Você está na página 1de 6

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS


FACULDADE DE MEDICINA
MÓDULO DO SISTEMA DIGESTÓRIO

TRABALHO DE BACTERIOLOGIA

Nome: Nayane Thais Pereira dos Santos.


Docente: Sheila Ribeiro.

Belém-PA
2018
NAYANE THAIS PEREIRA DOS SANTOS
201609740154
TURMA D

MÓDULO DO SISTEMA DIGESTÓRIO

Trabalho referente ao tema “Análise interpretativa e crítica referente aos


artigos de Helicobacter pylori e Vibrio cholerae” da disciplina de
bacteriologia do Módulo do Sistema Digestório, ministrado pela professora
Sheila Ribeiro da Universidade Federal do Pará.

Belém-PA
2018
ARTIGO 1: PREVALÊNCIA DO HELICOBACTER PYLORI HÁ DEZ ANOS
COMPARADA COM A ATUAL EM PACIENTES SUBMETIDOS À ENDOSCOPIA
DIGESTIVA ALTA.

O helicobacter pylori (H. pylori) tem sido diagnosticado por todo o mundo e em
todas as faixas etárias. Estima-se que 50% da população mundial esteja afetada. O
Helicobacter pylori é uma bactéria gram-negativa, cuja colonização ocorre na mucosa
do estômago e possui uma alta prevalência mundial, ocorrendo infecção na metade
da população do mundo (BRUCE e MAAROOS, 2008).
Vários estudos apontam que houve redução da incidência e prevalência da H.
pylori progressivamente nos últimos 20 anos relacionada com a industrialização e
melhora das condições sanitárias e socioculturais em diferentes países.
Este estudo foi observacional, retrospectivo e transversal, comparando a
prevalência de H. pylori em duas amostras com intervalo de 10 anos (2004 e 2014)
que realizaram endoscopia digestiva alta com biópsias e teste da urease para a
pesquisa de H. pylori. Essa bactéria é capaz de sobreviver ao baixo pH encontrado
no estômago devido às características de sua patogenia.
A H. pylori excreta amônia produzida pela ação da urease, cuja função é
converter a uréia em amônia e gás carbônico, que protege a bactéria neutralizando
parcialmente a acidez. O seu formato em hélice espiralada favorece a passagem pela
camada de muco que protege o epitélio gástrico (BARBOSA e SCHINONNI, 2010).
No Brasil, o III Consenso Brasileiro de H. pylori em 2012, teve como um dos
objetivos divulgar e orientar medidas higienodietéticas à população, desenvolver
estratégias junto ao Ministério da Saúde para melhorar as condições de saneamento
e água dos reservatórios e orientar profissionais de saúde quanto à prevenção,
diagnóstico e tratamento do H. pylori.
Conforme os resultados do artigo, constatou-se redução significativa da
prevalência de H. pylori comparando-se dois períodos de três meses consecutivos
com intervalo de 10 anos, em duas amostras populacionais semelhantes. Houve
redução de 5,2% da prevalência de H. pylori+, caindo de 19,3% em 2004 para 14,1%
em 2014. Além disso, levou-se em consideração que a variação da prevalência de H.
pylori em diferentes regiões do mundo está relacionada principalmente aos fatores
socioeconômicos, ou seja, independente das diferenças entre os países, observa-se
que a contaminação está intrinsecamente relacionada as condições socioeconômicas
da população.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARBOSA, J.A; SCHINONNI, M.I. Helicobacter pylori: Associação com o câncer


gástrico e novas descobertas sobre os fatores de virulência. R. Ci. med. biol., v.10,
n.3, p.254-262, 2011.

BRUCE, M.G; MAAROOS, H.I. Epidemiology of Helicobacter pylori infection.


Helicobacter, v.13, n.1, p.1–6, 2008.
ARTIGO 2: BIOFILMES DO VIBRIO CHOLERAE E PATOGÊNESE DA CÓLERA.

As bactérias do gênero Vibrio habitam ambiente tipicamente marinho e


estuarino, necessitando de cloreto de sódio para o seu crescimento. São comumente
isoladas de peixes e crustáceos, sendo capazes também de se multiplicar sem
hospedeiro em águas marinhas (TALL et al., 2013; MESSELHÄUSSER et al., 2010).
A patogenicidade das bactérias está ligada à habilidade do micro-organismo em iniciar
uma doença (incluindo entrada, colonização e multiplicação no corpo humano)
(COLAÇO et al, 1998). Para que isso ocorra, os micro-organismos fazem uso de
diversos fatores que estabelecem a sua patogenicidade, como secreção de
polissacarídeos (cápsula), produção de enzimas extracelulares, síntese de proteínas
que contribuem para a aderência nos tecidos humanos e a capacidade de adquirir
ferro a partir da transferrina (VIEIRA; 2009).
Como um dos pontos básicos instituídos para o rastreamento de Vibrio
cholerae O1 em uma área, recorre-se ao monitoramento bacteriológico de
ecossistemas aquáticos, particularmente na fase que antecede a eclosão de surtos
ou de sua proliferação na população.
Os dois fatores de virulência expressos por V. cholerae O1 e O139 são a
toxina da cólera (CT), uma família AB5 de ribosiltransferona-PLA responsável pela
profusa diarreia aquosa de arroz típica dessa doença. Um tipo IV de pílus corregulado
por toxina (TCP) medeia a adesão e a formação de microcolônias e é necessária para
a colonização intestinal em recém-nascidos e humanos. Além disso, evidências
sugerem que a motilidade da membrana participa na regulação da expressão do vírus
de virulência. Por exemplo, mutações ou inibidores químicos que aumentam o fluxo
inflamatório aumentam a transcrição de ctAx e tcpA. V. cholerae evoluiu para colonizar
efetivamente nichos ecológicos diferentes: o intestino delgado humano rico em
nutrientes e ambientes aquáticos. Assim, ambos os ambientes representam um
desafio e multiplicação bacterianos comuns e específicos. Essas estratégias
envolvem a ativação de respostas de estresse gerais e específicas, expressão de
motilidade flagelar e quimiotaxia, fixação a superfícies, desenvolvimento de
comunidades sésseis multicelulares e descolamento. O intestino delgado humano, no
entanto, fornece uma maior quantidade de nutrientes comparados com os ambientes
aquáticos. A sobrevivência nas águas hospedeiras e estuarinas é a sua capacidade
de alternar entre estilos de vida móveis (planctónicos) e sésseis (biofilme) em resposta
às mudanças físicas e químicas no meio extracelular. Para a infecção formada por
meio de biofilmes as explicações possíveis para os resultados conflitantes são um
papel não reconhecido da inadvertência do O139LPS na mucosa intestinal ou
mascaramento do O139vpsd eficaz pelo exopolissacarídeo de Vibrio (Vps) produzido
pela cepa co-inoculada do tipo selvagem. As atividades do TCP que promovem a
colonização intestinal incluem a aderência às células intestinais, a formação de
microcolonia e a secreção do fator de colonização secundária TcpF.
De modo análogo ao problema apontado, tal situação destaca-se nas áreas
urbanas mais carentes, onde raramente a rede de abastecimento alcança domicílio,
obrigando desta forma a população a recorrer às torneiras ou chafarizes públicos para
sua manutenção de reserva na habitação. Via de regra isto implica o manuseio
frequente da coleção d’água, que, mesmo previamente tratada, poderá se constituir
em risco potencial de disseminação de enteropatógenos no ambiente intradomiciliar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COLAÇO, W. et al. Vibrio cholerae O1 em amostras de ambientes aquáticos e de


alimentos analisados no Estado de Pernambuco, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de
Janeiro, v.14, n.3, p.465-471, 1998.

MESSELHÄUSSER, U.; COLDITZ, J.; THÄRIGEN, D.; KLEIH, W.; HÖLLER, C.;
BUSCH, U. Detection and differentiation of Vibrio spp. in seafood and fish samples
with cultural and molecular methods. International Journal of Food Microbiology,
v.149, n.3, p.360-364, 2010.

VIEIRA, M.A.M. Ilhas de patogenicidade. O Mundo da Saúde, v.33, n.4, p.406-414,


jul-set, 2009.

TALL, A.; HERVIO-HEATH, D.; TEILLON, A.; BOISSET-HELBERT, C.; DELESMONT,


R.; BODILIS, J.; TOURON-BODILI, A. Diversity of Vibrio spp. isolated at ambient
environmental temperature in the Eastern English Channel as determined by pyrH
sequencing. Journal of applied microbiology, v.114, n.6, p.1713-1724, 2013.

Você também pode gostar