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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO SUL DE

MINAS GERAIS-CAMPUS MUZAMBINHO

CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS INTEGRADO AO ENSINO MÉDIO

ANA ELISA PEREIRA ANTÔNIO


ANA LUIZA BAQUIÃO VIDIGAL
GABRIELA DE OLIVEIRA
LÍVIA SILVA VILLAS BÔAS
TAYSSA MORAIS SILVA

CAMPYLOBACTER JEJUNI

MUZAMBINHO – MG
2022
ANA ELISA PEREIRA ANTÔNIO
ANA LUIZA BAQUIÃO VIDIGAL
GABRIELA DE OLIVEIRA
LÍVIA SILVA VILLAS BÔAS
TAYSSA MORAIS SILVA

CAMPYLOBACTER JEJUNI

Seminário apresentado ao curso Técnico


em Alimentos Integrado ao Ensino Médio,
como parte da disciplina de Microbiologia
de Alimentos.
Professora: Alessandra de Lima Santos
Sandi.

MUZAMBINHO – MG
2022
Sumário

1. INTRODUÇÃO……………………………………………………………………………………..4
1.1 Temperatura…………………………………………………………………………………..4
1.2 pH……………………………………………………………………………………………...4
1.3 Morfologia……………………………………………………………………………………. 4
1.4 Fisiologia……………………………………………………………………………………... 4

2. TIPOS DE TOXINA QUE PRODUZ O MICRORGANISMOS………………………………...5

3. PERÍODO DE INCUBAÇÃO…………………………………………………………………….. 6

4. SINTOMAS………………………………………………………………………………………… 6

5. TRATAMENTO…………………………………………………………………………….………7

6. ALIMENTOS ASSOCIADOS……………………………………………………………………. 7

7. MEDIDAS DE CONTROLE……………………………………………………………………… 8

8. CASOS NOTIFICADOS………………………………………………………………………….. 9

9. CONCLUSÃO……………………………………………………………………………………... 9

REFERÊNCIAS…………………………………………………………………………………….. 10
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1. INTRODUÇÃO

Campylobacter jejuni é a espécie bacteriana mais comumente relacionada


como causa de gastroenterite em humanos em vários países. Porém, o isolamento
e o estudo de C. jejuni não são muito frequentes no Brasil, o que dificulta avaliar a
dimensão dessa bactéria como causadora de doenças em humanos e animais, bem
como, determinar o impacto de sua presença em alimentos e no meio-ambiente.

1.1 Temperatura

C. jejuni consegue crescer em ambientes com temperaturas entre 32 e 45°C e


têm uma temperatura óptima de crescimento (temperatura à qual a taxa específica
de crescimento é máxima) entre 42 e 43°C.

1.2 pH

C. jejuni consegue crescer ambientes com valores de pH entre 4,9 e 9,0 e


apresenta uma taxa específica de crescimento máxima em ambientes com valores
de pH entre 6,5 e 7,5 (pH óptimo).

1.3 Morfologia

C. jejuni é uma bactéria Gram-negativa pertencente à família


Campylobacteraceae. As células têm a forma de bastonetes curvos, em espiral ou
em S. Em condições de estresse ou em culturas envelhecidas podem apresentar
morfologia cocos. As células têm um ou mais flagelos polares o que lhes confere
uma mobilidade característica em ziguezague.

1.4 Fisiologia

As espécies de Campylobacter são microaerofílicas proliferando melhor em


baixas concentrações de oxigênio.
Estas bactérias não utilizam carboidratos como fonte de energia, oxidando
aminoácidos e ácidos orgânicos.
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Algumas espécies do gênero Campylobacter são termotolerantes, proliferando


de 37º C a 42º C, sendo incapazes de proliferação abaixo de 30º C.
As células de Campylobacter são sensíveis à elevação da concentração salina
acima de 2%.

2. TIPOS DE TOXINA QUE PRODUZ O MICRORGANISMOS

Embora a invasão de Campylobacter spp. seja suficiente para causar doença, a


produção de toxinas contribui no processo de campilobacteriose (KETLEY, 1997),já
que vários são os efeitos citopáticos observados nas enterites que não ocorreriam
apenas com a invasão bacteriana (VAN VLIET & KETLEY, 2001).
Campylobacter jejuni pode produzir tanto enterotoxinas quanto citotoxinas, com
a possibilidade de se produzirem estes dois tipos simultaneamente (KETLEY, 1997).
C. jejuni sintetiza, entre outras, a toxina citoletal distensiva (CDT), três são os
genes responsáveis pela codificação desta toxina, cdtA, cdtB e cdtC, sendo que
para garantir a máxima expressão desta característica, por tanto, a máxima
atividade da toxina os três devem ser codificados (ASAKURA et al, 2007).
A proteína do cdt é transportada com o auxílio das proteínas expressas pela
codificação dos genes cdtA e o cdtC, além disso são responsáveis pela
interiorização da CDTB na célula do hospedeiro. Dentro da célula, esta proteína irá
potencializar o bloqueio do ciclo celular, pois exibe uma atividade semelhante à
DNAse, o que resulta na degradação do DNA.
Por fim, as células do hospedeiro respondem à degradação (SMITH; BAYLES,
2006), bloqueando certas fases na divisão celular, o que resulta na distensão
citoplasmática ocorrendo à morte celular (ABUOUN et al., 2005).
A atividade da CDT pode ser ligeiramente diferenciada, o que irá depender da
linhagem celular que foi afetada. O mecanismo patogênico relacionado à CDT age
inibindo a imunidade humoral e celular, por meio da apoptose de células de resposta
imune, podendo ocasionar necrose do epitélio celular e fibroblastos que estão
envolvidos na reparação das lesões ocasionadas por patógenos, o que resulta em
lenta cicatrização e manifestação dos sintomas da doença (SMITH & BAYLES, 2006).
Portanto, o desenvolvimento de diarreias se deve pelas mudanças ocorridas
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na divisão e na diferenciação das células das criptas intestinais (PARK, 2002). As


enterotoxinas são proteínas secretadas com a capacidade de se ligar a um receptor
celular, entrar na célula e elevar o AMP cíclico.
Os tipos de enterotoxinas são: toxina cólera-like (CTL) e toxina Escherichia coli
termo-lábil (LT). As enterotoxinas se ligam ao receptor celular e é então
transportado para o interior da célula do hospedeiro, após a ativação proteolítica,
desregula a adenil ciclase, o que leva ao aumento dos níveis do AMPc e da
secreção celular, resultando em diarreia aquosa (WASSENAAR, 1997).

3. PERÍODO DE INCUBAÇÃO

A Campylobacter jejuni tem uma dose bastante infectante, entre 500 e 10.000
organismos e, após um período de incubação de 1 a 7 dias, a campilobacteriose
resultante em humanos geralmente envolve uma doença gastrointestinal
autolimitada com duração de até 7 dias; reincidências não são incomuns pois 25%
dos casos ocorrem ( Pebody et al. 1997 ; Altekruse et al. , 1998 ).

4. SINTOMAS

Os sintomas costumam surgir de 2 a 7 dias após a ingestão do alimento que


esteja contaminado (a dose infecciosa é baixa, provavelmente inferior a 500
microrganismos) e os sintomas mais comuns são dores abdominais, febre, diarreia
abundante de fezes aquosas ou mucosas e sanguinolentas e, em alguns casos,
vômitos. A diarreia persiste durante cerca de uma semana, embora o organismo
seja excretado nas fezes durante duas a três semanas.

A campilobacteriose é normalmente favorável em relação a evolução clínica,


embora a associação com o aparecimento de casos de artrite reactiva e de
síndroma de Guillain-Barré (doença auto-imune que se manifesta por uma
polineuropatia inflamatória aguda progressiva caracterizada por debilidade muscular
que, por vezes, conduz à paralisia) seja conhecida. O grupo de risco são as
crianças com idade inferior a 5 anos e os jovens entre 15 e 29 anos, são os grupos
mais atingidos. Campylobacters infecções também estão associadas a
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complicações pós-infecciosas, incluindo artrite, síndrome de Reiter e síndrome de


Guillain-Barré ( Altekruse et al. 1998 ; Thomas et al. 1999 ; Hong et al. 2004 ).

5. TRATAMENTO

Pessoas com febre alta, diarreia grave ou com sangue ou apresentando piora
dos sintomas podem precisar tomar azitromicina durante 3 dias pela boca. O
ciprofloxacino é uma alternativa, mas é usado com cautela, pois a resistência a este
antibiótico está aumentando.
Se a corrente sanguínea ou outros órgãos estiverem infectados, necessários
antibióticos como imipenem ou gentamicina por duas a quatro semanas. Os
antibióticos usados inicialmente podem ser ajustados dependendo dos resultados
dos testes de suscetibilidade.
O tratamento com antibióticos é recomendado somente para as formas mais
severas, sendo dispensado nos casos brandos. As espécies C. jejuni e C. coli são
sensíveis a uma variedade de agentes antimicrobianos, inclusive macrolídeos,
fluoroquinolonas, aminoglicosídeos, cloranfenicol e tetraciclina. A eritromicina tem
sido a droga de escolha para o tratamento de C. jejuni nas infecções do trato
gastrointestinal e a ciprofloxacina é uma boa droga alternativa. A terapia inicial das
infecções por Campylobacter com eritromicina ou ciprofloxacina é efetiva na
eliminação do organismo pelas fezes e pode também reduzir a duração dos
sintomas associados à infecção (BLAZER, 1995).

6. ALIMENTOS ASSOCIADOS

Dados os seus requisitos especiais de atmosfera e de temperatura,


Campylobacter spp. normalmente não cresce em alimentos. No entanto, em muitos
países é o principal responsável por gastroenterites bacterianas.
A maioria dos casos de campilobacteriose é esporádica e não está associada a
grandes surtos, o que dificulta a identificação dos veículos de transmissão. O leite
cru ou inadequadamente pasteurizado, as aves mal cozinhadas e a água não
tratada têm sido os principais alimentos associados aos surtos documentados.
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Campylobacter é um organismo zoonótico (provoca doenças em animais que


podem ser transmitidas a humanos) encontrado no tracto intestinal de vários
animais. As aves são referidas de forma particular como reservatório do organismo
pelo que são consideradas uma das principais causas de campilobacteriose quer
pelo seu consumo (mal cozinhadas) ou como fonte de contaminação cruzada de
outros alimentos prontos a consumir como, por exemplo, as saladas. A
contaminação cruzada durante o processamento de aves resulta numa incidência
de Campylobacter em carcaças superior a 60%.
A contaminação do leite pode ocorrer por contaminação fecal durante a
ordenha ou ainda por recolha de leite de vacas mastíticas. Campylobacter não
sobrevive à pasteurização, pelo que as infecções atribuídas ao consumo de leite
são resultantes do consumo de leite cru ou de leite contaminado após a
pasteurização.
A contaminação da água por Campylobacter, associada a falhas nos sistemas
de desinfecção, tem estado na origem de alguns surtos.

7. MEDIDAS DE CONTROLE

As medidas de controle estão diretamente relacionadas com a forma de


infecção, uma vez que podem ser evitadas. A separação de operações (áreas sujas
e limpas) e boas práticas de processamento de alimentos contribuem para a
minimização das contaminações.
Além disso, tratamentos químicos e físicos têm sido empregados no
processamento tecnológico para o controle microbiológico. A sanitização de carnes
de aves, por exemplo, pode ser realizada utilizando-se cloro, ácido acético e ácido
lático.
A radiação ionizante com aplicação de dose de 3.0 kGy tem sido proposta para
o controle desse patógeno nas carcaças de frango.
Embora a aplicação de boas práticas de produção e processamento minimize a
contaminação de carcaças de frangos, a educação e a conscientização para a
manipulação correta destes produtos são de fundamental importância no controle e
na prevenção de doenças causadas por esse patógeno.
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8. CASOS NOTIFICADOS

No Brasil, entre os anos de 2000 e 2014 foram notificados 9.928 surtos de


doenças transmitidas por alimentos (DTA), com 195.753 pessoas afetadas. Em
45,66% destes surtos, o alimento relacionado não foi investigado. Alimentos de
origem cárnea, tanto bovina, suína e aves, estão relacionados em 8,72% dos casos
notificados. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014).

9. CONCLUSÃO

O escopo deste artigo refere-se à espécie Campylobacter jejuni, que vem


emergindo como um patógeno com grande força em todo o mundo. Causa mais de
dois milhões de infecções anualmente nos Estados Unidos e é considerada a causa
do maior número de infecções transmitidas por alimentos no Reino Unido. É a causa
bacteriana mais comum de gastroenterite no mundo. Embora o Campylobacter não
seja percebido pelo público como um risco iminente, a realidade indica que é
importante do ponto de vista da saúde pública.
É uma zoonose porque é transmitida de animais para humanos diretamente ou
por meio de alimentos contaminados. Os principais vetores alimentares da doença
(Campilobacteriose) são a carne de frango crua ou mal passada (frango e peru,
entre outros), leite cru não pasteurizado e água não clorada contaminada. É um
residente normal do intestino de aves e bovinos, embora também tenham sido
descritos casos em porcos e alguns crustáceos. Nos países em desenvolvimento,
afeta mais de 220 milhões de crianças menores de cinco anos anualmente. Também
animais de estimação, como cães infectados, podem transmitir a infecção por
contato, especialmente em crianças. Protocolos de biossegurança muito rígidos
estão sendo trabalhados em granjas avícolas no Reino Unido, a fim de evitar a
contaminação das aves por trabalhadores ou visitantes que possam carregar a
bactéria em suas roupas ou calçados.
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REFERÊNCIAS
NEOPROSPECTA. Campylobacter: fontes de contaminação e controle microbiológico.
Disponível em:
<https://blog.neoprospecta.com/campylobacter-fontes-contaminacao-controle-microbiologico
/>. Acesso em: 28 nov. 2022.

SAVIA, D. B. Campylobacter jejuni, um patógeno alimentar emergente. Disponível em:


<https://foodsafetybrazil.org/campylobacter-jejuni-um-patogeno-alimentar-emergente/>.
Acesso em: 28. nov. 2022.

Frazão, M. R. Caracterização molecular de linhagens de Campylobacter jejuni


de origens diversas isoladas no Brasil. Disponível em:
<https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/60/60135/tde-23052018-105031/publico/Tese_C
ompleta_original.pdf&ved=2ahUKEwj2pfXywL_7AhWZBbkGHbNNAYQ4ChAWegQIBRAB&u
sg AOvVaw3XaiIYCoExuWbBs408vLfQ>. Acesso em: 28 nov. 2022.

SNELLING, W. J. et al. Campylobacter jejuni. Letters in Applied Microbiology, v. 41, n. 4, p.


297–302, out. 2005.

BUSH, L. M. Infecções por Campylobacter. Disponível em:


<https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/infec%C3%A7%C3%B
5es-bacterianas-bact%C3%A9rias-gram-negativas/infec%C3%A7%C3%B5es-por-campylob
acter#:~:text=Pessoas%20com%20febre%20alta>. Acesso em: 28 nov. 2022.

Campylobacter. Disponível em:


<https://www.asae.gov.pt/seguranca-alimentar/riscos-biologicos/campylobacter.aspx

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