Você está na página 1de 42

Universidade Estácio de Sá

Curso de medicina veterinária


Bacteriologia em animais

Gêneros:
Bacillus sp.
Listeria sp.
Corynebacterium sp.

Prof. Ana Paula Loureiro de Almeida


Email: anapploureiro@yahoo.com.br
Gênero Bacillus
Características gerais
Gênero muito heterogêneo;

Bacilos grandes (10 µm);

Gram positivos;

Anaeróbios facultativos;

Esporulados;

Distribuição ampla no ambiente - > 90 espécies, maioria saprofítica;


tem o solo como habitat.
Gênero Bacillus
Características gerais
Forma vegetativa – Altamente sensível: ou esporulam ou morrem.

Forma esporulada – Muito resistente no ambiente

Esporulação:
◦ Esporulação não se inibe pela presença de O2 (Diferente do
Clostridium);
◦ Clima quente e úmido favorecem uma alta taxa de esporulação;
◦ Alguns microambientes permitem a germinação.

Grande preocupação
pra indústria!
Bacillus cereus
Bacillus cereus
Características gerais
Agente oportunista;

Amplamente disseminado no ambiente e alimentos;

Algumas cepas são psicrotróficas (Crescem a 4-5 oC);

Formam esporos hidrofóbicos e com filamentos:


◦ Aderem fortemente à superfícies;

◦ Lavagem convencional elimina apenas 40% dos esporos;

◦ Mangueiras, tubulações, tanques – Indústria agro-alimentares;

◦ Contaminação de medicamentos tópicos – infecção de feridas;


Bacillus cereus
Fatores de virulência
◦ AGRESSÃO: produção de toxinas
◦ Síndrome diarreica:
◦ Hemolisina BL (HBL): aderência, Hemolítica, dermonecrótica,
aumenta a permeabilidade dos capilares;
◦ Enterotoxina não hemolítica (NHE): citotóxica, mas não é hemolítica;

◦ Síndrome emética – CEREULIDA:


◦ Isoladas de arroz, macarrão e leite em pó;
◦ Termoestável (30 minutos a 121° C);
◦ Resistente à proteólise.
Bacillus cereus
Doenças associadas
Toxinfecção:
◦ Alimentos deixados em temperatura ambiente após muitas horas do
preparo - Acomete humanos e cães;

◦ Forma diarreica: Colonização do intestino delgado= produção de HBL


e NHE (sensíveis à proteases). Ingestão de laticínios, peixes e carnes

◦ Forma emética: Cereulida (resistente à proteases). Ingestão de


Alimentos ricos em amido (arroz, farinhas, feijão) – B. cereus não
destrói o amido = alimento de aspecto normal.
Bacillus anthracis
Bacillus anthracis
Características gerais

Disseminados pelo ambiente – microbiota


de solo;
Infecção eficiente depende:
◦ Dose infectante;
◦ Sítio de infecção;
◦ Condição do organismo hospedeiro;

Transmissão: Ingestão (Via mais comum),


inalação ou percutânea.
Bacillus anthracis
Características gerais

Germinação dos
Multiplicação
esporos SEPTICEMIA!!!!!!
nos focos de
mucosa da Via linfática
infecção
garganta ou TGI

Carbúnculo hemático
Bacillus anthracis
Fatores de virulência

◦ Cápsula: proteção contra fagocitose;

◦ Holotoxina: Deterioração da hemodinâmica do animal, que morre


por choque circulatório.

◦ Fator Edema: Perda de fluidos e eletrólitos pelas células = EDEMA!

◦ Antígeno protetor: necessário para os demais fatores;

◦ Fator Letal: lesão tecidual;


Bacillus anthracis
Fatores de virulência
Bacillus anthracis
Sintomatologia

Morte súbita + Edema + Sangramento


Bacillus anthracis
Sintomatologia
Bacillus anthracis
Potencial zoonótico
◦ Zoonose ocupacional (Doença do classificador de lã - woolsorter`s
disease)

◦ Três diferentes formas:

◦ Cutânea (pústula maligna);

◦ Pulmonar (mais grave);

◦ Gastrointestinal.
Bacillus anthracis
Diagnóstico
Achados clínicos e necroscópicos;

Material: sangue, líquido aspirado de edemas ou swab de lesão


cutânea, baço;

Evitar contaminação ambiental!

Esporulação é inibida pelo ↑ de CO2 (abundante na putrefação);

NÃO NECROPSIAR ANIMAL COM SUSPEITA DE CARBÚNCULO


HEMÁTICO!!!!!!
Bacillus anthracis
Controle e profilaxia
Vacinação: controle (exposição) e profilaxia;
◦ atenuada (atenuada pelo calor);

◦ esporos avirulentos de Stern (cepa não capsulada);

Homem
◦ Proteção individual;

◦ Ciprofloxacina e doxicilina;
Listeria sp.
Gênero Listeria
Características gerais
Bastonetes Gram-positivos curtos;
Flagelos peritríquios (20-25°C);
Anaeróbios facultativos;
Intracelular facultativo;
Não formam esporos;
Toleram altas concentrações de NaCl (~ 25,5%);
Formam biofilmes;
Psicrotróficos (1 - 45oC):
Crescem mesmo em ambientes refrigerados –
Importância no controle microbiano de alimentos!!!!
Gênero Listeria
Fontes de contaminação
Solo
Pastagens
Silagem
Vegetais em decomposição
Esgoto
Fezes de animais sadios (microbiota)
Ruminantes são reservatórios
Gênero Listeria
Mecanismos de transmissão

Contato direto e indireto com fontes de contaminação.


Via cutânea, oral, respiratória, urogenital e transplacentária.
Principal agente etiológico: Listeria monocytogenes
Gênero Listeria
Fatores de virulência

◦ Internalina– Promove a adesão da parede bacteriana à


membrana celular. Interage de forma semelhante ao fecho zíper,
internalizando a bactéria

◦ Listeriolizina O – Destrói membranas celulares, principalmente a


que faz conexão entre o lisossomo e o vacúolo fagocitário.

◦ Fosfolipases – Rompimento de vacúolos e membranas


citoplasmáticas;

◦ ActA – Mobiliza e polimeriza os filamentos de actina;


Patogenia 1. Entrada no organismo hospedeiro por via oral;

2. Adesão ao epitélio intestinal pelas INTERNALINAS


A e B;

3. Fagocitose por macrófagos ou interação de


membranas por células não fagocíticas (enterócitos);

4. Destruição dos vacúolos pela LISTERIOLISINA O e


FOSFOLIPASES;

5. Proliferação;

6. Locomoção através da mobilização dos filamentos


de actina (ActA);

7. Formação do “dedo de luva”;

8. Infecção de outras células.


Gênero Listeria
Sintomatologia

Abortamentos

Encefalites/ meningites Ceratoconjuntivite Septicemia


Gênero Listeria
Importância em Saúde Pública

Doença em humanos caracterizada por surtos:

.
Gênero Listeria
Importância em Saúde Pública
Sintomatologia branda em indivíduos hígidos: mal estar geral, forma
cutânea (doença ocupacional)
Sintomatologia grave em pessoas susceptíveis (grávidas, idosos e
imunodeprimidos): septicemia, abortamento, meningite.
• Alta mortalidade ~ 20 - 30% para a população de risco (CRUZ et al.,
2008).
Gênero Listeria
Diagnóstico

Imunofluorescência
Material para coleta: Coloração de Gram

Tecidos, sangue, líquor...


Métodos
Esfregaço das lesões: cocobacilos Gram
(+)
Imunofluorescência
Histopatologia
Cultura

Histopatologia
Gênero Listeria
Diagnóstico

Meio de cultura: Ágar sangue

Crioenriquecimento : 4 oC

L. monocytogenes: Espécies β-hemolíticas , móveis a baixas temperaturas

Mobilidade à temperatura
inferior à 25o C
Gênero Listeria
Diagnóstico

Mobilidade à temperatura
Produção fator CAMP
inferior à 25o C
Gênero Listeria
Controle e prevenção

Controle de silagem;
Isolamento dos animais infectados;
Antimicrobianos;
Cuidados com alimentos susceptíveis;
Práticas de higiene e prevenção contra
recontaminação;
Resolução - RDC nº 12, 02/01/01.
Corynebacterium
pseudotuberculosis
Características gerais
Morfologia:
Bacilos pleomórficos – cocobacilo à forma de clava;

Padrão diftérico: Forma de clava com arranjo em letras


chinesas;

São Gram positivos;

Não esporulam;

Corynebacterium diphteriae
Corynebacterium renale
Características gerais
Bactérias Corineformes - Parede celular característica:
 Ác. Arabinogalactano;

 Ácidos micólicos;

 Peptideoglicano.

Corynebacterium

Cadeias curtas de ácidos graxos


por isso não são BAAR
(micobactérias)
Corynebacterium pseudotuberculosis
Fatores de virulência

Parede Lipídica:

 Resistência ao ambiente;

 Resistência à Fagocitose – protege contra a ação das enzimas hidrolíticas;

Exotoxina fosfolipase D (Toxina PLD)

 Destrói fosfolipídeos de membrana;

 Lisa eritrócitos e células endoteliais (necrose dérmica, agregação


plaquetária, lesão renal);

 ↑ permeabilidade vascular = disseminação;


Corynebacterium pseudotuberculosis
Manifestações clínicas

 Linfadenite caseosa ou “Mal do caroço” em caprinos e ovinos;

Doença do peito ou “Peito de pombo” em equinos;

Linfangite ulcerativa em bovinos;


Lesões de pele
Patogenia
Linfadenite caseosa Fagocitose

Parasitismo intra-celular

Vasos linfáticos Impedimento


da formação
do fago-
Linfonodos lisossoma

Inflamação difusa

Abscessos encapsulados

Células inflamatórias transpõe a cápsula

Nova cápsula (abscesso em anéis de cebola)


Corynebacterium pseudotuberculosis
Linfadenite caseosa em caprinos e ovinos
Apresentações clínicas:

Externa

Interna
Corynebacterium pseudotuberculosis
Linfadenite caseosa em caprinos e ovinos
Diagnóstico

Esfregaços de material de lesões – Abcessos, secreção nasal...;

Meio – Agar sangue – bactéria exigente.


Corynebacterium pseudotuberculosis
Linfadenite caseosa em caprinos e ovinos
Diagnóstico

Testes bioquímicos confirmatórios;

PCR;

ELISA (fosfolipase D; PTNS de superfície...):


Corynebacterium pseudotuberculosis
Linfadenite caseosa em caprinos e ovinos
Métodos de controle e erradicação

 Tratamento – Ineficaz

 Prevenção:

Animal
 Diagnóstico dos animais – abate Infectado
Livre
Ordenação da tosquia
 Compra de animais soronegativos

 Tosquia: animais infectados por último


Controle
 Vacinação

Você também pode gostar