarquia realizada entre a eficiência do vez produzisse mais e desse bons resultados ao cenário

serrador e a eficiência da serra mecânica (DICTIONNAIRE laboral. Além disso, essa busca pela técnica, perfeição e

DE L´INDUSTRIE MANUFACTURIÈRE, 1843, p. 101). exatidão nos movimentos também reflete nas competi-

As gravuras das enciclopédias, por meio das suas re- ções das ginásticas competitivas em que cada vez mais

composições após algumas décadas, ilustram essas re- os atletas precisam dedicar-se ao treinamento para al-

novações. As mãos do operário ou do artesão, bastante cançar os resultados que os regulamentos das modali-

presentes nas pranchas da “Encyclopédie” de Diderot na dades lhe exigem.

36
EDUCAÇÃO FÍSICA

Os exercícios físicos na história e na arte


Jair Jordão Ramos
EDITORA: Ibrasa
SINOPSE: As pesquisas do professor Jayr Ramos estenderam-se
até os tempos pré-históricos, estudando os ritos, cultos, pre-
paração guerreira, ações competitivas e práticas recreativas.
Aborda a Arte Desportiva, assinalando desde a Grécia antiga a
ligação entre corpo e espírito. Traz informações sobre as antigas
civilizações do Mediterrâneo e suas práticas esportivas. Traça
um esboço histórico-cultural-desportivo da velha Grécia, mos-
trando a ligação entre Arte e desporto: os Grandes Jogos Olímpi-
cos. Descreve os exercícios físicos na Roma antiga, na Idade Mé-
dia, passando depois para a Era Moderna: a Educação Física e os
desportos em vários países. Traça o perfil de alguns líderes do
pensamento em Educação Física, discorre sobre os Jogos Olím-
picos contemporâneos e a Ideologia Olímpica. Faz um estudo
sobre a Educação Física no Brasil. Traça um panorama mundial
da Educação Física e dos desportos.

APRESENTAÇÃO: Para conhecer mais sobre a ginástica mundialmente, acesse o link a seguir,
no qual você poderá conhecer todas as regras, eventos e assistir a vídeos das diferentes mo-
dalidades ginásticas.
Disponível em: <www.fig-gymnastics.com>.

APRESENTAÇÃO: Para conhecer a organização da ginástica em nosso país, o calendário de


competições nacionais e as regras das competições, acesse o link a seguir.
Disponível em: <www.cbginastica.com.br>.

37
referências

BARBOSA-RINALDI, I. P. A Ginástica no ensino su- Compreendendo a ginástica artística. São Paulo:


perior: conhecimento e intervenção. In: LARA, L. M. Phorte, 2005.
(Org). As abordagens socioculturais em Educação RAMOS, J. J. Os exercícios físicos na história e na
Física. Maringá-PR: Eduem, 2010, p. 194. arte. São Paulo: IBRASA, 1982.
BARBOSA-RINALDI, I. P. ; PAOLIELLO, E. Sa- SOARES, C. L. Imagens da Educação no corpo. 2 ed.
beres ginásticos necessários à formação profissio- Campinas-SP: Autores Associados, 2002.
nal em educação física: encaminhamentos para ______. Educação Física: raízes europeias e Brasil.
uma estruturação curricular. Revista Brasileira Campinas-SP: Unicamp, 2007.
de Ciências do Esporte, Campinas-SP, v. 29, n. 2, SOUZA, E. P. M de. A Busca do autoconhecimento
p. 227-243, jan. 2008. através da consciência corporal: uma nova tendên-
BETTI, M. Educação Física e sociedade. São Paulo: cia. 1992. 88 p. Dissertação (Mestrado em Educação
Movimento, 1991. Física) – Faculdade de Educação Física, UNICAMP,
BORRMANN, G. Ginástica de Aparelhos. Lisboa: Campinas-SP, 1992.
Editorial Estampa, 1980. ______. Ginástica Geral: uma área do conhecimento
FIORIN, C. M. A ginástica em Campinas: suas for- da Educação Física. 1997. 163 f. Tese (Doutorado em
mas de expressão da década de 20 a década de 70. Educação Física) – Faculdade de Educação Física,
2002. 173 f. Dissertação (Mestrado em Educação Fí- UNICAMP, Campinas-SP, 1997.
sica) - Faculdade de Educação Física, Universidade TESCHE, L. O Turnen, a Educação e a Educação Fí-
Estadual de Campinas, Campinas-SP, 2002. sica nas escolas Teuto-Brasileiras no Rio Grande do
LANGLADE, A., LANGLADE, N. R de. Teoria ge- Sul: 1852-1940. Ijuí-RS: Unijui, 2001.
neral de la gimnasia. Buenos Aires: Stadium, 1970. VIGARELLO, G.. A invenção da ginástica no século
MARINHO I. P. Sistemas e Métodos da Educa- XIX: movimentos novos, corpos novos. Revista Bra-
ção Física: recreação e jogos. 4 ed. São Paulo: Cia sileira de Ciências do Esporte, Campinas-SP, v. 25,
Brasil, 1958. n. 1, p. 09-20, set. 2003.
PUBLIO, N. S. Origem da ginástica artística. In:
NUNOMURA, M.; NISTAPICCOLO, V. L. (Org).

38
EDUCAÇÃO FÍSICA

Referências On-Line

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with_the_Group_of_Five.jpg>. Acesso em: 10 de jul. de 2016.
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jul. de 2016.
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Wellcome_L0045255.jpg>. Acesso em: 10 de jul. de 2016.
4
Em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Johann_Christoph_Friedich_
Guths_Muths_Gymnastic_f%C3%BCr_die_Jugend2.png?uselang=de>. Acesso
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5
Em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Johann_Christoph_Friedich_
Guths_Muths_Gymnastic_f%C3%BCr_die_Jugend.png?uselang=de>. Acesso
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6
Em: <http://old.malmofbc.se/upload/Bort%20med%20ribbstolarna.pdf>.
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7
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8
Em: <https://fr.wikipedia.org/wiki/Francisco_Amor%C3%B3s?uselang=de#/
media/File:Amoros_1830.jpg>. Acesso em: 10 de jul. de 2016.
9
Em: <http://www.maringanews.com.br/noticiaUnica.php?codigo=9942>.
Acesso em: 10 de jul. de 2016.
10
Em: <http://www.fig-gymnastics.com/site/>. Acesso em: 10 de jul. de 2016.

39
gabarito

1. D.

2. E.

3. A.

4. E.

5. B.

6. C.

40
UNIDADE
II
ELEMENTOS CORPORAIS
DA GINÁSTICA

Prof. Dr. Antonio Carlos Monteiro de Miranda


Prof.ª Me. Fernanda Soares Nakashima

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Princípios básicos para a realização das aulas de ginástica
• Elementos constitutivos da Ginástica
• Elementos corporais com deslocamento
• Elementos corporais sem deslocamento

Objetivos de Aprendizagem
• Apreender os elementos básicos para a preparação das
aulas e do corpo para os encontros práticos de Ginástica.
• Reconhecer os aspectos que constituem a Ginástica tendo
como foco os elementos corporais.
• Conhecer os elementos corporais com deslocamento:
formas de andar, correr, saltitar, saltar e girar.
• Conhecer os elementos corporais sem deslocamento:
equilíbrios, ondas, balanceamentos e circunduções.
unidade

II
INTRODUÇÃO

O
lá, seja bem-vindo(a)! Nesta unidade, conheceremos um pouco
mais dos elementos que constituem a prática da Ginástica. São esses
elementos que caracterizam uma prática corporal como um tipo de
Ginástica. Para que você compreenda o que estamos falando, gos-
taríamos que pensasse em um ginasta executando uma série. Pode ser que o que
venha a sua mente seja as acrobacias com um elevado nível de dificuldade, em
que o executante esteja enfrentando as leis da gravidade e demonstrando todo
seu domínio técnico. Entretanto, gostaríamos de ressaltar os demais movimentos
que ele realiza na sua coreografia, os quais muitas vezes parecem ser simples,
mas são importantes para caracterizar a prática ginástica. Se você prestar aten-
ção em um ginasta durante a execução da série perceberá que ele realiza outros
movimentos, deslocando-se ou não pelo espaço. Salta de diversas maneiras, faz
rotações dos braços, flexiona e estende as pernas, equilibra-se em partes distintas
do corpo etc. Podemos chamar esses movimentos de elementos corporais, que
vão estar presentes nas diversas práticas e modalidades ginásticas.
Esta unidade tem como foco apresentar os elementos corporais da ginás-
tica, os quais são considerados como conhecimento fundamental para o de-
senvolvimento de qualquer prática gímnica (a palavra “gímnica” significa o
mesmo que ginástica). No entanto, trataremos também sobre alguns assuntos
de cunho preparatório e pedagógico tanto para a realização das aulas quanto
para a aprendizagem de elementos corporais.
Sendo assim, no primeiro tópico, falaremos sobre princípios básicos
para a realização das aulas de ginástica; no segundo serão abordados os
elementos corporais presentes na ginástica com deslocamento e no tercei-
ro os elementos corporais executados na ginástica sem deslocamento do
corpo. Salientamos que todos os exemplos trazidos aqui fazem parte das
diferentes modalidades da ginástica e se caracterizam como base para
a aprendizagem de outros elementos existentes no universo gímnico.
GINÁSTICA

Princípios Básicos
Para a Realização das
Aulas de Ginástica
Prezado(a) aluno(a), antes de conhecermos as for- Nesse sentido, as atividades de aquecimento aplica-
mas básicas de movimento no contexto da ginástica, das podem ser atividades lúdicas, como brincadeiras
é importante salientarmos que eles são um dos pri- que coloquem os alunos em situação de movimento.
meiros elementos aprendidos ao iniciar as aulas prá- Como exemplo podemos citar: pega-pega, ativida-
ticas, tendo em vista que sua vivência não irá apenas des com bola, arcos, cordas etc.
contribuir com a execução dos elementos ginásticos Com relação ao alongamento e às aulas práti-
das modalidades em si, mas também ajudar o desen- cas, é importante que o(a) professor(a) tome al-
volvimento das crianças e alunos nos mais diversos guns cuidados:
aspectos de sua vida motora. Por isso é importante • Verifique se o local da prática é adequado, se
que, ao iniciar qualquer atividade prática em suas é possível utilizar colchões, se o piso não é es-
aulas, você promova primeiramente um aquecimen- corregadio nem muito áspero e se o espaço
to e um alongamento visando à preparação do corpo não oferece riscos de quedas ou lesões.
para o que será feito na aula. • Sempre esteja atento(a) a todos os alunos,
Com relação ao aquecimento, Alter (1999) evitando ficar de costas para eles e observan-
do sempre seus rostos e comportamentos.
destaca que:
• Observe como os movimentos estão sendo
[...] o aquecimento consiste de exercícios rea- executados, a posição do corpo, a postura.
lizados imediatamente antes de uma ativida- • Verifique se estão com vestimentas adequa-
de para aumentar a circulação e a frequência das para a prática e se não estão fazendo uso
cardíaca. É uma parte essencial do programa de pulseiras, brincos, relógios, cabelos sol-
de condicionamento. Os exercícios de aqueci-
tos, ou outros elementos que podem atrapa-
mento dão tempo para que o atleta se adapte
do repouso ao exercício. Esses exercícios des-
lhar a execução dos movimentos. Um exem-
tinam-se a melhorar o desempenho e a redu- plo: sempre que forem executar elementos
zir a probabilidade de lesão, preparando-o de inversão de eixo, peça para que coloquem
mentalmente e fisicamente para a atividade a camiseta por dentro do shorts/calça para
esportiva. Em termos fisiológicos, o aqueci- que, ao virar, a camiseta não tampe o rosto
mento eleva a temperatura do corpo e aumen- do praticante.
ta o fluxo sanguíneo.

46
EDUCAÇÃO FÍSICA

• Respeite os limites de cada aluno, lembrando bém maximizar o aprendizado dos alunos, além de
que seu papel como professor(a) não é trans- ampliar o relaxamento físico e mental, promover o
formá-los em atletas. Por isso, respeite sua fle-
desenvolvimento da consciência do próprio corpo,
xibilidade, força, resistência, de maneira que
reduzir o risco de entorse articular ou lesão muscu-
eles conquistem essas habilidades progressi-
vamente e não de uma hora pra outra. Além lar, reduzir os riscos de problemas na coluna, dimi-
disso, não esqueça dos cuidados básicos com nuir a irritabilidade e a tensão muscular. Além disso,
relação a cansaço e períodos para hidratação. o autor aponta que:

Esses são alguns dos princípios que merecem a aten- [...] a flexibilidade desenvolve-se quando os te-
cidos conjuntivos e os músculos são alongados
ção do(a) professor(a). Grande parte desses apon-
por meio de exercícios regulares e adequados
tamentos foram retirados do texto de Nunomura e de alongamento. Ao contrário, a flexibilidade
Nista-Piccolo (2008), e existem outros que possivel- diminui com o tempo, quando esses tecidos
mente apresentaremos no decorrer de nosso percur- não são exercitados (ALTER, 1999, p. 02).
so de formação. Vale destacar que o alongamento,
além de preparar o aluno para as atividades daquele Por isso é muito importante que você, professor(a),
dia, também mostrará resultados a longo prazo que além de realizar o alongamento junto com seus alu-
contribuirão para o desenvolvimento de sua prática nos para que eles aprendam, também diga a eles
dentro da Ginástica. a importância do alongamento antes de qualquer
atividade física que forem executar, seja dentro ou
REFLITA fora da escola.
Neste momento, você irá conhecer alguns
Você precisa fazer com que seu aluno se sinta alongamentos que pode passar aos seus alunos,
bem praticando Ginástica, pois muitas vezes logo, após a atividade de aquecimento, no início
ele pode se sentir desmotivado por não con- de suas aulas. Destacamos que esses são apenas
seguir fazer determinados movimentos. Por
isso, esteja sempre atento(a) e os estimulan- alguns exemplos de exercícios, tendo o(a) profes-
do, respeitando os limites de cada um. sor(a) a possibilidade de adequar de acordo com
seus conhecimentos e possibilidades de traba-
lho. O importante é que o alongamento seja feito
Sobre o alongamento, Alter (1999) destaca que este abrangendo os diferentes grupos musculares e de
tem como função desenvolver a flexibilidade e tam- articulações.

47
GINÁSTICA

CADA POSIÇÃO DESTA DEVE SER MANTIDA POR


APROXIMADAMENTE 15 SEGUNDOS

Figura 1- Exemplos de alongamentos

48
EDUCAÇÃO FÍSICA

49
GINÁSTICA

50
EDUCAÇÃO FÍSICA

51
GINÁSTICA

Figura 2 - Nesse alongamento, colocamos as solas dos pés juntas, balançamos as pernas para cima e para baixo durante 15 segundos e depois inclina-
mos o tronco para a frente e mantemos ele nessa posição por mais 15 segundos

52
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 3 - Variar a posição do pé em flex e ponta, repetindo 15 vezes, depois segurar por 15 segundos em flex e ponta

53
GINÁSTICA

REFLITA

Tente sempre fazer com que os alunos se


interessem pelo que está sendo trabalhado,
lembrando sempre que o seu aluno talvez
nunca tenha tido contato com a Ginástica.
Por isso, tente ser o mais didático(a) possível.

Lembre-se de que cada aluno tem um nível de


flexibilidade, força e de aprendizagem. Por isso,
respeite os limites e sempre estimule o desenvolvi-
mento progressivo.
Ao finalizar o processo de alongamento, inicie
sua aula procurando ser claro(a) em suas explica-
ções e atento(a) a tudo o que acontece durante o
encontro. Não se esqueça que você também pode
trabalhar nas aulas teóricas o conteúdo de alonga-
mento e a importância deste no momento da prática
de atividade física.

54
EDUCAÇÃO FÍSICA

Elementos
Constitutivos
da Ginástica
Neste tópico, aprenderemos os movimentos corporais básicos presentes na Gi-
nástica. Entretanto, você já se perguntou como os diferentes movimentos dentro
da Ginástica ou das outras modalidades esportivas surgiram? O que aconteceu
na verdade foi que todos os movimentos naturais do ser humano foram evoluin-
do mediante os avanços e a busca por melhores resultados dessa prática. Souza
(1997, p. 27, grifo do autor) destaca que:

Estes movimentos naturais ou habilidades específicas do ser humano, quan-


do analisados e transformados, visando o aprimoramento da performance do
movimento, entendida aqui de acordo com vários objetivos como: economia
de energia, melhoria do resultado, prevenção de lesões, beleza do movimento
entre outros, passam a ser considerados como movimentos construídos (exer-
cícios) ou habilidades culturalmente determinadas. Por exemplo, um movi-
mento próprio do homem como o saltar, foi sendo estudado, transformado e
aperfeiçoado através dos tempos, para alcançar os objetivos de cada um dos
esportes onde ele aparece: salto em altura, em distância e triplo no atletismo,
cortada e bloqueio no voleibol [...].

E isso não foi diferente com a Ginástica. Tudo que vemos ao assistir a uma apre-
sentação nada mais é do que a evolução dos movimentos já feitos pelo homem,
porém agora construídos historicamente e aprimorados para que cada vez mais
as modalidades fiquem mais belas e chamem mais a atenção por sua beleza e
características próprias.

55
GINÁSTICA

Assim, os movimentos (exercícios) presentes na elementos devem ser trabalhados nas aulas de Gi-
Ginástica constituem o conteúdo específico e po- nástica, lembrando que os de condicionamento fí-
dem ser classificados da seguinte maneira: sico são os exercícios normalmente feitos ao início
e ao final das aulas (aquecimento, alongamento e
Figura 4 - Elementos constitutivos da Ginástica exercícios que desenvolvam as habilidades de for-
ça, flexibilidade e resistência) como preparatórios
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA GINÁSTICA
para a realização dos elementos corporais, acrobá-
ticos e de manejo, bem como forma de relaxamento
ELEMENTOS EXERCÍCIOS EXERCÍCIOS DE MANEJO DE na conclusão da aula.
CORPORAIS ACROBÁTICOS CONDIC. FÍSICO APARELHOS
Neste tópico, abordaremos os conteúdos presen-
PASSOS
CORRIDAS
ROTAÇÕES: PARA O TRADICIONAIS: tes no primeiro tema: elementos corporais.
no solo, no ar DESENVIMENTO DA bola, corda,
SALTOS
SALTITOS
em aparelhos FORÇA, arco, fita Como foi dito no início desta unidade, os ele-
APOIOS: RESISTÊNCIA botão, etc
GIROS
EQUILÍBRIOS
no solo, em FLEXIBILIDADE, mentos corporais se caracterizaram por tudo aquilo
aparelhos etc. ADAPTADOS:
ONDAS
POSES
REVERSÕES: (exercícios localizados) panos, pneus, que o ginasta faz durante a sua série e que não se
no solo, em caixas, etc.
MARCAÇÕES
BALANCEAMENTOS
aparelhos caracteriza nem como acrobático nem como condi-
SUSPENSÕES:
CIRCUNDUÇÕES em aparelhos cionamento físico ou manejo de aparelhos.
PRÉ-ACROBÁTICOS
Por exemplo, se pedirmos para que você pense
quais são as formas que você tem para se deslocar
COM APARELHOS
SEM APARELHOS
de um ponto a outro, você talvez diga: andando,
EM APARELHOS
correndo, pulando, saltando, de costas, em quatro
Fonte: Souza (1997, p. 28). apoios e por aí vai. No entanto, no contexto da Gi-
nástica, existem outras formas de realizar esses des-
A partir da Figura 4, podemos observar que a locamentos com características específicas. Veremos
Ginástica contempla os elementos corporais, os a seguir sobre estas formas de deslocamento.
exercícios acrobáticos, os exercícios de condicio- Para darmos início, de antemão já anunciamos que
namento físico e o manejo de aparelhos. Os ele- teremos que aprender a andar de diferentes formas e,
mentos corporais, os exercícios acrobáticos e os talvez, você nos diga: “Mas, professor, eu já aprendi a
exercícios de condicionamento físico podem ser andar faz muito tempo!”. Contudo, você aprenderá, no
realizados com, sem ou em aparelhos. Todos esses decorrer dessa unidade, a andar de forma ginástica.

56
EDUCAÇÃO FÍSICA

Elementos Corporais
com Deslocamento

FORMAS DE ANDAR E DE CORRER

As formas de andar se caracterizam pelas diferentes • Andar alongado ou estendido - a ponta do


maneiras existentes para se deslocar de um ponto a pé toca o solo, descendo para o restante do
outro. Segundo Peuker (1973), andar é a execução pé. Enquanto isso, o outro pé já vem em pon-
ta para dar continuidade.
de um deslocamento, com transferência do peso do
corpo de um pé para outro, sem perda de contato
com o solo. Já correr é a execução de um desloca-
mento, com transferência do peso do corpo de um
pé para o outro, com a perda momentânea de conta-
to dos pés com o solo.
Existem inúmeras formas de andar e correr. Para
nossas aulas escolhemos quatro formas de andar e
quatro de correr.
• Andar em meia ponta ou relevé - desloca-
mento realizado com o corpo todo ereto,
olhar para frente, dando passos normais, mas
com o pé em meia ponta.

Figura 5 - Exemplo de deslocamento em meia ponta Figura 6 - Exemplo de andar alongado ou estendido

57
GINÁSTICA

• Andar cruzado - mesma posição dos pés, • Andar Valseado - esse andar é muito pareci-
corpo virado de lado para a direção em que do com o dançar da valsa. Você dará um pas-
se vai. A cada passo cruza-se um pé na frente so grande em deslocamento e dois pequenos
do outro, depois voltar do outro lado. no mesmo lugar.

Figura 7 - Exemplo de andar cruzado

REFLITA

É muito importante que você, professor(a),


trabalhe os dois lados do corpo do aluno.
Não importa que ele seja destro ou canhoto,
ambos os lados precisam ser desenvolvidos.
Um lado sempre será dominante, mas é im-
portante que ele tente e pratique os movi-
mentos com ambos os lados.

Figura 8 - Andar Valseado

58
EDUCAÇÃO FÍSICA

• Corrida natural - essa corrida se caracteriza pelo deslocamento


alternando braços e pernas ligeiramente flexionados.

• Corrida Alongada - os passos devem ser dados com maior


amplitude, mas não devem chegar ao salto. Braços ao lado
do corpo.

• Corrida com pernas flexionadas para frente e trás - corrida


com os joelhos elevados e flexionados tanto para frente, como
os joelhos altos, e para trás, com os joelhos flexionados.

• Corrida lateral cruzada (plano frontal) - corrida para o lado,


cruzando as pernas.

Existem diferentes formas de andar e correr. Cabe a você, professor(a), criar pos-
sibilidades para que outras formas sejam exploradas junto aos seus alunos.

59
GINÁSTICA

SALTITOS

Os saltitos são pequenos saltos em que a fase de permanência no ar é curta.


Para Peuker (1973, p. 51) “a primeira fase, a saída do chão, recebe menos im-
pulso; e a chegada, o molejo, também mais suave”.
• Primeiro saltito - Impulsionar o chão com um pé, descendo para o mes-
mo pé. Dar um passo para o pé que foi levantado na direção do saltito.

Figura 9 - Primeiro Saltito

• Segundo saltito ou galope - saltitar saindo do chão com um pé, descendo


para o outro, dando um passo com o joelho levantado na direção do salto
(a execução será demonstrada na aula conceitual).
• Chassé ou saltito unido - dar um passo longo e na sequência impulsionar
o chão juntando os dois pés durante a fase de voo (a execução será de-
monstrada na aula conceitual).

Figura 10 - Chassé

60
EDUCAÇÃO FÍSICA

• Chassé lateral - dar um passo longo ao lado e na sequência impulsionar o


chão, juntando os dois pés durante a fase de voo.

Figura 11 - Chassé Lateral

SALTOS

Saltar é um movimento no qual os pés perdem o contato com o chão e a perma-


nência no ar é destacada. Sobre isso, Peuker (1973) destaca que o salto é compos-
to por 3 fases:
1. Saída do chão (impulso).
2. Permanência no ar (caráter do salto).
3. Descida ao solo.

Do ponto de vista da primeira à terceira fase do saltar, podemos executá-lo impul-


sionando o chão com um pé, descendo para o mesmo, para o outro, para os dois,
ou largando o chão com dois pés, descendo para os mesmos ou para um pé só.
Existem inúmeras formas de saltar, principalmente a partir da particula-
ridade de cada modalidade ginástica. Nesse momento, conheceremos alguns
saltos básicos e comuns em diferentes modalidades ginásticas, mas antes disso
é importante aprendermos as diferentes posições que o corpo pode assumir
não apenas em alguns saltos, mas em outros movimentos que aprenderemos
na Ginástica.
• Posição Estendida: posição em que os segmentos corporais estão alinhados.
• Posição Carpada: posição em que se tem a flexão do tronco a frente apro-
ximando as duas pernas estendidas.

61
GINÁSTICA

• Posição Grupada: flexão do quadril de forma simultânea com os joelhos,


com a aproximação destes ao tronco.
• Posição Afastada: postura em que ocorre o afastamento das pernas esten-
didas, de forma lateral ou longitudinal. Pode ou não ter flexão do quadril.

Nesse sentido, conheceremos alguns saltos bem comuns na Ginástica, no entanto


destacamos que os saltos devem ser executados com segurança, lembrando que o
amortecimento deve sempre se dar pela parte da frente dos pés e flexionando os
joelhos na aterrissagem, para que não ocorram lesões durante a execução.
Importante: O aluno nunca deve aterrissar dos saltos com os joelhos estendi-
dos. Deve estender durante a execução e flexionar na chegada ao solo, conforme
o modelo.
• Salto com deslocamento vertical do corpo: nesses saltos, o corpo é impul-
sionado para cima e aterrissa praticamente sobre o mesmo ponto de onde
saiu, sem haver deslocamento.
• Salto estendido ou vertical: impulso com os dois pés, e o executante salta
com o corpo todo estendido.

Figura 12 - Salto Vertical

62
EDUCAÇÃO FÍSICA

• Salto Grupado: saltar pegando impulso com os dois pés e subindo os dois
joelhos na altura do peito. Tronco ereto.

Figura 13 - Salto Grupado

• Salto Afastado: impulso com os dois pés e afastamento das pernas du-
rante a fase de voo. Este afastamento das pernas tem duas variações:
lateralmente ou anteroposterior.

Figura 14 - Afastamento lateral

63
GINÁSTICA

SAIBA MAIS

Os saltos recebem diferentes nomes de acordo com as modalidades ginás-


ticas ou dançantes. Por exemplo, esse mesmo salto receberá o nome de
“afastado” na ginástica artística, “ejambeé” na ginástica rítmica e no ballet
recebe o nome de “grand jeté”.

Fonte: os autores.

Figura 15 - Afastamento anteroposterior

• Salto Carpado: durante o salto o ginasta estende as duas pernas a frente e


inclina o tronco em direção a elas.

Figura 16 - Salto Carpado

64
EDUCAÇÃO FÍSICA

• Salto Afastado: diferentemente do salto afas-


Salto Tesoura: Impulsionar o chão com um pé, des-
tado visto na seção de saltos verticais, este
cendo para o outro. tem impulso inicial de uma perna e desloca-
• Saltos com deslocamento do corpo: os saltos mento lateral do corpo no ar.
com deslocamento do corpo para frente ou
lateralmente iniciam-se sempre com um pas-
so, fazendo com que uma das pernas inicie a
fase de voo. A aterrissagem também é realiza-
da primeiramente com a perna que iniciou a
fase de voo retomando o apoio no solo.
• Salto ejambé: após o passo que antecede o
salto, a perna de trás é lançada para frente e
a outra para trás, realizando um afastamento
anteroposterior das pernas (uma para frente
e outra para trás).
Figura 19 - Salto Afastado

É importante salientar que tudo que formos apren-


dendo na Ginástica será ligado para a execução dos
movimentos com mais harmonia. Por isso, para a
execução dos saltos, podemos executar uma prepa-
ração deles fazendo um saltito.
Por exemplo: executar o saltito chassé e, quando
terminar, dar um passo e saltar com a outra perna.
Figura 17 - Salto Ejambé Comece um saltito com a perna direita, ao finalizar
o elemento a perna direita estará na frente e a es-
• Salto Corsa: a perna que inicia o movimento
querda atrás, porém a perna que você usará para o
de voo flexiona-se e a perna de trás mantém-
-se estendida. salto, será a direita. Como fazer isso? Você dará um
passo com a perna esquerda para que tome impulso
e lance a perna direita durante o salto.
Veja o exemplo. A ginasta precisa saltar com a per-
na direita. Ela faz o chassé com a perna direita a frente.
Ao fim, dá um passo com a esquerda e depois salta.
É importante que você estimule e permita que
seus alunos repitam várias vezes esse movimento a
fim de que o compreendam. Se necessário, faça bem
lentamente junto com eles, primeiro o chassé, depois
o passo e depois o salto, até que eles se apropriem e
Figura 18 - Salto Corsa consigam fazer automaticamente.

65
GINÁSTICA

Alguns desses saltos recebem variações ao girar o tronco no próprio eixo.


Como exemplo, podemos ter um salto vertical com giro.

Figura 20 - Salto Vertical

Existem muitos outros saltos na Ginástica, porém esses são a base para todos
os outros.

GIRAR

É um movimento de rotação com a mesma intensidade executado no mesmo


lugar ou com deslocamentos. Ele acontece em torno de um mesmo eixo. Os giros
podem ser executados sobre um pé, dois pés, quadril, nas posições em pé, deita-
do, ajoelhado etc. Os giros são compostos por preparação, execução e finalização.

66
EDUCAÇÃO FÍSICA

• Giro de joelho: com apenas um joelho no


solo e a outra perna em 90º graus apoian-
do o pé no solo, fazer a troca de posição das
pernas, virando o tronco e quadril para a
outra direção.
• Giro sobre os dois pés (chainê): dar um pas-
so, subir na meia ponta dos dois pés e girar
em torno do próprio eixo.
• Giro de quadril: dar um passo ao lado, flexio-
nando a perna. Quando no chão, apoiar a mão
da perna que foi flexionada, sentar no chão fi-
cando de costas para a frente, passar girando o
corpo apenas no apoio do quadril. Ao chegar
do outro lado, apoiar a perna que iniciou o
movimento e voltar para a posição de pé.
• Pivots: os pivots são os giros que acontecem
sobre apenas uma perna. Como de regra,
deve existir uma preparação, a execução e a
finalização.

67
GINÁSTICA

Como giros sobre um pé só, temos:

Figura 21 - Pivot no passet

Figura 22 - Pivot no arabesque

Existem inúmeras formas de girar na Ginástica. Estas apresentadas aqui são apenas algumas das diferentes
possibilidades existentes.

68
EDUCAÇÃO FÍSICA

Elementos Corporais
sem Deslocamento

Os elementos corporais sem deslocamentos são Exemplos de equilíbrios:


aqueles realizados com o corpo parado, entretanto
alguns deles podem ser executados com um peque-
no deslocamento ou transferência do peso de corpo
de um segmento a outro, como é o caso das ondas.
Além disso, alguns também podem ser executados
em consonância com outros elementos corporais,
por exemplo: realizar uma circundução de braços
durante um saltito.
Vamos conhecer um pouco sobre esses ele-
mentos para facilitar o entendimento do que esta-
mos tratando.

EQUILÍBRIOS:

O equilíbrio é uma posição estática que, segundo


Barbosa-Rinaldi et al., “deve ser executada duran-
te um curto período de tempo sobre um ou mais
apoios [...]. Diferentemente da maioria dos elemen-
tos corporais, possui uma característica fundamen-
tal - o estatismo.” (BARBOSA-RINALDI et al., 2009,
p. 35). Estes podem ser executados sobre a meia
ponta ou pé inteiro (de um pé) ou sobre joelhos, de-
vendo manter um tempo e forma fixa. Figura 23 - Equilíbrio no passet

69
GINÁSTICA

Figura 24 - Equilíbrio arabesque

Figura 25 - Equilíbrio avião ou prancha facial

Figura 26 - Equilíbrio no cosaco

70
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 27 - Equilíbrios de Joelho

ONDAS

As ondas são movimentos específicos que partem do centro do corpo e irradiam


para as extremidades.

Figura 28 - Onda anteroposterior

Figura 29 - Onda posterior-anterior

71
GINÁSTICA

Figura 30 - Onda lateral

BALANCEAMENTOS

Os balanceamentos, como o próprio nome diz, reme- Esses movimentos podem ser feitos com ape-
tem-se a movimentos de balanço, pendulares de um nas um segmento corporal, (mão, braço e perna)
ou mais segmentos corporais. Segundo Barbosa-Ri- com dois segmentos ao mesmo tempo e para o
naldi et al. (2009), o balanceamentos possui três fases: mesmo sentido ou de forma assimétrica. Estes
o impulso, que é onde se dá o início da trajetória do podem estar totalmente relaxados ou contraídos
movimento, energia que impulsiona o movimento; o (em extensão ou flexão), ou até mesmo em movi-
acento, que é a fase de evidência do movimento; e o mento ondulatório.
relaxamento, que é a fase final do movimento.

Figura 31 - Balanceio de Braços

72
EDUCAÇÃO FÍSICA

CIRCUNDUÇÕES

O movimento de circundução se caracteriza pela rotação de um segmento cor-


poral, o qual tem que executar uma volta de 360 graus, tendo como ponto fixo
uma articulação, assim como os balanceios podem ser realizados em vários
planos de forma simétrica e assimétrica (braços e pernas) e os segmentos po-
dem estar de diferentes maneiras (extensão, tensão etc.), conforme afirmam
Barbosa-Rinaldi et al. (2009).
Diferente dos balanceios, a circundução precisa necessariamente dar uma
volta de 360 graus.

Figura 32 - Circunduções de Braços

A circundução é um elemento que está presente em todos os manejos de apa-


relhos de ginástica rítmica, conteúdo que aprenderemos na próxima unidade.
Além disso, todos os movimentos que aprendemos nesta unidade, sendo eles
com deslocamento ou não, deverão fazer parte do contexto de formação dos seus
alunos e também das montagens coreográficas futuras.
Como os elementos corporais são fundamentais a qualquer prática ginástica,
é muito importante que você, professor(a), não trabalhe esses elementos em uma
ou duas aulas, mas sim que sempre que possível os retome, para que os alunos
pratiquem e possam aprender a execução de cada um deles. Assim como tudo
na Ginástica, é preciso muita atenção, concentração e repetição para que os dife-
rentes conteúdos sejam aprendidos e realizados com maestria por nossos alunos,
sempre de forma prazerosa e divertida.

73
considerações finais

N
esta unidade, estudamos os elementos corporais da Ginástica. No
entanto, no primeiro tópico, descrevemos os aspectos necessários
para o bom desenvolvimento das aulas, não apenas de Ginástica,
mas em todos os outros conteúdos práticos da Educação Física.
Também conhecemos alguns tipos de alongamentos que podem ser usados ao
início das suas aulas, visando preparar os alunos para as atividades que aconte-
cerão. Não esqueça de sempre estar atento(a) a tudo que acontece, sempre obser-
vando os alunos e seus comportamentos.
A partir da segunda unidade, aprendemos sobre o elementos constitutivos da
Ginástica, dividido-os em elementos corporais, elementos acrobáticos, de con-
dicionamento físico e manejo de aparelhos. Na sequência, trabalhamos com os
elementos corporais, dividindo-os em: com deslocamento e sem deslocamento.
Nos elementos corporais com deslocamentos, vimos as diferentes formas de an-
dar, correr, saltitar, saltar e girar. Já nos elementos corporais sem deslocamentos
aprendemos sobre os equílibrios, os balanceamentos e as circunduções. Foi evi-
denciado que existem várias possibilidades desses elementos corporais acontece-
rem, principalmente quando observados na prática realizada pelos atletas.
O que aprendemos nessa unidade é suficiente para que seus alunos tenham
acesso aos diferentes elementos corporais presente na Ginástica. É muito impor-
tante que você, futuro(a) professor(a), vivencie e aprenda esses movimentos, pois
assim, percebendo quais são as dificuldades de execução, você poderá ajudar seus
alunos com mais facilidade. Sempre que possível, leve imagens e vídeos em suas
aulas para que os alunos possam aprender visualmente como é feita a execução
destes movimentos. Caso leve vídeos de atletas, lembre-se de problematizar junto
a eles a questão da técnica, do treinamento e preparação para aquela execução,
assim como eles, na condição de alunos e aprendizes, devem se esforçar para
aprender o possível dentro de suas individualidades e características próprias.

74
atividades de estudo

1. Com relação aos princípios básicos para as au- ( ) Rotações, apoios e inversões.
las de Ginástica, assinale a alternativa correta:
( ) Passos, corridas, saltos e saltitos.
a. É importante exigir ao máximo dos seus alu-
( ) Tradicionais e adaptados.
nos, fazendo com que aprendam os elemen-
tos propostos de forma rápida independente ( ) Desenvolvimento de força, flexibilidade e
da idade com que se trabalha e o contexto no resistência.
qual eles estão inseridos.
Assinale a sequência correta:
b. Para o início da aula, os alunos devem se orga-
nizar de forma com que já comecem pratican- a. IV - III - II - I.
do os exercícios, sem nenhuma preparação b. II - I - IV - III.
prévia.
c. III - II - IV - I.
c. É importante que o(a) professor(a) foque ape-
d. IV - II - I - III.
nas o lado dominante do aluno, afinal não pre-
cisa trabalhar o outro lado que o aluno não e. II - IV - I - III.
tem tanta habilidade.
d. O(a) professor(a) deve se atentar se o local da 3. Sobre os elementos corporais:
prática é adequado, se possível com colchões, I. Os elementos corporais com deslocamento
em um piso que não seja escorregadio nem são aqueles realizados para que o ginasta per-
muito áspero, em um espaço que não ofereça corra uma distância curta e se prepare para
riscos de quedas ou lesões. outros movimentos.
e. O aluno, caso já tenha feito outra modalidade II. Os elementos sem deslocamento podem
esportiva, não precisará fazer alongamentos, ter um pequeno deslocamento ou trans-
pois seu corpo já está desenvolvido para ativi- ferência de peso, de acordo com o que é
dades práticas. realizado.
III. Os saltitos são feitos a partir de uma forte
2. Sobre os elementos constitutivos da Ginástica, impulsão em que o praticante precisa ter
relacione as colunas: um boa altura para que seja considerado
I. Elementos Corporais. saltito.
II. Elementos Acrobáticos. IV. O que diferencia salto de saltito é a fase de
voo, já que no primeiro a fase é maior, e no
III. Condicionamento Físico.
segundo, menor.
IV. Manejo de Aparelhos.

75
atividades de estudo

Assinale a alternativa correta: a. IV - I - III - II.


a. As alternativas A, B, C estão corretas. b. II - I - IV - III.
b. As alternativas B, C, D estão corretas. c. III - II - IV - I.

c. Apenas as alternativas A e D estão corretas. d. IV - II - I - III.

d. As alternativas A, B, D estão corretas. e. II - IV - I - III.

e. Todas as alternativas estão corretas.


5. Considere as afirmações a seguir:
I. As circunduções se caracterizam pela rotação
4. Sobre as posições do corpo, relacione as colunas:
de um segmento corporal, o qual tem que
I. Posição Carpada. executar uma volta de 360 graus, tendo como
II. Pisição Afastada. ponto fixo uma articulação.
II. Os balanceamentos remetem-se a movimen-
III. Posição Grupada.
tos de balanço, pendulares de um ou mais
IV. Posição Estendida. segmentos corporais.
III. A circundução é o movimento realizado em
( ) Posição em que os segmentos corporais torno do próprio eixo, por exemplo, na execu-
estão alinhados. ção de um pivot.
( ) Posição em que se tem a flexão do tronco a IV. O balanceamento é o movimento realizado ao
frente, aproximando as duas pernas estendidas. fim dos saltos para que se evite lesões.
( ) Flexão do quadril de forma simultânea
com os joelhos, com a aproximação destes Assinale o que for correto:
ao tronco. a. I e II estão corretas.
( ) Postura em que ocorre o afastamento das b. I e III estão corretas.
pernas estendidas, de forma lateral ou longitu- c. I e IV estão corretas.
dinal. Pode ou não ter flexão do quadril.
d. I, II e III estão corretas.

Assinale a sequência correta: e. Todas estão corretas.

76
LEITURA
COMPLEMENTAR

Leia o excerto do artigo a seguir que trata sobre o aquecimento nas aulas de Edu-
cação Física.

Os conteúdos a serem ensinados nas aulas de Educação Física devem ter uma práxis
transformadora, sob a égide do paradigma da unidade e da complexidade, em que cor-
po/sensível e alma/inteligível, assim como teoria e prática, estejam conectados, visando
aos processos educativos e formativos do ser humano, perspectivando um sujeito cul-
to, crítico e ético. É viável a edificação de uma autêntica práxis transformadora conecta-
da à concepção da motricidade humana, pois por meio desta, podemos contribuir para
o ato educativo, como defende Pereira (2007). Ao iniciarmos as discussões sobre os
conteúdos a serem contemplados no ensino da Educação Física, cabe elucidar que con-
teúdo é a seleção de formas ou saberes culturais, conceitos, explicações, raciocínios,
habilidades, linguagens, valores, crenças, sentimentos, atitudes, modos de conduta e
de procedimentos, entre outros, cuja apropriação é primordial para a educação e a for-
mação da pessoa (COLL et al., 2000). Torna-se necessário ampliar a concepção de con-
teúdo e considerar o que é relevante apreender nas aulas de Educação Física da. Enten-
de-se que todos os conteúdos estruturantes da Educação Física devem ser ensinados
na mesma proporção. Conteúdos estruturantes são “[...] os conhecimentos de grande
amplitude, conceitos, teoria ou práticas, que identificam e organizam os campos de
estudos de uma disciplina escolar, considerados fundamentais para a compreensão de
seu objeto de estudo/ensino” (PARANÁ, 2008, p. 25). A disciplina escolar Educação Física
terá como seus conteúdos estruturantes os campos de estudos traduzidos nos espor-
tes, jogos e brincadeiras, ginástica, lutas e danças, além de conhecimentos históricos
produzidos pela área ao longo dos tempos. A partir dos conteúdos estruturantes orga-
nizam-se os conteúdos básicos a serem trabalhados por série ou ciclos de escolariza-
ção, bimestres ou semestres letivos, compostos pelos temas/assuntos mais específicos.
[...]
É necessário estarmos atentos à questão da população que ensinamos. Em aulas de

77
LEITURA
COMPLEMENTAR

Educação Infantil, talvez não se precise intensificar a preparação prévia do organismo,


do aquecimento corporal no momento de aula, entretanto o aquecimento corporal
para as crianças pode ser realizado em dias de temperaturas baixas, em que o ensino
de determinado conteúdo relacionado à prática de movimentos exige uma preparação
prévia, contrariamente ao que acontece em dias de temperaturas elevadas. Em aulas
para o Ensino Fundamental e para o Ensino Médio recomendam-se o aquecimento
objetivando melhores condições motoras e psicológicas. Weineck (1991) explica que
a intensidade do exercício e o tempo de duração do aquecimento devem se alterar
com o aumento da idade. O autor ainda elucida que no âmbito escolar o tempo do
aquecimento acaba sendo reduzido devido a outros objetivos específicos do ensino do
esporte. É relevante ressaltar que a criança e o jovem um dia serão adultos e terão que
aprender na escola as questões que envolvem a preparação prévia do organismo, as
quais deverão auxiliá-los no desempenho das tarefas motoras.

Fonte: Pereira e Cesário (2011, p. 637-640).

A discussão trazida neste excerto leva-nos a pensar em vários aspectos sobre o traba-
lho como professor(a). Entretanto, além do tema aquecimento nas aulas de Educação
Física, as autoras abordam a necessidade de respeitar o processo formativo de cada
momento da vida do aluno, respeitando suas individualidades e trabalhando os conte-
údos de acordo com as faixas etárias, com o intuito de formar sujeitos críticos e éticos.
Ao ensinar Ginástica ou qualquer outro tema da cultura corporal de movimento, não
devemos pensar apenas no conteúdo que está sendo desenvolvido, mas também quais
são os desdobramentos que a aprendizagem desse conteúdo pode ter para a formação
humana desse sujeito.

78
EDUCAÇÃO FÍSICA

Fundamentos das Ginásticas


Myrian Nunomura e Mariana Harumi Cruz Tsukamoto
EDITORA: Fontoura
SINOPSE: “Fundamentos das Ginásticas” é uma obra que pre-
tende apoiar os profissionais de Educação Física e de Esporte no
aprimoramento de suas práticas e conhecimento sobre algumas
manifestações ginásticas. Os capítulos foram elaborados por
professores e técnicos que estão ativamente envolvidos no ensi-
no e estudo das respectivas modalidades, mas que não preten-
dem constituir-se em “receitas” de atividades. Ao contrário, espe-
ramos que o presente material oriente o desenvolvimento dos
fundamentos básicos que caracterizam e alicerçam cada ginásti-
ca. A partir de então, esperamos que os profissionais ampliem as
propostas de atividades apresentadas, identifiquem as oportuni-
dades de aplicação desses fundamentos e possam criar experi-
ências cada vez mais enriquecedoras e desafiantes aos pratican-
tes. Ginástica Geral, Volteio, Ginástica de Trampolim, Ginástica
Aeróbica, Ginástica Rítmica, Ginástica Acrobática e Ginástica Ar-
tística procuram despertar um novo olhar sobre as possibilida-
des que as ginásticas têm de atender à diversidade populacional
e de contextos e somar ao conteúdo da cultura corporal.

APRESENTAÇÃO: Por meio do site da FIG você poderá conhecer


as regras e como as modalidades se organizam mundialmente.
A cada quatro anos, em virtude dos Jogos Olímpicos, essas re-
gras acabam sofrendo alterações.

Disponível em: <www.fig-gymnastics.com>.

APRESENTAÇÃO: Ao acessar o site da Confederação Brasilei-


ra de Ginástica você terá acesso às competições e eventos que
acontecem em nosso país, além dos regulamentos que organi-
zam as modalidades ginásticas e as federações de cada estado.

Disponível em: <www.cbginastica.com.br>.

79
referências

ALTER, M. J. Alongamento para os esportes. 2. ed. São Paulo: Manole, 1999.


BARBOSA-RINALDI, I. P.; PACÍFICO, T. A.; TEIXEIRA, R. T. S. Ginástica
Rítmica: História, características, elementos corporais e música. Maringá-PR:
Eduem, 2009.
NUNOMURA, M. e NISTA-PICCOLO, V. L. Compreendendo a ginástica artís-
tica. São Paulo: Phorte, 2008.
PEUKER, I. Ginástica moderna sem aparelhos. Rio de Janeiro: Fórum, 1973.
PEREIRA, A. M; CESÁRIO, M. A ginástica nas aulas de Educação Física: o “aque-
cimento corporal” em questão. Revista da Educação Física/UEM Maringá-PR, v.
22, n. 4, p. 637-649, out./dez. 2011.
SOUZA, E. P. M. de. Ginástica Geral: uma área do conhecimento da Educação
Física. 1997. 163 f. Tese (Doutorado em Educação Física) – Faculdade de Educa-
ção Física, UNICAMP, Campinas-SP, 1997.

80
gabarito

1. D.

2. B.

3. D.

4. A.

5. A.

81
GINÁSTICAS COMPETITIVAS
(OLÍMPICAS)

Prof. Dr. Antonio Carlos Monteiro de Miranda


Prof.ª Me. Fernanda Soares Nakashima

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Evolução histórica da Ginástica Artística
• Característícas da Ginástica Artística
• Aparelhos da Ginástica Artística
• Evolução histórica da Ginástica Rítmica
• Características da Ginástica Rítmica
• Elementos corporais e manejo de aparelhos na Ginástica
Rítmica

Objetivos de Aprendizagem
• Compreender o desenvolvimento histórico da Ginástica
Artística.
• Identificar as características da Ginástica Artística na
atualidade.
• Conhecer os diferentes aparelhos da Ginástica Artística.
• Aproximar-se dos aspectos históricos da Ginástica Rítmica.
• Apreender as características que fazem parte da Ginástica
Rítmica.
• Conhecer os elementos corporais e o manejo de aparelhos
da Ginástica Rítmica.
unidade

III
INTRODUÇÃO

O
lá, seja bem-vindo(a)! Nesta unidade, conheceremos sobre as mo-
dalidades competitivas olímpicas. Escolhemos as modalidades de
Ginástica Artística e Ginástica Rítmica como as mais conhecidas e
que recebem destaques por suas características, já que a Artística,
além de ser masculina e feminina, possui aparelhos de grande porte, e a Ginásti-
ca Rítmica se caracteriza pelo uso de aparelhos de pequeno porte. Ambas fazem
parte da FIG e estão nos Jogos Olímpicos.
A unidade está organizada da seguinte forma: a primeira parte trata sobre
a Ginástica Artística, sua história e sistematização, e na sequência discutimos
sobre os aparelhos e as caraterísticas da modalidade. Separamos os aparelhos
em masculinos (solo, barra fixa, cavalo com alças, salto sobre a mesa, argolas e
paralelas) e femininos (solo, mesa de salto, trave de equilíbrio e barras assimétri-
cas). A segunda parte trata sobre a Ginástica Rítmica, sua evolução histórica, as
características da modalidade, os aparelhos (corda, bola, arco, maças e fita) e suas
possibilidades de manejo. Além disso, ao trazer cada aparelho dessa, sinalizamos
quais são suas especificações técnicas e como devem ser para as competições
oficias, fazendo uso de imagens para facilitar sua compreensão e conhecimento
de cada aparelho.
É importante que você, futuro(a) professor(a), consiga reconhecer e
identificar cada modalidade a partir de suas características para que possa
trabalhar com cada uma delas em suas aulas, lembrando que, mesmo sen-
do modalidades competitivas e que muitas vezes pareçam ser apenas para
atletas de alto nível e com uma controle corporal de dar inveja, o nosso
papel como professor(a) é fazer com que nossos alunos conheçam essas
diferentes modalidades e possam evoluir cada um diante de sua carac-
terística própria.
GINÁSTICA

Evolução Histórica
da Ginástica Artística

Prezado(a) aluno(a), bem-vindo(a)! Falaremos neste tópico sobre a Ginástica


Artística (GA). Para que você compreenda como esta modalidade se estruturou,
trataremos sobre a sua história e evolução, trazendo o contexto e os nomes que
contribuíram com suas ideias e resultaram em uma prática gímnica com carac-
terísticas próprias. Em seguida, abordaremos as características da GA, falando
sobre seus aparelhos e elementos corporais presentes na modalidade.

86
EDUCAÇÃO FÍSICA

CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E EVOLU-


ÇÃO DA GINÁSTICA ARTÍSTICA

A Ginástica Artística (GA) é conhecida pela presen- gundo Publio, “o trabalho de Jahn foi sem dúvida
ça de força, agilidade, movimentos de rotação no ar a ‘célula mater’ da Ginástica Olímpica (gymnastique
e realização de diferentes exercícios em aparelhos de artistique), também denominada Ginástica Artísti-
grande porte. Essas características se dão pela forma ca, Ginástica Desportiva ou Ginástica de solo e de
com que essa modalidade surgiu, mediante a situa- aparelhos” (PUBLIO, 2005, p. 16).
ção de conflito entre nações e a necessidade de reer- Publio (2005) destaca que Jahn lecionava em um
guer um país derrotado. instituto e era o responsável pelas saídas bissemanais
Segundo Publio (2005), a Batalha de Jena foi o dos alunos para uma área sem cultivo e arborizada
principal acontecimento para o surgimento dessa chamada Hasenheide (Paradeiro das Lebres), local
modalidade, já que, depois de muito evitar um con- em que ocorriam batalhas simuladas. Para Jahn,
fronto entre França e Prússia, o rei Frederico Gui- caminhar, saltar, lançar, sustentar-se são exercícios
lherme III percebeu que a guerra seria inevitável e gratuitos como o ar e podem ser praticados em qual-
enviou um ultimatum a Paris em 26 de setembro de quer lugar, além do que, isso o Estado pode oferecer
1806. Nesse comunicado, ele exigia a imediata reti- a todos - pobres, ricos, classe media, - tendo cada
rada das tropas francesas do território da Prússia, um sua necessidade.
no entanto esse recado só foi recebido por Napoleão Com essa proposta, Jahn inaugura em julho
em 7 de outubro, já em Bamberg, na Prússia. O que de 1811 o primeiro local de prática ginástica ao
foi tarde demais, porém mesmo assim os oficiais ar livre, o hoje denominado Volkspark Hasenhei-
prussianos não acreditavam que os franceses tives- de (Parque do Povo). Nesse local eram praticados
sem condições de enfrentá-los em campo aberto e movimentos de preparação do corpo utilizando ga-
tinham a certeza de vitória. Como o planejamento lhos de árvores, troncos para suspensões, volteios e
prussiano foi inadequado e a desorganização foi movimentos que naquela época já indicavam o que
grande, quando perceberam a Prússia já havia sido seria a Ginástica Artística de hoje. O movimento
derrotada e, para agravar ainda mais a situação, a criado por Jahn era tão forte e buscava tanto um
Corte de Berlim não tinha tomado nenhuma pre- caráter nacional que a palavra gimnasia foi subs-
caução para prevenir as consequências de um fra- tituída por turnkunst, por considerá-la de origem
casso. Nas palavras de Publio, “o que deveria ser uma alemã. Publio (2005) afirma que palavras como:
ofensiva prussiana transformou-se em uma derrota turnen = praticar ginástica; turnplatz = local de
vergonhosa” (PUBLIO, 2005, p. 15). Ginástica; turner = ginasta; voltigieren = balançar,
Com essa derrota, Johann Friedrich Ludwig voltear; torner = lutar, brigar; turntag = dia da gi-
Cristoph Jahn, conhecido como o “Pai da Ginástica”, nástica; e turnkunst = arte ginástica, foram inven-
buscou incitar a mocidade prussiana a se preparar tadas por Jahn e se tornaram verdadeiros termos
fisicamente a fim de expulsar o exercito invasor. Se- técnicos da ginástica em aparelhos na Alemanha .

87
GINÁSTICA

O turnen era pautado por um objetivo moral: No entanto, todo esse sucesso sofreu um grande
como alcançar a autoconfiança, autodisciplina, in- abalo visto que, como nos sinaliza Publio: (2005, p. 19)
dependência, lealdade e obediência. Metas essas que
deveriam ser atingidas por meio de atividades com- Os grandes mestres firmavam-se muitas vezes
na oposição. O exemplo de Jahn e dos aconte-
pletas e informais. Era indiscutível o perfil de lide-
cimentos considerados como revolucionários
rança de Jahn e as qualidades de um bom professor. tiveram influência muito grande em vários pa-
Para Publio (2005, p.17), “a finalidade de sua obra íses da Europa. Aplicando, de início, os princí-
era incentivar a união desmembrada Alemanha e pios de Pestalozzi, ele convence a juventude a
despertar o sentimento patriótico do homem ale- praticar a Ginástica; fortalecendo-lhes um ideal
heroico, o gosto pelo esforço e pelo risco, o há-
mão, preparando-o para a revanche.”
bito da obediência voluntária e o senso das an-
O movimento criado por Jahn cresceu muito, e tigas tradições da nação. Com a guerra ganha,
em 1815 a Prússia é reerguida e a prática do Turnen passa a ser malvisto. Todavia, o impulso que ele
amplia-se, abrangendo cada vez mais jovens e adul- havia imprimido a sua organização foi tal que
nenhum obstáculo conseguiu diminuir-lhe o
tos. Os alunos foram divididos em idade, categoria e
ímpeto. Seu dinamismo era tão extraordinário
capacidade, estabelecendo-se uma hierarquia. que não se esgotou, mesmo com a queda do Im-
Jahn introduziu inúmeros aparelhos, alguns já pério napoleônico, mas seu trabalho em favor
conhecidos e outros de sua própria invenção e adap- da unidade alemã o leva a situações delicadas.
As ligas políticas foram interditadas e a censura,
tação. Segundo Publio (2005), a barra horizontal
na Imprensa, orientada para que não agitasse a
(embora já conhecida) foi introduzida e tornou-se questão (1816). Em 1818, o Turnen foi conside-
popular no playground de Jahn. As paralelas surgi- rado revolucionário e demagógico: tratava-se
ram lá, mas não se sabe quem as inventou. O que se do ‘abcesso’ maligno que era preciso extirpar.
sabe é que foram criadas para desenvolver a força Outubro de 1818 foi o último mês em que foi
permitido praticar Ginástica, tendo seu reinício,
dos braços e do corpo em exercícios de volteio (giros em 1819, sido proibido pelo governo prussiano
no cavalo). (bloqueio ginástico) (PUBLIO, 2005, p. 19).
Publio (2005) salienta que, após as guerras na-
poleônicas, Jahn mantinha-se fiel à sua raça, de- Como toda essa situação, muitos ginastas e instru-
senvolvendo as sociedades de ginastica alemãs. A tores foram perseguidos, e Jahn foi vítima de ‘per-
Alemanha inovava e tomava gosto pelas demons- seguição pedagógica’, sendo detido em 1819 por
trações de massa (destacou-se a presença de seis cinco anos pela acusação de conspirar como revo-
mil ginastas no primeiro festival, organizado em lucionário de direita e de fazer propaganda subver-
Berlim, em 1861). siva à nação.

88
EDUCAÇÃO FÍSICA

Porém, a presença do bloqueio ginástico, ao in- Com relação ao reconhecimento da modali-


vés de fazer esquecer a Ginástica, fez com que ela dade mundialmente, esse momento deu-se em
fosse ainda mais divulgada no mundo todo, pois a 1952, ano no qual, por ocasião dos Jogos Olím-
proibição da prática ginástica na Alemanha levou à picos daquele ano, a Ginástica Olímpica passou
emigração de diversos ginastas alemães, que difun- a ser valorizada como modalidade esportiva. Se-
diram a Ginástica em todo o mundo. gundo Publio (2005), foi nesse momento que a gi-
Em 1842, quando terminou o bloqueio ginástico nástica foi reconhecida como esporte, no conceito
na Alemanha, a Educação Física passou a ser reali- atual de fenômeno social, com regras previamen-
zada em recintos fechados, cujo hábito é mantido até te definidas quanto ao julgamento, aparelhagem,
os dias de hoje. A partir desse momento, a Ginástica avaliação dos resultados, número de ginastas por
Turnen de Jahn propagou-se rapidamente por toda a equipes e a Federação Internacional de Ginástica
Alemanha, acontecendo na escola e sociedade, ani- trabalhando lado a lado com o Comitê Olímpico
mada por uma nova e crescente vida. Internacional.
Jahn faleceu em 1852, mas não demorou para No Brasil, a Ginástica Artística chegou por
ser reconhecido e, atualmente, para alguns alemães, meio da colonização alemã no Rio Grande do Sul
Jahn permanece como um herói confiável e legen- em 1824, lembrando que no período de 1820-1842
dário do passado. Publio, baseando-se nas palavras ocorreu o “Bloqueio Ginástico” e o Brasil também
de Barney (1979), destaca que “a memória de Jahn foi um dos países que recebeu alemães e, consequen-
sobrevive até hoje, por mais de dois séculos, e como temente, a Ginástica.
o tal, qualifica-o como ‘Pai da Ginástica’ para ser Entre 1895 e 1942 são criadas sociedades, fun-
admirado em proporções realmente heroicas” (PU- dações e federações de ginástica no Rio Grande do
BLIO, 2005, p. 21). Sul, e em 1948 iniciam-se as práticas ginásticas em
A influencia de Guts Muths, pai da ginástica pe- São Paulo, por meio da Federação Paulista de Ginás-
dagógica alemã, foi importante para a estruturação tica e Halterofilismo. No Rio de Janeiro foi em 1950,
dos exercícios propostos por Jahn, uma vez que ele na Federação Metropolitana de Ginástica (atual Fe-
se baseou na obra de Muths, Gimnastik fur die Ju- deração de Ginástica do Rio de Janeiro).
gend (Ginástica para a Juventude), de 1973. Segundo Em 1951 iniciaram-se os campeonatos oficiais de
Publio (2005), é incontestável a glória de Guts Mu- Ginástica, organizados e dirigidos pelo Conselho de
ths em ser o introdutor da ginástica pedagógico-di- Assessores de Ginástica da Confederação Brasileira
dática, constituindo-a como a base sistemática que de Desportos (CAG-CBD), e em 1978 o Estatuto da
serve de fundamento à ginástica educativa. Todavia, Confederação Brasileira de Ginástica é aprovado e a
cabe a Jahn o mérito da propagação da Ginástica em Ginástica Artística passa a receber orientações desse
aparelhos pelo mundo inteiro. órgão, o que ocorre até os dias de hoje.

89
GINÁSTICA

Características
da Ginástica Artística

Durante nosso estudo sobre a história da Ginástica Artística, vimos que


ela recebeu uma forte influência do momento no qual surgiu. A pro-
posta daquela época era preparar os jovens para os duelos, priorizando
atividades de batalhas simuladas e a utilização da natureza para a prá-
tica dos movimentos e desenvolvimento de força. Hoje, na modalida-
de, conseguimos visualizar a presença dos aparelhos de grande porte,
semelhantes aos utilizados por Jahn e o desenvolvimento de força dos
atletas, fator esse necessário para a execução dos movimentos que são
próprios da Ginástica Artística.
A modalidade chama a atenção pela característica de colocar os corpos
em voo. As acrobacias e coreografias destacam-se pelo nível de dificuldade
e precisão de movimentos. Força, equilíbrio, concentração, agilidade são
elementos básicos e que, em qualquer apresentação de Ginástica Artística,
estarão presentes.
A modalidade é dividida em masculina e feminina, e segundo Nuno-
mura e Tsukamoto (2009), a GA feminina possui quatro tipos de apare-
lhos: mesa de salto, que substituiu o cavalo em 2001, paralelas assimétricas,
trave de equilíbrio e solo, sendo que este último possui acompanhamento
musical. Já na masculina são seis aparelhos: solo (sem acompanhamento
musical), cavalo com alças, argolas, mesa de salto, paralelas simétricas e
barra fixa. Cada aparelho da modalidade possui uma medida específica
oficial, e essas medidas são usados para as competições e treinamentos
dos atletas de alto nível. No entanto, para a iniciação ou vivência dessa
modalidade, todos esses aparelhos poderão ser substituídos. Falaremos
sobre essa adaptação nas próximas unidades.

90
EDUCAÇÃO FÍSICA

Aparelhos
da Ginástica Artística
Cada aparelho da Ginástica Artística tem sua especificidade com movimentos
característicos de cada um e em alguns até temos aproximações. No entanto, o
fato dos aparelhos serem diversos e ainda executados tanto por homens quanto
por mulheres faz com que essa modalidade se torne rica e diversa.

MASCULINO

Figura 1- Cavalo com Alças Figura 2 - Barras paralelas simétricas

Figura 3 - Argolas Figura 4 - Barra Fixa

91
GINÁSTICA

FEMININO

Figura 5 - Barras paralelas assimétricas Figura 6 - Trave de Equilíbrio

MASCULINO E FEMININO

Figura 7 - Mesa de Salto Figura 8 - Solo

Como é possível o corpo humano executar movimen- tais sobre uma trave de equilíbrio de apenas 10cm?
tos tão belos e que rompem com o que estamos acos- Uma coisa nós podemos ter certeza, não é de uma
tumados a ver, a exemplo de um ginasta que consegue hora para a outra que um atleta consegue executar es-
realizar rotações no ar com toda segurança e ainda ses e muitos outros movimentos. Não são dias, sema-
retornar na posição de pé? Como conseguem girar nas ou meses de treinamento, mas sim anos, muitos
várias vezes em uma barra, sustentar-se com a força anos para que desenvolvam a habilidade de realizar
dos braços nas argolas ou ainda executar saltos mor- os exercícios nos diferentes aparelhos da modalidade.

92
EDUCAÇÃO FÍSICA

REFLITA

Lembre-se sempre: a ginástica deve fazer parte da formação dos alunos que para que eles tenham
acesso a essa manifestação corporal e conheça tudo que é possível, de forma prazerosa e instigante.

Por isso, nesse momento, para que entendamos um (1986), trazida por Nunomura e Tsukamoto (2005).
pouco mais como esses atletas iniciam suas car- Para os autores, todos os movimentos realizados na
reiras, aprenderemos sobre os padrões básicos de Ginástica partem dos Padrões Básicos de Movimen-
movimento, ou seja, o que o futuro ginasta precisa to (PBM’s). Nesse sentido, o domínio desses padrões
aprender como base na iniciação para depois ter su- permite a evolução de qualquer habilidade na Gi-
cesso em sua carreira como ginasta. nástica Artística.
Existem várias denominações sobre os padrões Cada PBM foi agrupado de acordo com os prin-
de movimento a partir de diferentes autores. No en- cípios mecânicos de sua execução. O quadro a seguir
tanto, utilizaremos a proposta de Russel e Kinsman apresenta seis padrões de movimento.

Quadro 1 - Padrões básicos de movimento na Ginástica Artística

PBM Tipos Príncipio Mecânico


• sobre os pés
• sobre as mãos Utilizar mais tempo e mais partes do corpo para absorver o momento
1. Aterrissagens
• com rotação de qualquer aterrissagem.
• sobre as costas
Relação entre o Centro de Gravidade (CG) e a Base de Apoio (BA):
• Quanto mais próximo o CG da BA, maior a estabilidade;
• apoios • O CG deve estar dentro da BA;
2. Posições
• suspensões • Quanto maior a BA, maior a estabilidade;
estáticas
• equilíbrios • Para um corpo segmentado, a estabilidade será maior quando o CG de
cada segmento estiver situado verticalmente sobre o CG do segmento
imediatamente abaixo.
• sobre os pés
3. Deslocamentos • em apoio Aplicação de força interna (contração muscular) para mover o CG.
• em suspensão
• no eixo longitudinal Para iniciar uma rotação, aplicar uma força que não passe pelo CG.
4. Rotações • no eixo transversal Quando mais longe a força for aplicada do CG, maior o efeito de rota-
• no eixo ântero-posterior ção.
Aplicação de força interna ou externa para produzir um deslocamento
• com as duas pernas
rápido do CG.
5. Saltos • com uma perna
Essa força deverá ser de magnitude suficiente, na direção desejada e
• com as mãos
aplicada a um corpo rígido.
Na fase Ascendente, o momento será diminuído. Na fase Descendente, o
• da suspensão
6. Balanços momento será aumentado. A retomada das mãos deverá ser realizada no
• do apoio
topo ou ponto morto. A barra deverá ser segurada em forma de gancho.
Fonte: Russell e Kinsman (1986).

93
GINÁSTICA

A partir do quadro 1, podemos compreender • Não Acrobáticos – são os movimentos reali-


que o atleta, na execução dos diferentes elemen- zados para demonstrar força ou flexibilidade.
tos ginásticos, terá que aterrissar de diferentes Muitas vezes são estáticos, como as paradas
formas, buscando sempre uma região de maior de mãos, esquadros, parada de cabeça etc.
contato com o solo e que lhe dê segurança. Nas
posições estáticas, focar o centro de gravidade e GAF – GINÁSTICA ARTÍSTICA FEMININA
a base de apoio do corpo, seja em apoio, suspen-
são ou equilíbrio, assim como nos deslocamentos, Trave de Equilíbrio – o aparelho trave de equilí-
indo de um ponto a outro e focando o centro de brio exige que a ginasta execute movimentos que
gravidade. Nas rotações, sempre aplicando força demonstrem sua habilidade de equilíbrio. A trave
o mais distante possível do centro de gravidade. é feita de madeira, forrada com espuma e coberta
Nos saltos, dirigir a força nas direções desejadas, e com couro. Ela mede 5 metros de comprimento, tem
nos balanços deixar o corpo reagir ao estímulo de 10cm de largura e fica a 1,20m do solo. A ginasta
impulso e que gere o balanço. precisa utilizar toda a extensão do aparelho e tem o
Para que fique mais fácil sua compreensão so- tempo de 70 a 90 segundos para executar sua série.
bre esses padrões de movimento, a partir de agora Neste aparelho, a ginasta executará movimentos de
falaremos de cada aparelho e traremos exemplos de aterrissagens durante as acrobacias e na entrada e
como esses padrões acontecem efetivamente na exe- saída da trave, além de posições estáticas, desloca-
cução dos movimentos. mentos, rotações, saltos e balanços.
Antes disso, é importante conhecermos quais
são os elementos corporais da Ginástica Artística:
• Passos de Dança – caracterizam-se pelos
saltos, pivots e movimentos que remetam ao
processo coreográfico, dando qualidade ar-
tística à série.
• Pré- Acrobáticos – movimentos de inversão
de eixo que muitas vezes preparam para um
elemento acrobático. Exemplo: a Roda (estre-
la), rodante, rolamentos etc.
• Acrobáticos – movimentos de inversão de
eixo que apresentam um grau de dificuldade
maior, como os mortais, flic-flacs, reversão
sem mãos etc.

94
EDUCAÇÃO FÍSICA

Barras Assimétricas – neste aparelho a ginasta deve A partir de estudos e pesquisas foi desenvolvida a
executar movimentos de suspensões, balanços, sal- mesa de salto que possui a altura de 1,20m e uma
tos, rotações, deslocamentos e aterrissagens ao sair superfície de contato bem maior para os atletas, o
do aparelho. A ginasta deve, obrigatoriamente, usar que oferece mais segurança e controle para os pra-
as duas barras, tanto a superior quanto a inferior, ticantes. A ginasta executa uma corrida de aproxi-
executando movimentos de passagens entre uma e mação e, com o uso de um trampolim Reuther, faz
outra. A largura das barras assimétricas é de 2,40m. a entrada no aparelho de frente ou de costas para a
A barra menor tem de 1,40m a 1,60m e a maior de mesa, e utilizando-se das mãos para o apoio reali-
2,20m a 2,30m, e a distância entre uma barra e outra za o salto, variando em formas e possibilidades. Os
é de 1 metro. padrões de movimentos usados neste aparelho são:
aterrissagens, deslocamentos, rotações e saltos.

Salto sobre a mesa – este aparelho surgiu em substi-


tuição ao cavalo, que antes era usado para os saltos,
colocado na forma longitudinal para os saltos mas-
culinos e transversal para os saltos femininos.

Figura 9 - Cavalo no qual os saltos eram feitos Figura 10 - Trampolim

95
GINÁSTICA

Figura 11 - O trampolim mais comum é este, com molas

Solo – o solo é um dos aparelhos mais clássicos


da Ginástica Artística. Ele chama a atenção pelas
diferentes possibilidades de execução realizadas
pelos atletas. Neste aparelho que mede 12x12, o
atleta realiza movimentos de aterrissagens, mo-
vimentos estáticos, deslocamentos, rotações e
saltos. O solo é onde normalmente tudo começa,
onde os atletas aprendem os movimentos básicos
que depois serão utilizados nos demais aparelhos.
É muito importante que o atleta use todo o espaço
do tablado, o uso das diagonais acontece para que
o atleta tenha mais espaços de corrida, preparação
e execução dos movimentos. A ginasta tem acom-
panhamento musical e o tempo de 70 a 90 segun-
dos para a execução da série.

96
EDUCAÇÃO FÍSICA

GINÁSTICA ARTÍSTICA MASCULINA (GAM)

Barra Fixa – é um aparelho que exige de seu prati- Barras Paralelas – este aparelho exige bastante
cante força e consciência corporal. O atleta precisa força dos praticantes, principalmente dos mem-
girar seu corpo diversas vezes para diferentes senti- bros superiores, pois o atleta utilizará a força des-
dos e com diferentes formas. A maneira de segurar de grupo muscular em maior parte do tempo. Ele
a barra também deve alterar, além de realizar trocas se caracteriza por um aparelho com duas barras
e retomadas na barra. O material da barra é de aço de madeira ou de fibra com 3,5m de comprimen-
polido e ela possui 2,40m de comprimento, 2,8mm to e a distância entre uma barra e outra é de 42 a
de diâmetro e fica a 2,5m do solo, altura que permite 52cm. Já a altura do aparelho é de 1,95m do solo,
a rotação do atleta (giro gigante) com o corpo esten- altura que permite ao atleta executar seus movi-
dido. Nesse aparelho o atleta realizará aterrissagens, mentos tanto com o apoio das mãos quanto dos
deslocamentos, rotações, saltos e balanços. braços (apoio braquial). Os padrões de movimen-
to realizados neste aparelho são as aterrissagens,
as posições estáticas, deslocamentos, rotações,
saltos e balanços.

97
GINÁSTICA

Salto sobre a mesa – o salto sobre a mesa masculino Cavalo com Alças – este aparelho também exige
é semelhante ao feminino, com corrida de aproxi- bastante força dos membros superiores e a execu-
mação, utilização do trampolim e entrada na mesa ção dos movimentos caracteriza-se pelo controle do
usando as mãos para o salto. No entanto, a altura da corpo em relação com o aparelho. Ele tem 1,60m de
mesa de salto masculina será de 1,30m. comprimento e de 35 a 37cm de largura. É coberto
de couro e fica a 1,10m de altura, além disso possui
duas alças de madeira de 12cm de altura com uma
distância de 40 a 45cm uma da outra. Os padrões
de movimento executados são aterrissagens, deslo-
camentos, rotações e balanços.

98
EDUCAÇÃO FÍSICA

Argolas – os movimentos executados neste apare- Solo – o solo masculino tem a mesma medida do
lho chamam muito a atenção pela dificuldade que solo feminino, entretanto o tempo de coreografia
eles apresentam. O atleta deve executar movimen- é de 50 a 70 segundos e não tem acompanhamen-
tos estáticos e dinâmicos, realizando diferentes po- to musical. A série masculina apresenta bem mais
sições com o corpo. As argolas são dois anéis feitos elementos de força, e por não ter música não possui
de madeira ou fibra de vidro com a medida de 18cm movimentos que remetam à dança ou expressão cor-
de diâmetro externo e que ficam suspensas por cor- poral. O atleta realiza movimentos de aterrisagens,
reias que estão presas a 5,5m do solo. Já as argolas estáticos, deslocamentos, rotações e saltos.
ficam a 2,5m do solo e com uma distância de 50cm
entre uma e outra. Os padrões de movimento deste
aparelho englobam aterrissagens, posições estáticas,
rotações e balanços.

99
GINÁSTICA

Evolução Histórica
da Ginástica Rítmica

Caro(a) aluno(a), nesta parte da unidade, vamos fa- pensadores que contribuíram com suas ideias que
lar sobre a Ginástica Rítmica (GR). Para que você somadas resultaram em uma prática gímnica única.
melhor compreenda como foi que esta modalidade Em seguida, abordaremos as características específi-
se estruturou para se apresentar como é hoje, fala- cas da GR, que fazem dela uma modalidade que se
remos sobre a sua história e evolução, trazendo os diferencia das demais disciplinas ginásticas.

100
EDUCAÇÃO FÍSICA

CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS
E EVOLUÇÃO DA GINÁSTICA RÍTMICA

A Ginástica Rítmica (GR) é conhecida pela sua A criação deste método ginástico recebeu con-
graciosidade, elegância, expressividade, movimen- tribuições de diversos estudiosos de diferentes pa-
tos de grande flexibilidade e manejo de aparelhos. íses, que estavam ligados a quatro diferentes cor-
Essas características têm a ver com o objetivo que rentes, conforme afirma Peuker (1974): a corrente
motivou o surgimento desta modalidade: a valori- pedagógica, a corrente da arte cênica, a corrente da
zação da mulher. De acordo com Marinho (1979), dança e a corrente da música. Falaremos brevemen-
apesar de hoje ser praticada também por homens, te sobre os pensadores que mais se destacaram em
de forma não oficial, a GR teve origem como uma cada corrente.
possibilidade de atividade para as mulheres, até De acordo com os autores Peuker (1974) e
então impedidas de praticarem ginástica e outras Barbosa-Rinaldi et al.(2009), na corrente pedagó-
manifestações esportivas. gica podemos evidenciar: Jean-Jacques Rousseau
Mas para compreendermos melhor como acon- (1712- 1778), filósofo e pedagogo alemão que con-
teceu esse processo é preciso que retomemos algu- siderava a educação do corpo como parte da edu-
mas informações discutidas no tópico 2 da unidade cação total do indivíduo; Basedow (1723-1790),
1, que relata a sistematização da Ginástica. Vimos alemão que inspirava-se em Rousseau, interessa-
que no século XIX a Ginástica teve um grande de- va-se pelos aspectos educacionais da Educação
senvolvimento gerado pelas Escolas de Ginástica Física e que deu início à ginástica natural; Salz-
(alemã, nórdica e francesa), certo? Vimos também man (1744-1811), também alemão e seguidor das
que as ideias destas Escolas sofreram transforma- ideias de Basedow, fundador de uma escola onde
ções no século XX, quando emergiram os chama- se priorizava a Educação Física; Pestalozzi (1746-
dos Movimento do Centro (Escola Alemã), Mo- 1827), o primeiro a considerar corpo, espírito e
vimento do Norte (Escola Nórdica) e Movimento alma como um todo inseparável e indivisível; Guts
do Oeste (Escola Francesa). Afirmam Langlede e Muths (1959-1839), austríaco, considerado o pai
Langlade (1970) que foi justamente o Movimento da ginástica pedagógica e que criou um sistema
do Centro que deu fundamentos ao surgimento da de Ginástica inspirado na filosofia e nos exercícios
Ginástica Rítmica. da Grécia Antiga; Per Henrik Ling (1776-1839),
O Movimento do Centro era composto por criador do método da ginástica sueca, em que a
duas manifestações: a artístico-rítmico-pedagógi- verdadeira educação ginástica deveria atender às
ca e a técnico-pedagógica. De acordo com Oliveira necessidades morais e corporais, e que dedicava
et al. (1988), a manifestação artístico-rítmico-pe- atenção à correção postural, à flexibilidade da ar-
dagógica, também chamada de tendência musical, ticulações e relaxamento neuromuscular; Hilma
é que deu base para a consolidação da Ginástica Jalnaken (1889-1964), professora finlandesa que
Rítmica, ao proporcionar a integração das artes na contribuiu para a difusão das ideias da ginástica
Educação Física. feminina na Finlândia.

101
GINÁSTICA

Na corrente da arte cênica temos como princi-


pais representantes: François Delsart (1811-1871),
francês, autor da teoria que diz que há uma influ-
ência mútua entre espírito e atividade física, criador
da ginástica expressionista, que influenciou a ex-
pressividade da Ginástica atual; Genevieve Stebbins
(1857-1934), americana, difundiu as ideias de Del-
sart em seu país, criadora da ginástica respiratória
europeia que implica em três elementos básicos: res-
piração, tensão e relaxamento; Hedwig Kallmeyer
(1864-1960), alemã, aluna de Genevieve que intro- Figura 12 - Laban
Fonte: Educação Musical (BLOGSPOT, 2012, on-line)1.
duziu na Alemanha os conhecimentos adquiridos
com a professora.
Na corrente da dança, foram importantes:
Jean-George Noverre (1727-1810), autor das “Car-
tas sobre a Dança e os ballets”, que se apresenta
contrário aos excessos de rigidez do ballet clássico;
Isadora Duncan (1878-1927), americana conhecida
como a “dançarina dos pés descalços”, buscou a li-
bertação do formalismo da dança clássica, expres-
sando-se com movimentos naturais, expressivos e
inspirados nas linhas gregas, trazendo uma nova
concepção à dança; Rudolf Laban (1879-1958), aus-
tro-húngaro, objetivou reconstruir o estudo da co-
reografia em linguagem especial do espírito, corpo
e alma, que até então era limitado a uma linguagem
simplesmente corporal, trouxe uma nova forma de
expressão para a Ginástica enquanto arte; Mary
Wigman (1886-1973), professora de dança na Ale-
manha que criou uma forma de dança com movi- Figura 13 - Isadora Duncan
mentos naturais e simples. Fonte: The Linosaurus (BLOGSPOT, 2014, on-line)2.

102
EDUCAÇÃO FÍSICA

Na corrente da música evidenciamos, de acordo


com Peuker (1974) e Barbosa-Rinaldi et al. (2009):
Jacques Dalcroze (1865-1950), professor de música
e compositor alemão, criador da euritimia, trouxe
valiosas contribuições à Ginástica com suas ideias
de relacionamento entre ritmo ginástico, ritmo mu-
sical e suas possibilidades de alternância. Desenvol-
veu o instinto ritmo e métrico musical, em um mé-
todo que buscava fazer do corpo um instrumento de
expressão estética. Influenciou não só o ensino da
música, mas também a formação de escolas de dan-
ça e o desenvolvimento da Educação Física; Rudolf Fonte: Dalcroze K-6 (on-line)3.

Bode (1881-1971), alemão considerado o fundador


dos princípios básicos da GR, entre eles a ideia de
movimento ôrganico, o trabalho de contração e re-
laxamento, a totalidade do movimento consideran-
do o corporal e o espiritual. Deu mais importância
ao exercício corporal, colocando a música a serviço
deste e utilizando ações em grupos; Heinrich Medau
(1890-1974), que foi estudante na escola de Bode,
estabeleceu a diferença entre exercícios rítmicos e
métricos, deu importância aos exercícios respirató-
rios e boa formação postural. Introduziu aparelhos
manuais como bolas, arcos e maças para aprimorar
o sentido rítmico, com ênfase no acompanhamen-
to musical; Elli Björkestén (1870-1947), finlandesa,
professora de Ginástica na faculdade de Helsinki,
apresentou movimentos de caráter rítmico, estéti-
co e expressivo, influenciando a ginástica neosueca,
que era rígida e mecânica; Elin Falk (1872-1942),
também influenciou a ginástica neosueca levando
movimentos mais livres e naturais para a ginástica
infantil, aliando ritmo, naturalidade e relaxamen-
to; Maja Carlquist (1884-1968), finlandesa que deu
continuidade às ideias de Falk e que contribuiu para
o caráter interpretativo da Ginástica. Fonte: Wikimedia (2016, on-line)4.

103
GINÁSTICA

Conforme afirma Peuker (1974), foi a partir da con- Praga, foram feitas demonstrações que chamaram
tribuição destes pensadores de diferentes correntes a atenção a ponto da Federação Internacional de
que algumas manifestações gímnicas se desenvolve- Ginástica (FIG), em 1962, a reconhecer como uma
ram, assim como a Ginástica Rítmica, um sistema modalidade independente.
ginástico destinado à mulher, baseado em movi- De acordo com os autores Barbosa-Rinaldi et al.
mentos orgânicos, rítmicos e dinâmicos e, de acordo (2009), Langlade (1970) e Llobet (1998), o primeiro
com Paoliello e Toledo (2010, p.25): Campeonato Mundial de Ginástica Moderna acon-
teceu em dezembro de 1963, na Hungria. O código
[...] não possuía caráter competitivo, assim de pontuação, no entanto (ou seja, as regras da mo-
como os demais métodos europeus de ginásti-
dalidade), foi publicado apenas em 1970 pela FIG.
ca, mas de prática de atividade física sistemati-
zada, visando não à comparação de performan- Vale ressaltar que quando a GR surgiu foi ini-
ce, mas ao condicionamento, à disciplina e à cialmente denominada Ginástica Moderna (1963),
estética do corpo, entre outros objetivos. e passou por outras nomenclaturas como Ginás-
tica Rítmica Moderna (1972) e Ginástica Rítmica
Quando falamos em movimentos orgânicos estamos Desportiva (1975). Afirmam Barbosa-Rinaldi et al.
nos referindo a um sistema em que há a participação (2009) que foi a partir de 1997 que a Federação In-
do corpo em sua totalidade. De acordo com Peuker ternacional de Ginástica (FIG) tornou oficial o nome
(1974), a realização destes movimentos deve acon- Ginástica Rítmica, ao considerar redundante a men-
tecer de forma fluida, ou seja, sem fragmentações, e ção desportiva, por se tratar de uma modalidade
dessa maneira a sua dinâmica deve ser rítmica e não competitiva de qualquer forma, além de criar uma
orientada por uma contagem métrica e rígida. padronização com outras denominações gímnicas,
O processo para que a GR se tornasse uma mo- como a Ginástica Artística, com apenas dois nomes.
dalidade reconhecida e única foi marcado por alguns A Ginástica Rítmica (GR) começou a ser difun-
acontecimentos. O seu processo de sistematização se dida no Brasil por cursos ministrados pela professora
iniciou em 1948, na primeira competição organiza- austríaca Margareth Fröhlich, em 1953 e 1954, pro-
da pela antiga União Soviética. Em 1951 foi criada a movidos pelo Departamento de Esportes do Estado
Liga Internacional de Ginástica Moderna (LIGIM) de São Paulo, com assistência da professora da Uni-
por Heinrich Medau, em Viena, a fim de difundir a versidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Erica
prática. Assim, a GR (na época Ginástica Moderna) Saur. No entanto, a principal divulgadora da modali-
estava sendo inserida por meio de apresentações em dade foi a húngara Ilona Peuker, por meio de cursos
eventos de Ginástica e fazendo parte das competi- e demonstrações em diversas cidades. De acordo com
ções de Ginástica Artística, como aconteceu nos Jo- Publio (1998), foi a partir daí que a Ginástica Mo-
gos Olímpicos de Londres e nos Jogos Olímpicos de derna passou a ser desenvolvida na área estudantil,
Helsinki, em 1952, até ser abolida nos Jogos de Mel- incentivando a formação de grupos de elite, como o
bourne, em 1956. Entretanto, encontros internacio- pioneiro Grupo Unido de Ginastas (GUG) e a realiza-
nais continuaram a ser realizados, até que, em 1962, ção da primeira competição em 1968, pela Federação
no Campeonato Mundial de Ginástica Artística em Carioca de Ginástica.

104
EDUCAÇÃO FÍSICA

Afirmam os autores Santos et al. (2010) que a


criação da Confederação Brasileira de Ginástica
(CBG), em 1978, permitiu que a modalidade evo-
luísse no país. Em 1984, o Brasil foi representa-
do pela primeira vez nos Jogos Olímpicos de Los
Angeles, ano em que a GR se tornou modalidade
olímpica, na categoria individual, pela ginasta Ro-
sane Favilla Ferreira, do Rio de Janeiro. O Brasil
teve até o presente quatro participações em Jogos
Olímpicos na categoria de conjuntos: em Sydney,
2000, Atenas, 2004 , Beijing, 2008 e Rio de Janeiro,
Figura 14 - GUG
2016. Como país sede, será representado também
Fonte: Entre Arcos e Fitas (BLOGSPOT, 2011, on-line)5. na categoria individual.

Fonte: Portal Bragança (2015, on-line)6.

105
GINÁSTICA

Características
da Ginástica Rítmica

Vimos que o desenvolvimento da Ginástica Rítmica a ginasta realiza saltos e movimentos acrobáticos
foi resultante de um processo de inserção das artes sem deixar de recuperá-los de formas inusitadas,
(dança, música e artes cênicas) e da pedagogia no tornam esta modalidade dinâmica e desafiadora
campo da Educação Física. Como resultado desta (FIG, on-line)7.
interação, a Ginástica Rítmica se consolidou como Atualmente, a GR tem competições conside-
uma modalidade que une a elegância do ballet e o radas oficiais pela FIG e demais órgãos a ela su-
drama do teatro acompanhada da interpretação da bordinados, apenas femininas. Alguns países asi-
música que orienta o ritmo e a intensidade dos mo- áticos e europeus já apresentam a manifestação
vimentos que compõem a série, que é como é cha- de GR masculina, com competições há mais de
mada a coreografia (FIG, on-line)7. 10 anos, porém não oficiais. Em se tratando das
Durante a sua apresentação, a ginasta deve competições oficiais, portanto, femininas, existem
demonstrar aos árbitros (juízes que a avaliam) e provas individuais e em conjunto. Na categoria
ao público a polidez de movimentos com grau individual a ginasta deve apresentar quatro séries
elevado de flexibilidade, além de força e agilida- diferentes, uma com cada aparelho. Para os con-
de, aliados ao domínio de um dos seus aparelhos juntos, formados por 5 ginastas, devem ser apre-
manuais: arco, bola, maças e fita (a corda é con- sentadas duas séries, uma com as ginastas usando
siderada um aparelho oficial apenas para as ca- 5 aparelhos iguais (por exemplo: 5 fitas) e outra
tegorias iniciantes). Os movimentos arriscados série mista, em que dois tipos de aparelhos são
realizados com estes aparelhos, manuseados de usados, na proporção 2 e 3 (por exemplo: 2 bolas
diversas formas, sendo lançados ao ar enquanto e 3 arcos) (FIG, on-line)7.

106
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 15 - Conjunto

Figura 16 - Conjunto Misto Figura 17 - Individual

107
GINÁSTICA

Podemos destacar como os principais pilares que caracterizam a GR: os elemen-


tos corporais, a manipulação de aparelhos e o acompanhamento musical. Para
melhor visualizar estes aspectos apresentamos o quadro desenvolvido por Bar-
bosa-Rinaldi et al. (2009).

Quadro 2 - Características da Ginástica Rítmica

CARACTERÍSTICAS DE
GINÁSTICA RÍTMICA

MANIPULAÇÃO DE ELEMENTOS ACOMPANHAMENTO


APARELHOS CORPORAIS MUSICAL

Manifestação com possibilidades de dinâmica, de criatividade,


de ludicidade com características próprias
Fonte: Barbosa-Rinaldi et al. (2009, p. 25).  

O Quadro 2 apresenta os elementos que em conjunto tornam a GR uma manifes-


tação com inúmeras possibilidades, permitindo o uso da criatividade na compo-
sição das séries, além de poder ser trabalhada de forma lúdica, sendo adequada
a ambientes educacionais. De acordo com Barros e Nedialcova (1999), esta ativi-
dade contribui para o desenvolvimento da locomoção, manipulação, tônus cor-
poral, organização espaço-temporal, coordenação óculo-segmentar, equilíbrio,
coordenação da dinâmica geral e ritmo.
Para compreendermos com mais profundidades cada um destes elementos,
iremos abordá-los nos itens a seguir.

108
EDUCAÇÃO FÍSICA

Elementos Corporais
e Manejo de Aparelhos da
Ginástica Rítmica
Conforme mencionado anteriormente, a Ginástica Rítmica possui oficialmen-
te 5 aparelhos: a corda, o arco, as maças, a bola e a fita. Nas competições inter-
nacionais são utilizados quatro: o arco, a bola, as maças e a fita, pois a corda há
algum tempo tornou-se apenas obrigatória às categorias de base. No processo
de iniciação ou escola, devemos explorar ao máximo todos os aparelhos, além
de utilizar aparelhos não oficiais, é muito interessante para as aulas por sua
grande contribuição para o desenvolvimento dos alunos.

109
GINÁSTICA

Cada um dos aparelhos da GR permite a realização de uma variedade de mo-


vimentos de acordo com suas formas e especificidades, conforme apresenta
a Tabela 1.

Tabela 1- Movimentos técnicos dos aparelhos

Fonte: baseado no Código de Pontuação de Ginástica Rítmica da Federação Internacional de Ginástica (CBG,
versão 2013-2016, on-line)8.

110
EDUCAÇÃO FÍSICA

Podemos perceber pela Tabela 1 que alguns movi- vesse deitado). Outras partes do corpo podem re-
mentos são comuns entre todos os aparelhos, assim alizar o lançamento, como por exemplo, o pé. No
como há alguns outros que são comuns a dois ou caso das maças, por se tratarem de dois aparelhos
mais aparelhos, como por exemplo as passagens por idênticos usados simultaneamente, pode-se lançar
dentro, que são realizadas com a corda, o arco e tam- apenas uma ou as duas.
bém com a fita, ou então as escapadas (échappes) que Recuperações: São movimentos que dependem
são feitas com a corda e com a fita. Trataremos a se- dos lançamentos. Após lançado ao ar, a ginasta deve
guir sobre os movimentos técnicos que são comuns recuperar o aparelho de alguma forma. Pode ser com
aos 5 aparelhos: a mão, com as pernas, com mais de uma parte do cor-
Lançamentos: São movimentos em que o apa- po ao mesmo tempo, além de ser possível recuperá-
relho é lançado ao ar podendo fazer uma trajetória -lo em rotação, seja nas mãos, no pés, no pescoço se a
vertical ou de parábola, sendo impulsionado em forma do aparelho permitir (ex. arco) e por preensão
diferentes planos e direções (se a forma do apa- (ex. bola recuperada entre os dois pés). Os aparelhos
relho permitir). É possível lançar com uma das ainda podem ser recuperados passando-se através de
mãos iniciando o movimento com um balanceio, seu centro, deixando que ele caia sobre o corpo ou en-
direcionando o aparelho para frente, assim como tão buscando-o durante a sua trajetória realizando um
se pode impulsioná-lo lateralmente ou por trás das salto, por exemplo (no caso do arco). Pode ser utiliza-
costas. No caso do arco e das maças, ainda podem da muita criatividade em relação às formas de se recu-
ser lançados no plano longitudinal (como se esti- perar o aparelho, tornando o movimento desafiador.

111
GINÁSTICA

Balanceios: São movimentos em que o aparelho é seguro por uma mão ou por
ambas, realizando um balanço que realiza uma trajetória de “U” imaginário no
ar. Podem ser realizados em diferente planos.

Figura 18 - Balanceios

Circunduções: São movimentos em que o aparelho realiza a trajetória de um


grande círculo como consequência da circundução do braço (movimento tem
como eixo central o ombro). Esta circundução pode ser realizada em diferentes
planos e direções.
Movimento em oito: São movimentos em que o aparelho, seguro pela mão,
percorre uma trajetória que realiza um “8” no ar. Semelhante à circundução, po-
rém realizando dois círculos de tamanho iguais em níveis diferentes, ou lados
diferentes do corpo.
Como cada aparelho possui suas especificidades quanto à forma, tamanho e
possibilidades de movimentações, falaremos agora de cada um separadamente:

112
EDUCAÇÃO FÍSICA

A CORDA
Conforme afirmam Barbosa-Rinaldi et al. (2009), a
corda deve ser leve e flexível, normalmente feita de
polipropileno ou nylon, mas para efeito de aprendi-
zagem pode-se utilizar as de cânhamo. O seu diâme-
tro deve ser uniforme e não deve haver empunhadu-
ra nas pontas. O ideal é que o tamanho da corda seja
adequado à altura do aluno (pisando-se com os dois
pés no centro da corda, segura-se uma ponta com
cada mão e estas pontas devem alcançar os ombros).
A corda é utilizada com um nó em cada extremida-
de, para impedir que escape facilmente das mãos. É
por estas extremidades que deve ser segura durante
o seu manuseio para a maior parte dos movimentos
Figura 20 - Medida da Corda que podem ser executados.

113
GINÁSTICA

Figura 21 - Empunhadura Correta Figura 22 - Empunhadura Incorreta

Além dos movimentos já citados como possibilida-


de de todos os aparelhos, com a corda ainda é pos-
sível realizar:
Rotações: são movimentos em que a corda des-
creve círculo no ar, tendo como eixo a mão que está
segurando uma ponta, ou as duas pontas juntas
(corda dobrada ao meio, por exemplo), bem como
pode ser segura com a mão em seu centro.

114
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 23 - Rotação da Corda - Frente

Figura 24 - Rotação da Corda - Acima

Figura 25 - Rotação da Corda - Lateral

115
GINÁSTICA

Passagens por dentro: é o movimento em que a cor-


da, sendo segura com cada mão em uma extremida-
de, forma um desenho de “U” e a ginasta passa por
dentro, realizando uma forma de andar, um saltito,
um salto, entre outras posições corporais que per-
mitem este movimento da corda. Pode-se utilizar
também corda dobrada em mais partes, diminuindo
o espaço de passagem do corpo.
Figura 26 - Passagem por dentro da corda

116
EDUCAÇÃO FÍSICA

Escapadas (échappes): é o movimento em que uma


das pontas da corda é solta propositalmente, des-
crevendo uma trajetória no ar e retornando para a
mão da ginasta.
Figura 27 - Escapada Corda

117
GINÁSTICA

Espirais: são movimentos em que a corda desenha da ponta no solo e demais possibilidades que a
mais de um círculo no ar com toda a sua extensão, criatividade permitir.
sendo segura por uma das mãos. Pode iniciar como Véus: com uma ponta da corda em cada mão,
uma escapada, porém antes de retornar à mão são serão realizados movimentos de rotação com a
descritos movimentos de espirais. corda passando bilateralmente, realizando uma
Além destes movimentos, é possível utilizar trajetória em 8 no ar. É importante o movimento
a corda de outras maneiras, por exemplo, reali- de cruzar e descruzar os braços para a realização
zando enrolamentos ao redor do corpo, batidas correta.

Figura 28 - Véu

Figura 29 - Véu Lateral

118
EDUCAÇÃO FÍSICA

119
GINÁSTICA

O ARCO
O arco é um aparelho que tem familiaridade com o
universo infantil. Chamado popularmente de bam-
bolê, é um objeto que faz parte das brincadeiras das
crianças, sendo lúdico e possibilitando a exploração
de diferentes movimentos. Assim também, como
aparelho oficial da GR, o arco é um aparelho com
uma grande variedade de formas de manuseio.
Conforme afirmam Barbosa-Rinaldi et al.
(2009), o seu formato é redondo, com tamanho va-
riado, uma vez que depende da altura do praticante
para ser adequado. Oficialmente deve possuir o di-
âmetro entre 80 e 90cm, mas para as crianças pode
ser de 60 a 75cm. Antigamente era feito de madeira,
e hoje o material mais comum é o plástico PVC com
resistência que não permita a sua deformação du-
rante a utilização.

120
EDUCAÇÃO FÍSICA

Rotações: são movimentos em que o arco realiza giros que podem ser ao redor
de um eixo corporal: ao redor de uma mão ou das duas mãos unidas, da cintura,
das pernas, dos pés, do pescoço, entre outras partes do corpo; ou ao redor do seu
próprio eixo: no solo ou sobre uma parte do corpo (palma da mão, peitoral, bar-
riga e costas). Ao iniciar a aprendizagem da rotação, esta deve ser realizada com
o arco apoiado na mão, jamais no punho.
Figura 30 - Rotações do Arco - Apoio Correto

Figura 31 - Rotações do Arco - Apoio Incorreto

121
GINÁSTICA

Figura 32 - Rotação do Arco - Frontal

Figura 33 - Rotação do Arco - Acima

Figura 34 - Rotação do Arco - Lateral

122
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 35 - Rotação do Arco a Frente - Plano Horizontal

Figura 36 - Rotação do Arco - Pescoço

Figura 37 - Rotação do Arco - Cotovelo

123
GINÁSTICA

Figura 38 - Rotação do Arco - Cintura

Passagens por dentro ou por cima: são movimentos em que o corpo passa por
meio do arco, podendo ser durante um passo, um saltito, um salto, uma rotação ou
um movimento corporal expressivo. A passagem por cima é a passagem do corpo
sobre o arco, o que pode ser realizado durante um saltito ou um salto, por exemplo.
Figura 39 - Passagem por Dentro do Arco

Figura 40 - Passagem por Cima do Arco

124
EDUCAÇÃO FÍSICA

Rolamentos: são movimentos em que o arco rola sobre uma superfície, realizan-
do uma trajetória, sustentando seu próprio peso. Estas superfícies podem ser o
solo ou o corpo. Sobre o corpo o arco pode percorrer de uma mão à outra, pas-
sando sobre os braços, ir dos pés às mãos passando sobre as pernas e o peitoral,
rolar sobre as costas, entre outras possibilidades.
Figura 41 - Rolamento do Arco - Início

125
GINÁSTICA

Figura 42 - Rolamento do Arco - Frente

126
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 43 - Rolamento do Arco - Atrás

127
GINÁSTICA

APARELHO
BOLA
A bola para uso na GR pode ser de borracha e seu
diâmetro pode variar conforme a idade dos alunos.
De acordo com Barbosa-Rinaldi et al. (2009), ofi-
cialmente ela deve ter entre 18 e 20cm de diâmetro
com o peso de 400 gramas, mas para as crianças o
ideal é 14 a 16cm, sendo portanto mais leve. Deve-se
tomar o cuidado para segurar a bola apenas susten-
tando-a sobre a mão, sem pressioná-la com os dedos
ou contra o punho.

128
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 44 - Apoio da Bola - Correto

Figura 45 - Apoio da Bola - Incorreto

129
GINÁSTICA

Rolamentos: assim como no arco, são os movimentos em que a bola percorre


uma trajetória sobre uma ou mais partes do corpo da ginasta, por exemplo, de
uma mão à outra passando pelos braços. O importante dos rolamentos é que não
podem haver quicadas durante a sua trajetória, pois a bola deve de fato rolar até
chegar ao seu destino.

Figura 46 - Rolamento de Bola - Dois Braços

Figura 47 - Rolamento de Bola - Um Braço - Frente

Figura 48 - Rolamento de Bola - Um Braço - Lateral

Figura 49 - Rolamento de Bola - Costas

130
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 50 - Rolamento de Bola Total - Frente

Figura 51 - Rolamento de Bola Total - Ombros

Figura 52 - Rolamento de Bola Sobre o Corpo no Solo

Figura 53 - Rolamento de Bola Sobre o Corpo no Solo - Costas

Figura 54 - Rolamento de Bola - Solo

131
GINÁSTICA

Quicadas: um dos movimentos mais típicos da bola é quando, impulsionada


pela mão, pelas mãos ou outras partes do corpo, ela vai ao solo e retorna para
a ginasta. É possível com as quicadas executar as chamadas “quicadas rítmi-
cas”, quando o movimento de quicar a bola acompanha a batida da música,
produzindo som.
Figura 55 - Quicadas de Bola

132
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 56 - Quicada com as Duas Mãos

133
GINÁSTICA

Figura 57 - Quicada de Joelho

134
EDUCAÇÃO FÍSICA

Rotações: as rotações da bola são realizadas com um impulso de uma ou das duas
mãos, provocando um movimento de giro ao redor do próprio eixo da bola. Esta
rotação pode ser feita, por exemplo, sobre a palma da mão ou sobre o peito
Figura 58 - Rotação de Bola na Mão

Figura 59 - Rotação de Bola - Solo

135
GINÁSTICA

Figura 60 - Equilíbrio Instável

Outros movimentos que são típi-


cos da bola são o equilíbrio instável,
quando se apoia a bola sobre uma
parte do corpo em uma posição em
que ela seja mantida sem a ajuda das
mãos ou sendo segura de forma arris-
cada, por exemplo, com a coluna. E a
transmissão, que é realizada quando
a bola é passada de uma mão para a
outra, com elementos que dificultem
essa passagem, por exemplo: por trás
das costas, por baixo da perna durante
um salto ou quando esta transmissão
é feita de uma parte do corpo a outra,
sem uso das mãos.

136
EDUCAÇÃO FÍSICA

137
GINÁSTICA

APARELHO
MAÇAS
As maças são os únicos aparelhos que são usados em
par na GR. São dois bastões com um formato espe-
cífico que medem de 40 a 50cm e pesam 150g apro-
ximadamente cada um. Podem ser de plástico ou,
como antigamente, de madeira. A forma correta de
segurar a maça é pela bolinha que fica na sua extre-
midade, chamada de “cabeça”. A outra extremidade,
mais larga é o “corpo”.

138
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 61 - Segurando a Maça - Correto Figura 62 - Segurando a Maça - Incorreto

Alguns outros movimentos específicos possíveis de se realizar com as maças são:


Pequenos círculos: são movimentos em que a maça realiza a trajetória de
pequenos círculos no ar, sendo segura pela cabeça. Pode-se executar esta rotação
em diferentes planos, com uma maça apenas ou com ambas (sendo segura uma
em cada mão).
Figura 63- Pequenos Círculos com Maças - Frontal

139
GINÁSTICA

Figura 64 - Pequenos Círculos com Duas Maças - Frontal

Figura 65 - Pequenos Círculos com Maças - Plano Horizontal

Figura 66 - Pequenos Círculos com Duas Maças - Plano Horizontal

Figura 67 - Pequenos Círculos com Maças - Lateral

140
EDUCAÇÃO FÍSICA

Molinetes: nos molinetes são realizadas rotações em


trajetória de movimentos em oito com as duas maças
simultaneamente, trabalhando-as de forma coorde-
nada, de maneira que formem uma movimentação
dinâmica e sem que as maças batam uma na outra.
Podem ser realizados em diferentes planos.
Movimentos assimétricos: acontecem quando
cada maça realiza diferentes movimentos ao mes-
mo tempo, em planos, direções e níveis diferentes.
Ex.: uma maça, na mão direita, realiza rotações,
enquanto a mão esquerda faz um pequeno lança-
mento. É possível realizar lançamentos assimétricos
com as maças, ou seja, uma maça é lançada sendo
solta pela cabeça, descrevendo círculos no ar, e a ou-
tra é lançada, sendo impulsionada pelo seu centro,
indo ao ar em posição horizontal.
Pequenos lançamentos: são movimentos em
que as maças são lançadas ao ar, sendo impulsiona-
das por uma das extremidades e recuperadas a se-
guir. O impulso também pode ser feito pelo centro
da massa, lançando-a na posição horizontal.
Figura 68 - Pequenos Lançamentos

141
GINÁSTICA

Figura 69 - Pequenos Lançamentos - Duas Maças

Além dos movimentos técnicos vistos, as maças ain-


da podem realizar deslizamentos - quando ela escor-
rega sobre uma parte do corpo, e batidas - quando
batemos uma maça na outra, produzindo som.

142
EDUCAÇÃO FÍSICA

143
GINÁSTICA

APARELHO
FITA
A fita é o aparelho mais relacionado à Ginástica Rít-
mica pelas pessoas, pois ela tem uma movimentação
marcante e vistoso que descreve diferentes desenhos
no ar. A fita é composta de duas partes: o estilete,
que é por onde a seguramos, e a própria fita de ce-
tim. O estilete pode ser feito de fibra de vidro ou
de madeira, tem 1cm de diâmetro e 50 a 60cm de
comprimento. Oficialmente, a fita possui 6 metros
de extensão, mas para iniciantes e crianças aconse-
lha-se usar em tamanhos menores (2 a 5 metros),
para facilitar o manuseio. Alguns dos movimentos
típicos da fita são:

144
EDUCAÇÃO FÍSICA

Passagem por dentro do desenho da fita: movimen-


to em que a ginasta desenha grandes círculos no ar
e passa por dentro deste desenho, seja em um passo,
em um saltito ou em um salto.

Figura 70 - Passagem por Dentro da Fita

145
GINÁSTICA

146
EDUCAÇÃO FÍSICA

Escapadas (Échappes): são os movimentos de soltu-


ra do estilete ao ar. A fita, como consequência deste
movimento, segue a trajetória do estilete, formando
desenhos no ar. O impulso é dado pelo dedão pres-
sionando a extremidade do estilete, junto com um
grande balanceio do braço.

Figura 71 - Escapada

147
GINÁSTICA

Figura 72 - Imagem Espirais Figura 73 - Serpentina

Espirais: são os movimentos em que são dese- Serpentinas: é quando são desenhados movimen-
nhados vários círculos simultâneos nos ar. Estes tos de zigue-zague com a fita no ar. Deve-se movi-
podem ser feitos em diferentes direções, planos mentar bem rapidamente para que se formem várias
e níveis. pontas no ar.

148
EDUCAÇÃO FÍSICA

ELEMENTOS CORPORAIS DA GR

Como vimos na unidade 2, as modalidades gímni- pré-acrobáticos e os passos de dança, tudo isso
cas apresentam elementos básicos que são comuns aliado ao manejo de um aparelho, tornando o mo-
a todas elas. Porém, existem particularidades em vimento completo.
cada uma destas modalidades que fazem com que Para iniciar o trabalho com a GR, assim como
tenham características próprias e, por isso, sejam re- para qualquer outra modalidade gímnica, é impor-
conhecidas como uma disciplina particular. Sendo tante que o aluno tenha aprendido os elementos
assim, a Ginástica Rítmica tem as suas especificida- corporais básicos tratados na unidade 2, para que
des que, além de se apresentarem pelo uso de apare- forme um repertório motor que permita realizar
lhos manuais, também são demonstradas nos seus movimentos mais complexos, como alguns que ve-
elementos corporais específicos. remos a seguir.
Os elementos corporais fundamentais da Gi-
nástica Rítmica são divididos em três grupos de Os saltos
movimentos que são chamados de dificuldades: os
saltos, os equilíbrios e as rotações (FIG, on-line)7. Os saltos são elementos em que o corpo assume uma
Em uma série, as dificuldades estarão presentes posição no ar, após o impulso de uma ou das duas
juntamente com outros movimentos que farão a pernas. Normalmente, a realização do salto acontece
ligação entre elas, complementando e incremen- após a execução de um saltito chassé. Sendo assim,
tando a coreografia. Estes outros movimentos são realiza-se o chassé, um passo intermediário e o salto,
os elementos básicos, vistos na unidade 2, que são: que possui três fases: a impulsão, a fase de voo e a
os saltitos, os passos, as corridas, os giros, as po- aterrissagem. A GR possui uma diversidade de sal-
ses, as marcações, os balanceamentos e as circun- tos com diferentes níveis de dificuldade. As formas
duções. Ainda podem ser realizados movimentos mais básicas são:

149
GINÁSTICA

Os saltos verticais: realizados com giros de 90 ou


180 graus, com ou sem pernas flexionadas.
Figura 74 - Salto Vertical

Os saltos cabriole: realizados com impulso inicial de O salto cossaco: realizado com impulso inicial da
um dos pés e buscando tocar ambos os pés no ar, perna que é lançada à frente estendida e logo em se-
seja frontalmente com as pernas estendidas ou late- guida a segunda perna é elevada flexionada ao lado
ralmente com as pernas semiflexionadas. da primeira perna. O retorno ao solo é feito primei-
Os saltos tesoura: realizados com impulso ramente pela perna que foi lançada por último (a
inicial de uma perna lançada para frente e, no ar, que estava flexionada).
faz-se a troca de perna, retornando ao solo com a Os saltos aberto e carpado: os saltos aberto e
segunda perna. Pode ser realizado lançando-se as carpado se caracterizam pelo afastamento lateral da
pernas para trás. pernas. O salto aberto tem impulso inicial de uma

150
EDUCAÇÃO FÍSICA

das pernas, que é lançada ao ar lateralmente, e logo O salto enjambeé: realizado com impulso de uma
em seguida a segunda perna é lançada no lado opos- perna que é lançada à frente estendida e em seguida
to. O salto carpado-se inicia com impulso dos dois lança-se a outra para trás, também estendida, buscando
pés simultaneamente e as pernas são lançadas ao ar criar um ângulo de 180 graus de abertura no ar. A reto-
lateralmente, juntas. mada de apoio no solo inicia-se com a perna da frente.
Figura 75 - Salto Carpado Figura 77 - Salto Enjambeé

O salto à boucle: realizado com uma das pernas sen- Existem outras variações mais complexas de sal-
do lançada posteriormente em direção à cabeça. A tos na GR geradas por uma flexão do tronco para
outra perna permanece apontando para o solo, es- trás, rotações no ar, trocas de posição das pernas
tendida, realizando impulso vertical. no ar que podem ser exploradas quando o aluno
O salto de biche: realizado com impulso de uma já domina as formas mais básicas apresentadas
perna que é lançada à frente, flexionada, e em segui- (FIG, on-line)7.
da lança-se a outra para trás, estendida. A retomada
de apoio no solo inicia-se com a perna da frente. Os equilíbrios
Figura 76 - Salto de Biche
Os equilíbrios na Ginástica Rítmica são elementos
que devem mostrar uma posição corporal bem defi-
nida apoiada sobre o pé em meia-ponta, sobre um pé
inteiro no chão, sobre os dois pés ou outras partes do
corpo. Podemos considerar três fases na sua execu-
ção: a preparação, a posição em equilíbrio e a finaliza-
ção. Existem também equilíbrios dinâmicos, em que
o corpo passa por várias posições antes da finalização.
As formas mais básicas de equilíbrio na GR são:

151
GINÁSTICA

Equilíbrio em passé: uma das pernas é elevada Equilíbrio em arabesque: uma das pernas é elevada
de forma flexionada. A perna em posição de passé posteriormente de forma a criar um ângulo de 90
pode ser elevada lateralmente ou frontalmente. graus com a perna de apoio. A perna deve ser mantida
estendida e o tronco não deve se projetar para frente.
Figura 78 - Equilíbrio em Passé

Figura 80 - Equilíbrio em Arabesque

Equilíbrio em atittude: semelhante ao equilíbrio em


Equilíbrio a 90 graus: uma das pernas é elevada até arabesque, porém a perna fica flexionada com o joe-
formar o ângulo de 90 graus em relação à perna de lho no mesmo nível de altura que o pé.
apoio. Esta elevação pode ser realizada lateralmen- Equilíbrio em perna alta: neste equilíbrio uma
te ou frontalmente. Quando o aluno ainda não tem das pernas deve ser segurada pelas mãos, estendida,
força suficiente para manter a perna a 90 graus, po- lateralmente ou frontalmente, de forma que o pé fi-
de-se realizar a 45 graus. que em um nível acima da cabeça.
Figura 79 - Equilíbrio a 90 Graus Figura 81 - Equilíbrio em Perna Alta

152
EDUCAÇÃO FÍSICA

Equilíbrio em puxada: neste equilíbrio a perna é ele- Equilíbrios sobre o joelho: são equilíbrios em que o
vada posteriormente e segura pelas mãos. Pode ser apoio é o joelho no solo, enquanto a outra perna se
realizado com a perna flexionada, levando o pé em coloca em uma posição elevada a 90 graus, 180 graus,
direção à cabeça. lateralmente, frontalmente ou posteriormente.
Equilíbrio em cossaco: no equilíbrio cossaco a
Figura 83 - Equilíbrio sobre o Joelho
perna de apoio fica flexionada, e a outra perna se
estende à frente, mantendo o joelho acima ou na
mesma altura da perna de apoio.

Figura 82 - Equilíbrio em Cossaco

Equilíbrio em couché: como um exemplo de equilí-


brio com apoio de outras partes do corpo que não os
pés, o couché é uma sustentação da coluna elevada
com apoio sobre os quadris e as pernas.

153
GINÁSTICA

Equilíbrio em onda anteroposterior: Considerada Pivot a 90 graus: uma das pernas é elevada até
um tipo de equilíbrio, esta onda pode iniciar com o formar o ângulo de 90 graus em relação à perna
tronco descendo à frente, passando para a posição de apoio. Esta elevação pode ser realizada late-
de flexão da coluna para trás, de forma fluente, ou se ralmente ou frontalmente. Quando o aluno ainda
iniciando ao contrário: o tronco flexiona para trás e não tem força suficiente para manter a perna a 90
passa para a posição de flexão para frente, voltando graus, pode-se realizar a 45 graus. Nessa posição
à posição ereta. realiza-se o giro.
Pivot em arabesque: uma das pernas é elevada
As rotações posteriormente de forma a criar um ângulo de 90
graus com a perna de apoio. A perna deve ser man-
As rotações na Ginástica Rítmica são giros do corpo tida estendida e o tronco não deve se projetar para
em torno do seu próprio eixo. As rotações mais co- frente. Nessa posição realiza-se o giro.
muns são os pivots, que são giros em que o apoio é Pivot em attitude: semelhante à posição em ara-
sobre um dos pés em meia ponta, mas existem tam- besque, porém a perna fica flexionada com o joelho
bém rotações com o apoio de outras partes do corpo no mesmo nível de altura que o pé. Nessa posição
sobre o solo. As posições assumidas durante as rota- realiza-se o giro.
ções em pivots são as mesmas dos equilíbrios, porém Pivot em cossaco: no equilíbrio cossaco a perna
é realizado o giro de no mínimo 360 graus. As três de apoio fica flexionada, e a outra perna se estende à
fases das rotações são: a preparação, a rotação e a frente mantendo o joelho acima ou na mesma altura
finalização. As formas mais básicas de rotações são: da perna de apoio. Nessa posição realiza-se o giro.
Pivot em passé: uma das pernas é elevada de for- Tounneau: é realizado com apoio sobre um dos
ma flexionada. A perna em posição de passé pode pés, mas para iniciação pode ser feito com o apoio
ser elevada lateralmente ou frontalmente. Nessa po- de ambos os pés. A rotação deve ser realizada com o
sição realiza-se o giro. tronco inclinado para frente e os braços afastados la-
teralmente percorrendo, uma trajetória circular no ar.
Figura 84 - Pivot em Passé

Os pré-acrobáticos

Na ginástica rítmica podem ser realizados os ele-


mentos pré-acrobáticos. São movimentos em que
o corpo realiza uma inversão (passa pela posição
com a cabeça para baixo), ocorrendo uma troca
de apoios. Este apoio momentâneo pode ser as
mãos, os antebraços e o tronco. O que diferencia
os pré-acrobáticos dos acrobáticos (que não são
realizados na GR) é que no primeiro não pode ha-
ver fase de voo.

154
EDUCAÇÃO FÍSICA

Outros exemplos pré-acrobáticos são: os ro- chegar às canções em que há emissão de voz e as mú-
lamentos (para frente, para trás), a reversão pra sicas cantadas, que hoje são permitidas oficialmente
trás, as reversões com apoio dos antebraços (para de forma limitada (FIG, on-line)7.
frente e para trás), a roda com apoio dos antebra- Ao longo da aprendizagem da GR, a educação do
ços, entre outros. ritmo é fundamental e, para isso, o(a) professor(a)
deve ter conhecimentos básicos de teoria musical,
ACOMPANHAMENTO MUSICAL sendo capaz de criar coreografias que aliem música
e movimento. De acordo com Barbosa-Rinaldi et al.
(2009), dentre as noções musicais que o(a) profes-
sor(a) deve possuir estão: tempo de contagem, rit-
mo, pulso, periodização da música, encadeamento
das frases musicais, frequência, contra-tempo, pe-
ríodo e harmonia. As atividades rítmicas, portanto,
devem estar presentes nas aulas de Ginástica Rítmi-
ca, estimulando a sensibilidade sonora, a expressivi-
dade e a criatividade.

SAIBA MAIS

A IMPORTÂNCIA DE SE TRABALHAR O RÍTMO


O ser humano necessita desenvolver o rit-
mo, pois ele está presente em grande parte
do seu dia a dia. Por exemplo: lavar a louça
ou a roupa, datilografar, cortar, ler, escrever,
Na Ginástica Rítmica a música é parte funda- correr, andar de bicicleta, andar, dirigir, falar,
entre outras.
mental. Conforme afirmam Peregort e Delgado A importância de trabalhar o ritmo na faixa
(1998), as séries devem sempre ser realizadas com etária de 3 a 6 anos está no fato de preparar
acompanhamento musical, atuando não somente a criança para melhor realizar as atividades
escolares e as atividades do dia a dia. As ati-
como suporte do movimento, mas como seu po- vidades rítmicas estimulam, nas crianças, a
tencializador e provocador. Sendo assim, o ritmo, coordenação, o equilíbrio, a flexibilidade e o
a intensidade e a expressividade apresentada pela freio inibitório concentram a atenção; eco-
nomizam esforços; dão segurança rítmica e
ginasta são ditados pela música escolhida, for- educação sensorial; levam à obtenção do rela-
mando uma unidade. xamento muscular, da postura e da percepção
Inicialmente na GR, a música era apenas instru- auditiva e visual; despertam a criatividade e
a expressão do corpo.
mental e executada ao som de piano. Aos poucos
mais liberdade foi dada à questão do acompanha- Fonte: Muller e Tafner (2007, p. 102).

mento musical, permitindo outros instrumentos, até

155
considerações finais

Acreditamos que após estudarmos essa unidade tenha ficado mais fácil para
que você compreenda e consiga reconhecer cada modalidade a partir de suas
especificidades. Aprendemos que cada uma teve seu surgimento de forma bas-
tante especifíca.
Ao aprendermos sobre os aparelhos da Ginástica Artística, na primeira parte,
conhecemos que eles se caracterizam por serem de grande porte e exigir bastante
força de seus praticantes. Vimos que se demora muito tempo para se tornar um
atleta de alto nível, e que apenas duas provas são comuns tanto para homens
quanto para mulheres - o salto sobre a mesa e o solo, mas que mesmo assim pos-
suem alguns diferentes, como a altura da mesa ou o tempo de série no solo.
Na segunda parte, aprendemos que a Ginástica Rítmica é uma modalida-
de graciosa e que requer flexibilidade, força e movimentos trabalhados em
consonância com a música. Os aparelhos, diferentemente da artística, são de
pequeno porte e a ginasta deve executar movimentos que demonstrem seu con-
trole sobre o corpo e aparelho. Lembre-se que no início da aprendizagem dos
elementos da Ginástica Rítmica os fatores importantes são a exploração dos
movimentos e dos aparelhos.
Dessa forma, esta unidade nos mostrou como o conteúdo da Ginástica é
amplo e diverso, que é possível realizar figuras com o corpo das mais diferen-
tes maneiras. Seu exercício agora, como futuro(a) professor(a) de Educação
Física, é buscar a adaptação destes conteúdos para trabalhar com a ginástica
nos diferentes contextos. Orientamos que atue em parceria com os alunos para
tendê-los de forma diferenciada, na busca de novos caminhos de aprendiza-
gem, desta forma oportunizando aos alunos a vivência da variedade dos movi-
mentos gímmicos, de forma democrática e para todos.
Não deixe de ensinar e compartilhar com seus alunos tudo que aprendemos
até aqui. Um grande abraço!

156
atividades de estudo

1. Quais são os aparelhos da Ginástica Artística e. Corrente da dança, da expressividade, da hi-


exclusivamente masculinos? giene e dos cuidados com o corpo feminino.
a. Barra fixa, barras paralelas, argolas e barras
assimétricas. 4. Com relação aos aparelhos da Ginástica Rítmi-
ca, relacione as colunas:
b. Barras paralelas, barra fixa, argolas, solo e tra-
ve de equilíbrio. a. BOLA.

c. Barra fixa, argolas, solo, barras paralelas e sal- b. ARCO.


to sobre a mesa. c. CORDA.
d. Barra fixa, argolas, barras paralelas e cavalo d. MAÇAS.
com alças. e. FITAS.
e. Barra fixa, trave, assimétricas e solo. ( ) SERPENTINAS.
( ) MOLINETES.
2. Com relação à história da Ginástica Artística,
( ) QUICADAS.
assinale o que for correto.
a. O duelo que resultou na derrota da Prússia foi ( ) ROTAÇÕES NO PRÓPRIO EIXO.
entre a Prússia e a Inglaterra. ( ) SOLTURAS E ESCAPADAS.
b. Jahn tinha como proposta desenvolver uma
ginástica voltada para os jovens para extirpar 5. As atividades rítmicas devem estar presentes
os vícios da sociedade. nas aulas de Ginástica Rítmica, estimulando a
sensibilidade sonora, a expressividade e a cria-
c. A prática da ginástica proposta por Jahn era
tividade. Nesse sentido, quais noções musicais
voltada aos jovens e tinha como objetivo re-
o(a) professor(a) precisa trabalhar com os alu-
erguer a Prússia e promover o resgate moral
nos?
da nação.
I. Ritmo.
d. Guts Muths foi o grande criador da ginástica
II. Contra-tempo e harmonia.
de aparelhos.
III. Frases musicais.
e. Jahn não tinha nenhum interesse político ou
patriótico com a prática desenvolvida por ele. IV. Frequência.
Assinale a alternativa correta:
3. Sobre a Ginástica Rítmica, quais foram as cor-
a. Apenas as alternativas I e II.
rentes que influenciaram seu surgimento?
b. Apenas as alternativas II.
a. Corrente da dança, da música e da saúde.
c. Apenas as alternativas III e IV.
b. Corrente da dança, música, filosofia e artes
cênicas. d. Apenas as alternativas IV.

c. Corrente da manipulação de aparelhos e ex- e. Todas as alternativas estão corretas.


pressão corporal.
d. Corrente da dança, das artes cênicas, pedagó-
gica e da música.

157
LEITURA
COMPLEMENTAR

O crescimento do esporte é um fenômeno mundial (MCCULLICK, BELCHER, SCHEMPP,


2005) que vem repercutindo em todas as esferas da sociedade. Devido à diversidade de
opções de práticas esportivas, pais e seus filhos podem ficar indecisos sobre o que pra-
ticar, quando iniciar e quando competir. Há armações de que quanto mais cedo iniciar
no esporte, melhor. Mas, melhor para quem ou em que sentido? Crianças e jovens são
atraídos para o esporte e, provavelmente, há aqueles que sonham em chegar ao pódio
ou participar dos Jogos Olímpicos, ainda que não conheçam o caminho que deverão
percorrer até merecer uma medalha no peito.
O processo de preparação esportiva visa consolidar a funcionalidade do atleta em lon-
go prazo e atingir a excelência na modalidade escolhida em idades superiores. Há su-
gestões de modelos de formação esportiva na literatura, por exemplo, Balyi (2003),
Bompa (2000), Weineck (1999), Chaurra, Zuluag e Peña (1998) e Zakharov (1992). A es-
pecialização é parte natural desse processo quando os esforços e tempo são canaliza-
dos para uma única modalidade, após um período de prática variada. Contrariamente,
a especialização precoce refere-se à especialização antes do período considerado ideal,
quando fases do processo de formação são antecipadas ou anuladas (BOMPA, 2000;
MARQUES, 1991; WEINECK, 1999).
A idade de início do treinamento especializado varia de acordo com a cultura e a mo-
dalidade esportiva (BOMPA, 2000; ZAKHAROV, 1992), o gênero, a vida útil de prestação
esportiva e o ápice esportivo (Carazzato, 1995). Na Ginástica Artística (GA), em particu-
lar, muita atenção é necessária, pois, acredita-se que a especialização esportiva seja re-
almente precoce. O período ótimo de desenvolvimento de capacidades coordenativas e
da exibilidade (ARKAEV & SUCHILIN, 2004) e as vantagens biomecânicas de proporções
corporais menores (DAMSGAARD, 2001) são os argumentos mais utilizados na GA com-
petitiva, mas, ainda assim, levantam críticas e debates, seja na Pedagogia do Esporte ou
nas demais áreas.
Bompa (2000), Gonçalves (1999) e Coelho (1988) associam a especialização precoce ao
fato de muitas pessoas acreditarem que, quanto mais cedo a criança iniciar na moda-
lidade esportiva, mais chances de sucesso ela terá. E, apesar da literatura atual tentar
esclarecer essa visão equivocada de especialização e esta associação não encontrar

158
LEITURA
COMPLEMENTAR

apoio na ciência, a especialização precoce é explorada amplamente no esporte con-


temporâneo. A especialização precoce é desaconselhada, pois acarreta uma série de
consequências negativas aos praticantes como redução do repertório motor; aumento
da incidência de lesões (BOMPA, 2000; GALDINO & MACHADO, 2008; MARQUES, 1991);
prejuízos gerais ao desenvolvimento da criança (SEABRA & CATELA, 1998); manifesta-
ção de efeitos psicológicos negativos como o “burnout” (Watts, 2002); desmotivação
(COELHO, 1988) e prejuízos à formação escolar (WEINECK, 1999).
O treino sistemático inicia-se antes da puberdade nas modalidades artísticas (BALYI,
2003; DAMSGAARD, 2001). Mas, não podemos inferir que seja consenso entre os técni-
cos de GA que a especialização na modalidade deva ocorrer bem cedo. Entretanto, não
raras vezes, técnicos argumentam a “necessidade” e a “obrigatoriedade” de se iniciar os
treinamentos sistemáticos e intensivos ainda em tenra idade.
Não há problemas com o treinamento sistematizado quando os ginastas atravessaram
todo o processo de preparação e adaptação, até demonstrarem condições de suportar
as cargas de treinamento da modalidade. Mas, quando crianças e jovens competem
segundo as regras oficiais, surgem questionamentos como: quanto tempo eles treina-
ram até atingir esse padrão técnico e com que idade iniciaram os treinos? Ainda que
as crianças demonstrem talento para a GA, o treinamento intensivo e unidirecionado
pode comprometer a saúde e o envolvimento em longo prazo. E, talvez, o seu potencial
para o alto rendimento na modalidade jamais seja desenvolvido. O esporte competitivo
tem sua própria característica e a crítica não se reporta à exigência do alto rendimento
para adultos, mas, quando estas mesmas exigências são feitas às crianças. A GA pode
contribuir para a formação esportiva geral, pois estimula as capacidades físicas e mo-
toras, que também são importantes para a prática de outras modalidades esportivas.

Fonte: Nunomura, Carrara e Tsukamoto (2010, p. 305-306).

Mediante esse trecho, podemos conhecer um pouco das discussões sobre a iniciação
esportiva precoce, para conhecer mais sobre essa assunto procure o texto de onde
esse trecho foi retirado.

159
GINÁSTICA

Ginástica Rítmica: ensinando corda, arco e bola


Luciane Maria de Oliveira Bernardi e Márcia Regina Aversani Lou-
renço
EDITORA: Fontoura
ANO: 2014
Sinopse: A realização de elementos corporais aliados ao manejo
dos aparelhos e ao acompanhamento musical exige um traba-
lho harmonioso desde a iniciação. Possibilitar a compreensão
das técnicas de manejo para seu desenvolvimento de forma cor-
reta e eficaz é um grande desafio. Assim, na iniciação esportiva
de manejos dos aparelhos oficiais da Ginástica Rítmica, relacio-
nados ou não à exigência do código, necessitamos da organi-
zação de processos pedagógicos para que as ginastas possam
ter um aprendizado facilitado e eficaz na prática dos manejos e,
posteriormente, uma correta execução destes mesmos elemen-
tos nas fases de treinamento e competição.
Esta obra apresenta informações quanto às características dos
aparelhos corda, arco e bola e, na sequência, a metodologia de
ensino com cada aparelho, com o objetivo de ensinar o manu-
seio técnico com diversas ilustrações que acompanham as expli-
cações, auxiliando no entendimento dos movimentos.

160
EDUCAÇÃO FÍSICA

Composição Coreográfica em Ginástica Rítmica


Eliana Virgínia Nobre dos Santos, Márcia Aversani Lourenço e Ro-
berta Gaio
ANO: 2010
Sinopse: Após anos de experiências na área de Educação Física,
em especial trabalhando com o ensino-aprendizagem da moda-
lidade esportiva Ginástica Rítmica em clubes, escolas, universi-
dades e em outros espaços de exploração de teoria e de prática
da Motricidade Humana e, após o encontro com as pesquisado-
ras Eliana Virgínia Nobre dos Santos e Márcia Regina Aversani
Lourenço, no curso de Mestrado em Educação Física da Univer-
sidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP), desafiaram a produ-
ção de uma obra que, além de ser referencial para especialis-
tas, pode também auxiliar profissionais em início de carreira,
compromissados com a educação de crianças, jovens, adultos
e idosos.
Obra essa que pode contribuir para a formação desses profis-
sionais no que tange à aplicação da Ginástica Rítmica, com o ob-
jetivo de estimular o desenvolvimento dos seres humanos a par-
tir de vivências expressivas de movimentos ritmados com e sem
aparelhos, independentemente de gênero, classe social, etnia
ou outras possíveis diferenças existentes entre e nesses seres.
Assim, as autoras uniram seus conhecimentos e produziram o
livro “Composição Coreográfica em Ginástica Rítmica: do com-
preender ao fazer”, que apresentam, para todos os profissionais
da Educação Física e áreas afins, convidando-os a saborearem o
saber que emana de experiências e vivências com movimentos
ritmados e expressivos.

161
GINÁSTICA

Possibilidades da Ginástica Rítmica


Elizabeth Paoliello Machado de Souza , Eliana de Toledo Ishibashi
EDITORA: Phorte
Sinopse: Este livro tem o grande mérito de reunir expoentes da Gi-
nástica Rítmica Brasileira que, ao logo de muitos anos de atividades
como técnicas, árbitras, professoras universitárias e pesquisadoras
têm contribuído para desenvolver esse esporte, ampliando o núme-
ro de adeptos à prática e a quantidade e a qualidade das ginastas e
das publicações. Com diferentes formas de linguagem e narrativas,
as autoras retratam aspectos da Ginástica Rítmica em uma perspec-
tiva informativa, reflexiva e/ou propositiva. Apresentam algumas das
inúmeras possibilidades de vivência, prática e treinamento em dife-
rentes contextos de intervenção. Assim, esta obra pretende preen-
cher uma lacuna existente na área de conhecimento da Ginástica,
oferecendo uma publicação específica de Ginástica Rítmica, que pos-
sa subsidiar diferentes pesquisas, trabalhos e saberes, contribuindo,
dessa forma, para a formação do graduando e do profissional da
área da Ginástica, da Ginástica Rítmica e de outras áreas afins.

Compreendendo a Ginástica Artística


Myrian Nunomura e Vilma Leni Nista-Piccolo
EDITORA: Phorte
ANO: 2004
Sinopse: Em muitos momentos, aqueles que vivenciam o cotidiano
da Ginástica Artística, seja na qualidade de praticante, técnico ou es-
pectador devem ter se deparado com uma série de questionamen-
tos como: se ela ajuda no crescimento? As capacidades necessárias
ao bom desempenho da modalidade? Como prevenir acidentes?
O melhor método de instrução para ensinar as habilidades da GA?
Enfim, cada um deve ter suas indagações. Mas, certamente, não é
pretensão esgotar o conhecimento sobre GA. O conteúdo do livro é
fruto de experiências na modalidade, seja na posição de praticantes,
árbitros, treinadoras ou docentes universitárias. Essa trajetória reve-
lou que o corpo de informações que apresentamos é essencial para
compreendermos um pouco mais essa modalidade desafiadora.

162
referências

BARBOSA-RINALDI et al. Ginástica Rítmica: as- NUNOMURA, M.; TSUKAMOTO, M. H. Funda-


pectos históricos-culturais e técnico-metodológicos mentos da Ginástica Artística. In: NUNOMURA,
dos aparelhos. Maringá: Eduem, 2009. M. e NISTA-PICOLLO, V. L. (Org). Compreenden-
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ticas, elementos corporais e música. Maringá: p. 37- 58.
Eduem, 2009. ______. Fundamentos das Ginásticas. 1. ed. Jundiaí-
BARNEY, R. K. Friedrich Ludwig Jahn Revisited. A -SP: Fontoura, 2009.
report on the international Jahn Symposium. Jour- OLIVEIRA, J. G. M.; BETTI, M.; OLIVEIRA, W. M.
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3, p. 58. 1979. gem crítica. São Paulo: EPU, 1988.
BARROS, D. e NEDIALCOVA, G. T. Os principais PAOLIELLO, E.; TOLEDO, E. (org.) Possibilidades
passos da Ginástica Rítmica. Rio de Janeiro: Grupo da Ginástica Rítmica. São Paulo: Phorte: 2010.
Palestra Sports. 1999. PEREGORT, A. B. e DELGADO, C. D. 1000 Ejerci-
LANGLADE, A., LANGLADE, N. R de. Teoria ge- cios y juegos de Gimnasia Rítmica Deportiva. Bar-
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LLOBLET, A. C. Gimnasia rítmica desportiva: teo- PEUKER, I. Ginástica Moderna sem Aparelhos. Rio
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MARINHO, I. P. História da Educação Física no PUBLIO, N. S. Evolução histórica da Ginástica
Brasil. São Paulo: CIA Brasil Editora, 1979. Olímpica. São Paulo: Phorte, 1998.
MULLER, R. Z; TAFNER, E. P. Desenvolvendo o ______. Origem da Ginástica Olímpica. In: NUNO-
Ritmo nas aulas de Educação Física em crianças de 3 MURA, M.; NISTA-PICCOLO, V. L. (Org.). Com-
a 6 anos. Revista de divulgação técnico-científica do preendendo a Ginástica Artística. São Paulo: Phor-
ICPG. Itajaí-SC, v. 3, n. 11, p. 101-106, jul./dez. 2007. te, 2005, p. 15-26.
NUNOMURA, M., CARRARA, P. D. S.; TSUKA- Russell K. e Kinsman T. Coaching Certification
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de demais para ser campeão! Revista brasileira de SANTOS, E. V. N. dos; LOURENÇO, M. R. A.;
Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 24, n. 3, p. GAIO, R. Composição coreográfica em Ginástica
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163
referências

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Em: <https://sites.google.com/site/eurhythmicfritz/>. Acesso em: 10 de jul. de 2016.
4
Em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Bundesarchiv_Bild_146-
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Em: <http://entrearcosefitas.blogspot.com.br/2011/03/brasil-na-ginastica-rit-
mica.html>. Acesso em: 10 de jul. de 2016.
6
Em: <http://news.portalbraganca.com.br/esporte/ginastica-ritmica-em-pre-
paracao-para-o-mundial-brasil-embarca-para-copa-do-mundo.html>. Acesso
em: 10 de jul. de 2016.
7
Em: <http://www.fig-gymnastics.com/site/>. Acesso em: 10 de jul. de 2016.
8
Em: <http://www.cbginastica.com.br/sgc/uploads/download/2cea33eef-
74014967d6329dc6ba41b61.pdf>. Acesso em: 10 de jul. de 2016.

164
gabarito

1. D.

2. C.

3. D.

4. E, D, A, B, C.

5. E.

165
A GINÁSTICA ACROBÁTICA E OS
ELEMENTOS TÉCNICOS E PEDAGÓGICOS
DOS MOVIMENTOS GÍMNICOS

Prof. Dr. Antonio Carlos Monteiro de Miranda


Prof.ª Me. Fernanda Soares Nakashima fessor

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Ginástica Acrobática: Evolução Histórica
• Características da Ginástica Acrobática
• Elementos técnicos e pedagógicos dos movimentos
gímnicos

Objetivos de Aprendizagem
• Estudar os conhecimentos históricos da Ginástica
Acrobática.
• Conhecer as características da Ginástica Acrobática.
• Apresentar os elementos técnicos de movimentos gímnicos
que são realizados no solo e que são comuns às diferentes
modalidades ginásticas.
• Apontar os principais erros que podem ser cometidos pelo
aluno na realização dos movimentos gímnicos para que
o(a) professor(a) fique atento(a) para realizar correções.
• Mostrar por meio de imagens e vídeos como acontece a
execução dos movimentos gímnicos, bem como as formas
de como o(a) professor(a) pode auxiliar o aluno durante a
aprendizagem.
unidade

IV
INTRODUÇÃO

Olá, seja bem-vindo(a)! Nesta unidade, conheceremos sobre a competitiva e não


olímpica Ginástica Acrobática, uma modalidade que não faz uso de aparelhos.
Além disso, aprenderemos quais são os elementos básicos de solo realizados em
diferentes modalidades ginásticas, para que facilite o seu entendimento. Primei-
ro, descreveremos como o movimento é executado, depois apresentaremos os
aspectos técnicos que devem ser levados em conta durante a execução e, por fim,
destacaremos quais são os possíveis erros que o executante deve evitar no mo-
mento em que realizará o movimento. A partir desse conteúdo, pretendemos que
você, futuro(a) professor(a), conheça os elementos básicos de solo. Por isso, para
facilitar sua compreensão, cada movimento que apresentarmos, identificaremos
se ele é elemento característico da Ginástica Artística, Rítmica, Acrobática, da
Ginástica para Todos ou das Atividades Circenses.
Pedimos mais uma vez que você não se esqueça de sempre respeitar os limites
de seus alunos e ensine os movimentos de forma gradativa, indo dos elementos
mais simples para os mais complexos, de forma que o aluno sinta-se motivado e
encorajado a aprender cada vez mais os elementos ginásticos. Lembre-se sem-
pre de dar um retorno positivo aos avanços de seus alunos e corrigi-los sempre
de maneira sutil para que não se sintam mal, acreditando que “não levam jeito
para a Ginástica”. Você, professor(a), deve ser o principal motivador para que
os alunos criem o hábito de praticar, conhecer e aprender sobre a Ginástica.
Assim, o primeiro tópico tratará sobre a Ginástica Acrobática, sua história,
características e diferentes sugestões de figuras acrobáticas. O segundo tó-
pico abordará os elementos básicos da Ginástica, elementos que servem de
base para a aprendizagem de acrobacias mais complexas. E, por fim, no
terceiro tópico, apresentaremos como conjugar alguns movimentos bá-
sicos, transformando-os em elementos com um grau de dificuldade um
pouquinho maior.
GINÁSTICA

Ginástica Acrobática:
Evolução Histórica

Olá! Neste primeiro tópico da unidade falaremos mundo. A China, o Japão e a Índia tiveram acroba-
sobre uma outra modalidade competitiva, reco- tas de destaque indiscutível e conservam até hoje a
nhecida pela FIG, mas que ainda não está nos tradição acrobática que tem raízes mais profundas
Jogos Olímpicos: a Ginástica Acrobática (GA- do que a do mundo ocidental.
CRO). Assim como nas outras duas modalidades Gallardo e Azevedo (2007) sinalizam que, em
já tratadas (Ginástica Artística e Rítmica), pri- outros locais como Rússia e Bulgária, a prática dos
meiramente, conheceremos o contexto histórico movimentos acrobáticos surge por meio do circo,
da modalidade da Ginástica Acrobática e depois em apresentações que foram bastante populares en-
suas características. tre os séculos XIX e XX, principalmente por chine-
ses que eram reprimidos em seu país de origem, e
CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E EVOLU- não demorou muito para que essas práticas come-
ÇÃO DA GINÁSTICA ACROBÁTICA çassem a ser praticadas como esporte. Em 1939, a
antiga URSS aceitou as acrobacias como esporte, e
A Ginástica Acrobática é uma modalidade que inte- logo em seguida países socialistas como Alemanha
gra dança, Ginástica Artística e elementos acrobáti- oriental, China, Polônia e Bulgária também acaba-
cos, sendo que a presença dos movimentos acrobáti- ram fazendo o mesmo, levando a concretizar em
cos (ou seja, montagem de figuras com o corpo) é a 1957 o primeiro torneio internacional com atletas
sua principal característica. da URSS, Polônia e Bulgária.
Segundo Gallardo e Azevedo (2007), o surgi- Já os países ocidentais só perceberam os bene-
mento desses elementos corporais estão relaciona- fícios das acrobacias após ela se tornar competiti-
dos a China e Grécia antiga. Os autores afirmam va. No início, a usavam como atividade recreativa,
que na China essa prática tem uma forte conotação sendo sugerido que aqueles que não tinham biotipo
regional e já acontece há mais de dois mil anos. Em para a Ginástica Artística podiam equilibrar outra
alguns momentos não teve muito valorização, no pessoa, e assim perceberam que essa era uma práti-
entanto hoje está presente em todas as regiões da ca importante para ensinar o trabalho em equipe e
China, apresentando-se em diferentes lugares do confiança nas outras pessoas.

170
EDUCAÇÃO FÍSICA

No que tange ao processo de sistematização da Ginástica Acrobática no mundo,


Gallardo e Azevedo (2007) destacam que:

Em 1973, foi fundada a International Federation of Sports Acrobatics (IFSA),


constituída por dez países e com sede em Moscou. Essa instituição organizou
as regras e regulamentos, competições e a estrutura de arbitragem. Em 1998,
havia 54 países filiados à IFSA e, como os esportes acrobáticos, desde de 1984,
têm tentado entrar no programa olímpico. Para isso, fez-se necessário a dis-
solução da IFSA e a vinculação da ginástica acrobática à FIG, esta sim com
força política de fazer com ela se torne um esporte olímpico (GALLARDO;
AZEVEDO, 2007, p. 4).

171
GINÁSTICA

A GACRO é uma modalidade esportiva relativa- de Educação Física de São Paulo e região (SINPE-
mente nova, visto que as primeiras competições FESP)promoveu cursos de capacitação para os pro-
aconteceram a partir de 1973 e hoje, mesmo fazendo fessores, e em seu currículo havia a presença de Gi-
parte do programa dos Jogos Mundiais, ainda não nástica Acrobática de duplas e em pequenos grupos.
está no programa Olímpico. Segundo os mesmos autores, a Escola de Educa-
Mediante o processo histórico, a presença forte ção Física Militar de São Paulo também foi um gran-
de Rússia e China nesse contexto fez com que es- de divulgador dessa modalidade, que até meados de
ses países e alguns do leste europeu se tornassem as 1980 tinha caráter apenas demonstrativo em apre-
referências nesta modalidade. Entretanto, de trinta sentações de Ginástica Geral. Foi o professor Ricieri
anos para cá, outros países começaram a galgar es- Pastori quem desenvolveu a Ginástica Competitiva
paços nessa modalidade, como Alemanha, Inglater- em nosso país, por meio de grupos de acrobacias em
ra, Estados Unidos, Portugal e outros que tentaram instituições militares e clubes e depois trabalhando
conseguir seu destaque mediante as grandes potên- também com circos nacionais e internacionais que
cias mundiais da Ginástica Acrobática. trouxe da Europa.
No Brasil, o surgimento das acrobacias está liga- Em 1989, com a criação da Federação de Tram-
do ao campo das artes, as quais no início recebiam polim e Ginástica Acrobática do Estado do Rio de
o nome de exercícios de força combinados. Segun- Janeiro (RioTramp), inicia-se o reconhecimento das
do Gallardo e Azevedo (2007), entre 1940 e 1960 a regras e regulamentos técnicos da modalidade. No
Escola de Aeronáutica do Rio de Janeiro começou a entanto, após problemas como falta de apoio de fe-
tornar popular esse esporte e a introduzi-lo no en- derações e confederações nacionais a uma modali-
sino da Ginástica Artística, sendo que o principal dade não olímpica, Ricieri, junto de outros colegas,
responsável pela divulgação e projeção da modalida- funda a Liga Nacional de Desportos Acrobáticos e
de foi o professor, escritor, acrobata e paraquedista Ginástica Geral (LINDAGG) em 2000, o que per-
Charles Astor, que realizava cursos sobre ela. Já entre mitiu o desenvolvimento paralelo e produtivo dessa
os anos de 1946-1947, a Associação de Professores modalidade em nosso país.

172
EDUCAÇÃO FÍSICA

Características
da Ginástica Acrobática
Para entendermos melhor o que diferencia a Ginás-
tica Acrobática (GACRO) das demais modalidades
gímnicas, é preciso entender quais são as suas carac-
terísticas fundamentais. Conforme afirmam os auto-
res Merida et al. (2008), a GACRO une os elementos
de salto, equilíbrio e rotação, as acrobacias de solo
que vemos também na Ginástica Artística com o seu
principal diferencial que é a formação de figuras ou
pirâmides. Sendo assim, esta modalidade necessita
ser realizada no mínimo em duplas, podendo ofi-
cialmente ser praticada também em trio e quartetos,
mas, para fins educativos e demonstrativos, sem li-
mite de participantes na coreografia, que pode ter
muitos ginastas formando as figuras.
Como modalidade competitiva, a GACRO pos-
sui as seguintes formações de grupo: dupla mascu-
lina, dupla feminina, dupla mista, trio feminino e
quarteto masculino (FIG on-line)1. Durante a sé-
rie, os ginastas desempenham diferentes papéis que
são definidos de acordo com a sua estrutura cor-
poral (peso e altura). Conforme afirmam Gallardo
e Azevedo (2007), os praticantes maiores e mais
pesados normalmente levantam e sustentam os co-
legas sobre os seus braços, pernas ou outras partes
do corpo. Estes são chamados de “base”. Os mais
leves e menores, por sua vez, são os que ficam no
topo das figuras, em uma posição de equilíbrio so-
bre o(s) outro(s) ginasta(s). Estes são os “volantes”.
E existem ainda os “intermediários”, que podem ser
sustentados pelos bases e podem sustentar os vo-
lantes, simultaneamente ou não, apresentando um
perfil de força e flexibilidade.

173
GINÁSTICA

Base Volante Intermediário


Executa os elemen-
Sustenta a figura tos acrobáticos Sustenta e é susten-
acrobática sobre a base ou tado
intermediário

Aparece nos trios e


quartetos

Geralmente é forte,
Deve ter muito Geralemente são
não muito alto, mas
equilíbrio, ser leve, versáteis (base e
com grande noção
bastante flexível, volante, fortes e
de responsabilidade
ágil e corajoso. flexíveis.
equilíbrio, liderança.

Figura 1 - Sistematização das diferentes funções na ginástica acrobática


Fonte: os autores.

174
EDUCAÇÃO FÍSICA

POSIÇÕES FUNDAMENTAIS DAS BASES

O ginasta que realiza a função de base sempre estará Quatro apoios em decúbito dorsal (“mesa”):
em contato com o solo. Conforme afirmam Gallardo com os pés e uma ou duas mãos apoiadas no solo,
e Azevedo (2007), as principais posições que poderá a base pode sustentar o volante sobre os joelhos, co-
assumir são: xas, quadril ou ombros nesta posição.
Em pé: posição ereta com as pernas levemente Quatro apoios (“gatinho”): nesta posição deve
afastadas e os braços livres para oferecer apoio ao se manter as costas firmes a fim de oferecer apoio
volante. Nesta posição é fácil de manter o equilíbrio para o volante, que pode estar apoiado sobre o qua-
e ela pode ser utilizada para sustentar o volante so- dril, ombros ou escápulas.
bre os ombros, por exemplo. Apoio dos pés em agachamento: nesta posição a
Afundo: uma das pernas se posiciona semifle- base necessita ter força nos membros inferiores para
xionada à frente da outra enquanto a perna de trás manter a posição. Além disso, o volante deve fazer
se mantém estendida. O peso deve estar bem dis- o contrapeso, facilitando o posicionamento e equilí-
tribuído sobre as duas pernas. Esta posição permite brio do ginasta da base.
que o volante fique apoiado sobre os ombros ou so- Em arco (ponte): posição que exige flexibilidade
bre a coxa da base. da base. O volante poderá se apoiar sobre as coxas
Apoio dorsal em L: deitado em decúbito dorsal, ou abdomen.
a base deve elevar as pernas estendidas a um ângu- Espacate: esta posição exige flexibilidade da
lo de 90 graus do solo e os braços também poderão base, mas pode ser realizada em uma variação com a
oferecer sustentação ao volante. Esta posição pode perna da frente flexionada. O apoio pode ser ofere-
ser usada também por intermediários. cido pelas mãos ou pela perna.
Apoio dorsal com auxílio dos pés: semelhante Ajoelhado: na posição ajoelhada, a base poderá
à posição anterior, porém com os pés apoiados no sustentar o volante sobre os ombros.
solo. Nesta posição, o volante poderá se apoiar sobre Deitado: em decúbito dorsal, a base poderá ofe-
os joelhos, sobre os braços do volante ou ambos. recer apoio das mãos e das pernas ao volante.

175
GINÁSTICA

POSIÇÕES FUNDAMENTAIS DOS VOLANTES

Do volante é exigido muito equilíbrio para se man- Deitado: posição também simples, mas que exi-
ter nas posições sobre a base ou intermediário. ge a manutenção do equilíbrio sobre a base. É pos-
Conforme afirmam Gallardo e Azevedo (2007), as sível usar os braços para melhorar o apoio e estabi-
principais posições que poderá assumir são: lização da figura.
Em pé: posição muito usada na iniciação que Prancha: posição que exige força de membros
permite ganhar segurança para futuras poses de superiores e tônus muscular. É preciso manter o
maior dificuldade. O volante deve se manter firme alinhamento corporal, sem permitir que o quadril
para não causar desequilíbrios. fique abaixo do nível dos ombros.
Em pé com um apoio: posição simples, mas que Apoio invertido: Posição em que é necessário o
pode ser dificultada de acordo com o local do apoio controle corporal para manter o corpo alinhado. É pre-
sobre a base. O peso do corpo deve ser passado para paratório para poses mais difíceis em parada de mãos.
a perna de apoio, sempre mantendo o tônus mus- Parada de mãos: posição que exige técnica e con-
cular para conseguir se equilibrar. É possível variar trole muscular. Em níveis elevados de dificuldade é
a posição da perna livre, elevando-a em posição de realizada sobre as mãos da base e em outras variações
arabesque, por exemplo, e outras formas que tornam de apoio em que o volante fica a alturas elevadas.
a figura mais interessante. Esquadro: posição que exige força e que exige
Sentado: posição simples em que o tônus mus- dos punhos e dos ombros. Pode haver variação da
cular do abdômen e dorsal devem ser mantidos. posição das pernas, por exemplo, mantê-las afasta-
das com as mãos no centro.

176
EDUCAÇÃO FÍSICA

VARIAÇÕES DE FIGURAS ACROBÁTICAS

A seguir, apresentaremos algumas variação de figu-


ras acrobáticas:

Com quatro Com cinco

Com três Com seis

Figura 2 - Variação de figuras acrobáticas


Fonte: O Sorriso do bem-estar (BLOGSPOT, 2014)2.

177
GINÁSTICA

PEGADAS

As pegadas são as diferentes formas como um atleta ou praticante acaba segu-


rando seu parceiro de figura. Não existe um nome oficial para elas, mas as mais
comuns trazidas por Gallardo e Azevedo (2007) são:

Figura 3 - Pegadas

178
EDUCAÇÃO FÍSICA

179
GINÁSTICA

Elementos Técnicos e
Pedagógicos
dos Movimentos Gímnicos
Prezado(a) aluno(a), as descrições feitas aqui re- Erros a evitar: não contrair o quadril
presentam os diferentes movimentos propostos durante a execução; não controlar o cor-
como básicos para a Ginástica de Solo. Essa foi a po na mesma posição durante a execução;
forma que encontramos para que você se aproxi- não apoiar as costas com as mãos no pro-
me da maneira mais adequada para a execução, por cesso de aprendizagem.
isso, pedimos bastante atenção na forma com que
os movimentos são apresentados e nos aspectos Rolamento para Frente Grupado (GA, Gacro,
técnicos e possíveis erros que devem ser evitados GR, GPT, Atividades Circenses)
na hora de fazer o exercício. Destacamos que os as-
pectos técnicos e os erros a evitar foram escritos a O rolamento para frente grupado pode ser iniciado na
partir do referencial teórico de Araújo (2012), obra posição em pé. Em seguida realiza-se um agachamento,
sugerida nas Leituras Complementares. A partir flexionando-se as duas pernas unidas. As mãos devem
disso, vamos ao trabalho! ser apoiadas no solo à frente do corpo. As pernas ini-
ciam o impulso para rolar ao estenderem-se, e fazendo
ELEMENTOS DE BASE com que o peso do corpo fique sobre as mãos. A cabeça
Vela (GA, Gacro, GPT, Atividades Circenses) deve ficar encolhida, ou seja, o queixo deve ficar próxi-
mo ao esterno, de forma que possibilite que o próximo
A vela é um elemento estático que se enquadra nos apoio seja dos ombros sobre solo e não da cabeça, que
movimentos não acrobáticos. Sua execução é reali- não pode em momento algum tocar o chão. Após retirar
zada com o apoio de todo o corpo, apenas sobre os o apoio das pernas do solo, deve-se encolhê-las de forma
ombros/escápulas e a parte de trás do pescoço e ca- que os joelhos fiquem próximos ao peito (posição gru-
beça. Na iniciação o praticante pode apoiar as mãos pada). Passa-se então pela posição sentada e, com a ex-
nas costas para dar suporte a todo o corpo, e com a tensão das pernas, fica-se na posição em pé novamente.
prática pode estender os braços paralelamente e em Aspectos técnicos importantes: mãos no solo na
contato com o solo. largura dos ombros e viradas para frente; forte impul-
Aspectos técnicos importantes: contrair o corpo são dos membros inferiores; manutenção do corpo
todo durante a execução; tentar projetar a ponta dos bem fechado sobre si próprio durante o rolamento;
pés o mais alto possível; manter as pernas fechadas elevação do quadril; repulsão efetiva das mãos no
durante a execução. solo na parte final.

180
EDUCAÇÃO FÍSICA

Erros a evitar: não apoiar as mãos viradas para


frente; não juntar o queixo ao peito; dar dos membros superiores efetuada “por dentro” dos
pouca impulsão com os membros inferio- membros inferiores afastados.
res; abrir o ângulo tronco/membros infe- Erros a evitar: má colocação e orientação das
riores demasiado cedo; fazer pouca repul- mãos no solo; fraca impulsão dos membros infe-
são de mãos no solo. riores; rolamento deficiente (“bater com
as costas no solo”); não aproximar bem o
SAIBA MAIS tronco sobre os membros inferiores, o que
dificulta a manutenção da velocidade de
É muito importante que, para avançar para execução e a chegada à posição em pé.
os outros tipos de rolamento, que veremos,
a seguir, afastado e carpado, o aluno já saiba Rolamento para Frente Carpado (GA, Gacro,
executar o rolamento grupado.
GPT, Atividades Circenses)
Fonte: os autores.

Neste rolamento, após o início do movimento de


rotação e a partir do momento em que as pernas
Rolamento para Frente Afastado (GA, Gacro, deixam o chão, estas devem se manter totalmente
GR, GPT, Atividades Circenses) estendidas e unidas até o final. No momento do ro-
lamento em que se chega à posição sentada, as mãos
A diferença desse rolamento para o rolamento gru- devem posicionar-se ao lado das pernas para em-
pado é que, após o início do movimento de rotação e purrarem o quadril para cima, de forma a retirá-lo
no momento em que as pernas deixam o chão, estas do chão e permitindo retornar à posição em pé.
devem se afastar, mantendo-se estendidas. As mãos Aspectos técnicos importantes: mãos no solo
devem posicionar-se à frente do corpo (entre as per- na largura dos ombros e viradas para frente; forte
nas) para que, no momento em que os pés tocarem impulsão dos membros inferiores; apoio das mãos
o solo, estas impulsionem o quadril para cima, de longe do apoio dos pés; membros inferiores estendi-
forma a retirá-lo do chão, permitindo retornar à po- dos e sempre unidos e os pés em flexão plantar; boa
sição em pé. Como variação, é possível já iniciar o flexão de tronco para frente para permitir a repul-
movimento com as pernas afastadas, mantendo-as são de membros superiores efetuada “por fora” dos
dessa forma até o final do rolamento. membros inferiores.
Aspectos técnicos importantes: mãos no solo Erros a evitar: má colocação e orientação das mãos
na largura dos ombros e viradas para frente; forte no solo; fraca impulsão dos membros infe-
impulsão dos membros inferiores; apoio das mãos riores; rolamento deficiente (“bater” com as
longe do apoio dos pés; membros inferiores estendi- costas no solo), o que dificulta ficar em pé;
dos e se afastam só na fase final do rolamento; boa não manter o tronco próximo dos membros
flexão do tronco para frente para permitir a repulsão inferiores até ficar na posição em pé.

181
GINÁSTICA

Rolamento para Trás Grupado (GA, Gacro, Rolamento para Trás Afastado (GA, Gacro,
GR, GPT, Atividades Circenses) GPT, Atividades Circenses)

O rolamento para trás grupado é o movimento re- O rolamento para trás afastado deverá ser inicia-
alizado a partir de uma posição parada e agachada do da posição de pé e com as pernas afastadas. No
sobre os dois pés paralelos. É importante que o exe- momento de desequilíbrio para trás, o executante
cutante esteja em posição grupada (agachado com os deverá colocar as duas mãos nos meios das per-
joelhos próximos ao peito). No momento do dese- nas para amortecer a chegada ao solo. Ao chegar
quilíbrio para trás, o aluno deverá colocar o queixo ao solo, o movimento deve continuar no mesmo
no peito e passar sobre as costas. Nesse momento ele sentido até que as costas toquem o solo e nesse
deverá colocar as duas mãos abertas e viradas para momento o aluno coloque as mãos sobre as ore-
o solo sobre as orelhas, de maneira que as mãos te- lhas para impulsionar o solo durante a passagem
nham contato com o solo durante a passagem da ca- e consiga finalizar o rolamento com as pernas
beça e do corpo de um lado para o outro. Ao realizar afastadas. O executante deverá manter as pernas
essa passagem, o executante deverá colocar os pés no afastadas do começo ao fim, sem flexionar em ne-
solo e voltar à posição de início para depois levantar. nhum momento.
Aspectos técnicos: fechar bem os membros infe- Aspectos técnicos: flexão do tronco sobre os
riores flexionados sobre o tronco (joelhos ao peito); membros inferiores e o queixo sobre o tronco; ma-
flexionar a cabeça para frente de forma a encostar nutenção do corpo bem fechado sobre si próprio
o queixo no peito; manter o corpo fechado sobre si durante o rolamento; repulsão efetiva das mãos no
durante todo a execução do movimento; fazer a re- solo de forma a passar a cabeça sem bater, manu-
pulsão das mãos no solo na parte final com vigor, de tenção das pernas afastadas e estendidas durante
forma a elevar a cabeça e não bater com ela no solo. toda a execução.
Erros a evitar: não fechar completamente os mem- Erros a evitar: não fechar completamente o
bros inferiores sobre o tronco; não juntar o queixo ao tronco sobre os membros inferiores; não juntar
peito; não apoiar bem as mãos (por baixo dos ombros o queixo ao peito; não “empurrar” com força su-
e viradas para frente); abrir o ângulo tron- ficiente o solo, o que provoca falta de
co/membros inferiores cedo demais; fazer amplitude e pode provocar o batimen-
pouca repulsão dos membros superiores no to da cabeça no chão; fraca impulsão;
solo que leva à falta de amplitude e, eventu- flexionar ou fechar as pernas durante a
almente, a bater com a cabeça no solo. execução.

182
EDUCAÇÃO FÍSICA

Rolamento para Trás Carpado (GA, Gacro, Roda (GA, Gacro, GR, GPT, Atividades Cir-
GPT, Atividades Circenses) censes)

O rolamento para trás carpado deverá ser iniciado da A roda é o movimento popularmente conhecido
posição de pé e com as pernas unidas. No momento como “estrelinha”. A posição inicial é em pé, em
de desequilíbrio para trás, o executante deverá des- seguida dá-se um passo para frente e se flexiona
cer as duas mãos atrás das pernas para amortecer a o tronco em direção ao solo de forma a apoiar as
chegada ao solo. É importante que ele vá descendo mãos no chão lateralmente à frente do pé. Des-
as mãos até ter contato com o chão. Ao chegar ao ta posição, a perna que deu o passo deve dar um
solo, o movimento deve continuar no mesmo senti- impulso de forma que o quadril e as pernas se
do até que as costas toquem o solo e nesse momento elevem, passando pelo apoio apenas nos braços
o aluno coloque as mãos sobre as orelhas para im- (posição de parada de mãos, porém com as pernas
pulsionar o solo durante a passagem e consiga fina- afastadas). Os membros inferiores, então, deverão
lizar o rolamento com as pernas unidas e estendidas. retomar o apoio no solo, posicionando-se primei-
O executante deverá manter as pernas unidas e es- ramente um pé depois o outro. Após apoiar o pri-
tendidas (carpadas) do começo ao fim, sem flexio- meiro pé no solo, os membros superiores se ele-
nar em nenhum momento. vam, permitindo que o corpo retome a posição em
Aspectos técnicos: flexão do tronco sobre os pé. O movimento deve ser fluente, sem paradas,
membros inferiores e o queixo sobre o tronco; ma- para que a execução seja correta. É interessante
nutenção do corpo bem fechado sobre si próprio utilizar uma linha no chão para dar referência à
durante o rolamento; repulsão efetiva das mãos realização do movimento, que deve ser realizado
no solo de forma a passar a cabeça sem bater, ma- com todos os apoios alinhados e seguindo para a
nutenção das pernas unidas e estendidas durante mesma direção.
toda a execução. Aspectos técnicos importantes: lançamento
Erros a evitar: não fechar completamente o tron- enérgico da perna livre; apoio das mãos no solo na
co sobre os membros inferiores; não juntar o queixo mesma linha em que o movimento acontece; pas-
ao peito; não “empurrar” com força sufi- sagem do corpo estendido durante a fase de apoio
ciente o solo, o que provoca falta de am- invertido (parada de mãos); grande afastamento dos
plitude e pode provocar o batimento da membros inferiores durante a fase de passagem pelo
cabeça no chão; fraca impulsão; flexionar apoio invertido; tonicidade geral do corpo e encaixe
ou abrir as pernas durante a execução. adequado dos quadris.

183
GINÁSTICA

Erros a evitar: colocação das mãos muito perto Aspectos técnicos importantes: buscar apoiar
do pé do membro inferior de impulsão; colocação as mãos o mais longe possível do apoio dos pés; a
das mãos fora da linha de movimento; colocação das primeira mão a apoiar o solo deve ser posicionada
duas mãos em apoio simultâneo; o corpo não pas- virada para o lado, enquanto que a segunda mão é
sa pela vertical e/ou os ombros avançam apoiada com os dedos apontados para o local de
para fora do alinhamento corporal; falta onde se iniciou o movimento; forte impulsão dos
de amplitude no afastamento dos mem- membros superiores; ao final, os pés devem ser
bros inferiores; falta de ritmo e/ou inter- “puxados” para perto do local onde as mãos estão
rupção do movimento. apoiadas; a rodante deve terminar com um salto
para cima e para trás, mantendo-se o peito para
REFLITA dentro e olhando para frente com os membros su-
periores bem elevados.
É importante que você sempre esteja aten- Erros a evitar: não virar a segunda
to(a) ao rosto do aluno e à sua movimenta- mão para trás; apoiar as duas mãos ao
ção. Caso perceba algo errado, intervenha mesmo tempo (uma deve ser apoiada an-
e converse com ele para iniciar novamente.
tes da outra); não terminar com forte im-
pulsão de membros inferiores (não saltar
para cima ao final).

Rodante (GA, Gacro, GPT, Atividades Circenses) Parada de Cabeça (GA, Gacro, GPT, Ativida-
des Circenses)
Iniciando na posição em pé, com pernas levemen-
te afastadas na posição anteroposterior, a perna da A parada de cabeça ou parada de três apoios é um
frente vai flexionar ligeiramente ao mesmo instante movimento estático, com o executante em uma
em que os braços são projetados para frente em di- posição invertida, tendo como apoio a cabeça e
reção ao solo. No momento em que a primeira mão as mãos. Primeiramente é importante que o alu-
toca o solo, ocorrerá a impulsão das pernas. O corpo no aprenda a posição chamada de “elefantinho”.
então ficará na posição invertida. O tronco, junta- Para isso é importante que ele fique de joelhos e
mente com as pernas, fará uma rotação de 180°. Os faça um triangulo com as mãos em contato com o
braços realizarão uma repulsão, iniciando a fase em solo. Na sequência, ele deverá ir afastando as mãos
que se perde o contato com o solo, finalizando em e colocando-as próximas dos joelhos, depois colo-
pé. Na rodante, deve-se finalizar com o corpo virado car a cabeça no solo, formando um novo triangulo,
para o lado oposto ao do início do movimento. Este composto agora pela cabeça e as duas mãos. Com
movimento é facilitado quando se inicia com uma os braços flexionados, apoiar os joelhos sobre os
pequena corrida. cotovelos e manter nessa posição, semelhante a um

184
EDUCAÇÃO FÍSICA

elefantinho. Ao se sentir seguro, o executante deve- Parada de Mãos (GA, Gacro, GPT, Atividades
rá contrair o abdome e, aos poucos, ir estendendo Circenses)
as pernas até que fique na posição invertida e com
as pernas estendidas. A parada de mãos é um elemento estático em que
Aspectos técnicos: apoiar a cabeça um pouco o executante fica na posição invertida, sustentando
acima da testa (cujo ponto de apoio no solo faça todo o corpo estendido sobre as mãos e os braços es-
um triângulo com os apoios das mãos); subir o tendidos. Ele é conhecido popularmente como “ba-
quadril e, quando estiverem por cima dos apoios, naneira”. Para a sua execução, o aluno deverá estender
subir os membros inferiores para a vertical; toni- os braços na linha dos ombros, colocar as mãos no
cidade, membros inferiores e pés bem estendidos. chão e lançar as pernas para cima, de maneira que o
Erros a evitar: subir os membros superiores cedo corpo fique na posição invertida, sendo sustentado
demais, antes da elevação dos quadris; pelos braços. Na iniciação, é importante que o aluno
deixar a cabeça muito longe ou próxima aprenda a fazer o lançamento das pernas, primeiro
demais das mãos; não contrair o corpo lançando-as e dando “pedaladas no ar”, depois ten-
em toda a execução. tando bater palmas com os pés. Ao sentir-se seguro,
poderá fazer a parada de mãos com o auxílio do(a)
professor(a) (que deverá segurar no quadril), ou rea-
lizar o movimento usando a parede como apoio.
SAIBA MAIS Aspectos técnicos: mãos no solo na largura dos
ombros, dedos afastados e virados para frente; cabe-
Os elementos que exigem inversão de eixo ça com o olhar dirigido para frente; membro supe-
ou contato da cabeça com o solo devem re- riores em extensão completa (ombros encaixados)
ceber atenção redobrada. Por isso, sempre pernas estendidas com o corpo em completo alinha-
faça os auxílios e esteja em contato direto
com os alunos. mento e tonicidade.
Erros a evitar: não apoiar as mãos viradas para
Fonte: os autores.
frente; flexionar a cabeça (queixo ao peito); não fa-
zer alinhamento dos seguimentos corpo-
rais; não efetuar a contração em todos os
grupos musculares (tonicidade), especial-
mente nos glúteos e nos pés (devem posi-
cionar-se em flexão plantar máxima).

185
GINÁSTICA

ACROBACIAS DE SOLO

Olá, prezado(a) aluno(a)! Nesse tópico, aprendere- Aspectos técnicos: flexão controlada dos
mos alguns elementos que apresentam um grau de membros superiores na fase do rolamento; encaixe
dificuldade um pouco maior do que os anteriores, do queixo no peito ao início da flexão dos braços;
uma vez que a partir de agora alguns deles serão a arredondar as costas para melhor descida do rola-
junção ou adaptação de um movimento básico que mento no solo.
aprendemos no tópico anterior. Por isso é muito Erros a evitar: fazer uma queda descontrola-
importante que, ao trabalhar com esses movimen- da na fase do rolamento (queixo não está junto ao
tos que conheceremos a partir de agora, o aluno já peito); costas pouco arredondadas, o que
tenha uma vivência e um conhecimento prévio dos leva a bater no solo por descer na vertical
movimentos básicos que vimos no tópico I. Além em vez de ligeiramente para frente; não
disso, é importante que o aluno também já tenha coordenar flexão dos braços com aproxi-
desenvolvido algumas habilidades como força, co- mação dos membros inferiores e o tronco.
ordenação e flexibilidade para a execução de alguns
desses movimentos. REFLITA

Parada de Mãos com Rolamento para frente Não passar dos elementos mais simples para
(GA, Gacro, GPT, Atividades Circenses) os mais complexos sem que os primeiros este-
jam perfeitamente assimilados (não queimar
etapas de aprendizagem) (Carlos Araújo).
A parada de mão com rolamento tem início com a
entrada do executante na parada de mão, confor-
me descrito anteriormente. É importante que, para
que o aluno execute a parada com rolamento, ele já Oitava (GA, Gacro, GPT, Atividades Circenses)
tenha domínio e controle sobre a parada de mãos.
Para a execução em posição de parada de mãos, o A oitava é um movimento que exige bastante for-
aluno deverá colocar o queixo no peito e ir flexio- ça dos executantes, principalmente dos membros
nando os braços de maneira que tenha uma condu- inferiores, uma vez que ele junta dois movimen-
ção das costas (escápulas) em contato com o solo. A tos: o rolamento para trás carpado e a parada de
partir desse contato, os membros inferiores (joelhos mãos. Sua execução inicia-se de forma semelhan-
e pernas) são flexionados e trazidos junto ao peito, te ao rolamento para trás carpado, e no momento
de forma semelhante ao rolamento grupado. O exe- que for passar a cabeça pelo solo o aluno deverá
cutante deverá finalizar o rolamento sobre os pés da fazer um impulso com as mãos e braços de forma
mesma maneira que se finaliza o rolamento grupado que consiga ficar na posição de parada de mãos
para frente. (apoio invertido).

186
EDUCAÇÃO FÍSICA

Aspectos técnicos: fase inicial com extensão com- mas também os inferiores, sem mudar os pés de lugar.
pleta dos membros inferiores e com os membros supe- Aspectos técnicos importantes: membros su-
riores no prolongamento do corpo; flexionar o tronco periores e inferiores em extensão completa; pal-
para frente para ajudar a descer/sentar; abertura enér- mas das mãos completamente apoiadas no solo;
gica dos membros inferiores em relação ao tronco para elevação significativa dos quadris; empurrar com
facilitar a subida para a parada de mãos; repulsão forte os pés tentando estender completamente os mem-
dos membros superiores no solo em coordenação com bros inferiores e forçar com isso a colocação dos
a abertura do corpo; encaixe dos ombros para facilitar ombros numa linha perpendicular ao apoio das
o equilíbrio do apoio invertido; tonicidade geral. mãos no solo.
Erros a evitar: abertura demasiada, “cedo” ou Erros a evitar: membros superiores e/ou in-
“tarde” demais; descoordenação temporal feriores flexionados; flexão da cabeça (queixo ao
entre a repulsão de membros superiores e peito); palmas das mãos não apoiam completa-
a abertura de membros inferiores sobre o mente no solo; quadris pouco elevados; pés muito
tronco; falta de tonicidade geral; falta de longe das mãos.
equilíbrio no apoio invertido.
Reversão para Frente ou Arco para Frente (GA,
Ponte (GA, Gacro, GPT, Atividades Circenses) Gacro, GPT, Atividades Circenses)

A ponte é um elemento que demonstra flexibilidade. O início deste movimento é na posição de pé


O aluno iniciante deve começar na posição deitado, com os membros superiores estendidos acima da
com as pernas flexionadas e os pés apoiado no solo. cabeça. Deve-se dar um passo à frente e depois
As mãos são apoiadas no solo de forma invertida ao flexionar o tronco de forma a apoiar as mãos no
lado das orelhas. Para se colocar na posição de pon- solo. A perna de trás eleva-se e a perna da frente
te, os braços devem empurrar o chão, buscando se impulsiona a elevação do quadril, fazendo com
estender, e o quadril deve ser elevado em direção ao que o único apoio seja as mãos. Os membros in-
teto, formando assim um arco com a coluna. feriores devem se manter afastados (afastamento
Para alunos mais avançados é possível iniciar na ântero-posterior). Um dos pés, então, deverá to-
posição em pé, com os braços estendidos elevados aci- car o solo (colocando o corpo em posição de pon-
ma da cabeça. Levando-se a cabeça e os braços para te, apenas com um pé no chão). O peso do corpo
trás, o corpo começa a formar um arco até que as mãos deve ser projetado para os quadris, liberando as
alcancem o solo, fazendo a posição de ponte. Deve-se mãos e permitindo que o tronco se eleve, voltan-
buscar estender não apenas os membros superiores, do à posição de pé.

187
GINÁSTICA

Aspectos técnicos importantes: apoiar as mãos Reversão para Trás ou Arco para Trás (GA, Ga-
no solo, mantendo os membros superiores em ex- cro, GPT, Atividades Circenses)
tensão completa; é importante não perder o ritmo
do movimento (uma parada no meio pode significar A reversão para trás inicia-se na posição de pé. Uma
a perda do equilíbrio e uma queda); a passagem por das pernas fica posicionada à frente, porém sem
apoio invertido deve ser feita com os membros infe- apoiar no solo, e os membros superiores devem estar
riores bem afastados (em espacato); na fase final (ao estendidos acima da cabeça. O início do movimento
retomar a posição de pé), não deverá deixar a cabeça acontece com a elevação da perna que está à frente
para trás, nem baixar imediatamente os membros e, logo em seguida, os braços e a cabeça são leva-
superiores (por questões não só de equilíbrio, mas dos para trás iniciando a flexão do tronco. As mãos
também de estética). irão apoiar-se no solo e o quadril e as pernas serão
Erros a evitar: flexionar os membros inferiores elevados. As pernas devem se manter afastadas e
no apoio; falta de amplitude no afastamento dos estendidas (afastamento anteroposterior) durante a
membros inferiores na passagem pela passagem pelo apoio das mãos. Em seguida, um dos
vertical; falta de impulsão de membros pés será apoiado no solo e o tronco e os membros
superiores na fase final, o que impedirá de inferiores se elevarão, retornando à posição em pé.
alcançar a posição de pé em equilíbrio. Aspectos técnicos importantes: elevar um mem-
bro inferior antes de iniciar a flexão do tronco para
trás; olhar em frente; passar pelo apoio invertido
REFLITA com membros inferiores bem afastados; impulsio-
nar-se fortemente no solo com as mãos na passagem
A ginástica nos últimos anos tem se caracteri- (impulsão de membros superiores).
zado pela execução de movimentos precisos Erros a evitar: falta de flexibilidade na flexão
e com grande rigor técnico, o que dá a sensa- do tronco e/ou na antepulsão de membros superio-
ção para os leigos de que é tudo muito fácil.
(Carlos Araújo). res; falta de tonicidade geral e/ou força dinâmica, o
que resulta na perda do equilíbrio; falta
de flexibilidade no afastamento antero-
posterior de membros inferiores; troca
dos membros inferiores na passagem por
apoio invertido.

188
EDUCAÇÃO FÍSICA

Flick-Flack (GA, Gacro, GPT, Atividades


Circenses)

O flick-flack é um movimento que chama bastante riores que ficam em extensão durante o restante do
atenção pela sua característica de execução. Para salto; elevar ligeiramente a cabeça, mas não fazer
que ele seja feito, o executante precisa ter força, co- uma extensão completa para trás; colocar os quadris
ordenação e controle corporal. O movimento se dá a para frente na fase de voo (posição de retroversão
partir de um impulso realizado com os dois pés, me- que ajuda a “selar” o corpo); procurar o solo com as
diante uma pequena flexão das pernas. Ao realizar mãos viradas para frente e fazer recepção sem flexio-
este impulso para trás, o executante deverá colocar nar os membros superiores.
as mãos no solo (de forma rápida e passageira) para Erros a evitar: iniciar o salto com os membros in-
já finalizar na posição de pé. feriores demasiadamente flexionados; iniciar o salto
Aspectos técnicos: ligeira inclinação do corpo sem desequilíbrio para trás; velocidade insuficiente
para trás no momento do salto e da ação dos mem- dos membros superiores no lançamento
bros superiores (procurar um pequeno desequilí- (o que se traduz na transferência de pouca
brio antes de saltar); ação dos membros superiores energia cinética ao resto do corpo); angu-
no sentido de antepulsão deve ser muito rápida e lar na fase de voo (encolher-se); flexionar
enérgica; impulsão completa dos membros infe- os membros superiores na chegada ao solo.

189
considerações finais

N
esta unidade estudamos a modalidade de Ginástica Acrobática, seu
processo histórico e suas características a partir dos participantes
e das diferentes formas em que podemos construir diferentes figu-
ras acrobáticas. Abordamos os elementos técnicos de movimentos
gímnicos que são realizados no solo e que são comuns às diferentes modalidades
ginásticas. Foi possível aprender diferentes movimentos, os quais muitas vezes ví-
amos na televisão em apresentações de Ginástica e não conhecíamos, bem como
movimentos que muitas vezes conhecíamos mas não sabíamos como ensinar ou
executar da maneira correta e de forma segura.
Lembre-se sempre que a nossa proposta de trabalho com a Ginástica na
não é a de que os alunos se tornem atletas e executem os movimentos mais
perfeitos, com um nível técnico de dar inveja, mas que eles aprendam esses
movimentos para que se desenvolvam corporalmente, socialmente e psico-
logicamente, vencendo seus obstáculos e superando suas limitações. Nosso
trabalho como professor(a) é fazer com que os alunos pratiquem ginástica,
conheçam a modalidade e possam desfrutar de todos os benefícios que essa
prática pode proporcionar.
Por meio dessa unidade, conhecemos os aspectos técnicos e pedagógicos de
diversos movimentos ginásticos, movimentos que dão bases para inúmeras varia-
ções que surgirão com o tempo, prática e pesquisa. Você, futuro(a) professor(a),
deve sempre buscar atualizações para que consiga trabalhar com a modalidade
de forma segura, e, caso surjam dúvidas, recorra a esse material ou a referenciais
que o(a) ajudem a ensinar de uma maneira que contemple as necessidades de
seus alunos.
Não esqueça que sua turma será diversificada com alunos que muitas vezes
aprenderão num primeiro momento e outros que demorarão ou pouco mais para
aprender. Por isso, busque sempre observar e permitir que os alunos se desenvol-
vam cada um no seu tempo, de maneira que todos fiquem satisfeitos por apren-
derem a fazer ginástica de uma maneira saudável e prazerosa.

190
atividades de estudo

1. Assinale o que for correto: 3. Assinale o movimento que, para sua execução,
a. A vela é um elemento de rotação executado é importante que o aluno aprenda o elemento
no mesmo eixo do corpo. conhecido popularmente como “elefantinho”:
a. Rodante.
b. Para a execução dos rolamentos afastado e
carpado para frente, é importante que o apren- b. Roda.
diz tenha domínio do rolamento grupado. c. Parada de mãos.
c. A parada de mãos é conhecida popularmente d. Parada de cabeça.
como estrelinha. e. Reversão para trás.
d. A rodante é um elemento estático.
4. Sobre o rolamento para frente grupado, assi-
e. No rolamento afastado para trás, o execu-
nale o que for correto.
tante não precisa usar as mãos para amor-
a. Durante a execução é importante que o exe-
tecer a queda.
cutante mantenha o corpo estendido e com-
pletamente aberto.
2. Relacione a coluna um com a coluna dois:
b. É importante que, ao executar, o aluno mante-
a. VELA.
nha o queixo no peito do começo ao fim e não
b. ROLAMENTO PARA FRENTE CARPADO. encoste a cabeça no solo.

c. RODA. c. O aluno deve executar o rolamento completo


com as pernas estendidas.
d. PARADA COM ROLAMENTO.
d. No início o aluno deve ter um desequilíbrio para
e. REVERSÃO PARA TRÁS. trás de forma que o ajude a rolar para trás.
( ) Elemento de rotação para frente no plano e. A posição inicial deste movimento é com as
sagital com as duas pernas estendidas à frente. pernas estendidas e afastadas.
( ) Elemento realizado no plano frontal, conhe-
cido popularmente como estrelinha. 5. Sobre o elemento corporal roda, assinale o que
for correto:
( ) Elemento estático, em que deve-se manter
a. No momento da execução, o aluno deve colo-
o peso do corpo sobre os ombros, pescoço e ca-
car o queixo no peito.
beça.
b. O aluno deve, no momento inicial da execu-
( ) Movimento que se inicia de forma estática ção, lançar de forma enérgica a perna livre e
e com inversão de eixo, depois se deve colocar apoiar as mãos no solo na mesma linha em
o queixo no peito e ir flexionando os braços de que o movimento acontece.
maneira que o corpo vá formando a posição gru-
c. Durante o movimento, o aluno deve ter pe-
pada, para depois levantar.
quenas paradas.
( ) Movimento de rotação para trás no plano
d. Na aterrissagem, o aluno deve chegar com as
sagital. Inicia-se com a flexão do tronco para trás
pernas unidas.
até tocar o solo e fazer a passagem do corpo
com apoio dos braços. e. O aluno deve ter boa flexibilidade de coluna,
pois precisa fazer um arco com as costas, se-
melhante a uma ponte.

191
LEITURA
COMPLEMENTAR

A GACRO tem três princípios fundamentais que a carac- Quanto aos seus benefícios, os praticantes desta mo-
terizam: a formação de figuras ou pirâmides humanas; dalidade podem ser favorecidos pela aquisição de no-
a execução de acrobacias, elementos de força, flexibili- ções espaço-temporais, da esquematização corporal,
dade e equilíbrio para transitar de uma figura à outra; a do controle motor, da flexibilidade, da coordenação
execução de elementos de dança, saltos e piruetas ginás- estática, da coordenação coletiva, do equilíbrio, da for-
ticas como componente coreográfico. ça e da resistência muscular localizada, da cooperação,
A diferença entre praticar a GACRO e outras modalida- da autonomia, do prazer e da autoconfiança (ALMEIDA,
des gímnicas está no fato de as propostas estarem mais 1994; ASTOR, 1954). Além disso, experiências corporais
voltadas aos trabalhos entre os grupos de ginastas do valiosas e enriquecedoras para a cultura corporal do ho-
que em performance com aparelhos, embora existam mem são conseguidas por meio da prática das atividades
muitos elementos em comum, como o tumbling (sequ- ginásticas (LEGUET, 1987; SOARES, 1998; SOUZA, 1997;
ência de exercícios acrobáticos), a força, a flexibilidade, GALLAHUE; OZMUN, 2005).
o equilíbrio e a presença de uma coreografia (CRILEY, Nissen (1991, p. 36-37) aponta vinte vantagens da GA-
1984; BOELSEMS, 1982; NISSEN, 1991). CRO com relação às demais modalidades ginásticas com-
A GACRO necessita de poucos materiais e tem baixo cus- petitivas. As mais relevantes estão explanadas a seguir:
to, se comparada às demais modalidades ginásticas (AL- • Idade: não há limite de idade e muitos atletas de
MEIDA, 1994; CRILEY, 1984; NISSEN, 1991). Em situações alto rendimento têm sua carreira estendida até
competitivas, são utilizados somente o tablado e os col- os 30 anos.
chões de segurança ou de lançamento; nos treinamen-
• Peso corporal e biótipo: não há pressão para
tos, colchões simples, cintos de auxílio, pedestais, medi-
manter o peso baixo, pois os bases, atletas que
cine balls e simuladores de parceiros, além de materiais
sustentam as pirâmides, podem ter um peso cor-
de apoio como plintos, espaldares, cavalos, entre outros.
poral maior. Além disso, não há um padrão de
Outro diferencial é que a modalidade pode ser desenvol-
corpo (biótipo) exigido, o que torna a carreira em
vida com ginastas de diferentes estruturas físicas. Esta
GACRO mais longa.
característica particular permite a longevidade da parti-
• Cooperação: por ser uma modalidade realizada
cipação esportiva e pode desencorajar a especialização
em grupos e necessitar de interação entre os par-
precoce que, não raras vezes, ocorre em certas modali-
ticipantes, a rivalidade pessoal é diminuída.
dades esportivas.

192
LEITURA
COMPLEMENTAR

• Sociabilização: não há divisão entre sexos nos • Programas: muitos ginastas aposentados de ou-
treinamentos. Sendo assim, a co-educação dimi- tras modalidades podem ser inseridos no progra-
nui os preconceitos de gêneros e de diferenças ma de GACRO, ampliando as possibilidades para
individuais. clubes, escolas e associações.
• Sincronismo: por todas as provas serem reali- • Equipes: o número de participantes das equipes
zadas em duas ou mais pessoas, a preocupação é grande (13 atletas), ampliando as possibilida-
com o sincronismo das ações é frequente, melho- des para os ginastas.
rando o trabalho em equipe.
Por estes fatores, a Ginástica Acrobática tem se legiti-
• Atratividade dos espectadores e da mídia: mado como uma modalidade esportiva relevante para
devido ao trabalho de grupos, maiores alturas, o universo ginástico e esportivo, preenchendo algumas
variedades de movimentos e posições são de- lacunas importantes, deixadas por outras modalidades
monstradas, atraindo os espectadores e, conse- ginásticas competitivas.
quentemente, a mídia. Além disso, alguns autores apontam as contribuições
• Oportunidades: por ser uma modalidade jovem, da GACRO para a dança e para as líderes de torcida,
o mercado ainda não está saturado e chegar ao mais presentes na cultura americana (DOUGLAS, 1982;
alto nível parece ser mais acessível. Além disso, FRIEND, 1990b). Acrescentamos ainda as contribuições
o mercado de trabalho para técnicos, árbitros e para as outras modalidades ginásticas, especialmente
dirigentes está em expansão. para a Ginástica para todos e para a Ginástica Aeróbica.
• Ambientes: por não necessitar de aparelhagem, Fonte: Merida, Nista-Piccolo e Merida (2008, p. 160-162).
apenas dos parceiros, a GACRO pode ser pratica-
da em praias e gramados, por exemplo. Por meio da leitura desse trecho retirado do artigo “Re-

• Imagem: não há o preconceito social de que não descobrindo a ginástica acrobática”, podemos observar

é uma atividade para homens e muitos deles se que os autores nos indicam os pontos positivos para o

fascinam pela ideia de levantar meninas ao invés desenvolvimento da modalidade Ginástica Acrobática,

de pesos. valorizando-a como uma prática ginástica que deve ser


promovida e disseminada nos diferentes espaços.

193
GINÁSTICA

Fundamentos Básicos da ginástica acrobática com-


petitiva
Jorge Sergio Perez-Gallardo e Lucio Henrique Rezende Azevedo.
EDITORA: Autores Associados
ANO: 2007
SINOPSE: A Ginástica Acrobática, derivada de manifestações ar-
tísticas de culturas asiáticas, é uma das mais antigas práticas es-
portivas, que com o passar dos anos se foi transformando numa
modalidade esportiva de grande impacto e aceitação no âmbito
mundial. Na obra encontram-se todas as metodologias para a
aquisição das formas básicas da Ginástica Acrobática, com fun-
damentos teóricos necessários para iniciar esta modalidade de
forma competitiva ou como base para as modalidades artísticas
que se utilizam de acrobacias, tais como o circo, a ginástica geral
e a dança. Esta obra está destinada a professores de Educação
Física que atuam no âmbito escolar e em academias, interessa-
dos no desenvolvimento da Ginástica Acrobática tanto no meio
educativo quanto na prática esportiva.

Manual de ajudas em ginástica


Carlos Araújo
EDITORA: Fontoura
ANO: 2012
SINOPSE: Este livro aborda as ajudas em Ginástica, com foco
na Ginástica Artística, passando por diferentes aparelhos (solo,
saltos de cavalo, barra fixa e paralelas assimétricas, cavalo com
alças, argolas, paralelas e trave). Há também um capítulo final
com exercícios para preparação física (flexibilidade, força e ve-
locidade). Cada ficha está estruturada conjugando texto com
ilustrações e sempre apresenta os aspectos técnicos mais im-
portantes, os erros mais frequentes, as ações motoras predomi-
nantes, a ajuda e várias situações de aprendizagem.

194
referências

ARAÚJO, C. Manual de ajudas em ginástica. 2. ed. Jundiaí-SP: Fontoura, 2012


GALLARDO, J. S. P.; AZEVEDO, L. H. R. Fundamentos Básicos da Ginástica
Acrobática Competitiva. Campinas-SP: Autores Associados, 2007.
MERIDA, F.; NISTA-PICCOLO, V. L.; MERIDA, M. Redescobrindo a ginás-
tica acrobática. Revista Movimento, Porto Alegre, v. 14, n. 2, p. 155-180,
maio/ago. 2008.

Referências On-Line

1
Em: <http://www.fig-gymnastics.com/site/>. Acesso em: 10 de jul. de 2016.
2
Em: <http://osorrisodobem-estar.blogspot.com.br/2014_02_01_archive.html>.
Acesso em: 10 de jul. de 2016.

195
gabarito

1. B.

2. B, C, A, D, E.

3. D.

4. B.

5. B.

196
UNIDADE
V
GINÁSTICA PARA TODOS;
ATIVIDADES CIRCENSES E
MATERIAIS ALTERNATIVOS

Prof. Dr. Antonio Carlos Monteiro de Miranda


Prof.ª. Me. Fernanda Soares Nakashima

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Características e princípios filosóficos da Ginástica para
Todos
• Aspectos históricos sobre o circo como manifestação
artística
• Os conteúdos do circo e sua aplicação nos diferentes
contextos
• Possibilidades de confecção de materiais alternativos na
Ginástica e atividades circenses

Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer a Ginástica para Todos (GPT), seus princípios
filosóficos e as possibilidades metodológicas de construção
coreográfica.
• Refletir sobre a história do circo e seus desdobramentos na
sociedade.
• Aproximar-se dos conteúdos presentes no circo e das
possibilidades de trabalho nos diferentes espaços.
• Conhecer as possibilidades de confecção de materiais
alternativos para as práticas gímnicas e circenses.
unidade

V
INTRODUÇÃO

Olá, aluno(a). Seja bem-vindo(a)! Nesta unidade, conheceremos modalidades


que contêm elementos ginásticos e se caracterizam por não serem competi-
tivas, além de aprender a confeccionar materiais alternativos no contexto da
Ginástica e Circo.
Primeiro vamos conhecer a Ginástica para Todos (GPT), que até 2007 rece-
bia o nome de Ginástica Geral. Ela é reconhecida pela FIG e tem como proposta
a interação entre os sujeitos e uma prática voltada para o prazer/lazer. Seu foco
está no processo e não no produto final.
Em seguida vamos estudar as atividades circenses. É um conteúdo que faz
parte das aulas tanto de Arte quanto de Educação Física, uma vez que são con-
teúdos que se aproximam e possuem elementos que podem ser trabalhados de
diferentes formas, sejam por seus aspectos históricos ou acontecimentos que fo-
ram estruturando essa prática e a tornaram uma manifestação artístico-cultural
que deve ser valorizada, reconhecida como uma produção humana. Será possível
a partir dos estudos desse tópico conhecer o processo histórico do circo, apro-
ximar-se dos diferentes conteúdos que podem ser trabalhados nos diferentes
contextos, dividindo-os em quatro partes didático-pedagógicas: acrobacias,
manipulações, equilíbrios e encenação. O trabalho com esses elementos pro-
porcionará, além da melhora nas habilidades coordenativas, conhecimentos e
controle do corpo, além da capacidade comunicativa e expressiva do aluno.
Por fim, apresentaremos diferentes possibilidades de construções de ma-
teriais alternativos para a Ginástica Rítmica, Ginástica Artística e atividades
circenses. Essas sugestões vêm no sentido de suprir a carência de materiais
presentes em muitas realidades.
Sendo assim, vamos ao trabalho!
GINÁSTICA

Características e
Princípios Filosóficos
da Ginástica Para Todos
Caro(a) aluno(a), neste tópico falaremos sobre a A Ginástica para Todos nem sempre recebeu este
Ginástica para Todos (GPT). Como o nome já diz, nome. Inicialmente, conhecida e difundida como
esta é a modalidade gímnica (a palavra “gímnica” é Ginástica Geral (General Gymnastics- GG), teve seu
o mesmo que ginástica) que busca ser inclusiva ao nome alterado para o atual Gymnastics for all ou Gi-
permitir que qualquer pessoa possa ser ginasta, in- nástica para Todos (GPT) recentemente, pela Fede-
dependente de idade, sexo, limitações motoras ou ração Internacional de Ginástica (FIG), em 2007, a
habilidades. Primeiramente, apresentaremos as ca- fim de trazer o entendimento de que esta modali-
racterísticas desta prática, diferenciando-a das de- dade é voltada para todos, sem restrição de idade,
mais, bem como os princípios filosóficos que nor- sexo, classe social, limitações de qualquer natureza
teiam o trato com a GPT. ou experiências prévias (FIG, 2009, p. 8, on-line)2. O
antigo nome (Ginástica Geral) permitia a confusão
de que se tratava de ginástica em geral, fazendo com
que qualquer tipo de atividade, sem características
gímnicas, fossem confundidas com GG. Sendo as-
sim, o nome Ginástica para Todos foi considerado
mais esclarecedor e adequado para expressar o que
esta prática visa oferecer.
Fiorin-Fuglsang e Paoliello (2008) consideram
a GPT uma modalidade que resgata a Ginástica do
passado, praticada em busca de prazer, alegria e sem
a preocupação com desempenhos ou recordes. O fato
de ser uma modalidade não competitiva permite que
esta seja mais abrangente em relação aos seus prati-
cantes, que buscam na ginástica viver com melhor
qualidade de vida e aumentar o convívio social. A
GPT é a única modalidade de caráter demonstrativo
(não competitivo, somente para apresentações) ofi-
cializada pela Federação Internacional de Ginástica.

202
EDUCAÇÃO FÍSICA

A definição dada pela FIG sobre a GPT, presente Dessa forma, temos uma modalidade ginástica que
no Gymnastics for all regulations manual (2009, p. engloba diferentes praticantes e diferentes manifes-
3, on-line)2 diz que a Ginástica para Todos oferece tações artísticas, expressivas, esportivas e corporais.
uma variedade de atividades adequadas a todos os
gêneros, faixas etárias, habilidades e origens cultu- PRINCÍPIOS FILOSÓFICOS DA GINÁSTI-
rais. A Ginástica para Todos contribui para a saú- CA PARA TODOS
de, boa forma e bem-estar físico, social, intelectual e
psicológico, com foco no divertimento, na atividade Por sua característica não competitiva, a Ginástica
física e na amizade. Suas atividades englobam todas para Todos é uma das modalidades ginásticas mais
as modalidades do campo da Ginástica, com ou sem adequadas para o contexto escolar, uma vez que é
aparelhos, da dança, dos jogos, considerando as ca- inclusiva e, de certa forma, engloba todas as outras
racterísticas nacionais e culturais. modalidades ginásticas.
Outra definição a ser considerada é a do Grupo
de Pesquisa em Ginástica Geral da FEF/Unicamp, REFLITA
que a entende como:
É importante lembrar que mesmo sendo a
[...] uma manifestação da Cultura Corporal que Ginástica para Todos a mais adequada para
reúne as diferentes interpretações da Ginástica o contexto escolar, as demais modalidades
(Natural, Construída, Artística, Rítmica, Aeró- devem ser trabalhadas junto aos estudantes .
bica etc.) integrando-as com outras formas de
expressão corporal (Dança, Folclore, Jogos, Te-
atro, Mímica etc.) de forma livre e criativa, de
acordo com as características do grupo social e
contribuindo para o aumento da interação so-
Além disso, a proposta de trabalhar com a Gi-
cial entre os participantes (PÉREZ-GALLAR-
DO; SOUZA, 1997, p. 35). nástica para Todos não se dá apenas no sentido
do aluno conhecer ou praticar ginástica, mas sim
Ainda, podemos encontrar a definição de Barbosa- que esse processo tenha transformação na cons-
-Rinaldi e Teixeira (2011) , p.19), que afirmam que: tituição desse aluno como sujeito. Parra-Rinaldi
e Paoliello (2008) ao falarem sobre o Grupo de
[...] esta que é uma modalidade não competiti- Ginástica Unicamp baseando-se nos estudo de
va congrega um vasto campo de manifestações
Ayoub (1998) destacam que trata-se de uma pro-
da cultura corporal, tais como ginástica, dança,
artes circenses, entre outras, o que lhe conferem posta que “enfatiza o ser humano, o educando,
um significado inusitado na contemporaneida- que tem como preocupação a preparação de in-
de, visto que em tempo de especializações a divíduos criadores de suas próprias ações, e não
ginástica geral caminha na direção de amplia- simples reprodutores, e para qual o professor é de
ção de possibilidade corporais (BARBOSA-RI-
orientador/facilitador” (PARRA-RINALDI e PA-
NALDI; TEIXEIRA, 2011, p. 19).
OLIELLO, 2008, p. 25). Nesse sentido, o(a) pro-

203
GINÁSTICA

fessor(a) deve proporcionar ao aluno situações SAIBA MAIS


que o levem a criar, de maneira que ele não tenha
apenas uma autonomia corporal, mas também te- Como a Ginástica para Todos permite o uso
nha uma autonomia de vida, de maneira que ele de diferentes materiais (oficiais ou alternati-
seja capaz de escolher e gerenciar as atividades vos), quando falamos em “explorar” queremos
dizer que esse material deve ser usado de
que mais lhe agradem. diversas formas, criando e descobrindo for-
Segundo as autoras, baseando-se na pesquisa de mas de usá-lo de maneira ginástica ou não.
Souza (1997), o(a) professor(a) deve ter um papel Fonte: os autores.
relevante no desenvolvimento de valores humanos,
respeito às normas e leis do grupo e da sociedade,
criatividade, espirito crítico, honradez, afetividade,
liberdade, disponibilidade para estar a serviço do Outra maneira que promove uma interação social e
grupo e não o grupo a seu serviço. Nesse sentido, o despertar da criatividade é a escolha ou confecção
a Ginástica para Todos deve proporcionar um diá- dos materiais alternativos e montagem coreográfica.
logo do ser humano com o mundo, ressignifican- A ideia é que todos contribuam e colaborem com
do seus movimentos gímnicos. Isso pode se dar a esse processo, de forma que ele se dê de maneira co-
partir da valorização das experiências do sujeito no letiva e com a participação de todos.
processo de ensino-aprendizagem e da valorização Parra-Rinaldi e Paoliello (2008) destacam que:
das relações sociais dentro do grupo por meio de
um trabalho coletivo. Entendemos que, por meio da socialização
de movimentos, o ser humano estará intera-
Dessa forma, deve-se valorizar todos os co-
gindo com o grupo de forma a aumentar sua
nhecimentos prévios desses alunos de maneira vivência de inúmeras possibilidades de mo-
que possam, a partir de suas características indi- vimentos, além da interação social, estabele-
viduais e pessoais, contribuir com o coletivo. Por cendo códigos de convivência mútua. Outra
exemplo, se eu tenho estudantes que já possuem possibilidade interessante nessa metodologia
é que a adaptação de materiais proporciona
experiências corporais com dança, futebol, que
a criatividade, em um desafio constante para
tenham um conhecimento aprendido em sua an- experiências novas. A utilização de materiais
tiga cidade, ou algo que os demais não saibam, não tradicionais também se transforma num
isso deve ser compartilhado para que, a partir fator propício para que a Ginástica Geral seja
desenvolvida na escola, haja vista a facilidade
dessa relação, todos aprendam e possam conhe-
em se trabalhar, pois o material está na escolha
cer as individualidades de cada um. Além disso, a do possível, podendo ser buscado até mesmo
exploração de materiais diferentes permite que se na natureza [...] (PARRA-RINALDI e PAO-
tenha a interação social entre eles e a socialização LIELLO, 2008, p. 27).
de movimentos.

204
EDUCAÇÃO FÍSICA

Nesse sentido, temos inúmeras possibilidades de Sborquia (2008), destaca que:


criação, adaptação e desenvolvimento da Ginástica
para Todos de forma que seus principíos filosóficos O termo “construção coreográfica” é intencio-
nal, pois a coreografia é elaborada a partir des-
sejam desenvolvidos e não tenhamos apenas alunos
sa perspectiva, em que o sujeito, agindo sobre
que praticam ginástica, mas sim possamos contri- a natureza, vai construíndo o mundo históri-
buir com seu desenvolvimento humano, social e co, o mundo da cultura, o mundo humano. E
psicológico por meio de uma prática ginástica in- a construção se faz partindo dessa relação. Os
clusiva e não competitiva, feita pelo lazer/prazer, movimentos acontecem provenientes de uma
intencionalidade, a qual expressa por meio
que não vise ao produto final, mas sim ao processo.
desses movimentos em forma de linguagem
Por isso, no próximo item falaremos sobre o (SBORQUIA, 2008, p. 148).
processo de construção coreográfica, valorizando
o processo e reconhecendo a coreografia como um Nesse sentido, a ideia é que cada um possa contri-
desdobramento desse percurso. buir com sua história, sua cultura, experiência, de
maneira que a coreografia seja quase que um mo-
POSSIBILIDADES METODOLÓGICAS DE saico, contendo a participação de todos. Por isso
CONSTRUÇÃO COREOGRÁFICA após as vivências, as trocas e a aproximação entre os
participantes, deve-se decidir pela escolha do tema,
Como dito anteriormente, o processo de construção aparelhos e música.
coreográfica se dá de maneira coletiva na Ginástica Essa escolha deve se dar de maneira coletiva e refle-
para Todos, diferente às vezes de coreografias com- xiva, uma vez que, como nos sinaliza Sborquia (2008):
petitivas em que o técnico monta a série com a/(as)
atleta(s) visando ao código de pontuação, ou uma A utilização de temas na construção coreográfi-
ca possibilita ao sujeito a expressão de suas refle-
coreografia feita por diretores de companhias de
xões e sentimentos, por meio de gestos e ações,
dança que montam a coreografia para os dançari- em torno dessa temática. A escolha de um tema
nos. Na Ginástica para Todos isso se dá uma manei- propicia o levantamento de uma série de ideias
ra diferente - o(a) professor(a) não é visto(a) como a ele relacionadas. A discussão dessa temática
coreógrafo(a), mas sim como um(a) orientador(a) pode levar a reflexões e abstrações as quais pos-
sibilitam a tomada de consciência e a efetivação
que irá contribuir para uma construção coletiva jun-
da estética (SBORQUIA, 2008, p. 149).
to aos participantes.
Por isso, antes de iniciar o processo de monta- Dessa maneira, tem-se a possibilidade de criar dife-
gem coreográfica, é preciso que seus alunos se co- rentes temas para o processo coreográfico. A escolha
nheçam, a partir de encontros prévios, para que de um bom tema permite a facilidade de pensar nos
compartilhem conhecimentos individuais, sua his- materiais e nas músicas. Essa ordem pode se dar de
tória de vida, e que tragam elementos que posterior- uma outra forma, também - às vezes o coletivo deci-
mente até possam ser incluídos no processo de cons- de por um material, e esse pode determinar o tema e
trução coreografica. música dessa coreografia.

205
GINÁSTICA

Algumas das possibilidades apontadas pelo Ma- • Ginástica rítmica com aparelhos manuais.
nual Group Performances (1997, p. 24) que podem ser • Ginástica aeróbica.
exploradas para a criação de coreografias na GPT são: • Diferentes ginásticas de condicionamento físico.
Grandes aparelhos: • Ginásticas com ênfase especial.
• Aparelhos utilizados ao ar livre. • Ginástica para pessoas com deficiência.
• Trampolim (“cama elástica”). • Ginástica experimental.
• Mini e duplo trampolim. • Outros.
• Diferentes aparelhos para saltos.
• Circuito de aparelhos. Estilos de dança:
• Pista de Tumbling. • Folclore;
• Roda alemã. • Dança jazz;
• Diferentes aparelhos experimentais. • Rock and Roll;
• Dança moderna;
Aparelhos tradicionais da ginástica artística: • Danças experimentais;
• Tablado de solo. • Outros.
• Assimétricas.
• Trave. Tipos de jogos:
• Cavalo com alças. • Pequenos jogos (bolas de ar, paraquedas, cor-
das, diferentes bolas etc.).
• Paralelas.
• Ideias gerais para jogos (sem competição).
• Cavalo para saltos.
• Formas de jogos experimentais.
• Barra.

Tipos de ginástica: Nesse sentido, após a escolha do material, tema e


• Ginástica jazz. música, é importante a exploração do mesmo. Por
• Ginástica acrobática. exemplo, caso o grupo escolha como material uma
cadeira, a exploração se dará a partir de todas as

206
EDUCAÇÃO FÍSICA

possibilidades de usar essa cadeira, como sentar, fi- Além disso, a questão do figurino também deve
car de pé sobre ela, saltar por cima, passar por baixo, ser pensada, de forma que enriqueça ainda mais seu
executar movimentos ginásticos sobre ela, como por trabalho, seja ele feito por costureiras, mães/pais dos
exemplo fazer uma roda, uma parada de mãos, tudo alunos ou até mesmo por eles mesmos.
de maneira segura e com o auxílio de um colega,
caso seja necessário. Usar a cadeira com os pés vira- REFLITA
dos para cima, com a cadeira de lado, empilhar mais
de uma cadeira, e assim por diante, além de poder
Professor(a), não esqueça que esse processo
usar essa cadeira no meio de uma figura acrobática e de criar/fazer o material, figurino, faz parte da
realizar movimentos dançantes em que todos se mo- formação do seu aluno. As relações sociais
vimentam juntos, separados e no rítmo da música. que esse momento proporciona contribuem
para seu desenvolvimento humano.
É muito importante que se tenha uma variação
de movimentos ginásticos, dançantes e de coreo-
grafia. Além disso, podemos pensar em uma core-
ografia que não tenha aparelho, mas que apenas os Assim, tendo escolhido um tema, uma música,
efeitos provocados pelos braços, pernas e coletivo com ou sem material, um figurino ou até mesmo
criem um efeito, a exemplo das ginásticas de gran- o uniforme dos alunos, seus alunos e você estarão
de área, aquelas em que as apresentações aconte- prontos para mostrar para os demais alunos e pro-
cem em campos de futebol de grandes estádios. fessores, pais e comunidade o trabalho coletivo fei-
Muitas vezes os participantes não possuem ne- to na Ginástica para Todos. É importante que cada
nhum material, porém o efeito de cores das roupas, aluno se veja no processo coreográfico e que eles
dos movimentos de braços causa um efeito visual sintam-se parte do todo, motivando-os a refletirem
muito bonito e que chama a atenção. Cabe a você, sobre suas práticas, valorizando o respeito, o com-
professor(a), conduzir junto aos seus alunos o que panheirismo, a afetividade, a liberdade e a criati-
é mais viável de acordo com a realidade na qual vo- vidade - elementos esses que contribuirão na sua
cês se encontram. formação de sujeito.

207
GINÁSTICA

Aspectos Históricos
Sobre o Circo Como Manifestação
Artística
Respeitável público! Neste tópico, aprenderemos Associar a história do circo à Roma antiga,
sobre como o circo tornou-se essa manifestação pautando-se no senso comum que se prende
ao sadismo e crueldade dos espetáculos da-
que conhecemos hoje. No entanto, antes disso
quela época, reforça a ideia de que os tempos
devemos nos perguntar como ele surgiu e onde atuais são “civilizados”, adiantados e superiores,
começou. Talvez ao falarmos sobre esse assunto levando a uma noção de superioridade que é
você pense que ele tenha surgido em Roma com problemática na comparação de tempos histó-
a demonstração das habilidades incomuns, ou na ricos (MIRANDA, 2016, p. 26).

Grécia com as práticas atléticas, ou até mesmo na


China pelo seu domínio com acrobacias e prepara- No entanto, elementos como a religião, combates, sa-
ção de guerreiros. Caso você tenha pensando nis- crifícios, festas e a reconciliação com os deuses, tal
so, você não está errado. O erro talvez esteja em como eram os objetivos de Roma, são fatores que se
tentarmos definir quando exatamente o circo foi fazem presentes no desenrolar do processo histórico do
criado. O circo, por ser uma manifestação artísti- circo. Por isso, independente do local ou data em que
ca, impede que tenhamos uma data ou local em esse circo tenha iniciado, em todos esses espaços tínha-
que ele tenha iniciado. O que podemos afirmar é mos a presença desses elementos nos quais o aspecto
que esses diferentes locais tinham manifestações ritualístico era o fator determinante dessas práticas.
corporais que se aproximam dos elementos que Com o passar do tempo e muitas transforma-
conhecemos hoje no circo. O que devemos evitar ções, o circo que conhecemos hoje começa a ser
é uma comparação dos dias de hoje com os de ou- desenvolvido no século XVIII, na Inglaterra, onde
tras épocas, a exemplo do que é trazido por Miran- havia a presença de apresentações ao ar livre sobre
da (2016) ao tratar que: o dorso de cavalos, apresentações essas conhecidas
como apresentações equestres.

208
EDUCAÇÃO FÍSICA

Com essa ideia, Astley começa a tornar o circo


comercial. Antes, os espectadores assistiam a apre-
sentações de forma livre, e a partir desse tempo
precisam pagar ingressos para assistirem aos espe-
táculos. Além disso, com o intuito de deixar o circo
ainda mais atrativo, ele acaba contratando os artistas
que se apresentavam nas ruas, praças e feiras para
fazerem parte do seu espetáculo, fazendo assim com
que o circo começasse a ter a variedade de números
que conhecemos hoje. Mesmo com essa interação, o
cavalo era o elemento principal das apresentações.
Até mesmo os palhaços faziam sátiras dos números
utilizando o cavalo como elemento articulador.
O sucesso do circo criado por Astley fez Luiz XV
convidá-lo para se apresentar em Paris, o que fez com
que essa manifestação ganhasse ainda mais espaço,
disseminando-a em diferentes países como Alemanha,
Espanha e Rússia. Segundo Bolognesi (2003, p. 34):

[...] diferentemente dos espetáculos das feiras


ambulantes, os primeiros circos eram perma-
nentes e se instalaram apenas nas grandes cida-
des. O espetáculo circense, em seus primórdios,
não se destinava ao público das ruas e praças,
frequentador das feiras apreciador da cultura
popular. Dirigia-se a aristocratas e à crescente
burguesia.

No entanto, mesmo esse circo sendo voltado a essa


classe, todos tinham contato com a arte equestre.
Figura 1 - Apresentação equestre
Porém, como o cavalo representava um status social
Foi então que Philip Astley, em 1768, teve a proe- naquela época, era visto como símbolo de poder, o
za de se apropriar dessas apresentações e colocá-las que não durou muito. Com o fim das guerras na-
em um local fechado. Miranda (2016) sinaliza que poleônicas, muitos cavalos e soldados se tornarem
“ele usou a medida de 13 metros de circunferência inúteis e aquela figura de todos os artistas usando o
em recinto fechado, tamanho exato para que a força cavalo foi se perdendo. Com o circo atingindo um
centrífuga ajudasse o cavaleiro a ficar de pé sobre o público mais amplo, aquelas apresentações que antes
cavalo.” (MIRANDA, 2016, p. 29). eram novidade foram caindo e se tornando tediosas.

209
GINÁSTICA

Os cavalos, que antes eram usados apenas nos es- Sobre esse assunto, Silva (1996, p. 13) destaca que:
petáculos, começaram a servir também como meio
de transporte para apresentações itinerantes, o que A organização do trabalho circense e o pro-
cesso de socialização/formação/aprendizagem
fez com que novos artistas e novos números fossem
formam um conjunto, são articulados e mutu-
incluídos nos espetáculos. Assim, o circo passou a amente dependentes. Seu papel como elemento
ter uma organização tal como conhecemos hoje, constituinte do circo-família só pode ser ade-
com artistas vivendo dessa prática e com um circo quadamente avaliado se este conjunto for con-
nômade que busca levar essa forma de arte para os siderado como a mais perfeita modalidade de
adaptação entre um modo de vida e suas neces-
diferentes cantos do mundo.
sidades de manutenção. Não se tratava de orga-
nizar o trabalho de modo a produzir apenas o
O CIRCO NO BRASIL espetáculo – tratava-se de produzir, reproduzir
o circo-família.
O circo em terras brasileiras já existe há bastante tem-
po, uma vez que desde o século XVIII tem-se o regis- Assim, podemos reconhecer que esse formato de
tro de artistas ambulantes que já executavam números circo, buscou garantir e reproduzir sua forma de tra-
circenses, sendo apontadas referências a essas mani- balho. Mesmo com a inclusão de outros artistas (que
festações dos ciganos. Segundo Miranda (2016), já no não fossem da família) nesse universo, a perspectiva
século XIX os ciclos econômicos, principalmente do do trabalho buscava uma manutenção dos meios em
café e da borracha, estimularam a chegada ao Brasil que essa forma de circo se estruturava. Com essa
de grandes circos estrangeiros que passavam pela re- forma de atuação, o circo serviu como um elemento
gião litorânea do país, estendendo-se muitas vezes até que suprisse as vontades das diferentes populações
Buenos Aires. Com isso, muitas famílias decidiram fi- com relação a arte e cultura. Uma vez que:
car por aqui e foram se organizando, criando relações
e fortalecendo laços de sociabilidade. Todos faziam O circo brasileiro também tem sua contribui-
ção na disseminação de diferentes manifesta-
tudo: vendiam pipoca, se apresentavam, cuidavam
ções artísticas. As relações que aconteceram
para que todos contribuíssem para o desenvolvimen- entre o circo e o teatro no desenrolar histó-
to do circo, e esse circo em que a própria família gera- rico permitiram que aquelas cidades brasi-
va o circo ficou conhecido como circo-família. leiras, principalmente do interior do país,
que ansiavam por representações artísticas,
suprissem suas vontades com o circo ou com
SAIBA MAIS
uma modalidade diferenciada de espetáculo,
como o circo-teatro. Este passa a se inserir
Até hoje, em circo menores nós temos essa nas comunidades, nos bairros e nas peque-
características de que o artista assume dife- nas cidades como uma casa de espetáculos
rentes funções. No momento em que não está diversos que apresenta arte circense, shows
em cena, está executando outras atividades musicais, shows humorísticos, peças teatrais
para ajudar. (especialmente comédias), show com habi-
Fonte: os autores. tantes locais, entre outras formas (MIRAN-
DA, 2016, p. 34-35).

210
EDUCAÇÃO FÍSICA

Esse assunto deve ser tratado em suas aulas de Edu- O circo é considerado um fenômeno multidisci-
cação Física para que o aluno tenha acesso a esse co- plinar, e muitos profissionais o observam e ana-
lisam a partir de um particular ponto de vista. O
nhecimento de forma crítica e reflexiva, uma vez que artista busca uma performance com um maior
ele poderá conhecer e ver o circo de outra maneira impacto, uma maior espetacularidade. O biome-
a partir de suas aulas. Duprat e Gallardo (2010) des- cânico analisa os princípios físicos que envolvem
as habilidades circenses. O técnico/treinador es-
tacam que foi dessa forma que o circo foi ganhan-
tuda as melhores estratégias e diferentes formas
do espaço até chegar aos dias de hoje da maneira na para dominar as habilidades. Já o professor ob-
qual o conhecemos. Todavia, vale destacar que vive- serva quais e como estas manifestações desen-
mos em um momento com diferentes tipos de cir- volvem-se e dentre elas as que podem ser socia-
lizadas no âmbito escolar, criando metodologias
co, ou seja, de um lado o circo tradicional que ainda
adequadas a cada um dos diferentes contextos
tenta manter-se mediante todas as adversidades e escolares (DUPRAT; GALLARDO, 2010, p. 51).
dificuldades encontradas, e os grandes circos que a
cada vez investem mais no espetáculo, no visual, no Assim, cabe a nós, professores, proporcionarmos aos
trabalho específico de artistas que muitas vezes ad- nossos alunos o acesso a essas manifestações histori-
vêm de modalidades ginásticas competitivas, fazen- camente construídas, principalmente porque o circo
do com que o espetáculo seja cada vez mais belo e não acontece mais apenas dentro do próprio circo.
inesquecível. Porém, o próprio contexto faz com que Hoje existem diferentes locais que oferecem aulas
os valores para o acesso a esses circos sejam altos, de circo em academias, escolas, espaços de lazer, e
impossibilitando as participações de todas as classes. isso se deu pela necessidade de perpetuar os conte-
Já os demais circos acabam tendo que se manter com údos de circo e teve início na década de 70 com a
aquilo que ganham para se auto gerarem e pagarem primeira Escola de Circo (Academia Piolin de Artes
todos os custos de manutenção de um circo. circenses) criada em 1977 no estádio do Pacaembu,
em São Paulo. Segundo Castro (2005), a iniciativa
REFLITA se deu a partir dos próprios artistas circenses. Já em
1982 surgiu a Escola Nacional de Circo no Rio de Ja-
Perceba que estamos falando de dois forma- neiro, que também tinha como proposta perpetuar a
tos de circo na atualidade. Por isso, proble- arte circense no país ao longo do tempo, que pessoas
matize esse assunto junto aos seus alunos, de família circense ou não tivessem a oportunida-
não classificando-os como melhor ou pior,
mas como diferentes, e que ambos devem de de aprimoramento e que o processo de ensino-
ser valorizados, pois, senão, corremos o risco -aprendizagem sobre o circo fosse uma extensão das
de perder o circo tradicional. famílias circenses, promovendo esses conhecimen-
tos de forma democrática e ampliada.

211
GINÁSTICA

Nesse sentido, temos então o circo sendo disseminado e praticado em diferentes


espaços, porém ainda carente no contexto escolar, uma vez que os professores
não trabalham esse conteúdo por falta de conhecimento ou por não reconhece-
rem os elementos positivos de se trabalhar com o circo. Duprat e Gallardo (2010)
trazem uma discussão sobre a importância de se trabalhar com circo. Para eles
“o circo constitui-se como parte integrante da produção cultural e artística. Ao
longo dos séculos ele influenciou modos de produzir, modos de agir e fazer arte,
caracterizando-se como um fenômeno sociocultural” (DUPRAT e GALLARDO,
2010, p. 55). Só esse motivo já justificaria a presença do conteúdo de circo na es-
cola, no entanto eles ainda citam os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s)
ao sinalizar que a Educação Física está organizada em três blocos: Esportes, jo-
gos, lutas e ginástica; Atividades rítmicas e expressivas; e Conhecimento sobre
o Corpo. Para os autores, todo o contexto histórico do circo, a presença de ele-
mentos como teatro, dança, arte dos saltimbancos, música, cavaleiros e militares,
entre outros elementos, integraria o grupo das atividades rítmicas e expressivas:

[...] que devem incluir as manifestações da cultura corporal que tem como ca-
racterística comum a intenção explícita de expressão e comunicação por meio
de gestos, da presença de ritmos, sons e da música na construção corporal
(DUPRAT; GALLARDO, 2010, p. 56).

212
EDUCAÇÃO FÍSICA

Os Conteúdos do Circo
e sua Aplicação nos diferentes
contextos
Com relação ao que deve ser trabalhado nas au- lhar. Para facilitar esse acesso e compreensão do
las de Educação Física, como conteúdo de circo, que faz parte do universo do circo e uma adapta-
existem inúmeros elementos que fazem parte ção ao contexto escolar, Duprat e Bortoleto (2007)
desse universo, e muitas vezes o(a) professor(a) organizaram um quadro a partir de unidades didá-
pode não saber o que trabalhar ou como traba- tico-pedagógicas.

QUADRO I - CLASSIFICAÇÃO DAS MODALIDADES CIRCENSES


Quadro 1 - Classificação das modalidades
DE ACORDO circenses
COM AS de acordo
AÇÕES com asGERAIS
MOTORAS ações motoras gerais

Acrobacias Aéreas Diferentes modalidades de trapézio, tecido, lira, quadrante, corda.


Corpóreas De chão (solo), duplas, trios e grupos, banquinas, mastro chinês,
contorcionismo, jogos icários.

Trampolim Trampolim acrobático; mini-tramp; báscula russa; maca russa.


Manipulações de objetos Malabares (bolas, claves, devil stick, diábolo, caixa, com fogo),
swing (claves e bastões), tranca, contato, ilusionismo,
prestidigitação,mágica, faquinismo, fantoches e ventriloquia.

Equilíbrios de objetos Claves, bastões, antipodismo.


sobre objetos Perna-de-pau, monociclo, arame, corda bamba, bicicleta, rolo
americano (rola-rola).

Acrobáticos Paradismo (chão e mão-jotas), mão a mão (duplas,trios e grupos),


jogos icários.

Encenação Artes corporais Arte cênica, dança, música.


Palhaço Diferentes técnicas e estilos

Fonte: Duprat e Bortoleto (2007, p. 178).

213
GINÁSTICA

Mediante o quadro, podemos ver inúmeras ativi- Existem numerosas definições para o termo
dades. Algumas exigem materiais de grande por- “acrobacia”, ainda que indiquem que se trata
de ações motoras não naturais, normalmente
te, outras de médio ou pequeno e outras que nem
complexas, que tentam competir com as leis da
precisam de material. Duprat e Gallardo (2010) Física que regem o movimento dos corpos, em
destacam que: sua maioria aprendidas pelo homem com um
objetivo específico e com características distin-
De forma geral entendemos que o papel funda- tas das ações naturais (caminhar, sentar, correr
mental da Educação Física escolar é proporcio- etc). São ações motoras que incluem inversões
nar o contato das crianças com as manifestações e rotações em um ou mais eixos do corpo (DU-
culturais existentes no circo, em um grau de PRAT e GALLARDO, 2010, p. 71).
exigência elementar, destacando as potenciali-
dades expressivas e criativas, além dos aspectos Por essa característica, a presença das acrobacias
lúdicos desta prática. Assim sendo, as modali- sempre fez parte do universo circense, já que sem-
dades que necessitam de pouca infraestrutura,
pre buscaram se diferenciar dos elementos executa-
como as que utilizam materiais de pequeno e as
que não utilizam nenhum tipo de material, são dos por todos e de forma comum. Nesse sentido, as
consideradas as de mais fácil aplicabilidade na acrobacias são divididas em três blocos temáticos:
escola (DUPRAT e GALLARDO, 2010, p. 63). acrobacias aéreas, de solo e de trampolim.

Por isso, a partir de agora trabalharemos com cada Acrobacias Aéreas


elemento do quadro proposto pelos autores, de for-
ma que você conheça as modalidades circenses para Nas acrobacias aéreas, como o próprio nome diz, o
apresentá-las aos seus alunos para que, diante dos executante faz acrobacias sem contato com o solo.
materiais e espaços disponíveis, você possa traba- O artista/praticante está a todo o momento no ar,
lhar, adaptar ou apresentar esses conteúdos para sua vencendo a gravidade e sustentando seu corpo com
turma, de acordo com a realidade na qual você esta- a sua força.
rá atuando. Como exemplos das acrobacias aéreas, segundo
Duprat e Gallardo (2010), nós temos:
ACROBACIAS O tecido circense: trata-se de um grande pano,
dobrado ao meio e fixado a uma estrutura de altu-
As acrobacias são os movimentos executados por ra variada, deixando duas pontas soltas ao solo, pe-
aqueles que buscam mostrar domínio, controle em las quais o acrobata sobe e realiza sua performance
determinados elementos realizados com o corpo. amarrando-se, enrolando-se, girando, por meio de
Duprat e Gallardo (2010) baseando-se nas palavras travas e nós. Essas travas e nós são ao mesmo tempo
de Bolognesi (2003), destacam que: os truques e as seguranças presentes na atividade.

214
EDUCAÇÃO FÍSICA

Lira: é um arco circular e de metal, uma variação do


trapézio, no qual também podem ser executadas va-
riadas coreografias enquanto o aparelho gira em seu
próprio eixo longitudinal. A lira também pode ter
outras formas além da circular, como gota, estrela,
quadrado, entre outras.

Figura 2 - Acrobacia em Tecido

Trapézio: consiste em uma barra de madeira ou me-


tal ligada a duas cordas, um aparelho extremamen-
te simples. Existem diferentes modalidades de tra-
pézio, fixo, oscilante, duplo, de equilíbrio e de voo.
Cada um deles tem uma especificidade, pois existem
diferentes técnicas e equipamentos envolvidos.

Figura 3 - Acrobacia em Trapézio Figura 4 - Acrobacia em Lira

215
GINÁSTICA

Corda indiana: uma grande corda suspensa. O exe- Acrobacias em duplas ou Double: duas pessoas fa-
cutante fica pendurado no alto dessa corda, preso zem uma coreografia em um único aparelho, que
pelas mãos, pés ou pescoço. A corda é girada sobre pode ser o trapézio, tecido ou um quadrante fixo. O
si mesma por uma pessoa no solo, e o artista, pendu- portô é o que fica em contato com o aparelho e faz a
rado, executa diversas coreografias. sustentação para o volante pelas mãos ou pelos pés.

Figura 5 - Acrobacia em Corda Indiana  Figura 6 - Acrobacia em Dupla

216
EDUCAÇÃO FÍSICA

Acrobacias de solo Acrobacias de Trampolismo

As acrobacias de solo envolvem todos os elementos As acrobacias de trampolinismo são os elementos


corporais (acrobáticos) que aprendemos nas dife- executados em diferentes estruturas, como cama
rentes modalidades ginástica. Segundo Duprat e elástica, maca russa, báscula russa entre outras. Se-
Gallardo (2010, p. 73), as acrobacias são: gundo Duprat e Gallardo (2010), as acrobacias re-
alizadas nos trampolins se diferem das acrobacias
[...] movimentos extremamente elegantes e de solo pela fase de voo, na qual o executante acaba
revelam força, agilidade, flexibilidade, co-
conseguindo, a partir do impulso dos diferentes apa-
ordenação, equilíbrio e controle do corpo.
Desenvolvem coragem, força, coordenação, relhos, atingir altura de 3 até 8 metros, executando
flexibilidade, habilidades de saltos, destreza assim saltos mortais, duplos, quádruplos mortais e
e agilidade. São apresentações de valoriza- piruetas das mais variadas.
ção pessoal. Existem inúmeras manifestações
acrobáticas, desde as individuais, passando
pelas duplas, trios, quartetos e até grandes
grupos.

Nesse sentido, todos os elementos que vimos nas


modalidades competitivas, Ginástica Artística, Rít-
mica, Acrobática e na Ginástica para Todos que são
executados no solo caracterizam-se como modali-
dades de acrobacias de solo.

Figura 7 - Acrobacia em Trampolim

Manipulações: a classificação dos elementos de


manipulação se dá de acordo com movimentos que
são feitos a partir do controle das ações motrizes
que estão envolvidas com a manipulação de objetos
no ar (lançamento e recuperação) ou na possibili-
dade de ludibriar, “enganar” os espectadores a par-
tir de truques. Temos, dessa maneira, os malabaris-
mos e a prestidigitação (mágica) como elementos
de manipulação.

217
GINÁSTICA

2. Malabarismo de equilíbrio dinâmico:


O malabarismo: o malabarismo pode ser defini-
do como a habilidade de executar um desafio com- Esse tipo de malabarismo é feito a partir de dois
plexo, desafio que muita gente não saberia realizar. pontos de contato: instável e marginal.
Porém não existe manipulação ou mistério na exe- • O instável possui apenas um ponto de conta-
cução. Ao assistir, é possível perceber que para sua to, por exemplo, uma clave sendo equilibrada
prática é necessário muito treino, concentração e na ponta do dedo.
coordenação motora. • O equilíbrio marginal tem uma linha reta
Segundo Duprat e Bortoleto (2007), os diferen- como contato, por exemplo, uma bola que
descansa entre a testa e o nariz.
tes tipos de malabarismo podem ser agrupados em
quatro diferentes categorias:

1. Malabarismo de lançamento:
Ação em que os malabares são lançados e logo em
seguida recepcionados. É o tipo de malabarismo
mais conhecido, muitas vezes, confundido como
único, podendo ser feito com inúmeros materiais,
principalmente lenços, bolas, bolas de rebote, cla-
ves, aros etc.

Figura 8 - Malabares com Aros Figura 9 - Equilíbrio

218
EDUCAÇÃO FÍSICA

3. Malabarismo giroscópicos:
Prestidigitação: a prestidigitação é o termo que
Os malabarismos giroscópicos são aqueles que giram se dá para a realização de diferentes números que
com uma elevada velocidade sobre si mesmos, de ma- envolvem a manipulação de objetos e situações, de
neira que se mantenham em rotação sobre um ponto forma que o público não consiga saber como es-
de contato. Por exemplo, os pratos, o diabolô e o iô-iô. sas “mágicas” foram realizadas. A exemplo, temos
o desaparecimento de objetos, criação de outros,
ilusionismos, entre outras formas que se destacam
pela presença de truques que aparentemente se tor-
nam impossíveis.

Figura 10 - Malabarismo com Diabolô

4. Malabarismo de contato:
Essa forma de malabarismo se dá a partir da ma-
nipulação de um ou mais objetos em contato com
o corpo, normalmente com giros e poucos ou pe-
quenos lançamentos. Por exemplo, bolas de contato,
agrupamento de bolas (rolling) e chapéus.

Figura 11 - Malabarismo com bola de contato

219
GINÁSTICA

Equilíbrios Corporais (corpo em movimento e


superfícies instáveis): o equilíbrio corporal se dá a
partir da capacidade de manter o corpo e/ou cor-
po-objeto em uma posição de controle, em que o
executante deverá ter concentração, coordenação e
consciência corporal. Segundo Duprat e Gallardo
(2010, p.114),

[...] o equilíbrio corporal relaciona-se com


as leis físicas que intervêm na execução de
uma tarefa motora, ou seja, tem relação com
as superfícies de apoio, com a localização do
centro de gravidade do corpo, com a forma
com que o peso do corpo está distribuído na
superfície de apoio e com a qualidade das es-
truturas orgânicas. O equilíbrio, no entanto,
deve ser entendido como um estado psicoe-
mocional, influenciando a execução de tare-
fas motoras que requerem controle postural e
demandam certo grau de atenção no controle
do corpo e/ou no transporte de objetos.

As atividades de equilíbrio corporal devem conside-


rar diferentes formas de equilíbrio, como os estáti-
cos e dinâmicos. Segundo os autores, existem quatro
tipos de equilíbrios:

[...] equilíbrio do corpo em movimento (pés


de lata e perna de pau), equilíbrio do corpo em
superfícies instáveis (rola-rola e corda bamba),
equilíbrio de objetos no corpo (malabarismo)
e a junção destes diferentes tipos de equilíbrio:
perna de pau com malabarismo, rola-rola com
malabarismos e etc (DUPRAT; GALLARDO,
2010, p. 114). Figura 12 - Equilíbrio (perna de pau, pé de lata, rola-rola, corda bamba,
slack line)

220
EDUCAÇÃO FÍSICA

Encenação: a proposta da encenação nas atividades Palhaços: o trabalho com palhaço na escola com
circenses engloba o despertar de elementos ligados as crianças deve ser realizado no sentido de que o
a criatividade, expressão corporal e comunicação. aluno conheça essa figura e possa valorizar o traba-
Nela, o aluno pode criar situações, interpretar e dar lho desse personagem. O palhaço surgiu no circo
asas à sua imaginação. Segundo os autores, essas como um elemento articulador das cenas e depois
atividades devem ter como foco central a interação foi ganhando o seu espaço, até se tornar uma figura
social, uma vez que o objetivo é comunicar algo essencial para o universo circense.
(pensamentos, ideias, emoções) a alguém. Nesse tra- Os palhaços normalmente trabalham em duplas
balho, deve-se explorar junto aos alunos elementos ou trios, de forma que um tem o papel de palha-
das artes cênicas, dança, mímica e música. ço “branco” e o outro de “augusto” (excêntrico). O
O(A) professor(a) pode criar situações que le- “branco” é o palhaço que prepara a piada, normal-
vem o aluno a vivenciar e criar algo novo, estimu- mente aparenta ser mais esperto, sua roupa é mais
lando o processo criativo e imaginativo, trazendo discreta, tem domínio de conhecimento e uma au-
elementos do cotidiano ou que sejam inovados pelos toridade absoluta. Já o “augusto” é mais ingênuo, cai
alunos a partir de sua criatividade. nas piadas preparadas pelo branco, seus movimen-
tos e roupas são mais exagerados e ele usa e abusa de
quedas, saltos e pantomimas.

221
GINÁSTICA

SAIBA MAIS

Os termos “branco” e “augusto” foram criados


a partir das características desses palhaços, e
existem diferentes histórias sobre essa origem.
Talvez o uso do termo “excêntrico” ao invés de
“augusto” facilite a diferenciação entre eles.

Fonte: os autores.

Tornar-se palhaço é algo complexo. Muitas pesso-


as imaginam que colocar um nariz e uma roupa é
tornar-se palhaço, no entanto existe toda uma pre-
paração e um trabalho que nunca tem fim, pois o
palhaço sempre tem algo a melhorar e aprimorar.
Segundo Monteiro-Junior (2008, p. 58),

[...] a feitura do palhaço é um ritual de inicia-


ção, e como todo ritual de iniciação requer uma
orientação consistente sobre o processo de des-
coberta, criação e encenação do palhaço no pi-
cadeiro. Através desse ritual de descoberta é que
o aprendiz vai compreender o estado de ser ne-
cessário para a iniciação, percebendo a comple-
xidade que tem uma criação de um palhaço. Para
dar iniciação à feitura é necessário compreender
e assimilar os principais conceitos e procedimen-
to ligados à linguagem e à representação cômica
dos palhaços de picadeiro, como também fazer
uma relação desses conceitos com a vida cotidia-
na e pessoal.

Nesse sentido, devemos refletir sobre o papel do pa-


lhaço, uma vez que ele tem como função mostrar
que todos somos humanos, temos defeitos e nos fa-
zer pensar a partir da sua lógica, ingênua mas que
desperta os mais diferentes sentimentos em nós. Por
isso devemos respeitar esse ofício como uma profis-
são, e não usar nem permitir que usem o termo pa-
lhaço de forma pejorativa, como forma de insultos,
ou uso de nariz de palhaço em manifestações.

222
EDUCAÇÃO FÍSICA

REFLITA SAIBA MAIS

Ser palhaço é uma profissão que deve ser


O termo clown também significa palhaço, po-
respeitada e valorizada como todas as outras.
rém a construção dessa forma de palhaço está
(Os autores) mais ligada ao teatro do que ao circo. O clown
não é um personagem, mas surge como uma
dilatação do próprio indivíduo.

Fonte: os autores .

Existem alguns termos que são próprio do uni-


verso do palhaço. Monteiro-Junior (2008, p. 59) a
partir do Roger Avanzi (Palhaço Picolino) destaca
quatro deles:
• Cascata: é quando o palhaço cai. Vem do
nome da queda d’água - cascata, pois é uma
queda fajuta, forjada, mas que deve parecer
real. Tem que saber cair, fazer o barulho
sem machucar.
• Clack: uma bofetada, um tapa, que faz ba-
rulho de “clack”, pois bate uma mão na ou-
tra, simulando um tapa, tem que transmitir
verdade.
• Reprise: a reprise é quando se repete uma en-
trada. Não é para fazer o mesmo, mas para
fazer palhaçadas novamente, enquanto des-
montam um aparelho.
Como vimos, tornar-se palhaço não é uma tarefa • Esquete: não é propriamente circense. É te-
simples. Leva tempo, precisa de um mestre para atral, como uma peça com pouco tempo, rá-
iniciar e o sujeito deve prioritariamente querer ser pida. Uma história geralmente com desfecho
palhaço para aceitar-se e depois deixar que esse engraçado.
palhaço surja. No entanto, nosso papel aqui não • Piléia: é uma piada que é preparada. O públi-
é formar palhaços, mas sim fazer com que nossos co sabe até a resposta, mas a forma, o rítmo
em que é empregada faz com que o público
alunos conheçam essa figura e sintam-se à vontade
dê risada.
com eles.

223
GINÁSTICA

Assim, devemos promover o conhecimento dos nos-


sos alunos sobre o palhaço, a valorização dessa lin-
guagem e até mesmo realizar junto a eles atividades
que explorem a criatividade, criação de um figuri-
no, maquiagem e jogos que estimulem a expressão
corporal e de encenação, bem como a vivência de
esquetes de palhaços.
Nesse sentido, mediante os diferentes elementos
que conhecemos sobre o universo do circo, podemos
criar situações e atividades que aproximem nossos
alunos desse contexto, de forma que eles possam re-
conhecer o circo como uma manifestação artístico-
-cultural que já existe há muito tempo e que tenta de
todas as formas se manter, não perdendo seu espaço
para a tecnologia ou outras demandas que acabam
chamando mais a atenção na atualidade. Devemos
fazer com que nossos alunos conheçam o circo, sua
história, suas características, as diferentes modalida-
des e como é rico aprender todos os elementos que
compõem esse universo.

224
EDUCAÇÃO FÍSICA

Possibilidades de Confecção
de Materiais Alternativos
na Ginástica e Atividades Circenses

Olá! Nos tópicos e unidades anteriores, vimos que Sobre esse assunto, Schiavon (2008, p. 169) des-
podemos praticar Ginástica e elementos do circo taca que:
sem aparelhos, porém também falamos sobre uma
infinidade de aparelhos (oficiais ou não) que muitas [...] os profissionais buscam solucionar o pro-
blema de falta de materiais específicos para as
vezes não estão disponiveis com tanta facilidade,
modalidades esportivas com as quais traba-
onde trabalhamos. Seria um sonho se todas as es- lham. O material pode não estar disponível
colas brasileiras tivessem a quantidade e qualidade porque tem um custo alto, ou também por-
de materiais necessários para o desenvolvimento de que nos locais em que atuam não há espaço
nossas aulas. Sabendo disso e também reconhecen- apropriado para a sua disposição. Dessa for-
ma, os profissionais querem sempre conhecer
do a importância de construção de materiais alter-
algumas alternativas, que possibilitem a ini-
nativos, visando a aprendizagem que a confecção de ciação esportiva, principalmente quando tra-
um material pode proporcionar, além da valoriza- balham em escolas. Geralmente, nesse espaço
ção que muitas vezes se tem mais para o que é feito de atuação, a aquisição de material esportivo é
mais difícil e os profissionais procuram saber
e não comprado, decidimos fazer esse tópico para
“como” poderiam oferecer experiências signi-
auxiliá-lo(a) na confecção dos diferentes materiais ficativas no Esporte, utilizando-se de materiais
usados no circo e na ginástica. alternativos.
Reconhecemos que nem tudo podemos fazer e
que, em alguns casos, a confecção ficaria num valor Partindo desses princípios é que organizamos a
muito alto. Por isso, elegemos alguns materiais para construção de materiais alternativos em três tópi-
ensinarmos, e que, a partir desses outros, possam cos: aparelhos da Ginástica Rítmica, aparelhos da
surgir e novas adaptações possam ser feitas. Enten- Ginástica Artística e materiais alternativos nas Ati-
demos que o material alternativo, como o próprio vidades Circenses.
nome diz, é uma alternativa, e que evidentemente
os materiais originais se justificam pela qualida- APARELHOS DA GINÁSTICA RÍTMICA
de, durabilidade e até mesmo segurança. Todavia,
a possibilidade de construção apresenta-se como Como vimos nas unidades anteriores, a Ginástica
baixo custo, muitas vezes com pouca diferença de Rítmica possui cinco aparelhos: corda, bola, arco,
um para o outro. maças e fita.

225
GINÁSTICA

Corda

O aparelho corda é um aparelho do universo infantil


e de baixo custo, por isso, grande parte dos locais
de atuação. Uma opção é adquirir um rolo de cor-
da e cortar nos tamanhos dos aluno, dando um nó
nas pontas, e uma outra opção mais em conta é fazer
uma corda com jornais.

Materiais:
• 10 folhas de jorna.l
• Fita adesiva.

Como fazer:
Vá fazendo rolinhos com todas as folhas, depois,
junte-os fazendo com que fiquem com o formato
e tamanho semelhante aos de uma corda. Depois,
passe a fita por toda a extensão para que não solte e
fique protegida. Com esse material, é possivel fazer
os movimentos de saltar por dentro, circundução,
rotação, lançamentos/recuperações, véus etc.
Figura 13 - Corda

226
EDUCAÇÃO FÍSICA

Bola

O aparelho bola também é um aparelho bastante


comum e nos diferentes espaços. Na Ginástica Rít-
mica, qualquer bola de borracha pode ser usada, no
entanto na ausência do material podemos confec-
cionar uma de tecido.

Materiais:
• Retalhos de tecido diversos.
• Meias de naylon (fina) ou meia de algodão.
• Linha e agulha.

Como fazer:
Juntar os tecidos e colocar no fundo da meia de
naylon (uma perna de meia). Depois de encher na
quantidade que fique do tamanho de uma bola de
GR, torça a meia para que feche o local em que você
colocou o tecido, desvire a meia encapando a bola
várias vezes, até que finalize. Costure sobre com a li-
nha e a agulha. Essa bola permite fazer praticamente
todos os movimentos tecnicos do aparelho, com ex-
ceção apenas das quicadas.
Figura 14 - Bola

227
GINÁSTICA

Arco Maças

O Arco também é um aparelho de fácil acesso. Sua As maças são os aparelhos mais distintos e que nor-
confecção pode se dar por meio de mangueiras, con- malmente nao sao tao fáceis de encontrar. Porém, é
duítes e deve ter aproximadamente 50cm. possível sua confecção e utilização de maneira bem
semelhante.
Materiais:
• Uma mangueira ou conduíte. Materiais:
• Um conector de mangueiras. • Duas garrafinhas pet de refrigerante (Pitchu-
• Fitas decorativas. la) 250ml.
• Dois cabos de vassoura com 45cm.
Como fazer • Fita adesiva.
Deixe a mangueira de forma arrendonda e no tama- • Jornal.
nho necessário. Una as pontas usando o conector, e
caso seja necessário, queime as pontas para facilitar Como fazer:
a entrada do conector e sua fixação. Depois, decore Lave as garrafinhas e tire o rotulo, coloque um pou-
de acordo com seu gosto. co de jornal (normalmente uma folha) dentro para
dar um pouquinho peso. Depois, encaixe o cabo de
vassoura no bocal da garrafa, colocando uns 4cm
para dentro da garrafa. Caso o cabo não entre, você
pode lixar ou, caso fique com folga, você pode pas-
sar a fita ao redor dele para que fique firme. De-
pois, é só decorar com fitas adesivas coloridas ou
pintura. Todos os movimentos são possíveis com
esse aparelho.
Figura 16 - Maças

Figura 15 - Arcos

228
EDUCAÇÃO FÍSICA

Fita
Por fim, há o aparelho fita, que encanta por sua be-
leza, mas também não é tão fácil de se encontrar. A
adapação da fita pode ser feita de duas formas: uma
com a fita de cetim semelhante à oficial e outra com
crepon ou TNT, sendo essas mais frágeis, podendo
ser usadas poucas vezes. Por isso, a descrição que
traremos aqui será da fita de cetim. Para fazer a de
crepon ou TNT, deve-se cortar o papel de forma se-
melhante a uma fita com 5 m e colar na ponta de
uma vareta leve e fina, com 35cm.

Materiais:
• Uma fita de cetim ou seda com aproximada-
mente 7cm de largura e cinco ou seis metros
de comprimento (pode-se tentar improvisar
com tiras de toalhas de mesa velhas ou len-
çóis).
• Um girador (ou clipes) e um gancho (encon-
trado em casas de pesca).
• Um parafuso com ponta em circulo.
• Um ilhós.
• Um bambu fino, ponta de uma vara de pesca
ou vareta de madeira com 35cm.

Modo de fazer:
Dobrar um metro da ponta da fita e costurar para
dar peso, depois, colocar um ilhós na ponta para en-
caixar as outras peças. Pegar a vereta, bambu ou vara
de pesca e encaixar o parafuso com ponta em cir-
culo, depois, colocar o girador e o gancho, prender
na fita e está pronto. Não esqueça de queimar um
pouco a ponta da fita para que não fique desfiando.

229
GINÁSTICA

Figura 17 - Fita

Essas foram algumas sugestões para a confecção dos aparelhos da Gi-


nástica Rítmica. Você, professor(a), pode ter outras ideias a partir des-
sas, o importante é criar e trabalhar esse conteúdo com os alunos. Lem-
bre-se: falta de material não pode ser um motivo para não trabalhar
com a modalidade.

230
EDUCAÇÃO FÍSICA

APARELHOS ALTERNATIVOS DA GINÁS-


TICA ARTÍSTICA

Como aprendemos na unidade 3, a Ginástica Ar- possuem uma densidade diferente, o que aumen-
tística é uma modalidade que chama a atenção pela ta o tempo de duração e eleva os custos. Assim,
presença de aparelhos de grande porte e pelas difi- entendendo que, para a iniciação, um colchão co-
culdades dos movimentos corporais, por isso, trou- mum é suficiente. A proposta trazida por Schiavon
xemos aqui algumas das diferentes possibilidades de (2008) é que sejam comprados colchões de solteiro
adaptação dos materiais. em lojas de móveis usados e que se coloque uma
Solo: para aprendizagem dos elementos de capa impermeavél. Outra opção é solicitar col-
solo, o que precisamos normalmente são os col- chões e até mesmo costureiras para ajudar na con-
chões. Por isso, caso não os tenha em seu local de fecção das capas, ou os próprios alunos, fazendo
trabalho não tenha colchões, uma possibilidade é assim com que se tenha um custo ainda menor e a
adaptá-los. Destacamos que os colchões oficiais participação da comunidade nas atividades.

231
GINÁSTICA

Aparelhos de suspensão e equilíbrio: como apare-


lhos de suspensão, temos as barras assimétricas, as
argolas e a barra fixa; e como de equilíbrio, a trave de
equilíbrio. Esses aparelhos são de custo bem elevado
e de maior porte. Segundo Schiavon (2008), as op-
ções trazidas aqui se caracterizam pelo baixo custo e
pela facilidade de montar e desmontar.
Exemplos: uma trave de equilibrio feita com
dois cavaletes de madeira e um caibro de 5 m, no
meio revestido de espuma e couro para dar seguran-
ça ao aluno. O uso do cavelate permite ter duas al-
turas: uma mais alta e outra mais baixa. Além disso,
pode se usar bancos de madeira (banco sueco) que
se assemelham à trave de equilíbrio.

232
EDUCAÇÃO FÍSICA

Já para a barra fixa, pode-se usar uma estrutura


de balanço sem os ganchos, de forma que o aluno
possa se pendurar, balancear e girar. Lembre-se de
colocar um colchão em baixo. Outra opção é usar a
barra fixa e as argolas que existem em alguns par-
quinhos infantis.

233
GINÁSTICA

Trampolins: o trampolim é usado para dar impulsão


e ajudar os alunos/atletas a pegar impulsão para saltar nis, de meia ou até mesmo frutas. Quem nunca ou-
ou entrar em um aparelho. A forma adaptada pode viu dizer de uma pessoa que faz malabarismos com
ser feita com um pneu de caminhão usado e quatro limões? Os oficiais normalmente são de borracha e
câmaras de pneu de carro. Segundo Schiavon (2008), com um peso adequado para facilitar sua manipula-
as câmaras devem ser cortadas de maneira que con- ção. Aqui, a sugestão será a de fazer bolinhas usando
tinuem em círculos (longitudinalmente), apenas reti- bexigas e painço.
rando o círculo interno (onde se localiza o bico). De-
pois, essas câmaras são dispostas ao redor do pneu de Materiais:
caminhão, formando uma tela elástica para impulsão. • Nove bexigas número 7 (três para cada bo-
Conseguimos, a partir destes exemplos, conhe- linha).
cer um pouco as possibilidades de materiais para • Painço (comida de passarinho).
uma modalidade que muitas vezes assusta por sua • 3 saquinhos plásticos transparente 15x20.
complexidade. No entanto, vimos que com um pou- • Tesoura.
co de empenho é possível desenvolver alguns apare-
lhos de acordo com a realidade em que estivermos. Como fazer:
Primeiro corte todas as bexigas na altura de seus
MATERIAIS ALTERNATIVOS PARA AS pescoços, uns 5cm abaixo de onde se enche. Colo-
ATIVIDADES CIRCENSES car no saco plástico o painço (quantidade que dê
para fazer uma bolinha que caiba na mão), depois,
Alguns dos materiais que vimos anteriormente po- amarre o saquinho e corte a ponta. É importe que
dem ser usados em uma apresentação de circo, como o saquinho esteja sem ar e fique bem firme. Em se-
o trampolim ou até a barra fixa. No entanto, existem guida, coloque o saquinho sobre uma mesa com o
outros elementos presentes no circo que também nó virado para cima, pegue uma das bexigas e abra
podem ser adaptados. com os dedos de forma que encaixe na bolinha,
deixando a abertura do lado contrário do nó. As
Malabares outras duas bexigas devem ser colocadas da mes-
ma maneira. Caso sobre uma ponta, corte as sobras
Grande parte pode ser confeccionada com materiais com a tesoura. Tente deixar as três bolinhas com o
de baixo custo e de fácil acesso. mesmo tamanho e, se possível, com cores diferen-
tes para facilitar o aprendizado. Outra opção que
Bolinhas ajuda na aprendizagem devido ao tempo de voo e o
tipo de material é tule, que também pode ser subs-
As bolinhas são os malabares mais comuns e mais tituído por saquinhos de plásticos.
acessíveis à população, principalmente pela possibi-
lidade de usar esse material por meio de bolas de tê-

234
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 18 - Bolinhas

Figura 19 - Tule

235
GINÁSTICA

Figura 20 - Claves
Claves

As claves podem ser feitas de jornal, facilitando a


aprendizagem e não oferecendo riscos aos pratican-
tes, ou de madeira e garrafa pet, semelhante à forma
que vimos na construção das maças da GR. A úni-
ca diferença é que a garrafa usada na clave pode ser
de 600 ml. Para fazer com jornal, deve-se usar umas
10 folhas de jornal e fita adesiva. Use cinco folhas e
dobre várias vezes, até que fique uma largura apro-
ximada de 4 cm, depois acrescente as outras folhas
dando formato à clave, deixando a parte do corpo
mais pesado e fixando tudo com fita adesiva para
não soltar no momento dos giros.

Materiais:
• Duas garrafas pet de refrigerante 600 ml.
• Dois cabos de vassoura com 51cm.
• Fita adesiva.
• Jornal.

Como fazer:
Lave as garrafas e tire o rótulo, coloque um pouco
de jornal (normalmente umas quatro folhas) dentro
para dar um pouco de peso. Depois, encaixe o cabo
de vassoura no bocal da garrafa, colocando uns 6 cm
para dentro. Caso o cabo não entre você pode lixar,
ou caso fique com folga, você pode passar a fita ao
redor dele para que fique firme. Depois, é só decorar
com fitas adesivas coloridas ou pintura.

236
EDUCAÇÃO FÍSICA

Aros Figura 21 - Aros

Os aros também são malabares de lançamentos e


podem ser confeccionados com papelão.

Materiais:
• Três placas de papelão de 30x30.
• Lápis ou caneta.
• Tesoura.
• Fita para decorar.

Como fazer:
Desenhar no papelão um círculo com 25cm de diâ-
metro e outro concêntrico com 28cm de diâmetro.
Recortar o aro descrito pelos círculos e revestir o
papelão com fita adesiva, a fim de dar mais firmeza,
e decorar. A medida pode ser feita a partir de um
prato ou tampa de panela e podem ser colados mais
de um papelão para dar firmeza.

237
GINÁSTICA

Swing
O swing é um malabar que também é conhecido como carioca ou ba-
rangandão. Ele se caracteriza como um malabar simples e que provoca
bastante efeito visual. Pode ser feito de crepon ou com fitas de cetim.

Materiais:
• Papel crepom ou fitas de cetim com um metro cada.
• Jornal.
• Barbante ou cordinha de nylon fina.

Como fazer:
Dobre o jornal várias vezes em forma de sanfona, até que tenha
cerca de 3 cm. Corte o rolo de crepom com uns três centímetros,
abra as folhas de crepom colocando o meio da fita no meio do jor-
nal, e caso esteja fazendo com a fita faça o mesmo. Dobre o jornal
mais uma vez para prender a fita ou crepon, fixe o jornal com o
barbante ou cordinha de naylon, deixando uma ponta de 70 cm.
Na outra ponta, faça um nó para colocar o dedo e permitir o giro e
manuseio. O jornal pode ser substituído por uma bolinha de tênis
ou de painço. Com esse material, as fitas devem ser fixas com um
barbante e o acabamento pode ser feito com bexigas.
Figura 22 - Swing

238
EDUCAÇÃO FÍSICA

239
GINÁSTICA

O Rola-Rola é um aparelho para trabalhar o equilí-


brio. Nele, o artísta deve se manter sobre uma placa
de madeira de um cilindro.

Materiais:
• Uma prancha ou tábua com tamanho de
30x60cm e espessura de 12 a 15 mm.
• Duas lixas grossas.
• Cola de contato.
• 1 rolo (pode ser um cano de PVC, o mais fir-
me que mede de 15 a 20 cm de diametro) ou
um tubo metálico.
• Serra ou serrote.
• Freios para iniciantes: 2 sarrafos com tama-
nho de 5x30 cm.

Como fazer:
Cortar a tábua com tamanho 30x60, pregar os freios
(sarrafos) com recuo de 5cm das laterais, colar a lixa
para aderência dos pés na parte de cima.
Figura 23 - Rola Rola

Todas as opções trazidas aqui devem ser acompa- por eles. Os exemplos trazidos aqui são sugestões,
nhadas pelo(a) professor(a). Dependendo da idade ficando a critério do(a) professor(a) fazer adapações
dos seus alunos, você talvez tenha que ajudar grande de acordo com sua realidade, desde que sejam feitos
parte deles, mas o importante é que eles aprendam e testes que permitam uma prática segura e possível
vivenciem a construção do material que será usado para os alunos.

240
considerações finais

P
or meio dessa unidade, foi possível conhecermos a Ginástica para To-
dos, as atividades circenses e a adaptação dos materiais alternativos.
Ao estudarmos a Ginástica para Todos, vimos que ela é uma modali-
dade inclusiva que permite a participação dos mais diferentes grupos,
desde crianças, jovens, pessoas com deficiência, idosos e qualquer um que tenha
interesse em participar.
Aprendemos também que seus princípios filosóficos se apresentam como
uma modalidade que não está focada no produto final, mas sim no processo,
valorizando as capacidades de cada sujeito no coletivo, suas relações sociais e sua
formação humana. É uma modalidade que abrange todas as outras ginásticas, os
elementos do teatro, da dança, das lutas, jogos e brincadeiras, entre outras mani-
festações que são possíveis dentro dessa manifestação artística.
No tópico dois, aprendemos como foi o surgimento do circo. Discutimos que
é muito difícil determinar onde ele surgiu, isso porque o circo é uma manifesta-
ção artística que foi surgindo, e ninguém sabe ao certo quando foi. Conhecemos
o momento em que Philip Ashley teve a ideia de colocar todos os artistas num es-
paço fechado e cobrar ingressos, característica que se mantém até os dias de hoje,
seja nos grandes circos ou nos menores. Nesse tópico, também aprendemos quais
são os conteúdos que existem e podem ser trabalhados nos diferentes espaços,
dividindo-os em: acrobacias, manipulações, equilíbrios e encenações.
E por fim, no tópico três, vimos que é possível adaptar os diferentes aparelhos
das modalidades competitivas: Ginástica Rítmica e Ginástica Artística, além de
aprendermos a construir bolinhas de malabares, claves, aros, que poderão ser
feitos com os alunos, valorizando o desenvolvimento de suas habilidades e a pro-
posta de construção coletiva, utilizando materiais de baixo custo e fácil acesso,
facilitando a possibilidade dos alunos de conhecerem os conteúdos de circo.

241
atividades de estudo

1. Com relação à Ginástica para Todos (GPT), assinale o que for correto:
I. A Ginástica para Todos não faz parte da FIG por ser uma modalidade não
competitiva.
II. O nome anterior da Ginástica para Todos era Ginástica Geral (GG).
III. Para praticar Ginástica para Todos, é necessário ter uma experiência ante-
rior em Ginástica.
IV. A Ginástica para Todos possui regras rígidas e aparelhos oficiais.
V. A Ginástica para Todos valoriza as capacidades individuais e a formação
do sujeito.
Assim:
a. I e II estão corretas.
b. II, III e IV estão corretas.
c. II e V estão corretas.
d. II e IV estão corretas.
e. I e III estão corretas.

2. Podemos afirmar, a partir da definição da FIG, que a GPT:


a. Tem um número limitado de participantes.
b. Contribui para a saúde, boa forma e bem-estar físico, social, intelectual e
psicológico, com foco no divertimento, na atividade física e na amizade.
c. Tem aparelhos específicos que seguem normas técnicas.
d. É competitiva e está nos Jogos Olímpicos.
e. É inclusiva, porém deve ser praticada apenas por crianças e jovens.

3. Com relação às Atividades Circenses, relacione as colunas:


a. Acrobacias.
b. Manipulação.
c. Equilíbrios.
d. Encenação.
( ) Atividades que exigem trabalho de expressão corporal, criatividade e
imaginação.
( ) Atividades que exigem coordenação, alinhamento do corpo e concen-
tração.

242
atividades de estudo

( ) Atividades que exigem coordenação bilateral e uso de objetos como


claves, bolinhas etc.
( ) Atividades que colocam o corpo em inversão de eixo, executando mo-
vimentos de rotação, ou figuras corporais com duas ou mais pessoas.

4. Com relação ao trabalho de palhaço, assinale o que for correto:


I. O palhaço branco é um palhaço que se apresenta apenas em teatros e sua
roupa e maquiagem é toda branca.
II. O palhaço excêntrico apresenta uma ingênuidade que o faz cair nas pega-
dinhas propostas pelo palhaço branco.
III. O ideal é que as crianças conheçam a linguagem do palhaço por meio dos
seus tipos e respeite o palhaço como uma profissão
IV. O palhaço não precisa ser trabalhado com as crianças, pois algumas delas
já possuem medo e não há necessidade de falar disso.
V. O papel do palhaço é mostrar que somos humanos, iguais, e todos podem
ter um lado imaginativo que não pode ser esquecido.

Assim:
a. I e II estão corretas.
b. II, III e IV estão corretas.
c. II e III estão corretas.
d. II e IV estão corretas.
e. II, III e V estão corretas.

5. Com relação aos malabarismos, relacione as colunas:


a. MALABARISMOS DE LANÇAMENTO.
b. MALABARISMOS DE CONTATO.
c. MALABARISMO DE EQUILÍBRIO INSTÁVEL.
d. MALABARISMO GIROSCÓPICO.
( ) Malabarismo em que se sustenta uma bola o tempo todo em contato
com o corpo.
( ) Malabarismo em que se coloca apenas uma clave na testa e a man-
tém parada.
( ) Malabarismo feito com o Diabolô ou iô-iô.
( ) Malabarismo em que se faz uso de bolinhas, claves e aros.

243
LEITURA
COMPLEMENTAR

Embora já no início do século XX se observe a configu- É por isso que nesse momento devemos discutir as ca-
ração das primeiras escolas de circo, é somente a partir racterísticas da aplicação do circo em cada um dos âm-
da década de 1970 que esse processo se expande ver- bitos mencionados (recreativo, educativo, social e profis-
dadeiramente. Na França, o primeiro centro de forma- sional), contextos tipicamente dirigidos aos profissionais
ção foi a Escola Nacional de Circo Annie Fratellini, criada de Educação Física. Compreender esse novo perfil do pú-
em 1974. Já em 1984, iniciam-se as atividades do Centre blico, seus objetivos, necessidades, possibilidades, será
National des Arts du Cirque (Cnac), inspirado no modelo tarefa fundamental ao profissional responsável pelas ati-
soviético. vidades. Consequentemente, temos de desenvolver uma
No Brasil, a primeira escola de circo, Piolin, instalou-se pedagogia que dê conta dessas novas necessidades, des-
em São Paulo, no estádio do Pacaembu em 1977. Em se novo espaço de atuação.
1982, surgiu a Escola Nacional de Circo no Rio de Janei- No presente artigo, interessa-nos destacar a inclusão
ro. A partir desse momento, a multiplicação das escolas das atividades circenses no contexto educacional. Nes-
de circo foi um passo decisivo para a democratização do se sentido, entendendo que a escola é um dos prin-
saber, seja para um uso profissional ou não. É por isso cipais meios de transmissão e produção de cultura e
que a arte do circo pode, hoje em dia, ser aprendida e considerando o circo uma parte importante da cultura
praticada por inúmeras pessoas que buscam na multi- corporal, podemos justificar a inclusão desse conhe-
disciplinaridade a criação de coisas novas e diferentes. cimento no universo educativo como um conteúdo
Provavelmente o circo nunca foi tão popular nesse sen- pertinente. Mais especificamente, como um conteúdo
tido, nunca tanta gente praticou, nunca se falou e se viu particular ao professor de Educação Física, responsá-
tanto circo. vel pela transmissão da cultura corporal (COLETIVO DE
Como já aconteceu com outras atividades, como o espor- AUTORES, 1992).
te, a pintura e a dança, o circo deixou de ser uma ativida- Tendo em vista que a Educação Física tem como conte-
de unicamente profissional (corpo espetáculo – um meio údos clássicos da cultura corporal o jogo, o esporte, as
de trabalho). Atualmente observamos muitas pessoas lutas, as danças e a ginástica, a arte do circo ajudará a en-
praticando as atividades circenses como forma de lazer- riquecer ainda mais esse legado cultural a ser ensinado
-recreação, com fins educativos e sociais (BORTOLETO; e a formação humana de forma global, algo que defende
MACHADO, 2003). Pérez Gallardo (2002).

244
LEITURA
COMPLEMENTAR

Dessa forma, entendemos que o circo é, como nos alerta alunos em contato com a cultura corporal. O interesse pe-
Invernó (2003), uma atividade expressiva, que reúne toda dagógico não está centralizado no domínio técnico dos con-
uma série de conhecimentos de alto valor educativo, que teúdos, mas sim no domínio conceitual deles, dentro de um
lhe dão coerência e justificam sua presença no currícu- espaço humano de convivência, no qual possam ser viven-
lo educativo. Uma atividade que requer uma pedagogia ciados aqueles valores humanos que aumentem os graus
própria, ou ao menos preocupada com suas particula- de confiança e de respeito entre os integrantes do grupo.
ridades. Todo um desafio aos professores de Educação Ainda na escola, no entanto, nas atividades extracurri-
Física que abrimos para debate nesta oportunidade. culares, podemos dar um maior refinamento no trato
do conhecimento, dessa forma estaríamos trabalhando
O espaço escolar
a “prática”, um espaço de livre organização dos alunos,
Refletindo sobre o processo de ensino-aprendizagem, Pé- em que eles escolhem os conteúdos e/ou elementos da
rez Gallardo (2003) propõe uma “postura didática” do pro- cultura corporal que foram vistos na aula de Educação
fissional, que deve ser adotada pelo professor para viabi- Física (em forma de vivência) e que despertaram maior
lizar as trocas entre a cultura corporal entendida por ele interesse neles. O objetivo do professor de Educação Fí-
e a cultura corporal própria do aluno, sendo fundamental sica para esse espaço é fazer com que os alunos apren-
considerar as experiências e vivências anteriores. Um po- dam a dominar e estabilizar as técnicas de execução
sicionamento que abrirá as portas para o conhecimento dos conteúdos escolhidos. Aqui se aumenta o tempo de
de outras culturas, sempre de forma contextualizada. experimentação e existe uma maior preocupação com
Em virtude das características do meio escolar e da a técnica (forma de execução). Cabe ressaltar que em to-
maioria das atividades desenvolvidas com a comunida- dos os âmbitos de atuação o profissional de Educação
de, esse mesmo autor relata a existência de três formas Física deve estar preocupado com a formação humana,
de aplicação dos conteúdos da Educação Física (vivência, independente do nível de aprofundamento, capacitando
prática e treinamento), sendo que cada um deles envolve seus alunos numa ampla esfera de conhecimento, e per-
interesses diferentes. Na escola, estaremos trabalhando mitindo a todos aumentar suas possibilidades de intera-
com apenas os dois primeiros, já que não é dever da es- ção com seus companheiros, assim como fazendo deles
cola tratar do terceiro (PÉREZ GALLARDO, 2003). pessoas importantes para seu grupo social.
Assim sendo, a Educação Física escolar fica responsável pelo
Fonte: Duprat e Bortoletto (2007, p. 171-189).
espaço de “vivência”, tendo como objetivo central colocar os

245
GINÁSTICA

Ginástica Geral: experiências e reflexões


Elizabeth Paoliello
EDITORA: Phorte Editora
ANO: 2008
SINOPSE: este livro surge como resultado de pesquisas realiza-
das pelo Grupo de Pesquisa em Ginástica Geral da Faculdade
de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas (UNI-
CAMP). Criado e cadastrado no CNPq, em 1993, esse grupo de
pesquisadores, formado por doutores, mestres, mestrandos e
doutorandos, além de alunos de graduação que desenvolvem
projetos de iniciação científica, tem se dedicado a ampliar o
campo de conhecimento dessa área que, nos últimos anos, en-
contra-se em ampla expansão no Brasil. A Ginástica Geral, tema
desta obra, caracteriza-se como uma atividade gímnica inclusi-
va, da qual as pessoas podem participar independentemente de
idade, gênero, condição física ou técnica. Engloba as várias ma-
nifestações da ginástica, assim como outras formas de expres-
são corporal, como o teatro, o circo, a dança etc. Sua prática,
de caráter participativo, livre e criativo pode ser desenvolvida
tanto na educação formal como na informal, abrindo a possibi-
lidade de novas e enriquecedoras experiências de movimento e
expressão para aqueles que a ela têm acesso.

Introdução à Pedagogia das atividades circenses vol. 01


Marco Antonio Coelho Bortoleto et al.
EDITORA: Editora Fontoura
ANO: 2008
SINOPSE: esta obra apresenta os princípios elementares para
o ensino de diferentes modalidades circenses, independen-
temente do âmbito onde eles sejam tratadas (educativo, so-
cial, recreativo ou artístico-profissional), assim como discute
os fundamentos necessários para otimização do processo de
formação corporal do artista circense (preparação corporal,
segurança etc).

246
EDUCAÇÃO FÍSICA

Clown e corpo sensível: dialógos com a educação fí-


sica
Antonio Carlos Monteiro de Miranda
EDITORA: Appris
ANO: 2016
SINOPSE: o livro aborda questões ligadas ao tornar-se clown,
uma tarefa aparentemente simples, mas complexa! Encontrar-
-se, aceitar-se, despir-se. Esses são alguns dos elementos neces-
sários para a constituição do clown – um momento doloroso,
mas de extremo prazer, que desperta o olhar para o corpo im-
perfeito, ou seja, para aquele que expõe suas fraquezas e seus
vícios, materializando-os na dimensão da arte. Percorrer esse
caminho na Educação Física é ainda mais desafiador, partindo
de questões como: quais são as aproximações entre esses cam-
pos de conhecimento? Que implicações tem essa proposta na
formação inicial? Como desenvolver um trabalho de iniciação
clownesca? Essas e outras questões são problematizadas e es-
clarecidas no decorrer desta obra. Convido-o à montagem de
seu figurino e de sua maleta de conhecimento com as reflexões
que tocam o universo do clown e do corpo sensível.

O Palhaço
ANO: 2011
SINOPSE: Benjamim (Selton Mello) trabalha no Circo Esperança
junto com seu pai Valdemar (Paulo José). Juntos, eles formam a
dupla de palhaços Pangaré & Puro Sangue e fazem a alegria da
plateia. Mas a vida anda sem graça para Benjamin, que passa
por uma crise existencial e assim, volta e meia, pensa em aban-
donar Lola (Giselle Mota), a mulher que cospe fogo, os irmãos
Lorotta (Álamo Facó e Hossen Minussi), Dona Zaira (Teuda Bara)
e o resto dos amigos da trupe. Seu pai e amigos lamentam o que
está acontecendo com o companheiro, mas entendem que ele
precisa encontrar seu caminho por conta própria.

247
referências

AYOUB, E. A Ginástica geral na sociedade contem- des circenses. Jundiaí-SP: Fontoura, 2008, v. 1, p. 53-76.
porânea: perspectivas para a Educação Física Esco- PAOLIELLO, E. Ginástica Geral: experiências e re-
lar. 1998. 186 f. Tese (Doutorado em Educação Fí- flexões. São Paulo: Phorte, 2008.
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CASTRO, A. V. de. O elogio da bobagem: palhaços no SBORQUIA, S. P. Construção coreográfica: o pro-
Brasil e no mundo. Rio de Janeiro: Família Bastos, 2005. cesso criativo e o saber estético. In: PAOLIELLO, E.
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NASTIQUE. Manual Group Perfomances. Moutier: no Brasil do final do século XIX a meados do XX.
F.I.G., 1997. 1996. 184 f. Dissertação (Mestrado em História) –
FIORIN-FUGLSANG, C. M.; PAOLIELLO, E. Pos- Departamento de História do Instituto de Filosofia
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248
referências

Referências On-Line

1
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9monstration_de_grand_groupe.jpg>. Acesso em: 10 de jul. de 2016.
2
Em: <http://www.fig-gymnastics.com/publicdir/rules/files/gfa/2009%20
GFA%20manual-e.pdf>. Acesso em: 10 de jul. de 2016.

gabarito

1. C.

2. B.

3. D, C, B, A.

4. E.

5. B, C, D, A.

249
conclusão geral

conclusão geral

Esperamos que este livro tenha contribuído para como proposta. Além disso, que consigam ter con-
uma boa compreensão do universo da Ginástica, trole corporal, coordenação e executem os diferentes
que você possa olhar para essa área de conhecimento movimentos existentes na Ginástica que os ajudarão
com outros olhos, entendendo que a Ginástica não no seu desenvolvimento não só motor, físico ou cor-
está apenas na academia, mas está também no trei- poral, mas que contribuirão com sua formação como
namento, na preparação física de atletas, nos parques sujeitos, nas relações sociais, no respeito ao outro e
ao ar livre, nas aulas de yoga, tai-chi, nas ginásticas na possibilidade de buscar uma formação cada vez
demonstrativas sem caráter competitivo, entre mui- melhor.
tas outras possibilidades que talvez não reconhecerí- Por isso, proporcione aos seus alunos a vivência
amos até estudarmos essa obra. não só da Ginástica, mas de todos os conteúdos da
No entanto, o local mais importante em que a cultura corporal de movimento, as lutas, as danças,
Ginástica deve estar é nas escolas e onde tivermos os esportes, a ginástica e os brinquedos e brincadei-
a oportunidade de compartilhar esses conhecimen- ras, de forma que eles não aprendam apenas a técni-
tos. Por meio da vivência dos nossos alunos das dife- ca desses elementos, mas aprendam que eles podem
rentes práticas ginásticas existentes, é muito impor- ajudá-los em sua formação. Isso é o mais importan-
tante eles saiam das aulas, ao fim de sua formação, te no seu papel como professor(a) e é um direito do
sabendo diferenciar uma modalidade da outra. Que aluno.
ao verem uma apresentação na televisão saibam di- Um até logo e sucesso em nossa linda profissão,
zer aos seus familiares o que é a Ginástica Rítmica, o que não educa apenas o físico, mas sim o sujeito em
que é a Artística e o que a Ginástica para Todos tem todas as suas instâncias.

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