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ESPORTES DE LUTAS

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Meu nome é Fábio Ricardo Mizuno Lemos. Graduei-me em Licenciatura


Plena em Educação Física pela Universidade Federal de São Carlos
(CEF/UFSCar). Fiz mestrado e doutorado em Educação, também, na
Universidade Federal de São Carlos (PPGE/UFSCar). Sou professor da
Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (SEE/SP), do Centro
Universitário Claretiano de Batatais e do curso de Especialização (lato
sensu) em Educação Física Escolar, do Departamento de Educação
Física e Motricidade Humana (DEFMH/UFSCar). Sou sócio-fundador,
pesquisador e atual vice-presidente da Sociedade de Pesquisa
Qualitativa em Motricidade Humana (SPQMH), além de membro do
Núcleo de Estudos de Fenomenologia em Educação Física (NEFEF/
UFSCar), pesquisador das linhas de pesquisas Práticas Sociais e Processos Educativos e Processos
de Ensino e de Aprendizagem.
E-mail: fabiomizuno@claretiano.edu.br
Fábio Ricardo Mizuno Lemos

ESPORTES DE LUTAS

Batatais
Claretiano
2015
© Ação Educacional Claretiana, 2015 – Batatais (SP)
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma
e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o
arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação
Educacional Claretiana.

CORPO TÉCNICO EDITORIAL DO MATERIAL DIDÁTICO MEDIACIONAL


Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves
Preparação: Aline de Fátima Guedes • Camila Maria Nardi Matos • Carolina de Andrade Baviera • Cátia
Aparecida Ribeiro • Dandara Louise Vieira Matavelli • Elaine Aparecida de Lima Moraes • Josiane Marchiori
Martins • Lidiane Maria Magalini • Luciana A. Mani Adami • Luciana dos Santos Sançana de Melo • Patrícia
Alves Veronez Montera • Raquel Baptista Meneses Frata • Simone Rodrigues de Oliveira
Revisão: Cecília Beatriz Alves Teixeira • Eduardo Henrique Marinheiro • Felipe Aleixo • Filipi Andrade de Deus
Silveira • Juliana Biggi • Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz • Rafael Antonio Morotti • Rodrigo Ferreira Daverni
• Sônia Galindo Melo • Talita Cristina Bartolomeu • Vanessa Vergani Machado
Projeto gráfico, diagramação e capa: Bruno do Carmo Bulgarelli • Joice Cristina Micai • Lúcia Maria de Sousa
Ferrão • Luis Antônio Guimarães Toloi • Raphael Fantacini de Oliveira • Tamires Botta Murakami
Videoaula: Fernanda Ferreira Alves • Marilene Baviera • Renan de Omote Cardoso
Bibliotecária: Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

796.8 L577e

Lemos, Fábio Ricardo Mizuno


Esportes de lutas / Fábio Ricardo Mizuno Lemos – Batatais, SP : Claretiano, 2015.
162 p.

ISBN: 978-85-8377-445-7

1. Lutas. 2. Artes Marciais. 3. Esportes. 4. Esportivização. 5. Ludicidade.


I. Esportes de lutas.

CDD 796.8

INFORMAÇÕES GERAIS
Cursos: Graduação
Título: Esportes de Lutas
Versão: dez./2015
Formato: 15x21 cm
Páginas: 162 páginas

CDD 658.151
SUMÁRIO

CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 9
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS............................................................................. 14
3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE................................................................ 17
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 18
5. E-REFERÊNCIA................................................................................................... 19

Unidade 1 – INTRODUÇÃO AOS ESPORTES DE LUTAS


1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 23
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA.............................................................. 23
2.1. LUTAS, ARTES MARCIAIS E ESPORTES DE LUTAS................................... 23
2.2. ESPORTES DE LUTAS: CARACTERÍSTICAS GERAIS E MÍDIA................... 36
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR................................................................. 42
3.1. LUTAS, ARTES MARCIAIS E ESPORTES DE LUTAS................................... 42
3.2. ESPORTES DE LUTAS: CARACTERÍSTICAS GERAIS E MÍDIA................... 43
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 45
5. CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 46
6. E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 46
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 47

Unidade 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS


1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 51
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA.............................................................. 51
2.1. ESPORTES DE LUTAS OLÍMPICOS............................................................ 51
2.2. ESPORTES DE LUTAS NÃO OLÍMPICOS................................................... 77
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR................................................................. 89
3.1. ESPORTES DE LUTAS OLÍMPICOS............................................................ 89
3.2. ESPORTES DE LUTAS NÃO OLÍMPICOS................................................... 91
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 92
5. CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 93
6. E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 94
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 96
Unidade 3 – ENSINANDO LUTAS
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 99
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA.............................................................. 99
2.1. ENSINO DE LUTAS: OS JOGOS DE LUTAS................................................ 99
2.2. FUNDAMENTOS DE ARTES MARCIAIS.................................................... 109
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR................................................................. 152
3.1. ENSINO DE LUTAS..................................................................................... 152
3.2. FUNDAMENTOS DE ARTES MARCIAIS.................................................... 155
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 155
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 158
6. E-REFERÊNCIA................................................................................................... 162
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 162
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

Conteúdo
Aspectos históricos e conceituais relacionados com os Esportes de Lutas: Ar-
tes Marciais, Lutas e Esportes de Lutas; Características gerais dos Esportes
de Lutas: Contusão, Imobilização, Exclusão de Determinado Espaço e Dese-
quilíbrio; Esportes de Lutas Olímpicos e outros Esportes de Lutas: Aspectos
Históricos e Fundamentais; Esportes de Lutas e Mídias; Construção didática
para o Ensino de Lutas em diferentes contextos.

Bibliografia Básica
REID, H.; CROUCHER, M. O caminho do guerreiro: o paradoxo das artes marciais.
Tradução de Marcelo Brandão Cipolla. 10. ed. São Paulo: Cultrix, 2008.
FRANCHINI, E.; DEL VECCHIO, F. B. Preparação física para atletas de judô. São Paulo:
Phorte, 2008.
REIS, A. L. T. Educação Física e Capoeira: saúde e bem-estar social. Brasília: Thesaurus,
2006.

Bibliografia Complementar
REILA, G. Carlos Gracie – O criador de uma dinastia. Rio de Janeiro: Record, 2008.
SEVERINO, R. E. Espírito das artes marciais. São Paulo: Ícone, 1988.
BAPTISTA, C. F. S. Judô: da escola à competição. 3. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2003.
GRACIE, H. Gracie Jiu-jitsu. Tradução de Silvia Graaff-Gracie. São Paulo: Saraiva, 2007.
BULL, W. J. Manual técnico de aikidô: adotado pelo Instituto Takemussu Brasil Aikikai.
4. ed. ampl. São Paulo: Ícone, 2008.

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

É importante saber
Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes:
Conteúdo Básico de Referência (CBR): é o referencial teórico e prático que deverá
ser assimilado para aquisição das competências, habilidades e atitudes necessárias
à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os principais conceitos,
os princípios, os postulados, as teses, as regras, os procedimentos e o fundamento
ontológico (o que é?) e etiológico (qual sua origem?) referentes a um campo de
saber.
Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente sele-
cionados nas Bibliotecas Virtuais Universitárias conveniadas ou disponibilizados em
sites acadêmicos confiáveis. São chamados "Conteúdos Digitais Integradores" por-
que são imprescindíveis para o aprofundamento do Conteúdo Básico de Referên-
cia. Juntos, não apenas privilegiam a convergência de mídias (vídeos complementa-
res) e a leitura de "navegação" (hipertexto), como também garantem a abrangência,
a densidade e a profundidade dos temas estudados. Portanto, são conteúdos de
estudo obrigatórios, para efeito de avaliação.

8 © ESPORTES DE LUTAS
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

1. INTRODUÇÃO
Para iniciar a exposição de Esportes de Lutas, é importan-
te pontuar algumas reflexões que o auxiliarão a compreender
como este conteúdo será desenvolvido.
A formação em Educação Física é amplamente marcada
pela oposição entre a aproximação científico-médica e esporti-
va, fundamentada principalmente nas ciências "duras" e aplica-
das, e a aproximação mais ecumênica (integrando a contribuição
diversificada das Ciências Sociais e Humanas e das Ciências da
Educação), educativa e pedagógica (BORGES, 2005).
Essa oposição não está limitada a um debate de ideias, mas
se insere na própria estruturação do campo da Educação Física,
marcado por diferentes ideologias sobre a sua natureza, suas fi-
nalidades, seus conteúdos, suas bases de conhecimentos e os
papéis e as missões que os seus profissionais devem buscar e
assumir. Expressa-se, também, na divisão entre Bacharelado e
Licenciatura (BORGES, 2005).
Nesta divisão, a Licenciatura é responsável pela formação
de professores que atuarão nas diferentes etapas e modalidades
da Educação Básica, ou seja, para atuação específica e especia-
lizada com a componente curricular Educação Física (STEINHIL-
BER, 2006).
Já o Bacharelado é responsável pela qualificação de profis-
sionais (impedidos de atuar na Educação Básica) aptos a analisar
criticamente a realidade social, para nela intervir por meio das
diferentes manifestações da atividade física e esportiva, tendo
por finalidade aumentar as possibilidades de adoção de um esti-
lo de vida fisicamente ativo e saudável (STEINHILBER, 2006).

© ESPORTES DE LUTAS 9
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

Para além do âmbito de atuação do licenciado e do bacha-


rel (contexto escolar e contexto não escolar), a intenção desta
breve apresentação sobre a formação em Educação Física é a de
desconstruir a ideia de que a prática profissional na área deve
estar associada exclusivamente à execução e à demonstração de
habilidades técnicas e capacidades físicas, o que remete à histó-
ria deste campo de conhecimento, atrelado à militarização e à
esportivização.
A superação, então, deve ser obtida por meio da compre-
ensão da prática profissional como um processo de investigação
e uma atividade criativa enquanto elaboração e intervenção so-
bre a realidade (RAMOS, 2002).
É importante salientar que a crítica não está relacionada
diretamente à certificação do profissional na aquisição de habi-
lidades relacionadas ao "saber fazer", mas à falta de equilíbrio
entre a competência técnica, a obrigação moral, o compromisso
com a comunidade e o conhecimento disciplinar (BENITES; SOU-
ZA NETO; HUNGER, 2008).
Para ilustrar os possíveis malefícios de uma visão reducio-
nista sobre a Educação Física, apresentamos, na sequência, a ti-
rinha em quadrinhos de número 1594 da personagem Mafalda
(Figura 1).

Fonte: Quino (2003).


Figura 1 Mafalda e Felipe jogando xadrez e Guille, irmão de Mafalda, observando.

10 © ESPORTES DE LUTAS
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

Na Figura 1, fica expressa a lógica de competir para vencer,


fomentando vivências de sucesso para a minoria e o fracasso ou
a vivência de insucesso para a maioria. É o ideal da produtivida-
de que está presente nas diversas áreas de atuação dos profes-
sores/profissionais de Educação Física: há sempre um vencedor,
e o derrotado terá que se esforçar mais para ganhar da próxima
vez, o que auxilia a perpetuar a desigualdade e a hierarquização
de pessoas, gerando o sentimento de que o único objetivo das
atividades é o seu retorno quantitativo-classificatório.
Já a tirinha em quadrinhos de número 208 de Mafalda (Fi-
gura 2) ilustra o sentimento, imposto desde cedo, de que não há
outra forma de realizar um jogo, senão buscando a vitória, ou
seja, ganhando do outro e atribuindo-lhe o papel de derrotado.

Fonte: Quino (2003).


Figura 2 Susanita e Felipe jogando xadrez.

Na tirinha de número 558 de Mafalda (Figura 3), fica evi-


dente que a reação de um dos personagens, assim como a apro-
vação (aplausos) dos colegas, sinaliza a ocorrência do sentimen-
to de incapacidade diante do não cumprimento do esperado.
Tal situação perpetuada pode favorecer, inclusive, o ímpeto de
querer ganhar a qualquer custo ("passar a perna"; "se dar bem").

© ESPORTES DE LUTAS 11
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

Fonte: Quino (2003).


Figura 3 Susanita, Mafalda, Manolito, Miguelito e Felipe jogando boliche.

Certamente, nos casos ilustrados das personagens de


Toda Mafalda (Quino, 2003), a preocupação não foi ampliada
ao compromisso com as pessoas, as suas satisfações e os seus
desenvolvimentos.
Mas, será que essa preocupação voltada às questões edu-
cativas e pedagógicas, enfim, humanas, deve fazer parte das atri-
buições da formação do bacharel?
Visando subsidiar a sua compreensão, vamos expor alguns
itens da Resolução CNE/CES 7/2004, que institui as Diretrizes
Curriculares Nacionais para os cursos de Educação Física, em ní-
vel superior de Graduação (Bacharelado) (BRASIL, 2004):
Art. 4º O curso de graduação em Educação Física deverá asse-
gurar uma formação generalista, humanista e crítica, qualifica-
dora da intervenção acadêmico-profissional, fundamentada no
rigor científico, na reflexão filosófica e na conduta ética.
§ 1º O graduado em Educação Física deverá estar qualificado
para analisar criticamente a realidade social, para nela intervir
acadêmica e profissionalmente por meio das diferentes mani-
festações e expressões do movimento humano, visando a for-
mação, a ampliação e o enriquecimento cultural das pessoas,
para aumentar as possibilidades de adoção de um estilo de vida
fisicamente ativo e saudável [...] (BRASIL, 2004, p. 1).

12 © ESPORTES DE LUTAS
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

[...]
Art. 6º As competências de natureza político-social, ético-mo-
ral, técnico-profissional e científica deverão constituir a concep-
ção nuclear do projeto pedagógico de formação do graduado
em Educação Física.
§ 1º A formação do graduado em Educação Física deverá ser
concebida, planejada, operacionalizada e avaliada visando a
aquisição e desenvolvimento das seguintes competências e
habilidades:
- Dominar os conhecimentos conceituais, procedimentais e ati-
tudinais específicos da Educação Física e aqueles advindos das
ciências afins, orientados por valores sociais, morais, éticos e
estéticos próprios de uma sociedade plural e democrática.
- Pesquisar, conhecer, compreender, analisar, avaliar a realida-
de social para nela intervir acadêmica e profissionalmente, por
meio das manifestações e expressões do movimento humano,
tematizadas, com foco nas diferentes formas e modalidades do
exercício físico, da ginástica, do jogo, do esporte, da luta/arte
marcial, da dança, visando a formação, a ampliação e enrique-
cimento cultural da sociedade para aumentar as possibilidades
de adoção de um estilo de vida fisicamente ativo e saudável [...]
(BRASIL, 2004, p. 2).

Dos artigos e parágrafos destacados das Diretrizes (BRASIL,


2004), apontamos algumas "palavras-chave" muito importantes:
"formação generalista, humanista e crítica"; "conduta ética";
"análise crítica da realidade social"; "ampliação e enriquecimen-
to cultural"; "valores sociais, morais, éticos e estéticos".
Tais expressões dão subsídio à seguinte afirmação: sim, a
formação do bacharel deve se preocupar com questões educati-
vas, pedagógicas e humanas do movimento!

© ESPORTES DE LUTAS 13
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

Assim, Esportes de Lutas insere-se neste contexto, sendo


indispensável que as atenções se voltem às possibilidades edu-
cativas das lutas.
A propósito, a própria atenção às possibilidades pedagógi-
cas das lutas constitui-se em embate, em luta (luta para ir além
da exclusiva repetição de movimentos).
Boas reflexões!

2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS
O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida e
precisa das definições conceituais, possibilitando um bom domí-
nio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conheci-
mento dos temas tratados.
1) Arte marcial: está associada "[...] a um conjunto de
práticas corporais que são configuradas a partir de uma
noção aqui denominada de "metáfora da guerra", uma
vez que essas práticas derivam de técnicas de guerra
como denota o nome, isto é, marcial (de Marte, deus
romano da guerra; Ares para os gregos) [...] Assim, a
partir de sistemas ou técnicas diversas de combate si-
tuadas em diferentes contextos sociais, essas elabora-
ções culturais passam por um autêntico processo de
ressignificação, em que a dimensão ética e estética
ganha uma expressiva proeminência. Desta forma po-
demos identificar que a expressão "arte" nos sinaliza
para uma demanda expressiva, inventiva, imaginária,
lúdica e criativa, como elementos a serem inclusos no
processo de construção de certas manifestações an-
tropológicas ligadas ao universo das Artes Marciais. Já

14 © ESPORTES DE LUTAS
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

o termo marcial, relacionado ao campo mitológico, faz


alusões à dimensão conflituosa das relações humanas.
Assim, temos a inclusão contínua de elementos que
ultrapassam as demandas pragmáticas e utilitaristas
das formas militares e bélicas de combates" (CORREIA;
FRANCHINI, 2010, p. 1-2).
2) Esporte: de acordo com Houaiss (2009, n. p.), espor-
te é a "[...] prática metódica, individual ou coletiva,
de jogo ou qualquer atividade que demande exercício
físico e destreza, com fins de recreação, manutenção
do condicionamento corporal e da saúde e/ou compe-
tição; desporte, desporto". O esporte é realizado de
acordo com regras conhecidas, que “determinam a
configuração inicial dos jogadores e dos seus padrões
dinâmicos” adotados no desenrolar da prática (ELIAS;
DUNNING, 1992, p. 230).
3) Esportes de lutas: são conhecidos também como es-
portes de combate e modalidades esportivas de com-
bate. “[...] Implicam uma configuração das práticas de
lutas, das artes marciais e dos sistemas de combate
sistematizados em manifestações culturais modernas,
orientadas a partir das decodificações propostas pe-
las instituições esportivas. Aspectos e conceitos como
competição, mensuração, aplicação de conceitos
científicos, comparação de resultados, regras e nor-
mas codificadas e institucionalizadas, maximização do
rendimento corporal e espetacularização da expres-
são corporal são alguns exemplos dessa transposição
moderna de práticas seculares de "combate"" (COR-
REIA; FRANCHINI, 2010, p. 2). Embora as modalidades
esportivas de combate mantenham interface com as

© ESPORTES DE LUTAS 15
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

lutas e com as artes marciais, é possível considerar


que: "[...] são formas "esportivizadas" das anteriores,
possuindo características comuns às demais modalida-
des esportivas [...]: 1) quantificação; 2) superação; 3)
burocratização e institucionalização, via federações e
organizações; 4) secularização; 5) especialização; 6) ra-
cionalização" (FRANCHINI; VECCHIO, 2011, p. 67).
4) Esportivização: conforme Betti (2009, p. 218), a espor-
tivização pode ser entendida como: "projeto que se re-
vigorou a partir do discurso das mídias sobre o desem-
penho do Brasil nos Jogos Olímpicos de Sidney/2000,
considerado insatisfatório; tal qual na década de 1970,
a Educação Física continua vista como base para a
formação de atletas, colocada em posição subalterna
ao esporte espetáculo. Na verdade, tal projeto nunca
deixou de estar presente entre os professores de Edu-
cação Física, apenas havia perdido um pouco de força
diante dos discursos pedagógicos renovadores".
5) Ludicidade: refere-se ao lúdico, que é: "a alegria, a
espontaneidade, a referência não aos parâmetros da
racionalidade, mas a uma lógica diferente: a lógica do
ser feliz agora, do construir o futuro (e não do prepa-
rar-se para o dia em que ele despencará sobre nossas
cabeças), do revolver o velho e construir o novo, da
nova utopia, "ordem amorosa"" (MARCELLINO, 1995,
p. 10). Para Houaiss (2009, n. p.), lúdico: "[...] visa mais
ao divertimento que a qualquer outro objetivo; [...] se
faz por gosto, sem outro objetivo que o próprio prazer
de fazê-lo".
6) Luta: pode ser entendida como “combate de caráter
esportivo, em que dois adversários desarmados se en-

16 © ESPORTES DE LUTAS
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

frentam em corpo a corpo; qualquer combate corpo a


corpo; batalha, guerra; oposição firme ou violenta; es-
forço para superar, para vencer obstáculos ou dificul-
dades” (HOUAISS, 2009, n. p.). O caráter polissêmico
(multiplicidade de sentidos) do termo "luta" pode ser
associado às “lutas de classe, dos trabalhadores, pelos
direitos da mulher, pela vida e outros mais”; aos “em-
bates físicos/corporais por intenções de subjugações
entre os sujeitos a partir de conflitos interpessoais”
(CORREIA; FRANCHINI, 2010, p. 1).

3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE


O Esquema a seguir possibilita uma visão geral dos concei-
tos mais importantes deste estudo.
Ao segui-lo, você poderá transitar entre um e outro con-
ceito de Esportes de Lutas e descobrir o caminho para construir
o seu conhecimento. Por exemplo, os conceitos “Luta”, “Arte
Marcial” e “Esporte” podem estar associados a diferentes pers-
pectivas de desenvolvimento. Para cada perspectiva adotada,
certamente a abordagem de ensino terá suas particularidades
e enfatizará um aspecto específico. Neste caso, há duas vias de
interpretação:
• “Luta”, “Arte Marcial” e “Esporte” associados à
"Esportivização";
• “Luta”, “Arte Marcial” e “Esporte” associados à
"Ludicidade".
Caberá a você refletir sobre as possibilidades e impossibi-
lidades de cada abordagem (“esportivizada” e/ou “lúdica”), no

© ESPORTES DE LUTAS 17
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

que se refere ao desenvolvimento do conteúdo de Esportes de


Lutas!

Figura 1 Esquema de Conceitos-chave de Esportes de Lutas.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BENITES, L. C.; SOUZA NETO, S.; HUNGER, D. O processo de constituição histórica
das diretrizes curriculares na formação de professores de Educação Física. Revista
Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 34, n. 2, p. 343-360, maio/ago. 2008.
BETTI, M. Educação Física e sociedade: a Educação Física na escola brasileira de 1º e 2º
graus. 2. ed. São Paulo: Hucitec, 2009.
BORGES, C. M. F. A formação dos docentes de Educação Física e seus saberes
profissionais. In: BORGES, C. M. F.; DESBIENS, J. F. (Orgs.). Saber, formar e intervir para
uma Educação Física em mudança. Campinas: Autores Associados, 2005. p. 157-190.
CORREIA, W. R.; FRANCHINI, E. Produção acadêmica em lutas, artes marciais e esportes
de combate. Revista Motriz, Rio Claro, v. 16, n. 1, p. 1-9, jan./mar. 2010.
ELIAS, N.; DUNNING, E. A busca da excitação. Lisboa: Difel, 1992.

18 © ESPORTES DE LUTAS
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

FRANCHINI, E.; VECCHIO, F. B. D. Estudos em modalidades esportivas de combate:


estado da arte. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 25, p.
67-81, dez. 2011.
HOUAISS, A. (Ed.). Dicionário eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa 3.0. Rio de
Janeiro: Editora Objetiva, 2009.
MARCELLINO, N. C. Lazer e Educação. 3. ed. Campinas: Papirus, 1995.
QUINO, J. L. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
RAMOS, G. N. S. Preparação profissional em Educação Física: a questão dos estágios.
2002. Tese (Doutorado em Educação Física) – Faculdade de Educação Física.
Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2002.
STEINHILBER, J. Licenciatura e/ou Bacharelado: opções de graduação para intervenção
profissional. Revista Educação Física, Rio de Janeiro. ano 6, n. 19, p. 19-20, mar. 2006.

5. E-REFERÊNCIA
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação
Superior. Resolução CNE/CES nº 7, de 31 de março de 2004. Institui as Diretrizes
Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Educação Física, em nível
superior de graduação plena. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,
Brasília, DF, 5 abr. 2004. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/
ces0704edfisica.pdf>. Acesso em: 16 set. 2015.

© ESPORTES DE LUTAS 19
© ESPORTES DE LUTAS
UNIDADE 1
INTRODUÇÃO AOS ESPORTES DE LUTAS

Objetivos
• Conhecer e identificar aspectos conceituais relacionados aos esportes de
lutas.
• Compreender e discutir possibilidades de desenvolvimento dos esportes
de lutas, partindo de suas características gerais.
• Propiciar reflexões acerca das relações entre os esportes de lutas e as
mídias.

Conteúdos
• Aspectos históricos e conceituais relacionados com os esportes de lutas.
• Características gerais dos esportes de lutas.
• Esportes de lutas e mídias.

Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:

1) Não se limite a este conteúdo; busque outras informações em sites con-


fiáveis e/ou nas referências bibliográficas, apresentadas ao final de cada
unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamento pessoal é
um fator determinante para o seu crescimento intelectual.

2) Para favorecer as suas reflexões sobre os assuntos abordados nesta unida-


de, é muito importante que você seja receptivo aos posicionamentos que,
em primeira análise, aparentam ser divergentes das suas convicções. Caso
contrário, você tenderá a negar conteúdos, antes mesmo de refletir sobre

21
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS ESPORTES DE LUTAS

estes. Lembre-se sempre de verificar os argumentos aplicados a todas as


afirmações.

3) Estude os conteúdos fazendo anotações das suas dúvidas e ideias, a fim de


facilitar a sua aprendizagem. Tente esclarecer essas dúvidas para que não
prejudiquem a sua compreensão das demais unidades.

22 © ESPORTES DE LUTAS
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS ESPORTES DE LUTAS

1. INTRODUÇÃO
Nesta primeira unidade, apresentamos as diferenças con-
ceituais entre os termos: lutas, artes marciais e esportes de lu-
tas. Para além de simples diferenciação teórica, é importante re-
alizar reflexões sobre as possibilidades de interpretação desses
conceitos, pois auxiliam a visualizar outras formas de abordagem
e desenvolvimento dos esportes de lutas.
Por meio do estudo desta unidade, você poderá conhecer
as características gerais dos esportes de lutas e fazer a reflexão
crítica sobre a associação entre estes e os meios de comunicação.
Esperamos que ao final da unidade você tenha conseguido
assimilar todo o conteúdo.
Bom estudo e ótimas reflexões!

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA


O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su-
cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão
integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteú-
do Digital Integrador.

2.1. LUTAS, ARTES MARCIAIS E ESPORTES DE LUTAS

Conforme pontuam Breda et al. (2010), precisar o surgi-


mento das lutas é uma tarefa impossível, pois não se trata de
uma proposição isolada de um ser humano ou grupo, mas de
uma construção sociocultural modificada e significada ao longo
do tempo.

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UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS ESPORTES DE LUTAS

É possível afirmar que as primeiras formas de lutas sur-


giram da necessidade de defesa pessoal e/ou de territórios e,
com o passar dos anos, foram sendo associadas a manifestações
sociais, tais como: utilização em rituais (principalmente entre os
indígenas); na preparação de exércitos para guerras (no Oriente
e na Grécia Antiga); como um jogo e um exercício físico (na Euro-
pa) (BREDA et al., 2010).
Como exemplo de luta realizada pelos povos indígenas,
apresentamos a Ikindene (Figura 1), na qual o objetivo é derru-
bar o oponente ou tocar a perna do adversário com as mãos.
Nesta luta, o vencedor é aquele que consegue tocar o concor-
rente ou provocar a sua queda (HERRERO; FERNANDES; FRANCO
NETO, 2006).

Fonte: Herrero, Fernandes e Franco Neto (2006, p. 172).


Figura 1 Realização da Ikindene pelo povo Kalapalo.

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UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS ESPORTES DE LUTAS

De acordo com Herrero, Fernandes e Franco Neto (2006,


p. 171), a Ikindene"[...] acontece à maneira de campeonato,
durante a cerimônia Kwarìp com participação exclusivamente
de homens, e durante o Jamugikumalu, quando só participam
mulheres".
O termo luta ainda pode conter em si uma série de sig-
nificados, tais como luta pela vida, por objetivos pessoais, pela
terra, com um oponente em alguma prática esportiva, pela legi-
timação de um campo de conhecimento, entre outros (RUFINO,
2012).
De acordo com Rufino (2012, p. 32): “a partir de três mil
anos antes de Cristo, os indícios de povos que lutavam são mais
nítidos e numerosos, o que possibilita afirmar que todos os po-
vos da Antiguidade já praticavam alguma forma de luta”.
À utilização de técnicas de
guerra derivadas das lutas em seu
contexto de guerra, denomina-se
arte marcial (de “Marte”, deus ro-
mano da guerra; de “arte”, pelo des-
taque à dimensão ética e estética e
sua demanda expressiva, inventiva,
imaginária, lúdica e criativa) (COR-
REIA; FRANCHINI, 2010).
Com relação à arte da guerra,
é preciso fazer referência ao mais
antigo tratado de guerra, intitulado
A arte da guerra (TZU, 2012), que
remonta à turbulenta época dos Es-
tados Guerreiros na China, no sécu-
lo 1º a.C.
Observe a Figura 2. Figura 2 Ilustração de Sun Tzu.

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UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS ESPORTES DE LUTAS

Tal tratado é considerado importante, pois tem como


princípio:
[...] é melhor ganhar a guerra antes mesmo de desembainhar
a espada [...] Muitas vezes, a vitória arduamente conquistada
guarda um sabor amargo de derrota, mesmo para os próprios
vencedores (TZU, 2012, p. 9).

Para alcançar a glória e o sucesso, não se pode perder de


vista os seguintes fatores: a doutrina, o tempo, o espaço, o co-
mando, a disciplina (TZU, 2012).
Sobre cada um dos fatores, Sun Tzu afirma o que virá logo
a seguir.

Doutrina
“A doutrina engendra a unidade de pensamento; inspira-
-nos uma mesma maneira de viver e de morrer, tornando-nos
intrépidos e inquebrantáveis diante dos infortúnios e da morte”
(TZU, 2012, p. 22).

Tempo
Se conhecermos bem o tempo, não ignoremos os dois grandes
princípios yin e yang, mediante os quais todas as coisas naturais
se formam e dos quais todos os elementos recebem seus mais
diversos influxos. Apreciaremos o tempo da interação desses
princípios, para a produção do frio, do calor, da bonança ou da
intempérie (TZU, 2012, p. 22).

Espaço
O espaço [...] não é menos digno de nossa atenção. Se o estu-
darmos bem, teremos a noção do alto e do baixo; do longe e do
perto; do largo e do estreito; do que permanece e do que não
cessa de fluir (TZU, 2012, p. 22).

26 © ESPORTES DE LUTAS
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS ESPORTES DE LUTAS

Comando
Entendo por comando a equidade, o amor pelos subordinados
e pela humanidade em geral. O conhecimento de todos os re-
cursos, a coragem, a determinação e o rigor são qualidades que
devem caracterizar aquele que investe a dignidade de general.
São virtudes necessárias que devemos adquirir a qualquer pre-
ço. Somente elas podem tornar-nos aptos a marchar dignamen-
te à frente dos outros (TZU, 2012, p. 22).

Disciplina
Possuir a arte de ordenar as tropas; não ignorar nenhuma das
leis da hierarquia e fazer com que sejam cumpridas com rigor;
estar ciente dos deveres particulares de cada subalterno; co-
nhecer os diferentes caminhos que levam a um mesmo lugar;
não desdenhar o conhecimento exato e detalhado de todos os
fatores que podem intervir; e informar-se de cada um deles em
particular (TZU, 2012, p. 23).

A soma de todos esses fatores constitui uma doutrina, "[...]


cujo conhecimento prático não deve escapar à sagacidade nem à
atenção de um general" (TZU, 2012, p. 23). Há, então, ao contrá-
rio do que se poderia imaginar, clara referência à sabedoria para
o desenvolvimento de ações.
Ainda em relação à China, Breda et al. (2010) consideram
que Bodhidharma (Figura 3), príncipe indiano, foi fundamental
para disseminar, no século 6º, técnicas de defesa pessoal sem
o uso de armas aos monges do Templo de Shaolin. As técnicas
de Bodhidharma foram agregadas aos hábitos de meditação e
estudos dos monges.
De acordo com os referidos autores:
[...] Em virtude disso, os monges do Templo Shaolin se tornaram
exímios combatentes, tornando-se experts nas artes marciais.
Os monges transitavam por diversos mosteiros, espalhados

© ESPORTES DE LUTAS 27
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS ESPORTES DE LUTAS

por várias regiões da China e foram disseminando as técnicas


aprendidas em suas paradas. Em cada região, novas técnicas
foram surgindo e ganhando novos adeptos que se restringiam
a poucos iniciados à prática budista, e, assim, as técnicas Sha-
olin foram mantidas em segredo por muitos anos. A posição
sentada de meditação foi trocada por posições combativas, e
passavam-se horas em treinamento, que consistia na quebra de
diversos objetos, como tijolos, madeiras, e na prática de sal-
tos e movimentos observados em combates entre animais [...]
(BREDA et al., 2010, p. 30).

Figura 3 Ilustração de Bodhidharma.

A nomenclatura “esportes de lutas” pode ser vista, inicial-


mente, a partir da associação de seus termos constituintes, ou
seja, esporte e luta. Seria, então, a agregação das lutas ao fe-
nômeno esportivo, significando: "[...] prática metódica [...] que

28 © ESPORTES DE LUTAS
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS ESPORTES DE LUTAS

demande exercício físico e destreza, com fins de recreação, ma-


nutenção do condicionamento corporal e da saúde e/ou compe-
tição; desporte, desporto" (HOUAISS, 2009, n. p.), realizada de
acordo com regras conhecidas que determinam a configuração
inicial dos jogadores e dos seus padrões dinâmicos adotados no
desenrolar da prática (ELIAS; DUNNING, 1992).
Outras expressões, tais como “esportes de combate” e
“modalidades esportivas de combate”, podem ser aproximadas
à nomenclatura esportes de lutas.
Para Correia e Franchini (2010, p. 2), a denominação “mo-
dalidades esportivas de combate”:
implica uma configuração das práticas de lutas, das artes mar-
ciais e dos sistemas de combate sistematizados em manifesta-
ções culturais modernas, orientadas a partir das decodificações
propostas pelas instituições esportivas. Aspectos e conceitos
como competição, mensuração, aplicação de conceitos cientí-
ficos, comparação de resultados, regras e normas codificadas
e institucionalizadas, maximização do rendimento corporal e
espetacularização da expressão corporal são alguns exemplos
dessa transposição moderna de práticas seculares de "comba-
te” [...].

Embora as modalidades esportivas de combate man-


tenham interface com as lutas e as artes marciais, Franchini e
Vecchio (2011) afirmam que são formas esportivizadas destas,
possuindo características comuns às demais modalidades espor-
tivas: “1) quantificação; 2) superação; 3) burocratização e institu-
cionalização, via federações e organizações; 4) secularização; 5)
especialização; 6) racionalização" (FRANCHINI; VECCHIO, 2011,
p. 67).
Betti (2009, p. 218) classifica o fenômeno esportivização
como:

© ESPORTES DE LUTAS 29
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS ESPORTES DE LUTAS

Projeto que se revigorou a partir do discurso das mídias sobre


o desempenho do Brasil nos Jogos Olímpicos de Sidney/2000,
considerado insatisfatório; tal qual na década de 1970, a Edu-
cação Física continua vista como base para a formação de atle-
tas, colocada em posição subalterna ao esporte espetáculo. Na
verdade, tal projeto nunca deixou de estar presente entre os
professores de Educação Física, apenas havia perdido um pou-
co de força diante dos discursos pedagógicos renovadores [...].

Contudo, o desenvolvimento dos esportes de lutas tam-


bém pode levar em conta o aspecto lúdico (a ludicidade), afinal,
tal característica é inerente aos seres humanos.
Para Marcellino (1995, p. 10), o lúdico é:
A alegria, a espontaneidade, a referência não aos parâmetros
da racionalidade, mas a uma lógica diferente: a lógica do ser
feliz agora, do construir o futuro (e não do preparar-se para o
dia em que ele despencará sobre nossas cabeças), do revolver o
velho e construir o novo, da nova utopia, ‘ordem amorosa’ [...].

Assim, associando os esportes de lutas à ludicidade, o ob-


jetivo principal passa a ser o divertimento, a satisfação na reali-
zação das ações.
Enfatizando as características essenciais humanas em con-
texto de luta, é possível perceber que o potencial humano da
luta, ou seja, o ímpeto que as pessoas possuem em buscar uma
solução quando tudo está se perdendo, envolve sentimentos e
ações que vão além da intenção de sobressair diante do outro,
ou de vencê-lo.
Para ilustrar essa essência humana, expomos agora uma
situação extrema de luta – a luta pela vida, pela sobrevivência
–, advinda de um acidente aéreo com um avião da Força Aérea
do Uruguai, fretado por integrantes de um time de rúgbi amador

30 © ESPORTES DE LUTAS
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS ESPORTES DE LUTAS

do país, que tinha como destino o Chile, porém colidiu com uma
montanha nos Andes, em outubro de 1972.

Luta pela vida


No referido acidente aeronáutico, das 45 pessoas a bordo,
29 sobreviveram ao impacto, porém apenas 16 foram resgatadas
depois de 72 dias sob temperaturas de até trinta graus negativos,
sem roupas apropriadas, sem comida e abrigadas apenas pelo
que restou da fuselagem após a colisão (VIERCI, 2010).
A montanha apresentou-se, naquele momento da queda,
extremamente adversa, com várias emboscadas, colocando à
prova toda a capacidade dos sobreviventes de suportar a dor, a
frustração e as humilhações. Porém, naquela "situação-limite"
(na qual, inicialmente, aguardavam pelo resgate, mas logo, nos
primeiros dias, souberam, pelo rádio, que as buscas haviam sido
suspensas e todos os tripulantes dados como mortos), surgiu a
denominada "sociedade da neve", título dado pelos próprios so-
breviventes (VIERCI, 2010).
As adversidades fizeram com que atitudes e valores dife-
rentes dos da planície, onde viviam até então, emergissem. Se
para os habitantes da planície o "instinto de sobrevivência" era:
“[...] o egoísmo, o salve-se quem puder, eu me viro com o meu
grupo de mais chegados e o resto que se dane [...] na montanha
aconteceu exatamente o contrário do que ocorre na sociedade"
[...] (METHOL, 2010, p. 184).
Veja um trecho de um depoimento de um dos sobreviventes:
[...] Eu sentia medo: esses sujeitos não seriam capazes de matar
para sobreviver? Muito pouco tempo depois me dei conta do
quanto me enganava. O grupo não só não era agressivo como
era o mais afetuoso que conheci na vida. Como pude pensar

© ESPORTES DE LUTAS 31
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS ESPORTES DE LUTAS

tamanho absurdo? Tenho apenas uma resposta: trazia em mim


uma realidade que já não vigorava na montanha [...] (SABELLA,
2010, p. 115).

Na sociedade da neve, “o que se valorizava não era algo


material, mas coisas intangíveis, como o fato de serem todos
iguais, de pensarem no grupo, de serem fraternos, demonstra-
rem afeto ou abrigarem ilusões" [...] (CANESSA, 2010, p. 28).
Em mais um depoimento:
[...] Deixamos de lado todo o mundo material e nos aproxima-
mos da nossa essência, enriquecemos o espírito, e nossos dons
como seres pensantes funcionaram ao máximo. Um grupo de
moribundos semicongelados e famélicos, que ignoravam total-
mente onde estavam, abraçando-se para não morrer de frio,
sem contar com nenhum outro elemento além do afeto e da
inteligência [...] (STRAUCH, 2010, p. 348-349).

De acordo com Parrado (2010, p. 366-367), os sobreviven-


tes nunca foram pessoas melhores do que quando estavam nos
Andes, pois lá:
[...] não havia interferência externa, não havia dinheiro, não
havia intolerância, não havia hipocrisia das relações baseadas
na busca por vantagens ou em interesses, pois ninguém tinha
nada de material a oferecer, não havia discursos de duplo sen-
tido, não havia possibilidade de ascensão no trabalho, pois não
havia emprego, não havia nada. Éramos todos absolutamente
honestos, pois íamos morrer [...].

Strauch (2010, p. 99), ainda sobre os bens materiais, afirma:


[...] quando se vive a ausência total de bens materiais, abre-
-se espaço para outras sensações, novos sentidos, que é o que
procuro resgatar quando venho à montanha, pois sei que ao
retornar à civilização vou voltar a perder esse sentimento, ao
menos em parte [...].

32 © ESPORTES DE LUTAS
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS ESPORTES DE LUTAS

[...] Na montanha ninguém se vangloriava de nada, de ter cria-


do isso ou inventado aquilo, tudo era feito para o grupo, e não
havia outra recompensa que não fosse o bem-estar do conjun-
to. E quando não existe ego [...] é possível absorver mais dos
outros, do entorno, da natureza, eventualmente de uma força
superior [...].

Canessa (2010, p. 33) ressalta:


[...] na montanha vi gestos de generosidade e entrega que nun-
ca mais voltei a ver na vida. E esses gestos, em especial vindos
de pessoas gravemente feridas, que sabiam que iam morrer,
obrigam você a dar tudo de si, até a última gota de sangue [...].

“[...] Numa situação-limite surge um impulso que o leva,


sempre, a fazer um novo esforço que ultrapassa os seus limites"
[...] (ALGORTA, 2010, p. 203).
Strauch (2010, p. 102) em outro depoimento: “[...] Fomos
nos transformando em loucos que atuavam com base no amor e
na sensibilidade [...]”.
Fernández (2010, p. 82) dá mais um depoimento:
[...] Quando você está assim tão comprometido, tão engajado,
perde a capacidade de guardar segredos. Na civilização você
sempre oculta alguma coisa, alguma fragilidade que não quer
que seja conhecida, mesmo pela pessoa em que mais confia.
Na montanha eu não escondia nada, depositava todo o meu ser
no outro, e ele depositava tudo em mim, de modo que acabáva-
mos sendo um único organismo. Até mesmo fisicamente, o fato
de vivermos abraçados uns aos outros num espaço tão reduzi-
do para não congelarmos criava uma conexão diferente. Aquilo
era o grupo, uma pessoa só dividida em muitas outras [...].

Para Inciarte (2010, p. 65), a dedicação ao semelhante é


o principal ensinamento extraído da montanha: "[...] não existe
nada melhor e que proporcione mais tranquilidade de espírito
[...]".

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UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS ESPORTES DE LUTAS

Ainda em relação ao companheirismo, Zerbino (2010, p.


163) completa:
[...] nós não tínhamos ilusões isoladamente. Quando Arturo me
deu a mão ao morrer, é porque não queria ficar sozinho. Quan-
do deixávamos de nos tocar, começávamos a enlouquecer. Por
isso é que dormíamos abraçados, e não apenas por causa do
frio [...].

Sobre o ímpeto humano em essência, Strauch (2010, p. 98)


afirma:
[...] Quando se perde tudo, você acaba chegando ao coração
nu, onde o ser humano é capaz de entregar a si mesmo pelo ou-
tro. Quando a morte se aproxima [...], as camadas superficiais
se desfazem e pessoas comuns são capazes de realizar os gestos
mais extraordinários [...].

Ainda sobre as ilusões, sobre acreditar nas possibilidades,


apesar das adversidades, Methol (2010, p. 189) considera: “[...]
se convencer de que vai morrer, e se pensar assim vai morrer
mesmo. Se dizer vou morrer, você morre, pois vai morrer de den-
tro para fora. A outra opção é se sentir acompanhado e viver
[...]”.
Em relação às principais mudanças ocorridas com os so-
breviventes após o advento da montanha, garantem os autores:
[...] Ficou [...] o compromisso de não nos deixarmos contagiar
pelo orgulho e pela vaidade da sociedade convencional da qual
provínhamos. [...] Ficou a filosofia dos homens da montanha,
essa ética dos tropeiros, de ajudar aos outros mesmo que isso
implique arriscar a própria vida [...] (CANESSA, 2010, p. 39).
[...] Sinto que renasci nos Andes. [...] essa outra pessoa que
surgiu com o passar dos dias, que aprendeu o valor da vida,
que entendeu como atuar em conjunto, que aprendeu a pensar
além do próprio nariz [...] incorporou-se em mim para sempre
[...] (PÁEZ, 2010, p. 220).

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UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS ESPORTES DE LUTAS

[...] Às vezes me pergunto em que a cordilheira me fez mudar, e


sempre chego a uma conclusão elementar: aprendi a desfrutar
a vida, em especial as coisas mais simples, a família, os amigos.
Rir, me sentir grato, sem necessidade de viver num paraíso ou
com dinheiro no bolso [...] (HARLEY, 2010, p. 252).
[...] Muitas vezes me pergunto em que o desastre dos Andes
nos fez mudar. [...] ele nos transformou em lutadores, eliminou
para sempre qualquer atitude de resignação. Uns se deram
melhor na vida que outros, e é claro que não me refiro ao su-
cesso mundano que se conhece na sociedade. Mas todos têm
um denominador comum: são lutadores, não se dobram. Esta
é a fórmula que define os Andes, nunca houve resignação. [...]
Não se trata de uma reflexão teórica, mas de uma constatação.
Todos os sobreviventes são combativos, vão em frente mesmo
quando terão de perder [...] (VIZINTÍN, 2010, p. 303).
[...] Hoje, se estou andando na rua e vejo uma pessoa cair e
se ferir, a primeira coisa que me ocorre é me aproximar, sem
hesitar um instante, pois sei o que significa alguém segurar a
sua mão quando você está ferido ou moribundo [...] (HARLEY,
2010, p. 248).
[...] Para mim, o verdadeiro milagre é que, ao viver tanto tempo
se esquivando da morte, resvalando nela o tempo todo, apren-
demos da forma mais intensa o que significa estar vivo [...]
(PARRADO, 2010, p. 370).

A apresentação das palavras de integrantes da sociedade


da neve revela que aquela situação adversa foi responsável pelo
distanciamento da lógica da planície, extremamente competiti-
va, individualista, egoísta, e pelo afloramento da humanidade
inibida, do cuidado com o semelhante, da generosidade.
Se em situações extremas de luta pode haver a ênfase à
"satisfação" de todos, será que no desenvolvimento dos espor-
tes de lutas tal objetivo não pode ser buscado?

© ESPORTES DE LUTAS 35
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS ESPORTES DE LUTAS

Com as leituras propostas no Tópico 3. 1., você pode


acompanhar algumas reflexões sobre as artes marciais, in-
cluindo seus conceitos, suas origens e seus valores. Antes de
prosseguir para o próximo assunto, realize as leituras indica-
das, procurando assimilar o conteúdo estudado.

2.2. ESPORTES DE LUTAS: CARACTERÍSTICAS GERAIS E MÍDIA

Os esportes de lutas podem ser abordados conforme os


seus aspectos gerais, ou seja, comuns a diversas modalidades de
luta.
Para tanto, os esportes de lutas podem ser divididos, por
exemplo, em quatro grandes categorias, relacionadas com as
suas principais características, ou seja, em: lutas de contusão;
lutas de imobilização; lutas de exclusão de determinado espaço;
lutas de desequilíbrio.
• Nas lutas de contusão, a característica principal é o con-
tato corporal provocado por socos, chutes, joelhadas,
cotoveladas, tendo como objetivo atingir o oponente.
• Nas lutas de imobilização, a principal característica é
a imobilização do oponente, objetivando restringir as
suas ações.
• Nas lutas de exclusão de determinado espaço, o objeti-
vo central é retirar o oponente de certo local.
• E nas lutas de desequilíbrio, a intenção é desestabilizar
o oponente, provocando a sua queda.
Breda et al. (2010) dividem as lutas em três categorias, par-
tindo das suas características: elementos de curta distância das

36 © ESPORTES DE LUTAS
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS ESPORTES DE LUTAS

lutas; elementos de média distância das lutas; elementos de lon-


ga distância das lutas.
Essas três categorias foram elaboradas com base no tipo
de contato e nas ações técnicas envolvidas nas diferentes mo-
dalidades de luta. Breda et al. (2010) ressaltam que uma única
modalidade pode apresentar características dos três grupos, ci-
tando como exemplo o kung fu.
Os elementos de curta distância estão relacionados ao
agarramento do adversário, sendo observado em modalidades
como judô, jiu-jítsu, luta olímpica, aikido etc. As técnicas básicas
de luta em curta distância são: rolamentos; quedas; imobiliza-
ções; chaves (BREDA et al., 2010).
Em relação aos elementos de média distância, a principal
característica está no toque em direção ao adversário, seja em
locais específicos do corpo ou de maneira uniforme, tendo como
objetivo marcar pontos, como nos casos do tae kwon do, do ca-
ratê e de alguns estilos de kung fu. Os toques também podem
ser feitos com máxima força e/ou intensidade no corpo do adver-
sário, objetivando o seu nocaute, como, por exemplo, no boxe,
no muay thai etc. Os elementos técnicos de média distância das
lutas são: socos; chutes; cotoveladas; joelhadas; defesas com
membros inferiores e superiores (BREDA et al., 2010).
Já os elementos de longa distância das lutas são os que en-
volvem o uso de implementos, em geral armas, como a espada, o
sabre e o florete na esgrima; a shinai (espada) no kendo; as espa-
das, os bastões e outros implementos no kung fu etc. As técnicas
de longa distância estão relacionadas ao domínio e ao manuseio
dos implementos (BREDA et al., 2010).

© ESPORTES DE LUTAS 37
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS ESPORTES DE LUTAS

Breda et al. (2010) ainda enfatizam a existência das “for-


mas”, que são sequências predeterminadas ou construídas de
movimentos de lutas, simulando um combate, mas geralmente
com adversários imaginários. Nas modalidades de origem japo-
nesa, são chamadas de katas, e nas de origem chinesa, katis. As
formas podem ser desenvolvidas em elementos de curta, média
e longa distância ou por meio da integração de elementos de
duas ou três categorias (BREDA et al., 2010).
Já Rufino (2012) ressalta o desenvolvimento das dimen-
sões do conteúdo: conceitual, procedimental e atitudinal.
Na dimensão conceitual, estão todos os aspectos históri-
cos, conceituais e normativos das lutas. Devido à própria cons-
trução histórica das lutas e da tradição que muitas modalidades
mantiveram, os conceitos históricos são uma parte importante e
representativa dos conteúdos. Além da história, conceitos nor-
mativos, referentes às regras e às normas técnicas de execução
dos golpes, também fazem parte da dimensão conceitual (RUFI-
NO, 2012).
Na dimensão procedimental, é enfatizado o ensino das téc-
nicas e dos movimentos das lutas, porém, ressalta Rufino (2012)
que o saber fazer da dimensão procedimental não deve apenas
se ater à realização dos movimentos, e sim, contextualizá-los, ex-
plicando os motivos e os porquês de realizá-los.
Na dimensão atitudinal, Rufino (2012) enfatiza o ensino
de condutas éticas, valores e atitudes relacionados com as lutas,
entre eles, o respeito e a disciplina. Contudo, não se trata de
ter códigos de conduta, credos de aceitação e de realizar sauda-
ções e reverências, simplesmente. Mais do que ter a dimensão
atitudinal fixada na parede do local de treinamento, ela precisa
percorrer todos os processos de ensino e de aprendizagem das

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UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS ESPORTES DE LUTAS

lutas, possibilitando que estas levem os alunos a, realmente, de-


senvolverem criticamente as ações atitudinais (RUFINO, 2012).
Atentando para características gerais das lutas, é possível o
seu desenvolvimento em variados contextos, pois não se estará
ensinando especificamente uma arte marcial, mas elementos da
cultura corporal, direcionados para a ampliação do repertório de
movimentos, por exemplo.
Atualmente, há em academias sistemas de treinamento
corporal que utilizam movimentos característicos de algumas lu-
tas, associados, por exemplo, a músicas, transformando-as em
ginástica de academia.
No que diz respeito aos esportes de lutas e às mídias, nós,
que vivemos em sociedade, estamos expostos a constantes vari-
áveis sociais, culturais e, principalmente, ideológicas.
Um exemplo simplificado do condicionamento ideológico
a que estamos expostos cotidianamente pode ser a compra de
um refrigerante. Será que, quando estamos prestes a escolher
um refrigerante para levar para casa, diante de uma geladeira no
mercado, estamos realmente livres para escolher?
Não somos, ou, ao menos, não podemos estar sendo ex-
tremamente influenciados a consumir um produto A, em detri-
mento de um produto B, por propagandas que o tempo todo
nos seduzem? Será que os veículos de comunicação não nos
influenciam?
As mídias estão em toda parte e nos bombardeiam diaria-
mente com milhares de imagens, palavras e sons. Cada vez mais
integradas ao cotidiano, por intermédio do seu discurso apoiado
numa linguagem audiovisual, “elas não transmitem informações

© ESPORTES DE LUTAS 39
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS ESPORTES DE LUTAS

‘neutras’, mas alimentam nosso imaginário e constroem uma in-


terpretação do mundo” (BETTI, 2003, p. 92).
Dessa forma, tal influência, certamente, estende-se aos es-
portes e aos esportes de lutas.
Na área das lutas, percebemos o esvaziamento ou a lota-
ção de academias, fato que está associado a sua exposição nos
veículos de comunicação.
Quando uma emissora de TV, com abrangência nacional,
inicia a divulgação de um esporte de luta, ou de um conjunto de
esportes de lutas, geralmente o resultado já é esperado: as aca-
demias que oferecem tais lutas passam a ser bastante procura-
das; e aquelas que não as oferecem providenciam, rapidamente,
o início das modalidades, para não perder alunos.
A influência da mídia na popularização de um esporte ou
de um esporte de luta, também, pode ser comprovada com o
exemplo do MMA (Mixed Martial Arts) – em português, AMM:
Artes Marciais Mistas.
Em relação à exposição dos esportes em veículos de comu-
nicação, o jornal Folha de S.Paulo on-line, de circulação nacional,
divulgou as primeiras notícias do MMA em 2011, totalizando,
aproximadamente, 110 notícias.
Destas 110 notícias, cerca de 40 foram agrupadas no pe-
ríodo de novembro e dezembro, justamente, a partir do mês
que uma grande emissora de canal aberto de televisão (Figura
4) iniciou a transmissão das lutas do principal evento mundial
da modalidade UFC (Ultimate Fighting Championship) (GLOBO-
ESPORTE.COM, 2011).

40 © ESPORTES DE LUTAS
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS ESPORTES DE LUTAS

Figura 4 Notícia sobre o início das transmissões do UFC.

Em 2012, as notícias desse mesmo jornal on-line sobre


o MMA, praticamente, dobraram, chegando a cerca de 210
notícias.
Você, também, pode pesquisar em outros veículos de in-
formação quando foram veiculadas as primeiras notícias sobre o
MMA e o UFC. Será que a sua pesquisa coincidirá com o levanta-
mento realizado?

© ESPORTES DE LUTAS 41
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS ESPORTES DE LUTAS

Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas


no Tópico 4, você deve fazer as leituras indicadas no Tópico 3.
2., para compreender as características gerais dos esportes de
lutas e o papel da mídia na sua divulgação.

Vídeo complementar ––––––––––––––––––––––––––––––––


Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.
• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula,
localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso
(Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar).
Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos.
• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos” e selecione:
Esportes de Lutas – Vídeos Complementares – Complementar 1.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR


O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição
necessária e indispensável para você compreender integralmen-
te os conteúdos apresentados nesta unidade.

3.1. LUTAS, ARTES MARCIAIS E ESPORTES DE LUTAS

No livro O espírito das artes marciais, especialmente, en-


tre as páginas 3 e 34, você pode acompanhar algumas reflexões
sobre as artes marciais, incluindo seus conceitos, suas origens e
seus valores. Para isso, acesse o link a seguir:
• SEVERINO, R. E. O espírito das artes marciais.
São Paulo: Nelpa, 2010. Disponível em: <http://
books.google.com.br/books?id=xGvbRCz7s_

42 © ESPORTES DE LUTAS
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS ESPORTES DE LUTAS

kC&printsec=frontcover&hl=pt-
BR#v=onepage&q&f=false>. Acesso em: 22 set. 2015.
Já no artigo “Evidências da prática marcial em Shaolin du-
rante o período Ming”, são apresentadas evidências de que o
mosteiro de Shaolin, na China, teria sido o local de "nascimento"
das tradições marciais chinesas. Acompanhe a exposição da tra-
jetória das "artes marciais" no link a seguir:
• SHAHAR, M. Evidências da prática marcial em Shaolin
durante o período Ming. Revista de Estudos da Religião,
n. 4, p. 93-144, 2003. Disponível em: <http://pucsp.
br/rever/rv4_2003/p_shahar.pdf>. Acesso em: 22 set.
2015.
No artigo “Artes marciais, formação profissional e esco-
las de ofício: análise documental do judô brasileiro", os autores
apresentam aspectos da constituição das artes marciais no Bra-
sil, especificamente o judô, considerando a formação e a capaci-
tação do técnico desportivo para a modalidade. Para lê-lo, aces-
se o link a seguir:
• DRIGO, A. J. et al. Artes marciais, formação profissional e
escolas de ofício: análise documental do judô brasileiro.
Revista Motricidade, v. 7, n. 4, p. 49-62, 2011. Disponível
em: <http://revistas.rcaap.pt/motricidade/article/
view/88/80>. Acesso em: 22 set. 2015.

3.2. ESPORTES DE LUTAS: CARACTERÍSTICAS GERAIS E MÍDIA

No artigo "Ensino das lutas: dos princípios condicionais aos


grupos situacionais", Gomes et al. (2010) identificam e classifi-
cam princípios comuns no ensino das lutas: princípios condicio-
nais (contato proposital, fusão ataque/defesa, oponente/alvo,

© ESPORTES DE LUTAS 43
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS ESPORTES DE LUTAS

imprevisibilidade e regras) determinantes para a compreensão e


a leitura de sua dinâmica interna.
Esses princípios condicionais e demais apontamentos rea-
lizados pelos autores podem ser estudados no link a seguir:
• GOMES, M. S. P. et al. Ensino das lutas: dos princípios
condicionais aos grupos situacionais. Revista
Movimento, Porto Alegre, v. 16, n. 2, p. 207-227, abr./jun.
2010. Disponível em: <http://seer.ufrgs.br/Movimento/
article/view/9743/8928>. Acesso em: 22 set. 2015.
No artigo "Esporte e mídia: um pequeno esboço", você en-
contra um esboço sobre as relações entre o esporte e a mídia,
que é compreendido não mais como uma manifestação que se
expressa pelo se-movimentar humano, mas como uma merca-
doria idêntica a qualquer outra. Acompanhe essas reflexões no
link a seguir:
• MÜLLER, U. Esporte e mídia: um pequeno esboço.
Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 17, n. 3, p.
212-219, maio 1996. Disponível em: <http://revista.
cbce.org.br/index.php/RBCE/article/view/849/503>.
Acesso em: 22 set. 2015.
No artigo "Esporte na mídia ou esporte da mídia?", Betti
(2001), partindo do pressuposto de que todo esporte que está
na mídia é, na verdade, um esporte da mídia, descreve uma série
de fatores que assim o caracterizam, apresentando a sua conclu-
são. Você pode ler este artigo no link a seguir:
• BETTI, M. Esporte na mídia ou esporte da mídia?
Revista Motrivivência, Florianópolis, v. 12, n. 17, p. 1-3,
set. 2001. Disponível em: <http://www.periodicos.ufsc.
br/index.php/motrivivencia/article/view/5929/5441>.
Acesso em: 22 set. 2015.

44 © ESPORTES DE LUTAS
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS ESPORTES DE LUTAS

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder as questões à seguir, você deverá revisar os conteú-
dos estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Após os estudos realizados, se alguém lhe afirmar que “artes marciais, lu-
tas e esportes de lutas são uma ‘coisa’ só”, qual seria a sua resposta? Quais
as principais diferenças entre os termos: artes marciais; lutas; esportes
de lutas? Como justificaria e quais exemplos citaria a essa pessoa, para
convencê-la de que os termos apresentam diferenças?

2) As expressões “esportes de lutas”, “esportes de combate” e “modalida-


des esportivas de combate” apresentam o esporte incluído em suas deno-
minações e em suas ações. Porém, sob quais perspectivas este conteúdo
“esportivo” pode ser desenvolvido? Será que a relação das lutas com os
esportes está restrita ao seu aspecto amplamente competitivo? O que
pode ser associado com os esportes de lutas para enfatizar, por exemplo,
a satisfação de todos os envolvidos?

3) Após a leitura dos depoimentos de sobreviventes do acidente aéreo ocor-


rido no Chile, em 1972, quais principais “lições” podem ser associadas
à compreensão das lutas e dos esportes de lutas? Em situação extrema
de luta pela sobrevivência, quais foram as atitudes dos sobreviventes? A
disputa para se manter vivo foi responsável pela atribuição do papel de
adversário e de inimigo aos outros sobreviventes? A “satisfação” buscada
envolvia somente a própria pessoa ou envolvia todos?

4) A atenção às características gerais dos esportes de lutas pode ser associa-


da à intenção de desenvolvê-los em diferentes contextos e com diferentes
intencionalidades. Como você se posiciona diante desta afirmação? O que
justificaria para negá-la ou para reafirmá-la? O que significa desenvolver
os esportes de lutas, enfatizando as suas características gerais?

5) Inserir reflexões sobre as possíveis influências das mídias nos esportes de


lutas teve qual intenção? Os veículos de comunicação são realmente capa-
zes de influenciar ou determinar os caminhos seguidos por modalidades
esportivas? Quais exemplos poderiam ser apresentados para demonstrar
essa influência?

© ESPORTES DE LUTAS 45
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS ESPORTES DE LUTAS

5. CONSIDERAÇÕES
O principal objetivo desta primeira unidade foi apresentar
reflexões sobre as possibilidades de se abordar o conteúdo de
Esportes de Lutas. Dessa forma, esperamos que os seus estudos
sobre os aspectos conceituais e o desenvolvimento dos esportes
de lutas tenham colaborado para o seu aprendizado, bem como
para as associações entre os conhecimentos adquiridos e a sua
prática profissional.
Veja agora o Conteúdo Digital Integrador, que ampliará
seu conhecimento sobre o assunto. Na próxima unidade, você
conhecerá algumas modalidades de esportes de lutas.

6. E-REFERÊNCIAS

Lista de figuras
Figura 2 Ilustração de Sun Tzu. Disponível em: <http://www.editoraevora.com.br/
blog/wp-content/uploads/2010/12/002-sun-tzu-nhy.jpg>. Acesso em: 22 set. 2015.
Figura 3 Ilustração de Bodhidharma. Disponível em: <http://kaleidoscope.cultural-
china.com/chinaWH/upload/upfiles/2009-07/29/bodhidharma_and_the_martial_
arts8d75b87604b4e088b5a3.jpg>. Acesso em: 22 set. 2015.
Figura 4 Notícia sobre o início das transmissões do UFC. Disponível em: <http://
globoesporte.globo.com/lutas/noticia/2011/11/ufc-combate-tera-narracao-de-
galvao-bueno-e-comentarios-de-vitor-belfort.html>. Acesso em: 22 set. 2015.

Sites pesquisados
FOLHA DE S.PAULO ON-LINE. Home page. Disponível em: <http://www.folha.uol.com.
br/>. Acesso em: 22 set. 2015.
GLOBOESPORTE.COM. UFC Combate terá narração de Galvão Bueno e comentários
de Vitor Belfort. Rio de Janeiro, 7 nov. 2011. Disponível em: <http://globoesporte.
globo.com/lutas/noticia/2011/11/ufc-combate-tera-narracao-de-galvao-bueno-e-
comentarios-de-vitor-belfort.html>. Acesso em: 22 set. 2015.

46 © ESPORTES DE LUTAS
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS ESPORTES DE LUTAS

UFC – ULTIMATE FIGHTING CHAMPIONSHIP. Home page. Disponível em: <http://br.ufc.


com/>. Acesso em: 22 set. 2015.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALGORTA, P. Vivendo com o mínimo. In: VIERCI, P. A sociedade da neve: os dezesseis
sobreviventes da tragédia dos Andes contam toda a história pela primeira vez. São
Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 197-211.
BETTI, M. Imagem e ação: a televisão e a Educação Física escolar. In: BETTI, M. Educação
física e mídia: novos olhares, outras práticas. São Paulo: Hucitec, 2003. p. 91-137.
______. Educação Física e sociedade: a Educação Física na escola brasileira. 2. ed. São
Paulo: Hucitec, 2009.
BREDA, M. et al. Pedagogia do esporte aplicada às lutas. São Paulo: Phorte Editora,
2010.
CANESSA, R. Abandonados. In: VIERCI, P. A sociedade da neve: os dezesseis
sobreviventes da tragédia dos Andes contam toda a história pela primeira vez. São
Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 27-40.
CORREIA, W. R.; FRANCHINI, E. Produção acadêmica em lutas, artes marciais e esportes
de combate. Revista Motriz, Rio Claro, v. 16, n. 1, p. 1-9, jan./mar. 2010.
ELIAS, N.; DUNNING, E. A busca da excitação. Lisboa: Difel, 1992.
FERNÁNDEZ, D. Lenços na praça. In: VIERCI, P. A sociedade da neve: os dezesseis
sobreviventes da tragédia dos Andes contam toda a história pela primeira vez. São
Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 73-87.
FRANCHINI, E.; VECCHIO, F. B. D. Estudos em modalidades esportivas de combate:
estado da arte. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 25, p.
67-81, dez. 2011.
HARLEY, R. Os filhos da cordilheira. In: VIERCI, P. A sociedade da neve: os dezesseis
sobreviventes da tragédia dos Andes contam toda a história pela primeira vez. São
Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 243-254.
HERRERO, M.; FERNANDES, U.; FRANCO NETO, J. V. Jogos e brincadeiras do povo
Kalapalo. São Paulo: SESC, 2006.
HOUAISS A. (Ed.). Dicionário eletrônico Hauaiss da Língua Portuguesa 3.0. Rio de
Janeiro: Editora Objetiva, 2009.

© ESPORTES DE LUTAS 47
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS ESPORTES DE LUTAS

INCIARTE, C. A contagem regressiva. In: VIERCI, P. A sociedade da neve: os dezesseis


sobreviventes da tragédia dos Andes contam toda a história pela primeira vez. São
Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 51-65.
MARCELLINO, N. C. Lazer e Educação. 3. ed. Campinas: Papirus, 1995.
METHOL, J. Minhas conversas com Liliana. In: VIERCI, P. A sociedade da neve: os
dezesseis sobreviventes da tragédia dos Andes contam toda a história pela primeira
vez. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 178-190.
PÁEZ, C. A longa travessia. In: VIERCI, P. A sociedade da neve: os dezesseis sobreviventes
da tragédia dos Andes contam toda a história pela primeira vez. São Paulo: Companhia
das Letras, 2010. p. 219-233.
PARRADO, N. “Siga em frente, papai”. In: VIERCI, P. A sociedade da neve: os dezesseis
sobreviventes da tragédia dos Andes contam toda a história pela primeira vez. São
Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 357-371.
RUFINO, L. G. B. A pedagogia das lutas: caminhos e possibilidades. Jundiaí: Paco
Editorial, 2012.
SABELLA, M. O diabo não dorme. In: VIERCI, P. A sociedade da neve: os dezesseis
sobreviventes da tragédia dos Andes contam toda a história pela primeira vez. São
Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 113-126.
STRAUCH, A. A história inacabada. In: VIERCI, P. A sociedade da neve: os dezesseis
sobreviventes da tragédia dos Andes contam toda a história pela primeira vez. São
Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 93-105.
STRAUCH, E. O que eu encontrei na montanha. In: VIERCI, P. A sociedade da neve: os
dezesseis sobreviventes da tragédia dos Andes contam toda a história pela primeira
vez. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 338-350.
TZU, S. A arte da guerra. 2. ed. Porto Alegre: L&PM, 2012.
VIERCI, P. A sociedade da neve: os dezesseis sobreviventes da tragédia dos Andes
contam toda a história pela primeira vez. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
VIZINTÍN, T. Amigos por toda a eternidade. In: VIERCI, P. A sociedade da neve: os
dezesseis sobreviventes da tragédia dos Andes contam toda a história pela primeira
vez. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 291-304.
ZERBINO, G. Uma cruz amassada com um braço arrancado. In: VIERCI, P. A sociedade
da neve: os dezesseis sobreviventes da tragédia dos Andes contam toda a história pela
primeira vez. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 158-170.

48 © ESPORTES DE LUTAS
UNIDADE 2
ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

Objetivos
• Conhecer e identificar aspectos relacionados com esportes de lutas
olímpicos.
• Compreender e expor aspectos associados com esportes de lutas não
olímpicos.

Conteúdos
• Esportes de lutas olímpicos.
• Esportes de lutas não olímpicos.

Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:

1) Não deixe de responder às questões autoavaliativas, pois é importante


para ampliar a sua percepção sobre o conteúdo apresentado.

2) No decorrer dos seus estudos, o mais importante não é, necessariamente,


se prender a detalhes pontuais, tais como datas e nomes, mas, sim, ao
contexto apresentado e a sua associação ao contexto profissional do ba-
charel em Educação Física.

3) Se encontrar dificuldade, não desanime! Não se esqueça de acessar a


Sala de Aula Virtual! Interaja, pois, dessa maneira, você ampliará seus
conhecimentos.

49
© ESPORTES DE LUTAS
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

1. INTRODUÇÃO
Nesta unidade, você encontrará elementos de algumas
modalidades de esportes de lutas, divididos em:
• esportes de lutas olímpicos;
• esportes de lutas não olímpicos.
Em esportes de lutas olímpicos, serão apresentados: o
boxe; a esgrima; o judô; as lutas olímpicas e o tae kwon do. E, em
esportes de lutas não olímpicos: o caratê; o jiu-jítsu e o aikido.

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA


O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su-
cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão
integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteú-
do Digital Integrador.

2.1. ESPORTES DE LUTAS OLÍMPICOS

Atualmente, nos Jogos Olímpicos podemos encontrar


cinco modalidades diretamente relacionadas com os esportes
de lutas:
1) Boxe.
2) Esgrima.
3) Judô.
4) Luta olímpica.
5) Tae kwon do.

© ESPORTES DE LUTAS 51
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

Boxe
O boxe (Figura 1) é definido por Feitosa, Leite e Lima (2005)
como uma prática esportiva que consiste em golpear o adversá-
rio com os punhos cerrados, gerando vantagens ou penalidades
de acordo com um código.

Figura 1 Boxe.

Sobre a palavra boxe, foi formada a partir do verbo inglês


to box, significando, originalmente, "bater", porém, por volta de
1.500 d.C., passou a denotar “bater com os punhos”. O termo
boxe, frequentemente, apenas se refere ao boxe inglês praticado
a partir das regras de Broughton (Figura 2) (criadas em 1743), e a
palavra pugilismo denota qualquer "boxe" anterior a esse perío-
do (FEITOSA; LEITE; LIMA, 2005).
O nobre inglês Marquês de Queensbery, entusiasta do
boxe, resolveu dar-lhe determinadas regras tornando-o mais jus-

52 © ESPORTES DE LUTAS
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

to, equilibrado e menos violento com o uso de luvas (1867). Esta


é a razão de o boxe ser denominado “nobre arte” (FEITOSA; LEI-
TE; LIMA, 2005).
De acordo com a Federa-
ção Rio-Grandense de Pugilismo
(2015), as regras de Broughton
podem ser apresentadas como:

Golpes
• não eram usadas luvas
nas lutas;
• não se devia bater no
adversário caído; Figura 2 Ilustração de Broughton.
• não se devia bater abai-
xo da cintura do adversário, nem o segurar pelas rou-
pas, pelo cinto ou por qualquer parte abaixo da cintura.

Ringue das lutas


• espaço retangular ou circular envolvido por uma pequena cerca de
madeira;
• no centro do ringue, era riscado um quadrado de cerca de um metro
de lado (Figura 3) (FEDERAÇÃO RIO-GRANDENSE DE PUGILISMO,
2015).

© ESPORTES DE LUTAS 53
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

Figura 3 Ringue das lutas.

Rounds
• sem duração fixa;
• terminavam somente quando um lutador ia ao chão ou saía do
ringue;
• iniciavam, obrigatoriamente, com os dois lutadores pisando no
scratch (FEDERAÇÃO RIO-GRANDENSE DE PUGILISMO, 2015).

Critérios para término das lutas


Lutava-se um número indefinido de rounds, até se ter:
• ou um vitorioso por desistência do adversário;
• ou anulação da luta por tumulto, intervenção da polícia etc.;
• ou um vitorioso pelo fato de o adversário não ter conseguido voltar,
sozinho ou mesmo ajudado por seus segundos, ao scratch após 30
segundos do término de um round (FEDERAÇÃO RIO-GRANDENSE
DE PUGILISMO, 2015).

54 © ESPORTES DE LUTAS
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

Pessoas dentro do ringue


• os dois principais (os lutadores);
• os dois respectivos segundos, que sempre ficavam atrás dos lutadores
(Figura 3) (FEDERAÇÃO RIO-GRANDENSE DE PUGILISMO, 2015).

Julgamento da luta
• dois juízes escolhidos em comum acordo pelos lutadores;
• outro juiz, escolhido pelos dois primeiros e que tinha a função de
desempatar as decisões desses [...] (FEDERAÇÃO RIO-GRANDENSE
DE PUGILISMO, 2015).

Boxe nos Jogos Olímpicos


Observe a Figura 4 a seguir.

Figura 4 Boxe olímpico.

© ESPORTES DE LUTAS 55
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

Observe agora o seguinte texto do Comitê Organizador dos


Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 (2015a):
[...] A estreia do esporte nos Jogos Olímpicos aconteceu na edi-
ção de 1904, em Saint Louis (Figura 4).
O boxe ficou fora da edição de 1912, em Estocolmo, porque a
lei sueca da época proibia a prática das disciplinas de combate.
O boxe retornou ao programa olímpico em 1920, quando Antu-
érpia, na Bélgica, recebeu os Jogos. Nesse mesmo ano, foi fun-
dada a Federação Internacional de Boxe.
Desde então, as regras evoluíram: o capacete de proteção tor-
nou-se obrigatório nas edições de 1984, em Los Angeles, en-
quanto em 1992, na cidade de Barcelona, foram introduzidas
outras mudanças, entre elas o sistema de contagem eletrônica.
Os Jogos de 2012, em Londres, foram palco da principal novida-
de no boxe: a estreia de três categorias femininas – Mosca (48
a 51 kg), Leve (57 a 60 kg) e Médio (69 a 75 kg). Quanto aos ho-
mens, competem em dez categorias, que vão de Mosca Ligeiro
(46 a 49 kg) até Superpesado (acima de 91 kg).
As lutas masculinas de boxe nos Jogos Olímpicos têm três roun-
ds de três minutos cada uma, e as femininas têm quatro rounds
com duração de dois minutos. Os participantes ganham pon-
tos para cada soco que atingir a cabeça ou parte superior do
adversário, avaliado por cinco juízes que ficam em torno do
ringue. Os combates também terminam em caso de nocaute,
abandono ou desqualificação, e o árbitro pode encerrar a luta
se perceber que um dos participantes não está em condições
de continuar.
O formato da disputa olímpica é por eliminação direta. As cha-
ves contam com 16, 26 ou 28 participantes, dependendo da ca-
tegoria. Já as mulheres iniciam em chaves de 16 competidoras,
ou diretamente nas quartas de final. Os vencedores das chaves
disputam o ouro, e cada um dos perdedores das semifinais re-
cebe uma medalha de bronze [...].

56 © ESPORTES DE LUTAS
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

Esgrima
Lohmann e Avila (2005) definem a esgrima como um es-
porte olímpico em que duas pessoas de diferentes pesos, altura
ou idade se enfrentam diretamente com iguais chances de vitó-
ria. Para eles, trata-se, em síntese, da arte de jogar com armas
brancas por meio da utilização de movimentos coordenados.
A esgrima começou como uma forma de combate bem an-
tes de Cristo. Muitas antigas civilizações como as do Egito, da
China, Japão, Pérsia, Babilônia e Grécia praticaram a luta de es-
pada (Figura 5) como forma de treinamento para combate (LOH-
MANN; AVILA, 2005).

Figura 5 Confronto com espadas.

A esgrima como esporte iniciou-se no século 14 ou 15, na


Itália ou na Alemanha (ambos os países reivindicam para si a ori-
gem do esporte). Os mestres de esgrima alemães organizaram
as primeiras associações, no século 15, especialmente, a Marx-
bruder, de Frankfurt, em 1480. Na França, em 1570, Henri Saint-
-Didier nomeou os movimentos e os golpes mais importantes. A
maior parte dessa nomenclatura ainda é usada.

© ESPORTES DE LUTAS 57
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

Do século 16 ao 18, as lutas de espada e duelos eram co-


muns (Figura 5). Os participantes desses duelos usavam várias
armas, incluindo espadas de madeira, espadas de uma só lâmina
e varas com ferro nas pontas (LOHMANN; AVILA, 2005).
As lutas eram frequentemente sangrentas e, algumas ve-
zes, fatais. Três inovações do século 17 fizeram da esgrima um
esporte popular: o desenvolvimento de uma arma leve, com
uma ponta achatada ou folheada e acolchoada para reduzir risco
de ferimentos: o florete; o desenvolvimento de um conjunto de
regras que limitava o alvo para certas áreas do corpo; a criação
de uma máscara de malha de ferro que protegia o rosto e fazia
da esgrima uma atividade segura (LOHMANN; AVILA, 2005).
A luta de espada existe desde o antigo Egito. Vem sendo
praticada de várias maneiras e por diferentes culturas. Embora
os torneios e os combates de espada tenham sido um protótipo
de esporte popular na Europa da Idade Média, a esgrima mo-
derna foi influenciada mais pelos duelos realizados a partir do
século 16 do que pelos combates militares e torneios (justas)
praticados pelos cavaleiros medievais (LOHMANN; AVILA, 2005).
O termo “esgrima” vem de escrime ou escrima, originado
da palavra germânica skirmjan. No século 18, a espada evoluiu
para um formato mais simples, curto e leve, que se popularizou
na França como "espada de corte” ou “espada pequena". Embora
essa espada possuísse fio, este era mais usado para impedir que
o adversário agarrasse a lâmina com as mãos; os golpes eram
dados, quase em sua totalidade, de ponta. A leveza da arma foi
um dos fatores que ajudou no surgimento de um estilo defensivo
mais complexo (LOHMANN; AVILA, 2005).

58 © ESPORTES DE LUTAS
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

Mestres franceses desenvolveram uma escola baseada na


sutileza dos movimentos, nos contratempos e ataques compos-
tos. Por isso, a Escola Francesa é a base da maioria das teorias da
esgrima moderna, uma vez que, com a Itália, foi responsável pe-
los estudos e pela elaboração das técnicas de manejo das armas.
Em meados do século 19, o duelo, como meio de resolver
disputas pessoais, entrou em declínio, principalmente porque a
vitória poderia conduzir o duelista à prisão e às penas da lei. O
objetivo dos duelos passou a ser a derrota do oponente, sem
a necessidade de sua morte. As formas de duelos menos fatais
evoluíram com o uso apenas da espada de duelo (LOHMANN;
AVILA, 2005).
Os duelos praticamente desapareceram após a Primeira
Guerra Mundial. Mas, há registros de duelos realizados para re-
solver disputas durante as Olimpíadas de 1920, em Antuérpia.
Em perspectiva histórica, a esgrima passou por três períodos
bem demarcados em seu trajeto de arte marcial, transformando-
-se também em um esporte.
O período antigo caracterizou-se por uma esgrima de im-
pacto, causado pelo choque de pesadas espadas nos oponentes,
levando-os primeiro ao chão para depois matá-los. O período
moderno foi marcado pelo desenvolvimento da técnica, por re-
gras escritas e rituais de jogo justo. A proteção da face com a
máscara marcou o período contemporâneo, permanecendo até
os dias atuais. Neste último estágio, a introdução de equipamen-
to elétrico, e mais tarde eletrônico, provocou importantes mu-
danças na maneira de se jogar e julgar a esgrima (LOHMANN;
AVILA, 2005).

© ESPORTES DE LUTAS 59
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

As armas utilizadas na esgrima são três; o esgrimista joga


apenas com uma delas, por meio de regras e competições espe-
cíficas: florete, espada e sabre (LOHMANN; AVILA, 2005).
O florete tem peso máximo de 500 g e sua extensão não
pode exceder 110 cm (Figura 6). A lâmina é de aço e pode chegar
a 90 cm. O floretista deve tentar atingir, com a ponta da arma, o
tronco do adversário (LOHMANN; AVILA, 2005).

Figura 6 Superfície válida para toque de florete.

A espada já permite que a parte tocada seja todo o corpo


do adversário, também com a ponta da arma (Figura 7). O peso
máximo da espada é de 770 g. A extensão é a mesma do florete,
isto é, máxima de 110 cm e lâmina de 90 cm. A lâmina também é
de aço (LOHMANN; AVILA, 2005).

60 © ESPORTES DE LUTAS
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

Figura 7 Superfície válida para toque de espada.

O sabre é menor, medindo no máximo 105 cm. A lâmina


é de aço, e sua extensão é de até 88 cm (Figura 8). O peso tem
de ser inferior a 500 g. O atirador deve tentar atingir o corpo do
adversário, da cintura para cima, com qualquer parte da lâmina
(LOHMANN; AVILA, 2005).

© ESPORTES DE LUTAS 61
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

Figura 8 Superfície válida para toque de sabre.

A principal condição para esgrimir corretamente é tocar o


adversário sem ser tocado, por meio de movimentos ordenados
(LOHMANN; AVILA, 2005).

62 © ESPORTES DE LUTAS
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

Esgrima nos Jogos Olímpicos


Veja a Figura 9 a seguir.

Figura 9 Esgrima nos Jogos Olímpicos.

De acordo com o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos


e Paralímpicos Rio 2016 (2015b):
[...] Os primeiros eventos de esgrima no programa olímpico fo-
ram o florete e o sabre, em 1896, e a espada estreou quatro
anos depois, em Paris.
As competições por equipes começaram em 1908, em Londres
– tudo isso apenas para os homens.
As mulheres começaram a disputar medalhas no florete em
1924, quando a competição aconteceu novamente na capital
francesa, enquanto as competições de espada vieram em 1996,
em Atlanta, e o sabre feminino teve sua primeira edição realiza-
da no ano de 2004, em Atenas.
[...]
Os combates são realizados sobre uma pista metálica de 14 me-
tros de comprimento por 1,5 a 2 metros de largura. Por meio de

© ESPORTES DE LUTAS 63
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

sensores especiais, os esgrimistas são conectados a um sistema


de contagem eletrônico, que indica se um toque foi válido ou
não.
As disputas individuais acontecem em três rounds de três minu-
tos cada uma, ou até que um esgrimista consiga tocar 15 vezes
o adversário.
Nos eventos por equipes, times com três competidores cada
um enfrentam os integrantes da formação rival em nove séries
de três minutos, e vence aquele que acumular mais pontos, ou
atingir o adversário 45 vezes, ou seja, o triplo em relação ao
individual [...].

Judô
O professor Jigoro Kano (Figura 10), o fundador do judô,
foi graduado pela Universidade Imperial de Tóquio, no Japão, em
1881. Frequentou várias escolas de jujútsu (variante de jiu-jítsu),
procurando desenvolver um sistema de exercício físico. Adotou
princípios de cada sistema de
jujútsu e chamou-lhe de judô,
que traduzido, literalmente, sig-
nifica "maneira gentil". A inter-
pretação de Kano, contudo, era
"eficiência máxima". Kano foi
para a Europa em 1889 para di-
fundir a prática e a "filosofia" do
judô (GOODMAN, 2000).
Kano via o judô como o
desenvolvimento de uma vida
de arte em oposição ao des-
porto e, rompendo com a tradi-
ção japonesa, ensinou as artes
Figura 10 Jigoro Kano. marciais a uma mulher, Sueko

64 © ESPORTES DE LUTAS
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

Ashiya. Acreditava-se que a prática de artes marciais pelas mu-


lheres poderia trazer-lhes problemas de saúde, pois, conforme
essas ideias, as mulheres apresentavam certas limitações físicas,
além de outras, que as tornavam praticantes insatisfatórias. Ten-
do em vista tais opiniões, Kano, empregando os conhecimentos
de alguns peritos médicos, investigou quais impactos o judô cau-
saria às mulheres (GOODMAN, 2000).
As pesquisas de Kano negaram as críticas feitas à prática de
judô pelas mulheres, comprovando que tal prática não causaria
impacto negativo. Após esse resultado, Kano fez um dojo (área
de treino) para as mulheres na Escola Koubun, em Tóquio. Dessa
forma, em 1935, o judô já era ensinado com êxito às mulheres,
especialmente nas universidades (GOODMAN, 2000).
O primeiro Campeonato Internacional de Judô foi realiza-
do entre a Grã-Bretanha e a França, em 1947, tendo a Grã-Breta-
nha como campeã. Em 1951, porém, a França ganhou o primeiro
Campeonato Europeu (GOODMAN, 2000).
Em 1965, o judô já era ensinado em muitas escolas japo-
nesas, mas Kano não presenciou a sua difusão, pois morreu no
mar em 1938, quando regressava da Conferência Olímpica Inter-
nacional do Cairo. Há rumores de que ele tenha sido assassinado
devido aos seus atos, principalmente por ter manifestado simpa-
tia pelo Ocidente (GOODMAN, 2000).
Devemos ressaltar que Kano não criou o judô para ser um
esporte público de competição, porque acreditava que era uma
arte pessoal para treinar o corpo e a mente. Insistia que o seu en-
sinamento requeria apreciação da filosofia inerente que apoiava
todos os aspectos do judô, tanto que o juramento que todos os
estudantes devem fazer para ingressar no kodukan dojo (nome
dado por Kano ao seu dojo) apresenta a seguinte passagem:

© ESPORTES DE LUTAS 65
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

[...] Após ter entrado no kodukan, só não terminarei meus estudos


por uma causa plausível; não desonrarei o dojo, a menos que me
seja dada permissão; não desvendarei os segredos que me foram
ensinados; não ensinarei judô; primeiro, os estudantes, depois
os professores, seguirei as regras do dojo [...] (GOODMAN, 2000,
n. p.).

Judô nos Jogos Olímpicos


Observe a Figura 11 a seguir.

Figura 11 Judô nos Jogos Olímpicos.

Leia os seguintes trechos extraídos do Comitê Organizador


dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 (2015c).
[...] A entrada do judô nos Jogos Olímpicos aconteceu em 1964,
na edição de Tóquio – capital japonesa.
O esporte, no entanto, ficou fora do programa dos Jogos de 1968,
na Cidade do México.

66 © ESPORTES DE LUTAS
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

O retorno, em definitivo, foi na edição de 1972, em Munique.


As mulheres só passaram a competir no ano de 1992, em Bar-
celona [...].
Atualmente há sete categorias de peso no masculino – até 60 kg,
até 66 kg, até 73 kg, até 81 kg, até 90 kg, até 100 kg e mais de
100 kg, e igual número no feminino, distinguidas por peso – até
48 kg, até 52 kg, até 57 kg, até 63 kg, até 70 kg, até 78 kg e mais
de 78 kg [...].
Com duração de até cinco minutos, as lutas acontecem sobre
tatames sintéticos, e o objetivo é projetar o adversário de cos-
tas no solo, finalizar com chave de braço ou estrangulamento
ou imobilizar o oponente no solo.
A luta pode acabar a qualquer momento caso um dos judocas
consiga um ippon, que pode ser conseguido com uma projeção
do adversário de costas sobre o solo, com força e velocidade,
finalização por chave de braço ou estrangulamento, ou imobili-
zação no solo por 25 segundos.
Se o oponente cai no tatame amplamente de costas, mas sem
velocidade ou força, ou há uma imobilização de 20 a 24 segun-
dos, é aplicado um waza-ari – dois deles equivalem a um ippon.
Outra forma de pontuação, de menor valor, é o yuko, que acon-
tece quando um competidor é projetado e cai com a parte la-
teral do corpo, ou no caso de uma imobilização de 15 a 19 se-
gundos [...].
[...] As penalizações podem ser atribuídas por falta de combati-
vidade, postura muito defensiva ou falso ataque [...].

Na primeira ocorrência de uma das penalizações citadas, o


competidor é advertido e, a partir daí, ao oponente é consignado
um yuko, um waza-ari e um ippon, respectivamente, para a se-
gunda, a terceira e a quarta vez que o atleta cometer uma falta.
Um judoca, também, pode ser desclassificado imediatamente,
caso coloque em risco a integridade física do adversário.

© ESPORTES DE LUTAS 67
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

Caso a luta termine com empate, será realizado o chamado


Golden Score, uma disputa de mais três minutos na qual quem
pontuar primeiro ganhará o combate. Se o placar de pontos e
penalidades de ambos os competidores permanecer igual, a de-
cisão ficará por conta dos árbitros (COMITÊ ORGANIZADOR DOS
JOGOS OLÍMPICOS E PARALÍMPICOS RIO 2016 (2015c)).
Na competição, os participantes de cada categoria são di-
vididos em duas chaves. Os vencedores encontram-se na final,
enquanto os quatro derrotados nas quartas de final vão para
duas disputas de repescagem. Os vencedores da repescagem en-
frentam os perdedores das semifinais pelas duas medalhas de
bronze (COMITÊ ORGANIZADOR DOS JOGOS OLÍMPICOS E PARA-
LÍMPICOS RIO 2016 (2015c)).
Para os homens, havia a categoria absoluto (sem distinção
de peso corporal), mas esta foi retirada depois dos Jogos de 1984,
em Los Angeles.

Luta olímpica
De acordo com Gama (2005), a expressão "luta olímpica"
é utilizada como denominação geral de um esporte olímpico
subdividido em dois estilos: livre e greco-romano.
Para Gama (2005), o apogeu da luta foi atingido durante
a Antiguidade Clássica na Grécia (Figura 12). Já na primeira
edição dos Jogos Olímpicos, em 776 a.C., a luta se fazia presente
e, em 708 a.C., ela foi incorporada às competições de pentatlo,
com a corrida, o lançamento do disco, o salto em distância e o
lançamento de dardo.

68 © ESPORTES DE LUTAS
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

Figura 12 Luta olímpica na Antiguidade.

Grandes personalidades gregas teriam praticado a luta,


como Sócrates, Platão, Aristóteles e Alexandre, o Grande (GAMA,
2005).
Em 146 a.C., com o domínio da Grécia por parte de Roma,
a luta rapidamente foi disseminada da Península Itálica para o
restante da Europa, assumindo a denominação greco-romana.
Em 1896, com o reinício dos Jogos Olímpicos na Era Moderna, a
luta greco-romana foi incluída na programação oficial. Em 1904,
foi introduzida uma nova modalidade: o estilo livre. Ambas as
modalidades passaram a compor o que até hoje é denominada
de luta olímpica (GAMA, 2005).

Luta olímpica nos Jogos Olímpicos


Observe agora o seguinte texto do Comitê Organizador dos
Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 (2015a):
[...] A primeira disciplina da luta no programa olímpico foi a gre-
co-romana, presente desde os Jogos de 1896, os primeiros da
Era Moderna, em Atenas, na Grécia. Com exceção da edição de
1900, em Paris, o esporte sempre esteve presente.

© ESPORTES DE LUTAS 69
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

Já o estilo livre apareceu em 1904, em Saint Louis, contando


apenas com lutadores americanos.
Desde os Jogos de 1920, em Antuérpia, na Bélgica, os dois esti-
los de luta estão presentes no programa olímpico.
As categorias femininas começaram a ser disputadas na edição
de 2004, em Atenas, e apenas no estilo livre.
A luta greco-romana e o estilo livre têm o mesmo objetivo: imo-
bilizar o adversário de costas para o chão.
A diferença é que, no primeiro estilo, só é permitido usar os
braços e o tronco para atacar e imobilizar o adversário, enquan-
to o segundo autoriza o uso das pernas.
São proibidos golpes baixos, estrangulamentos, colocar o dedo
no olho do rival e puxões de cabelo [...].

Luta estilo livre


Observe a Figura 13 a seguir.

Figura 13 Luta estilo livre nos Jogos Olímpicos.

70 © ESPORTES DE LUTAS
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

Leia o texto a seguir, extraído do site Rio 2016 (2015a):

Luta estilo livre–––––––––––––––––––––––––––––––––––––


A Luta Estilo Livre tem menos história e popularidade que a Greco-Romana,
mas é praticada há mais de um século. No início, a disciplina era mais uma
forma de entretenimento, e combates eram atrações em feiras e festivais por
todo o território dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha. Como o próprio nome
diz, a Luta Estilo Livre é um estilo mais completo, em que não há restrição do
uso de partes do corpo para derrubar e imobilizar o adversário. Ao contrário
da Greco-Romana, na qual os participantes podem usar apenas seus braços e
tronco, no estilo livre é permitido utilizar as pernas e segurar o oponente abaixo
da cintura. A disciplina fez sua estreia oficial nos Jogos de 1904, em Saint
Louis, embora as lutas estivessem presentes no programa olímpico desde a
edição de 1896, em Atenas, e sempre para homens. O esporte não esteve
no programa dos Jogos de Estocolmo, em 1912, mas voltou definitivamente
às competições olímpicas na edição de 1920, em Antuérpia, na Bélgica. Um
estímulo foi a criação da Federação Internacional de Lutas, em 1921. Eventos
femininos só começaram a ser disputados em 2004, em Atenas, na Grécia.
As categorias são divididas por peso: até 55 quilos é a mais leve entre as sete
disputadas pelos homens, e até 120 kg a mais pesada. A Luta Livre feminina
conta com quatro categorias: até 48 kg, até 55 kg, até 63 kg e até 72 kg.
Assim como no estilo Greco-Romano, os combates acontecem em uma área
de 9 m de diâmetro dentro de um tapete sintético de 12 x 12 m. Cada luta é
disputada em melhor de três rounds, de dois minutos cada e, caso ninguém
consiga imobilizar o adversário de costas no solo, a decisão fica por conta dos
juízes, que avaliam o desempenho de cada lutador por meio de pontos.
A disputa dos eventos da Luta Estilo Livre é no sistema de eliminatória simples,
e os dois vencedores de cada lado da chave se enfrentam pelo ouro. Dois
grupos de repescagem são formados por todos os lutadores que perderem
para os finalistas em qualquer fase do torneio, e o ganhador de cada uma
destas chaves conquista uma medalha de bronze.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

© ESPORTES DE LUTAS 71
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

Luta greco-romana
Veja a Figura 14 a seguir.

Figura 14 Luta greco-romana nos Jogos Olímpicos.

Leia o texto a seguir, extraído do site Rio 2016 (2015b):

Luta greco-romana––––––––––––––––––––––––––––––––––
Evolução das técnicas existentes desde a época da Grécia Antiga, a Luta
Greco-Romana surgiu na França, por volta de 1830, como uma técnica de
combate desenvolvida pelo exército de Napoleão. Ao mesmo tempo, alguns
lutadores que não tinham acesso à elite do esporte excursionavam pelo país
em grupos para mostrar seu talento.
Em 1848, o soldado francês Jean Exbroyat criou a primeira turnê oficial de luta e
estabeleceu a regra que proibia qualquer contato abaixo da linha da cintura. Ele
chamou este estilo de “flat hand wrestling” (“luta com as palmas das mãos”). A
influência deste estilo chegou a outras partes do continente europeu.

72 © ESPORTES DE LUTAS
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

A antiguidade e a popularidade da disciplina fizeram com que a Luta Greco-


Romana estivesse presente na primeira edição dos Jogos da Era Moderna,
em 1896, em Atenas. Os combates não tinham tempo de duração e eram entre
atletas que competiam em outros esportes.
A Luta Greco-Romana profissional perdeu credibilidade ao longo dos anos por
conta das suspeitas de acerto de resultados, entretanto, serviu para disseminar
o esporte, fazendo com que diversos jovens iniciassem na sua prática, e para
que clubes amadores se estruturassem.
A disciplina não esteve presente nos Jogos de 1900, em Paris, e 1904, em
Saint Louis, nos Estados Unidos, momentos nos quais só foram realizados
eventos de Luta Estilo Livre. A edição de 1908, em Londres, foi a primeira que
reuniu os dois estilos do esporte no programa olímpico.
Na Luta Greco-Romana, o objetivo é imobilizar o adversário de costas para o
chão, mas usando apenas os braços e o tronco. As categorias são divididas
por peso, sendo até 55 kg a mais leve, e até 120 kg a mais pesada. Não há
eventos para mulheres nesta disciplina.
[...] Cada luta é disputada em melhor de três rounds, de dois minutos cada e,
caso nenhum dos adversários seja imobilizado de costas no solo, a decisão
fica por conta dos juízes, que dão pontuações de acordo com os golpes de
cada lutador.
A disputa é no sistema de eliminatória simples, e os dois vencedores de cada
lado da chave se enfrentam pela medalha de ouro. Todos os lutadores que
perderem para um dos finalistas em qualquer fase do torneio formam dois
grupos de repescagem, e os vencedores destas disputas ganham a medalha
de bronze.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Tae kwon do
O tae kwon do deriva de várias artes marciais, sendo a sua
principal influência o tae-kyon, luta rápida de pontapés, origi-
nária da Coreia. Tae significa "pontapear" ou "esmagar com os
pés"; kwon significa "socar" ou "esmagar com as mãos"; e do sig-
nifica “o caminho da arte”. O fundamento da arte, portanto, é o

© ESPORTES DE LUTAS 73
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

uso das mãos e dos pés para se tornar rapidamente um atacante


(GOODMAN, 2000).
O tae kwon do desenvolveu-se, inicialmente, na Coreia,
nos anos 1950, quando alguns mestres, peritos em artes mar-
ciais, juntaram-se para unificar suas respectivas disciplinas num
único sistema de combate. A estreia dessa arte ocorreu na Co-
reia do Sul, em 11 de abril de 1955, e as honras do fundador fo-
ram atribuídas a um faixa preta 9º dan, o major-general Choi
Hong Hi (Figura 15). Contudo, as raízes do tae kwon do remon-
tam a 2.000 anos antes, tendo nascido de uma arte denominada
hwarangdo, que significa “o caminho do florescimento humano”
(GOODMAN, 2000).
Os hwarang eram jovens
nobres, influenciados pelos en-
sinamentos de Confúcio, que
formaram uma sociedade pa-
triótica durante a unificação
da Coreia, na dinastia Silla, por
volta do ano 600 d.C. O reino de
Silla era o menor dos três exis-
tentes na península coreana,
sendo atacado constantemente
pelos seus dois vizinhos. Foram
estas constantes invasões que
levaram a nobreza de Silla a de-
senvolver um sistema de luta
para proteger o seu reino (GOO-
Figura 15 Ilustração de Choi Hong Hi. DMAN, 2000).

74 © ESPORTES DE LUTAS
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

No final do século 10 e no seguimento da unificação da Co-


reia, a aprendizagem de tae kwon do tornou-se obrigatória para
todos os jovens. Contudo, no século 16, as tradições militares
do país declinaram e a prática do tae kwon do só foi mantida
pelos monges budistas. Em decorrência da ocupação japonesa,
ocorrida em 1909, a proibição de qualquer forma de arte marcial
só apressou o seu declínio. Os poucos praticantes que restaram
emigraram para a China e para o Japão e, assim, a arte “sobrevi-
veu” (GOODMAN, 2000).
Após a libertação, em 1945, muitos exilados coreanos
regressaram ao país e reintroduziram uma versão do tae kwon do.
O governo coreano, como parte da campanha para reconquistar
a sua identidade nacional, após os anos de ocupação japonesa,
apoiou a prática do tae kwon do, oficialmente patrocinando-o.
Tal fato conduziu a uma prática mais formal do ensino da arte e
contribuiu para o seu crescimento (GOODMAN, 2000).
O tae kwon do começou a propagar-se pelo mundo nos anos
1960, tendo sido realizado o primeiro Campeonato Mundial de
Tae kwon do em Seul, Coreia do Sul, em 1973. Desde 1988, o tae
kwon do está inscrito como modalidade olímpica (GOODMAN,
2000).

Tae kwon do nos Jogos Olímpicos


“O tae kwon do foi disputado como esporte de exibição
nos Jogos de Seul, em 1988, e nos de Barcelona, em 1992”
(Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016
(2015c)). Estreou oficialmente na edição de Sydney, em 2000.

© ESPORTES DE LUTAS 75
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

Observe a Figura 16 a seguir.

Figura 16 Tae kwon do nos Jogos Olímpicos.

[...] As disputas acontecem em um tatame sintético, em


combates com três rounds de dois minutos cada um, com 1
minuto de descanso entre os rounds. Além do uniforme branco,
os participantes usam protetores de cabeça e tronco, um de cada
cor: vermelho e azul (Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e
Paralímpicos Rio 2016 (2015c)).

O objetivo é acertar determinadas áreas do corpo do ad-


versário com chutes e socos, e cada um vale pontos: um golpe
certeiro no protetor de tronco garante um ponto, e um chute
circular no mesmo local, dois. Um chute na cabeça dá três pon-
tos, e um chute circular no mesmo local resulta na pontuação
máxima, quatro. Infrações como usar o joelho, bater abaixo da

76 © ESPORTES DE LUTAS
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

cintura e acertar o adversário no chão são passíveis de punição


(Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio
2016 (2015c)).
Um atleta pode vencer de três modos: nocauteando o opo-
nente, somando o maior número de pontos ou com a desclassi-
ficação do adversário (Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e
Paralímpicos Rio 2016 (2015c)).
As disputas nas oito categorias de peso (quatro para homens
e quatro para mulheres) são feitas em chaves de eliminação
direta.
Os vencedores de cada chave disputam a medalha de ouro.
Todos os participantes que perdem para um dos finalistas em
qualquer fase da competição entram na repescagem.
Os dois perdedores das semifinais enfrentam os ganhadores
das duas chaves da repescagem pelas duas medalhas de bron-
ze (Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio
2016 (2015c)).

Com as leituras propostas no Tópico 3. 1., você pode


acompanhar algumas reflexões sobre os esportes de lutas
olímpicos. Antes de prosseguir para o próximo assunto, rea-
lize as leituras indicadas, procurando assimilar o conteúdo
estudado.

2.2. ESPORTES DE LUTAS NÃO OLÍMPICOS

Caratê
Caratê ou Karate-do, que traduzido livremente significa
"mão vazia" (kara significa “vazio”, e te, “mão”), é uma arte pre-
dominantemente ligada à luta com mãos e pés vazios (Figura 17).

© ESPORTES DE LUTAS 77
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

O princípio básico é transformar o corpo numa arma para defen-


der e atacar quando e onde for preciso (GOODMAN, 2000).

Figura 17 Competição de caratê.

O caratê é um sistema eficaz de autodefesa, que evoluiu,


originalmente, na ilha japonesa de Okinawa, onde o uso de ar-
mas era proibido, e os habitantes tiveram que aprender a se pro-
teger por outros meios (GOODMAN, 2000).
O caratê é uma das artes marciais orientais mais largamen-
te difundidas, tendo evoluído, como dito anteriormente, durante
a ocupação japonesa da ilha de Okinawa, no século 15. Contudo,
as suas raízes podem ser localizadas em tempos bem mais re-

78 © ESPORTES DE LUTAS
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

motos, na Índia e China. Acredita-se que os monges budistas zen


levaram técnicas de combate para a China nos séculos 5º e 6º
a.C. (GOODMAN, 2000).
Em 1470, os japoneses ocuparam a ilha de Okinawa, e a lei
da terra ditava que se alguém transportasse armas seria morto.
Para se protegerem dos bandidos locais, que ignoravam a proibi-
ção de uso de armas, os monges budistas zen desenvolveram o
sistema das mãos vazias, conhecido como te ("mão"), importan-
do novas técnicas da China (GOODMAN, 2000).
A nova arte foi traduzida como T’ang ("mão da China"),
mas era familiarmente conhecida como Okinawa-te ("mão de
Okinawa"). Só no século 20, T’ang se tornou Karate-do. O sufixo
do foi acrescentado pelo filho de Gichin Funakoshi, Yoshitaka Fu-
nakoshi, em oposição amigável ao estilo de seu pai, o Okinawa-
-te. A prática e a demonstração até esse momento eram extre-
mamente violentas. Os socos não eram recolhidos, e o contato
era parte integral do sistema Okinawa-te. Yoshitaka Funakoshi
transformou as técnicas Okinawa-te num sistema mais suave,
procurando evitar o contato extremo (GOODMAN, 2000).
Atualmente, existem numerosos estilos de caratê sendo
praticados, estendendo a sua influência a muitas outras artes
marciais. Devemos lembrar que os diversos estilos de caratê
são resultado de ideias pessoais de muitos indivíduos acerca do
modo como cada técnica básica deve ser aplicada (GOODMAN,
2000).

Caratê Wado Ryu


Hironori Ohtsuka (Figura 18) foi o fundador do sistema
wado ryu do caratê. Ohtsuka começou o treino do shindo yoshin-
-ryu jujutsu com 6 anos de idade e aos 30 passou a treinar sob a

© ESPORTES DE LUTAS 79
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

supervisão de Gichin Funakoshi (fundador do Karate-do), antes


de criar o sistema wado ryu, em 1939.
Wado ryu é um dos estilos japoneses ensinados em todo o
mundo. Ainda em 1939, Ohtsuka organizou a All Japan Karate-
-Do Federation Wado Ki para todo o Karate-do do Japão e a Sede
Internacional para o Sistema Wado Ryu. Em 1967, foi o primeiro
carateca a quem foi concedida a 5ª Ordem de Mérito do Tesouro
Sagrado do Imperador do Japão, como reconhecimento pelos
seus feitos (GOODMAN, 2000).
Após a sua morte, em
1982, o filho de Hironori Oht-
suka, Jiro, tornou-se o instrutor
principal do sistema wado ryu.
Atualmente, existe um número
de representantes seniores, al-
tamente respeitados, de wado
ryu no Japão, que são, simulta-
neamente, chefes das suas pró-
prias federações ou associações
(GOODMAN, 2000).
Para os praticantes de
wado ryu, a principal filosofia é
Figura 18 Hironori Ohtsuka.
melhorar a atitude, tanto dentro
como fora da arte. Este é um dos principais objetivos do budô
(arte marcial), que enfatiza o desenvolvimento do respeito, da
disciplina e compreensão, numa perspectiva tanto física como
mental, pois exteriorizar agressão, mesmo nas sessões de trei-
nos, é considerado muito desencorajador. O nome wado ryu, tra-

80 © ESPORTES DE LUTAS
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

duzido literalmente, significa "a maneira pacífica" (GOODMAN,


2000).
Outra característica do wado ryu consiste em que os gran-
des movimentos são mantidos ao mínimo. É dada extrema im-
portância à velocidade e eficácia do movimento com que cada
técnica é executada, em vez de enfatizar a força ou o esforço físi-
co mostrado externamente. Os peritos de wado ryu dão grande
ênfase à coordenação do movimento do corpo com cada técnica
particular (GOODMAN, 2000).

Caratê Shotokan
O caratê shotokan é, ao mesmo tempo, uma arte marcial
recente e antiga. É antiga porque as suas raízes estão profunda-
mente entranhadas no passado e recente por ser uma arte que
tem menos de 100 anos. O shotokan é caracterizado pelas suas
posições baixas, suas técnicas poderosas e formas dinâmicas
(GOODMAN, 2000).
O fundador do shotokan, Gichin Funakoshi (Figura 19), era
um Okinawan. Treinou nos antigos sistemas Okinawan-te, quan-
do jovem e, no início do século 20, levou para o território japo-
nês o que aprendeu na ilha de Okinawa. Originalmente, tencio-
nava regressar a Okinawa, mas foi persuadido a permanecer e a
ensinar no Japão. O apelido de Funakoshi era Shoto (que significa
“pinheiros ondulantes”) e kan (que significa “casa”), portanto, o
caratê shotokan pode ser traduzido por “casa de Shoto do cami-
nho da mão vazia" (GOODMAN, 2000).

© ESPORTES DE LUTAS 81
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

Embora tenha sido Funakoshi o fundador do shotokan, na


realidade foi o seu filho, Yoshi-
taka Funakoshi, que o desenvol-
veu na forma que é conhecido
atualmente. Rapidamente, cres-
ceu em popularidade, encoraja-
do e regulado pela poderosa As-
sociação de Caratê Japonesa,
ficando conhecido em todo o
mundo (GOODMAN, 2000).
O shotokan desenvolveu
alguns dos maiores expoentes
de caratê, incluindo Hirokazu Ka-
nazawa (Figura 20). Muitos cara-
Figura 19 Gichin Funakoshi. tecas acreditam que Hirokazu
atingiu quase a técnica perfeita.
Ele estudou caratê na Universi-
dade de Takushoku. O shotokan
continua a ser praticado por mi-
lhares de pessoas em todo o
mundo, adultos e crianças
(GOODMAN, 2000).
O shotokan é baseado em
tríades. Existe a tríade física de
kihon (básico), kumite (comba-
tes) e kata (formas), que reque-
rem treino dedicado e constan-
te aperfeiçoamento da técnica.
Esta é seguida pela tríade moral
Figura 20 Hirokazu Kanazawa.

82 © ESPORTES DE LUTAS
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

da justiça, piedade e compaixão e, finalmente, a tríade ética do


dever, da honra e lealdade (GOODMAN, 2000).
Se juntarmos os nove elementos das principais tríades (o
número nove simboliza a perfeição), é alcançado o todo, a pes-
soa completa. Quando estes princípios são praticados numa arte
marcial, ilustram um dos conceitos fundamentais do caratê sho-
tokan: seu objetivo era o de centralizar a totalidade do ser no de-
senvolvimento do caráter, sendo mais importante do que vencer
ou perder (GOODMAN, 2000).
O shotokan, com ênfase a sua perseguição pela excelência,
é dotado de grande responsabilidade em exercer a compaixão e
a piedade, pois o desenvolvimento físico e o melhoramento da
técnica são inúteis sem esta outra dimensão (GOODMAN, 2000).

Jiu-jítsu
A arte do jiu-jítsu (também nomeada de jujítsu e jujútsu)
é interpretada como a "ciência da leveza" (Figura 21). Traduzida
literalmente, ju significa “gentil” ou “suave”, e jítsu, “arte”. Em-
bora referida como "arte gentil", algumas das técnicas são extre-
mamente dinâmicas (GOODMAN, 2000).

© ESPORTES DE LUTAS 83
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

Figura 21 Jiu-jítsu tradicional.

Existem muitas histórias acerca da origem do jiu-jítsu,


remontando a períodos anteriores ao século 8º, com linhas
históricas indicando raízes anteriores ao tempo de Cristo.
Enquanto alguns afirmam que o jiu-jítsu (Figura 21) é originário
da China, antigas histórias japonesas descrevem que em 712
Tatemi Kazuchi teria arremessado Tatemi Nokami como se
"soprasse uma folha".
Há referências também às histórias do livro Nihon-Sho-ki
sobre o imperador Shuinjin, que celebrava o seu sétimo reinado,
em 23, com um torneio de artes marciais. Um dos combates teria
resultado na morte de um participante, um lutador de sumô, o
qual fora atirado ao chão e pontapeado por Nomino Sukume.
Esses registros evidenciam as primeiras técnicas de "mão vazias",
no Japão (GOODMAN, 2000).

84 © ESPORTES DE LUTAS
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

Além disso, há referência ao jiu-jítsu desenvolvido como


arte pelo trabalho de um monge budista, datado do século 13.
Essas técnicas antigas eram conhecidas como kumi-tachi (ou
yawara), descritas no Konjaku-monoga-tari, um trabalho budista
datado daquele tempo (GOODMAN, 2000).
Outra referência à forma de combate de jiu-jítsu encontra-
se na tradição da arte marcial no século 15, conhecida como
katori-shinto ryu. Acredita-se que o jiu-jítsu tenha sido levado
para o Japão por um monge chinês chamado Chen Yuaneim.
Portanto, apesar de o jiu-jítsu ser considerado uma arte marcial
japonesa, existem indícios que apontam para a origem chinesa
(GOODMAN, 2000).
Embora, inicialmente, o jiu-jítsu tenha sido praticado no
Japão pelos samurais e, em seguida, pelos ninjas, espalhou-
se, inevitavelmente, pelos campos, sendo adotado por muitos
bandidos da época. Por esta associação, o jiu-jítsu passou a
ter uma reputação ruim. Durante esse período, Jigoro Kano
desenvolveu a arte do judô, com base nas técnicas de jiu-jítsu.
O seu objetivo era "corrigir" a reputação que o jiu-jítsu havia
ganhado, como arte mortal ligada ao banditismo (GOODMAN,
2000).
No que diz respeito à sua filosofia central, o jiu-jítsu
caracteriza-se por conquistar um adversário por todo e qualquer
meio, usando o mínimo esforço possível. Consequentemente,
este preceito exige dos seus seguidores uma séria conformidade
com várias disciplinas, tanto físicas como mentais (GOODMAN,
2000).
Uma característica desta arte envolve rigorosa moral, ne-
cessária quando se pretende atingir o mais alto grau de perfei-
ção. Assim, historicamente, há referências de muitos mestres de

© ESPORTES DE LUTAS 85
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

jiu-jítsu que se retiraram em instituições religiosas, tais como os


templos budistas ou xintoístas (GOODMAN, 2000).

Aikido
O aikido, na sua forma atual, é uma inovação recente den-
tro da tradição das artes marciais e foi desenvolvido no Japão, no
princípio do século 2º, por Morihei Ueshiba (Figura 22), que foi
iniciado nas artes marciais, quando rapaz, pelo seu pai Yoroku.
Morihei é conhecido por ter estudado algumas artes marciais,
tais como vários estilos de jiu-jítsu, kenjutsu e a arte da lança. Em
1912, Morihei mudou-se para Hokkaido, onde teve um encontro
ocasional com Sokaku Takeda (GOODMAN, 2000).
Takeda era mestre de
daito-ryu aiki-jujútsu, arte mar-
cial com origem no século 16 e
que foi transmitida através da
hierarquia militar e formalizada
por membros do clã Aizu, fican-
do conhecida como Oshikiushi,
ou "arte do ataque". O jovem
Ueshiba rapidamente se rendeu
à conduta de Takeda, tendo es-
tudado com ele até 1919. Quan-
do regressou à sua cidade natal,
Tanabe, por causa da morte do
pai, Morihei encontrou-se com
Figura 22 Morihei Ueshiba.
Onisaburo Deguchi, fundador
carismático de uma religião esotérica chamada Omoto-Kyo, e
passou os seis anos seguintes como seu discípulo, viajando por
toda a Ásia (GOODMAN, 2000).

86 © ESPORTES DE LUTAS
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

Em 1927, Morihei fez o dojo Kobukan em Tóquio e come-


çou a ensinar um misto de tradições marciais que aprendeu com
Takeda, com as crenças espirituais que assimilou de Deguchi. A
esta nova disciplina chamou de ueshiba aiko-budo. Finalmente,
Morihei estabeleceu o nome aikido. Esta palavra é a combinação
de três conceitos: ai, que significa “harmonia”, ki, "espírito", e
do, “caminho”. No sentido espiritual, significa harmonizar o seu
espírito individual, ou ki, com o espírito da própria Natureza. No
dojo, isso significa que o praticante se harmoniza com um ata-
que, levando-o a um ponto de exaustão e depois o neutraliza
com uma projeção, chave ou imobilização (Figura 23) (GOOD-
MAN, 2000).

Figura 23 Aikido.

© ESPORTES DE LUTAS 87
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

Tal como muitas artes marciais, o aikido é visto não só


como um sistema de autodefesa, mas também como um meio
de desenvolvimento humano (Figura 23). Atualmente, existem
vários sistemas de aikido, mas o aikido tradicional não tem cam-
peonatos, torneios ou concursos. Para Morihei Ueshiba, o ob-
jetivo do aikido não é a derrota dos outros, mas a derrota das
características negativas que inibem a mente em cada um e que
inibem o seu funcionamento efetivo (GOODMAN, 2000).
O aikido é uma disciplina que procura não ir ao encontro da
violência com a violência, mas prefere olhar para a harmoniza-
ção e restrição de um adversário. O aikido é, de muitas maneiras,
único entre todas as artes marciais, pois a maioria das técnicas é
baseada no primeiro movimento do agressor. Portanto, as técni-
cas do aikido são normalmente objetivadas para a imobilização
conjunta e para impulsionar a energia que o adversário utiliza: a
força e a agressão (GOODMAN, 2000).
O aikido ensina a defesa um-a-um e o ataque múltiplo. En-
globa o golpe da faca, da espada e do bastão ou mesmo a defesa
partindo de uma posição ajoelhada. As diferenças de tamanho,
peso, força ou idade são irrelevantes, pois o praticante aprende
a utilizar o seu ki interior (fluxo de energia) (GOODMAN, 2000).
Para Ueshiba (2008), no treinamento do aikido, o objetivo
primordial é harmonizar a pessoa com os padrões dos movimen-
tos do Universo. Ainda conforme o autor:
[...] Acredita-se que a nossa galáxia passou a existir há bilhões de
anos por meio de um "big-bang". O que deu início ao nascimento
de incontáveis estrelas, indefinidamente girando a velocidades
imensas. Nosso Sol é uma dessas estrelas. Nosso planeta gira
em torno do Sol. Realmente, o Universo está continuamente
girando e rodopiando. Também assim é no aikido, nós entramos,

88 © ESPORTES DE LUTAS
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

fazemos espirais e giramos, imitando esses padrões universais


[...] (UESHIBA, 2008, p. 23).

Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas


no Tópico 4, você deve fazer as leituras indicadas no Tópico 3.
2., para conhecer algumas ideias sobre os esportes de lutas
não olímpicos.

Vídeo complementar ––––––––––––––––––––––––––––––––


Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.
• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula,
localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso
(Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar).
Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos.
• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos” e selecione:
Esportes de Lutas – Vídeos Complementares – Complementar 2.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR


O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição
necessária e indispensável para você compreender integralmen-
te os conteúdos apresentados nesta unidade.

3.1. ESPORTES DE LUTAS OLÍMPICOS

No livro O que é boxe, de Vieira e Freitas (2007), especifi-


camente entre as páginas 9 e 21, você encontrará informações
sobre a história do boxe, no contexto mundial e brasileiro. Esse
trecho do livro pode ser visto no link a seguir:

© ESPORTES DE LUTAS 89
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

• VIEIRA, S.; FREITAS, A. O que é boxe – História. Regras.


Curiosidades. Rio de Janeiro: Casa da Palavra/COB,
2007. Disponível em: <http://books.google.com.br/bo
oks?id=qs2DKwCG880C&printsec=frontcover&hl=pt-
BR#v=onepage&q&f=false>. Acesso em: 29 set. 2015.
Na tese Esgrima em cadeira de rodas: pedagogia de ensino
a partir das dimensões e contexto da modalidade, de Nazareth
(2009), a esgrima em cadeira de rodas é caracterizada, visando
propor indicadores pedagógicos para intervenção de ensino na
modalidade. Ainda são abordados: o processo histórico de de-
senvolvimento da modalidade no país e os seus fundamentos
básicos, com orientações pedagógicas para a iniciação do aluno
com deficiência física.
Essa tese pode ser vista no link a seguir:
• NAZARETH, V. L. Esgrima em cadeira de rodas: pedagogia de
ensino a partir das dimensões e contexto da modalidade.
2009. 149 f. Tese (Doutorado em Educação Física) – FEF,
Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2009.
Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.unicamp.
br/document/?code=000470848>. Acesso em: 29 set.
2015.
Santos (2006), em seu artigo intitulado “Judô: onde está
o caminho suave?", aponta algumas questões sobre as transfor-
mações na prática do judô, distanciando-o do caminho suave in-
tencionado pelo seu idealizador, tendo em vista a sua utilização
apenas para fins competitivos.
As críticas apontadas pela autora podem ser vistas no link
a seguir:

90 © ESPORTES DE LUTAS
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

• SANTOS, S. G. Judô: onde está o caminho suave?


Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho
Humano, v. 8, n. 1, p. 114-119, 2006. Disponível em:
<https://periodicos.ufsc.br/index.php/rbcdh/article/
viewFile/3773/3216>. Acesso em: 29 set. 2015.

3.2. ESPORTES DE LUTAS NÃO OLÍMPICOS

No artigo “A moralidade e a atitude mental no karate-do no


pensamento de Gichin Funakoshi”, de Barreira e Massimi (2002),
é realizado um resgate teórico das ideias psicológicas e morais
próprias do caratê sob a luz dos paradigmas culturais de maior
influência no pensamento de Gichin Funakoshi.
Tais ideias psicológicas e morais podem ser estudadas no
link a seguir:
• BARREIRA, C. R. A.; MASSIMI, M. A moralidade e a
atitude mental no karate-do no pensamento de Gichin
Funakoshi. Memorandum, Belo Horizonte: UFMG;
Ribeirão Preto: USP, n. 2, p. 39-54, abr. 2002. Disponível
em: <http://www.fafich.ufmg.br/~memorandum/
artigos02/barreira01.htm>. Acesso em: 29 set. 2015.
No artigo “O jiu-jítsu brasileiro em extensão", Rufino e
Martins (2011) analisam o impacto de um projeto de extensão
universitária, envolvendo o jiu-jítsu, para a promoção da cidada-
nia. Com o estudo, os autores sinalizam que o projeto permitiu
que os participantes não só conhecessem as técnicas da moda-
lidade, mas também discutissem sobre as diversas vertentes de
conteúdos do jiu-jítsu, tornando-se mais críticos e reflexivos so-
bre esta prática corporal.

© ESPORTES DE LUTAS 91
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

Esse estudo pode ser visto no link a seguir:


• RUFINO, L. G. B.; MARTINS, C. J. O jiu-jítsu brasileiro
em extensão. Revista Ciência em Extensão, São Paulo:
Unesp, v. 7, n. 2, p. 84-101, 2011. Disponível em:
<http://200.145.6.204/index.php/revista_proex/
article/view/462/610>. Acesso em: 29 set. 2015.
No livro Aikido: o caminho da sabedoria – A teoria, mais es-
pecificamente, entre as páginas 213 e 231, Bull (2011) apresen-
ta importantes reflexões relacionadas com o aikido, tais como:
a integração mente-ki-corpo-Universo; o espírito japonês e o
ocidental.
Sobre essas reflexões, acesse o link a seguir:
• BULL, W. J. Aikido: o caminho da sabedoria – A
teoria. 13. ed. São Paulo: Pensamento-Cultrix, 2011.
Disponível em: <http://books.google.com.br/book
s?id=C6SbwARnPzgC&printsec=frontcover&hl=pt-
BR#v=onepage&q&f=false>. Acesso em: 29 set. 2015.

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteú-
dos estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Após os estudos de elementos relacionados aos esportes de lutas: boxe,
esgrima, judô, luta olímpica, tae kwon do, caratê, jiu-jítsu e aikido, é pos-
sível afirmar que foram construídos conhecimentos sobre eles. Assim, se
você tivesse que caracterizar, em poucas palavras, cada um deles, o que
apontaria? Qual a principal característica de cada uma dessas lutas? Utili-
zando as caracterizações gerais das lutas, apresentadas na Unidade 1, você

92 © ESPORTES DE LUTAS
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

associaria às lutas de contusão qual(is) deste(s) esporte(s) de luta(s)? E às


lutas de imobilização, exclusão de determinado espaço e de desequilíbrio?

2) Na apresentação dos esportes de lutas desta unidade, foram feitas refe-


rências à participação feminina. De que maneira a participação feminina
foi ocorrendo nas lutas? As mulheres estão associadas às lutas, desde as
suas origens? Quais os motivos para isto ter ocorrido?

3) A transposição de prática violenta e mortal à esporte de luta pode ser


identificada em qual(is) modalidade(s) de luta apresentada(s)? Quais os
principais motivos para a ocorrência dessa mudança? A popularização das
lutas está relacionada a essa mudança? Por quê?

4) A atenção ao desenvolvimento de atitudes e valores está presente na his-


tória de qual(is) modalidade de luta(s) apresentada(s) nesta unidade? Por
que há referências ao desenvolvimento de atitudes e valores na trajetória
dos esportes de lutas? Diante dessa associação, como você entende que
as lutas devem ser abordadas/desenvolvidas pelo profissional de Educa-
ção Física?

5. CONSIDERAÇÕES
Com o término dos estudos da Unidade 2, esperamos que
você tenha apreendido os aspectos fundamentais dos esportes
de lutas: boxe, esgrima, judô, luta olímpica, tae kwon do, caratê,
jiu-jítsu e aikido.
O ponto fundamental não é a busca pela mera memori-
zação de datas e nomes, mas, sim, a apreensão dos elementos
essenciais de cada esporte de luta, com base em suas origens e
em seu desenvolvimento histórico-social.
Com essas abordagens, certamente daremos ênfase às lu-
tas em ações cotidianas ligadas ao contexto do profissional de
Educação Física, não ficando restritas a graduações por meio de
faixas e de associações a federações e confederações esportivas.

© ESPORTES DE LUTAS 93
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

Veja agora o Conteúdo Digital Integrador, que ampliará seu


conhecimento sobre o assunto. Na próxima unidade, apresenta-
remos as possibilidades de ensino de lutas.

6. E-REFERÊNCIAS

Lista de Figuras
Figura 1 Boxe. Disponível em: <http://www.laoyinbr.com/images/Logo%20boxe.gif>.
Acesso em: 30 set. 2015.
Figura 2 Ilustração de Broughton. Disponível em: <http://www.boxergs.com.br/
histo7-a.jpg>. Acesso em: 30 set. 2015.
Figura 3 Ringue das lutas. Disponível em: <http://www.boxergs.com.br/histo7-b.jpg>.
Acesso em: 30 set. 2015.
Figura 4 Boxe olímpico. Disponível em: <http://www.olympic.org/Assets/MediaPlayer/
Photos/2012/London/Boxing/10_08_12_womens_boxing_02_hd.jpg>. Acesso em: 30
set. 2015.
Figura 5 Confronto com espadas. Disponível em: <http://www.academiadaespada.
com.br/_/rsrc/1340808717542/esgrima-historica/historica.jpg>. Acesso em: 30 set.
2015.
Figura 6 Superfície válida para toque de florete. Disponível em: <http://www.
academiadaespada.com.br/_/rsrc/1340804605882/esgrima-olimpica/florete/656px-
Fencing_foil_valid_surfaces_2009.svg.png?height=292&width=320>. Acesso em: 30
set. 2015.
Figura 7 Superfície válida para toque de espada. Disponível em: <http://www.
academiadaespada.com.br/_/rsrc/1340803506619/esgrima-olimpica/espada/656px-
Fencing_epee_valid_surfaces.svg.png?height=292&width=320>. Acesso em: 30 set.
2015.
Figura 8 Superfície válida para toque de sabre. Disponível em: <http://www.
academiadaespada.com.br/_/rsrc/1340805017765/esgrima-olimpica/sabre/656px-
Fencing_saber_valid_surfaces.svg.png?height=292&width=320>. Acesso em: 30 set.
2015.
Figura 9 Esgrima nos Jogos Olímpicos. Disponível em: <http://www.olympic.org/
Assets/MediaPlayer/Photos/2012/London/Fencing/06_08_12_Fencing_06_hd.JPG>.
Acesso em: 30 set. 2015.

94 © ESPORTES DE LUTAS
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

Figura 10 Jigoro Kano. Disponível em: <http://www.sunshinecoastjudo.com/


upload/927_Jigoro_Kano_358_647.jpg>. Acesso em: 30 set. 2015.
Figura 11 Judô nos Jogos Olímpicos. Disponível em: <http://www.olympic.org/Assets/
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Figura 13 Luta estilo livre nos Jogos Olímpicos. Disponível em: <http://www.olympic.org/
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www.olympic.org/Assets/MediaPlayer/Photos/2012/London/Wrestling-Greco-
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Figura 18 Hironori Ohtsuka. Disponível em: <http://eurokwai.co.uk/hironori-
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Figura 19 Gichin Funakoshi. Disponível em: <http://www.budokan.com.br/historia/
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Figura 20 Hirokazu Kanazawa. Disponível em: <http://www.skifworld.com/images/
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Figura 21 Jiu-jítsu tradicional. Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/
wikipedia/commons/1/14/JUJITSU_%28AND_RIFLES%29_in_an_agricultural_school.
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Figura 22 Morihei Ueshiba. Disponível em: <http://www.lifeofnick.com/wp-content/
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Figura 23 Aikido. Disponível em: <http://www.bahiaaikikai.com.br/>. Acesso em: 30
set. 2015.

© ESPORTES DE LUTAS 95
UNIDADE 2 – ALGUNS ESPORTES DE LUTAS

Sites pesquisados
COMITÊ ORGANIZADOR DOS JOGOS OLÍMPICOS E PARALÍMPICOS RIO 2016. Boxe e
luta olímpica – Aula 2 (Esportes de combate). 2015. Disponível em: <http://www.
rio2016.com/educacao/sites/default/files/midiateca/aulas/combate_aula_02_
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______. Esgrima e esgrima em cadeira de rodas – Aula 3 (Esportes de combate). 2015.
Disponível em: <http://www.rio2016.com/educacao/sites/default/files/midiateca/
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______. Judô e taekwondo – Aula 1 (Esportes de combate). 2015. Disponível em:
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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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atlas do esporte, Educação Física e atividades físicas de saúde e lazer no Brasil. Rio de
Janeiro: Shape, 2005. p. 297-300.
GAMA, D. Luta olímpica. In: DACOSTA, L. (Org.). Atlas do esporte no Brasil: atlas do
esporte, Educação Física e atividades físicas de saúde e lazer no Brasil. Rio de Janeiro:
Shape, 2005. p. 306.
GOODMAN. F. Manual prático de artes marciais: um guia passo a passo das mais
conhecidas artes marciais. Tradução de C. Anacleto. Lisboa: Editorial Estampa, 2000.
LOHMANN, L.; AVILA, R. T. Esgrima. In: DACOSTA, L. (Org.). Atlas do esporte no Brasil:
atlas do esporte, Educação Física e atividades físicas de saúde e lazer no Brasil. Rio de
Janeiro: Shape, 2005. p. 251-252.
UESHIBA, M. Aikido: evolução passo a passo – os elementos essenciais. São Paulo:
Pensamento, 2009.

96 © ESPORTES DE LUTAS
UNIDADE 3
ENSINANDO LUTAS

Objetivos
• Compreender e apresentar possibilidades de ensino das lutas.
• Indicar e subsidiar ações relacionadas com as lutas.

Conteúdos
• Ensino de lutas: os jogos de lutas.
• Fundamentos de artes marciais.

Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:

1) Sua formação é essencial, pois ela determinará escolhas no desenvolvi-


mento de sua prática. Invista em você, faça da pesquisa e interação com
seus colegas de curso e seu tutor hábitos que poderão ajudá-lo a ampliar
seus conhecimentos.

2) Organize seu cronograma para não atrasar a entrega das atividades. Essa
dica vale para todo o curso.

3) Ao se aproximar do final desta obra, lembre-se de que você terá uma visão
geral do que estudou. Retome, então, os principais pontos analisados até
agora.

97
© ESPORTES DE LUTAS
UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

1.  INTRODUÇÃO
Nesta última unidade, apresentaremos exemplos de ativi-
dades para o ensino de lutas, entre eles, os jogos de lutas: luta de
rabos; luta de cobra; luta de bolas; imóvel; luta pelo arco; kendo;
sumô; formas; samurais versus ninjas.
Além disso, mostraremos exemplos de fundamentos de ar-
tes marciais: saudação do tae kwon do; kata (formas) do caratê;
defesa do jiu-jítsu e projeções do judô.

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA


O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su-
cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão
integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteú-
do Digital Integrador.

2.1. ENSINO DE LUTAS: OS JOGOS DE LUTAS

Luta de rabos
Observe a ilustração da luta de rabos na Figura 1 a seguir.

© ESPORTES DE LUTAS 99
UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Breda et al. (2010, p. 112).


Figura 1 Ilustração da atividade de luta de rabos.

Na luta de rabos, os praticantes, frente a frente, em duplas,


devem tentar pegar o jornal ou pano que está na cintura do outro
(Figura 1). Isso deve ser feito em posição de luta, ou seja, com as
pernas ligeiramente afastadas, uma à frente da outra, e os bra-
ços protegendo o rosto. Esta atividade pode ser realizada com
material atrás do corpo, como se fosse um “rabo”, dificultando
a tarefa e exigindo mais movimentos das pernas para conseguir
retirar o “rabo” do outro. Variações dessa atividade em diferen-
tes etapas: somente um dos praticantes da dupla ataca, e o outro
defende-se; invertem-se as funções: quem atacou anteriormen-
te agora defende, e quem defendeu ataca; os dois participantes
podem defender e atacar ao mesmo tempo, estabelecendo uma
luta corporal (BREDA et al., 2010).

Luta de cobra
Observe a ilustração da luta de cobra na Figura 2 a seguir.

100 © ESPORTES DE LUTAS


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Breda et al. (2010, p. 114).


Figura 2 Ilustração da atividade de luta de cobra.

Na luta de cobra, com os praticantes em duplas, frente a


frente e em posição de flexão de braço (em seis apoios, com os
joelhos no chão), um deve tentar tirar o equilíbrio do outro (Fi-
gura 2), puxando-lhe os braços e tomando cuidado para não cair.
O praticante que tocar o abdômen no chão perde (BREDA et al.,
2010).

Luta de bolas
Veja a ilustração da luta de bolas na Figura 3 a seguir.

Fonte: Breda et al. (2010, p. 115).


Figura 3 Ilustração da atividade de luta de bola.

Na luta de bolas, os praticantes, dispostos em duplas, em


um espaço pequeno delimitado do qual não podem sair, ficam

© ESPORTES DE LUTAS 101


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

sentados um de costas para o outro e com uma bola entre eles


(Figura 3). Essa luta deve ser feita, preferencialmente, no tata-
me ou em colchonetes. Ao sinal do professor, os participantes
disputam a bola: aquele que a pegar primeiro deve mantê-la em
seu poder por 10 segundos, enquanto o outro tenta pegá-la; se
o oponente conquistar a bola, ele tentará manter a sua posse.
Vence a luta o participante que mantiver a bola em sua posse por
10 segundos (BREDA et al., 2010).
Variação: os participantes em pé seguram a bola ao mes-
mo tempo. Ao sinal do professor, disputam a bola e aquele que
a dominar tentará mantê-la por 10 segundos. Durante a luta, os
participantes podem ficar tanto em pé como no chão (BREDA et
al., 2010).

Imóvel
Observe mais uma ilustração na Figura 4 a seguir.

Fonte: Breda et al. (2010, p. 116).


Figura 4 Ilustração da atividade imóvel.

Na atividade imóvel, dois participantes ficam sentados, de


costas um para o outro. Um dos participantes é o atacante e o

102 © ESPORTES DE LUTAS


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

outro, o defensor (Figura 4). Ao sinal, o atacante tenta manter o


defensor com as costas no chão por 5 segundos para vencer a
luta; se ele não fizer isso em 1 minuto, a vitória será do defensor.
A seguir, os papéis são invertidos. Em um terceiro momento, ao
sinal, os dois devem tentar imobilizar um ao outro (BREDA et al.,
2010).

Luta pelo arco


Veja a ilustração da luta pelo arco na Figura 5 a seguir.

Fonte: Breda et al. (2010, p. 119).


Figura 5 Ilustração da atividade de luta pelo arco.

Na luta pelo arco, os alunos ficam dispostos em duplas, em


pé, com um arco entre eles (Figura 5). Nessa estrutura, serão
desenvolvidas as seguintes atividades: um praticante dentro e
outro fora do arco, frente a frente, com as mãos encostadas e
os braços estendidos à frente do corpo, na altura do ombro. O
participante que estiver fora do arco tentará tirar o outro de lá e
tomar o seu lugar; os dois participantes devem permanecer fora

© ESPORTES DE LUTAS 103


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

do arco, frente a frente, um com as mãos no ombro do outro.


Vence quem conseguir entrar no arco com os dois pés e assim
permanecer por 5 segundos; os dois praticantes ficam dentro do
arco, frente a frente, um com as mãos na cintura do outro. Vence
aquele que tirar os dois pés do outro do arco e conseguir mantê-
-lo assim por 5 segundos (BREDA et al., 2010).

Kendo
Observe a Figura 6 a seguir, que ilustra o kendo.

Fonte: Breda et al. (2010, p. 120).


Figura 6 Ilustração da atividade de kendo.

Nesta atividade, os praticantes confeccionam as próprias


espadas, utilizando jornal. Para isto, são necessárias ao menos
quatro folhas duplas de jornal por espada, que deverão ser enro-

104 © ESPORTES DE LUTAS


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

ladas uma a uma, iniciando sempre por uma das pontas da folha
de jornal (BREDA et al., 2010).
Ao final, é utilizada fita crepe para fechar a espada, que
pode ser toda recoberta pela fita para ficar mais firme. Uma das
pontas é dobrada e presa com a fita, para formar a empunhadura
da espada (Figura 6). Em duplas, frente a frente, cada praticante
com a sua espada passa a dar golpes do kendo, que se restrin-
gem a quatro pontos: cabeça (men), tronco (do), punho (kote) e
garganta (tare) (BREDA et al., 2010).
Como a espada é feita de jornal, os golpes tendem a ser se-
guros, sendo importante que se respeitem os pontos de ataque
para evitar acidentes na região dos olhos, por exemplo (BREDA
et al., 2010).

Sumô
Observe a Figura 7 a seguir, que ilustra o sumô.

Fonte: Breda et al. (2010, p. 124).


Figura 7 Ilustração da atividade de sumô.

© ESPORTES DE LUTAS 105


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Para a prática do sumô, deve ser desenhado um círculo


no chão, com cerca de 3 a 5 metros de diâmetro (Figura 7). Os
praticantes, em duplas, posicionam-se no centro, em uma reta
demarcada no chão. Ao sinal, eles realizam um cumprimento a
ser definido pela turma e, a seguir, dão um grito de batalha esco-
lhido individualmente (BREDA et al., 2010).
Após esse “ritual”, o professor inicia a luta: os praticantes
devem ficar com as mãos no ombro um do outro; cada um deles
deve tentar empurrar o outro para fora do círculo. Posteriormen-
te, pode ser inserida a regra de que somente a planta dos pés
pode tocar o tatame e, assim, se um praticante se desequilibrar e
tocar qualquer outra parte do corpo no chão, perderá o combate
(BREDA et al., 2010).

Formas
Veja a Figura 8 a seguir, que ilustra a atividade de formas.

Fonte: Breda et al. (2010, p. 126).


Figura 8 Ilustração da atividade de formas.

Na atividade de formas, inicialmente, a turma é dividida


em grupos com poucos participantes, dispostos em círculos, que
se organizam e elaboram uma sequência de movimentos utili-

106 © ESPORTES DE LUTAS


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

zando golpes apreendidos. O primeiro participante executa um


golpe de ataque ou defesa; o segundo repete o golpe do primeiro
e acrescenta um novo; o terceiro faz os movimentos anteriores
e acrescenta um novo golpe. Ao final, os praticantes apresentam
uma sequência de movimentos, que deverá ser repetida por al-
guns minutos e, depois, mostrada aos demais (Figura 8) (BREDA
et al., 2010).
A seguir, dois grupos juntam-se, formando novo grupo e,
também, nova sequência com a reunião dos golpes. Estes serão
repetidos e apresentados aos demais. Encerrando a atividade,
todos os praticantes formam um único grupo, que transforma
a forma criada por todos em uma única. Esta, por sua vez, rece-
be um nome escolhido pelos participantes. Dessa maneira, eles
ensaiam a nova sequência de golpes e fazem uma apresentação
para o professor (BREDA et al., 2010).
Variação: em vez de cada participante sugerir um movi-
mento, podem ser acrescentados dois, três ou mais elementos,
construindo uma sequência com número maior de movimentos
(BREDA et al., 2010).

Samurais versus ninjas


Observe a Figura 9 a seguir, que traz a ilustração da ativida-
de samurais versus ninjas.

© ESPORTES DE LUTAS 107


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Breda et al. (2010, p. 108).


Figura 9 Ilustração da atividade samurais versus ninjas.

Na atividade samurais versus ninjas, os participantes são


divididos em dois grupos: um, dos ninjas, e outro, dos samurais.
Fica estabelecido um espaço que serve como prisão. Os ninjas
espalham-se pelo espaço e, ao sinal do professor, os samurais
tentam “capturá-los” e levá-los para a prisão (Figura 9). Se um
ninja que estiver livre entrar na prisão e sair de lá, de mãos dadas
com outro companheiro ninja, conseguirá libertá-lo (BREDA et
al., 2010).
O jogo termina quando todos os ninjas forem presos. Um
tempo, também, pode ser estabelecido e, ao final dele, conta-se
o número de ninjas presos e soltos: se a maioria estiver presa, a
vitória será dos samurais; caso contrário, a vitória, dos ninjas. É
importante que sejam feitas duas rodadas do jogo, para que os
papéis de ninja e samurai invertam-se (BREDA et al., 2010).

Com as leituras e os vídeos propostos no Tópico 3. 1.,


você pode conhecer alguns aspectos sobre o ensino de lutas.
Antes de prosseguir para o próximo assunto, realize as leituras
e assista aos vídeos indicados, procurando assimilar o conteú-
do estudado.

108 © ESPORTES DE LUTAS


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

2.2. FUNDAMENTOS DE ARTES MARCIAIS

A saudação
No caso do tae kwon do, os praticantes fazem uma sau-
dação (kyong ye) depois que entram na área de treino (dojang)
como sinal de respeito ao ambiente. Essa saudação (Figura 10),
também, é feita aos instrutores e demais praticantes, em sinal de
respeito antes da instrução/treino.

Como fazer a saudação no tae kwon do

Fonte: Goodman (2000, p. 15).


Figura 10 Saudação do tae kwon do (1).

© ESPORTES DE LUTAS 109


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

De pé, em uma posição relaxada, com os pés afastados na


linha dos ombros e com as mãos atrás das costas (Figura 10),
coloque as mãos alinhadas com o corpo e aproxime os pés, com
os calcanhares e os dedos dos pés ligeiramente afastados (Figura
11) (GOODMAN, 2000).

Fonte: Goodman (2000, p. 15).


Figura 11 Saudação tae kwon do (2).

Faça a saudação, baixando o corpo, aproximadamente, 30


graus, olhando para frente (Figura 12) (GOODMAN, 2000).

110 © ESPORTES DE LUTAS


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Goodman (2000, p. 15).


Figura 12 Saudação tae kwon do (3).

As “formas”
A kata pinan nidan, mostrada a seguir (Figura 13), é uma
das primeiras práticas introduzidas para a graduação de prati-
cantes de um grau baixo, na maior parte das escolas de caratê,
com variação da técnica, dependendo das particularidades do
estilo (GOODMAN, 2000). A kata é uma compilação de técnicas
individuais inseridas em variadas séries, nas quais os pratican-
tes simulam o encontro com um ou mais adversários imaginários
(GOODMAN, 2000).

© ESPORTES DE LUTAS 111


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Como fazer algumas katas do caratê

Fonte: Goodman (2000, p. 38).


Figura 13 Kata caratê (1).

Utilize alguns segundos para concentrar-se no seu adver-


sário imaginário. Mantenha-se com os ombros relaxados e com
as mãos abertas sobre as coxas (Figura 13) (GOODMAN, 2000).
Faça a saudação mantendo o seu olhar em frente, mas evi-
te curvar-se em demasia (Figura 14; Figura 15 – vista lateral da
saudação) (GOODMAN, 2000).

112 © ESPORTES DE LUTAS


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Goodman (2000, p. 38).


Figura 14 Kata caratê (2).

Fonte: Goodman (2000, p. 38).


Figura 15 Kata caratê (3).

© ESPORTES DE LUTAS 113


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Para se preparar para a posição shizentai ("posição natural


de pé"), afaste inicialmente a perna esquerda da direita e, em
seguida, faça um rápido movimento da perna direita, afastando-
-a da esquerda (Figura 16) (GOODMAN, 2000).

Fonte: Goodman (2000, p. 38).


Figura 16 Kata caratê (4).

Mova a perna esquerda para a esquerda e flexione os joe-


lhos. Ao mesmo tempo, mova o braço esquerdo num movimento
circular para a esquerda (como indicado pelas setas), para efe-
tuar a defesa (tetsui otoshi uke) (Figura 17) (GOODMAN, 2000).

114 © ESPORTES DE LUTAS


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Goodman (2000, p. 39).


Figura 17 Kata caratê (5).

Avance com a perna direita, atacando o adversário (jumt-


suki chudan). Para o próximo movimento, ande para trás, giran-
do o corpo 180 graus, seguindo a indicação das setas (Figura 18)
(GOODMAN, 2000).

© ESPORTES DE LUTAS 115


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Goodman (2000, p. 39).


Figura 18 Kata caratê (6).

Tendo realizado a inversão, faça uma posição de defesa


com o braço direito (gedan barai), seguindo a indicação da seta
(Figura 19) (GOODMAN, 2000).

116 © ESPORTES DE LUTAS


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Goodman (2000, p. 39).


Figura 19 Kata caratê (7).

A perna direita é aproximada da esquerda, enquanto é


feito o "punho de martelo" (tetsui otoshi uke) para baixo, em
defesa circular (Figura 20) (GOODMAN, 2000).

© ESPORTES DE LUTAS 117


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Goodman (2000, p. 39).


Figura 20 Kata caratê (8).

Avance com a perna esquerda e ataque o adversário com


um soco. Prepare-se para voltar para a esquerda, tal como
é indicado pela seta, para o movimento seguinte (Figura 21)
(GOODMAN, 2000).

118 © ESPORTES DE LUTAS


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Goodman (2000, p. 40).


Figura 21 Kata caratê (9).

Realizando a inversão para a esquerda, realize a defesa


baixa (gedan barai) (Figura 22) (GOODMAN, 2000).

© ESPORTES DE LUTAS 119


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Goodman (2000, p. 40).


Figura 22 Kata caratê (10).

Avance com a perna direita e execute uma defesa com o


braço direito para a proteção da cabeça (Figura 23) (GOODMAN,
2000).

120 © ESPORTES DE LUTAS


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Goodman (2000, p. 40).


Figura 23 Kata caratê (11).

Avance com a perna esquerda e execute a mesma defesa,


com o braço esquerdo (Figura 24) (GOODMAN, 2000).

© ESPORTES DE LUTAS 121


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Goodman (2000, p. 40).


Figura 24 Kata caratê (12).

Avance pela terceira vez, efetuando a mesma defesa, com


o braço direito e usando o kiai (o grito, como, muitas vezes, é
chamado, é utilizado para enfatizar a defesa e pode causar medo
ou distração do adversário). No próximo movimento, a perna
esquerda seguirá a direção da seta para a esquerda (Figura 25)
(GOODMAN, 2000).

122 © ESPORTES DE LUTAS


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Goodman (2000, p. 40).


Figura 25 Kata caratê (13).

Com a perna esquerda à frente, use a defesa baixa (Figura


26) (GOODMAN, 2000).

© ESPORTES DE LUTAS 123


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Goodman (2000, p. 41).


Figura 26 Kata caratê (14).

Mova a perna esquerda para trás e soque o seu adversário


com a mão direita (Figura 27) (GOODMAN, 2000).

124 © ESPORTES DE LUTAS


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Goodman (2000, p. 41).


Figura 27 Kata caratê (15).

Mova-se para a direita e utilize novamente a defesa baixa.


Para o próximo movimento, a perna esquerda é avançada, como
indica a seta (Figura 28) (GOODMAN, 2000).

© ESPORTES DE LUTAS 125


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Goodman (2000, p. 41).


Figura 28 Kata caratê (16).

Avance com a perna esquerda e soque o seu oponente


com a mão esquerda (Figura 29) (GOODMAN, 2000).

126 © ESPORTES DE LUTAS


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Goodman (2000, p. 41).


Figura 29 Kata caratê (17).

Mova-se 45 graus, no sentido anti-horário, e faça a defesa


baixa. Depois, avance a perna direita e soque (jumtsuki chedan)
o oponente com a mão direita (Figura 30) (GOODMAN, 2000).

© ESPORTES DE LUTAS 127


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Goodman (2000, p. 42).


Figura 30 Kata caratê (18).

Avance novamente para um segundo ataque jumtsuki


chedan, com a perna esquerda à frente (Figura 31) (GOODMAN,
2000).

128 © ESPORTES DE LUTAS


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Goodman (2000, p. 42).


Figura 31 Kata caratê (19).

Avance, na terceira vez, com o pé direito e faça um ataque


jumtsuki chedan, usando o kiai (Figura 32) (GOODMAN, 2000).

© ESPORTES DE LUTAS 129


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Goodman (2000, p. 42).


Figura 32 Kata caratê (20).

Depois, mova a perna esquerda para trás, girando o corpo


no sentido anti-horário. Adote a posição de "gato" (neko ashi
dachi), na qual cerca de 70% do peso do corpo fica apoiado na
perna direita (Figura 33) (GOODMAN, 2000).

130 © ESPORTES DE LUTAS


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Goodman (2000, p. 43).


Figura 33 Kata caratê (21).

Enquanto se move de uma posição para outra, mantenha


a mesma altura do corpo, ou seja, não mova o corpo para cima e
para baixo (Figura 34) (GOODMAN, 2000).

© ESPORTES DE LUTAS 131


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Goodman (2000, p. 43).


Figura 34 Kata caratê (22).

Avance com a perna direita, mantendo a mesma postura,


e estenda o seu braço esquerdo (Figura 35) (GOODMAN, 2000).

132 © ESPORTES DE LUTAS


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Goodman (2000, p. 43).


Figura 35 Kata caratê (23).

Ataque o seu oponente imaginário com a mão direita


aberta (yoko nukite) (Figura 36) (GOODMAN, 2000).

© ESPORTES DE LUTAS 133


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Goodman (2000, p. 44).


Figura 36 Kata caratê (24).

Fique em neko ashi dachi, com a palma da mão direita


acima da esquerda, em preparação de ataque. Avance a perna
direita em preparação para o movimento seguinte, conforme
indicado pela seta (Figura 37) (GOODMAN, 2000).

134 © ESPORTES DE LUTAS


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Goodman (2000, p. 44).


Figura 37 Kata caratê (25).

Gire o corpo em um movimento lento (shiko ashi dachi)


para efetuar o ataque de mão baixa com a mão direita. No mo-
vimento seguinte, avance com a perna esquerda na direção da
seta (Figura 38) (GOODMAN, 2000).

© ESPORTES DE LUTAS 135


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Goodman (2000, p. 44).


Figura 38 Kata caratê (26).

Avance com a perna esquerda em preparação para o


ataque final (Figura 39) (GOODMAN, 2000).

136 © ESPORTES DE LUTAS


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Goodman (2000, p. 45).


Figura 39 Kata caratê (27).

Gire o corpo e ataque com a mão esquerda aberta (yoko


nukite), conforme fez anteriormente. No movimento seguinte, a
perna esquerda recua na direção da seta (Figura 40) (GOODMAN,
2000).

© ESPORTES DE LUTAS 137


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Goodman (2000, p. 45).


Figura 40 Kata caratê (28).

Agora, mova a perna esquerda para trás, a fim de retomar a


posição de prontidão (shizentai) (Figura 41) (GOODMAN, 2000).

138 © ESPORTES DE LUTAS


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Goodman (2000, p. 45).


Figura 41 Kata caratê (29).

Mova o pé esquerdo, seguido pelo direito, com os calca-


nhares juntos (Figura 42) (GOODMAN, 2000).

© ESPORTES DE LUTAS 139


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Goodman (2000, p. 45).


Figura 42 Kata caratê (30).

Faça uma nova saudação, para completar a sequência kata


(Figura 43) (GOODMAN, 2000).

140 © ESPORTES DE LUTAS


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Goodman (2000, p. 45).


Figura 43 Kata caratê (31).

As defesas
É importante estar preparado para o ataque em diferentes
posições. A técnica a seguir, por exemplo, pode ser aplicada con-
tra um ataque com estrangulamento (Figura 44). A intenção do
agressor pode ser a de puxar para trás, e a técnica demonstra a
posição do corpo para minimizar a agressão em preparação para
o ataque (GOODMAN, 2000).

© ESPORTES DE LUTAS 141


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Goodman (2000, p. 117).


Figura 44 Defesa do jiu-jítsu (1).

Quando for agarrado pelo pescoço, flexione os joelhos,


adotando uma posição de “montaria”. Gire o corpo para a direita
e, com a mão aberta, defenda a área da cabeça. Feche os dedos
da mão direita, em preparação para o ataque (Figura 45) (GOO-
DMAN, 2000).

142 © ESPORTES DE LUTAS


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Goodman (2000, p. 117).


Figura 45 Defesa do jiu-jítsu (2).

Ataque o agressor com um soco “martelo” (Figura 46)


(GOODMAN, 2000).

© ESPORTES DE LUTAS 143


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Goodman (2000, p. 117).


Figura 46 Defesa jiu-jítsu (3).

Os lançamentos/projeções
As técnicas de lançamento formam a base do judô e buscam
desestabilizar o ponto de equilíbrio do oponente. As técnicas

144 © ESPORTES DE LUTAS


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

conseguintes são feitas por meio de agarramentos (GOODMAN,


2000).

Tai-otoshi
De pé e em frente a seu oponente, agarre-o com as mãos
direita e esquerda (Figura 47) (GOODMAN, 2000).

Fonte: Goodman (2000, p. 138).


Figura 47 Judô: tai-otoshi (1).

Avance com a perna direita, virando o ombro direito


em direção ao seu oponente. Agarre-se bem à roupa de seu

© ESPORTES DE LUTAS 145


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

adversário, em preparação para a técnica de lançamento (Figura


48) (GOODMAN, 2000).

Fonte: Goodman (2000, p. 138).


Figura 48 Judô: tai-otoshi (2).

Flexione os joelhos, para manter uma boa postura e


equilíbrio, e use o seu corpo para projetar o seu oponente ao
solo (Figura 49) (GOODMAN, 2000).

146 © ESPORTES DE LUTAS


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Goodman (2000, p. 138).


Figura 49 Judô: tai-otoshi (3).

Ko-uchi gari
O seu braço esquerdo é agarrado acima do cotovelo pelo
seu oponente (Figura 50) (GOODMAN, 2000).

© ESPORTES DE LUTAS 147


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Goodman (2000, p. 138).


Figura 50 Judô: ko-uchi gari (1).

Aproxime-se e enganche-se na parte interior da perna


direita do seu oponente e projete-o para trás e para baixo (Figura
51) (GOODMAN, 2000).

148 © ESPORTES DE LUTAS


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Goodman (2000, p. 138).


Figura 51 Judô: ko-uchi gari (2).

O seu oponente será atirado para o chão (Figura 52)


(GOODMAN, 2000).

© ESPORTES DE LUTAS 149


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Goodman (2000, p. 138).


Figura 52 Judô: ko-uchi gari (3).

Ashi waza
A ashi waza é uma técnica de “varrimento”, na qual
o objetivo é acertar a parte de baixo da perna ou do pé do
oponente, usando o interior do seu pé em um movimento de
fora para dentro. Ao mesmo tempo, é importante que agarre a
roupa de seu adversário (Figura 53) (GOODMAN, 2000).

150 © ESPORTES DE LUTAS


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Fonte: Goodman (2000, p. 138).


Figura 53 Judô: ashi waza.

Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas


no Tópico 4, você deve assistir aos vídeos e fazer a leitura pro-
posta no Tópico 3. 2., para conhecer alguns fundamentos das
artes marciais.

© ESPORTES DE LUTAS 151


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Vídeo complementar ––––––––––––––––––––––––––––––––


Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.
• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula,
localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso
(Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar).
Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos.
• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos” e selecione:
Esportes de Lutas – Vídeos Complementares – Complementar 3.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR


O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição
necessária e indispensável para você compreender integralmen-
te os conteúdos apresentados nesta unidade.

3.1. ENSINO DE LUTAS

No site Brincadeira de Angola (2015a), o método que leva


o mesmo nome é apresentado como uma abordagem pedagógi-
co-filosófica baseada no potencial educacional da capoeira. No
mesmo site, ainda é possível assistir a vídeos explicativos sobre
os seus quatro princípios fundamentais, ou seja: naturalidade;
criatividade; cooperatividade; historicidade (BRINCADEIRA DE
ANGOLA 2015b; 2015c; 2015d; 2015e).
Os referidos vídeos podem ser vistos nos links a seguir:
• BRINCADEIRA DE ANGOLA. Apresentação. Disponível
em: <http://www.brincadeiradeangola.com.
br/2011/08/apresentacao/>. Acesso em: 7 out. 2015a.

152 © ESPORTES DE LUTAS


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

• ______. Naturalidade. Disponível em: <http://www.


brincadeiradeangola.com.br/2011/08/naturalidade/>.
Acesso em: 7 out. 2015b.
• ______. Criatividade. Disponível em: <http://www.
brincadeiradeangola.com.br/2011/08/criatividade/>.
Acesso em: 7 out. 2015c.
• ______. Cooperatividade. Disponível em: <http://
w w w. b r i n c a d e i ra d e a n g o l a . c o m . b r / 2 0 1 1 / 0 8 /
cooperatividade/>. Acesso em: 7 out. 2015d.
• ______. Historicidade. Disponível em: <http://www.
brincadeiradeangola.com.br/2011/08/historicidade/>.
Acesso em: 7 out. 2015e.
Na página sobre lutas, inserida no site da Secretaria da
Educação do Estado do Paraná (2015), estão disponibilizados em
textos os aspectos históricos, filosóficos e as características das
diferentes manifestações das lutas, assim como alguns de seus
movimentos. Para estudá-los, acesse o link a seguir.
• SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ.
Lutas. Disponível em: <http://www.educacaofisica.
s e e d . p r. go v. b r / m o d u l e s /co nte u d o /co nte u d o .
php?conteudo=177>. Acesso em: 7 out. 2015.
No artigo de Ruffoni e Motta (2006), são apresentadas re-
flexões sobre a prática das lutas na infância, além dos princípios
pedagógicos que devem fazer parte da formação dos profissio-
nais de Educação Física, no que diz respeito ao ensino das lutas:
• RUFFONI, R.; MOTTA, A.: Lutas na infância: uma reflexão
pedagógica. 2006. Disponível em: <http://media.wix.
com/ugd/b20397_9612cffc2fcc4349aeb27bfeca98f
ee9.pdf>. Acesso em: 7 out. 2015.

© ESPORTES DE LUTAS 153


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Na tese Procedimentos pedagógicos para o ensino das lu-


tas: contextos e possibilidades, Gomes (2008) propõe novos pro-
cedimentos pedagógicos acerca do ensino das lutas. Esta autora
acredita que, com base no método proposto, pode ser iniciado
o ensino das lutas com ênfase nas "razões do fazer", significan-
do ainda o aprendizado e permitindo que ele seja explorado nos
diversos contextos (clubes, academias, escolas) e pelos diferen-
tes personagens (crianças, jovens, adultos, idosos, pessoas com
deficiência).
A referida tese está disponível no link a seguir.
• GOMES, M. S. P. Procedimentos pedagógicos para
o ensino das lutas: contextos e possibilidades.
2008. 139f. Dissertação (Mestrado em Educação
Física) – Faculdade de Educação Física. Universidade
Estadual de Campinas, Campinas, 2008. Disponível
em: <http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/
document/?code=000436101>. Acesso em: 7 out. 2015.
No texto Aspectos metodológicos aplicados ao ensino do
judô para crianças, Gondim (2012) aborda que o judô há déca-
das é ensinado com base em um modelo hegemônico tradicio-
nal. Além disso, este autor evidencia novas propostas que foca-
lizam o praticante e o processo de ensino e aprendizagem mais
pedagógico, propondo reflexões em defesa de novas diretrizes
quanto ao ensino da modalidade, principalmente para crianças.
Essas reflexões podem ser vistas no link a seguir:
• GONDIM, D. F. Aspectos metodológicos aplicados ao
ensino do judô para crianças. Pernambuco: ESEF-
UPE, 2012. Disponível em: <http://www.lnj.com.br/
monografia_denis_2012pdf.pdf>. Acesso em: 7 out.
2015.

154 © ESPORTES DE LUTAS


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

3.2. FUNDAMENTOS DE ARTES MARCIAIS

Nos vídeos do World Karate Federation – WKF (2015a;


2015b), há duas demonstrações de kata realizadas pelas equipes
do Japão e da Itália.
Os vídeos estão disponíveis nos links a seguir:
• WORLD KARATE FEDERATION – WKF. Karate Male Team
Kata Final: Japan vs. Italy – WKF World Championships
Belgrade 2010 (1/2). Disponível em: <http://www.
youtube.com/watch?v=AR9RvxFUn0c Jud>. Acesso em:
7 out. 2015a.
• ______. Karate Male Team Kata Final: Japan vs. Italy
– WKF World Championships Belgrade 2010 (2/2).
Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=_
pwdixReIZ4>. Acesso em: 7 out. 2015b.
No Manual ilustrado de kendo (ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA
DE KENDO, 2015), você encontra informações sobre a história,
a etiqueta, o comportamento, o equipamento e o treinamento
desta modalidade.
Para ler o manual, acesse o link a seguir:
• ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE KENDO. Manual
ilustrado de kendo. Disponível em: <http://www.
kendopiratininga.com.br/down/manual2.pdf>. Acesso
em: 7 out. 2015.

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em

© ESPORTES DE LUTAS 155


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteú-


dos estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Os jogos de lutas (luta de rabos; luta de cobra; luta de bolas; imóvel;
luta pelo arco; kendo; sumô; formas; samurais versus ninjas) podem
ser boas opções para o desenvolvimento do conteúdo lutas. Em quais
situações do contexto profissional de Educação Física, você proporia
tais jogos? Quais objetivos estaria buscando com as suas práticas?
2) Baseando-se nos jogos de lutas descritos nesta unidade, como
desenvolveria uma aula com 2 horas de duração, em um projeto
de iniciação esportiva, direcionado a crianças e adolescentes,
envolvendo as lutas?
3) Com base nos exemplos de fundamentos de artes marciais
apresentados nesta unidade (saudação do tae kwon do; kata (formas)
do caratê; defesa do jiu-jítsu e projeções do judô), como você os
utilizaria em sua prática profissional? A utilização dos fundamentos
se restringiria às suas reproduções?
4) As duas experiências de Breda (2010a; 2010b), certamente, fizeram
com que você refletisse sobre o ensino das lutas. Quais foram as
reflexões proporcionadas pela crítica às situações compartilhadas
pelo autor? De que forma os trechos “era então inimaginável os
alunos correrem e dar gargalhadas durante as aulas” e “não precisam
de ‘esmolas’ e, sim, de resultados” podem ser interpretados?
5) De acordo com De Rose Jr. (2009), quais os aspectos favoráveis à
inserção de crianças e adolescentes nos esportes? Tais aspectos
podem ser ampliados aos esportes de lutas?
As questões 6, 7 e 8 estão relacionadas com o artigo “Epidemiologia, ati-
vidade física e saúde”, de Francisco José Gondim Pitanga (PITANGA, 2002).
[...] Mais tarde, a partir dos anos 1970, influenciado pelo sucesso de algu-
mas equipes desportivas no exterior, surge a tendência esportiva na Edu-
cação Física, em que o pressuposto básico era formar equipes desportivas
competitivas [...] (PITANGA, 2002, p. 51).

156 © ESPORTES DE LUTAS


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

6) De acordo com essa informação, pode-se dizer que as lutas:


a) foram influenciadas pela esportivização das atividades físicas.
b) são atividades físicas diversificadas.
c) desenvolvem a sociabilização.
d) colaboram para a promoção da saúde.
e) nenhuma das alternativas está correta.
[...] Atualmente, atividade física pode ser entendida como qualquer movi-
mento corporal, produzido pela musculatura esquelética, que resulta em
gasto energético, tendo componentes e determinantes de ordem biop-
sicossocial, cultural e comportamental, podendo ser exemplificada por
jogos, lutas, danças, esportes, exercícios físicos, atividades laborais e des-
locamentos [...] (PITANGA, 2002, p. 51).

7) Com a compreensão desse trecho, relacionado à formação em Educação


Física, a única afirmação correta é:
a) As lutas não devem ser pensadas em seu aspecto biopsicossocial.
b) As lutas devem ser pensadas exclusivamente em seu aspecto cultural.
c) As lutas não devem ser pensadas somente em seu aspecto técnico.
d) As lutas não devem ser pensadas em seu aspecto comportamental.
e) As lutas devem ser pensadas exclusivamente em seu aspecto biopsi-
cossocial e comportamental.

8) Se “Saúde se identifica como uma multiplicidade de aspectos do com-


portamento humano voltados a um estado de completo bem-estar físico,
mental e social” (PITANGA, 2002, p. 51), as atividades relacionadas às lu-
tas deveriam:
I. enfatizar todos os aspectos do comportamento humano.
II. ignorar todos os aspectos, afinal, não têm relação com a promoção
da saúde.
III. concentrar-se em apenas um dos aspectos, para que se possa
desenvolver um trabalho efetivo.
Indique a alternativa correta:
a) Apenas a afirmação I está correta.
b) Apenas a afirmação II está correta.

© ESPORTES DE LUTAS 157


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

c) Apenas a afirmação III está correta.


d) Apenas as afirmações I e II estão corretas.
e) As afirmações I, II e III estão corretas.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Finalizando Esportes de Lutas, devemos retomar as refle-
xões sobre o ensino das lutas no contexto do profissional de Edu-
cação Física.
Para tanto, apresentamos um trecho do artigo “Pedagogia
do esporte e das lutas: em busca de aproximações”:

Pedagogia do esporte e das lutas: em busca de


aproximações––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
[...] Uma abordagem reducionista, centrada em uma prática pedagógica
instrumental que priorize a repetição de gestos técnicos e que não considera
as subjetividades individuais e as relações e interações existentes entre
todos os agentes constituintes dos processos de ensino e aprendizagem,
não permite que sejam empregados sentidos que os levem a atingir atitudes
críticas e criativas.
Por outro lado, não se deve incriminar e julgar determinadas práticas
relacionadas a estas manifestações centradas em outro prisma histórico.
Pode-se, por outro lado, ressignificá-las, transformá-las e até mesmo mantê-
las, porém considerando suas intencionalidades e particularidades. Estar
“aberta” às críticas, às sugestões e às mudanças condizentes com a realidade
contemporânea não deve ser visto como prejudicial à prática pedagógica das
lutas corporais e sim como uma forma de permitir que esta prática transcenda
ao nível mecânico e se arroje para formas criativas e significativas de vivenciar
os movimentos tão peculiares que as constituem, possibilitando que ocorra a
realização de experiências significativas. Experiência que significa dar seus
próprios sentidos às ações, tornando-as parte de si.
A indagação que precisa então ser considerada para que se compreendam
os motivos de se ensinar as lutas corporais é: visa-se o que com o ensino das
lutas corporais? Visa-se formar atletas? Repetidores de gestos e ideologias?
Seres conformados com a realidade social? Ou seres críticos e emancipados?

158 © ESPORTES DE LUTAS


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

Se o objetivo do ensino for basear-se numa concepção crítica e criativa, é


preciso ressignificar a prática pedagógica destes conteúdos, não com um olhar
depreciador a outras culturas, mas sim com um olhar de alteridade que busque
a compreensão e a união de práticas igualmente ricas e importantes.
Não existe uma prática pedagógica única para se ensinar as lutas corporais.
Há na verdade algumas diretrizes que precisam fazer parte dos processos
de ensino e aprendizagem dessas modalidades, caso objetive-se atingir
atitudes críticas e criativas. A única forma de realizar isso é realmente buscar o
equilíbrio entre tradição e modernidade, entre prática transformadora e formas
culturalmente presentes, nas quais ambas se completem e se enriqueçam
de aprendizagens significativas e não se desvalorizem ou tentem excluir as
potencialidades da outra.
É possível que tradição e modernidade andem juntas, contanto que elas
aceitem “dialogar” entre si. Enquanto houver formas inquestionáveis de ação
e práticas cristalizadas pela ótica da autoridade e da disciplina excessiva que
não permita sequer serem criticadas, a prática pedagógica das lutas corporais
vai ser sempre deficiente, pois impedirá que haja justamente o que consente a
uma prática transformar-se em algo importante, ou seja, a discussão, a criação
e a vivência que promovam experiências significativas [...] (RUFINO; DARIDO,
2012, p. 296).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Breda (2010a), também, contribui para as reflexões sobre
o ensino das lutas, quando nos conta a sua experiência em minis-
trar um seminário de técnicas e táticas de caratê, no México, em
2005. Nesse evento, o autor se deparou com uma turma somen-
te de crianças, propondo:
[...] uma aula com bexigas, pega-pega, morto-vivo em japonês,
pega-rabo, entre outros, em que os alunos pudessem trabalhar
diversas capacidades como coordenação, lateralidade, tempo
de reação, cooperação etc. [...] (BREDA, 2010a, p. 130).

Sobre as atividades desenvolvidas, Breda (2010a) considera


que:
[...] Embora tenha trabalhado técnicas de competição com
mais ou menos seiscentos atletas, a grande sensação do se-
minário foi justamente a aula infantil, que reuniu cerca de
duzentas crianças, sendo destaque na imprensa local. Para os

© ESPORTES DE LUTAS 159


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

professores, era então inimaginável os alunos correrem e dar


gargalhadas durante as aulas. A aula foi repetida no seminário
para os adultos e, por incrível que possa parecer, todos se sen-
tiram muito à vontade e se divertiram até mais que as crianças.
Ao término do seminário (de três dias), os professores diziam
que os resultados já apareciam, tendo uma maior procura por
parte de amigos dos que já treinavam. Ao mesmo tempo, era
observado que todos os professores necessitavam de muito
mais conhecimento para poder variar o que foi apresentado.
Durante os poucos dias em que fiquei no México, observei que
nesse país as aulas de caratê são ainda mais tradicionais do que
no Brasil. Os professores fazem um ótimo trabalho, porém, as
aulas ainda são subjugadas aos objetivos das competições [...]
(BREDA, 2010a, p. 130).

Em outra experiência, Breda (2010b) ainda pondera que,


no contexto de um campeonato, sempre há um vencedor e um
vencido, mas que não podemos utilizar os mesmos mecanismos
de competição para crianças e adultos.
[...] Nas competições infantis (dos cinco anos ou menos aos dez
anos), usamos o método do festival, em que não importa quem
tem a melhor técnica, quem ataca mais durante a luta, ambos
são orientados [...] para que se contenham [...] e "brinquem" da
mesma forma como fazem no dojo. No nosso método de ensi-
no das lutas, os alunos realizam diversas atividades [...] sempre
visando ao desenvolvimento da criança, nunca à agressão [...]
(BREDA, 2010b, p. 146).

Contudo, Breda (2010b) apresenta o que ocorreu em 2006,


na realização de um campeonato de caratê, classificando como
fato curioso:
[...] fui o responsável pelas competições infantis. Aceitei com
uma única condição: todos os competidores iriam "lutar" por
no mínimo duas vezes cada um [...] e não seria permitida a
presença do técnico (professor que orienta o atleta). [...] Ao
início da competição, reuni todos os professores e expliquei

160 © ESPORTES DE LUTAS


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

as regras especiais para aquela categoria. Ao que parecia tudo


certo, demos início, porém os professores não se continham e
começavam a gritar, dando incentivo aos seus alunos, e eu era
obrigado a interromper a "luta" para conversar com os técnicos.
Inicialmente me pareceu que teria trabalho com os professo-
res, porém, ao passo que se desenrolava a competição, estes
passaram a entender, mas, infelizmente, nem todos os pais dos
competidores entenderam. Nessa categoria, todos os inscritos
lutam entre si, e, desse modo, um aluno de dez anos pode lu-
tar com um de quatro, porém todos recebem premiações de
troféus ou medalhas [...] As crianças saíam radiantes com suas
medalhas, algumas sendo premiadas pela primeira vez em suas
vidas; mas uma mãe, ao ver o seu filho recebendo a medalha
de participação do evento, quis devolvê-la, alegando que não
precisam de "esmolas" e, sim, de resultados. Lembrei-me da
palavra processo e de como este pode ser longo [...] (BREDA,
2010b, p. 146-147)

Com relação a esse assunto, alguns questionamentos


devem ser feitos:
• É essa a lógica que o profissional de Educação Física
deve auxiliar a construir?
• As lutas precisam, realmente, adotar o lado negativo do
desenvolvimento dos esportes?
Especificamente, sobre a inserção da criança e do
adolescente no esporte, De Rose Jr. (2009) indica como aspectos
favoráveis e desfavoráveis:
[...] Aspectos favoráveis: início espontâneo; prática de várias
experiências motoras; poder escolher a modalidade; ter a opor-
tunidade de jogar; jogar de acordo com suas competências; po-
der divertir-se e desfrutar da atividade; vencer se possível.
Aspectos desfavoráveis: início induzido e/ou antecipado; prá-
tica de gestos específicos; ser imposta uma modalidade; ter de
jogar; ter de jogar bem; assumir um compromisso e responsa-

© ESPORTES DE LUTAS 161


UNIDADE 3 – ENSINANDO LUTAS

bilidades; vencer sempre e a qualquer custo [...] (DE ROSE JR.,


2009, p. 112).

Diante disso, lembramos que a proposta é de que os


esportes de lutas sejam utilizados na prática profissional em
Educação Física, porém, que sejam escolhidos os aspectos
favoráveis de tal manifestação histórico-cultural!

6. E-REFERÊNCIA

Site pesquisado
PITANGA, F. J. G. Epidemiologia, atividade física e saúde. Revista Brasileira de
Ciência e Movimento, Brasília, v. 10, n. 3, p. 49-54, jul. 2002. Disponível em: <http://
portalrevistas.ucb.br/index.php/RBCM/article/view/463/489>. Acesso em: 9 out.
2015.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BREDA, M. et al. Pedagogia do esporte aplicada às lutas. São Paulo: Phorte Editora,
2010.
BREDA, M. No tatame: uma experiência internacional. In: BREDA, M. et al. Pedagogia
do esporte aplicada às lutas. São Paulo: Phorte Editora, 2010a. p. 130.
______. No tatame: as frustrações como parte do processo. In: BREDA, M. et
al. Pedagogia do esporte aplicada às lutas. São Paulo: Phorte Editora, 2010b. p.
145-147GOODMAN. F. Manual prático de artes marciais: um guia passo a passo das
mais conhecidas artes marciais. Tradução de C. Anacleto. Lisboa: Editorial Estampa,
2000.
DE ROSE JR., D. Esporte, competição e estresse: implicações na infância e na
adolescência. In: DE ROSE JR., D. et al. (Orgs.). Esporte e atividade física na infância e
na adolescência: uma abordagem multidisciplinar. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.
p. 103-114.
RUFINO, L. G. B.; DARIDO, S. C. Pedagogia do esporte e das lutas: em busca de
aproximações. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 26, n. 2, p.
283-300, abr./jun. 2012.

162 © ESPORTES DE LUTAS

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