Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
“A você que, incógnito em vida e isento de epígrafes em lápides, tornou-se ‘peça’ fundamental à nossa missão de evitar a morte.
Como fonte inesgotável de conhecimento, representastes o papel de Mestre, emprestando-nos a geografia do seu corpo, agora
inanimado, mas que já foi templo do dom da existência e protagonista de sua própria história; hoje, imortalizada. Embora
insuficiente para demonstrar nosso respeito, rabiscamos aqui nossa gratidão camuflada em homenagem póstuma, pois o êxito da
ciência da vida só se faz possível através do infortúnio de sua morte.”
(Agradecimento ao Cadáver Desconhecido; Arlindo Ugulino Netto, 2013)
Anatomia é a ciência que estuda macro e microscopicamente a constituição e o desenvolvimento dos seres
organizados (Dângelo e Fattini).
Em outras palavras, a Anatomia (do grego antigo, anatémnein, ou "seccionar em partes"), ou Antroponatomia, é
o ramo da biologia no qual se estudam a estrutura e organização dos seres vivos, tanto externa quanto internamente, de
um modo macroscópico geral.
HISTÓRIA DA ANATOMIA
Em termos mais restritos e clássicos, a anatomia confunde-se com a morfologia interna, isto é, com o estudo da
organização interna dos seres vivos, o que implicava uma vertente predominantemente prática que se concretizava
através de métodos precisos de corte e dissecação (ou dissecção) de seres vivos (cadáveres, pelo menos no ser
humano), com o intuito de revelar a sua organização estrutural.
A partir daí, a anatomia já tomava sua devida importância e origem no Egito antigo (3000 a 2500 a.C.), por meio
de um ensino empírico no intuito de realizar o embalsamamento das múmias. Com isso, a anatomia era uma arte
restrita aos sacerdotes dos grandiosos faraós.
Na Grécia, porém, a anatomia foi vista como prioridade, no ponto de vista de Hipócrates de Cós (460 a 377
a.C.), considerado o “Pai da Medicina”, assumindo que “a natureza do corpo é o início de toda ciência médica” e
afirmando que era de suma importância reconhecer e explorar cada estrutura do corpo humano para saber lidar com
essa máquina perfeita. Foi um dos fundadores da ciência anatômica voltada à medicina: escreveu mais de 400
aforismos (máximas nas quais se baseiam a Medicina); preconizou, pela primeira vez, o tratamento de uma hérnia de
disco, por exemplo. Hipócrates foi responsável, inclusive, por organizar os códigos moral e ético da prática profissional
da medicina (o “Juramento de Hipócrates”).
Os conhecimentos da anatomia foram então passados para o filósofo Aristóteles (384 a 322 a.C.), que mesmo
tomando conhecimento da importância que se tinha essa ciência, não se havia denominado de maneira específica o ato
1
www.medresumos.com Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2014 ● ANATOMIA HUMANA SISTÊMICA
de dissecar, muito embora seja atribuído a ele o fato de ter usado, pela primeira vez, o termo “anatémnein” (em grego,
“anna temnein”= cortar em partes, seccionar).
Na realidade, o mais antigo relato conhecido de uma dissecação pertence ao grego Teofrasto, discípulo de
Aristóteles. Relatos também atribuem a ele o termo “anatomia”, que se generalizou, englobando todo o campo da
biologia que estuda a forma e a estrutura dos seres vivos, existentes ou extintos.
Alcméon, na Grécia, lutando contra o tabu que envolvia o estudo do corpo humano, realizou pesquisas
anatômicas já no século VI a.C. (por isso muitos o consideram o “pai” da anatomia). Entre 600 e 350 a.C. , Empédocles,
Anaxágoras, Esculápio e Aristóteles também se dedicaram a dissecações. Foi, porém, no século IV a.C, com a escola
Alexandrina, que a anatomia prática começou a progredir.
Na época, destacou-se Herófilo de Calcedônia (335 a 280 a.C.), que, observando cadáveres humanos,
classificou os nervos como sensitivos e motores, reconhecendo no cérebro a sede da inteligência e o centro do sistema
nervoso. É considerado o “Pai da Anatomia Antiga”, tendo dissecado inúmeros cadáveres. Escreveu três livros “Sobre a
Anatomia”, que desapareceram. Seu contemporâneo Erasístrato descobriu que as veias e artérias convergem tanto para
o coração quanto para o fígado.
Rufo de Éfeso (100 d.C.) é considerado o primeiro estudioso a tentar organizar e padronizar uma Nomenclatura
Anatômica: a denominação das partes do corpo.
No século IX, o estudo do corpo humano voltou a interessar os sábios, graças à escola de médica de Salerno, na
Itália, e à obra de Constantino, o Africano, que traduziu do árabe para o latim numerosos textos médicos gregos. Logo
depois, Guglielmo de Saliceto, Rolando de Parma e outros médicos medievais enfatizaram a afirmação de Galeno (130
a 200 d.C.), segundo a qual o conhecimento anatômico era importante para o exercício da cirurgia: “Pela ignorância da
anatomia, pode-se ser tímido demais em operações seguras ou temerário e audaz em operações difíceis e incertas”. Foi
Galeno deu nomes aos ossos, indentificou as suturas do crânio, compreendeu a importância do atlas (1ª
vértebra cervical) nos movimentos da cabeça, entre outros. Entretanto, por dissecar animais (macacos, bois), e não
humanos, teve na sua obra equiívocos resultantes da transposição, para o homem, de seus achados.
O médico Mondino de Liuzzi (1270 a 1360) foi o responsável por incluir no currículo médico a disciplina de
Anatomia. Por isso, ele foi considerado o Restaurador da Anatomia: as aulas práticas de anatomia aconteciam na casa
do próprio professor. Em 1315, realizou a primeira dissecação pública em Bolonha, Itália. Escreveu uma obra de
Anatomia Sistemática (1316), com 20 volumes.
Na Antiguidade, até então, os Anatomistas estudaram sempre as escondidas, e os cadáveres eram “roubados”
da catacumbas, pois era proibido o uso de dissecação, sob pena de morte na fogueira, por razões éticas e religiosas
considerados prática de bruxaria. Utilizavam cadáveres de criminosos e ladrões. Os irlandeses William Burke e William
Hare, assassinaram pelo menos 16 pessoas, para utilizar seus corpos em aulas de anatomia.
O clima geral do Renascimento favoreceu o progresso dos estudos anatômicos. A descoberta de textos gregos
sobre o assunto, e a influência dos pensadores humanistas, levou a Igreja a ser mais condescendente com a dissecação
de cadáveres. Deve-se ao Papa Clemente VII (1478 a 1534) a permissão para a prática da Anatomia em seres
humanos, com fins de ensino, o que alargou os horizontes para esta ciência. Artistas como Michelangelo (1475 a 1564),
Leonardo da Vinci (1452 a 1519) e Rafael mostraram grande interesse sobre a estrutura do corpo humano. Leonardo
dissecou, talvez, meia dúzia de cadáveres, relatando seus achados em vários desenhos e obras; Michelangelo esculpiu
seus conhecimentos anatômicos em obras como “David” e “Moisés”, além de fazer referências à neuranatomia na obra
“A Criação de Adão”, no teto da Capela Sistina.
O maior anatomista da época foi o médico flamengo Andreas Versalius (1514 a 1564), considerado o “Pai da
Anatomia Moderna”, sendo um dos maiores contestadores da obscurantista tradição de Galeno: ele corrigiu erros de
outros anatomistas – inclusive Galeno – e expôs o esqueleto do corpo humano. Dissecou cadáveres humanos durante
anos, em Pádua, e descreveu detalhadamente suas descobertas no livro “De Humani Corporis Fabrica” (Dos Trabalhos
do Corpo Humano”), em 1543. Estabeleceu a postura do cadáver e sugeriu a Posição Anatômica, hoje padronizada,
para o ensino da anatomia humana em todo o mundo.
Girolamo Fabricius (1537 a 1619) descreveu os fundamentos da traqueostomia, apesar de nunca tê-la utilizado.
William Harvey (1578 a 1657), um médico britânico, descreveu a circulação do sangue: a “pequena e grande circulação”,
além de ter postulado a existência dos capilares sanguíneos (apesar de nunca tê-los visto).
Em 1832, foi decretada a Lei de Anatomia (Anatomic Act) pelo Parlamento, no Reino Unido, que deu licença
mais livre para médicos, professores de anatomia e os estudantes de boa-fé para o estudo de cadáveres, como resposta
ao comércio ilegal de cadáveres.
Nos séculos XVIII e XIX, o estudo cada vez mais pormenorizado das técnicas operatórias levou à subdivisão da
anatomia, dando-se muita importância à anatomia topográfica. O estudo anatômico-clínico do cadáver, como meio mais
seguro de estudar as alterações provocadas pela doença, foi introduzido por Giovan Battista Morgani. Surgia a anatomia
patológica, que permitiu grandes descobertas no campo da patologia celular, por Rudolf Virchow, e dos agentes
responsáveis por doenças infecciosas, por Pasteur e Koch.
Hoje em dia, a ciência anatômica é muito mais do que apenas “dissecar um cadáver”. Graças a ela, há a
possibilidade de estudar anatomia mesmo em pessoas vivas, através de técnicas de imagem como a radiografia, a
endoscopia, a angiografia, a tomografia axial computadorizada, a tomografia por emissão de pósitrons, a imagem de
ressonância magnética nuclear, a ecografia, a termografia e outras.
2
www.medresumos.com Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2014 ● ANATOMIA HUMANA SISTÊMICA
O CADÁVER
O cadáver é, sem dúvida, o “professor” mais importante da ciência da Anatomia. Embora o conceito da ciência
atualmente seja bem mais abrangente, o cadáver humano ainda é o principal instrumento de ensino e estudo da
Anatomia (Haroldo Diniz, 1972). Do latim, o termo cadáver, caro data vermibus, significa: “carne dada aos vermes”.
ANATOMIA SISTÊMICA
A anatomia sistêmica compreende o estudo analítico e macroscópico dos sistemas orgânicos, considerados
separadamente.
Sistema ósseo: suporte estrutural e proteção através dos ossos.
Sistema articular: conjunto de estruturas com função de unir os ossos e garantir o movimento entre eles.
Sistema muscular: proporciona o movimento ao corpo.
Sistema nervoso: coleta, transfere e processa informação com o cérebro e nervos.
Sistema endócrino: comunicação interna do corpo através de hormônios.
Sistema cardiovascular: circulação do sangue como coração e vasos sanguíneos.
Sistema linfático: estruturas envolvidas na transferência de linfa entre tecidos e o fluxo sanguíneo.
Sistema imunológico: defesa do corpo contra os agentes patogênicos.
Sistema respiratório: órgãos usados para inspiração (vias aéreas) e hematose (pulmão).
Sistema digestório: processamento do alimento com a boca, estômago e intestinos.
Sistema excretor ou urinário: os rins e estruturas envolvidas na produção e excreção da urina.
Sistema reprodutor: órgãos sexuais masculinos e femininos responsáveis diretos pela perpetuação da espécie.
ANATOMIA TOPOGRÁFICA
Os livros de anatomia humana geralmente dividem o corpo nos seguintes grupos regionais:
Cabeça e Pescoço: inclui todas as estruturas acima da abertura torácica superior.
Membro superior: inclui a mão, antebraço, braço, ombro, axila, região peitoral e região escapular.
Tórax: é a região do peito compreendida entre a abertura torácica superior e o diafragma torácico.
Abdome: região situada entre a abertura inferior do tórax e a abertura superior da pelve.
Dorso: a coluna vertebral e seus componentes, as vértebras e os discos intervertebrais.
Pelve e Períneo
Membro inferior: estruturas localizadas abaixo do ligamento inguinal, incluindo a coxa, articulação do quadril,
perna e pé.
"Ao curvar-te com a lâmina rija de teu bisturi sobre o cadáver desconhecido, lembra-te que este corpo nasceu do amor de duas
almas; cresceu embalado pela fé e esperança daquela que em seu seio o agasalhou, sorriu e sonhou os mesmos sonhos das crianças e
dos jovens; por certo amou e foi amado e sentiu saudades dos outros que partiram, acalentou um amanhã feliz e agora jaz na fria
lousa, sem que por ele tivesse derramado uma lágrima sequer, sem que tivesse uma só prece. Seu nome só Deus o sabe; mas o destino
inexorável deu-lhe o poder e a grandeza de servir a humanidade que por ele passou indiferente."
3
www.medresumos.com Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2014 ● ANATOMIA HUMANA SISTÊMICA
A Anatomia macroscópica humana estuda o corpo humano e conforme o enfoque recebe varias denominações:
Anatomia sistemática ou descritiva: estuda de modo analítico (separação de um todo em seus elementos
ou partes componentes) e separadamente as várias estruturas dos sistemas que constituem o corpo, o
esquelético, o muscular, o circulatório, etc.
Anatomia topográfica ou regional: estuda de uma maneira sintética (método, processo ou operação que
consiste em reunir elementos diferentes e fundi-los num todo), as relações entre as estruturas de regiões
delimitadas do corpo.
Anatomia de superfície ou do vivo: estuda a projeção de órgãos e estruturas profundas na superfície do
corpo, é de grande importância para a compreensão da semiologia clínica (estudo e interpretação do conjunto
de sinais e sintomas observados no exame de um paciente).
Anatomia funcional: estuda segmentos funcionais do corpo, estabelecendo relações recíprocas e funcionais
das várias estruturas dos diferentes sistemas.
Anatomia aplicada: salienta a importância dos conhecimentos anatômicos para as atividades médicas, clínica
ou cirúrgica e mesmo para as artísticas.
Anatomia radiológica: estuda o corpo usando as propriedades dos raios-X e constitui, com a anatomia de
superfície, a base morfológica das técnicas de exploração clínica.
Anatomia comparada: estuda a anatomia de diferentes espécies animais com particular enfoque ao
desenvolvimento ontogenético (desenvolvimento de um indivíduo desde a concepção até a idade adulta) e
filogenético (história evolutiva de uma espécie ou qualquer outro grupo taxonômico) dos diferentes órgãos.
4
www.medresumos.com Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2014 ● ANATOMIA HUMANA SISTÊMICA
NOMENCLATURA ANATÔMICA
É a linguagem própria da anatomia, ou seja, conjunto de termos empregados para designar e descrever o
organismo ou suas partes. Com o acúmulo de conhecimentos no final do século passado, graças aos trabalhos de
importantes “escolas anatômicas” (sobretudo na Itália, França, Inglaterra e Alemanha), as mesmas estruturas do corpo
humano recebiam denominações diferentes nestes centros de estudos e pesquisas.
Em razão desta falta de metodologia e de inevitáveis arbitrariedades, mais de 20.000 termos anatômicos
chegaram a ser consignados (hoje reduzidos a poucos mais de 5.000).
A primeira tentativa de uniformizar e criar uma nomenclatura anatômica internacional ocorreu em 1895. Em
sucessivos congressos de Anatomia em 1933, 1936 e 1950 foram feitas revisões e finalmente em 1955, em Paris, foi
aprovada oficialmente a Nomenclatura Anatômica, conhecida sob a sigla de P.N.A. (Paris Nomina Anatômica). Revisões
subsequentes foram feitas em 1960, 1965 e 1970, visto que a nomenclatura anatômica tem caráter dinâmico, podendo
ser sempre criticada e modificada, desde que haja razões suficientes para as modificações e que estas sejam aprovadas
em Congressos Internacionais de Anatomia.
A língua oficialmente adotada é o latim (por ser “língua morta”), porém cada país pode traduzi-la para seu próprio
vernáculo. Ao designar uma estrutura do organismo, a nomenclatura procura utilizar termos que não sejam apenas
sinais para a memória, mas tragam também alguma informação ou descrição sobre a referida estrutura.
Dentro deste princípio, foram abolidos os epônimos (nome de pessoas para designar coisas) e os termos
indicam: a forma (músculo trapézio); a sua posição ou situação (nervo mediano); o seu trajeto (artéria circunflexa da
escápula); as suas conexões ou inter-relações (ligamento sacroilíaco); a sua relação com o esqueleto (artéria radial); sua
função (M. levantador da escápula); critério misto (M. flexor superficial dos dedos – função e situação). Entretanto, há
nomes impróprios ou não muito lógicos que foram conservados, porque estão consagrados pelo uso.
POSIÇÃO ANATÔMICA
Para evitar o uso de termos diferentes nas descrições
anatômicas, considerando-se que a posição pode ser variável,
optou-se por uma posição padrão, denominada posição de
descrição anatômica (posição anatômica). Deste modo, os
anatomistas, quando escrevem seus textos, referem-se ao objeto
de descrição considerando o indivíduo como se estivesse sempre
na posição padronizada.
Padrão de Posição Anatômica: indivíduo de pé, com a
face voltada para diante, o olhar dirigido ao horizonte, membros
superiores estendidos ao lado do tronco e com as palmas das
mãos voltadas para frente, os membros inferiores unidos com os
dedos dos pés voltados para diante.
5
www.medresumos.com Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2014 ● ANATOMIA HUMANA SISTÊMICA
Os planos descritos são de delimitação. É possível traçar também planos de secção, os quais serão abordados a
seguir.
Plano Sagital ou Mediano: É o plano que corta o corpo no sentido ântero-posterior, possui esse nome porque
passa exatamente na sutura sagital do crânio; quando passa bem no meio do corpo, sobre a linha sagital
mediana, é chamado de sagital mediano e quando o corte é feito lateralmente a essa linha, chamamos
parassagital. Determina uma porção direita e outra esquerda. Também nos permite dizer se uma estrutura é
lateral ou medial. Dizemos que é lateral quando a estrutura se afasta da linha mediana e dizemos que é medial
quando ela se aproxima da linha mediana.
Plano Coronal ou Frontal: É o plano que corta o corpo lateralmente, de uma orelha a outra. Possui esse nome
porque passa exatamente na sutura coronal do crânio. Ele determina se uma estrutura é anterior ou posterior.
Podemos dizer, tendo esse plano como referência, que o nariz é anterior e que a orelha é posterior.
Plano Transversal ou Axial: É o plano que corta o corpo transversalmente. Através desse plano podemos dizer
se uma estrutura é superior ou inferior.
6
www.medresumos.com Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2014 ● ANATOMIA HUMANA SISTÊMICA
TERMOS ANATÔMICOS
A situação e a posição das estruturas anatômicas são indicadas em função dos planos de delimitação e secções.
SITUAÇÃO
Mediano: situada exatamente ao longo do plano de secção mediano.
Médio¹: quando as estruturas estão alinhadas na direção craniocaudal ou ântero-dorsal.
Intermédio¹: quando as estruturas estão em alinhamento látero-lateral.
COMPARAÇÃO
Proximal²: mais próximo do ponto de origem;
Distal²: mais afastado do ponto de origem;
Palmar ou volar: face anterior da mão. A face posterior das mãos é chamada dorsal;
Plantar: face inferior do pé. A face superior dos pés é chamada dorsal;
Oral e aboral são termos restritos ao tubo digestivo e indicam estruturas mais próximas ou distantes da boca,
respectivamente.
Aferente³ significa que impulsos nervosos ou o sangue são conduzidos da periferia para o centro, e eferente³ se
refere à condução do centro para a periferia. Ex.: A raiz dorsal do nervo espinhal é aferente por conduzir
impulsos nervosos da periferia para a medula espinhal, já a raiz ventral é eferente.
Superficial : estrutura contida no tegumento (epiderme + derme + tecido subcutâneo);
4
¹ Médio e Intermédio são termos que indicam situação de uma estrutura entre outras duas.
² Proximal e Distal são usados para comparar a distância de pelo menos duas estruturas em relação (1) a raiz do
membro, (2) ao coração e (3) ao encéfalo e medula espinhal.
³ Aferente e eferente indicam direção e são usados em anatomia para vasos e nervos.
4
Os termos superficial e profundo indicam as distâncias relativas entre as estruturas e a superfície do corpo. São
também termos de situação que indicam estar contido nos planos superficiais ou nos planos profundos. Nesse caso, o
limite entre superficial e profundo é a fáscia muscular. Lesões limitadas ao tegumento são superficiais, e lesões que
atingem a fáscia muscular já são consideradas profundas.
MOVIMENTAÇÃO
Flexão: curvatura ou diminuição do ângulo entre os ossos ou partes do corpo;
Extensão: endireitar ou aumentar o ângulo entre os ossos ou partes do corpo;
Adução: movimento na direção do plano mediano em um plano coronal;
Abdução: afastar-se do plano mediano no plano coronal;
Rotação Medial: traz a face anterior de um membro para mais perto do plano mediano;
Rotação Lateral: leva a face anterior para longe do plano mediano;
Retrusão: movimento de retração (para trás) como ocorre na retrusão da mandíbula e no ombro;
Protrusão: movimento dianteiro (para frente) como ocorre na protrusão da mandíbula e no ombro;
Oclusão: movimento em que ocorre o contato da arcada dentário superior com a arcada dentária inferior;
Abertura: movimento em que ocorre o afastamento dos dentes no sentido súpero-inferior;
Elevação: elevar ou mover uma parte para cima, como elevar os ombros;
Abaixamento: abaixar ou mover uma parte para baixo, como baixar os ombros;
Retroversão: posição da pelve na qual o plano vertical através das espinhas ântero-superiores é posterior ao
plano vertical através da sínfise púbica;
Anteroversão: posição da pelve na qual o plano vertical através das espinhas ântero-superiores é anterior ao
plano vertical através da sínfise púbica;
Pronação: movimento do antebraço e mão que gira o rádio medialmente em torno de seu eixo longitudinal de
modo que a palma da mão olha posteriormente;
Supinação: movimento do antebraço e mão que gira o rádio lateralmente em torno de seu eixo longitudinal de
modo que a palma da mão olha anteriormente;
Inversão: movimento da sola do pé em direção ao plano mediano. Quando o pé está totalmente invertido, ele
também está plantifletido;
Eversão: movimento da sola do pé para longe do plano mediano. Quando o pé está totalmente evertido, ele
também está dorsifletido;
Dorsiflexão (flexão dorsal): movimento de flexão na articulação do tornozelo, como acontece quando se
caminha morro acima ou se levantam os dedos do solo;
Plantiflexão (flexão plantar): dobra o pé ou dedos em direção à face plantar, quando se fica em pé na ponta dos
dedos.
Estratigrafia: o corpo humano é construído pela superposição de camadas (estratos). Ex: Pele; Tecido celular
subcutâneo; Fáscia muscular; Músculos; Ossos.
MINI-GLOSSÁRIO ANATÔMICO
Anastomose: em Medicina e Odontologia, chama-se anastomose à comunicação, natural ou resultante de
processo cirúrgico, entre tubos, vasos sanguíneos ou nervos da mesma natureza.
Comissura: região anatômica onde fibras cruzam de um lado para o outro paralelamente.
Córtex / Cortical: é a camada externa, sendo a estrutura mais ou menos concêntrica e bem definida, de
certos órgãos, como os rins, as glândulas suprarrenais, os ovários, o timo e o cérebro.
Decussação: formação anatômica constituída por fibras nervosas que cruzam obliquamente o plano mediano e
que têm aproximadamente a mesma direção.
Estroma: refere-se ao tecido conectivo, não funcional de sustentação de uma célula, tecido ou órgão. O estroma
é distinto do parênquima, que se consiste dos elementos funcionais de um órgão. É o tecido de sustentação de
um órgão, ou seja, que serve para sustentar as células funcionais (parênquima) deste órgão.
Forame: é o nome dado a uma abertura (geralmente em ossos ou entre ligamentos) para passagem
de vasos e nervos.
Hilo: é uma fissura ou canal numa víscera (especialmente no baço, pulmão, rim ou ovário), pela qual entram e
saem os elementos vasculares, nervosos e linfáticos.
Medula: etimologicamente, significa “miolo”, indicando “o que está dentro”. Ex: a medula óssea dentro dos
ossos; medula suprarrenal, dentro da glândula do mesmo nome; medula espinhal dentro do canal vertebral.
Núcleo: em neuroanatomia, representa uma massa de substância cinzenta imersa em substância branca, ou
grupo delimitado de neurônios com aproximadamente a mesma estrutura e mesma função.
Parênquima: particularmente em histologia, é o tecido com a função principal de determinado órgão. O
parênquima se contrapõe ao estroma, que serve de suporte ao parênquima.
Substância branca: tecido nervoso formado por neuroglia e fibras (axônios) predominantemente mielínicas.
Substância cinzenta: refere-se ao tecido nervoso que contém fibras do tipo amielínicas, corpos de neurônios,
etc. Sua localização é mais interna em relação a substância branca na medula e, no telencéfalo e cerebelo, mais
externamente.
Trato / Tracto: seria um agrupamento de fibras nervosas, que tem a mesma origem, mesmo destino e mesma
função. Na denominação de um trato, usam-se dois termos ligados por hífen: o primeiro indicando a origem e o
segundo a terminação das fibras. Ex: Trato córtico-espinhal: se origina no córtex motor e se dirige aos neurônios
da medula.