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Material Teórico
Objetivos da Unidade:
Campylobacter
Aspectos Clínicos: Infecções mais comuns
O gênero Campylobacter spp. é conhecido por causar diarreia em humanos e animais. Existem
vários reservatórios animais para Campylobacter, tais como bovinos, ovinos, roedores, aves
domésticas e pássaros silvestres. As infecções humanas são adquiridas pelo consumo de
alimentos contaminados, sobretudo aves, leite ou água.
Estudos demonstraram uma associação entre infecção e consumo de leite em frascos cujas
tampas tenham sido bicadas por aves selvagens. Animais domésticos, como cães e gatos,
podem se infectar e ser uma fonte de infecção humana, particularmente para crianças
menores. A disseminação pessoa a pessoa pela via fecal-oral é rara, assim como a
transmissão por pessoas que manipulam alimentos.
Os sintomas clínicos causados por Campylobacter são muito parecidos com as diarreias
causadas por Salmonella spp. e Shigella spp., com diarreias sanguinolentas. Porém, tem um
período de incubação mais longo (2 a 11 dias) e uma duração mais prolongada (3 dias a 3
semanas).
Figura 1 – Enterite in amatória causada por
Campylobacter jejuni
Fonte: GOERING; et al., 2014, p. 276
Morfologia
Campylobacter spp. são bastonetes gram negativos, têm formato curvo, em forma de S, ou asa
de gaivota (Figura 2).
Figura 2 – Campylobacter jejuni - Coloração de Gram
mostrando bacilos gram negativos, em forma de S
Fonte: GOERING; et al., 2014, p. 276
Estruturas Antigênicas
Campylobacter jejuni é uma bactéria que causa infecção intestinal e, às vezes, também pode
invadir a circulação, causando infecção em diferentes órgãos. Porém, isso ocorre nos
primeiros estágios da doença, já que é sensível ao poder bactericida do soro humano e
rapidamente é eliminada da circulação. A infecção intestinal localiza-se nos intestinos delgado
e grosso, onde a bactéria adere e prolifera.
Helicobacter
Aspectos Clínicos: Infecções mais comuns
A espécie mais comum encontrada em humanos é Helicobacter pylori, que antigamente era
denominada de Campylobacter pylori, porém, veri cou-se molecularmente que esta bactéria
não continha as características de Campylobacter, e por isso foi renomeada para Helicobacter
pylori.
Esta bactéria é encontrada apenas nas células epiteliais secretoras de muco do estômago. É a
grande causadora de casos de gastrite e úlceras gástricas. Sua apresentação mais comum é a
dor persistente ou recorrente no abdome superior na ausência de evidência estrutural da
doença.
Estudos foram realizados e viram que H. pylori pode fornecer proteção contra alguns cânceres
esofágicos e gástricos, e com isso se discute a retirada desta bactéria em pacientes que não
apresentam sintomas.
Ainda, sabe-se que H. pylori interfere na secreção de ácido gástrico associado à doença do
re uxo gastroesofágico (DRGE), a qual pode preceder câncer esofágico. Isso se torna confuso,
pois ela também foi associada ao desenvolvimento de úlceras estomacais e câncer.
Morfologia
Helicobacter spp. é gram negativa e possui forma espiralada (Figura 3).
Figura 3: – Helicobacter pylori – aderidos na mucosa
gástrica
Fonte: GOERING; et al., 2014, p. 284
Estruturas Antigênicas
Não se sabe ao certo os mecanismos de patogenicidade da H. pylori, porém, envolve uma série
de fatores de virulência, incluindo uma citotoxina, proteína inibidora de ácido, adesinas,
urease (que auxilia sua sobrevivência em ambiente ácido) e outros fatores que rompem a
mucosa gástrica. Conseguindo eliminar H. pylori, o indivíduo tem remissão, já a cicatrização de
úlceras necessita de tratamento combinado, como um inibidor da bomba de prótons e dois
antibióticos, como claritromicina e amoxicilina.
As cepas de H. pylori são microaeró las (10% de CO2, 5% de O2, 85% de N2) e também
crescem na presença de ar com teor aumentado de CO2 (10%). A temperatura ideal para o seu
isolamento é de 35° a 37°C; todavia, algumas cepas crescerão a 42°C. Foi também constatado
que a presença de alto grau de unidade favorece o crescimento. A maioria das cepas leva 3 a 5
dias para crescer, e alguns isolados necessitam de 7 dias de incubação para que o seu
crescimento se torne evidente. Esses microrganismos podem ser cultivados em meios não
seletivos que contenham sangue, produzindo pequenas colônias cinzentas e translúcidas. A
coloração característica pelo método de Gram (pequenos bacilos curvos e ligeiramente
arredondados) e as reações positivas para catalase, oxidase e urease possibilitam a sua
identi cação.
Saiba Mais
Para veri car como é realizada a cultura e o isolamento laboratorial de
Helicobacter pylori veja os itens “Amostras para o isolamento do H.
pylori”; “Procedimento para isolamento”; “Identi cação do H. pylori”.
Nas páginas 453 e 455, do livro Diagnóstico Microbiológico – Texto e
Atlas.
Clostridium perfringens
Aspectos Clínicos: Infecções mais comuns
Clostridium perfringens é responsável pela gangrena gasosa humana relacionada a traumas e
cirurgias. A infecção é rápida e progressiva, e destrói músculos com toxicidade sistêmica. O
diagnóstico precoce da gangrena gasosa (Figura 4) é crítico e baseia-se nos sinais clínicos do
paciente com edema intenso, descoloração do tecido, vesículas hemorrágicas, evidência de gás
no tecido e na detecção laboratorial. Neste caso, o diagnóstico é feito pelo exsudato.
Figura 4 – Gangrena gasosa. Observa-se a extensa área de
necrose na face lateral do pé
Fonte: LEVINSON, 2016, p. 139
Saiba Mais
Sobre Clostridium perfringens no texto “CLOSTRIDIUM PERFRINGENS:
UMA REVISÃO”
Morfologia
Clostridium perfringens tem morfologia de bacilos gram-positivos, formadores de esporos e
anaeróbios (não toleram oxigênio) (Figura 5).
Estruturas Antigênicas
A gangrena é uma infecção que destrói os músculos de maneira rápida e progressiva, através
da toxicidade sistêmica, devido à ação da α-toxina. Esta bactéria está associada a 80% dos
casos de infecções causadas por traumas ou cirurgias.
Saiba Mais
Bactérias gram-lábeis referem-se a bactérias que podem variar sua
coloração vista no gram, podem ser visualmente gram negativas ou
gram positivas, dependendo de alguns aspectos como o tempo de
incubação, por exemplo. Em termos de estrutura de parede bacteriana,
todas as bactérias do gênero Clostridium são gram-positivas.
Clostridium di cile
Aspectos Clínicos: Infecções mais comuns
O maior grupo de risco para infecções por C. di cile são pacientes hospitalizados com mais de
65 anos de idade com exposição recente a antibióticos, pacientes que fazem uso de redutores
da acidez estomacal, como bloqueadores de H2 e inibidores da bomba de prótons, pacientes
portadores de comorbidades e fazendo uso de imunossupressores.
A infecção por C. di cile pode produzir um amplo espectro de manifestações clínicas que
variam desde o estado de portador assintomático, em bebês e adultos, até fulminantes colites
com megacólon e perfuração do cólon, com complicações e recorrências, dependentes de
fatores do hospedeiro, como a densidade de receptores, níveis de anticorpos e presença ou
ausência da barreira da microbiota. A diarreia é a manifestação clínica mais comum,
regredindo em 25% dos pacientes após terapia antimicrobiana. Os sinais clínicos mais
comuns são diarreia aquosa, anorexia, náusea, leucocitose e neutro lia.
Morfologia
Clostridium di cile é um bacilo gram-positivo de 3 a 5 µm de comprimento, que perde a
capacidade de reter a coloração de gram após 24 a 48 horas de cultivo, tornando-se
falsamente gram-negativo, o que pode di cultar o diagnóstico (Figura 6). Os esporos ovais
são observados na fase estacionária de crescimento na maioria dos meios sólidos.
Figura 6 – Clostridium di cile, coloração de gram (setas
vermelhas mostrando os esporos) e representação grá ca
Fonte: Adaptada de Wikimedia Commons
Estruturas Antigênicas
É normalmente um microrganismo ambiental desprovido de virulência. Porém, há uma
associação entre C. di cile e diarreia seguida por enterocolite, após uso de antimicrobianos,
através da atividade de duas toxinas denominadas toxina A (TcdA-toxin Clostridium di cile) e
toxina B (TcdB-toxin Clostridium di cile B). A TcdA é uma potente enterotoxina que dani ca o
epitélio intestinal, resultando em intensa in amação, enquanto a TcdB não induz perda de
uidos, pois não se liga aos receptores da superfície intestinal.
Saiba Mais
Para identi cação de microrganismos in vitro (no laboratório) é
importante considerar o comportamento de crescimento das bactérias.
Este comportamento é composto por 4 fases, sendo que a fase alvo
para identi cação e confecção do diagnóstico é a fase estacionária.
Figura 7
Fonte: Reprodução
Saiba Mais
Sobre o Clostridium di cile no artigo “Aspectos clínicos,
epidemiológicos e laboratoriais das infecções por Clostridium di cile”,
página 15.
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Exercício
Morfologia
C. tetani é um bacilo gram positivo com endosporo oval terminal, cujo aspecto de raquete
caracteriza-se de forma inquestionável (Figura 8) e em culturas com mais de 24h.
Figura 9 – (A) Coloração de gram de Clostridium tetani (B)
Representação grá ca do C. tetani mostrando o esporo
terminal
Fonte: Reprodução
Estruturas Antigênicas
C. tetani produz duas toxinas biologicamente ativas: a neurotoxina TeNT (tetanus neurotoxina)
e uma hemolisina. O tétano ocorre após a introdução dos esporos na lesão, seguido de
germinação e multiplicação. A toxina liberada após a lise celular liga-se a junções
neuromusculares dos neurônios motores para ser então endocitada.
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Veja aspectos importantes sobre a vacina contra o tétano:
Clostridium botulinum
Aspectos Clínicos: Infecções mais comuns
O botulismo em seres humanos pode ser apresentado de 3 formas.
1 Botulismo infantil (bebês), mais comum nos Estados Unidos. O intestino é
colonizado por esporos de C. botulinum, após germinação geram neurotoxina que
invade a corrente sanguínea, é carreada para as terminações nervosas periféricas,
causando paralisia aguda ácida.
Saiba Mais
A Toxina produzida por C. botulinum pode ser usada na medicina com
diferentes objetivos, desde procedimentos estéticos até no tratamento
de dores e outras condições. Veja no artigo a seguir o mecanismo de
ação e as indicações para o uso da toxina botulínica:
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Revista Saúde
ISSN 2447-
Integrada
7079
ARTIGO DE
REVISÃO
Morfologia
C. botulinum é um bacilo que apresenta esporos ovais subterminais, é gram positivo, anaeróbio
e móvel (Figura 9).
Figura 10 – Clostridium botulinum (A) Corado com violeta
genciana (B) Coloração de gram
Fonte: Reprodução
Estruturas Antigênicas
Esta espécie de Clostridium possui sete tipos antigênicos de toxina botulínica (BoNT-botulinum
neurotoxin), designados de A-G, porém, diferentes isoformas de cada tipo antigênico têm sido
descobertas por técnicas especí cas.
C. botulinum pode ser dividido em 4 grupos siológicos, como mostrado no quadro abaixo:
Quadro 1
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Quer saber mais sobre o Botulismo, aspectos da doença, tipos de
botulismo, incidência e tratamento? Então leia no Livro de Tortora,
Funke e Case, Microbiologia, pág. 614 a 617, capítulo 22.
Neisseria meningitis
Neisseria meningitis é um meningococo que causa a doença meningocócica (DM) que pode ser
classi cada em 3 formas clínicas: meningite associada à meningococcemia (presença de
bactéria no sangue); meningite sem meningococcemia (ausência de bactéria no sangue) que é
a forma mais prevalente; e a meningococcemia não causadora de meningite.
Quando a bactéria N. meningitis atinge a corrente sanguínea, causa a forma mais grave, que
inclui um início súbito de febre e uma erupção petequial ou púrpura, que pode progredir para
púrpura fulminante. A morte pode ocorrer poucas horas após o início da febre.
Haemophilus in uenzae
Esta bactéria se espalha pela corrente sanguínea após uma infecção no trato respiratório e
costumava ser a principal causa de meningite em crianças. No entanto, atualmente a sua
ocorrência foi controlada e reduzida por meio de vacinas. Além da meningite, H.
in uenzae pode causar também infecções como epiglotite, celulite e bacteremia. São
normalmente causadas por cepas capsuladas do tipo b e geralmente do biotipo I e II,
principalmente em crianças não vacinadas. As cepas não capsuladas de H. in uenzae são
atualmente a causa mais comum de conjuntivite, otite média, sinusite, bronquite e
pneumonia.
Streptococcus pneumoniae
Esta bactéria, também chamada de pneumococo, é a mais comum entre todas as bactérias que
causam meningite, tanto em crianças como em adultos, com predominância em pacientes
com idade abaixo dos 5 anos. Pode resultar de bacteremias primárias, mas muitas vezes se
instala em associação a otites, sinusites e pneumonias. Em indivíduos com fratura do crânio,
pode ocorrer devido a comunicações que se estabelecem entre o espaço subacnoide e os seios
paranasais. A meningite causada por S. pneumoniae (pneumocócica) pode ser letal, mesmo
nos casos com tratamento adequado.
Saiba Mais
Sobre o Streptococcus pneumoniae, aspectos morfológicos e
identi cação, estruturas antigênicas, patogênese, patologia,
manifestações clínicas, exames diagnósticos e tratamento. Leia o livro
Microbiologia Médica e Imunologia, capítulo 14, páginas 218 e 222.
Para a coleta de líquor deve-se realizar a antissepsia da pele do mesmo modo que é feito para a
coleta de hemocultura. Pode ser utilizado álcool 70% e depois clorexidina alcoólica a 0,5%.
Coletar a amostra em tubo estéril e enviar à temperatura ambiente o mais rápido possível. O
líquor pode ser obtido por punção lombar ou por derivações ventriculares. A informação sobre
como a amostra foi obtida é importante para a melhor interpretação do resultado.
O pro ssional biomédico não pode coletar esse tipo de amostra, mas pode realizar o exame
laboratorial com a amostra coletada.
Neisseria meningitis
O diagnóstico laboratorial da doença meningocócica é realizado através do exame
bacterioscópico do líquor corado pelo método de Gram e cultura. Podem ser utilizadas também
para diagnóstico amostras de uidos orgânicos, como sangue, líquido sinovial, pleural ou
pericárdio, para o isolamento e a identi cação do meningococo. Podem ainda ser utilizados
raspados ou aspirados de lesões cutâneas típicas de meningococcemia.
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Veja detalhadamente o passo a passo para realização do diagnóstico
de Neisseria sp. Leia o Livro “Koneman Diagnóstico Microbiológico
texto e Atlas”, Prancha 11.1, p. 1646.
Haemophilus in uenzae
A meningite causada pelo H. in uenzae deve ser diagnosticada através de exames físicos e
laboratoriais do líquido cefalorraquidiano (LCR). Um teste rápido que pode ser feito é a
coloração de gram do LCR, após pode ser realizada a cultura (padrão ouro para diagnóstico) e
outros testes de identi cação, como a detecção de antígenos, métodos moleculares,
isolamento e identi cação. É ainda realizado o per l de suscetibilidade aos antimicrobianos.
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Veja detalhadamente o passo a passo para realização do diagnóstico
de Haemophilus sp. Leia o Livro “Koneman Diagnóstico Microbiológico
texto e Atlas”, Prancha 9.1, p. 1646.
Streptococcus pneumoniae
O diagnóstico de S. pneumoniae pode ser de variadas maneiras, dependendo do local de
infecção. A forma mais comum de realizar o diagnóstico é pela cultura com ágar sangue e ágar
chocolate, e as colônias são identi cadas pelo teste de optoquina e de bile-esculina. Nos casos
de meningite, a cultura deve ser sempre precedida do exame microscópico de esfregaços
corados pelo Gram, pois a presença de diplococos gram positivos no material é sugestiva de
meningite pneumocócica.
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Veja detalhadamente o passo a passo para realização do diagnóstico
de Streptococcus sp. Leia o Livro “Koneman Diagnóstico Microbiológico
texto e Atlas”, Prancha 13.1, p. 1646.
Diagnóstico-visualização no microscópio após coloração de gram:
Tabela 1
Penicilina G cristalina
Neisseria (200.000-400.000 Ceftriaxona (100mg/kg/dia, IV
meningitidis UI/kg/dia IV 4/4h, 7-10
1x/dia ou 12/12h, 7-10 dias)
dias)
Cloranfenicol (60-100mg/kg/dia
IV 6/6h, 7-10 dias)
Cloranfenicol (100mg/kg/dia IV
6/6h) + Ampicilina (200-
Meropenem (120mg/kg/dia IV
8/8h, 10-14 dias)
Fonte: fmt.am.gov
Exercício
1 Quais são os tipos de amostras utilizadas para diagnóstico de doenças do sistema
nervoso causadas por bactérias?
Mycoplasma pneumoniae
Existem mais de 200 espécies de microrganismos incluídos na classe Mollicutes (bactérias que
carecem de paredes celulares). Acredita-se que pelo menos 15 dessas espécies sejam de
origem humana, enquanto outras foram isoladas de animais e plantas. Nos seres humanos,
existem quatro espécies de importância primária. Dentre elas está Mycoplasma pneumoniae,
que provoca pneumonia, sendo associada a infecções articulares e outras infecções.
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Veja no artigo a seguir as características do quadro clínico causado
pela infecção por Mycoplasma pneumoniae e os principais exames
realizados para o diagnóstico.
Morfologia
M. pneumoniae é uma bactéria sem parede celular e espaço periplasmático, com genoma
reduzido e atividade metabólica limitada, e, portanto, não possui forma de nida de coco ou
bacilo, sendo uma bactéria pleomór ca, sem forma de nida (Figura 10). São células muito
pequenas, entre 0,1 a 0,2 µm de largura e 1-2 µm de comprimento, como o tamanho é
pequeno, não podem ser visualizadas no microscópio de luz.
Figura 11 – Mycoplasma pneumoniae responsável por
causar pneumonias
Fonte: Getty Images
Estruturas Antigênicas
Muitas espécies antigenicamente distintas de micoplasmas já foram isoladas de animais (p.
ex., camundongos, galinhas e perus). Nos seres humanos, podem ser identi cadas pelo
menos 16 espécies, como Mycoplasma hominis, Mycoplasma salivarium, Mycoplasma orale,
Mycoplasma fermentans, Mycoplasma pneumoniae, Mycoplasma genitalium, U. urealyticum e outros.
As espécies são classi cadas de acordo com suas características bioquímicas e sorológicas. Os
antígenos de xação do complemento (FC) dos micoplasmas consistem em glicolipídeos. Os
antígenos para os testes de Elisa são proteínas. Algumas espécies apresentam mais de um
sorotipo.
Características de Cultivo (Meios Seletivos e de
Enriquecimento) e de Coloração. Diagnóstico Diferencial:
Coloração. Cultura. Identi cação
O diagnóstico de M. pneumoniae é realizado através de exames clínicos, de imagem e
laboratoriais.
A cultura é o padrão ouro para o diagnóstico, mas, atualmente, os métodos mais utilizados são
testes moleculares. A identi cação e isolamento desta bactéria podem ser realizados através
de amostras das vias aéreas, no entanto, o isolamento do M. pneumoniae no laboratório
apresenta di culdades, pois o crescimento bacteriano é lento (pode demorar semanas), a
técnica complexa, de baixa sensibilidade (quando comparada com técnicas de biologia
molecular), o custo é elevado e demanda a necessidade de um analista treinado. No entanto, o
isolamento desta bactéria permite a caracterização biológica e molecular, contribuindo para a
avaliação da suscetibilidade aos antibióticos.
Explore
A bactéria M. pneumoniae tem como principal manifestação clínica a
pneumonia. Acesse o link a seguir e saiba mais sobre sua patogênese,
manifestações clínicas, exames laboratoriais, tratamento,
epidemiologia, prevenção e controle no livro Microbiologia médica de
Jawetz, Melnick e Adelberg, Capítulo 25, páginas 343 e 344
Morfologia
Bordetella pertussis é um pequeno cocobacilo gram-negativo aeróbio e encapsulado (Figura 11).
Quando se faz a coloração com azul de toluidina, é possível comprovar a presença de grânulos
metacromáticos bipolares. Veri ca-se a presença de cápsula.
Figura 12 – Bordetella pertussis pela coloração de
Gram, mostrando os cocobacilos gram negativos
Fonte: cdc.gov
Estruturas Antigênicas
B. pertussis produz diversos fatores envolvidos na patogênese da doença. Um lócus no
cromossomo de B. pertussis atua como regulador central dos genes de virulência. Esse lócus
possui dois operons, bvgA e bvgS. Os produtos dos loci A e S assemelham-se aos sistemas
regulatórios de dois componentes. O bgvS responde a sinais do ambiente, enquanto o bvgA é
um ativador transcricional de genes de virulência. A hemaglutinina lamentosa e as mbrias
atuam como mediadoras da adesão às células epiteliais ciliadas e são essenciais para a
colonização traqueal. A toxina pertussis promove linfocitose, sensibilização à histamina e
aumento da secreção de insulina; além disso, tem atividade de ribosilação da adenosina
difosfato (ADP). A hemaglutinina lamentosa e a toxina pertussis são proteínas secretadas,
encontradas fora das células da B. pertussis. A toxina adenilatociclase, a toxina dermonecrótica
e a hemolisina também são reguladas pelo sistema bvg. A citotoxina traqueal inibe a síntese
do DNA nas células ciliadas, mas não é regulada pelo bvg. O lipopolissacarídeo na parede
celular também pode ser importante na produção de lesão das células epiteliais das vias
respiratórias superiores.
Saiba Mais
Veja como é feito o diagnóstico laboratorial de Bordetella pertussis no
livro Koneman Diagnóstico Microbiológico – Texto e Atlas, Prancha
9.5, página 1646.
C. diphtheriae penetra no corpo por via respiratória, com as células infectando os tecidos da
garganta e das amigdalas. A resposta in amatória dos tecidos da orofaringe à infecção resulta
na formação de uma lesão característica, chamada pseudomembrana (Figura 13).
Saiba Mais
Acesse o link a seguir e saiba mais detalhes sobre a bactéria C.
diphtheriae, como suas características importantes, transmissão,
patogênese, achados clínicos, diagnóstico laboratorial, tratamento e
prevenção, no livro Microbiologia Médica e Imunologia, capítulo 17,
páginas 141 a 143.
Morfologia
A Corynebacterium diphtheriae é uma bactéria gram positiva, imóvel e aeróbia, que origina
células bacilares irregulares ou claviformes durante o crescimento (pleomór cas), não se cora
de forma homogênea e forma colônias pequenas e lisas em placas de ágar sangue (Figura 12).
Figura 14 – Corynebacterium e difteria
Fonte: MADIGAN, MICHAEL, et al. 2016 p. 858
Estruturas Antigênicas
Linhagens patogênicas de C. diphtheriae carreiam um bacteriófago lisogênico, cujo genoma
codi ca uma potente exotoxina denominada toxina diftérica. A toxina diftérica inibe a síntese
proteica no hospedeiro, promovendo assim a morte celular
Após o surgimento da vacina tríplice bacteriana (DTP), o número de
casos de difteria se tornou muito raro no Brasil. A vacina é a melhor,
mais e caz e principal forma de prevenir a difteria.
O diagnóstico laboratorial por identi cação bacteriana é difícil, exigindo meios seletivos e
diferenciais. A identi cação é complicada pela necessidade de se distinguir entre os isolados
produtores de toxina e as linhagens que não são toxigênicas, já que ambos podem ser
encontrados no mesmo paciente.
Saiba Mais
Veja como é feito o diagnóstico laboratorial Corynebacterium
diphtheriae no livro Koneman Diagnóstico Microbiológico – Texto e
Atlas, Prancha 14.3, página 1646, no link a seguir
A difteria ocorre durante todos os períodos do ano e pode afetar a todas as pessoas que não
são vacinadas, de qualquer idade, raça ou sexo. Acontece com mais frequência nos meses frios
e secos (outono e inverno), quando é mais comum a ocorrência de infecções respiratórias,
principalmente devido à aglomeração em ambientes fechados, que facilitam a transmissão da
bactéria
A tuberculose (TB) é facilmente transmitida pela via respiratória e houve uma época em que
era a doença infecciosa humana de maior importância no mundo.
A tuberculose pode assumir diversas formas. Ela pode ser classi cada como uma infecção
primária (infecção inicial), ou pós-primária (reinfecção). A infecção primária geralmente
resulta da inalação de gotículas contendo células de M. tuberculosis viáveis oriundas de um
indivíduo com infecção pulmonar ativa. As bactérias inaladas alojam-se nos pulmões e se
multiplicam. O hospedeiro reage exibindo uma resposta imune à M. tuberculosis, resultando na
formação de agregados de macrófagos ativados, denominados tubérculos.
Infecção aguda ou crônica do trato respiratório inferior por micobactérias, com mal-estar,
febre, sudorese noturna, perda de peso e tosse produtiva. Dispneia, dor torácica, hemoptise
(tosse com eliminação de sangue), e, nos estágios avançados, rouquidão. A tuberculose
disseminada, conhecida como tuberculose miliar, envolve muitas lesões pelo corpo
Explore
Entenda outros aspectos clínicos da tuberculose, bem como a sua
patogênese e muito mais no livro de Tortora, Funke e Case,
Microbiologia, capítulo 24, páginas 684 a 689.
Importante!
Morfologia
Nos tecidos, os bacilos da tuberculose são bastonetes retos e nos. Já em meios arti ciais,
têm formato cocoide e lamentoso. As micobactérias não podem ser classi cadas como
bactérias gram positivas ou gram negativas. São consideradas bactérias álcool ácido
resistentes (Figura 14).
Figura 15 – Bacilos álcool ácido resistentes corados pela
coloração de Ziehl-Neelsen
Fonte: Reprodução
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Veja como é feito o diagnóstico laboratorial Mycobacterium tuberculosis
no livro Koneman Diagnóstico Microbiológico – Texto e Atlas,
Prancha 19.1, página 1646.
Há bactérias que são resistentes à coloração, mas que uma vez coradas vão resistir fortemente
à descoloração, mesmo por ácidos fortes diluídos e álcool absoluto. Sobre as bactérias que
possuem esta propriedade, dizemos que são ácido-álcool resistentes, (BAAR) (gêneros
Mycobacterium e Nocardia). Esta característica é devida ao elevado teor de lipídeos estruturais
(ex. ácido micólico) na parede celular destas bactérias, que provoca uma grande
hidrofobicidade, di cultando a ação dos mordentes e diferenciadores de corantes aquosos.
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Veja o passo a passo para realização da coloração de Ziehl-Neelsen no
Capítulo 4, página 68, do Livro Práticas de Microbiologia.
Saiba Mais
Compreenda mais sobre as causas da tuberculose, sintomas,
transmissão, tratamento e prevenção em:
SAUDE
Tuberculose
O tratamento é à base de antibióticos e tem duração de seis meses. É 100%
e caz, mas não pode haver abandono nem irregularidade. Muitas vezes o
paciente não recebe o devido esclarecimento e acaba desistindo antes do
tempo, por sentir melhora acentuada já nas primeiras semanas de terapia.
LEIA MAIS SAUDE
ACESSE
Mycobacterium leprae
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Entenda outros aspectos clínicos da hanseníase, bem como a sua
patogênese e muito mais no livro de Tortora, Funke e Case,
Microbiologia, capítulo 22, páginas 617 a 618
Exercício
1 Quais são os aspectos clínicos da doença causada pelo Mycoplasma pneumoniae e
como é feito o seu diagnóstico?
Elas são transmitidas, principalmente, por meio do contato sexual (oral, vaginal, anal) sem o
uso de camisinha masculina ou feminina, com uma pessoa que esteja infectada. A
transmissão de uma IST pode acontecer, ainda, da mãe para a criança durante a gestação, o
parto, ou a amamentação. De maneira menos comum, as IST também podem ser transmitidas
por meio não sexual, pelo contato de mucosas ou pele não íntegra com secreções corporais
contaminadas.
O tratamento das pessoas com IST melhora a qualidade de vida e interrompe a cadeia de
transmissão dessas infecções. O atendimento, o diagnóstico e o tratamento são gratuitos nos
serviços de saúde do SUS.
Nos últimos anos, houve a tendência de mudar a terminologia “doenças sexualmente
transmissíveis (DSTs)” para “infecções sexualmente transmissíveis (ISTs)”, mudança que já
ocorreu na Europa. A razão para isso é que o conceito de “doença” implica sinais e sintomas
óbvios. Uma vez que muitos indivíduos infectados pelos patógenos sexualmente
transmissíveis mais comuns não apresentam sinais ou sintomas aparentes, o termo IST
parece ser mais apropriado.
Os gonococos produzem uma endotoxina que provoca dano à mucosa das tubas uterinas e
liberam enzimas, como proteases e fosfolipases, que podem ser importantes na patogenia.
Além disso, produzem uma protease extracelular que cliva a IgA, a imunoglobulina presente
nas secreções. Os gonococos aderem aos neutró los, que os fagocitam. A fagocitose mata
algumas das bactérias, mas as que sobrevivem multiplicam-se no interior dos leucócitos
polimorfonucleares (PMNLs). Uma preparação à fresco típica de secreção uretral mostrará os
PMNLs com diplococos dentro de seu citoplasma (Figura 14A). Os gonococos também obtêm
ferro para suas próprias necessidades metabólicas a partir da transferrina, a proteína
transportadora de ferro.
C. trachomatis infecta o trato genital humano (Figura 17) e os olhos. A transmissão ocorre por
contato sexual e durante a passagem do neonato pelo canal de parto. No tracoma, a
transmissão ocorre principalmente pelo contato das mãos com os olhos.
Figura 18 – Ilustração da infecção por Chlamydia
trachomatis
Fonte: Getty Images
O tratamento de infecções por C. trachomatis é realizado com o uso de Tetraciclina (p. ex.,
doxiciclina), ou macrolídio (p. ex., azitromicina). E como forma de prevenção da doença, a
eritromicina é efetiva em mães infectadas para prevenir a doença neonatal. Para esta doença
não há vacina disponível.
Saiba Mais
Para saber mais sobre a Chlamydia trachomatis, suas características
importantes, transmissão e epidemiologia patogênese e
epidemiologia, patogênese e achados clínicos, diagnóstico
laboratorial, tratamento e prevenção, acesse o livro Microbiologia
Médica e Imunologia, Capítulo 25, páginas 204 e 207.
Treponema pallidum [Morfologia. Estruturas antigênicas. Aspectos
clínicos. Infecções mais comuns. Características de cultivo (meios
seletivos e de enriquecimento) e de coloração. Diagnóstico
diferencial: Coloração. Cultura. Identi cação. Importância do
diagnóstico e tratamento rápido]
A bactéria Treponema pallidum é causadora da Sí lis. Esta bactéria tem como característica
morfológica o formato de espiroqueta (Figura 18), porém, não são visualizadas na coloração
de gram, pois o microrganismo é muito delgado e não é facilmente visualizada em
microscópio. Esta bactéria não é cultivada no laboratório.
T. pallidum vive no trato genital humano. A transmissão ocorre por meio de contato sexual, e
da mãe para o feto por meio da placenta.
Esta bactéria tem a característica de se multiplicar no sítio de inoculação e, então, dissemina-
se amplamente pela corrente sanguínea. Diversas características da sí lis são atribuídas ao
envolvimento de vasos sanguíneos, causando vasculite. Lesões primárias (cancro) e
secundárias curam-se espontaneamente. Lesões terciárias consistem em gomas (granulomas
nos ossos, nos músculos e na pele), aortite ou in amação do sistema nervoso central. Não há
toxinas ou fatores de virulência conhecidos.
Saiba Mais
Veja mais sobre a bactéria Treponema pallidum, sua morfologia e
identi cação, estrutura antigênica, patogênese, patologia,
manifestações clínicas, exames diagnóstico laboratoriais, imunidade e
tratamento no livro Microbiologia Médica de Jawetz, Melnink e
Adelberg, Capítulo 24, Página 327 a 330.
O diagnóstico pode ser realizado pela visualização da bactéria por meio de microscopia de
campo escuro ou imuno uorescência. Para o diagnóstico são utilizados alguns ensaios
sorológicos: VDRL e RPR são testes não treponêmicos (inespecí cos) utilizados em
procedimentos de triagem; FTA-ABS é o teste especí co mais amplamente utilizado na
detecção de Treponema pallidum. O antígeno utilizado nos ensaios de VDRL e RPR é a
cardiolipina presente no coração bovino; o antígeno utilizado no ensaio FTA-ABS consiste em
T. pallidum morto. O VDRL declina com o tratamento, enquanto FTA-ABS mantém-se positivo
por toda a vida.
Explore
Veja como é feito o diagnóstico laboratorial de doenças causadas por
espiroquetas no livro Koneman Diagnóstico Microbiológico – Texto e
Atlas, Prancha 20.1, página 1646.
Exercício
Material Complementar
Livros
Levinson, Microbiologia Médica e Imunologia, Capítulo 12 - Vacina bacterias, página 95.
Madigan, Martinko, Bender, Buckley e Stahl, Microbiologia de Brock, Capítulo 30, página
872, item Doenças sexualmente transmissíveis.
Leitura
Manual Integrado de Vigilância Epidemiológica do Botulismo.
Veja aspectos importantes sobre o Botulismo, como tipos de botulismo, sintomas,
diagnóstico, tratamento, prevenção, população de risco entre outros aspectos no Manual
Integrado de Vigilância Epidemiológica do Botulismo. Acesse:
Toxina botulínica: revisão de sua aplicabilidade em doenças ao alcance do dermatologista.
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Referências
BROOKS, G. F.; CAROL, K. C.; BUTEL, J. S.; MORSE, S. A.; MIETZNER, T. A. Microbiologia
médica de Jawetz, Melnick e Adelberg. 26. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.
GOERING, R.V. Microbiologia Médica de Mims. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
MADIGAN, T. et al. Microbiologia de Brock. 14. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
PROCOP, G.W. Diagnóstico microbiológico. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.