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e Toxicológicas
Toxicologia Ocupacional, Social e Forense
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Revisão Técnica:
Prof. Everton Carlos Gomes
Toxicologia Ocupacional,
Social e Forense
• Toxicologia Ocupacional;
• Praguicidas;
• Toxicologia Forense.
OBJETIVOS
DE APRENDIZADO
• Apontar os principais agentes intoxicantes no âmbito social, destacando o impacto em Saú-
de Pública e a relevância do conhecimento adquirido por meio da toxicologia para aplicação
na área criminal e sua contribuição para a Sociedade;
• Conhecer a importância de um profissional atuante na toxicologia.
UNIDADE Toxicologia Ocupacional, Social e Forense
Toxicologia Ocupacional
Uma área muito importante da toxicologia é a toxicologia ocupacional. Após
vários casos de intoxicação e desastres em massa ao longo da História, associados
à exposição no local de trabalho, atualmente, a toxicologia contribui fortemente no
controle, no combate e na prevenção de acidentes no local de trabalho. Portanto,
essa área é descrita com a área da toxicologia que trata da exposição a substâncias
químicas no ambiente de trabalho, que podem provocar danos à saúde.
A partir daí, temos três pontos a serem abordados como pilares da toxicolo-
gia ocupacional:
Monitorização biológica
Dose
interna
Figura 1
Fonte: Adaptado de OGA, 2008
Monitoramento Ambiental
Consiste na realização de medições e/ou observações específicas, dirigidas a alguns
poucos indicadores e parâmetros, com a finalidade de verificar se determinados impac-
tos ambientais estão ocorrendo, podendo ser dimensionada sua magnitude e avaliada
a eficiência de eventuais medidas preventivas adotadas (BITAR; ORTEGA, 1998).
Monitoramento Biológico
Consiste na determinação de agentes e metabólitos presentes no ambiente e
em diferentes matrizes biológicas, como pele, cabelo, secreções, fluídos corporais
(sangue e urina). Esses parâmetros são definidos como indicadores biológicos.
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Os métodos de monitoramento biológicos envolvem 3 fases: a determinação da
substância química nos fluídos corporais, determinar o efeito associado com a
dose e a determinação direta da dose com sítio de ação.
Figura 2
Fonte: Adaptado de eacoa.org | Gettty Images
Figura 3
Fonte: Adaptado de agricultura.rs.gov | Getty Images
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Concentração do
agente químico
3 Efeito de curto prazo = Acidentes
t1 t2 t3 Tempo
Figura 4
Fonte: Adpatado de fundacentro.gov
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• Explique os pilares da toxicologia ocupacional;
• Quais métodos analíticos são empregados no monitoramento biológico?
• O que a NR-15 regulamenta?
• Cite 4 itens da Lista de Verificação para Informações aos Trabalhadores;
• Qual relação podemos estabelecer entre concentração de uma agente químico e o tempo
de exposição?
• O que diferencia a doença do acidente?
Praguicidas
Inseticidas Organofosforados e Carbamatos
Amplamente utilizados como praguicida agrícola. São ésteres amido ou tiol-deri-
vados do ácido fosfórico e outros. São absorvidos pela pele, pelo trato respiratório e
gastrointestinal, os solventes presentes na mistura favorecem a sua absorção.
A maior taxa de absorção é pela pele e isso chama fortemente a atenção para
as pessoas manipuladoras e para os aplicadores desse inseticida, que estão alta-
mente expostos.
Uma vez absorvido, tem sua atuação no Sistema Nervoso Central e se ligam à
Acetilcolinesterase (AChe), impossibilitando-a de exercer sua função de hidrolisar o
neurotransmissor acetilcolina em colina e ácido acético.
Inseticidas Organoclorados
São moléculas pequenas. São conhecidos como estimulantes do SNC, causando
hiperexcitabilidade. Parecem atuar nos canais de cálcio, alterando o fluxo de sódio
(sensibilização do miocárdio).
A absorção pode ocorrer pela pele, pela via respiratória e pelo trato gastrointestinal.
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Piretroides
São inseticidas sintéticos amplamente utilizados na lavoura. Apresentam diversos
isômeros. Também atuam nos canais de sódio da membrana das células nervosas,
alterando a despolarização e a condução do impulso nervoso (estimulam o SNC
e, em doses altas, podem produzir lesões duradouras ou permanentes no Sistema
Nervoso Periférico).
De acordo com o Manual de Segurança em Controle Químico de Vetores
(SUCEN), vejamos, a seguir, as especificações quanto ao impacto dos praguicidas
na saúde humana.
Organoclorados
Apresentam, dentre outros, efeito cancerígeno, mutagênico e neurotóxico. Nos
casos agudos, atuam no Sistema Nervoso Central (SNC), impedindo a transmissão
nervosa normal, resultando em alterações do comportamento, do equilíbrio, da ati-
vidade da musculatura involuntária, distúrbios sensoriais e depressão dos centros
vitais, particularmente, da respiração (afetam o equilíbrio sódio/potássio).
Tem ação estimulante sobre as enzimas metabolizantes de drogas. Ao penetrarem
no organismo, têm efeito cumulativo e se concentram nos tecidos adiposos, especial-
mente no abdômen, cérebro e fígado.
Organofosforados
Todos os organofosforados agem como inibidores da enzima colinesterase,
impedindo a atuação dela sobre a acetilcolina, provocando sérias consequências nos
organismos animais.
Os efeitos tóxicos dos organofosforados são devido ao grande acúmulo da acetil-
colina nas terminações nervosas.
A acetilcolina é um importante transmissor de impulsos nervosos, ou neurotransmissor.
Em condições normais, o organismo a destrói, pela ação da colinesterase, quase
instantaneamente à medida que ela vai sendo liberada, dando origem à colina e ao
ácido acético.
Uma vez em excesso, é intensamente prejudicial, já que o funcionamento de glân-
dulas, músculos e do Sistema Nervoso (inclusive o cérebro) é alterado.
Carbamatos
Trabalhos experimentais mostraram que os carbamatos apresentam a dose eficaz
mediana, ou dose que produz sinais clínicos em 50% dos animais de experiência,
bem mais afastada da dose letal 50% (DL 50) do que os organofosforados.
Com isso, embora as intoxicações possam ser igualmente graves, quando surgem
os primeiros sintomas de intoxicação, a dose absorvida está bastante longe da dose
letal, o que torna os carbamatos menos perigosos.
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A recuperação começa em pouco tempo, já que eles são rapidamente metabolizados
pelos organismos humanos e eliminados pela urina, não se acumulando no organismo.
Piretroides
Os piretroides sintéticos atuam no Sistema Nervoso Central e Periférico, intera-
gindo com os canais de sódio, tanto nos mamíferos quanto nos insetos.
Agentes Metemoglobinizantes
São substâncias capazes de atuar sobre as hemoglobinas, promovendo a oxidação
do átomo de Fe2+ passando para Fe3+
Essa alteração leva à formação da Metemoglobina (MHb) que, por sua vez, não
consegue se ligar ao oxigênio devido ao seu estado de oxidação. Mas é capaz de se
ligar a ânions como fluoreto, cloreto e cianeto.
Fonte: saúde.pr.gov
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Tabela 1
Agente Fonte de exposição
Anilina Corantes, praguicidas, fármacos
Anisidina Azocorantes, guaiacol
Cicloexalamina Borracha, praguicida e anticorrosivo em caldeiras
Cloratos Fósforo, explosivos e pirotecnia
Naftaleno Repelente de traças e baratas
Nitrito de butila e isobutila Propelente para desodorantes de ambientes
Nitroanilinas Corantes, antioxidantes
Nitrobenzeno Derivados da celulose
Produtos de combustão Gases de escapes de veículos
Fonte: Adaptado de OGA, 2008
Os gases, de forma geral, têm como principal via de absorção o trato respiratório,
mas podem ser absorvidos pela pele e pela mucosa ocular.
Figura 5
Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons
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Os gases tóxicos são poluentes encontrados na atmosfera (naturalmente ou aci-
dentalmente), que são capazes de causar algum tipo de efeito ou danos à saúde
humana. São classificados em 3 tipos: irritantes, asfixiantes e anestésicos.
Tabela 2
Tipo de gás irritante Descrição Exemplos
Gás clorídrico, ácido sulfúrico, amônia,
Têm sua ação localmente, em especial soda cáustica, formaldeído, anidrido
Primário
na via aérea superior sulfuroso, cloro ozônio, gases nitrosos,
hidrazina, fosgênio
Esses gases também são classificados em simples, que são os gases que causam
asfixia por reduzir a concentração de oxigênio no ar que está sendo respirado, não
apresentam nenhum tipo de ação fisiológica, apenas sobre a redução do oxigênio
do ambiente.
Outra classificação é de gases químicos. Esses gases, sim, atuam sobre a fisiolo-
gia humana, alterando o processo de transporte de oxigênio, e apresentam efeitos
mesmo que em baixas quantidades no ambiente.
Práticas diárias também podem colocar em risco a vida humana. Veja a notícia
a seguir:
Sem cheiro, gás que matou brasileiros no Chile leva à morte por asfixia.
Disponível em: https://bit.ly/3hw1EoX
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Metais Pesados
O chumbo é um metal pesado amplamente encontrado na natureza. Está pre-
sente na crosta terrestre, no ar, na água em plantas (por captação e incorporação)
e no solo, quando contaminado geologicamente ou por ação do homem (LARINI;
SALGADO; LEPERA, 1997).
Fonte: saude.gov.br
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A exposição de trabalhadores ao chumbo pode ser monitorada por meio de dois
biomarcadores a atividade da Enzima Ácido δ-aminolevulínico Desidratase (ALA-D) no
sangue e na concentração da protoporfinina, além da dosagem do chumbo no sangue.
Inicialmente, encontra-se nos tecidos moles, mas depois é redistribuído para os-
sos, dentes e cabelo.
Na forma orgânica (tetraetila e tetrametila) é absorvido pela pele, pelo trato gas-
trointestinal e pelos pulmões, em virtude de serem compostos lipossolúveis.
Sua absorção, bem como seus efeitos adversos no organismo, varia de acordo
com a sua forma química:
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Agricultura Agrotóxicos.
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Dependendo da sua forma química, pode ser absorvido via respiratória, via trato
gastrointestinal, e extensão da absorção e dos efeitos variam muito de acordo com as
características de cada composto.
Toxicologia Forense
É a área da toxicologia que aborda a análise de agentes químicos intoxicantes
empregados com finalidade criminal.
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Esses métodos podem ser combinados entre si para atingirem um resultado mais
específico, dependendo da complexidade da matriz biológica que, no caso de um
homicídio, por exemplo, podem ser fios de cabelo, pelos, saliva, sangue (identifica-
ção de DNA) conteúdo estomacal, urina, fezes e secreções.
Figura 6
Fonte: Gerry Images
• Qual a forma de exposição ao chumbo mais comum e a mais perigosa? Por quê?
• Por quais vias o chumbo pode ser absorvido?
• Qual o biomarcador para monitoramento de exposição de trabalhadores ao chumbo?
• Quais são as responsabilidades da toxicologia forense, e qual a importância para a sociedade?
• O mercúrio pode ser monitorado biologicamente? Se sim, de que forma?
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Fundamentos de toxicologia
OGA, S.; CAMARGO, M. M. de A.; BATISTUZZO, J. A. de O. Fundamentos de
toxicologia. São Paulo: Atheneu, 2008. Cap. 3.
Toxicologia social
OGA, S.; CAMARGO, M. M. de A.; BATISTUZZO, J. A. de O. Toxicologia social.
São Paulo: Atheneu, 2008. Cap. 4.
Leitura
Aspectos Toxicológicos do Chumbo
SHIFFER, S. T.; JUNIOR, B. S.; MONTANO, E. A. M. Aspectos Toxicológicos do
Chumbo, Infarma, Brasília, v.17, n. 5/6, p. 67-72, 2005.
https://bit.ly/32xRDU0
Portaria 71, de 29 de maio de 1996
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Portaria 71, de 29 de maio
de 1996. Estabelece os parâmetros máximos de chumbo em tinturas de cabelo e
corantes orgânicos.
https://bit.ly/2E8xdYk
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Referências
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Portaria 71 de 29 de maio
de 1996. Estabelece os parâmetros máximos de chumbo em tinturas de cabelo e
corantes orgânicos. 1996.
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LARINI, L.; SALGADO, P. E. de T.; LEPERA, J. S. Metais. In: LARINI, L. Toxico-
logia. 3. ed. São Paulo: Manole, 1997. p. 131-135.
Sites Visitados
SUPERINTENDÊNCIA de Controle de Epidemias, Secretaria de Estado da Saúde,
Manual de Segurança em Controle Químico de Vetores. Disponível em: <http://
www.saude.sp.gov.br/sucen-superintendencia-de-controle-de-endemias/programas/
seguranca-do-trabalhador/manual-de-seguranca-em-controle-quimico-de-vetores>.
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