Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Material Teórico
Protozoários e Helmintos
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Protozoários e Helmintos
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Entender a importância das condições sanitárias e da higiene na prevenção de doen-
ças e no controle de agentes transmissores;
• Identificar alguns protozoários parasitos e seus vetores;
• Analisar e compreender os ciclos evolutivos e os mecanismos de transmissão dos
principais protozoários parasitos e parasitoses humanas;
• Conhecer as principais medidas profiláticas aplicáveis ao controle de endoparasitoses;
• Aprender sobre a biologia dos platelmintos;
• Definir os métodos mais usuais empregados no laboratório para o diagnóstico
parasitológico das doenças endêmicas.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Protozoários e Helmintos
Todos são seus reservatórios, mas os cistos presentes nas fezes humanas são
mais infectantes do que os provenientes dos animais. Na água também apresentam
a forma de cisto e podem conservar sua vitalidade durante dois meses ou mais.
A forma reprodutiva nos seres vivos é denominada trofozoíto.
8
No diagnóstico clínico da doença são observadas esteatorreia, irritabilidade,
insônia, náuseas e vômitos, dor abdominal, anorexia e perda de peso.
Sintomatologia
A Giardíase apresenta maior susceptibilidade em pacientes menores de cinco
anos e com deficiência de IgA, sendo, na maioria dos casos, assintomática.
Pode causar lesão da mucosa intestinal por atapetamento (Figura 1), levando à
síndrome de má absorção de ferro, de vitamina B12, de vitaminas lipossolúveis e
de lipídeos, o que leva à diarreia com esteatorreia.
Profilaxia
A infecção é prevenida evitando ingerir água ou alimentos que possam estar
contaminados com fezes, ampliando os tratamentos de água e esgoto domiciliar,
utilizando filtro de água e higienizando os alimentos.
Tratamento
O tratamento deve ser feito, preferencialmente, com metronidazol ou tinidazol,
mas outros fármacos como ordidazol, secnidazol e albendazol podem ser adminis-
trados. Devido à diarreia, é conveniente a fluidoterapia.
9
9
UNIDADE Protozoários e Helmintos
Amebíase
Existem espécies parasitas e outras de vida livre, das quais algumas apresentam
fase flagelada. Entre as de vida livre, há espécies que são parasitos oportunistas,
podendo, eventualmente, infectar o homem.
O seu ciclo de vida é monoxênico, tendo o ser humano como único hospedeiro.
Quando o cisto encontrado nas fezes chega ao intestino grosso, cresce, multiplica-
-se e se transforma em trofozoíta.
10
Figura 2 – Ciclo patogênico e não patogênico causado, respectivamente,
pela magna e minuta do trofozoíto de Entamoeba hitolytica.
Note a forma magna invadindo o cólon intestinal
Sintomatologia
A colite não disentérica causada por Entamoeba díspar pode apresentar fezes
diarreicas até cinco vezes por dia, com fezes moles ou pastosas, às vezes contendo
muco ou sangue, podendo ser acompanhada de dor abdominal.
11
11
UNIDADE Protozoários e Helmintos
E pode causar, ainda, complicações ainda piores no intestino grosso, tais como:
perfurações, peritonite, hemorragias e apendicite, e ameboma, que são granulo-
mas semelhantes morfologicamente a uma massa tumoral.
Profilaxia
• Educação sanitária: lavar as mãos com água e sabão, usar as unhas curtas ou
higienizá-las frequentemente e ter cuidado com os hábitos sexuais;
• Saneamento ambiental: abastecimento de água abundante (potável e livre
de contaminação fecal); existência de instalações sanitárias e rede de esgotos;
tratamento de resíduos (60 a 70ºC destrói cistos);
• Identificação e tratamento de fontes de infecção: fiscalizar acintosamente
manipuladores de alimentos e funcionários de restaurantes e hotéis, realizando
exame de fezes periódico.
Tratamento
• Formas graves: repouso no leito; dieta branda rica em proteínas e vitaminas
e pobre em carboidratos e fibras; além de líquidos em abundância;
• Amebíase intestinal ação tecidual: derivados imidazólicos, metronidazol, ti-
nidazol, ornidazol e nimorazol;
• Amebíase intestinal ação luminal: furamida, clefamida, etofamida e teclosan;
• Amebíase extra-intestinal: metronidazol.
Doença de Chagas
Caro(a) aluno(a), esta doença foi descrita em 1909, pelo pesquisador brasileiro Car-
los Chagas. Também conhecida como Tripanossomíase americana, é uma doença
tropical parasitária causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi e transmitida, prin-
cipalmente, pelo inseto barbeiro, um triatomídeo, que é seu hospedeiro intermediário.
12
As espécies mais comuns que transmitem
esta doença são: Triatoma infestans, Rhodnius
prolixus e Panstrongylus megistus. Insetos
hematófagos da subfamília Triatominae
(Figura 3).
Sintomatologia
Nos adultos, a fase aguda passa despercebida ou como um mal-estar ou gripe;
já em crianças e em imunodeprimidos (Aidéticos), ocorre febre de intensidade va-
riável, mal-estar, inflamação dos gânglios e inchaço do fígado e baço, chagoma e
sinal de Romaña (Figura 4).
13
13
UNIDADE Protozoários e Helmintos
Esse parasito também pode afetar o intestino grosso e, pelos mesmos motivos
do megaesôfago, causar o megacólon, trazendo como consequências constipa-
ção, dor abdominal e prisão de ventre.
Profilaxia
• Combate intensivo ao barbeiro: pulverizar com inseticida (piretroides) toda a
residência, os móveis, os quadros e as dependências (porão, forro, galinheiro,
paiol, e outras dependências);
• Melhorar a habitação, pelo reboco e tamponamento de rachaduras e frestas;
14
• Em zonas infestadas, recomenda-se o uso de “cortinados”, telagem de portas
e janelas;
• Dentro de casa, não permitir animais que possam ajudar a transmitir a doença
(cão, gato, macaco e outros);
• Evitar montes de lenha, telha ou outros entulhos no interior ou arredores da
casa, pois são ótimos abrigos para os barbeiros;
• Investir em Educação em Saúde e Ambiental;
• Nas transfusões de sangue, realizar exame nos doadores.
Tratamento
• Na fase aguda, o tratamento se dá com benznidazol ou nifurtimox;
• Na fase crônica, a cardiopatia chagásica é tratada como as de outras etiologias.
Tanto o megaesôfago como o megacólon são tratados cirurgicamente.
Malária
A malária é uma das principais doenças infecciosas da atualidade; só é superada
em número de mortes pela AIDS. É uma doença da região equatorial, sendo que
cerca de 85% dos casos ocorrem nas florestas tropicais da África (Figura 5).
15
15
UNIDADE Protozoários e Helmintos
Nas demais regiões, apesar das poucas notificações, a doença não pode ser
negligenciada, pois pode ser observada letalidade mais elevada que na região Ama-
zônica (Figura 6).
16
Sintomatologia
Os sintomas mais comuns são os acessos febris, mas algumas enfermidades já
foram relatadas, tais como edema pulmonar agudo, insuficiência renal aguda, hi-
poglicemia, icterícia e hemoglobinúria.
Altera a estrutura dos eritrócitos, facilitando sua adesão às paredes dos vasos
sanguíneos, formando coágulos responsáveis por trombose e embolia.
Profilaxia
Medidas de proteção individual.
• Prevenção do contato com o vetor: mosquiteiros, repelentes, telas nas ja-
nelas e portas;
• Saneamento para o combate às formas aquáticas;
• Educação Ambiental e em Saúde;
• Medicamentos ou alimentos que promovem sudorese com odor forte, como a
tiamina e o alho, são usados para repelir o mosquito;
• Medidas de proteção coletiva;
• Prevenção do contato com o vetor: escolha de local adequado para constru-
ção dos domicílios, de modo a impedir a entrada dos mosquitos;
• Combate aos insetos adultos com o uso inseticidas de efeito residual nos domicílios;
• Combate às formas aquáticas com saneamento, larvicidas e controle biológico;
• Treinamento de agentes comunitários para realizarem Educação Ambiental e
em Saúde.
Tratamento
• Plasmodium falciparum: quinino, mefloquina e doxicilina;
• Plasmodium vivax: cloroquina e primaquina;
• Plasmodium malariae: cloroquina;
• O tratamento profilático é realizado com cloroquina, uma semana antes de ir
para áreas endêmicas, e se prolonga por mais 30 dias após ter saído do local;
• A cura é possível se a doença for tratada em tempo oportuno e de forma ade-
quada; contudo, a malária pode evoluir para forma grave e para óbito.
17
17
UNIDADE Protozoários e Helmintos
Explor
Leio o “CADERNO DE ATENÇÃO AO PRÉ-NATAL TOXOPLASMOSE” da “SECRETARIA DE ESTADO
DA SAÚDE” e reflita sobre a seguinte pergunta. Quais são os riscos de uma gestante infec-
tada com Toxoplasma gondii? Quais são as medidas profiláticas para se evitar a infecção de
Toxoplasma gondii?
Disponível em: https://goo.gl/G25H1L
Leishmaniose
Existem alguns tipos de Leishmanioses que são endêmicas em 88 países das Amé-
ricas, África, Ásia e Europa, onde há 350 milhões de pessoas sob risco de infecção.
A espécie mais encontrada por aqui é o Lutzomya flavis cutellata (Figura 8A).
18
Visite o site DNDi América Latina de doenças negligenciadas e amplie seus conhecimentos
Explor
sobre a Leishmaniose.
Acesse: https://goo.gl/gWTNvj
Sintomatologia
• Leishmaniose tegumentar;
• Cutânea: uma ou mais lesões cutâneas, que podem causar dor e aumento dos
linfonodos próximos à lesão;
• Mucosa: lesões de pele se estendem até as membranas mucosas, desfigurando,
geralmente, as vias nasais e orais com perfuração de septo nasal e do palato.
19
19
UNIDADE Protozoários e Helmintos
Profilaxia
• Redução do contato homem-vetor: repelentes, mosquiteiros e telas de malha fina;
• Combate aos insetos: aplicação de inseticida;
• Borrifação em todas as casas com casos humanos ou caninos, aplicação de
seis em seis meses, por um período mínimo de dois anos;
• Controle de reservatórios: eliminação dos cães errantes e domésticos infectados
após o diagnóstico em larga escala, nas áreas endêmicas. Os errantes e aqueles
clinicamente suspeitos podem ser eliminados sem realização prévia de sorologia;
• Notificação e tratamento das fontes de infecção;
• Educação Ambiental em Saúde: ações educativas no sentido de que as co-
munidades atingidas aprendam a se proteger e participem ativamente das
ações de controle da Leishmaniose;
• O desmatamento, seja para retirada de madeira, seja para retirar minério,
seja para pecuária ou monocultura tende a aumentar o número de doenças
infecciosas. Os surtos de Leishmaniose, assim como os de malária, estão in-
timamente relacionados ao desmatamento para a instalação de povoados em
grandes florestas.
Visite o site sugerido e amplie seus conhecimentos sobre “Efeito do desmatamento sobre
Explor
20
Tratamento
• O diagnóstico precoce da lesão da mucosa é essencial para que a resposta
terapêutica seja mais efetiva e sejam evitadas as sequelas deformantes;
• Antimônio pentavalente: inibem enzimas de protozoários, mas devem ser
injetadas diariamente, além de não serem facilmente acessíveis e haver efeitos
colaterais severos;
• Alopurinol: inibe a multiplicação de parasitos; é administrado oralmente e
tem poucos efeitos colaterais.
Podem ser de vida livre, habitando lagos, mares, terra úmida, ou ser ecto
ou endoparasitas.
21
21
UNIDADE Protozoários e Helmintos
Anexo I
Glossário
• Anóxia: Insuficiência de oxigenação dos tecidos.
• Atonia: perda do tônus muscular.
• Dispneia: dificuldade de respirar.
• Emaciação: enfraquecimento e grande debilidade devido à doença.
• Eritrócitos: célula sanguínea transportadora dos gases respiratórios.
• Escarificação: série de arranhões ou pequenas incisões praticadas sobre
uma superfície.
• Esplenomegalia: aumento do tamanho do baço.
• Esteatorreia: presença excessiva de gordura nas fezes.
• Etiologia: é um ramo de estudo destinado a pesquisar a origem e a causa de
um determinado fenômeno.
• Hematofagismo: ato de sugar sangue.
• Hepatomegalia: aumento do tamanho do fígado.
• Jejuno: porção medial do intestino delgado.
• Leucocitopenia: diminuição da taxa de leucócitos no sangue circulante, abaixo
de 5000 por milímetro cúbico.
• Linfadenopatia: doenças do sistema linfático.
• Marsupiais: grupo de animais no qual se encontra o gambá.
• Piogênicos: que produz pus.
• Protozoose: doença causada por protozoários.
• Tenesmo: sensação de peso no reto, por vezes dolorosa, com desejo contínuo
e inútil de evacuar.
22
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Leitura
Manual das Doenças Transmitidas por Alimentos: Giardíase (CVE)
https://goo.gl/93cBYs
Amebíase
https://goo.gl/KeVwsT
Leishmaniose
https://goo.gl/jJ3Oz
Leishmaniose Mucosa Fatal em Criança
https://goo.gl/R9yjDQ
Malária
https://bit.ly/2MqsIYh
Hidatidose Humana
https://goo.gl/5dAhgL
23
23
UNIDADE Protozoários e Helmintos
Referências
BRENER B. Parasitologia Médica. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015.
24